ANLISE DE ESTABILIDADE DE DUTOS RGIDOS SUBMARINOS SUJEITOS
AO DE ONDAS E CORRENTES MARINHAS
Juliana Oliveira Queiroz
Projeto de Graduao apresentado ao Curso de
Engenharia Civil da Escola Politcnica, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessrios obteno do ttulo de Engenheiro.
Orientador: Gilberto Bruno Ellwanger
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2011
ANLISE DE ESTABILIDADE EM DUTOS RGIDOS SUBMARINOS
SUJEITOS AO DE ONDAS E CORRENTES MARINHAS
Juliana Oliveira Queiroz
PROJETO DE GRADUAO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO
DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Gilberto Bruno Ellwanger, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Jos Antonio Fontes Santiago, D.Sc.
________________________________________________
Jos Renato Mendes de Sousa, Pesquisador.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
FEVEREIRO de 2011
iii
Queiroz, Juliana Oliveira
Anlise de Estabilidade em Dutos Rgidos Submarinos
Sujeitos Ao de Ondas e Correntes Marinhas/ Juliana
Oliveira Queiroz. Rio de Janeiro: UFRJ/Escola
Politcnica, 2011.
X, 61 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Gilberto Bruno Ellwanger
Projeto de Graduao UFRJ/ Escola Politcnica/
Curso de Engenharia Civil, 2011.
Referencias Bibliogrficas: p.61.
1. Dutos Submarinos. 2. Estruturas Offshore. 3.
Estabilidade Hidrodinmica. I. Ellwanger, Gilberto Bruno.
II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola
Politcnica, Curso de Engenharia Civil. III. Ttulo.
iv
Dedico este trabalho aos meus
pais, sem os quais eu nada seria.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeo minha famlia que sempre me apoiou em todas as decises e que me
permitiu o bem mais precioso que nada poder me tirar, o conhecimento.
minha me, Ana, pelo amor incondicional, pacincia, carinho, ateno e
dedicao.
Ao meu pai, Fernando, pessoa de quem tenho muito orgulho e em quem me espelho.
Pelo amor e pelos valores transmitidos.
minha irm, Viviana, por estar sempre ao meu lado.
minha madrinha e tia, Alda, pelo amor ofertado, amizade, carinho e
companheirismo.
Ao meu namorado, Renato, pelo amor, carinho, compreenso, pacincia e por estar
ao meu lado ao longo dos cinco anos de faculdade, me dando todo o apoio e incentivo que eu
precisei.
Aos meus amigos, que nunca me faltaram com apoio.
Aos amigos da SUPORTE, em especial equipe de dutos que me recebeu com muito
carinho e aos Engos
Nelson Szilard, Elton Charles e Elson Nascimento por terem me dado a
oportunidade de estagiar na SUPORTE.
Ao professor Gilberto Ellwanger, pelo voto de confiana depositado, pela orientao
neste projeto, pelos ensinamentos e pacincia.
Aos membros da banca, professor Jos Antnio Santiago e Engo Jos Renato de
Sousa, pela disposio em avaliar o trabalho.
Aos meus colegas de turma da faculdade, que tornaram a caminhada menos rdua
durante esses anos.
Aos meus amigos de trabalho, Felipe e Victor Bandeira, pelo aprendizado, pelo
tempo despendido, pela pacincia, pela amizade e por terem me ensinado muito que hoje sei a
respeito de dutos submarinos.
Ao Engo Andr Massa, pelas dicas e pelo incentivo durante a elaborao do trabalho.
Agradeo a cada um que, de alguma forma, contribuiu para a minha formao ao
longo do meu caminho at aqui, mas agradeo em especial s pessoas que contriburam mais
diretamente para a concluso deste trabalho.
Por fim, agradeo a Deus por iluminar minha trajetria, colocar cada uma dessas
pessoas em meu caminho e permitir a realizao de mais uma importante etapa da minha vida.
vi
Projeto de Graduao apresentado Escola Politcnica/ UFRJ como parte dos requisitos
necessrios para a obteno do grau de Engenheiro Civil.
Anlise de Estabilidade em Duros Rgidos Submarinos Sujeitos Ao de Ondas e Correntes
Marinhas
Juliana Oliveira Queiroz
Fevereiro/2011
Orientador: Gilberto Bruno Ellwanger
Curso: Engenharia Civil
Este projeto apresenta os conceitos e formulaes fundamentais para a realizao de
uma anlise de estabilidade de dutos submarinos sujeitos ao de ondas e correntes
marinhas e tem por objetivo calcular a espessura de revestimento de concreto necessria para
manter um oleoduto com dimetro de 20 pol (51 cm) na rota pr-definida.
No projeto, foram consideradas as condies de instalao, operao e teste
hidrosttico com combinaes de ondas e correntes de diferentes perodos de recorrncia.
A anlise de estabilidade do duto foi executada de acordo com as recomendaes da
norma DNV-RP-F109[4], atravs da utilizao de planilha Mathcad. Tambm foi realizado
um estudo de sensibilidade para avaliar o efeito da variao de alguns dos principais
parmetros envolvidos no clculo da estabilidade de fundo do duto.
Palavras-chave: Dutos Submarinos, Estruturas Offshore, Estabilidade Hidrodinmica.
vii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Engineer.
STABILITY ANALYSIS IN SUBMARINE PIPELINES SUBJECT TO THE ACTION OF
WAVES AND MARINE CURRENTS.
Juliana Oliveira Queiroz
February /2011
Advisor: Gilberto Bruno Ellwanger
Course: Civil Engineering
This project presents the fundamental concepts and formulations for performing a
stability analysis of submarine pipelines subjected to the action of waves and ocean currents
and aims to calculate the coating thickness of concrete required to maintain a pipeline with a
diameter of 20 inches (51 cm) within the desired route.
In this project, pipeline on-bottom stability has been assessed for installation,
hydrotest and operation conditions with combinations of waves and currents of different
periods of recurrence.
The stability analysis of the pipe was performed in accordance with the
recommendations present in international code, DNV-RP-F109 [4], by using Mathcad
worksheet. Furthermore, it was performed a sensitivity study to evaluate the variation effect
of the main parameters involved in the calculation of pipeline on-bottom hydrodynamic
stability.
Keywords: Submarine Pipelines, Offshore Structure, Hydrodynamic Stability.
viii
NDICE
1. INTRODUO ................................................................................................................................ 1
1.1 CONTEXTO ................................................................................................................................1
1.2 MOTIVAO .............................................................................................................................2
1.3 OBJETIVO E ESCOPO.................................................................................................................2
1.4 ORGANIZAO DO TEXTO .......................................................................................................3
2. DUTOS RGIDOS SUBMARINOS .....................................................................................................4
2.1 INTRODUO ............................................................................................................................4
2.2 CLASSIFICAO DOS DUTOS ....................................................................................................5
2.3 COMPOSIO DOS DUTOS ........................................................................................................8
2.4 ETAPAS DO PROJETO DE DIMENSIONAMENTO ........................................................................9
3. ANLISE DE ESTABILIDADE .......................................................................................................19
3.1 FORAS ATUANTES NO DUTO ................................................................................................19
3.2 CORRENTES.............................................................................................................................22
3.3 ONDAS .....................................................................................................................................24
4. CRITRIO DE ACEITAO DA DNV ...........................................................................................28
4.1 MTODOS DE ESTABILIDADE LATERAL DE DUTOS ..............................................................28
4.2 CRITRIO DE ESTABILIDADE VERTICAL ................................................................................30
4.3 INTERAO SOLO-DUTO ........................................................................................................31
4.4 CLCULO DAS FORAS HIDRODINMICAS ...........................................................................36
5. ESTUDO DO CASO .........................................................................................................................40
5.1 GERAL .....................................................................................................................................40
5.2 PROFUNDIDADE D GUA MXIMA ......................................................................................41
5.3 CARACTERSTICAS DO DUTO .................................................................................................41
5.4 DADOS METEOCENOGRFICOS ..............................................................................................42
5.5 DADOS DE SOLO .....................................................................................................................44
5.6 DADOS DE ENTRADA DA ANLISE .........................................................................................45
6. RESULTADOS ................................................................................................................................46
7. CONCLUSES E SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS .....................................................59
7.1 CONCLUSES ..........................................................................................................................59
7.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................................................60
8. REFERNCIAS BLIBIOGRFICAS ............................................................................................ 61
ix
NDICE DE FIGURAS
Figura 1.1 - Estruturas utilizadas para a explotao de petrleo [1]........................................................................1
Figura 1.2 - Meta da Petrobrs para a produo de leo e gs natural [2]...............................................................1
Figura 2.1 - Sistema de dutos submarinos [6]..........................................................................................................4
Figura 2.2 - Exemplo de duto flexvel [7]................................................................................................................5
Figura 2.3 - Exemplo de duto rgido em processo de construo [7]......................................................................6
Figura 2.4 - Flowlines conectados ao PLEM [13]...................................................................................................6
Figura 2.5 - Dutos de Exportao [8]......................................................................................................................7
Figura 2.6 - Dutos de importao/injeo [3]..........................................................................................................7
Figura 2.7 - Seo transversal do duto [6]...............................................................................................................8
Figura 2.8 - Exemplo do traado em planta da rota de um duto [9]........................................................................9
Figura 2.9 - Foras atuantes m uma seo de duto [10].........................................................................................10
Figura 2.10 - Vo livre ao longo da rota do duto submarino [14]..........................................................................11
Figura 2.11 - Exemplos tpicos de vo livre [10]..................................................................................... ..............11
Figura 2.12 - Escavao de trincheira em solos arenosos e argilosos respectivamente [10].................................12
Figura 2.13 - Blocos de cimento para correo de vo livre [10]..........................................................................12
Figura 2.14 - Exemplos de anodos de sacrifcio para proteo catdica [7]..........................................................13
Figura 2.15 - Configurao do duto no mtodo S-Lay [3].....................................................................................15
Figura 2.16 - Foto da Balsa Solitaire [13]....................... ......................................................................................15
Figura 2.17 - Configurao do duto no mtodo J-Lay [3].....................................................................................16
Figura 2.18 - Foto da balsa J-Lay Balder [13]......................................................................................... ..............17
Figura 2.19 - Configurao do duto no mtodo Reel-Lay [3]...............................................................................18
Figura 2.20 - Foto da embarcao Deep Blue [13]....................................................................................... .........18
Figura 3.1 - Foras atuantes em dutos submarinos [10]........................................................................................19
Figura 3.2 - Cargas ambientais atuantes em um duto submarino [11]...................................................................21
Figura 3.3 - Perfil de velocidade de corrente tpico [15].......................................................................................22
Figura 3.4 - Esquema da aplicao da corrente no duto [7]...................................................................................23
Figura 3.5 - Modelo de iterao kh de equao transcendental [16]......................................................................25
Figura 3.6 - Fator de reduo devido ao espraiamento e directionaly da onda [4]................................................27
Figura 4.1 - Parmetros da penetrao [4].............................................................................................................34
Figura 4.2 - Fator de Reduo devido penetrao [4].........................................................................................34
Figura 4.3 - Definio dos Parmetros do Entrincheiramento [4].........................................................................35
Figura 4.4 - Fator de Reduo devido ao Entrincheiramento [4]..........................................................................35
Figura 4.5 - Grfico relativo ao coeficiente de pico de carga horizontal [4].........................................................38
Figura 4.6 - Grfico relativo ao coeficiente de pico de carga vertical [4].............................................................39
Figura 5.1 - Diretriz do duto de 20pol na Bacia de Campos [12]..........................................................................40
Figura 6.1 - Grfico de correlao Fator de Segurana x Peso submerso.............................................................48
Figura 6.2 - Grfico de correlao Peso submerso mnimo x Velocidade de corrente.........................................50
Figura 6.3 - Grfico de correlao Peso submerso mnimo x Profundidade dgua.............................................52
Figura 6.4 - Grfico de correlao Peso submerso mnimo x Altura da onda......................................................54
Figura 6.5 - Grfico de correlao Peso submerso mnimo x Perodo da onda....................................................56
Figura 6.6 - Grfico de correlao Peso submerso mnimo x Fator de atrito do solo...........................................57
x
NDICE DE TABELAS
Tabela 3.1 - Rugosidade do solo do leito marinho [4]...........................................................................................23
Tabela 3.2 - Fatores de reduo de Fora.................................................................................................. ............29
Tabela 4.1 - Fator de Segurana: Tempestade de Inverno no Mar do Norte [4]...................................................37
Tabela 4.2 - Fator de Segurana: Tempestade de Inverno no Golfo do Mxico e no Mar do Sul [4]..................37
Tabela 4.3 - Coeficiente de pico de carga horizontal [4].......................................................................................37
Tabela 4.4 - Coeficiente de pico de carga vertical [4]...........................................................................................38
Tabela 5.1 - Caractersticas dos dutos....................................................................................................................41
Tabela 5.2 - Carregamentos ambientais de Onda e Corrente.................................................................................42
Tabela 5.3 - Valores de Intensidade da Corrente (m/s) por Perodo de Retorno...................................................42
Tabela 5.4 - Valores Mdios de Corrente para todo perfil na Bacia de Campos...................................................43
Tabela 5.5 - Relao entre Alturas de Onda com o Perodo de Retorno................................................................43
Tabela 5.6 - Perodos relacionados Altura de Onda............................................................................................44
Tabela 5.7 - Parmetros para instalao com tempo de recorrncia de 1 ano........................................................45
Tabela 6.1 - Estabilidade do duto para coeficiente de atrito lateral (=0,6)..........................................................46
Tabela 6.2 - Anlise de sensibilidade do peso submerso do duto..........................................................................47
Tabela 6.3 - Anlise de sensibilidade da velocidade de corrente...........................................................................49
Tabela 6.4 - Anlise de sensibilidade da Profundidade dgua..............................................................................51
Tabela 6.5 - Anlise de sensibilidade da Altura da Onda.......................................................................................53
Tabela 6.6 - Anlise de Sensibilidade do Perodo da Onda...................................................................................55
Tabela 6.7 - Anlise de Sensibilidade do Fator de Atrito do Solo.........................................................................57
1
1. INTRODUO
1.1 CONTEXTO
O aumento da demanda mundial por petrleo e gs vem direcionando as principais
empresas exploradoras procura de reservatrios situados em guas cada vez mais profundas.
Tal fato motiva o contnuo desenvolvimento de suas habilidades e capacidades para o
desenvolvimento de idias e novas tecnologias. A Figura 1.1 ilustra estruturas utilizadas para
a explotao de petrleo.
Figura 1.1 Estruturas utilizadas para a explotao de petrleo[1].
Em poucos anos, a indstria de produtos e servios submarinos passou de um
pequeno nicho para um dos maiores mercados da indstria offshore.
Se na dcada de 1970 as companhias ainda lutavam com enormes problemas para
operar em guas relativamente rasas das plataformas continentais, a 100 ou 200 m de
profundidade, hoje a indstria pode contar com equipamentos projetados para uso em at
3.000 m de lmina dgua. O resultado de tais avanos a intensificao das atividades exploratrias e, conseqentemente, uma perspectiva de grande aumento da produo de leo e
gs no territrio nacional para os prximos anos, conforme pode ser observado na Figura 1.2.
Figura 1.2 Meta da Petrobras para a produo de leo e gs natural [2].
2
1.2 MOTIVAO
A explotao de petrleo e gs vem crescendo nas ltimas dcadas e tem se
apresentado como uma atividade de enorme importncia no atual cenrio scio-econmico do
pas.
A descoberta de grandes reservas petrolferas proporcionou uma demanda ainda
maior pela instalao de dutos rgidos submarinos, estruturas estas responsveis pelo
escoamento da matria-prima entre o poo de produo e o continente, e pela interligao entre as plataformas produtoras, em virtude de sua elevada resistncia ao colapso em grandes
profundidades e simplicidade estrutural.
Embora a utilizao de dutos submarinos corresponda ao meio de transporte de
fluido mais eficiente at o momento na rea offshore, qualquer tipo de falha pode acarretar
danos irreversveis ao meio ambiente e alto custo de recuperao e reparo. Por esse motivo,
tanto o dimensionamento de dutos rgidos submarinos quanto a manuteno de todos os dutos
existentes devem ser realizados de forma efetiva, de modo a minimizar possveis erros.
Um dos possveis problemas que pode causar a falha de um duto submarino est
diretamente relacionado sua estabilidade hidrodinmica de fundo. Sendo assim, necessrio
assegurar que o duto permanea na diretriz estabelecida em projeto durante os perodos de
instalao e operao para que no haja deslocamentos que possam causar danos integridade
estrutural dos dutos.
O presente trabalho motivado pela necessidade no s de se analisar a estabilidade
de fundo em dutos rgidos sujeitos ao de ondas e correntes marinhas, mas tambm de se
desenvolver ferramentas prticas para o clculo da espessura de concreto necessria para a
garantia da estabilidade, atravs das recomendaes presentes na norma DNV-RP-F109 [4], a
qual reflete o estado-da-arte nas prticas atuais da indstria e pesquisas recentes.
1.3 OBJETIVO E ESCOPO
O presente trabalho tem por objetivo apresentar os critrios de estabilidade
hidrodinmica presentes na norma DNV-RP-F109 [4], bem como avaliar a estabilidade de
fundo de um oleoduto localizado na regio da Bacia de Campos por meio do critrio esttico,
mais precisamente pelo Mtodo de Estabilidade Lateral Absoluta, mtodo este mais
abrangente em projetos de dutos submarinos.
Sero consideradas as condies de instalao, operao e teste hidrosttico em
funo dos efeitos hidrodinmicos resultantes das aes combinadas de onda e corrente, das
caractersticas fsicas da tubulao e das propriedades do leito marinho, tais como: rigidez,
peso especfico, granulometria, coesividade, etc..
As anlises foram desenvolvidas com base nos critrios preconizados pela DNV-RP-
F109[4], atravs da utilizao de planilhas executadas em ambiente MathCad.
3
1.4 ORGANIZAO DO TEXTO
Este item destina-se a descrever sucintamente os assuntos abordados em cada
captulo, de forma a facilitar a compreenso do leitor.
O Captulo 2 tem como objetivo dar uma viso geral dos tipos de duto, sua
composio e etapas do projeto de dimensionamento de dutos.
O Captulo 3 tem como objetivo descrever os carregamentos que atuam no duto e
apresentar as formulaes para o clculo dos mesmos.
O Captulo 4 apresenta toda a metodologia utilizada para a realizao da anlise de
estabilidade hidrodinmica em dutos submarinos, de acordo com a norma internacional DNV
RP-F109 2010 [4].
O Captulo 5 apresenta todos os dados utilizados no projeto.
O Captulo 6 apresenta os resultados das simulaes para as condies descritas ao
longo do projeto.
O Captulo 7 apresenta as concluses dos resultados obtidos e sugestes para
prosseguimento dos estudos realizados.
O Captulo 8 apresenta todas as referncias bibliogrficas utilizadas ao longo deste
projeto, as quais serviram de base terica e prtica para a metodologia de avaliao da
estabilidade de fundo de dutos submarinos.
4
2. DUTOS RGIDOS SUBMARINOS
2.1 INTRODUO
O sistema de dutos tem sido amplamente utilizado nas ltimas dcadas para
transportar fluidos derivados do petrleo tanto no continente como em regies afastadas da
costa, denominadas offshore. Os dutos submarinos tornaram-se um dos meios mais eficientes
para se transportar petrleo e seus derivados de maneira contnua e confivel entre
plataformas produtoras, entre o poo e a plataforma ou entre a plataforma e um local em terra.
O trecho de duto em suspenso que se conecta plataforma denominado de riser e o trecho
que fica em contato com o solo marinho denominado de duto submarino (pipeline, flowline).
Na Figura 2.1, pode-se observar um sistema tpico de dutos submarinos.
Figura 2.1 Sistema de dutos submarinos [6].
5
2.2 CLASSIFICAO DOS DUTOS
O duto submarino, quanto ao seu material constituinte, pode ser classificado em duto
flexvel ou duto rgido.
a) Duto Flexvel:
O duto flexvel um tipo de duto para aplicaes dinmicas ou estticas, empregado
em atividades de produo em plataformas do tipo flutuante. So responsveis por conectar a
unidade flutuante de produo a um equipamento de fundo ou a uma linha esttica (flowline).
Principais caractersticas:
- Sua estrutura composta por diversas camadas concntricas de materiais metlicos e
polimricos (Figura 2.2).
Quando comparado a dutos rgidos:
- Possui maior flexibilidade de traado devido ao menor raio de curvatura;
- Possui menor sensibilidade aos acidentes no fundo do mar (vos, ondulaes).
- Possui baixa rigidez flexo, permitindo ajustar-se aos movimentos da plataforma, e
elevada rigidez axial.
A Figura 2.2 abaixo apresenta um exemplo de duto flexvel.
Figura 2.2 Exemplo de duto flexvel [7].
b) Duto Rgido:
Principais caractersticas:
6
- Necessidade de calamento dos dutos nos trechos com grandes vos.
- Possui, usualmente, grande rigidez e resistncia a cargas axiais, radiais e de flexo (Figura
2.3).
Quando comparado a dutos flexveis:
- Menor flexibilidade de traado, devido ao maior raio de curvatura;
- Maior sensibilidade aos acidentes no fundo do mar;
- Possui um menor custo e so capazes de resistir a altas presses, tornando sua utilizao
interessante em guas profundas e ultra profundas.
A Figura 2.3 abaixo apresenta um exemplo de duto rgido em processo de construo.
Figura 2.3 Exemplo de duto rgido em processo de construo [7].
De acordo com sua funo, os dutos submarinos podem ser classificados da seguinte forma:
- Flowlines - so dutos apoiados sobre o leito marinho, que se conectam s unidades
flutuantes ou fixas por meio de dutos verticais ou em catenria, chamados risers. Estas linhas
fazem a ligao entre o poo e o manifold ou a plataforma.
Figura 2.4 Flowlines conectados ao PLEM [13].
7
- Export Pipelines ou Dutos de Exportao - transportam leo e/ou gs das plataformas de
produo at a costa.
Figura 2.5 Dutos de Exportao [8].
- Infield Flowline ou Dutos de Importao/Injeo - transportam leo e/ou gs entre
plataformas;
Figura 2.6 Dutos de importao/injeo [3].
8
2.3 COMPOSIO DOS DUTOS
Os dutos so geralmente fabricados em ao e podem ser envolvidos por camadas de
outros materiais a fim de lhe conferir as propriedades descritas abaixo.
i. Espessura de Ao: sua funo conferir resistncia tubulao, principalmente durante a fase de operao. Quando dimensionado de forma correta evita a
flambagem e o colapso progressivo; estes aos devem possuir propriedades como:
elevada resistncia mecnica para suportar a presso e o peso prprio do duto;
elevada resistncia corroso para resistir ao ambiente marinho; alta resistncia
fadiga e boa soldabilidade; entre outras.
ii. Revestimento anticorrosivo interno: sua funo conferir proteo contra corroso interna durante toda vida til do duto;
iii. Revestimento anticorrosivo externo: sua funo conferir proteo contra corroso externa durante toda vida til do duto. Pode ser auxiliado por uma
proteo catdica atravs de anodos de sacrifcio;
iv. Revestimento isolante (trmico): sua funo conferir proteo trmica durante toda vida til do duto. utilizado quando existe perda de temperatura do fluido
para o meio ambiente e essa perda possa ocasionar problemas no escoamento do
fluido.
v. Revestimento de concreto: sua funo conferir lastro ao duto, evitando sua flutuao e aumentando a estabilidade de fundo; adotado quando existe a
necessidade de lastro para estabilidade do duto.
vi. rea interna: regio onde efetivamente ocorre o transporte de leo, gs e etc.
Figura 2.7 Seo transversal do duto [6].
9
2.4 ETAPAS DO PROJETO DE DIMENSIONAMENTO
O projeto de dimensionamento de dutos rgidos submarinos engloba diversas etapas.
No presente estudo, ser tratada apenas a etapa de verificao da estabilidade hidrodinmica
dos dutos, mas para um melhor entendimento de todo o processo do projeto de
dimensionamento, ser apresentado a seguir uma viso geral do mesmo.
2.4.1 Definio da Diretriz
A primeira etapa de um projeto de dimensionamento de dutos submarinos a
definio da diretriz preliminar do duto. desejvel que a diretriz preliminar do duto seja
uma linha reta entre os dois pontos entre os quais se deseja transportar o fluido.
De posse da diretriz preliminar, realizado o levantamento dos dados a partir dos
levantamentos batimtricos, ssmicos, por sonar e levantamentos de dados geotcnicos e
oceanogrficos.
Uma vez levantados os dados, so feitas anlises dos dados coletados e com estas
anlises obtm-se a geomorfologia da rea estudada. Aps o estudo dos dados levantados,
define-se a diretriz definitiva do duto. A Figura 2.8 apresenta um exemplo do traado em
planta da rota de um duto.
Figura 2.8 Exemplo do traado em planta da rota de um duto [9].
Esta diretriz basicamente definida em funo das caractersticas do solo marinho,
da lmina dgua, do vo livre mximo admissvel, da presena de irregularidades no solo marinho, do raio mnimo que pode ser imposto ao duto, da existncia de atividades como
pesca e de obstculos existentes no fundo do mar.
10
2.4.2 Dimensionamento Mecnico
O dimensionamento mecnico a etapa do projeto onde so definidas as
caractersticas geomtricas e mecnicas a serem adotadas na fabricao do duto. A escolha do
ao leva em conta parmetros como a corrosividade do fluido transportado, a temperatura de
projeto, a soldabilidade do material, a compatibilidade qumica entre o metal base e o eletrodo
utilizado, alm da compatibilidade com todos os outros componentes da linha.
Uma vez definido o material empregado, so feitas verificaes estruturais para o
dimensionamento da espessura de parede e limites de escoamento que o duto dever possuir
de forma a atender s condies de instalao, teste hidrosttico e operao, determinando
assim as propriedades geomtricas da seo do duto. Dentre as condies normalmente
consideradas para o dimensionamento esto a presso interna e a presso externa, relativas
fase de operao e fase de teste hidrosttico para comprovao da estanqueidade.
Nesta etapa, tambm verificada a propagao de falhas devido ao colapso
hidrosttico. durante a instalao que o duto est mais sujeito propagao do colapso, uma
vez que nesta fase o duto encontra-se sujeito s mximas tenses de flexo, alm da presso
externa. comum, durante o projeto, adotar-se uma reduo de espessura do duto para se
levar em conta o eventual desgaste do material devido corroso, mesmo tendo sido o ao e o
projeto de proteo catdica definidos no sentido de se evitar a ocorrncia da corroso.
2.4.3 Estabilidade Hidrodinmica
O duto submarino precisa se encontrar estvel sobre o leito marinho. Se ele for
demasiadamente leve, se movimentar lateral ou verticalmente sob a ao das ondas e
correntes. Por outro lado, se for muito pesado, sua instalao ser difcil e cara.
A verificao da estabilidade do duto no leito marinho sujeito s aes ambientais
consiste em analisar a capacidade do duto em manter-se dentro de seu traado, levando em
conta as tolerncias permitidas e as condies do solo marinho.
Para a realizao desta anlise, determina-se a espessura do revestimento externo de
concreto para prover peso adicional ao duto, de modo a garantir a estabilidade.
Figura 2.9 Foras atuantes em uma seo de duto [10].
11
Existem outros mtodos para se estabilizar um duto, a saber, aplicao de mantas,
enterramento do duto e ancoragem no fundo, porm so mais onerosos que a aplicao do
revestimento de concreto ou de difcil execuo.
2.4.4 Anlise de vos livres
Entende-se por vos livres (free spans) depresses do solo marinho onde o duto
perde contato com o solo ao longo de um comprimento considervel devido s irregularidades
do perfil do solo. Na Figura 2.10, podem ser observados alguns vos livres.
Figura 2.10 Vo livre ao longo da rota do duto submarino [14].
Com a descoberta de novos campos, surge a necessidade de se utilizar dutos mais
longos, aumentando assim ocorrncia de vos livres. Estes por sua vez so, em geral,
indesejados e problemas devido sua existncia podem levar o duto ruptura.
Uma vez que o duto passa por uma depresso ou elevao, onde os vos livres so
formados, alm das tenses induzidas pelas deformaes do duto, o duto pode ficar sujeito a
vibraes induzidas por desprendimento de vrtices devido existncia de correntes
marinhas.
A presena de vrtices induz movimentos oscilatrios no duto, resultando assim em
vibraes. Caso a freqncia do desprendimento de vrtices seja prxima da freqncia
natural do vo, o fenmeno de ressonncia pode ocorrer e ocasionar danos por fadiga no duto,
especialmente nas regies de solda e no revestimento.
Figura 2.11 Exemplos tpicos de vo livre [10].
Em regies onde o solo marinho arenoso ou argiloso, vos livres de pequena
extenso podem ser corrigidos naturalmente.
12
Devido ao seu peso prprio, o duto pode fletir verticalmente para baixo at que seu
centro alcance o solo, com isso, surgiro dois vos livres menores nas laterais do vo livre
inicial, de forma que o transporte natural de sedimentos se encarrega de preencher estes vos.
Independentemente do tipo de solo, existe um limite mximo admissvel para o
comprimento do vo livre. Desta forma, as extenses de vos livres superiores a esse limite
precisam ser corrigidos de alguma forma.
As tcnicas atuais disponveis para esta correo se baseiam na instalao de
suportes artificiais, a saber: colches ou sacos de areia, blocos de concreto (Figura 2.13),
preenchimento do vo com rochas ou at mesmo utilizando rebaixamento de cota atravs da
escavao de trincheiras (figura 2.12).
Figura 2.12 Escavao de trincheira em solos arenosos e argilosos respectivamente [10].
Figura 2.13 Blocos de cimento para correo de vo livre [10].
importante analisar cuidadosamente o nvel de tenses impostas no duto na regio
de vo livre e adjacncias, uma vez que essas tenses podem induzir grandes deformaes
plsticas e, conseqentemente, ruptura do material.
13
2.4.5 Proteo Catdica
Para garantir que um duto atinja a vida til de projeto, necessrio que este seja
protegido contra corroso, tanto interna quanto externamente.
A proteo externa deve ser instalada ao longo de todo o comprimento do duto,
porm h sempre uma grande possibilidade desta sofrer danos durante o transporte e a
instalao, comprometendo assim a vida til de projeto. Logo, constitui-se uma boa prtica de
projeto utilizar uma proteo catdica como parte complementar da proteo anticorrosiva.
No dimensionamento da proteo catdica, so determinados a forma, a quantidade e
o tipo de anodos de sacrifcio necessrios preservao da integridade do duto durante toda a
sua vida til, em complementao ao revestimento anticorrosivo adotado para isolar a
superfcie externa do duto da gua do mar.
A proteo catdica consiste em se colocar em contato com o material que se quer
proteger um outro material de maior eletronegatividade (mais andico), fazendo com que este
seja corrodo antes do ao. Como um anodo de sacrifcio efetivo para uma determinada rea
de ao a se proteger, faz parte do projeto de proteo catdica, o clculo da rea de ao
exposta ao eletrlito, para a estimativa da massa de material andico necessria proteo
durante toda a vida til da estrutura. So considerados nesta etapa dados como: a
corrosividade do meio, o material do duto, a salinidade e temperatura da gua do mar, o
material do anodo, bem como a assiduidade das inspees.
Figura 2.14 Exemplos de anodos de sacrifcio para proteo catdica [7].
2.4.6 Pr-comissionamento e Teste Hidrosttico
O pr-comissionamento e teste hidrosttico fazem parte das condies e requisitos
mnimos para desenvolvimento das atividades de pr-operao da linha. O pr-
comissionamento ocorre logo que estejam concludas as etapas de instalao do duto, assim
como a interligao do mesmo com a plataforma, e realizado atravs da verificao da
integridade estrutural do duto. Aps esta fase, o duto preenchido com gua, e ento, o teste
hidrosttico realizado visando avaliar a estanqueidade do conjunto, localizando possveis
pontos de vazamento. No caso de ocorrer algum vazamento, deve haver uma pronta
substituio do elemento com problema.
14
2.4.7 Shore Approach
A chegada do duto praia, conhecida como shore approach, uma etapa do projeto
de dutos submarinos que demanda bastante cuidado, pois o duto est exposto, entre outros
carregamentos, ao de ondas e de correntes. A instalao pode ser realizada atravs de dois
mtodos, mencionados a seguir:
arraste do duto para a praia;
furo direcional.
No primeiro mtodo, arraste do duto para a praia, a instalao feita atravs de
barcaa tpica para instalao de dutos rgidos e de uma base fixa posicionada em terra,
normalmente denominada de base guincho, a qual serve para realizar o puxamento do duto a
partir da embarcao instaladora em direo praia, utilizando-se adicionalmente a ajuda de
embarcaes de pequeno calado no auxlio da transferncia dos cabos e acessrios entre a
embarcao instaladora e a base guincho. Uma vez conectado o cabo de puxamento,
prossegue-se com o arraste do duto, onde a base guincho recolhe o cabo conectado ao duto
enquanto a embarcao instaladora produz ou lana o duto. Na maioria das vezes em que esta
metodologia empregada, bias de alvio so adotadas com objetivo de aliviar o peso
submerso do duto, facilitando o puxamento por parte da base guincho durante a instalao do
mesmo.
O segundo mtodo de instalao consiste na execuo de um furo direcional atravs
das camadas de solo existentes e do posterior puxamento da linha pelo interior deste furo
executado. Neste tipo de instalao, uma mquina tpica para a realizao de furos
posicionada em terra, tendo no lado martimo o apoio de uma balsa de pequenas operaes ou
de uma balsa de instalao de dutos rgidos. A operao relativamente simples: a mquina
executa o furo direcional atravs da passagem de alargadores at se atingir o dimetro
necessrio e, em seguida, efetua-se o puxamento da linha, o qual ocorre, em geral, de mar
para terra. De forma a reduzir o atrito entre a parede do furo e o duto e garantir uma certa
estabilidade durante a execuo do alargamento, o interior do furo preenchido com lama
bentontica.
O objetivo maior deste ltimo mtodo garantir a estabilidade do duto quanto ao
estado de mar sempre agressivo nesta regio prxima praia. Este mtodo garante que no
haver por parte do duto nenhuma instabilidade por ao de ondas e correntes. Entretanto,
pode tornar suscetvel o surgimento de pontos de engastamento que, aliados s imperfeies e
curvaturas impostas no traado do duto durante sua instalao, podem conduzir ao surgimento
de efeitos de segunda ordem, ocasionando, assim, um colapso global do mesmo.
De forma idntica ao primeiro mtodo, para garantir o sucesso da instalao, um
procedimento deve ser elaborado para toda a operao, bem como o detalhamento de todos os
itens a serem empregados neste servio. Neste estudo, todas as consideraes acerca do
surgimento de efeitos de segunda ordem devem ser estudadas, no sentido de se minimizar as
imperfeies, permitindo um traado suave.
15
2.4.8 Anlises de Instalao
Nesta etapa, so definidas as condies ambientais crticas a serem respeitadas
durante a instalao e o dimensionamento de todos os acessrios requeridos para a execuo
da instalao da linha.
Os mtodos de instalao mais empregados atualmente para a instalao dos dutos
so o mtodo S-Lay, o mtodo J-Lay, e o mtodo Reel-Lay. Alm desses, tambm so
utilizados mtodos alternativos para instalao de dutos submarinos, os quais sero
apresentados adiante.
No mtodo S-Lay, o lanamento do duto soldado feito a partir de uma embarcao
de forma que a sua catenria adquira um formato S a partir do momento em que a extremidade do duto toca o solo marinho. Este mtodo de lanamento o mais utilizado para
instalao de dutos em gua rasas. As Figuras 2.15 e 2.16 apresentam a configurao tpica
deste tipo de lanamento.
Figura 2.15 Configurao do duto no mtodo S-Lay [3].
Figura 2.16 Foto da Balsa Solitaire [13].
O mtodo S-Lay prev que a construo da linha seja feita sobre a embarcao de
lanamento em uma posio quase horizontal, criando duas regies de flexo acentuada, uma
na rampa, conhecida por overbend e outra junto ao fundo, denominada sagbend.
No momento do lanamento, o duto apoiado sobre os roletes da embarcao e
sobre o stinger - estrutura de ao conectada popa da embarcao, usada para suavizar ou
minimizar a forte variao angular que o duto sofre ao deixar a embarcao (ver Figura 2.15).
16
Movimentos sbitos da barcaa ou perda de trao podem ocasionar uma flexo
excessiva do duto, acarretando uma imperfeio localizada e, posteriormente, um colapso
propagante.
O projeto de instalao pelo mtodo S-Lay consiste, basicamente, em definir a
curvatura estabelecida por roletes discretos, instalados ao longo da rampa (ainda na
embarcao) e ao longo do stinger, bem como a fora a ser aplicada no tracionador, de modo
a garantir a integridade estrutural do duto durante sua instalao.
O mtodo J-Lay, recebe esta denominao, pois, como o duto lanado a partir de
uma posio vertical (ou aproximadamente vertical), a catenria do duto adquire um formato
J caracterstico ao tocar o solo marinho. Este mtodo de lanamento foi desenvolvido para ser utilizado principalmente em guas profundas e ultraprofundas.
No mtodo J-Lay no h uma rampa curva, mas apenas uma torre reta que assume a
inclinao necessria em funo da lmina dgua. Quanto maior a lmina dgua, mais a torre se aproxima da posio vertical. As Figuras 2.17 e 2.18 ilustram um lanamento
utilizando o mtodo J-Lay.
Figura 2.17 Configurao do duto no mtodo J-Lay [3].
17
Figura 2.18 Foto da balsa J-Lay Balder [13].
O mtodo J-Lay apresenta apenas uma regio de grande raio de curvatura, que o
Sagbend, no existindo mais a regio de Overbend.
No sistema J-Lay, no h compensao de trao pelo tracionador. O lanamento
feito a partir de uma torre.
As tenses atuantes no duto so relativamente menores se comparadas com as
tenses despertadas no duto para a regio do Sagbend no mtodo S-Lay, em uma mesma
profundidade.
No mtodo Reel-Lay, a linha fabricada em terra e estocada em rolos de grande
dimetro no convs da embarcao para transporte e instalao. A instalao do duto se d
pelo desenrolamento gradual da linha.
A vantagem deste mtodo, em relao aos outros, a grande velocidade de
instalao, que pode ser dez vezes mais rpida do que a velocidade dos lanamentos mais
tradicionais.
Contudo, este mtodo possui limitao no que diz respeito ao dimetro mximo do
duto. O dimetro mximo vivel para este tipo de lanamento de 16pol (41cm). Alm disso,
h que se considerar a impossibilidade da adoo de revestimento de concreto, uma vez que o
concreto no resistiria curvatura imposta pela estocagem. As Figuras 2.19 e 2.20 ilustram
um lanamento utilizando o mtodo Reel-Lay.
18
Figura 2.19 Configurao do duto no mtodo Reel-Lay [3].
Figura 2.20 Foto da embarcao Deep Blue [13].
Alm dos mtodos de instalao pela superfcie, existem ainda os mtodos de
instalao por arraste, onde o duto, construdo em terra, provido de flutuadores e arrastado
prximo superfcie ou prximo ao fundo por rebocadores.
tambm parte integrante do projeto de lanamento do duto, o dimensionamento de
todos os acessrios eventualmente acoplados s extremidades da linha, tais como: flanges
cegos, cabeas de incio de lanamento, cabeas de teste hidrosttico e cabeas de
recebimento de pigs (elementos normalmente de borracha, que se movem sob presso pelo
interior do duto para limpeza, desobstruo ou para verificaes dimensionais do mesmo).
19
3. ANLISE DE ESTABILIDADE
3.1 FORAS ATUANTES NO DUTO
As foras atuantes em dutos submarinos, admitidos em repouso sobre o leito
marinho, conforme indicado na Figura 3.1, so basicamente aquelas causadas por peso
prprio, empuxo, presso hidrosttica (todas estticas) e aquelas relativas incidncia do
fluxo de gua sobre o duto submerso, chamadas habitualmente de hidrodinmicas.
Figura 3.1 Foras atuantes em dutos submarinos [10].
W: peso submerso do duto e peso de seu fluido interno.
FD: fora de arrasto
FI: fora de inrcia
FL: fora de sustentao
FR: fora de atrito entre solo e o duto.
As foras hidrodinmicas exercidas pela corrente e pelas ondas sobre a linha rgida,
alm dos movimentos dinmicos do duto, so calculadas utilizando a equao de Morison,
que expressa atravs da soma do termo dependente da velocidade orbital da partcula d`gua
(fora de arrasto - FD), e do termo dependente da acelerao (fora inercial - FI), conforme a
equao 3.1 abaixo:
(Eq. 3.1)
Sendo:
20
(Eq. 3.2)
(Eq. 3.3)
Alm das parcelas de fora horizontal apresentadas acima, uma expresso
semelhante parcela de arrasto pode ser estabelecida para determinar a fora vertical de
sustentao (FL), transversal direo do fluxo:
(Eq. 3.4)
Onde:
FHIDRO: fora hidrodinmica por unidade de comprimento, agindo sobre o duto;
: massa especfica da gua;
D: dimetro do duto;
CD: coeficiente de arrasto;
Cm: coeficiente de inrcia;
Ca: coeficiente de massa adicional;
CL: coeficiente de lift;
: velocidade da partcula de gua, perpendicular ao eixo longitudinal do duto;
: velocidade do duto;
: acelerao da partcula de gua, perpendicular ao eixo longitudinal do duto;
: acelerao do duto;
A formulao de Morison considerada semi-emprica, j que as parcelas de arrasto
e inrcia do fluido so afetadas por coeficientes adimensionais CD, Cm e Ca, que devem ser
calibrados a partir da observao de resultados experimentais. Por exemplo, na anlise de
linhas de ancoragem e risers usualmente empregam-se valores de CD variando entre 0,7 e 1,2,
e valores de Cm em torno de 2,0. Para dutos assentes no solo, os valores de CL e Cm tornam-se
0,9 e 3,29, respectivamente [5].
O terceiro termo, afetado pelo coeficiente Ca (usualmente definido como Cm 1) proporcional s aceleraes do corpo e est associado a efeitos de massa adicional.
A fora hidrodinmica FHIDRO agindo sobre o duto baseada nas componentes de
velocidade e acelerao do fluido que so ortogonais ao eixo longitudinal do duto. As
componentes paralelas ao eixo axial do duto so desconsideradas.
O primeiro termo da equao de Morison a fora de arrasto hidrodinmica agindo
sobre o duto. Esta fora proporcional ao quadrado da velocidade relativa entre o duto e o
fluxo dgua ao redor deste. O segundo termo da equao a fora inercial exercida sobre o
21
duto pela acelerao da gua em torno do mesmo. Esta fora proporcional acelerao da
partcula de gua, expressa em termos do sistema global de coordenadas. O terceiro termo a
fora inercial, resultante a partir do aumento efetivo na massa do duto, devido presena da
gua em torno deste. Esta fora proporcional acelerao do duto no sistema de
coordenadas global.
A fora de atrito entre o solo e o duto ser estudada no captulo 4 (item 4.3),
referente interao solo-duto.
As foras hidrodinmicas s quais o duto submarino pode estar sujeito so uma
combinao de efeitos de corrente estacionria, oscilao de corrente e foras induzidas pelas
ondas. Para realizar a anlise de estabilidade de dutos, as principais aes ambientais que
devem ser consideradas so ondas e correntes. Ambas sero estudadas nos itens a seguir.
Figura 3.2 Cargas ambientais atuantes em um duto submarino [11].
22
3.2 CORRENTES
A corrente pode ser induzida por ventos, mars, tempestades e diferenas de presso.
O perfil de velocidades varia normalmente com a profundidade, reduzindo-se em geral
medida que se aproxima do leito marinho, como pode ser visto na Figura 3.3.
Figura 3.3 Perfil de velocidade de corrente tpico [15].
De acordo com a norma DNV-RP-F109 [4], a velocidade de corrente pode ser reduzida para levar em conta os efeitos de parede devido presena do solo, mais precisamente os efeitos
de camada limite, bem como a direcionalidade da corrente, atravs da seguinte expresso:
(Eq. 3.5)
Sendo:
V: velocidade da corrente;
Z: elevao acima do leito marinho;
Zr: altura de referncia da velocidade de corrente;
c: ngulo entre a direo da corrente e o eixo do duto;
23
Figura 3.4- Esquema da aplicao da corrente no duto [7].
A componente normal da velocidade da corrente Vc atuando em uma tubulao com
dimetro D pode ser calculada pela seguinte frmula [4]:
(Eq. 3.6)
onde:
Vc: componente normal da velocidade da corrente;
Zr: altura de referncia da velocidade de corrente;
c: ngulo entre a direo da corrente e do duto;
D: dimetro do duto;
Na Tabela 3.1 podem ser encontrados valores para a rugosidade do solo z0, em
funo do tipo do solo e do dimetro mdio do gro d50.
Tabela 3.1 Rugosidade do solo do leito marinho [4].
Tipo do Solo Dimetro Mdio do Gro, d50 (mm) Rugosidade, z0 (m)
Silte e Argila 0,0625 5.10-6
Areia fina 0,25 1.10-5
Areia mdia 0,5 4.10-5
Areia grossa 1,0 1.10-4
Brita fina 4,0 3.10-4
Brita grossa 25 2.10-3
Pedra 125 1.10-2
Rocha 500 4.10-2
24
3.3 ONDAS
Condies de Ondas de Curta Durao
A onda induzida por fluxo oscilatrio ao nvel do duto em vo livre pode ser
calculada pelo processo numrico ou pela teoria de onda analtica. A teoria de onda ser capaz
de descrever as condies no local do duto, incluindo efeitos devido a guas rasas, se
aplicvel. Para casos mais prticos, a teoria de onda linear pode ser aplicada.
Os estados de mar de curto prazo, estacionrios e irregulares podem ser descritos por
um espectro de onda, assim como a funo de densidade espectral da superfcie do mar.
Sero consideradas ondas irregulares, representadas por um espectro de ondas, o qual
foi especificado como o espectro de JONSWAP.
O espectro de JONSWAP apropriado para a situao e sua funo de densidade
espectral expressa por:
(Eq. 3.7)
Onde:
(Eq. 3.8)
: freqncia angular da onda;
T: perodo;
(Eq. 3.9)
p: freqncia angular espectral de pico;
T p: perodo de pico;
A constante de linearizao de PHILLIPS expressa por:
(Eq. 3.10)
: acelerao da gravidade (9,806 m/s);
Hs: altura da onda significativa;
O parmetro espectral expresso por:
(Eq. 3.11)
25
O fator de pico expresso por:
(Eq. 3.12)
(Eq. 3.13)
Um caso particular da equao do espectro de Jonswap aquele correspondente
adoo do valor de igual a 1,0, que o transforma no espectro de Pierson-Moskowitz.
Ambos os espectros supracitados contemplam condies de mar e de vento severos.
O espectro de velocidade induzido pela onda ao nvel do duto Suu() pode ser obtido por uma transformao espectral das ondas a nvel de mar utilizando-se a teoria das ondas.
(Eq. 3.14)
Sendo G() a funo de transferncia da freqncia ao nvel da superfcie do mar dada por:
(Eq. 3.15)
onde d a lmina dgua e k o nmero de ondas estabelecido por cada iterao da equao transcendental,conforme a equao 3.16.
(Eq. 3.16)
Sendo a iterao adotada como um ciclo de onda igual a 2 dividido por 80 passos, conforme mostrado na Figura 3.5 abaixo.
Figura 3.5 Modelo de iterao kh de equao transcendental [16].
26
Os parmetros de derivao aparecem nas seguintes equaes espectrais:
O momento espectral de ordem n definido como:
(Eq. 3.17)
A velocidade de fluxo significativo ao nvel do duto expressa por:
(Eq. 3.18)
O perodo de cruzamento zero do fluxo oscilatrio ao nvel do duto expresso por:
(Eq. 3.19)
A razo entre a amplitude de velocidade oscilatria de uma nica onda de projeto e a
amplitude de velocidade oscilatria de um espectro de onda de projeto para um nmero de
oscilaes dada por:
(Eq. 3.20)
A razo entre o perodo de velocidade oscilatria e o perodo de cruzamento zero :
(Eq. 3.21)
(Eq. 3.22)
Os efeitos da direcionalidade e do espraiamento da onda so introduzidos na forma de um
fator de reduo de sua velocidade de fluxo.
(Eq. 3.23)
O fator de reduo dado por:
27
(Eq. 3.24)
A funo de energia de espraiamento direcional da onda :
(Eq. 3.25)
Onde:
: funo gama;
: ngulo entre a direo da onda e do duto;
s: parmetro de espraiamento;
Normalmente, o valor de s est entre 2 e 8. Se no houver informao disponvel, ser
adotado o valor mais conservador na faixa de 2 a 8. Um valor no intervalo 6 a 8 pode
geralmente ser usado no mar do Norte.
Figura 3.6 Fator de reduo devido ao espraiamento e direcionalidade da onda [4].
28
4. CRITRIO DE ACEITAO DA DNV
4.1 MTODOS DE ESTABILIDADE LATERAL DE DUTOS
O objetivo desta seo descrever os diferentes mtodos de projeto que vm sendo
considerados no estudo de estabilidade lateral de dutos submarinos. Considera-se
especificamente a norma DNV-RP-F109 [4].
De acordo com a norma DNV-RP-F109 [4], na verificao da estabilidade lateral de
dutos podem ser consideradas trs metodologias:
i. Mtodo de Estabilidade Lateral Esttica Absoluta - Absolute Lateral Static
Stability Method;
ii. Mtodo de Estabilidade Lateral Generalizada - Generalized Lateral Stability
Method;
iii. Anlise Dinmica de Estabilidade - Dynamic Lateral Stability Analysis.
A Estabilidade Esttica Absoluta a metodologia mais simples para verificar a
estabilidade lateral de dutos apoiados no leito marinho, possuindo as seguintes caractersticas:
- segue o enfoque de Estabilidade Absoluta [4], no tolerando deslocamentos do
duto;
- garante que a resultante horizontal das cargas hidrodinmicas atuando no duto
menor do que a resistncia do solo e que a carga vertical de lift menor do que o peso
submerso.
Este mtodo considera as seguintes hipteses:
i. Tomando o carregamento de onda, toma-se uma onda de projeto extrema induzida
por um ciclo oscilatrio em um estado de mar considerado. Essa oscilao caracterizada por
uma amplitude de velocidade U* e perodo T* oscilatrios e a componente de corrente
constante associada V* (item 4.4);
ii. Tomando os parmetros da onda irregular, utiliza-se o espectro de Jonswap
(descrito no item 3.3) para obter as velocidades e aceleraes da gua ao nvel do duto;
iii. Tomando as velocidades e aceleraes da gua, as cargas hidrodinmicas
horizontais de arrasto FD e inrcia FI (e tambm a carga vertical de lift FL) so calculadas
atravs da formulao de Morison (descrita adiante item 4.4), supondo-se que o duto esteja
estacionrio;
iv. A resistncia do solo tem uma parcela determinada por um coeficiente de atrito
com uma parcela puramente friccional F e outra parcela correspondente resistncia passiva
FR gerada pela penetrao inicial (ver item 4.3).
Ao contrrio do mtodo de estabilidade absoluta, o mtodo de estabilidade lateral
generalizada admite deslocamento lateral para o duto ainda que limitado, sob a ao de um
espectro de onda oscilatria de projeto que induz velocidades perpendiculares ao duto.
29
Neste mtodo, o valor admissvel para o deslocamento lateral pode ser estabelecido
como um valor que no resulte em solicitaes superiores s suportveis pelo duto, evitando
problemas como deformaes ou tenses excessivas. Com isso, este mtodo pode levar a
significativas redues no peso requerido para o duto.
A DNV-RP-F109 [4] sugere duas faixas para o deslocamento lateral admissvel:
- at metade do dimetro da tubulao, considerando dutos virtualmente estveis;
- at dez vezes o dimetro.
Tambm diferentemente do mtodo de estabilidade absoluta, o mtodo de
estabilidade generalizada considera o estado de mar representado por um espectro de ondas do
qual so derivados os seguintes parmetros: Us (velocidade oscilatria) e Tu (perodo de
cruzamento zero), os quais tambm esto associados velocidade constante de corrente V.
A metodologia de Anlise Dinmica de Estabilidade baseada na gerao de
modelos e execuo de anlises dinmicas sob carregamentos hidrodinmicos de corrente e
onda (com estado de mar irregular), para cada configurao especfica do duto, levando em
conta as foras de resistncia do solo.
Ao invs de fornecer diretamente os fatores de segurana contra o movimento do
duto e/ou indicar os valores mnimos de peso requeridos para que o critrio de movimento
seja excedido, como no caso dos mtodos descritos nos itens anteriores, esta metodologia
fornece resultados de movimentos e tenses do duto. Estes resultados compem os critrios
de projeto, devendo ser comparados com seus correspondentes valores limites pr-
estabelecidos, para ento se obter os fatores de segurana envolvidos.
Estes trs mtodos podem ser utilizados pelo projetista atravs de expresses
analticas (no caso do Absolute Lateral Static Stability Method descrito no item 3.6 da DNV-
RP-F109 [4]), ou de curvas previamente calibradas (no caso do Generalized Lateral Stability
Method descrito no item 3.5 de [4]). Os mtodos que empregam expresses ou curvas pr-
calibradas fornecem como resultado direto fatores de segurana contra o movimento da
tubulao (em termos gerais, correspondendo razo entre a carga hidrodinmica horizontal e
a resistncia do solo).
Existem programas comerciais que realizam o clculo de estabilidade hidrodinmica,
como por exemplo, o programa AGA PRCI [5] Submarine On-bottom Stability Analysis. O programa realiza anlises estticas e dinmicas, dependendo do nvel de detalhamento e dos
requisitos de projeto de estabilidade. Para a maioria dos casos a anlise esttica suficiente.
No presente trabalho, ser utilizado o mtodo de estabilidade esttica absoluta para
realizar a anlise de estabilidade hidrodinmica.
30
4.2 CRITRIO DE ESTABILIDADE VERTICAL
Alm dos critrios de estabilidade lateral apresentados no item anterior, a norma
DNV-RP-F109 [4] tambm faz consideraes em relao estabilidade vertical. Tais
consideraes esto descritas a seguir.
Para evitar a flutuao do duto na gua, seu peso submerso deve respeitar o seguinte
critrio:
(Eq. 4.1)
b: empuxo do duto por unidade de comprimento.
S: peso submerso do duto;
w: fator de segurana;
Segundo a norma DNV-RP-F109 [4], deve-se adotar para o fator de segurana w o valor 1.1 no caso de no se garantir uma probabilidade suficientemente baixa de empuxo
negativo.
Dutos que durante a sua instalao so enterrados parcial ou totalmente no leito
marinho devem ser verificados quanto possibilidade de afundamento ou flutuao. A
possibilidade de afundamento deve ser considerada com o duto cheio, enquanto que a
possibilidade de flutuao deve ser considerada com o duto vazio.
Tais verificaes dependem da relao entre os pesos especficos do duto e do solo, e
da resistncia ao cisalhamento do solo. Se o peso especfico do duto for menor que o do solo,
no h necessidade de verificar o afundamento; porm, em solos com baixa resistncia ao
cisalhamento, pode ser necessrio verificar a flutuao.
31
4.3 INTERAO SOLO-DUTO
A interao entre os dutos submarinos e o solo marinho um fator relevante na
anlise de estabilidade hidrodinmica pois interfere diretamente na movimentao do duto.
A anlise da interao solo-duto realizada em funo de como o solo responde s
foras que atuam na linha.
A resistncia do solo consiste em geral de duas parcelas: fora de atrito de Coulomb
(F) e resistncia passiva do solo (FR).
A fora de atrito de Coulomb (F) funo do atrito no contato solo-duto e do peso
submerso da tubulao.
O coeficiente de atrito lateral pode ser expresso como:
(Eq. 4.2)
A resistncia passiva do solo (FR) funo do dimetro externo do duto, dos
parmetros de resistncia do solo e do nvel de enterramento da tubulao tanto em solos
arenosos como em solos argilosos.
Em solos arenosos, a resistncia passiva (FR) pode ser expressa por:
(Eq. 4.3)
(Eq. 4.4)
(Eq. 4.5)
Zp: penetrao total do duto que ser explicada adiante;
S: parmetro do solo arenoso;
D: dimetro do duto;
S: peso submerso do duto;
FZ: fora de sustentao do duto = FL
Fc: fora vertical de contato entre o solo e o duto;
's: peso submerso do solo. Para areias recebe normalmente o valor na faixa de 7000(areia muito fofa) e 13500N/m (areia muito compacta);
32
Em solos argilosos, a resistncia passiva (FR) pode ser expressa por:
(Eq. 4.6)
(Eq. 4.7)
(Eq. 4.8)
Zp: penetrao total do duto que ser explicada adiante;
c: parmetro do solo argiloso;
D: dimetro do duto;
S: peso submerso do duto;
FZ: fora de sustentao do duto = FL
Fc: fora vertical de contato entre o solo e o duto;
s: peso seco do solo. Para argilas recebe o valor de 18000N/m;
Gc: parmetro de resistncia do solo argiloso;
Su: resistncia no drenada da argila;
A penetrao total pode ser tomada como a soma da penetrao inicial Zpi, devido ao
peso prprio do duto e a penetrao devido ao movimento do duto sob a ao de ondas e
correntes Zpm, como indicado na equao abaixo.
(Eq. 4.9)
A penetrao inicial em areias recomendada pela norma [4] :
(Eq. 4.10)
A penetrao inicial em argilas recomendada pela norma [4] :
(Eq. 4.11)
A penetrao devido ao movimento do duto sob a ao de ondas e correntes Zpm
considerada nula.
33
Abaixo, esto apresentados os fatores adotados pela norma [4] para reduzir a carga
hidrodinmica. Tais fatores levam em considerao parmetros como a permeabilidade do
leito marinho, a penetrao do duto no leito marinho e o entrincheiramento.
O fator total de reduo de carga pode ser expresso por:
(Eq. 4.12)
O subscrito i pode ser reescrito como y para representar o fator de reduo de cargas horizontais e como z para representar o fator de reduo de cargas verticais.
Reduo de carga devido permeabilidade do leito marinho:
O leito marinho permevel admite fluxo de gua pelos vazios do solo, passando
abaixo do duto, o que pode causar uma reduo de carga vertical. Para considerar este
fenmeno, a norma [4] recomenda aplicar o seguinte fator de reduo de carga:
-Na direo horizontal:
(Eq. 4.13)
-Na direo vertical:
(Eq. 4.14)
Reduo de carga devido penetrao do duto no solo:
Para considerar a penetrao (Zp) do duto no solo a norma recomenda aplicar o
seguinte fator de reduo de carga:
-Na direo horizontal:
(Eq. 4.15)
-Na direo vertical:
(Eq. 4.16)
34
Figura 4.1 Parmetros da penetrao [4].
Figura 4.2 Fator de Reduo devido penetrao [4].
Reduo de carga devido formao de trincheira:
Para considerar um entrincheiramento de profundidade Zt, a norma recomenda
aplicar o seguinte fator de reduo de carga:
-Na direo horizontal:
(Eq. 4.17)
-Na direo vertical:
35
(Eq. 4.18)
A profundidade da trincheira deve ser medida com relao ao leito marinho e sua
largura deve ser menor que 3D (trs vezes o dimetro externo do duto), como pode ser
observado na figura abaixo.
Figura 4.3 - Definio dos Parmetros do Entrincheiramento [4].
Figura 4.4 Fator de Reduo devido ao Entrincheiramento [4].
36
4.4 CLCULO DAS FORAS HIDRODINMICAS
Segundo a norma DNV-RP-F109 [4], o duto pode ser considerado estvel caso
atenda aos critrios de projeto apresentados a seguir.
(Eq. 4.19)
(Eq. 4.20)
A norma DNV-RP-F109 [4] apresenta algumas restries ao uso da Formulao de
Morison para aplicaes em dutos apoiados no leito marinho e sujeitos a deslocamentos
laterais sob cargas hidrodinmicas. Estas restries esto associadas ao clculo das foras
hidrodinmicas baseado em coeficientes invariantes no tempo.
Objetivando ajustar a frmula de Morison, a norma utiliza um fator de reduo total
de cargas considerado devido interao solo-duto e apresentado no item anterior. Sendo
assim, podem-se reescrever as expresses para o clculo das foras hidrodinmicas atravs
das seguintes frmulas:
Fora horizontal:
(Eq. 4.21)
Fora vertical:
(Eq. 4.22)
Sendo:
w: massa especfica da gua;
V*: valor mdio da velocidade constante associada oscilao de projeto;
Cy*: valores para os coeficientes de pico de carga horizontal;
Cz*: valores para os coeficientes de pico de carga vertical;
D: dimetro do duto;
S: peso submerso do duto;
: coeficiente de atrito lateral;
SC: fator de segurana;
U*: amplitude da velocidade oscilatria para a onda regular de projeto, perpendicular ao
duto;
37
O fator de segurana sc utilizado na estabilidade esttica absoluta para estados de mar de inverno em diferentes regies mostrado nas Tabelas 4.1 e 4.2.
Valores para os coeficientes de pico de carga horizontal Cy* e vertical Cz* esto
definidos na norma [4] e so apresentados respectivamente na Tabela 4.3 / Figura 4.5, e na
Tabela 4.4 / Figura 4.6.
Tabela 4.1 - Fator de Segurana: Tempestade de Inverno no Mar do Norte [4].
Tipo de solo
Baixo Normal Alto
Areia 0,98 1,32 1,67
Argila 1,00 1,40 1,83
Tabela 4.2 - Fator de Segurana: Tempestade de Inverno no Golfo do Mxico e no Mar do Sul [4].
Tipo de solo
Baixo Normal Alto
Areia 0,95 1,41 1,99
Argila 0,97 1,50 2,16
Tabela 4.3 Coeficiente de pico de carga horizontal [4].
2,5 5 10 20 30 40 50 60 70 100 140
0,0 13,0 6,80 4,55 3,33 2,72 2,40 2,15 1,95 1,80 1,52 1,30
0,1 10,7 5,76 3,72 2,72 2,20 1,90 1,71 1,58 1,49 1,33 1,22
0,2 9,02 5,00 3,15 2,30 1,85 1,58 1,42 1,33 1,27 1,18 1,14
0,3 7,64 4,32 2,79 2,01 1,63 1,44 1,33 1,26 1,21 1,14 1,09
0,4 6,63 3,80 2,51 1,78 1,46 1,32 1,25 1,19 1,16 1,10 1,05
0,6 5,07 3,30 2,27 1,71 1,43 1,34 1,29 1,24 1,18 1,08 1,00
0,8 4,01 2,70 2,01 1,57 1,44 1,37 1,31 1,24 1,17 1,05 1,00
1,0 3,25 2,30 1,75 1,49 1,40 1,34 1,27 1,20 1,13 1,01 1,00
2,0 1,52 1,50 1,45 1,39 1,34 1,20 1,08 1,03 1,00 1,00 1,00
5,0 1,11 1,10 1,07 1,06 1,04 1,01 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
10 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
38
Figura 4.5 Grfico relativo ao coeficiente de pico de carga horizontal [4].
Tabela 4.4 Coeficiente de pico de carga vertical [4].
2,5 5 10 20 30 40 50 60 70 100 140
0,0 5,00 5,00 4,85 3,21 2,55 2,26 2,01 1,81 1,63 1,26 1,05
0,1 3,87 4,08 4,23 2,87 2,15 1,77 1,55 1,41 1,31 1,11 0,97
0,2 3,16 3,45 3,74 2,60 1,86 1,45 1,26 1,16 1,09 1,00 0,90
0,3 3,01 3,25 3,53 2,14 1,52 1,26 1,10 1,01 0,99 0,95 0,90
0,4 2,87 3,08 3,35 1,82 1,29 1,11 0,98 0,90 0,90 0,90 0,90
0,6 2,21 2,36 2,59 1,59 1,20 1,03 0,92 0,90 0,90 0,90 0,90
0,8 1,53 1,61 1,80 1,18 1,05 0,97 0,92 0,90 0,90 0,90 0,90
1,0 1,05 1,13 1,28 1,12 0,99 0,91 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90
2,0 0,96 1,03 1,05 1,00 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90
5,0 0,91 0,92 0,93 0,91 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90
10 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90
39
Figura 4.6 Grfico relativo ao coeficiente de pico de carga vertical [4].
40
5. ESTUDO DE CASO
5.1 GERAL
O cenrio escolhido para a anlise de estabilidade foi a Bacia de Campos, regio
norte do estado do Rio de Janeiro. O oleoduto com dimetro de 20 pol (51 cm) destina-se ao
transporte de derivados do petrleo entre o PLEM (Pipeline End Manifold - estrutura metlica
cuja funo fazer interligaes futuras e/ou existentes com outras linhas j existentes) e o
Terminal. A parte submarina do duto ter uma sobre-espessura de proteo contra a corroso.
O novo tramo martimo ser lanado a uma distncia de 3,0 km da costa. A Figura
5.1 apresenta esquematicamente a diretriz do duto na regio da Bacia de Campos.
Figura 5.1 Diretriz do duto de 20 pol na Bacia de Campos [12].
PLEM
oleoduto de 20pol
41
5.2 PROFUNDIDADE D GUA MXIMA
A profundidade mxima na regio de instalao, entre o PLEM e o Terminal, da
ordem de 35m.
5.3 CARACTERSTICAS DO DUTO
A Tabela 5.1 apresenta as caractersticas do duto de 20 pol em ao-carbono.
Tabela 5.1 Caractersticas do duto.
DESCRIO UNIDADE VALOR
Dimetro externo pol 20
Espessura de parede pol 0,5
Tipo de Material - Ao API
5LX60
Massa especfica do ao kg/m3 7850
Tenso Mnima de
Escoamento MPa 414
Tenso Mnima de Ruptura MPa 517
Mdulo de Elasticidade do
ao MPa 207000
Coeficiente de Expanso
Trmica oC
-1 1,16E-05
Coeficiente de Poisson - 0,3
Sobre-Espessura de Corroso
[11] mm 3
Espessura do Revestimento
Anticorrosivo mm 4
Massa especfica do Rev.
Anticorrosivo kg/m
3 950
Massa especfica do Concreto kg/m3 3040
Foi considerada a massa especfica do leo conduzido pelo duto de 1042 kg/m.
42
5.4 DADOS METEOCEANOGRFICOS
Os dados meteoceanogrficos utilizados na anlise de estabilidade esto
reproduzidos a seguir atravs de um resumo da intensidade das correntes e das ondas nos
diferentes casos analisados (Tabela 5.2). Em todas as alternativas avaliadas, admitiu-se a
corrente na direo NE, que corresponde a de maior magnitude. Tanto onda quando corrente
foram assumidas incidindo no duto a 90 graus.
Tabela 5.2 Carregamentos ambientais de Onda e Corrente.
Casos Analisados
Onda Corrente
(m/s) Hs
(m)
Tp
(s)
Operao
Onda de 100 anos com Corrente de 10 anos 4,11 7,36 1,24
Onda de 10 anos com Corrente de 100 anos 3,59 7,21 1,43
Inst
ala
o
Tes
te H
idro
st
tico
Onda de 10 anos com Corrente de 1 ano 3,59 7,21 1,05
Onda de 1 ano com Corrente de 10 anos 3,05 7,03 1,24
Os dados de corrente e onda dos itens 5.4.1 e 5.4.2, respectivamente, indicam a
direo de onde a onda vem e a direo para onde a corrente vai.
5.4.1 DADOS DE CORRENTE
As Tabelas 5.3 e 5.4 apresentam, respectivamente, os valores de intensidade da
corrente por perodo de retorno e os valores mdios de corrente para todo perfil na Bacia de
Campos.
Tabela 5.3 - Valores de Intensidade da Corrente (m/s) por Perodo de Retorno.
N NE E SE S SW W NW
1 ano 0,51 1,05 0,73 0,22 0,46 0,69 0,53 0,41
10 0,69 1,24 0,89 0,31 0,57 0,82 0,66 0,58
20 0,75 1,30 0,94 0,34 0,60 0,86 0,70 0,63
30 0,78 1,33 0,96 0,36 0,62 0,88 0,72 0,66
50 0,82 1,37 1,00 0,38 0,65 0,91 0,75 0,71
100 0,88 1,43 1,05 0,42 0,69 0,95 0,78 0,76
43
Tabela 5.4 Valores Mdios de Corrente para todo perfil na Bacia de Campos.
DIAGRAMA DE DISPERSO
EIXO HORIZONTAL: direo verdadeira
EIXO VERTICAL: intensidade de corrente
(cm/s)
N NE E SE S SW W NW Total % Dir
0 5 900 2937 2827 783 790 2687 1833 654 13411 36,27 78,43
5 10 435 2820 2262 208 265 2106 1101 197 9394 25,4 67,07
10 15 109 2073 1066 8 10 1136 464 20 4886 13,21 57,76
15 20 23 1547 692 0 1 727 253 16 3259 8,81 58,42
20 25 30 1262 485 0 0 491 155 15 2438 6,59 57,51
25 30 34 734 276 1 0 324 86 5 1460 3,95 56,23
30 35 8 473 149 3 0 153 27 2 815 2,2 57,64
35 40 1 333 46 1 0 72 18 0 471 1,27 55,26
40 45 1 242 23 0 0 53 2 0 321 0,87 58,2
45 50 1 184 15 0 0 26 3 0 229 0,62 59,78
50 55 0 81 17 0 0 7 1 0 106 0,29 62,73
55 60 0 85 10 0 0 1 0 0 96 0,26 63,14
60 65 0 49 3 0 0 0 0 0 52 0,14 61,72
65 70 0 25 0 0 0 0 0 0 25 0,07 57,2
70 75 0 12 0 0 0 0 0 0 12 0,03 57,62
75 80 0 5 0 0 0 0 0 0 5 0,01 58,6
80 85 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 999,9
TOTAL 1542 12862 7871 1004 1066 7783 3943 909 36980
% 4,17 34,78 21,28 2,71 2,88 21,05 10,66 2,46
MEDIAS 6,12 14,98 10,02 4 3,95 10,43 7,79 4,64
5.4.2 DADOS DE ONDA
As Tabelas 5.5 e 5.6 apresentam, respectivamente, as relaes entre alturas de onda
em guas profundas com o perodo de retorno e os perodos relacionados altura de onda.
Tabela 5.5 Relao entre Alturas de Onda com o Perodo de Retorno.
PARMETRO
PERODO DE RETORNO
(ANOS)
1 10 100
HMAX altura mxima de onda 4,90 5,76 6,60
THMAX perodo associado altura mxima 10,53 10,91 11,23
Hs altura significativa de onda 3,05 3,59 4,11
Tp perodo de pico 7,03 7,21 7,36
44
Tabela 5.6 Perodos relacionados Altura de Onda.
Tp 0,0 4,5 6,5 8,5 10,5 12,5 14,5 16,5 TOTAL TMED
to to to to to to to to (%) (sec)
Hs 4,5 6,5 8,5 10,5 12,5 14,5 16,5 18,5
0,5/1,0 1,39 5,22 1,93 0,08 0,00 0,00 0,00 0,00 8,62 5,60
1,0/1,5 3,55 18,99 7,74 0,42 0,03 0,02 0,02 0,00 30,77 5,77
1,5/2,0 0,08 13,38 7,76 0,88 0,00 0,02 0,00 0,00 22,12 6,18
2,0/2,5 0,00 8,61 6,21 0,88 0,12 0,00 0,00 0,00 15,82 6,50
2,5/3,0 0,00 3,11 5,92 1,17 0,03 0,00 0,02 0,00 10,25 7,10
3,0/3,5 0,00 0,65 4,14 1,11 0,00 0,00 0,02 0,02 5,94 7,57
3,5/4,0 0,00 0,08 2,32 0,91 0,02 0,00 0,00 0,00 3,33 7,85
4,0/4,5 0,00 0,00 0,94 0,59 0,00 0,00 0,02 0,00 1,55 8,34
4,5/5,0 0,00 0,00 0,54 0,53 0,05 0,00 0,00 0,00 1,12 8,59
5,0/5,5 0,00 0,00 0,05 0,26 0,08 0,00 0,00 0,00 0,39 9,29
TOTAL(%) 5,02 50,04 37,55 6,83 0,33 0,04 0,08 0,02 100,00
HMED(m) 1,11 1,62 2,23 3,04 3,39 1,51 2,94 3,39
5.5 DADOS DE SOLO
Os dados de solo considerados nas anlises de estabilidade so referentes aos
levantamentos batimtricos e sonogrficos ao longo da diretriz prevista. O fundo composto
predominantemente por sedimento areno-quartzoso, de granulometria fina, com biodetritos
associados.
A areia do fundo marinho classificada como areia fina e possui coeficiente de atrito
lateral igual a 0,6.
45
5.6 DADOS DE ENTRADA DA ANLISE
Os principais parmetros e dados de entrada da planilha Mathcad, na condio de
instalao (duto vazio), esto apresentados na Tabela 5.7.
Tabela 5.7 - Parmetros para instalao com onda de 10 anos e corrente de 1 ano. Parmetro de entrada Unidade Valor OBS
OD pol 20 Dimetro externo do duto
Ths pol 0,5 Espessura de parede
Ca mm 3 Sobre-espessura de Corroso
Tha mm 4 Espessura de anticorrosivo
Thi mm 0 Espessura do isolante trmico
Cbck mm 0 Comprimento do Cutback
duto kg/m 7850 Massa especfica do duto
anticorrosivo kg/m 950 Massa especfica do anticorrosivo
isolante kg/m 950 Massa especfica do isolante trmico
concreto kg/m 3040 Massa especfica do concreto
fluido kg/m 1042 Massa especfica do fluido de operao
gua_do_mar kg/m 1025 Massa especfica da gua do mar
Cbck kg/m 300 Massa especfica do Cutback
Tipo de solo da regio - - Areia
Nvel de segurana da regio - - Baixo
's kN/m 15,5 Peso submerso
- 0,6 Coeficiente de atrito lateral
Rebaixamento - - Sem Rebaixamento
Zr m 2 Altura de referncia medida acima do solo
c graus 90 ngulo de ataque da Corrente
Vc(Zr) m/s 1,05 Velocidade de corrente medida em Zr
Rugosidade de Fundo - - Areia Fina
Hs m 3,59 Altura Significativa de Onda
Tp s 7,21 Perodo de Pico da Onda
d m 35 Profundidade (nvel do duto)
w graus 90 ngulo principal de ataque da Onda
Espraiamento s 6 Parmetro de espraiamento (s)
Regio - - Golfo do Mxico e Oceano do Hemisfrio
Sul
Tcto pol 0 Espessura inicial de Concreto
t pol 0,01 Variao da Espessura de Concreto
No - 500 Nmero total de espessuras analisadas
46
6. RESULTADOS
Foram consideradas as situaes de instalao, operao e teste hidrosttico. Na
condio de instalao, adotou-se, conservadoramente, apenas a hiptese de duto vazio, uma
vez que o referente caso mais crtico no que tange garantia da estabilidade do duto no leito
marinho. Para esta hiptese, associou-se s condies ambientais referentes a ondas e
correntes, sendo assumido o perodo de recorrncia de 1 ano e 10 anos.
Na situao de operao, considerado o duto conduzindo o fluido de massa
especfica de 1042 kg/m, sendo as condies ambientais relativas aos perodos de recorrncia
de 10 e 100 anos, alternando-se este tempo para ondas e correntes, respectivamente. As
anlises para a condio de operao foram desenvolvidas descontando-se da espessura de
parede do duto a sobre-espessura de corroso mnima de 3 mm.
Na situao de teste hidrosttico, considerado o duto conduzindo como fluido a
gua do mar de massa especfica de 1025 kg/m, sendo as condies ambientais relativas aos
perodos de recorrncia de 1 anos e 10 anos.
A Tabela 6.1 apresenta a espessura de concreto e o fator de segurana vertical e
horizontal encontrados para as diversas combinaes de onda e corrente nas situaes de
operao, instalao e teste hidrosttico.
Tabela 6.1 Estabilidade do duto para coeficiente de atrito lateral (=0,6).
Carregamentos
Ambientais
O - onda (90o )
C - corrente (90o)
(anos)
Espessura do
Revestimento (pol)
Fator de segurana
vertical
Fator de segurana
horizontal
Operao
O100-C10 0,79 3,097 1,001
O10-C100 0,85 2,938 1,000
Instalao
O10-C1 2,10 3,113 1,006
O1-C10 1,12 1,007 3,248
Teste
Hidrosttico
O10-C1 0,00 3,723 1,208
O1-C10 0,00 3,396 1,180
Verificou-se que a espessura mnima de concreto que garante a estabilidade do
oleoduto, atingida na condio de instalao para ondas de 10 anos com corrente de 1 ano, foi
de 2,1 pol, conforme pode ser observado em destaque na tabela acima.
47
6.1 ANLISES DE SENSIBILIDADE
A anlise de sensibilidade procura determinar o efeito da variao de um
determinado parmetro no seu resultado final.
Para realizar uma anlise de sensibilidade, variam-se os parmetros de interesse do
estudo mantendo-se os demais parmetros inalterados.
O presente trabalho apresenta anlises de sensibilidade para calcular a estabilidade de
um duto apoiado no solo marinho sujeito a carregamentos de onda e corrente atravs de uma
planilha computacional.
O clculo de estabilidade de dutos est em funo de parmetros caractersticos do
duto, da corrente, da onda e do solo. A seguir sero analisados os efeitos dos parmetros que
afetam diretamente este clculo.
6.1.1 Efeito dos Parmetros Caractersticos do Duto
Os parmetros caractersticos do duto que afetam o
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