ANÁLISE DOS PADRÕES DE RELEVO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO
IGARAPÉ GELADINHO – MARABÁ/PA
Elianne Araújo Conde
(E-mail: [email protected])
Gustavo da Silva
(E-mail: [email protected])
Maria Rita Vidal
(E-mail: [email protected])
Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará
RESUMO
O presente trabalho tem o objetivo, descrever as variações de padrões de relevo na Bacia
Hidrográfica do Igarapé Geladinho em Marabá – PA, a partir do processamento dos dados de
Modelo Digital de Elevação (MDE) de alta resolução, que resultaram nos mapas temáticos
mapa base, hipsométrico, declividade e modelo de sombreamento e por fim a elaboração de
um mapa de unidade de padrões de relevo. Com base nos produtos derivados do MDE e na
metodologia apresentada, chegou-se ao 4° nível taxonômico. Foram delimitadas duas formas
de modelado, com a ocorrência de quatro formas de padrões de relevo na área de estudo,
planície fluvial 1 e 2, diques marginais, terraços 1 e 2, e morros de topo côncavo.
Palavras - chaves: Bacia Hidrográfica, Morfometria, Padrões de Relevo.
1. INTRODUÇÃO
A geomorfologia é entendida como o estudo das formas de relevo e dos processos
responsáveis por sua elaboração, diversas são as metodologias que podem ser utilizadas para a
classificação de relevo e elaboração de um mapa ou carta geomorfológica, e entre os
pesquisadores estão (TRICART,1965; DEMECK, 1967; LOLLO, 1969; AB’SABER, 1969;
ROSS, 1992). A partir destes estudos, é possível obter classificações de compartimentação de
relevo e realizar as extensas análises descritivas das formas, idade e gênese do relevo, o que
torna os documentos cartográficos muito mais ricos e lógicos.
O estudo da compartimentação do relevo contribui para o entendimento do funcionamento das
paisagens, pois auxilia na compreensão das dinâmicas que as permeiam. Para tanto, a
proposta de Ross (1992) contribui nesse sentido e atenta que o relevo deve ser subdividido em
táxons, considerados pelo autor como os tamanhos diferenciados das formas de relevo,
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constituídos por processos genéticos interrelacionados e interdependentes aos demais
componentes presentes na natureza.
A compartimentação morfológica dos terrenos é obtida a partir dos aspectos descritivos (ou
qualitativo) dos diversos conjuntos de formas e padrões de relevo posicionados em diferentes
níveis topográficos, por meio de observações de campo e análise de sensores remotos
(FLORENZANO, 2008).
A necessidade de compreender a área de estudo (bacia do Igarapé Geladinho) pelos aspectos
morfodinâmicos se dá em função da importância da ferramenta nos estudos ambientais e no
planejamento físico-territorial, gerando subsídios para o entendimento dos ambientes naturais.
Assim, o objetivo desse estudo é classificar e mostrar os aspectos descritivos dos padrões
relevo da Bacia Hidrográfica do Igarapé Geladinho, a partir da metodologia proposta por Ross
(1992), utilizando as ferramentas do geoprocessamento e os produtos do sensoriamento
remoto, apresentando-os de forma cartograficamente, uma vez que tais funções visam
subsidiar trabalhos futuros.
2. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A Bacia hidrográfica do Igarapé Geladinho está localizada no Sudeste do Estado do
Pará, município de Marabá, extensão de 24.454. 270 Km2 (Figura 01). Encontra-se Inserida
na porção setentrional da Região da Sub-bacia Médio Tocantins, margem direita do rio
Tocantins.
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Figura 1 – Localização da Bacia Hidrográfica do Igarapé Geladinho
Fonte: IBGE, 2018. Organização: Elianne Araújo Conde, 2018
Essa região caracteriza-se por suavidade do relevo e pela baixa altitude, predominam
os depósitos sedimentares da sub-Bacia de Mocajuba – Bacia do Marajó (FELIPE, 2012;
SOUZA, 2012), Formação Barreiras e os Depósitos Quaternários de Terraços fluviais
constituídos por (argila, areia e cascalho inconsolidados e semi-consolidados) e depósitos
aluvionares formado por sedimentos clásticos inconsolidados.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Em um primeiro momento foi feito o levantamento bibliográfico e, posteriormente a
obtenção do material cartográfico para a base SIG. Para a construção dos mapas temáticos, as
informações foram obtidas a partir da Carta Topográfica da folha SB.22-X-D-I, Marabá
escala de 1:100.000, desenvolvida pelo Ministério do Exército – Departamento de Engenharia
e Comunicações (1982), onde a mesma foi escaneada e georreferenciada, além do Modelo
Digital de Elevação (MDE) do sensor PALSAR do Satélite Advanced Land Observing
Satellite (ALOS-1) de 2006 a 2011 de resolução de 12,5 metros, foi realizado na mesma
correções e interpolação utilizando o software ArcGis 10.3 e os dados da SRTM de 30 metros
do topodata.
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A delimitação da Bacia Hidrográfica foi realizada utilizando a SRTM de 30 metros de
resolução, manualmente, os principais cursos da drenagem foram extraídos a partir da carta
topográfica, depois a mesma foi ajustada com a imagem de satélite Sentinel. As curvas de
nível foram geradas automaticamente a partir do Global Mapper 13 com intervalos de
10metros.
A construção dos mapas temáticos deu-se a partir da imagem de (MDE) com
resolução de 12,5 metros, no software QGis 2.18.14. O mapa base foi elaborado utilizando-se
as curvas de nível de 10m, sobrepostas ás malhas rodoviária, urbana e a rede de drenagem
perene e intermitente.
Para o mapa hipsométrico utilizou-se a falsa cor e sobreposição do relevo sombreado
onde se estabeleceu seis classes hipsométrica. O mapa de declividade foi elaborado utilizando
as classes de relevo proposta pelo IBAMA, onde compartimentou o terreno em seis classes:
menores que 2% representa as áreas planas, de 2 - 4% são áreas com relevo suave ondulado,
de 4 - 8% relevo ondulado, 8 - 12% moderadamente ondulado e de 12 - 16% fortemente
ondulado. Por fim, o mapa de padrões de relevo, elaborado a partir do cruzamento e
fotointerpretação entre os mapas base, modelado de sombreamento, hipsometria e
declividade.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir dos resultados obtidos através da caracterização morfométrica, o mapa base
permitiu uma visualização espacial dos conjuntos de elementos distribuídos pelo relevo e
altimetria da Bacia, a declividade possibilitou a interpretação de que a maior parte da bacia
apresenta-se nas classes que variam entre 0 a 4% (plano, suave ondulado e subordinadamente
ondulado) e as classes que vão de 8 a 16% (moderadamente ondulado e fortemente ondulado)
elas se intensificam mais pontualmente na porção norte da bacia. A hipsometria mostra a
porção sul mais próximo ao Rio Tocantins as cotas altimétricas mais baixas entre 27 e 40
metros pontualmente pode chegar a 53m e a parte norte, com cotas altimétricas de 53 a 92
metros (Figura 2), e a morfologia das formas do relevo que permitiu identificar, delimitar e
descrever cinco unidades distintas de relevo.
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Figura 2 – Produtos derivados (MDE) mapas morfométricos
Fonte: Elianne Araújo Conde, 2018
Como principal resultado, a pesquisa apresenta o mapa das unidades de padrões de
relevo um esboço preliminar, uma vez que é preciso ainda detalhar as unidades existentes e
complementá-la com as observações de campo. Foram delimitadas duas formas de modelado
(acumulação e dissecação), com a ocorrência de quatro unidades geomorfológicas, planícies
fluviais 1 e 2 (a, b), diques marginais (c), terraços fluviais 1 e 2 (d, e) no centro da área e
morro com topos concavos (f) representados pelas maiores altitudes da área, descritos
detalhadamente a baixo, representado na Figura 3.
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Figura 3 – Distribuição dos padrões de Relevo e perfil topográfico da área
Fonte: Elianne Araújo Conde, 2018
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a) Planície Fluvial 1 (Apf1) – caracteriza-se por apresentar relevos planos altitudes
inferiores a 40 metros e declividades menores que 2%, acompanha longitudinalmente o leito
do seu principal afluente o Rio Tocantins/Araguaia, onde as litologias são constituídas por
depósitos recentes (depósitos aluviais) carreados por seus tributários; também está sujeita
naturalmente as cheias periódicas. Apresenta lagos alongados e arredondados.
b) Planície Fluvial 2 (Apf2) – é menor que a planície 2, pois está em um patamar
altimétrico mais elevado (~60m) e declividade 0 - 2% logo a carga de energia e matéria desta
planície tende a sair pelo carregamento das águas do sistema com influência da energia
gravitacional e os sopés das vertentes circundantes que estão mais próximos, vertentes mais
encaixadas do que da 1, visualizado no perfil topográfico. O material é fruto de erosão
superficial vindo principalmente pelos canais de drenagem intermitentes.
c) Diques Marginais (Adm) – margeiam a planície fluvial 1, como faixas alongadas e
descontínuas com altura até 54 metros e declive moderadamente ondulada, formas
assimétricas e caimento suave em direção á planície, podendo apresentar ondulações em sua
superfície.
d) Terraço Fluvial 1 (Atf1) – superfície sub-horizontais, de relevo plana a levemente
ondulado com cotas altimétricas de 40 metros e declive suave varia de 0 a 4%, ressaltam-se
rebordos abruptos (diques) indicado no perfil topográfico, o terraço pode sofre
esporadicamente por cheias sazonais.
e) Terraço Fluvial 2 (Atf2) – superfície de agradação com altimetria de 50 metros,
declive suave que varia de 0 a 4%, diferente do terraço 1 apresenta formas de relevo mais
planas. Provavelmente encontra-se em um nível mais elevado que o das várzeas atuais e
acima do nível das cheias sazonais, seu material de deposição tem origem fluvial e
subordinadamente colúvial. Mostra algumas localidades áreas com presença de lagos
arredondados.
f) Morros de Topo convexo (Dcc) – formas denudacional, relevo plano a fortemente
ondulado, com altura de 70 a 100 metros, declive que varia de 8 a 16%, com patamares
levemente íngreme topos moderadamente arredondados, com vertentes côncavas e convexas.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No estudo realizado do padrão de relevo na Bacia Hidrográfica do Igarapé Geladinho
foram identificadas e caracterizadas quatro unidades de relevo seguintes: Planície fluvial 1 e
2, diques marginais, terraços 1 e 2, e morros de topo convexo, embora mostre parcialmente a
complexidade de formas de relevo de acordo com a análise feita e proposta, estas unidades
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podendo estarem sujeita a outras subdivisões. Cabe salientar ainda que a delimitação e
caracterização dessas unidades subsidiaram futuros trabalhos.
A análise, interpretação e comparação dos diversos elementos em estudo, como as
cartas hipsométrica, de declividade, de curvas de nível e relevo sombreado, foram
determinantes para esta pesquisa porque permitiram a compreensão dos diferentes padrões de
organização, desses elementos na paisagem com base nos principais compartimentos do
relevo.
REFERÊNCIAS
AB'SABER, A.N. Um conceito de geomorfologia a serviço das pesquisas sobre o
Quaternário. Geomorfologia. FFCHL, USP São Paulo, 23p. 1969.
DEMEK, J. Generalization of geomorphological maps. In: DEMEK, J. (ed.) Progress made in
geomorphological mapping. Brno, IGU Commission on Applied Geomorphology: p.36-72.
1967.
FELIPE, L. B.; MORALES, N. Mapeamento geomorfológico da Região de Marabá-PA In:
FELIPE, L. B. Geologia, geomorfologia e morfotectônica da região de Marabá-PA. 2012.
155 f. Tese (Doutorado em Geologia Regional) – Instituto de Geociências e Ciência Exatas –
Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus de Rio Claro, Rio Claro, São Paulo,
2012.
FLORENZANO, T. G (org.). Geomorfologia: conceitos e tecnologias atuais. São Paulo:
Oficina de Textos, 2008.
LOLLO, J. A. O uso da técnica de avaliação de terreno no mapeamento geotécnico:
sistematização e aplicação na quadrícula de Campinas. São Carlos, 1996. 267 p.,2v. Tese
Doutorado - EESC/USP.
ROSS, J. L. S. O registro cartográfico dos fatos geomórficos e a questão da taxionomia do
relevo. Revista do Departamento de Geografia da USP. SãoPaulo: n. 6. 1992. 17-29 p.
SOUZA, S. C. R. Fácies e estratigrafia da sedimentação proximal da Formação
Barreiras, Sub-Bacia de Mocajuba, Sul do Sistema de Gráben do Marajó, região de
Marabá. 2012. 38 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Federal do Pará,
Campus de Marabá, Faculdade de Geologia, Marabá, 2012.
TRICART, J. Principesetméthodes de lagéomorphologie. Paris, Masson.1965.
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