António Manuel Figueiredo
O TERRITÓRIO E A COMPETITIVIDADE NACIONAL: ESTÁ ALGUMA COISA A MUDAR?
ESTRUTURA
� 1. Os problemas da competitividade nacional: do miolo organizacional das empresas ao gap da produtividade global dos fatores
� 2. Competitividade empresarial e competitividade dos territórios num país “pequeno mas diverso”: mundos opostos, sobreponíveis ou integráveis?
� 3. Competitividade e atratividade dos territórios: que triangulação?
� 4. Formas de conhecimento (analítico, sintético e simbólico) e atratividade dos territórios
� 5. O que está a mudar? Que variedades relacionadas no território continental?
Apresentação
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0.
TRÊS DIMENSÕES DE PROBLEMAS (que estão para além da manifestação “custo unitário do trabalho”)
� 1. Insuficiência de competências dinâmicas nas empresas: o miolo organizacional; a produtividade; as baixas qualificações; estrutura e capacidade de gestão
� 2. Um gap de produtividade global dos fatores: uma “black box” que se vai conhecendo cada vez melhor e sobre a qual os instrumentos de política pública (IPP) esmoreceram
� 3. O perfil de especialização e de mudança estrutural
• Afetação de recursos para os não transacionáveis (vinte anos a assobiar para o lado) e penalização da competitividade
• A influência sobre a taxa de câmbio real
Os problemas de competitividade nacional
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1.
Os problemas de competitividade nacional
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1.
Produtividade total dos fatores (taxa de variação %)
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1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Tax
as d
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riaçã
o
Produtividade total dos fatores (taxa de variação %)
A INTERLIGAÇÃO ENTRE OS 3 PROBLEMAS
� As três frentes de problemas interligam-se …
� Melhorias de resposta nas 3 frentes tendem a gerar efeitos cumulativos positivos
� A melhoria das qualificações não beneficia apenas o miolo organizacional das empresas … o aumento de massa crítica tende a projetar-se em externalidades para todo o sistema produtivo e a impactar positivamente a produtividade global dos fatores
� A mudança estrutural do perfil de especialização tende a gerar efeitos cumulativos e a aumentar a recetividade e capacidade de resposta das empresas aos IPP de I&D, inovação e internacionalização
� A PP deve integrar o tempo longo e da espessura sob pena de perda de rumo e de capitalização de resultados
Os problemas de competitividade nacional
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1.
ESTADO DA ARTE
Os problemas de competitividade nacional
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1.
As frentes da competitividade O que está a mudar?
No miolo organizacional Progressos mas a frente de empresas ainda não é suficiente para combater a inércia das médias
No gap da produtividade global dos fatores
As políticas públicas esmoreceram, com falta de continuidade; a perversão da afetação de recursos dos últimos 20 anos agravou o problema
No perfil de mudança estrutural O caminho faz-se caminhando; é preciso tempo para os que os efeitos cumulativos se observem
MUNDOS OPOSTOS, SOBREPONÍVEIS OU ARTICULÁVEIS?
� Não vou aqui reinvocar o debate (inconclusivo) gerado pelos contributos seminais de Krugman e Camagni sobre esta matéria …
� O primeiro desdenhando da robustez do conceito de competitividade territorial …
� O segundo reafirmando o mesmo … (os territórios e as nações também se abatem …)
� Tendo a defender que os dois universos são conciliáveis …
� Mas exigindo sempre inovação de modelos de governação e esse é, no nosso caso, o recurso verdadeiramente escasso …
� No país que somos hoje … e mesmo continuando a bater-me pela competitividade territorial não tenho grandes dúvidas em afirmar que a competitividade empresarial deve ser a prioridade …
Competitividade empresarial e dos territórios
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2.
O PRIMADO DA COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL
� As razões para esta tomada de decisão são diversas …
� A força do contexto que temos de superar e a necessidade de pontaria afinada nas apostas com recursos públicos escassos …
� Mas sobretudo a reduzidíssima margem de manobra que se abre aos territórios nacionais para na economia global para atrair recursos de capital, humanos e de talentos sem os quais a competitividade dos territórios é simplesmente uma construção mental …
� Mesmo na atividade TURISMO em que aparentemente a competitividade territorial recupera fôlego …
� O primado das estratégias empresariais e de consistência de negócio impõe-se ao das condições territoriais facilitadoras e das amenidades de suporte
Competitividade empresarial e dos territórios
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2.
TRIANGULAÇÃO
� A competitividade de um território constitui um elemento da triangulação que a atratividade representa
� Competitividade económica + sustentabilidade ambiental + coesão e capital social
� Competitividade = combinatórias de recursos para a inimitabilidade + organização
� Territórios com mais valias ambientais e coesão social em busca de uma base produtiva
� Territórios empreendedores com coesão social ameaçada ou com problemas de sustentabilidade ambiental
Competitividade e atratividade dos territórios
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3.
ATRATIVIDADE DE QUÊ E DE QUEM?
� A relação entre competitividade e atratividade dos territórios não é uma relação absoluta
� Não há condições de atratividade genéricas !
� Há condições de atratividade em função do foco do que se quer atrair
• Queremos atrair pessoas ? E que públicos em particular?
• A inimitabilidade não se constrói do mesmo modo se queremos atrair públicos jovens à procura de emprego, reformados precoces, talentos ou reformados dos mais altos percentis da distribuição do rendimento
• O mesmo se diga em relação à atração de atividades e de investimento
Competitividade e atratividade dos territórios
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3.
FOCAGEM DAS CONDIÇÕES DE ATRATIVIDADE
� A procura da inimitabilidade para o território ser atrativo …
� Exige, por conseguinte, a ponderação do foco sobre o qual o território pretende atrair residentes, visitantes, emprego, investimento, atividades …
� As estratégias estruturadas em função de menores denominadores comuns estão hoje condenadas ao fracasso e a não fazerem a diferença (inimitabilidade não conseguida)
� Muitos fazem o mesmo e, quando assim acontece, a hierarquia territorial e urbana e o grau de centralidade dos territórios sobrepõe-se aos tímidos esforços de qualificação
Competitividade e atratividade dos territórios
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4.
ATIVOS ESPECÍFICOS DOS TERRITÓRIOS� Em meu entender, tem sido sobrevalorizado o papel dos territórios e dos seus ativos específicos na atração de atividades económicas e de investimento…
� A relação território – inovação existe mas é mais complexa e diferenciada do que algumas políticas ingénuas de atração fazem crer
� Investigação relativamente recente mostra que a relação entre inovação e território é mediada pela dominância de formas de conhecimento em diferentes modos de inovação – DUI (Doing, Using, Interacting) versus STI (Science, Technology, Innovation)
� A valia dos ativos específicos do território não é a mesma consoante as atividades que se pretende atrair relevam de um ou outro modelo
Formas de conhecimento e atratividade dos territórios
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4.
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FORMAS DE CONHECIMENTO EM QUE O TERRITÓRIO IMPERA� Diferenciação das formas de conhecimento tácito
� Conhecimento localizado (contextualizado) articulado através de competências práticas e relacionais
� “Face-to-face”
� Buzz
� Como articular estes desenvolvimentos com a relevância do território?
� Densidade, qualificações, variedade relacionada, interação, redes
Formas de conhecimento e atratividade dos territórios 4.
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CONHECIMENTO LOCALIZADO : FACE-TO-FACE
� Co- desenvolvimento de conhecimento em contexto de …
� Co-presença física e contacto visual
� Simultaneidade de mensagens e de feed-backs
� Ver e sentir o outro …
� Proximidade física e não só …
� Evidências: porque aumentam as viagens de negócios em contexto de proliferação de TIC e de comunicações virtuais?
Formas de conhecimento e atratividade dos territórios 4.
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CONHECIMENTO LOCALIZADO : BUZZ
� O insólito do conceito: ruído no sentido literal do termo …
� Multiplicidade de definições
� Trocas de informação e conhecimento auto-geradas a partir de grupos constituídos fora da colaboração formal
� Estar in …
� Cacofonia de rumores e impressões …
� Evidências
� Questão fundamental: Pode o buzz ser transmitido electronicamente ? Existe um buzz global ?
Formas de conhecimento e atratividade dos territórios 4.
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ACTIVIDADES ECONÓMICAS E BASES DE CONHECIMENTO
� Embora com presença transversal na dinâmica económica de inovação, o conhecimento não surge uniformemente representado em todas as actividades ...
� Uma tipologia (outras são possíveis) de bases de conhecimento é possível construir …
� Com elevado potencial de clarificação das relações entre economia, inovação e espaço …
� Conhecimento …
• Analítico
• Sintético
• Simbólico
Formas de conhecimento e atratividade dos territórios 4.
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TIPOS DE CONHECIMENTO (Asheim, Coenen, Vang, 2007; Asheim, 2012)
ANALÍTICO SINTÉTICO SIMBÓLICO
Inovação – criação de novo conhecimento(inovação radical?)
Inovação - novas combinações de conhecimento existente (inovação incremental?)
Inovação – recombinação de conhecimento existente em novos moldes
Conhecimento científico; processos dedutivos e modelos formais
Conhecimento aplicado, resolução de problemas, processos indutivos, engenharia
Reutilização ou desafio de convenções existentes
Colaboração de pesquisa entre empresas e instituições
Aprendizagem interactiva com clientes e fornecedores
Aprendizagem por interacção na comunidade profissional e comunidades próximas
Predomínio de conhecimento codificado; patentes e publicações
Conhecimento tácito, know-how concreto, competências práticas, experiência
Conhecimento tácito, experiência, competências práticas, competências de procura
AT
RIB
UT
OS
Ciências da vida, biotecnologia
Máquinas ferramentas Indústrias criativas
Formas de conhecimento e atratividade dos territórios 4.
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TIPOS DE CONHECIMENTO
ANALÍTICO SINTÉTICO SIMBÓLICO
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?TIPOS DE CONHECIMENTO
ANALÍTICO SINTÉTICO SIMBÓLICO
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Formas de conhecimento e atratividade dos territórios 4.
VARIEDADES RELACIONADAS
� Estamos em plena mudança do processo de afetação de recursos na economia portuguesa …
� Onde se sobrepõem a inevitável (qualquer que fosse o contexto) desalavancagem dos não transacionáveis e a sobredimensionada e cega incidência das políticas de austeridade …
� Que destruirá irreversivelmente uma parte substancial dessa base produtiva que seria sempre pressionada …
� Não conhecemos ainda bem a dimensão territorial desses efeitos …
� A taxa de desemprego é uma proxy imperfeita desses efeitos territoriais …
O que está a mudar?
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5.
VARIEDADES RELACIONADAS
� Mas sabemos que os instrumentos de política pública apoio à inovação e à internacionalização (IPPII) estão a produzir resultados positivos…
� Trazendo uma massa mais considerável de empresas e de investimento a estas atividades …
� Designadamente em atividades de I&DT essencialmente desenvolvidas por empresas já inseridas em atividades transacionáveis …
� E no Norte e Centro fazendo emergir uma massa crítica de infraestruturas de base tecnológica, progressivamente interagindo com o tecido empresarial que realiza atividades de I&DT
O que está a mudar?
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5.
NOVOS ATIVOS ESPECÍFICOS
� Uma frente de empresas que se vai alargando com investimentos virtuosos de I&DT, inovação e internacionalização…
� Sistemas regionais de entidades do SCTN cada vez mais estabilizados e com largo potencial para se transformarem em Sistemas Regionais de Inovação essencialmente do tipo DUI …
� Alguma resiliência de exportação
� Estratégias empresariais e de consistência de negócio no investimento turístico …tirando partido de alguma visibilidade de alguns territórios no mercado internacional
� Mas uma frente de inércia estrutural muito pesada a combater
O que está a mudar?
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5.
O que está a mudar?
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SISIFOTiziano Vecellio, 1548-1549
ESTAREMOS CONDENADOS COMO SÍSIFO?
� A pedra que sobe pela encosta à custa da consistência dos IPPII e da reatividade das empresas …
� Atingirá o cume a partir do qual o crescimento cumulativo assegurará a interação das 3 frentes de melhoria da competitividade ?
� Ou a incompetência e impreparação deitarão fora a aprendizagem, precipitando de novo a derrocada?
� Talvez demasiado metaforicamente e em linguagem excessivamente cifrada, este é o principal desafio da programação 2020 em Portugal em matéria de competitividade…
O que está a mudar?
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