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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
CRISTINA DE PAULA SANTOS MARTINS
ANÁLISE FUNCIONAL DO GENE CsDTIP E SEU EMPREGO EM
TRANSFORMAÇÃO GENÉTICA DE CITROS
ILHÉUS - BAHIA 2012
ii
CRISTINA DE PAULA SANTOS MARTINS
ANÁLISE FUNCIONAL DO GENE CsDTIP E SEU EMPREGO EM
TRANSFORMAÇÃO GENÉTICA DE CITROS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal. Área de Concentração: Melhoramento de Plantas e Biotecnologia. Orientador: Prof. Dr. Márcio Gilberto Cardoso Costa.
ILHÉUS - BAHIA 2012
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CRISTINA DE PAULA SANTOS MARTINS
ANÁLISE FUNCIONAL DO GENE CsDTIP E SEU EMPREGO EM
TRANSFORMAÇÃO GENÉTICA DE CITROS
Ilhéus, BA, 05 de março de 2012.
Dr. Eduardo Augusto Girardi – Embrapa
Mandioca e Fruticultura
Prof. Dr. Carlos Priminho Pirovani -
UESC
Profa. Dra. Fátima Cerqueira Alvim –
UESC
Prof. Dr. Marcio Gilberto Cardoso
Costa - UESC/ Orientador
iii
DEDICO
Aos meus queridos pais, Maria Lúcia e Valmir.
“Esperar não significa inércia, muito menos desinteresse;
Renunciar não quer dizer que não ame; Abrir mão não
quer dizer que não queira; O tempo ensina, mas não cura.”
Martha Medeiros
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me proteger e iluminar o meu caminho em todos os dias da minha
vida.
Aos funcionários e professores do PPGPV, pelo apoio.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível superior (Capes),
pela concessão da bolsa de estudo.
A toda a minha família, em particular aos meus irmãos (Thiago e Walmir) e aos
meus pais (Maria Lúcia e Valmir), por colocarem sempre os meus interesses
em primeiro lugar e por todos os sacrifícios que fizeram e fazem por mim, o
meu profundo agradecimento. Amo vocês!!!
Agradeço ao meu orientador, Professor Doutor Marcio Gilberto Cardoso Costa
pelo apoio, dedicação, disponibilidade e amizade, tornando possível a
realização deste trabalho. Peço desculpa pelas diversas faltas e por ter
causado algum cabelo branco a mais.
A Luciana Cardoso Cidade, por ter sido durante este trabalho o meu braço
direito e muitas vezes o esquerdo. Por ter sido minha orientadora e me ajudado
em tudo durante a realização do mestrado.
Pela amizade, sinceridade e contribuições da família CBG (Diana, Jamilly,
Amanda, Fabiana, Tahise, Lívia, Verônica, Ângela, Laís, Luana, Sara,
Genilson, Gabriela, Andressa e Eulaísa)
Por todo o apoio dos colegas do PPGPV em especial Nadjama, Adriano,
Tessio, Carolina, Lucas e Georgia.
Aos meus preciosos e verdadeiros amigos de Rio Acima e da UFMG, pelo
companheirismo e paciência durante todos esses anos de convívio.
A todos aqueles que por diferentes razões possibilitaram a realização deste
trabalho, muito obrigada!!!
v
SUMÁRIO
SUMÁRIO .......................................................................................................... v
RESUMO.......................................................................................................... vii
ABSTRACT ....................................................................................................... ix
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................... xi
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 1
2 OBJETIVOS ............................................................................................. 4
2.1 Geral ..................................................................................................... 4
2.2 Específicos ............................................................................................ 4
3 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................... 5
3.1 Aspectos gerais da citricultura .............................................................. 5
3.2 Propagação: enxertia ............................................................................ 6
3.3 Transformação genética de citros ......................................................... 9
3.4 Resposta molecular e fisiológica ao déficit hídrico .............................. 10
3.5 Major Intrinsic Proteins (MIPs) ............................................................ 12
4 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 16
4.1 Material biológico ................................................................................ 16
4.1.1 Material vegetal ................................................................................ 16
4.1.2 Cultura e manutenção dos isolados de Agrobacterium tumefaciens 16
4.2 Identificação do gene DELTA-TIP ....................................................... 17
4.3 Alinhamento de múltiplas sequências e análise filogenética ............... 17
4.4 Análise de expressão do gene CsDTIP em variedades porta-enxerto de
citros submetidas à déficit hídrico pela técnica de qPCR ............................. 18
4.5 Clonagem molecular do gene CsDTIP e introdução em vetor de
transformação de plantas ............................................................................. 20
4.6 Transformação genética de citros e tabaco ........................................ 21
4.7 Caracterização das plantas transgênicas ............................................ 22
4.7.1 Teste histoquímico da expressão do gene uidA (GUS) ................... 22
4.7.2 Extração de DNA genômico e análise da inserção do gene CsDTIP
pela técnica de PCR .................................................................................... 22
4.7.3 Extração de RNA, síntese de cDNA e análise de expressão do gene
CsDTIP nas plantas transgênicas de tabaco pela técnica da RT-PCR ........ 23
vi
4.7.4 Análise da perda do conteúdo de água ........................................... 23
4.7.5 Acúmulo de H2O2 ............................................................................. 24
5 RESULTADOS ....................................................................................... 25
5.1 Identificação do gene CsDTIP em bancos de informações genômicas
de citros ........................................................................................................ 25
5.2 Alinhamento de múltiplas sequências e análise filogenética ............... 26
5.3 Análise da expressão de CsDTIP em variedades porta-enxerto de
citros submetidas a deficiência hídrica ......................................................... 29
5.4 Clonagem de CsDTIP e introdução em plantas de tabaco .................. 31
5.5 Caracterização molecular das plantas transgênicas de Nicotiana
tabacum ........................................................................................................ 33
5.5.1 Análise da expressão de CsDTIP nas linhagens transgênicas de
Nicotiana tabacum ....................................................................................... 34
5.6 Transformação genética de variedades porta-enxerto de citros com o
gene CsDTIP ................................................................................................ 35
5.7 Análise da tolerância a estresse por desidratação das linhagens
transgênicas de tabaco ................................................................................. 37
5.8 Acúmulo de H2O2 ................................................................................ 38
6 DISCUSSÃO .......................................................................................... 40
7 CONCLUSÕES ...................................................................................... 46
8 REFERÊNCIAS ...................................................................................... 47
vii
RESUMO
MARTINS, Cristina de Paula Santos, M.S., Universidade Estadual de Santa
Cruz, Ilhéus, março de 2012. Análise funcional do gene CsDTIP e seu emprego
em transformação genética de citros. Orientador: Dr. Márcio Gilberto Cardoso
Costa. Co-orientador: Dr. Alex-Alan Furtado de Almeida.
Na agricultura mundial, as frutas cítricas ocupam o primeiro lugar em volume
de produção em fruticultura, sendo o Brasil o maior produtor mundial de laranja
e exportador de suco de laranja concentrado e congelado. A citricultura
brasileira encontra-se sustentada principalmente no porta-enxerto limoeiro
‗Cravo‘ (Citrus limonia Osbeck), o que vem causando expressiva diminuição na
produção de frutos devido a sua suscetibilidade à doenças, tornando
necessário uma diversificação dos porta-enxertos. Os principais porta-enxertos
alternativos ao limoeiro ‗Cravo‘ apresentam algumas limitações importantes,
como intolerância à seca. As plantas possuem mecanismos que respondem a
deficiência hídrica, sendo que as respostas envolvem as funções de múltiplos
genes que conferem a planta a capacidade de tolerar aquela condição
desfavorável. Um dos mecanismos envolvidos na resposta à deficiência hídrica
é mediado pela expressão de aquaporinas, pertencentes a família MIP (major
intrinsic proteins). Membros dessa família estão envolvidos na resposta e
tolerância a estresses hídrico e salino, atuando como transportadores de água,
ureia e de outros solutos. No presente estudo, foram realizadas análises
molecular e funcional de um gene da família MIP de citros codificando para
DELTA-TIP (CsDTIP), identificado nas bases de informação genômica de
citros, com o objetivo de validar a sua função em mecanismos de resposta e
tolerância à seca, bem como introduzi-lo em variedades porta-enxerto de citros
por meio de transformação genética mediada por Agrobacterium tumefaciens.
Análises de bioinformática demonstraram que CsDTIP codifica uma proteína
com 247 aminoácidos que possui homologia com membros da subfamília TIP2
(DELTA-TIP) de Arabidopsis thaliana, sendo um ortólogo do gene AtTIP2;1 de
Arabidopsis, cujo produto gênico localiza-se no tonoplasto e está envolvido em
viii
resposta ao estresse hídrico e transporte de água e ureia. Estudos de
expressão gênica por PCR em tempo-real demonstraram que CsDTIP foi
altamente induzido em folhas e raízes de plantas de limoeiro ‗Cravo‘ e
tangerineira ‗Sunki Maravilha‘ submetidas a deficiência hídrica. Experimentos
de transformação genética mediada por Agrobacterium permitiram a obtenção
de 17 linhagens transgênicas de tabaco (Nicotiana tabacum) contendo CsDTIP,
bem como 11 brotos de tangerineira ‗Cleópatra‘ (C. reshni hort. ex Tanaka) e
citrumeleiro ‗Swingle‘ [C. paradisi Macf. cv Duncan x P. trifoliata (L.) Raf.]
positivos no teste de GUS. Caracterizações molecular e bioquímica de nove
linhagens transgênicas de tabaco confirmaram a inserção e expressão de
CsDTIP em todas as linhagens analisadas. A fim de investigar se a
superexpressão de CsDTIP em plantas transgênicas de tabaco correlaciona-se
com tolerância a estresse, discos foliares de quatro linhagens transgênicas
foram submetidos à desidratação e avaliados quanto à perda do conteúdo de
água e acúmulo de espécies reativas de oxigênio (ROS). Os resultados
demonstraram que as plantas transgênicas perderam significativamente menos
água e acumularam menos ROS do que a planta controle não-transformada,
indicando a maior resistência das plantas transgênicas à desidratação. Em
conclusão, os resultados obtidos no presente estudo confirmam o potencial do
gene CsDTIP em conferir resistência à desidratação, podendo ser utilizado em
estratégias que visem a obtenção de variedades porta-enxerto de citros
tolerantes à seca.
Palavras chave: Citricultura, estresse hídrico, melhoramento, transgenia,
expressão gênica.
ix
ABSTRACT
MARTINS, Cristina de Paula Santos, M.S., Universidade Estadual de Santa
Cruz, Ilhéus, March 2012. Functional analysis of the gene CsDTIP and its use
in genetic transformation of citrus. Advisor: Dr. Márcio Gilberto Cardoso Costa.
Committee Member: Dr. Alex-Alan Furtado de Almeida.
In global agriculture, citrus fruits take the first place in volume of production,
with Brazil as the largest world producer of oranges and exporter of frozen
concentrated orange juice. The Brazilian citriculture is currently sustained
primarily in the rootstock 'Cravo' rangpur lime (Citrus limonia Osbeck), which
has caused an expressive decrease in fruit production because of its
susceptibility to diseases. A diversification of the citrus rootstock cultivars is
thereby required. The major rootstocks alternatives to 'Cravo' show some
important limitations, such as susceptibility to drought. Plants have developed
mechanisms that respond to drought stress, but these responses involve the
functions of multiple genes that give to plant the ability to tolerate against this
unfavorable condition. One of the drought tolerance mechanisms involves the
expression of aquaporins, which belong to the MIP (major intrinsic proteins)
family. Members of this family are involved in response and tolerance to water
and salt stress, working as transporters of water, urea and other solutes. In this
study, a gene coding for a member of MIP family in citrus, DELTA-TIP
(CsDTIP), was identified in the citrus genome databases and characterized in
order to validate its function in mechanisms of drought tolerance. Bioinformatic
analysis showed that CsDTIP codes for a protein of 247 amino acids that has
homology with the members of the TIP2 (DELTA-TIPs) subfamily from
Arabidopsis thaliana, which is localized in the tonoplast and is involved in
mechanisms of drought stress tolerance and transport of water and urea.
Analysis of gene expression by real-time PCR showed that CsDTIP was highly
induced in leaves and roots of 'Cravo' and ‗Sunki Maravilha‘ subjected to
drought stress. Experiments on Agrobacterium-mediated genetic transformation
enabled to obtain 17 transgenic lines of tobacco (Nicotiana tabacum) containing
x
CsDTIP, as well as 11 GUS positive shoots of ‗Cleopatra‘ mandarin (C. reshni
hort. ex Tanaka) and 'Swingle' citrumelo [C. paradisi Macf. cv Duncan x P.
trifoliata (L.) Raf.]. Molecular and biochemical characterization of the transgenic
tobaccos confirmed the insertion and expression of CsDTIP in all transgenic
lines analyzed. To investigate whether the overexpression of CsDTIP in
transgenic tobacco plants correlated with stress tolerance, leaf discs of four
transgenic lines were subjected to dehydration and evaluated for the loss of the
water content and accumulation of reactive oxygen species (ROS). The results
showed that all the transgenic plants evaluated lost significantly less water and
accumulated significantly less ROS than the untransformed control plants,
indicating a higher resistance of the transgenic plants to dehydration. In
conclusion, the results obtained in this study confirm the potential of the gene
CsDTIP in inducing resistance to dehydration, so that it can be used in
strategies to obtain citrus rootstock varieties tolerant to drought.
Key words: Citriculture, water stress, breeding, transgenesis, gene expression.
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Algumas das múltiplas funções das aquaporinas em células vegetais.
As diferentes subfamílias são identificadas na ilustração por cores distintas.
Fonte: MAUREL et al. (2008). .......................................................................... 15
Figura 2. Sequência aminoacídica da proteína deduzida a partir da sequência
gênica CsDTIP. As regiões em destaque referem-se ao sítio relacionado a
seletividade do substrato (NPA), sítio de N-glicosilação (NISG), sítio de
fosforilação da proteína quinase CAMP (KKGS), sítio de fosforilação da
proteína quinase C (SFK), sítio de fosforilação da proteína Caseína Quinase II
(TAAD), sítios de N-miristoilação (GSFKAY, GVGSAI, GANISG, GLALGG,
GSIVAS,, GAIEGV, GLVYTV, GSLGTI, GGGLAG), sítio conservado
característico da família MIP (HVNPAVTFG) e um sítio de função desconhecida
(AEF). ............................................................................................................... 26
Figura 3. Análise filogenética das proteínas da família MIP de Arabidopsis (At)
e CsDTIP de citros. As sequências de aminoácidos foram alinhadas utilizando
ClustalW e o método Neighbor-Joining. A árvore foi construída com um suporte
de bootstrap de 1000 replicações. Abreviaturas para o nome das subfamílias
são as seguintes: PIP (proteínas intrínseca da membrana plasmática); TIP
(proteínas intríseca do tonoplasto); NIP (proteínas intrínseca Nodulin26); SIP
(proteínas intrínsecas pequenas). .................................................................... 27
Figura 4. Comparação entre as sequências CsDTIP e aquelas da subfamília
TIP descrita para Arabidopsis. Resíduos em vermelho são idênticos nas
sequências analisadas. O alinhamento foi realizado pelo programa ClustalW. 29
Figura 5. Análise da expressão relativa do gene CsDTIP em plantas de
limoeiro ‗Cravo‘ e tangerineira ‗Sunki Maravilha‘ sob condições controle
(potencial hídrico foliar de -0,25 MPa) ou de deficiência hídrica (potencial
hídrico foliar de -1,5 MPa). A: Expressão relativa em raiz. B: Expressão relativa
em folha. A expressão do gene da β-actina foi usado como normalizador. Os
dados representam a média) de três réplicas experimentais. **Diferenças
significativas pelo teste t em nível de 1% de probabilidade e * em nível de 5%.
......................................................................................................................... 30
Figura 6. Etapas na obtenção de plantas transgênicas de Nicotiana tabacum
contendo o gene CsDTIP. A: explantes foliares transformados com A.
xii
tumefaciens: CsDTIP em meio de co-cultivo; B: indução de brotos em meio
seletivo de regeneração; C: ensaio histoquímico para expressão do gene uidA
em segmentos de brotos de N. tabacum; D: linhagem transgênica
individualizada. ................................................................................................. 32
Figura 7. Desenvolvimento, florescimento e obtenção de sementes das plantas
transgênicas de tabaco contendo o gene CsDTIP em casa de vegetação. A:
plantas em desenvolvimento. B e D: plantas em florescimento e C: cápsulas de
sementes. ......................................................................................................... 33
Figura 8. Amplificação do fragmento do gene nptII em plantas transgênicas de
Nicotiana tabacum por PCR. M: marcador de 1 kb ; C-: controle negativo -
planta não transformada; C+: controle positivo - DNA plasmidial diluído (1:100)
de pCAMBIA 2301;. L1 à L21: plantas transformadas. .................................... 34
Figura 9. Análise da expressão relativa do gene CsDTIP em diferentes
linhagens transgênicas de Nicotiana tabacum por qPCR. A expressão do gene
da β-actina foi usada como normalizador. Os dados representam a média ± SE
(erro padrão) de três réplicas experimentais. L1, L3, L4, L8, L9, L10, L12, L13,
L21: Linhagens transgênicas. As médias seguidas por letras diferentes
apresentam diferenças significativas pelo Teste de Scott Knott (P ≤ 0,05). ..... 35
Figura 10. Esquema de obtenção de plantas transgênicas de citros contendo o
gene CsDTIP. A: epicótilo em meio seletivo; B: brotos em meio seletivo; C:
ensaio histoquímico para expressão do gene uidA em segmentos basais; D:
plantas transformadas de citros (citrumeleiro ‗Swingle‘) confirmada com o gene
CsDTIP. ............................................................................................................ 36
Figura 11. Taxa de desidratação de discos foliares da planta controle não-
transformada e linhagens transgênicas (4, 8, 9 e 12) sob estresse durante 180
min em temperatura ambiente. Medição por redução de peso fresco a cada 30
min.* (P <0,05) e ** (P <0,01) indicam que a taxa de perda de água nas
linhagens transgênicas é significativamente menor do que o controle no mesmo
ponto de tempo pelo Teste de Dunnett. ........................................................... 38
Figura 12. Produção de peróxido de hidrogênio em tecido foliar de N. tabacum
inoculado com HCL-DAB (1 mg mL-1). Discos foliares foram submetidos ao
estresse por desidratação durante 180 min e a produção de H2O2 foi
visualizada através da coloração com DAB. A: planta não-transformada
submetida à desidratação;B: planta não-transformada túrgida; C: planta não-
xiii
transformada submetida a desidratação e infiltrada a vácuo com 10 mM de
peróxido de hidrogênio por 30 min; D: planta não transformada fresca infiltrada
com água; E-H: linhagens transgênicas 4, 8, 9 e 12, respectivamente, submetidas
à desidratação. ................................................................................................. 39
1
1 INTRODUÇÃO
Os citros pertencem à família Rutaceae, sendo os principais gêneros
Fortunella, Poncirus e Citrus (SIMÃO, 1998). A citricultura representa 23% de
toda a produção mundial de frutas e a décadas o Brasil ocupa posição de
destaque (FAO, 2010). O Brasil é o maior produtor mundial de citros, com
produção de cerca de 19,4 milhões de toneladas de frutos (MAPA, 2011), e
maior exportador de suco de laranja concentrado congelado (NEVES, 2010). O
agronegócio da citricultura está concentrado no Estado de São Paulo, que
participa com 78,4% da produção nacional de frutos (IBGE, 2010), seguido
pelos Estados da Bahia (5,1%) e de Sergipe (4,5%) (ABECITRUS, 2009).
Os citros podem ser propagados por diferentes métodos, sendo a
enxertia a forma mais utilizada por apresentar diversas vantagens (POMPEU
JUNIOR, 2005). O limoeiro ‗Cravo‘ (Citrus limonia Osbeck) é a espécie mais
utilizada como porta-enxerto devido a diversos atributos, dentre as quais se
destacam: tolerância à seca e à tristeza dos citros, facilidade de obtenção de
sementes, compatibilidade adequada com a maioria das variedades copas,
produção precoce e alta modulação induzida às copas nele enxertadas
(POMPEU JUNIOR, 2005). Contudo a suscetibilidade do limoeiro ‗Cravo‘ à
Morte Súbita dos Citros (MSC) se tornou um sério problema na atualidade,
tendo como consequência a expressiva diminuição na produção de frutos
(CANTAGALLO et al., 2005). A diversificação de porta-enxertos na citricultura
brasileira é fundamental, com ênfase na busca de variedades mais bem
adaptadas às condições de eficiência hídrica, já que a citricultura brasileira é
conduzida praticamente sem irrigação (SANTOS et al., 1999). A falta de
resistência a doenças e as condições ambientais desfavoráveis, como a seca,
tem incentivado inúmeros trabalhos de pesquisa voltados ao melhoramento
genético. Ferramentas biotecnológicas, por meio das técnicas de cultura de
tecidos e transformação genética, têm oferecido novas alternativas para o
melhoramento dos citros, permitindo a rápida introdução de genes de interesse
sem alterar o padrão varietal. Em citros, a transformação genética já é um
processo bem estabelecido (COSTA et al., 2007).
2
Dados do genoma funcional de citros, obtidos por meio do
sequenciamento de aproximadamente 500.000 ESTs (sequências expressas)
de Citrus e Poncirus, foram disponibilizados para acesso pela comunidade
científica (http://harvest.ucr.edu) como parte de um programa (U.S. Citrus
Genomics Initiative) que visa o rápido avanço do conhecimento científico
relacionado aos problemas que limitam a produção citrícola. Por meio de uma
busca preliminar neste banco de dados, identificou-se a existência de diversos
genes ortólogos de resposta e tolerância à seca. Dentre esses, destacam-se os
genes da família MIP (―major intrinsic proteins‖).
As MIPs constituem uma super família de proteínas de membrana, as
quais têm sido implicadas em atuarem como os componentes centrais das
relações hídricas em plantas (JOHANSON et al., 2001). Recentemente, MIPs
provaram ser mais do que canais de água, estando relacionadas a meio de
transporte para outros substratos de importância fisiológica. Embora o termo
aquaporina tenha sido inicialmente proposto a MIPs que transportam água,
atualmente este termo tem sido usado num sentido mais amplo, referindo-se a
todos os membros da família (TYERMAN et al., 2002). A descoberta das
aquaporinas trouxe uma nova visão do mecanismo de transporte de água
transmembrana, fornecendo a base molecular para uma rápida e sólida
regulação reversível de transporte de água transmembrana e sugerindo que a
alta permeabilidade à água pode ser necessária para determinados processos
fisiológicos (MAUREL, 1997; MAUREL; CHRISPEELS, 2001). A abundância e
a atividade dessas proteínas na membrana plasmática e tonoplasto podem ser
reguladas, permitindo que a planta controle rigorosamente os fluxos de água
dentro e fora das células (MAUREL, 2007; KALDENHOFF; FISCHER, 2006;
JOHANSSON et al., 2000; JAVOT; MAUREL, 2002).
No presente estudo, um membro da família MIP, denominado DELTA-
TIP, foi identificado nos bancos de dados de informação genômica de citros
(HarvEST:Citrus) e caracterizado por meio de análises molecular e funcional
em plantas de tabaco. Além disso, o gene foi introduzido em variedades porta-
enxerto de citros, sob expressão constitutiva, por meio de transformação
genética mediada por Agrobacterium tumefaciens. Esse estudo contribuiu,
assim, para a ampliação da base de conhecimento potencialmente aplicável ao
3
melhoramento, bem como para o desenvolvimento de novos genótipos
potencialmente úteis para a citricultura brasileira.
4
2 OBJETIVOS
2.1 Geral
Validar a função do gene candidato de tolerância à seca DELTA-TIP
(CsDTIP), identificado nas bases de informação genômica de citros, por meio
de análises molecular e funcional em plantas de tabaco, bem como introduzi-lo
em variedades porta-enxerto de citros por meio de transformação genética
mediada por Agrobacterium tumefaciens.
2.2 Específicos
Caracterizar a sequência do gene DELTA-TIP presente no genoma
de citros em nível de cDNA e aminoácidos;
Clonar o gene DELTA-TIP em vetores de transformação de plantas;
Transformar plantas de tabaco (var. Petit Havana) e variedades
porta-enxerto de citros (tangerineira ‗Cleópatra‘ e citrumeleiro
‗Swingle‘) com o gene DELTA-TIP;
Analisar a expressão gênica das plantas de tabaco transformadas
pela técnica de PCR em tempo real;
Caracterizar as plantas transformadas quanto à integração e
expressão do transgene e resposta frente a condições simuladas de
deficiência hídrica.
5
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Aspectos gerais da citricultura
O gênero Citrus pertence à família Rutaceae, subfamília Aurantioideae e
tribo Citreae, sendo esta composta por três subtribos. A subtribo Citrinae
apresenta 13 gêneros e 65 espécies, contendo as principais espécies de
interesse comercial, como as do gênero Poncirus, Fortunella e Citrus
(SWINGLE, REECE, 1967), que são coletivamente chamadas de citros. Os
citros são originários de regiões com clima tropical e subtropical do sul e
sudeste Asiático (MOORE, 2001; NICOLOSI, 2007, PENÂ et al., 2008).
Hoticulturamente os citros podem ser agrupados em laranjeiras doce
(Citrus sinensis (L.) Osbeck), tangerineiras (Citrus reticulata Blanco), limoeiros
(Citrus limon (L.) Buen. F.), limeiras ácidas [Citrus aurantiifolia (Christm.)
Swingle e Citrus latifolia (Yu. Tanaka)], pomeleiros (Citrus paradisi Macf.), entre
outras (PIO et al., 2005). Algumas espécies e seus híbridos são utilizadas
principalmente como porta-enxertos, como o limoeiro ‗Cravo‘ (C. limonia
Osbeck), limoeiro ‗Volkameriano‘ (C. volkameriana V. Ten. & Pasq.),
tangerineira ‗Sunki‘ (C. sunki hort. ex Tanaka), tangerineira ‗Cleopatra‘ ( C.
reshni hort. ex Tanaka), laranjeira azeda (C. aurantium L.) e citrumeleiro
‗Swingle‘ [C. paradisi Macf. cv Duncan x P. trifoliata (L.) Raf.] (POMPEU
JUNIOR, 2005).
Cultivado em mais de 130 países, os citros constituem uma das mais
importantes fruteiras cultivadas no mundo, sendo que Brasil, China e Estados
Unidos detêm aproximadamente 44% da produção mundial (FAO, 2011). A
citricultura é economicamente importante nas regiões tropicais e subtropicais,
onde as condições edafoclimáticas são favoráveis para o seu desenvolvimento.
As plantas cítricas são cultivadas em regiões entre os paralelos 40º N e 40º S e
as principais regiões produtoras estão em latitudes superiores a 22º N e 22º S
(DAVIES; ALBRIGO, 1994).
O Brasil ocupa uma posição de destaque no cenário internacional, sendo
o maior produtor de laranja (aproximadamente 19,4 milhões de toneladas de
frutos em uma área aproximada de 856 mil hectares) (Ministério da Agricultura,
6
Pecuária e Abastecimento, 2011) e o maior exportador de suco de laranja
concentrado e congelado (NEVES, 2010). O sistema agroindustrial citrícola
movimenta cerca de R$ 9 bilhões por ano e gera mais de 260 mil empregos
diretos e indiretos (NEVES, 2010). Em 2009, a exportação de suco foi de 1,3
milhões de toneladas, sendo os Estados Unidos e a União Européia os
principais importadores do produto (FNP CONSULTORIA & COMÉRCIO,
2010).
A agroindústria citrícola brasileira está concentrada no Estado de São
Paulo, responsável por 78,42% da produção nacional e pelo processamento de
praticamente toda a safra nacional de laranja, além do abastecimento de parte
significativa do mercado mundial do suco concentrado e congelado e de
subprodutos da laranja (IBGE, 2010). Porém, o seu perfil mudou na última
década, pois além da migração do cultivo para o sudoeste de São Paulo, as
regiões Sul e Nordeste têm cada vez mais participação na produção brasileira
de citros. O Nordeste brasileiro detém, após o Estado de São Paulo, a
citricultura de maior expressão, graças à liderança nesse setor dos Estados da
Bahia e Sergipe, que praticamente se igualam na produção de citros
(Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos, 2009).
As mudanças com relação à migração do local de produção de laranja
estão relacionadas principalmente com surgimento de diversas doenças, como
a gomose de Phytophthora (Phytophthora spp.), pinta preta (Guignardia
citricarpa Kiely), tristeza dos citros (Citrus tristeza virus), cancro cítrico
(Xanthomonas citri pv. citri), huanglongbing (Candidatus Liberibacter spp.) e a
morte súbita dos citros (MSC) (Fundo de Defesa da Citricultura, 2010).
3.2 Propagação e variedades porta-enxertos
As plantas cítricas podem ser multiplicadas por sementes (via sexual),
por alporquia, estaquia e enxertia (via assexual), sendo este último método
mais utilizada comercialmente por apresentar algumas vantagens, entre as
quais se destacam a uniformidade das mudas, alta quantidade de sementes,
precocidade no início de produção e aumento na produtividade, além de se
obter mudas idênticas à planta-mãe e maior resistência ou tolerância a
7
condições desfavoráveis de clima, solo, pragas e doenças de acordo com o
porta-enxerto ou combinação utilizado (POMPEU JUNIOR, 2005).
Devido à facilidade no método de multiplicação por sementes, esta
predominou até a metade do século XIX, quando problemas relacionados ao
ataque de Phytophthora spp., na Ilha dos Açores (Portugal) determinaram o
uso de porta-enxertos tolerantes a estes fungos. Na Espanha, os agricultores
perceberam que as plantas provenientes de sementes tardavam muito a entrar
em produção e tinham muitos espinhos, que podiam lesionar as frutas,
passando então a adotar a enxertia a partir da segunda metade do século XIX
(CARLOS et al., 1997).
Na introdução da citricultura no Brasil no século XVI, a multiplicação
também foi por sementes. Apenas quando a citricultura alcançou expressão
comercial, iniciou-se o uso de plantas enxertadas, sendo as laranjeiras doces,
entre elas a laranjeira ‗Caipira‘ (C. sinensis L.Osbeck), os porta-enxertos mais
utilizados. Porém, a baixa resistência da laranjeira ‗Caipira‘ à seca e à gomose
fez com que ela fosse substituída pela laranjeira ‗Azeda‘, que passou a ser a
principal cultivar até o final da década de 1940, quando, em função do
surgimento da Tristeza do citros, teve que ser substituída, devido à sua
susceptibilidade a essa doença. Experimentos conduzidos no início do século
XX mostraram que plantas enxertadas em limoeiro ‗Cravo‘, tangerineira
‗Cleópatra‘, tangerineira ‗Sunki‘ (C. sunki (Hayata) hort. ex Tanaka), laranjeira
‗Caipira‘ e limoeiro ‗Rugoso‘ (C. jambhiri Lush.) não manifestavam os sintomas
da doença. Assim, esses porta-enxertos, considerados tolerantes à Tristeza
dos citros, foram utilizados na renovação da citricultura (POMPEU JUNIOR,
2005).
As características apresentadas pelo limoeiro ‗Cravo‘ o tornaram o
preferido pelos citricultores, de modo que a partir da década de 60 passou a
ser praticamente o único porta-enxerto da citricultura paulista (POMPEU
JÚNIOR, 2001). O limoeiro ‗Cravo‘ é considerado um híbrido natural entre
limoeiro e tangerineira, originado na região de Canton, no sul da China.
Apresenta média resistência às gomoses de P. parasitica e P. citrophthora, é
suscetível a nematóides (Tylenchulu semipenetrans e Pratylenchus jaehni),
tolerante ao vírus da tristeza dos citros, suscetível ao declínio do citros e
tolerante à seca. Apresenta melhor desempenho quando plantado em solos
8
arenosos e profundos e pode apresentar produtividade inferior à das
tangerineiras ‗Cleópatra‘ e ‗Sunki‘ quando plantado em solos argilosos.
Com o surgimento de uma doença, em 1999, conhecida como Morte
Súbita dos Citrus (MSC), que afeta laranjeiras e tangerineiras enxertadas em
limoeiro ‗Cravo‘ e ‗Volkameriano‘, ocorreu uma aceleração na diversificação de
porta-enxertos. Assim, surgiu a busca por novos porta-enxertos viáveis ao uso
comercial, visando principalmente combater a vulnerabilidade fitossanitária.
Pompeu Junior (2001) revisou as possibilidades das novas variedades
indicadas como promissoras, dentre eles a tangerineira ‗Cleópatra‘ e o
citrumeleiro ‗Swingle‘.
A variedade Cleópatra é uma das tangerineiras mais estudadas em todo
o mundo e, no Brasil, vem sendo utilizada há mais de 30 anos como porta-
enxerto. Apresenta tolerância aos vírus da tristeza e viróides como o exocorte,
a xiloporose, ao declínio e a MSC, bem como apresenta média resistência à
gomose de Phytophthora ssp. No entanto, não é resistente ao nematóide dos
citros e apresenta limitações, tais como: início de produção mais tardia do que
as plantas enxertadas em limoeiro ‗Cravo‘ e citrumeleiro ‗Swingle‘, produção de
plantas com porte mais alto e maior intolerância à seca. Com relação à
produtividade, quando plantada em solos argilosos, induz produções de frutos
próximas ou superiores às obtidas em limoeiro ‗Cravo‘ (POMPEU JUNIOR,
2005).
O citrumeleiro ‗Swingle‘ é um híbrido entre pomeleiro ‗Duncan‘ e
trifoliateiro, o qual foi produzido na Flórida em 1907 por Walter S. Swingle e
introduzido no Brasil em 1948 pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas).
Contudo, o interesse por esse porta-enxerto começou em 1988 (POMPEU
JUNIOR, 2005). Apresenta resistência à gomose (MEDINA FILHO et al., 2004),
declínio e nematóide dos citros (Tylenchulus semipenetrans) (POMPEU
JUNIOR, 1992), tolera a morte súbita dos citros, tristeza (MACHADO et al.,
2004), a xiloporose e o exocorte, porém é sensível à seca (POMPEU JUNIOR,
2005). Laranjeiras enxertadas em citrumeleiro ‗Swingle‘ produzem frutos de alta
qualidade, com alto teor de sólidos solúveis, de tamanho médio, porém
apresentam maturação de frutos mais tardiamente do que em outros porta-
enxertos (POMPEU JUNIOR, 2005; STUCHI et al., 1996).
9
As variedades apresentadas não possuem a robustez e as
características de tolerância à seca como o limoeiro ‗Cravo‘, necessitando
assim de estudos voltados ao melhoramento desses genótipos.
3.3 Transformação genética de citros
Em 1893, no Estado da Flórida, Swingle e Webber iniciaram o primeiro
programa de melhoramento genético de citros, sendo que posteriormente
vários trabalhos nesta área foram desenvolvidos em todo o mundo (DAVIES;
ALBRIGO, 1994). É notório que pesquisas relacionadas com o melhoramento
genético têm levado a aumentos na produtividade de diversas espécies
cultivadas. Porém, o melhoramento genético convencional de citros apresenta
algumas limitações, como a descontinuidade nos programa estabelecidos e
fatores biológicos característicos de cada espécie, como ciclos de reprodução
longo, juvenilidade, poliembrionia nucelar, heterozigose alta, incompatibilidade
sexual, esterilidade gametofítica e poliploidia (GROSSER; GMITTER JUNIOR,
1990). Dessa forma, a maioria das cultivares existentes nas principais regiões
citrícolas do mundo é proveniente de seleções ou de mutações somáticas
espontâneas (CERVERA et al., 2008; DUTT; GROSSER, 2009).
A utilização de ferramentas biotecnológicas como a transformação
genética de plantas em programas de melhoramento de citros possibilitam a
utilização da variabilidade genética disponível, produzindo novas combinações
genéticas que podem resultar em novas cultivares (SINGH; RAJAM, 2009).
Embora a transformação genética seja uma importante ferramenta auxiliar no
melhoramento de citros, sua eficiência pode variar em função de diversos
fatores, incluindo o genótipo e a própria construção gênica utilizada.
A tecnologia do DNA recombinante possibilitou o isolamento de genes e
a inserção estável em um genoma hospedeiro (QUECINI; VIEIRA, 2001). Esta
técnica pode ser definida como a introdução controlada de ácidos nucleicos em
um genoma receptor, excluindo a fecundação, ou seja, é a transferência não
sexuada de genes para plantas. Consiste de um processo controlado, onde
apenas um fragmento de ácido nucleico (DNA) é introduzido no genoma
receptor, devendo ser a ele integrado (BRASILEIRO; DUSI, 1999).
10
A transformação genética de plantas pode ser agrupada em duas
categorias: transferência direta e indireta de genes. A transferência direta
ocorre através de processos físico-bioquímicos, já na indireta o DNA exógeno é
inserido no genoma pela ação de vetores biológicos. O sistema mais utilizado
em transformações indiretas de plantas é mediado por bactérias do gênero
Agrobacterium. As espécies A. tumefaciens e A. rhizogenes são bactérias
fitopatogênicas de solo, pertencentes à família Rhizobiaceae, que causam
doenças em dicotiledôneas, conhecidas como galhas da coroa e raiz em
cabeleira, respectivamente (BRASILEIRO; DUSI, 1999). A interação
Agrobacterium - célula vegetal é descrita como exemplo de engenharia
genética da natureza, pelo fato de ocorrer transferência de genes entre reinos
diferentes (TEMPÉ; SCHELL, 1977).
Por ser considerada uma técnica confiável, eficiente e rápida, a
transformação genética mediada por Agrobacterium tumefaciens tem sido
utilizada por diversos autores para espécies cítricas (MOORE et aI., 1992;
PEÑA et aI., 1995, 1997; KANEYOSHI et aI., 1994; MENDES et aI., 2002;
CERVERA et aI., 1998a,b, 2008, GUTIÉRREZ-E et aI., 1997; COSTA et aI.,
2002; ALMEIDA et aI., 2003; MOLINARI et aI. 2004; FOGOAGA et aI., 2007;
ZANEK, 2008; ZOU et aI., 2008; CARDOSO et al., 2009; DUTT;GROSSER,
2009; RAJAM, 2009; OLIVEIRA et aI., 2009; CIDADE, 2010). Assim, a
transferência de genes de forma indireta via Agrobacterium tumefaciens já é
uma metodologia bem estabelecida para citros.
3.4 Respostas molecular e fisiológica à deficiência hídrica
Como todos os seres vivos, as plantas necessitam de água para o
funcionamento do metabolismo e para o seu desenvolvimento. Além disso, o
entado hídrico de uma célula influencia a estrutura de muitas proteínas, ácidos
nucleicos, polissacarídeos e ainda outros constituintes de uma célula. A água é
o meio aonde muitos processos bioquímicos ocorrem, assim como participa
diretamente em muitos deles (TAIZ; ZEIGER, 2003).
A água corresponde à maior parte da massa celular nas células
vegetais, sendo a massa total de água em tecidos em crescimento situada
11
entre 80% e 95%. As sementes, apesar de possuírem uma percentagem de
água muito baixa (5 a 15%), necessitam absorver muita água para iniciar o seu
processo de germinação. A presença da parede celular permite que as células
resistam a altas pressões hídricas (pressões de turgor) que resultam do
processo hídrico das plantas. Este tipo de pressão é necessário para diferentes
processos fisiológicos, para o transporte de solutos no floema, assim como
para a rigidez e estabilidade mecânica dos tecidos vegetais não lenhosos
(TAIZ; ZEIGER, 2003).
As plantas que são tolerantes à seca apresentam uma série de
mecanismos para que, durante o estresse, as respostas sejam rapidamente
ativadas. Cada planta possui uma percepção do sinal, assim como a regulação
molecular e fisiológica, que se reflete nas diferenças de tolerância à seca inter
e intraespecífica (BARTELS; SUNKAR, 2005). Diferenças entre indivíduos da
mesma espécie foram relatadas para Citrus (GARCÍA-SÁNCHEZ et al., 2007)
em relação às variáveis fisiológicas, como eficiência do uso da água (KNIGHT
et al, 2006; KLAMKOWSKI;TREDER, 2008) e ao estágio de desenvolvimento e
à atividade de diversas enzimas (HONG et al., 2005).
As plantas necessitam de gás carbônico (CO2) para realizar
fotossíntese, porém muitas vezes elas têm que se adaptar entre a perda de
água (H2O) e a absorção de CO2, que é modulado pela regulação estomática.
Este mecanismo depende do vapor de água, do CO2 e das variações da
pressão de turgescência das células-guarda. Em situação de seca, a regulação
da abertura estomática é controlada pelo ácido abcísico (ABA), o principal
hormônio envolvido no fechamento estomático, assim como pelas citocininas,
para a abertura dos estômatos (TAIZ; ZEIGER, 2003).
É comum o fechamento dos estômatos em resposta à seca. Assim, com
os estômatos fechados, o CO2 deixa de entrar na folha, o que leva a limitar o
substrato disponível para a enzima RUBISCO, reduzindo a taxa fotossintética e
a assimilação de CO2 (CHAVES et al., 2009). A entrada de CO2 nas plantas é
regulada em função da disponibilidade deste gás, assim como pela abertura
dos estômatos, como demonstram as diferenças na resposta da fotossíntese à
concentração interna (Ci) de CO2 (TALLMAN, 2004). Em plantas de citros, a
baixa disponibilidade hídrica e temperatura prejudicam o processo de
fotossíntese (RIBEIRO, 2006).
12
Em nível molecular, muitos genes que estão envolvidos em resposta à
seca também estão envolvidos em resposta a salinidade e frio (SEKI et al.,
2002). Alguns desses genes foram identificados por análises de microarranjos
em Arabidopsis e arroz. Bray et al. (2004) identificaram que as chaperonas,
proteínas LEA (Late Abundant Proteins), osmotinas, proteínas anti-
congelamento e de ligação ao mRNA, enzimas da biossíntese de osmólitos,
aquaporinas, transportadores iônicos, de açúcares e de aminoácidos, enzimas
detoxificadoras e proteases atuam de forma direta na proteção das células
contra o estresse por desidratação. Outros genes atuam indiretamente, com os
produtos gênicos envolvidos na regulação ou transdução de sinais durante a
resposta ao estresse, sendo denominadas de proteínas regulatórias. Estas
incluem os fatores de transcrição, proteínas quinases e fosfatases, enzimas do
metabolismo de fosfolipídeos e da síntese de ABA e outras moléculas
sinalizadoras, como proteínas de ligação à calmodulina (SHINOZAKI;
YAMAGUCHI-SHINOZAKI, 2007).
3.5 Major Intrinsic Proteins (MIPs)
As MIPs constituem uma superfamília de proteínas transmembranas,
com peso molecular entre 23-31 kDa, que se encontram presentes em todos os
organismos. As MIPs, também conhecidas como aquaporinas, possuem uma
estrutura tetramérica, composta por quatro monômeros, cada um com um poro
ativo (MAUREL et al., 2008).
Esta família com membros em animais, plantas e micróbios, é composta
por proteínas integrais de membrana que facilitam a transferência bidirecional
de água e pequenos solutos em membranas biológicas (JOHANSON et al.,
2001). A função das aquaporinas, como reguladores do transporte de água, foi
descoberta através da expressão de uma aquaporina humana em oócitos de
Xenopus, em que se obteve um aumento da permeabilidade à água
(TYERMAN et al., 2002). A primeira aquaporina descoberta em plantas foi da
subfamilia TIP (tonoplast intrinsic protein), presente no tonoplasto, o que
potencializou a pesquisa de mais genes desta família (TYERMAN et al., 2002).
13
Inicialmente, as aquaporinas foram identificadas como canais de
transporte seletivo de água (MAUREL et al., 1993). Porém, novos estudos
evidenciaram que esses canais também podem transportar glicerol (GERBEAU
et al, 1999.; LI et al, 2008), uréia (KLEBL et al., 2003; GERBEAU et al, 1999;. LI
et al, 2008; DYNOWSKI et al, 2008b), peróxido de hidrogênio (H2O2) (BIENERT
et al., 2007; DYNOWSKI et al., 2008a) e compostos gasosos como a amônia
(NH3) (JAHN et al, 2004; LOQUE et al., 2005; DYNOWSKI et al, 2008b) e
dióxido de carbono (CO2) (WU; BEITZ, 2007).
As aquaporinas possuem papel importante em situações de estresses
abióticos, como seca e salinidade. Vários estudos demonstraram que, em
casos de estresse hídrico, a transcrição das aquaporinas é alterada, sendo que
o padrão de expressão destes genes é coincidente com um aumento da
tolerância das plantas (MARTRE et al., 2002; MAUREL et al., 2008; ZHANG et
al., 2007). Em mudas de arroz submetidas ao estresse hídrico, ocorreu o
aumento no funcionamento fisiológico dos canais de água pelo aumento da
atividade de água do canal da raiz ou pelo aumento do número aquaporinas
em comparação com mudas do controle não submetidas ao estresse (LU;
NEUMANN, 1999). A diminuição da expressão do gene aquaporinI, que está
presente na membrana plasmática, em plantas de Arabidopsis reduziu a
condutividade hidráulica dessa plantas, levando ao decréscimo na tolerância à
seca (SIEFRITZ et al., 2002).
A regulação transcricional das MIPs é realizada de diferentes formas.
Podem ser induzidas por diferentes hormônios, como o ABA e as giberelinas,
por diferentes fatores de estresse abiótico (MAUREL et al., 2002) e por
modificações pós-traducionais, através de fosforilação. A fosforilação da
aquaporina leva à abertura do poro, em oposição ao mecanismo de
fechamento, que passa pela percepção de protóns (MAUREL et al., 2008).
Em seres humanos (Homo sapiens), foram descritos 13 MIPs (MAGNI et
al., 2006), enquanto que no genoma de arroz, Arabidopsis, milho e tomate
foram descritos 33, 35, 36 e 37 genes, respectivamente (CHAUMONT et al.,
2001; JOHANSON et al., 2001,SAKURAI et al., 2005; SADE et al., 2008). Por
homologia, os genes de Arabidopsis foram agrupados em quatro classes ou
subfamílias diferentes. O maior subgrupo é formado pelas proteínas intrínsecas
da membrana plasmática (PIPs), contendo treze genes, seguido pelas
14
proteínas intrísecas do tonoplasto (TIPs), que possuem dez genes homólogos.
Proteínas intrínsecas do tipo Nodulin26 (NIPs) foram inicialmente
caracterizadas como exclusivamente expressas em membranas
peribacteróides fixadoras de nitrogênio em raiz simbiótica, em nódulos de
leguminosas, e em Arabidopsis, em que nove membros estão presentes. A
quarta categoria inclui as proteínas intrínsecas pequenas (SIPs), da qual três
membros estão presentes em citros (LUU; MAUREL, 2005). Pesquisas atuais
mostram a existência de outros membros das aquaporinas (GUSTAVSSON et
al., 2005; DANIELSON; JOHANSON, 2008), porém os quatro grupos descritos
acima ainda são considerados os principais.
As aquaporinas possuem diversas funções de transporte em vários
compartimentos subcelulares (Figura 1). Isoformas da proteína intrínseca da
membrana (PIP1 e PIP2) estão relacionadas com a via secretora, que promove
o transporte de partículas a partir do retículo endoplasmático (ER). PIPs
também passam por ciclos repetidos de endocitose e reciclagem através de
compartimentos endossomais antes de eventualmente voltarem para o vacúolo
lítico através dos corpos multivesiculares (ROBINSON et al., 1996). As
proteínas intrínsecas do tonoplasto TIP1s (GAMA-TIPs) são encontradas na
membrana vacúolo do lítico, já TIP2s (DELTA-TIPs) e TIP3s (BETA-TIPs) estão
preferencialmente associadas a vacúolos que acumulam proteínas de reserva
em células vegetativas e em sementes, respectivamente. As proteínas
intrínsecas do tipo Nodulin-26 (PIN) mostram um amplo espectro no padrão de
localização subcelular. AtNIP2;1 está localizada no retículo endoplasmático e
na membrana plasmática (CHOI; ROBERTS, 2007; MIZUTANI, et al., 2006).
Em Oryza sativa, OsNIP2;1 (transportador de silício) e em Arabidopsis thaliana,
AtNIP5;1 (transportador de ácido bórico), estão localizadas na membrana
plasmática, enquanto que em soja (Glycine max), GmNOD26 é exclusivamente
expressa na membrana peribacteroide (MAUREL et al., 2008) (Figura 1).
15
Figura 1. Algumas das múltiplas funções das aquaporinas em células vegetais. As diferentes subfamílias são identificadas na ilustração por cores distintas. Fonte: MAUREL et al. (2008).
16
4 MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram desenvolvidos no Laboratório de Cultura de
Tecidos Vegetais e Laboratório de Biologia Molecular, localizado no Centro de
Biotecnologia e Genética (CBG) da Universidade Estadual de Santa Cruz
(UESC), em Ilhéus-BA.
4.1 Material biológico
4.1.1 Material vegetal
Para a realização da transformação genética dos explantes de
citrumeleiro ‗Swingle‘ e tangerineira ‗Cleopatra‘ foram utilizadas sementes
obtidas do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de citros da EMBRAPA
Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA). A espécie Nicotiana tabacum foi
empregada no presente trabalho como sistema-modelo, já que apresenta
características adequadas para o desenvolvimento de estudos de função
gênica (BRASILEIRO; CARNEIRO, 1998). Foram utilizadas culturas pré-
estabelecidas de tabaco cv. Havana mantidas no Laboratório de Cultura de
Tecidos Vegetais do CBG da UESC.
4.1.2 Cultura e manutenção dos isolados de Agrobacterium tumefaciens
A estirpe de Agrobacterium tumefaciens EHA 105 foi utilizada nos
experimentos. As culturas foram conservadas em solução de glicerol (50%) e
meio de cultura YEP líquido (extrato de levedura, NaCl e peptona), mantido em
-80ºC. A partir dessa solução, a bactéria foi plaqueada em meio de cultura YEP
sólido (suplementado com 100 mg L-1 de canamicina e 50 mg L-1 de
rifampicina) e incubada a 28ºC, por 48h. Após esse período, colônias isoladas
foram selecionadas e transferidas para meio de cultura YEP líquido, contendo
100 mg L-1 de canamicina e 50 mg L-1 de rifampicina, e incubado overnight a
28ºC / 200rpm. Logo após, a solução foi centrifugada por 15 min a 5000 rpm e
17
o precipitado formado foi ressuspendido em meio de cultura MS para uso em
transformação genética de plantas.
4.2 Identificação do gene DELTA-TIP
Sequências de aminoácidos codificada por genes da família MIP,
previamente identificados em Arabidopsis, foram utilizadas para identificar os
respectivos ortólogos em bibliotecas de ESTs de citros disponíveis na base de
informação genômica do HarvEST:Citrus (http://harvest.ucr.edu), por meio da
ferramenta BLAST (http://blast.ncbi.nlm.nih.gov). Dentre os genes identificados,
selecionou-se para caracterização nesse estudo aquele codificando para uma
DELTA-TIP (Unigene 39450, assembly C52), por ter sido expresso em
bibliotecas de raízes e folhas de citros submetidos a seca e a salinidade
(Tabela 1). O referido gene corresponde aos locos orange1.1g025817m.g em
Citrus sinensis (Phytozome database) e AT3G16240 em Arabidopsis (TAIR
database) e foi nomeado no presente estudo de Citrus sp. DELTA-TIP
(CsDTIP)
4.3 Alinhamento de múltiplas sequências e análise filogenética
A sequência de aminoácidos codificada pelo gene CsDTIP (Tabela 1),
juntamente com as sequências homólogas de MIPs de Arabidopsis descritas
no trabalho de Johanson et al. (2001) foram alinhadas para comparação e
análise filogenética. O alinhamento das sequências preditas de aminoácidos foi
efetuado utilizando o programa ClustalW (http://clustalw.genome.jp/)
(THOMPSON et al., 1994) e a árvore filogenética foi gerada utilizando o
método Neighbor-Joining (SAITOU; NEI, 1987) e a opção de bootstrap (1000
replicações). O dendrograma foi construído pelo programa MEGA4 (TAMURA
et al., 2007). Para predição de sequências conservadas, foi utilizado o
programa PredictProtein (http://cubic.bioc.columbia.edu/predictprotein/).
18
Tabela 1. Sequência de nucleotídeos do gene CsDTIP.
Gene Sequência de nucleotídeo
CsDTIP GGGGGTGCTCGATCGAGATAAAACCTTATCTTCTTCTTCTTCTTA
AGAAAGACTCGAGAGAGTTTTTTTTTCCCTATTCTCTAGCTCTTT
CTTGATCAACAATGGCTATTGCCTTCGGCCGCTTCGATGATTCTT
TCAGCTTAGGCTCCTTCAAGGCCTATCTTGCTGAGTTTATCTCAA
CTTTGCTCTTTGTTTTCGCCGGCGTTGGCTCGGCCATTGCTTTCA
ACAAGATGACAGCAGATGCAGCACTTGATCCATCAGGGCTAGTAG
CCATCGCTATTTGCCATGGATTTGCTCTATTTGTCGCAGTTGCAA
TTGGTGCTAACATCTCAGGTGGCCACGTCAACCCAGCCGTCACCT
TTGGATTGGCTCTTGGTGGCCAAATCACCATCCTCACTGGCATCT
TCTACTGGATTGCCCAACTTCTTGGCTCTATTGTTGCCAGCTTCC
TCCTCAAAGTTGTCACTGGAGGCTTGGCAGTTCCTACCCACAATG
TTGCTGCTGGAGTTGGAGCCATTGAAGGAGTTGTGATGGAGATCA
TCATCACATTTGGTTTGGTCTACACGGTCTATGCCACGGCAGCTG
ACCCCAAGAAGGGATCATTGGGCACCATTGCACCCATTGCCATCG
GTTTCATTGTCGGTGCCAACATCCTGGCCGCCGGCCCATTCTCCG
GTGGTTCCATGAACCCGGCCCGTTCCTTCGGGCCTGCCGTTGCCA
GCGGCAACTTTCAGGACAACTGGATCTACTGGGTTGGCCCTCTCA
TTGGCGGTGGCCTTGCCGGGCTCATCTATGGCAATGTGTTCATGC
ACTCTGAACATGCACCCCTATCTAATGACTATTAATTAATTAGTT
AAACTTTGTTTAAAAGTTTAGTTAAATCATTTGATCACCTGCTTT
TGGCTCTTTCTTTTTTGTAATAAAAGAAGGAAAAGCAGCTTTGGC
TCTTTCTTCTTTTCTTCTTTAGTTTCTTGGTATCCTTCTTTTTAA
ATCATTTCTTTTGGAGGTTGTAAAAAGTCTTTGTTGTGGTGGTCC
ATTGCGGCTTTTCTGACGATAATGGATGGATTGGGAGACATGCTT
GAATGACACTCTTTAGTCTTTAAAAAAAAAAAAAAAAA
ATG: Códon de iniciação. TAA: Códon de terminação.
4.4 Análise de expressão do gene CsDTIP em variedades porta-enxerto
de citros submetidas à deficiência hídrica pela técnica de qPCR
Amostras de RNAs utilizadas para análise de expressão do gene
CsDTIP em variedades porta-enxerto de citros (limoeiro ‗Cravo‘ e tangerineira
‗Sunki Maravilha‘) foram gentilmente cedidas por Diana Matos Neves, sendo
obtidas como parte de sua dissertação (NEVES, 2011). Brevemente, os
experimentos foram conduzidos em casa de vegetação com umidade e
temperaturas do ar controladas (70 a 80% e 25 a 30Cº). Cada vaso, contendo
apenas uma planta, foi irrigado para que o solo fosse mantido próximo à
capacidade de campo até o momento de ser aplicado o tratamento de
deficiência hídrica. Após 45 dias da transplantação, as mudas foram divididas
19
em dois grupos (i) tratamento controle (plantas irrigadas; potencial hídrico foliar
de -0,25 MPa) e (ii) tratamento de deficiência hídrica (plantas foram submetidas
à suspensão completa da irrigação, por 40 dias; potencial hídrico foliar de -1,5
MPa na ante-manhã). O monitoramento da umidade de água (m3/m-3) no solo
foi por meio da sonda TDR (reflectrometria no domínio do tempo). Para
medição do potencial hídrico foliar ante-manhã, amostras de folhas de cada
tratamento foram destacadas e imediatamente analisadas em bomba de
pressão do tipo Scholander (m670, Pms Instrument Co., Albany, USA), às 4:00
a.m..
Para a extração de RNA, amostras de folhas e raízes foram destacadas
com uma lâmina de bisturi, envolvidas com papel alumínio e imediatamente
congeladas com nitrogênio líquido até serem armazenadas no freezer -80ºC.
Amostras de RNA total foram isoladas utilizando-se o Kit RNAqueous (Ambion,
Inc.), seguindo as instruções do fabricante. A qualidade e a integridade do RNA
extraído foram avaliadas por análise em gel de agarose a 1,5%. As amostras
foram tratadas com DNAse após o processo de extração, usando o Kit Turbo
DNA-free (Ambion, Inc.), seguindo as instruções do fabricante (1 μL de
DNAse). A ausência de contaminação com DNA genômico foi confirmada por
PCR negativo, empregando-se oligonucleotídeos específicos para amplificação
do gene da β-actina. A reação de transcrição reversa foi realizada usando o kit
RETROscript (Ambion Inc.), seguindo as instruções do fabricante.
Todos os procedimentos de qPCR, incluindo testes, validações e
experimentos, foram conduzidos no aparelho ABI 7500 (Applied Biosystems,
EUA), seguindo as instruções do fabricante. O gene da β-actina (ACT) foi
amplificado juntamente com o gene-alvo, como controle endógeno, para
normalizar a expressão entre as diferentes amostras.
Os oligonucleotídeos específicos utilizados para esse experimento
foram: CsDTIP-F (5‘-CGCAGTTGCAATTGGTGCTA–3)‘, CsDTIP-R (5‘-GATG
CCAGTGAGGATGGTGAT-3‘); ACT-F (5‘- TTAACCCCAAGGCCAACAGA-3‘);
ACT-R (5‘-TCCCTCATAGATTGGTACAGTATGGAC-3‘). As reações de qPCR
foram conduzidas em triplicata, em volume de reação de 20 μL, contendo 75-
100 ng de cDNA, 1 μL de primers (F+R) na concentração de 500 nM, 10 μL de
Maxima® SYBR Green/ROX qPCR Master Mix (2X) (Fermentas, EUA) e
aproximadamente 8 μL de água Milli-Q esterilizada por autoclavagem. As
20
condições de amplificação foram realizadas utilizando-se as seguintes etapas:
(1) ativação da Taq DNA polimerase a 50ºC por 2 min, (2) desnaturação inicial
a 95ºC por 10 min, (3) desnaturação a 94ºC por 15s, (4) anelamento a 60ºC por
30s e (5) extensão a 60ºC por 1 min. As etapas 3 a 5 foram repetidas por 45
ciclos.
Para quantificação da expressão gênica, foi utilizado o método
comparativo de Ct:ΔΔCt (LIVAK; SCHMITTGEN, 2001), com dados
provenientes de duas repetições biológicas. Reações controle desprovidas de
cDNA (NTC) também foram utilizadas em todos os experimentos. O programa
Dissociation Curve 1.0 (Applied Biosystems, EUA) foi usado para verificar que
somente um único produto de PCR foi gerado pela amplificação dos transcritos.
Foi realizada análise de variância dos dados de expressão, sendo as médias
comparadas pelo teste t em nível de 5% de probabilidade.
4.5 Clonagem molecular do gene CsDTIP e introdução em vetor de
transformação de plantas
O RNA total foi extraído de plantas de limoeiro ‗Cravo‘ submetidas à
situação de deficiência hídrica (NEVES, 2011) e utilizado em reações de PCR,
empregando-se os oligonucleotídeos CsDTIP -F (5‘-TCCCTATTCTCTAGCTCT
TTCTTGA–3)‘ e CsDTIP-R (5‘-CAAAGACTTTTTACAACCTCCAAAA-3‘),
especificamente desenhados para amplificar a sequência codante completa do
gene CsDTIP. O fragmento de cDNA amplificado foi clonado no vetor pGEM-T
(Promega, EUA), por meio do sistema de clonagem TA, e utilizado em
transformação de E. coli, estirpe TOP 10. A identidade do produto amplificado
foi confirmada pela técnica de PCR e por digestões com enzimas de restrição.
A sequência completa de cDNA do gene CsDTIP foi retirada do
plasmídeo pGEM-T, por meio de digestão com a enzima NotI, e sub-clonado no
mesmo sítio de restrição do plasmídeo pUC118/CaMV35S. Esse plasmídeo
contém as sequências promotora e terminadora do gene 35S do vírus do
mosaico da couve-flor (CaMV 35S). Clones contendo a sequência de cDNA em
orientação senso foram identificados por meio de digestão com as enzimas de
restrição NcoI e BamHI. O cassete foi posteriormente retirado do plasmídeo
21
pUC118/CaMV35S e inserido no vetor de transformação de plantas pCAMBIA
2301 (www.cambia.org.au), empregando-se a enzima PstI. O vetor pCAMBIA
2301 contém o gene repórter uidA (GUS) e o gene seletivo nptII (neomycin
phosphotransferase II), ambos sob o controle do promotor constitutivo
CaMV35S. Esses vetores foram introduzidos na cepa de Agrobacterium
tumefaciens EHA-105 e utilizados em experimentos de transformação genética
de tabaco e citros.
4.6 Transformação genética de citros e tabaco
Os experimentos de transformação genética de citros foram efetuados
conforme metodologia descrita por Cidade (2010). As sementes foram
desinfestadas e colocadas para germinação in vitro, no escuro. Após 30 dias,
os epicótilos foram cortados transversalmente em segmentos de 0,5-1,0 cm e
imersos em solução de Agrobacterium por 20 minutos (OD600= 1,0), e depois
transferidos para meio de co-cultivo. Após três dias de co-cultivo, os explantes
foram transferidos para meio seletivo de regeneração de brotos, contendo sais
e vitaminas de meio MS, 0,5 mg L-1 da citocinina 6-benzilaminopurina (BAP)
(1mg/mL), 100 mg L-1 de canamicina e 250 mg L-1 de cefotaxima. Explantes
com gemas adventícias foram transferidos para meio de alongamento de
brotos, contendo as mesmas concentrações dos antibióticos acima descritas.
Os experimentos de transformação genética de tabaco foram efetuados
conforme metodologia descrita por Brasileiro et al. (1998). Plântulas de N.
tabacum cv. Havana, de aproximadamente 3 meses de idade, multiplicadas à
partir da germinação in vitro de sementes, foram utilizadas como material para
excisão dos explantes. As folhas foram cortadas em quadrados de
aproximadamente 3-cm2 e colocadas em contato com suspensão bacteriana
(OD600= 0,5), por 15 minutos a temperatura ambiente sob leve agitação. Os
explantes foram posteriormente lavados com água destilada estéril, secos com
papel de filtro e mantidos durante 48 h (período de co-cultivo) em meio MS
(MURASHIGE; SKOOG, 1962) sólido, sem adição de antibióticos, no escuro.
Logo após, os explantes foram transferidos para placas contendo meio seletivo
de regeneração de brotos, com sais e vitaminas de MS, 100 mg L-1 de
22
canamicina e 250 mg L-1 de cefotaxima. Brotos de aproximadamente 1,0 cm de
tamanho foram excisados e transferidos para frascos tipo Magenta contendo
meio MS sólido visando o enraizamento. As plantas enraizadas e positivas para
os ensaios de GUS foram mantidas in vitro e aclimatadas em condições
controladas, visando à obtenção de sementes e posterior caracterização.
4.7 Caracterização das plantas transgênicas
4.7.1 Teste histoquímico da expressão do gene uidA (GUS)
Segmentos transversais da base dos brotos das plantas potencialmente
transformadas foram analisados histoquimicamente quanto à expressão do
gene uidA. Os segmentos (~ 1 mm de espessura) foram cortados e incubados
em solução com tampão de ensaio [NaH2PO4.H2O 100 mMol L-1
(pH 7,0),
K4Fe(CN)6.3H2O 0,5 mMol L-1, Na2EDTA.2H2O mMol L
-1, Triton X-100 0,1%
(v/v)] e X-GLUC (5-bromo-4-cloro-indolil-β-D-glucuronideo) à 37°C, no escuro
por 16 h (CARNEIRO et al., 1998). Visando facilitar a visualização da coloração
azul do tecido vegetal (indicando atividade da enzima β-glucoronidase), o
material foi lavado com etanol (70%) para a retirada da clorofila.
4.7.2 Extração de DNA genômico e análise da inserção do gene CsDTIP pela técnica de PCR
Foram coletadas folhas jovens dos explantes de plantas confirmadas
como GUS positivas e o DNA total foi extraído pelo método CTAB (DOYLE;
DOYLE, 1990) e analisado pela reação em cadeia da polimerase (PCR)
utilizando-se oligonucleotídeos específicos para a detecção das plantas
transformadas. As sequências dos oligonucleotídeos utilizados foram: uidA-F
(5‘– CACGAACTGAACTGGCAG–3‘) e uidA-R (5‘–CATCACCACGCTTGGGTG
–3‘); nptII-F (5′-ATGGGGATTGAACAAGATGGATTG-3′) nptII-R e (5′-
TCAGAAGAACTCGTCAAGAAGGC-3′); CsDTIP-F (5‘-TCCCTATTCTCTAGCT
CTTTCTTGA–3)‘ CsDTIP-R (5‘-CAAAGACTTTTTACAACCTCCAAAA-3‘). A
amplificação foi realizada empregando-se 0,5 μL de DNA (50-100 ng), 0,2 μL
23
de dNTPs (10 mMol L-1), 1,0 μL de MgCl2 (25 mMol L
-1), 2,0 μL de tampão
(10x), 1,0 μL (2,5 μM) dos oligonucleotídeos específicos e 0,2 μL Taq
Polimerase (5U μL-1), em volume de reação de 25 μL. As reações foram
amplificadas em termociclador TC-412 (Techne, Inglaterra), com uma
desnaturação inicial de 94ºC por 2 min, 35 ciclos de 94ºC por 1 min, 48ºC (nptII
e uidA) ou 58ºC (CsDTIP) por 1 min, 72ºC por 2 min e uma extensão final de
72ºC por 10 min. O PCR foi avaliado por eletroforese em gel de agarose (1,0%)
corado com brometo de etídeo (0,5 μg mL-1) e fotografado em luz UV.
4.7.3 Extração de RNA, síntese de cDNA e análise de expressão do gene CsDTIP nas plantas transgênicas de tabaco pela técnica de PCR em tempo real
Amostras de RNA total de folhas de tabaco foram isoladas utilizando o Kit
RNAqueous (Ambion, Inc.), seguindo as instruções do fabricante. Os demais
procedimentos de síntese de cDNA e de qPCR, incluindo a confecção das
reações, condições de amplificação e métodos de quantificação e comparação
dos sinais de expressão, foram efetuados conforme metodologia descrita no
item 4.4. Os dados foram submetidos à análise de variância, sendo as médias
comparadas pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.
4.7.4 Análise da perda do conteúdo de água
A perda do conteúdo de água foi analisada em plantas de tabaco não-
transformada (controle) e transgênicas (geração T0) pela diferença entre o peso
fresco inicial e final dos tecidos foliares em cada período avaliado. Para esta
finalidade, amostras uniformes de discos foliares foram extraídas da folha mais
jovem, totalmente expandida, de plantas adultas, com auxílio de um perfurador
de 1,0 cm de diâmetro, evitando-se a nervura central. Em seguida, os discos
foliares foram submetidos à desidratação em temperatura ambiente por 180
min, sendo as medições de peso fresco realizadas a cada 30 min. Cada
tratamento foi constituído por três repetições com cinco discos foliares por
repetição. Os dados foram submetidos à análise de regressão e análise de
24
variância, sendo as médias comparadas pelo Teste de Dunnett (na análise de
regressão a 1% e 5%) e Teste de Scott Knott (na análise dos dados no final do
experimento, em nível 5% de probabilidade).
4.7.5 Presença de H2O2
Para avaliar o estresse oxidativo em tecidos foliares submetidos a
desidratação, todos os discos foliares de tabaco analisados no tópico 4.7.4
foram submetidos ao ensaio de coloração histoquímica com DAB-HCl (3,3‘ –
diaminobenzidene), conforme metodologia proposta por THORDAL-
CHRISTENSEN et al. (1997). As amostras foram submetidas a infiltração a
vácuo com 1 mg mL-1 de DAB-HCl, por 4 h. Após esse período, os discos
foliares foram fervidos em etanol 96% por 4 h e posteriormente fotografados
em lupa para detecção da coloração marrom.
25
5 RESULTADOS
5.1 Identificação do gene CsDTIP em bancos de informações genômicas
de citros
Utilizando as sequências de aminoácidos codificadas por genes da
família MIP previamente identificados em Arabidopsis, buscas foram efetuadas
nas bases de informação genômica do HarvEST:Citrus, por meio de BLAST,
visando identificar as respectivas sequências ortólogas de citros. Dentre os
genes identificados, aquele correspondente ao unigene no. 39450 (Assembly
C52 do HarvEST:Citrus) foi observado estar presente em bibliotecas de ESTs
de raiz de Citrus limonia submetido à seca (GenBank: EY873983 e EY873211),
de folha de Citrus reticulata submetido à seca + reidratação (GenBank:
CX295844) e de raiz de Citrus reshni, submetido a estresse salino (GenBank:
DY306355 e DY306589). Por, provavelmente, possuir um papel na resposta e
tolerância a estresses hídrico e salino, o referido gene, identificado como
CsDTIP, foi selecionado para caracterização no presente estudo.
As análises da sequência de aminoácidos, deduzida a partir da
sequência de nucleotídeos de CsDTIP, permitiram obtenção de informações
importantes acerca da possível função da proteína. De acordo com as análises
de bioinformática, o gene CsDTIP codifica uma proteína de 247 aminoácidos
que possui homologia com membros da subfamília TIP (TIP2;1 ou DELTA-TIP
de Arabidopsis). CsDTIP possui seis hélices transmembranas, domínios N- e
C-terminal citoplasmáticos e diversas regiões conservadas características da
família MIP (Figura 2). De acordo com a análise da sequência de aminoácidos
em programa específico, há alguns sítios conservados que estão relacionados
a sua família, como, o sítio ativo característico da família MIP entre os
aminoácidos 80 e 88. Foram também identificados entre os aminoácidos 82 a
84 e 196 a 198 sítios de domínio transmembrana que formam pequenas
hélices hidrofóbicas e participam da seletividade de substrato (Figura 2). Outros
14 domínios foram identificados na proteína CsDTIP, todos relacionados a
algum sítio ativo, exceto o da sequência AEF (22 a 24), que foi caracterizada
como aminoácidos conservados, porém com função desconhecida (Figura 2).
26
Nove desses domínios são característicos da subfamília TIP, como sítios de N-
miristoilação (aminoácidos 15 a 20, 34 a 39, 73 a 78, 88 a 93, 110 a 115, 137 a
142, 151 a 156, 166 a 171, 223 a 228), um domínio de sítio de N-glicosilação
(75 a 78), um sítio de fosforilação da proteína quinase CAMP (164 a 167), um
sítio de fosforilação da proteína quinase C (16 a 18) e um sítio de fosforilação
da proteína Caseína Quinase II (159 a 162) (Figura 2).
Figura 2. Sequência aminoacídica da proteína deduzida a partir da sequência gênica CsDTIP. As regiões em destaque referem-se ao sítio relacionado à seletividade do substrato (NPA), sítio de N-glicosilação (NISG), sítio de fosforilação da proteína quinase CAMP (KKGS), sítio de fosforilação da proteína quinase C (SFK), sítio de fosforilação da proteína Caseína Quinase II (TAAD), sítios de N-miristoilação (GSFKAY, GVGSAI, GANISG, GLALGG, GSIVAS,, GAIEGV, GLVYTV, GSLGTI, GGGLAG), sítio conservado característico da família MIP (HVNPAVTFG) e um sítio de função desconhecida (AEF).
5.2 Alinhamento de múltiplas sequências e análise filogenética
A sequência da proteína CsDTIP de citros identificada no presente
estudo, juntamente com sequências homólogas de Arabidopsis descritas no
trabalho de Johanson et al. (2001), foram alinhadas para comparação e análise
filogenética (Figura 3). A análise filogenética indicou que a proteína CsDTIP de
citros identificada, de fato, pertence à subfamília TIP, com uma estabilidade
interna suportada por análise de ―bootstrap‖, sendo um ortólogo do gene
AtTIP2;1 de Arabidopsis. O resultado do alinhamento de todas as sequências
permitiu a identificação das regiões conservadas através do programa
PredictProtein (Figura 4).
27
Figura 3. Análise filogenética das proteínas da família MIP de Arabidopsis (At) e CsDTIP de citros. As sequências de aminoácidos foram alinhadas utilizando ClustalW e o método Neighbor-Joining. A árvore foi construída com um suporte de bootstrap de 1000 replicações. Abreviaturas para o nome das subfamílias são as seguintes: PIP (proteínas intrínsecas da membrana plasmática); TIP (proteínas intríseca do tonoplasto); NIP (proteínas intrínsecas Nodulin26); SIP (proteínas intrínsecas pequenas).
28
29
Figura 4. Alinhamento entre as sequências CsDTIP e aquelas da subfamília TIP descritas para Arabidopsis. Resíduos em vermelho são idênticos nas sequências analisadas. O alinhamento foi realizado pelo programa ClustalW.
5.3 Análise da expressão de CsDTIP em variedades porta-enxerto de
citros submetidas à deficiência hídrica
Variedades porta-enxerto de citros contrastantes para tolerância à seca
foram submetidas à deficiência hídrica visando investigar a expressão do gene
CsDTIP. É conhecido que o limoeiro ‗Cravo‘ é uma variedade que apresenta
tolerância à seca, enquanto a tangerineira ‗Sunki Maravilha‘ apresenta elevada
intolerância à seca. De acordo com os resultados obtidos, a expressão do gene
CsDTIP foi induzida sob condições de deficiência hídrica tanto em raiz como
em folha de ambas as variedades analisadas (Figura 5). Observa-se que as
plantas de tangerineira ‗Sunki Maravilha‘ apresentaram, sob deficiência hídrica,
maior expressão do gene CsDTIP na raiz quando comparados ao limoeiro
‗Cravo‘, com valores de expressão relativa de 8,15 e 3,17, respectivamente
(Figura 5). Já em folhas, a expressão do gene CsDTIP sob deficiência hídrica
foi maior em limoeiro ‗Cravo‘ (28,68 x) do que em tangerineira ‗Sunki Maravilha‘
(2,37 x) (Figura 5). Estatisticamente, o perfil das plantas do limoeiro ‗Cravo‘ e
tangerineira ‗Sunki Maravilha‘ sob deficiência hídrica apresentaram diferenças
30
significativas quando comparadas as plantas controle, tanto em raiz como em
folha (Figura 5)
Figura 5. Análise da expressão relativa do gene CsDTIP em plantas de limoeiro ‗Cravo‘ e tangerineira ‗Sunki Maravilha‘ sob condições controle (potencial hídrico foliar na ante-manhã de -0,25 MPa) ou de deficiência hídrica (potencial hídrico foliar na ante-manhã de -1,5 MPa). A: Expressão relativa em raiz. B: Expressão relativa em folha. A expressão do gene da β-actina foi usada como normalizador. Os dados representam a média de três réplicas experimentais. **Diferenças significativas pelo teste t em nível de 1% de probabilidade e * em nível de 5% de probabilidade.
31
5.4 Clonagem de CsDTIP e introdução em plantas de tabaco
A sequência completa de cDNA de CsDTIP foi clonada pela técnica de
RT-PCR, a partir de amostras de cDNA de raiz de limoeiro ‗Cravo‘ submetidas
à seca, subclonada no vetor de transformação de plantas pCAMBIA 2301, sob
o controle do promotor constitutivo CaMV35S, e inserida na cepa de A.
tumefaciens EHA-105, conforme metodologia descrita em Material e Métodos.
A construção gênica foi utilizada em experimentos de transformação genética
de tabaco, utilizando-se o método do co-cultivo de segmentos foliares. A
regeneração dos brotos potencialmente transformados ocorreu a partir de 20
dias após a incubação em sala de crescimento. Os brotos (~1 cm) regenerados
em meio seletivo foram selecionados aleatoriamente para os ensaios
histoquímicos de GUS, permitindo a obtenção de 17 linhagens GUS+,
representando eventos de transformação independentes (Figura 6).
Posteriormente a confirmação de GUS+, nove linhagens foram individualizadas
e transferidas para meio de enraizamento. O crescimento da parte aérea e
início da rizogênese se deu 20 dias após a transferência dos brotos para meio
de alongamento. Dessa forma, com a metodologia utilizada, foi possível a
obtenção de plantas completas em média de 60 dias após a incubação dos
explantes em solução de Agrobacterium. Todas as linhagens GUS+
apresentaram fenótipo normal e foram férteis.
32
Figura 6. Etapas na obtenção de plantas transgênicas de Nicotiana tabacum contendo o gene CsDTIP. A: explantes foliares transformados com A. tumefaciens: CsDTIP em meio de co-cultivo; B: indução de brotos em meio seletivo de regeneração; C: ensaio histoquímico para expressão do gene uidA em segmentos de brotos de N. tabacum; D: linhagem transgênica individualizada.
Após a aclimatação, as plantas (transformadas e controle) foram levadas
para a casa de vegetação, onde o florescimento ocorreu aproximadamente dois
meses após a transferência. As etapas referentes ao desenvolvimento,
florescimento e obtenção de sementes das plantas transgênicas estão
ilustradas na Figura 7.
33
Figura 7. Desenvolvimento, florescimento e obtenção de sementes das plantas transgênicas de tabaco contendo o gene CsDTIP em casa de vegetação. A: plantas em desenvolvimento. B e D: plantas em florescimento e C: cápsulas de sementes.
5.5 Caracterização molecular das plantas transgênicas de Nicotiana
tabacum
A natureza transgênica das plantas foi inicialmente determinada por
meio de reações de PCR, utilizando-se oligonucleotídeos específicos para
amplificação do gene nptII. No gel de agarose, uma banda de
aproximadamente 800 kb, correspondente ao tamanho esperado para o gene,
pode ser observada em todas as linhagens transgênicas de N. tabacum
analisadas (Figura 8).
34
Figura 8. Amplificação do fragmento do gene nptII em plantas transgênicas de Nicotiana tabacum por PCR. M: marcador de 1 kb ; C-: controle negativo - planta não transformada; C+: controle positivo - DNA plasmidial diluído (1:100) de pCAMBIA 2301; L1 à L21: linhagens transgênicas.
5.5.1 Análise da expressão de CsDTIP nas linhagens transgênicas de Nicotiana tabacum
A expressão do gene CsDTIP foi analisada nas linhagens transgênicas e
planta controle não-transformada de Nicotiana tabacum. De acordo com os
resultados obtidos, a expressão do gene CsDTIP pode ser observada em todas
as linhagens de N. tabacum. Contudo, na planta controle a expressão do
mesmo não foi observada. A maior expressão relativa foi observada na
linhagem L9, com uma expressão 758 vezes maior quando comparada à
linhagem L13, a linhagem de menor expressão do transgene (1 x). As
linhagens L10, L8 e L1 apresentaram uma expressão 576, 540 e 495 vezes
maior do que L13, respectivamente. As linhagens L4, L3, L12 e L21
apresentaram níveis de expressão de 4, 17, 158 e 171 vezes maior do que L13
(Figura 9). Estatisticamente, a maior expressão foi obtida para L9, seguido
pelas linhagens L1, L8 e L10 que não diferiram entre si, já as linhagens L3, L12
e L21 obtiveram níveis de expressão similares e mais baixos do que as
linhagens anteriores, não ocorrendo diferença entre si. A linhagem L4 foi igual
à linhagem calibradora L13.
35
Figura 9. Análise da expressão relativa do gene CsDTIP em diferentes linhagens transgênicas de Nicotiana tabacum por qPCR. A expressão do gene da β-actina foi usada como normalizador. Os dados representam a média ± SE (erro padrão) de três réplicas experimentais. L1, L3, L4, L8, L9, L10, L12, L13, L21: Linhagens transgênicas. As médias seguidas por letras diferentes apresentam diferenças significativas pelo Teste de Scott Knott (P ≤ 0,05).
5.6 Transformação genética de variedades porta-enxerto de citros com o
gene CsDTIP
Experimentos de transformação genética via Agrobacterium tumefaciens
com os porta-enxertos tangerineira ‗Cleópatra‘ e citrumeleiro ‗Swingle‘ foram
realizados visando a introdução do gene CsDTIP sob expressão constitutiva.
Foram realizados seis e quatro experimentos distintos de transformação para
tangerineira ‗Cleópatra‘ e citrumeleiro ‗Swingle‘, respectivamente (Tabela 2).
Um total de mais de 500 segmentos de epicótilos foram inoculados em solução
de Agrobacterium, proporcionando um total de 237 brotos regenerados. Desse
total, 11 brotos foram confirmados como GUS positivos, gerando uma eficiência
média de transformação de 4,89% (Tabela 2). Avaliando a porcentagem de
brotos transformados por variedade, as melhores eficiências de transformação
foram obtidas para citrumeleiro ‗Swingle‘ (6,79%). Já tangerineira ‘Cleópatra‘
rendeu uma eficiência média de transformação de 2,98%.
36
Os brotos positivos para o teste GUS foram enraizados com sucesso e
mantidos in vitro para análises posteriores. Todas as plantas apresentaram
fenótipo normal (Figura 10).
Tabela 2. Experimentos de transformação genética mediada por Agrobacterium tumefaciens em segmentos de epicótilos de tangerineira ‗Cleópatra‘ e citrumelo ‗Swingle‘ com o gene CsDTIP.
a: A eficiência de transformação foi calculada como: nº de brotos GUS positivos/ nº de explantes inoculados x 100.
Figura 10. Esquema de obtenção de plantas transgênicas de citros contendo o gene CsDTIP. A:epicótilo em meio seletivo; B: brotos em meio seletivo; C: ensaio histoquímico para expressão do gene uidA em segmentos basais; D: plantas transformadas de citros (citrumeleiro ‗Swingle‘) confirmadas com o gene CsDTIP.
Variedade
No de
segmentos
cultivados
Nº de
brotos
regenerados
No de
brotos
GUS+
Eficiência de
transformação
(%)a
Tangerina
‗Cleópatra‘
314 134 4 2,98
Citrumelo
‗Swingle‘
217 103 7 6,79
TOTAL 531 237 11 4,89
37
5.7 Análise da tolerância a estresse por desidratação em linhagens
transgênicas de tabaco
Para investigar se a superexpressão de CsDTIP correlaciona-se com a
tolerância ao estresse por desidratação, plantas controle e linhagens
transgênicas de tabaco foram submetidas ao estresse de desidratação por
curto prazo. Discos foliares das plantas de tabaco com três meses de idades
foram desidratados em temperatura ambiente por 180 min. De um modo geral,
observou-se que as linhagens transgênicas perderam significativamente menos
água em comparação à planta controle (Figura 11). Com excessão de L8, que
apresentou taxa de desidratação significativamente menor do que a planta
controle já a partir de 30 min, pôde-se observar uma redução significativa da
perda de água nas plantas transgênicas em relação à planta controle a partir
de 120 min. L8 foi a linhagem que apresentou a menor taxa de desidratação
(24,03%±0,19), seguida por L12, que apresentou uma taxa de desidratação de
26,72%±0,41, e L4 (28,81%±0,070) e L9 (28,01%±0,33), que não diferiram
estatisticamente entre si (Tabela 3).
Ao final dos 180 min, todas as linhagens transgênicas apresentaram taxas
de desidratação significativamente inferiores comparadas com a planta controle
(Tabela 3 e Figura 11). Entretanto, comparando-se os resultados obtidos com
os níveis de expressão de CsDTIP nas plantas transgênicas de tabaco (Figura
9), verifica-se que as linhagens com extremos superior (L9) ou inferior (L4) de
expressão foram menos tolerantes à desidratação do que as linhagens com
expressão intermediária (L8 e L12).
Tabela 3. Diferença média na taxa de desidratação das linhagens transgênicas e da planta controle, entre os tempos de 0 a 180min.
Linhagens Taxa de desidratação (%)
L4 28,81±0,070c
L8 24,03±0,187a
L9 28,01±0,332c
L12 26,72±0,408b
controle 39,95±0,550d
As médias ± erro padrão seguidas por letras diferentes apresentam diferenças significativas pelo Teste de Scott Knott (P ≤ 0,05).
38
Figura 11. Taxa de desidratação de discos foliares da planta controle não-transformada e linhagens transgênicas (L4, L8, L9 e L12) sob estresse durante 180 min em temperatura ambiente. Medição por redução de peso fresco a cada 30 min. * (P <0,05) e ** (P <0,01) indicam que a taxa de perda de água nas linhagens transgênicas é significativamente menor do que o controle no mesmo ponto de tempo pelo Teste de Dunnett.
5.8 Acúmulo de H2O2
A fim de investigar se a maior tolerância à desidratação das plantas
transgênicas está correlacionada com menores níveis de estresse oxidativo, a
produção de H2O2 foi analisada em discos foliares de tabaco após 180 min de
desidratação, por meio da técnica de DAB-HCl (Figura 12). Na planta controle
não-transformada, a desidratação causou um visível escurecimento
ocasionado pelo acúmulo de H2O2 (Figura 12A), que foi de menor intensidade
em plantas controle não-desidratadas (Figura 12B) e de maior intensidade nas
plantas controle tratadas com H2O2 (Figura 12C). Por outro lado, não se
observou escurecimento dos tecidos em plantas controle tratadas com água
em vez de DAB (Figura 12D). A intensidade de coloração dos discos foliares
das plantas transgênicas foi menor e claramente distinta daquelas das plantas
controle desidratadas (Figuras 12E-H), indicando que as plantas transgênicas
acumularam menos ROS sob condições de estresse por desidratação.
39
Figura 12. Produção de peróxido de hidrogênio em tecido foliar de N. tabacum inoculado com HCL-DAB (1 mg mL-1). Discos foliares foram submetidos ao estresse por desidratação durante 180 min e a produção de H2O2 foi visualizada através da coloração com DAB. A: planta não-transformada submetida à desidratação; B: planta não-transformada túrgida; C: planta não-transformada submetida a desidratação e infiltrada a vácuo com 10 mM de peróxido de hidrogênio por 30 min; D: planta não transformada fresca infiltrada com água; E-H: linhagens transgênicas 4, 8, 9 e 12, respectivamente, submetidas à desidratação.
40
6 DISCUSSÃO
No presente estudo, um membro da família MIP de citros, CsDTIP, foi
identificado em bibliotecas de raízes e folhas de plantas submetidas a estresse
hídrico ou salino e selecionado para caracterização. A comparação entre as
sequências de aminoácidos de CsDTIP e membros da subfamília TIP de
Arabidopsis demonstrou a presença de regiões conservadas, como NPA, que
está relacionada com a seletividade de substrato através dos poros (PARK;
SAIER, 1996; MATHAI; AGRE, 1999). A seletividade de substrato é feita
através de mecanismos de exclusão por polaridade de carga e pelo tamanho
da molécula (FUJIYOSHI et al., 2002; HUB et al., 2008). Através da formação
de pontes de hidrogênio entre as moléculas de água e os resíduos de
asparagina do NPA, as aquaporinas bloqueiam o transporte de prótons,
impossibilitando a formação de pontes de hidrogênio entre as moléculas de
água dentro do canal (MURATA et al., 2000; TAJKHORSHID et al., 2002).
Ainda há MIPs, em células humanas e em vegetais, que também contêm uma
região altamente conservada, Ala-Glu-Phe (AEF) (PRESTON; AGRE, 1991) de
função incerta (ZARDOYA; VILLALBA, 2001). Alguns autores propuseram que
aquaporinas podem funcionar como osmosensores, mas os mecanismos
moleculares envolvidos permanecem ainda desconhecidos (HILL et al., 2004;
MACROBBIE, 2006). Assim, MIPs vegetais são importantes não só para
relações planta-água, mas também para os aspectos fisiológicos, como
resposta a estresses abióticos, bióticos e de sinalização, germinação de
sementes, transporte de nutrientes nas folhas e ajuste na toxicidade de
metalóide (MAUREL et al., 2008).
A análise filogenética demonstrou que CsDTIP pertence à subfamília
TIP, de acordo com a classificação proposta por Johanson et al. (2001), sendo
um ortólogo do gene AtTIP2;1 de Arabidopsis thaliana. Utilizando a técnica de
fusão com GFP e expressão em protoplastos de Arabidopsis, o produto do
gene AtTIP2;1 foi localizado principalmente em tonoplastos de vacúolos líticos
e de armazenamento de proteínas (DANIELS et al., 1996; LIU et al., 2003;
SAITO et al., 2002). Trabalhos iniciais também sugerem que o gene AtTIP2,1
está envolvido com transporte de água (DANIELS et al., 1996) e de ureia (LIU
41
et al., 2003). A ureia é a principal forma de nitrogênio fornecido em fertilizantes
na agricultura, e é retomado por transportadores de ureia localizados na
membrana plasmática de raízes (LIU et al., 2003). O gene AtTIP2;1 pode
transportar ureia por um mecanismo de transporte semelhante ao da água (LIU
et al., 2003). Genes da subfamília TIP, tais como AtTIP2;1 e AtTIP2,3, foram
identificados como funcionais na acumulação de NH3 em situação de déficit de
nitrogênio (LOQUÉ, 2005; GERBEAU et al., 1999, GASPAR et al., 2003; LIU et
al., 2003). Quando aplicado às raízes, a ureia acumula preferencialmente na
parte aérea (GERENDÁS et al., 1998), e quando aplicada em folhas, o
transporte ocorre de acordo com as taxas de transpiração (PALTA et al., 1991).
Assim, provavelmente o transporte de ureia segue o fluxo de massa de água
durante a transpiração, através de uma via comum de transporte para os dois
substratos. Neste caso, MIPs localizadas na membrana plasmática poderiam
facilmente explicar a ligação entre água e a fisiologia de absorção de ureia
pelas raízes, enquanto que MIPs localizadas no tonoplasto podem controlar a
carga e descarga de ureia no vacúolo, possivelmente visando o
armazenamento ou desintoxicação de ureia excessiva (LIU et al., 2003;
MARTINOIA et al., 2007).
A assimilação do nitrogênio é um processo vital que controla o
crescimento e o desenvolvimento das plantas e tem efeitos marcantes sobre a
fitomassa e a produtividade final das culturas. Como parte do metabolismo
global das plantas, o metabolismo do nitrogênio é afetado pela deficiência
hídrica (SHANER; BOYER, 1976). O gene BnTIP2, homólogo dos genes da
subfamília TIP, isolados de sementes de canola (Brassica napus L.), foi
relacionado a etapas distintas do processo germinativo, sendo que sua
expressão foi correlacionada ao alongamento celular associado à protrusão da
radícula (GAO et al., 1999). A expressão de genes de aquaporina associada à
função de transporte de nutrientes também foi demonstrada durante o
desenvolvimento de sementes de uma gimnosperma (Picea abies (L.) H.
Karst.) (HAKMAN; OLIVIUSSON, 2002). Tomado em conjunto, estes estudos
suportam a conclusão de que AtTIP2;1 é capaz de transportar NH3 em adição à
água (LOQUÉ, 2005; LIU et al., 2003).
Sade et al. (2009) demonstraram que a expressão constitutiva de outra
DELTA-TIP, TIP2;2, foi capaz de promover a modulação da transpiração em
42
plantas de tomate mantendo as funções fisiológicas, crescimento e
produtividade em níveis normais mesmo em condição de estresse hídrico e
salino. AtTIPs são reguladas em nível de transcrição por diferentes estímulos
ambientais e, em particular, por alterações no potencial osmótico
(KJELLBOMET et al., 1999; TYERMAN et al., 2002). Genes de aquaporinas,
homólogos de TIP2s de Arabidopsis, expressos em folhas de girassol
(Helianthus annuus), foram identificados em células-guarda dos estômatos,
denominados SunTIP7 e SunTIP20. Foi demonstrado que a variação no nível
de transcritos de SunTIP7 acompanhou as alterações de condutância
estomática (gs) ao longo do dia e aumentou em plantas submetidas à
deficiência hídrica, sugerindo o papel desta aquaporina na modulação da
abertura e fechamento estomático, contribuindo assim para efluxo de água a
partir da célula guarda (SARDA et al., 1997).
A técnica de PCR em tempo-real foi utilizada para investigar o perfil de
expressão do gene CsDTIP em tecido foliar e de raiz de plantas de limoeiro
‗Cravo‘ e tangerineira ‗Sunki Maravilha‘, em situação controle e de deficiência
hídrica. Os resultados revelaram uma indução do gene nos dois órgãos, assim
como relatado para AtTIP2;1 em Arabidopsis (HUNTER et al., 2007;
GATTOLIN et al., 2009). Robinson et al. (1996), avaliando os níveis de
expressão de genes homólogos de MIPs em plantas de Arabidopsis,
constataram que os primeiros sinais de expressão ocorrem nas folhas das
plantas submetidas a algum tipo de estresse. No presente estudo, observou-se
que plantas de tangerineira ‗Sunki Maravilha‘ apresentaram maior expressão
do gene na raiz, quando comparado ao limoeiro ‗Cravo‘. Em folhas, a
expressão do gene sob deficiência hídrica foi maior em limoeiro ‗Cravo‘. Neves
(2011) constatou, através da análise de área foliar de plantas de limoeiro
‗Cravo‘ e tangerineira ‗Sunki Maravilha‘ submetidas a condições de deficiência
hídrica (potencial hídrico foliar de -1,5 MPa) e controle (potencial hídrico foliar
de -0,25 MPa), que as plantas de limoeiro ‗Cravo‘ apresentaram crescimento
em ambos os tratamentos, enquanto as plantas de tangerineira ‗Sunki
Maravilha‘ não apresentaram crescimento sob deficiência hídrica. A correlação
entre os níveis de expressão de CsDTIP e crescimento da parte aérea em
limoeiro ‗Cravo‘ sob condições de deficiência hídrica sugere que o gene possui
43
um papel importante na adaptação das plantas à seca, provavelmente por estar
envolvido no processo de transporte de água e/ou nitrogênio.
A inserção e a expressão do gene CsDTIP foi confirmada nas plantas
transgênicas de N. tabacum via teste histoquímico de GUS, análise de PCR e
pela técnica de RT-PCR. Diferenças nos níveis de expressão de CsDTIP foram
observadas entre as diferentes linhagens transgênicas avaliadas.
Possivelmente esse resultado ocorreu devido aos efeitos de posição ou
integração de diferentes números de cópias do T-DNA nas linhagens
transgênicas. A inserção do gene CsDTIP foi confirmada nas plantas
transgênicas de tangerineira ‗Cleópatra‘ e citrumeleiro ‗Swingle‘ via teste
histoquímico de GUS. O número de escapes foi elevado para transformação de
citros, sendo tangerineira ‗Cleópatra‘ mais sensível ao antibiótico canamicina e
apresentando menor número de brotos transformados quando comparado ao
citrumeleiro ‗Swingle‘. O elevado número de escapes tem sido relatado como
um problema em transformação genética de citros (MOORE et al., 1992; PEÑA
et al., 1995; GUTIÉRREZ et al., 1997; ALMEIDA et al., 2003; SCHINOR et al.,
2006; SILVA et al., 2009; MENDES et al., 2009). A frequência de escapes
elevada pode ser atribuída à proteção que as células transformadas fazem às
células não-transformadas que as circundam contra a ação de agentes
seletivos (DOMINGUES et al., 2004). A persistência da Agrobacterium nos
explantes por um longo período após o co-cultivo pode favorecer a formação
de brotos falsos positivos ou quiméricos (COSTA et al., 2002). Além desses
fatores, o número de escapes e a eficiência da transformação genética estão
associados com a ação dos agentes seletivos (MENG et al., 2007).
Resposta a estresses abióticos exigem a ação coordenada de diversos
genes, incluindo os da família MIP. O ensaio de tolerância a desidratação
demonstrou que as quatro linhagens transgênicas avaliadas conservaram mais
água nas células em comparação à planta controle. Entretanto, as linhagens de
expressão gênica intermediária (L8 e L12) foram mais resistentes à
desidratação do que as linhagens com extremos de expressão gênica (L9 e
L4), sugerindo que expressões muito acentuadas de CsDTIP podem
desencadear algum tipo de regulação pós-transcricional que culmina em
fenótipos similares aqueles conferidos pela baixa expressão do transgene.
Diversos trabalhos correlacionam a influência da expressão de aquaporinas ao
44
estresse hídrico (BAIGES et al., 2002; MARTRE et al., 2002; MAUREL et al.,
2008; ZHANG et al., 2007), seja na indução ou na repressão. Na indução, os
genes dessa família estão relacionados com o aumento da permeabilidade da
membrana ao transporte da água em condições de deficiência hídrica
(YAMADA et al., 1997). Na repressão, estes genes podem conservar a água da
célula durante períodos de estresse hídrico (LI et al., 2000; SMART et al.,
2001). Assim, observa-se que no presente trabalho a expressão do gene
CsDTIP auxiliou na conservação da água nas células da planta, em todas as
linhagens transgênicas avaliadas. Trabalhando com genes da mesma
subfamília de CsDTIP, Willigen et al. (2004) observaram que durante o
processo de desidratação as plantas de Eragrostis nindensis Ficalho & Hiem
sofreram diversas modificações anatômicas, bioquímicas e funcionais,
associados ao aumento da expressão de TIP3;1 nos vacúolos dos tecidos
desidratados. Ainda analisando pesquisas que correlacionam membros da
subfamília TIP com a tolerância à seca, Peng et al. (2007) superexpressaram
uma aquaporina (TIP1) em Arabidopsis e observaram um aumento significativo
no crescimento da planta quando submetida ao estresse hídrico. Assim, esses
trabalhos revelam que genes ortólogos de CsDTIP possuem um papel no
crescimento e na tolerância à deficiência hídrica.
As linhagens transgênicas também foram avaliadas quanto ao acúmulo de
H2O2 sob condições de desidratação. As plantas devem manter ROS em
baixos níveis a fim de minimizar os danos e a consequente morte celular
causada pelo estresse oxidativo (HARB et al., 2010; FOYER; SHIGEOKA,
2011). O acúmulo de ROS depende principalmente de um balanço entre a sua
produção e simultânea extinção por antioxidantes não-enzimáticos (ex., ácido
ascórbico, GSH e prolina) e enzimas extintoras de espécies reativas de
oxigênio (SOD, POD, PPO e CAT) (BUCHANAN; BALMER, 2005). O DAB tem
sido comumente utilizado para detectar a presença de peróxido de hidrogênio,
que é considerado a primeira resposta de plantas a estresses abióticos, sendo
possível visualizar coloração diferenciada na presença deste composto (KIM et
al., 2008; SCANDALIOS, 2005). No presente estudo, plantas de N. tabacum
transformadas com o gene CsDTIP acumularam menos H2O2 do que as plantas
controle sob condições de desidratação, sugerindo que CsDTIP contribui para
45
a detoxificação de H2O2 provavelmente por facilitar a sua difusão para o
vacúolo, que possui um eficiente sistema antioxidante (BIENERT et al., 2006).
46
7 CONCLUSÕES
CsDTIP é um ortólogo de AtTIP2;1 de Arabidopsis;
A indução da expressão de CsDTIP em folhas e raízes de plantas
cítricas submetidas à deficiência hídrica, bem como a maior tolerância à
desidratação das plantas transgênicas de tabaco, confirmam a função
do gene em mecanismos de tolerância à seca;
As plantas transgênicas foram mais tolerantes ao estresse por
desidratação devido ao baixo acúmulo de ROS, o que sugere uma
atuação da CsDTIP na translocação de H2O2 para o vacúolo
contribuindo para a sua detoxicação;
O gene CsDTIP pode ser empregado em trabalhos de transformação
genética de variedades porta-enxerto de citros, visando a obtenção de
plantas mais tolerantes à seca.
47
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