IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
Isolados bacterianos de ndulos de siratro submetidos tolerncia de pH
relacionados com caractersticas fenotpicas.
Tais Backes,(1)
; Sabrina de Ftima Barbosa Dahmer(2)
; Paulo Ademar Avelar Ferreira(2)
;
Luana Orlandi(3)
; Andressa de Oliveira Silveira(2)
; Zaida Ins Antoniolli(4)
; Rodrigo Josemar
Seminoti Jacques(4)
.
(1)Estudante de Graduao em Engenharia Florestal; Universidade Federal de Santa Maria; Av. Roraima n 1000, Camobi, Cep:
97105-900, Santa Maria-RS; [email protected];(2) Estudante de Ps-Graduao em Cincia do Solo; Universidade Federal de Santa Maria; (3)Estudante de Graduao em Agronomia; Universidade Federal de Santa Maria; (4)Professor(a) Adjunto, Departamento de Solos, Universidade Federal de Santa Maria.
RESUMO Nos estados de Santa Catarina e Rio Grande
do Sul encontram-se as principais reservas de carvo
mineral. No entanto, as atividades de minerao de carvo
a cu aberto resultam em solos com elevado grau de desestruturao, principalmente pelo pH cido, toxicidade
de metais pesados, devido a drenagem cida de mina e
textura bastante frivel, sendo muito susceptveis a
processos erosivos. Com isso, a revegetao de plantas
em associao com microssimbiontes se torna uma
alternativa de baixo custo de implantao e manuteno
que auxilia o processo de recuperao de reas
degradadas, visando o controle dos processos erosivos e
recuperao das propriedades do solo. Este trabalho tem
com objetivo isolar bactrias fixadoras de nitrognio de
diferentes reas de minerao de carvo e avaliar sua
tolerncia a diferentes pHs. Os isolados foram obtidos
atravs do isolamento de ndulos de plantas de siratro,
esses isolados foram caracterizados fenotipicamente. O
teste de tolerncia foi em meio YM nos pH 3,0; 4,0; 5,0 e
9,0. Resultados demonstraram que os isolados
apresentaram heterogeneidade quanto s caractersticas de
produo de muco, neutralidade do meio de cultivo e tempo de crescimento, apresentando formao de 10
grupos com 80% de similaridade.
Palavras-chave: Macroptilum atropurpureum,
isolamento, teste de pH.
INTRODUO- No Brasil, as principais reservas de
carvo mineral encontram-se nos estados do Rio Grande
do Sul e Santa Catarina, com 28,8 e 3,4 bilhes de
toneladas (89,0 e 10,5% do estoque do Pas),
respectivamente para um total das reservas brasileiras de
32,6 bilhes de toneladas (SEMC, 2011). No estado do
Rio Grande do Sul a principal mina a Mina de Candiota,
localizada no municpio de Candiota, a 400 quilmetros
ao sul de Porto Alegre, est inserida na maior jazida de
carvo mineral do Brasil. Resduos que apresentam minerais sulfetados (pirita) em sua composio so
gerados a partir da extrao do carvo, que em presena
de oxignio so oxidados, alm de possurem alta
capacidade de lixiviao de elementos presentes no
minrio e nas rochas circundantes rea minerada,
tornando-se uma soluo aquosa cida, denominada de
drenagem cida de mina (DEM) (Companer & Luiz-Silva,
2009).
As principais consequncias ambientais da minerao
de carvo esto ligadas aos mtodos de explorao e processamento utilizados, a drenagem cida de mina alm
de poluir o solo e as guas, inibe a revegetao das reas
construdas. Isto se deve a drstica reduo do pH do solo
(em alguns casos encontram-se valores menores que 3,5),
que causa deficincia de nutrientes para as plantas e
toxicidade de metais pesados. A maior disponibilidade de
metais pesados, como Al, Fe, Mn, Cu, Ni e Zn, a nvel
txico, assim como a perda de Ca e Mg por lixiviao, e
dissoluo de minerais aluminossilicatos, e a deficincia
de P, N, Mo e B so resultantes da oxidao da pirita,
devido aos nveis de acidificao no decorrer do perfil do
solo (Campos, Almeida & Souza, 2003), prejudicando os
programas de revegetao das reas exploradas.
A revegetao uma alternativa de baixo custo de
implantao e manuteno que auxilia o processo de
recuperao de reas degradadas, como as geradas pela
extrao do carvo, visando o controle dos processos
erosivos e recuperao das propriedades do solo (Siqueira et al., 2008) . As espcies vegetais selecionadas para
implantao devem se adaptar bem s condies de solo e
ambiente, sendo ainda ideal que estas espcies apresentem
capacidade de fixao do N2 atmosfrico, em razo da
carncia desse nutriente na maioria dos solos degradados
(Siqueira et al., 2008). Com isso, a introduo de plantas
em associao com comunidades manejadas de
microssimbiontes, como as bactrias que nodulam
leguminosas fixam nitrognio atmosfrico (BNLFN),
constitui-se um ferramenta biotecnolgica para auxiliar na
revegetao de ambientes e ecossistemas degradados
(Siqueira et al., 2007). Este trabalho tem como objetivo
isolar bactrias fixadoras de nitrognio de diferentes reas
de minerao de carvo e avaliar sua tolerncia a
diferentes pHs.
MATERIAL E MTODOS- Amostragem de Solo em
reas de Minerao de Carvo
As coletas de solos foram realizadas no municpio de
Candiota na rea de minerao de carvo da Companhia Riograndense de Minerao (CRM). Para o isolamento
das bactrias que nodulam leguminosas e fixam
nitrognio atmosfrico (BNLFN) foram coletadas solos
em sete reas com diferentes estgios de recuperao nas
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
2
reas de minerao. As amostragens de solo foram
realizadas na camada de 0-10 cm de profundidade, com
trs repeties.
Isolamento e cultivo das BNLFN
As BNLFN foram isoladas das amostras de solo pela
inoculao em plantas-iscas de Macroptilum
atropurpureum (siratro). Os sete solos coletados foram
adicionados em uma soluo salina 0,85% e, em seguida,
um mL da soluo foi inoculado na planta-isca de siratro germinadas. Aps 50 dias em casa de vegetao as plantas
que apresentaram ndulos foram encaminhadas ao
Laboratrio Biologia e Microbiologia do Solo Prof.
Marcos Rubens Fries para o isolamento. Para o
isolamento dos rizbios, os ndulos foram desinfectados,
a partir da imerso em lcool 95% por 30 segundos,
hipoclorito 2% por 3 minutos, formol 5% por 2 minutos e
lavados 6 vezes em gua destilada estril. Os ndulos
foram macerados e plaqueados em meio YMA (Vincent,
1970) a 28 C por at 14 dias.
Teste de pH
O teste de pH foi realizado em tubos de penicilina
contendo meio YM, com trs repeties. Os pHs
utilizados foram 3.0, 4.0, 5.0 e 9,0. Os tubos de penicilina
foram inoculados com culturas de bactrias isoladas e
incubadas sob agitao a 28 C durante trs dias. Com
base na presena ou ausncia do crescimento bacteriano
foi determinado a tolerncia ao pH nos isolados de
BNLFN.
Anlise Estatstica
Os dados morfolgicos e de tolerncia foram
analisados por agrupamento hierrquico utilizando-se o
programa Past, com base em dados binrios, pelo mtodo
de concordncia simples (simplematching), com
algoritmo de Paired group e distncia Jaccard como
unidade de medida.
RESULTADOS E DISCUSSO- Os 74 isolados obtidos
foram submetidos ao teste de pH, onde foi constatado a ausncia ou a presena dos isolados, e juntamente com
algumas caractersticas fenotpicas, como alterao do pH
do meio de cultura, tempo de crescimento dos isolados e
produo de muco (polissacardeos extracelulares). Os
isolados foram submetidos a um agrupamento como
descrito na Figura 1.
O pH do meio interferiu no crescimento microbiano,
tendo em vista que apenas um isolado cresceu em pH 3.0
comprovando os resultados de Fernndez-Calvio (2011),
90% dos isolados cresceram em pH 4.0, 5.0 e 9.0. Quanto
ao crescimento, 100% dos isolados (Tabela 1)
apresentaram crescimento rpido (Lima et al., 2012).
A Tabela 1 apresenta avaliaes individuais das
caractersticas fenotpicas, 72% dos isolados no
modificaram o pH do meio, ou seja, no alteraram a
neutralidade do meio de cultivo, 10% acidificaram o pH
do meio, e 18% alcalinizaram o meio de cultivo. Isso
pode ser evidenciado por Coutinho et al. (1999) onde
identificou alteraes de pH em meio de cultura YMA
como sendo uma caracterstica para diferenciar gneros
de Mesorhizobium, Rhizobium e Sinorhizobium, que
comportaram-se acidificando o meio de cultura, enquanto
Azorhizobium e Bradyrhizobium apresentaram uma
alcalinizao do meio YMA. A quantificao do muco foi
analisada quanto a pouco, moderado ou bastante
produo, onde os isolados apresentaram 26%, 38% e
36% respectivamente.
Avaliando a anlise de agrupamento onde foram
juntados os dados de todas as caractersticas com as anlises do teste de pH (Figura 1), pode-se avaliar que
foram formados 10 grupos com 80% de similaridade,
apresentando uma alta correlao de 0,84.
A maior diferenciao dos isolados foi identificada
quanto a produo de muco onde se formaram 3 grandes
grupos (Figura 1) com similaridade de aproximadamente
65%, alm de 12%, 27% e 24% dos isolados
apresentarem produo de muco considerado pouco,
moderado e bastante, respectivamente, mantendo a
mesma neutralidade do meio de cultivo, tolerando o
crescimento nos pH 4.0, 5.0 e 9.0.
A Figura 1 apresenta agrupamentos relevantes quanto
alterao do pH do meio de cultivo, onde 14% dos
isolados alcalinizaram o meio, dentro deles houve uma
diferena na produo de muco, 10% apresentou
produo moderada e 6% produo de pouco muco.
Alm disso, outros isolados tambm apresentaram
caractersticas de crescimento rpido, crescimento em pH
5,0 e 9,0 alm de no alterar o meio de cultivo, e outros
apresentaram a mesmas caractersticas diferenciando
apenas em alcalinizar o meio de cultivo. Isolados tambm
apresentaram crescimento em todos os pHs 3,0; 4,0; 5,0 e
9,0, apresentando bastante produo de goma alm de
rpido crescimento.
CONCLUSES Os isolados de bactrias que nodulam
leguminosas e fixam nitrognio atmosfrico apresentaram uma alta similaridade fenotpica com a formao de 3
grandes grupos. O isolado 2S1.1 destacou-se
apresentando crescimento nos pHs 3,0; 4,0; 5,0 e 9,0,
rpido crescimento, no alterou o pH do meio de cultivo e
apresentou bastante produo de muco.
REFERNCIAS CAMPANER, V.P.; LUIZ-SILVA, W. Processos fsico-
qumicos em drenagem cida de mina em minerao de carvo
no sul do Brasil. Qumica Nova, 32:146-152, 2009.
CAMPOS, M.L.; ALMEIDA, J.A.; SOUZA, L.S. Avaliao de
trs reas de solo construdo aps minerao de carvo a cu
aberto em Lauro Mller, Santa Catarina. Revista Brasileira de Cincia do Solo, 27:1123-1137, 2003.
COUTINHO, H.L.C.; OLIVEIRA, V.M.; LOVATO, A.; MAIA,
A.H.N.; MANFIO, G.P. Evaluation of the diversity of rhizobia in Brazilian agricultural soils cultivated with soybeans. Applied
Soil Ecology, 13:159-167, 1999. Disponvel em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s1517-8382200400020000
9&script= sci_arttext. Acesso em: 10 de outubro de 2012.
FERNNDEZ-CALVIO, D.; ROUSK, J.; BROOKES, P.C.;
BAATH, E. Bacterial pH-optima for growth track soil pH, but
are higher than expected at low pH. Soil Biology and
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
3
Biochemistry, 43:15691575, 2011. Disponvel em:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S00380717110
01659. Acesso em: 10 de outubro de 2012.
LIMA, A.A. et al. Diversidade e capacidade simbitica de
rizbios isolados de ndulos de Mucuna-Cinza e Mucuna-An.
Revista Brasileira de Cincia do Solo. 36:337-348, 2012.
Disponvel em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art text&pid=S0100-06832012000200003&lng=pt&nrm=iso&t
lng=en. Acesso em: 09 de outubro de 2012.
NUNES ....
SECRETARIA DE ENERGIA, MINAS E COMUNICAO
DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (SEMC).
Disponvel em: . Acesso em 15 de maio de 2011.
SIQUEIRA, J.O.; SOARES, C.R.F.S.; SILVA,C.A. Matria
orgnica em solos de reas degradadas. In: SANTOS, G.A.;
SILVA, L.S.S.; CANELLAS, L.P.; CAMARGO, F.A.O. (Org.). Fundamentos da matria orgnica do solo Ecossistemas
tropicais e sub-tropicais. 2 ed. Porto Alegre: Metrpole Editora
Ltda, 2008. v. 1, p. 495-524.
VINCENT, J.M. A manual for the practical study of root nodule
bacteria. Oxford, Blackkwell Scientific, 1970. 164p.
Tabela 1: Isolados bacterianos submetidos ao teste de pH juntamente com as caractersticas de alterao do pH do meio
de cultura, taxa de crescimento avaliada pelo tempo de formao de colnias isoladas e produo de muco.
Isolados pH
Crescimento (dias)
pH do meio de Cultura1
Muco2
3.0 4.0 5.0 9.0
1-3 4-5 6-7
Alc. Ac. N
P M B
1S1.1 03 14 1 1
0 1 0
0 0 1
0 0 1
1S1.2 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 1 0
1S1.3 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 1 0
1S1.4 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 1 0 1S1.5 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 0 0
2S1.1 1 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 0 1
2S1.3 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
1 0 0
2S1.4 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 0 1 2S1.5 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
1 0 0
2S1.6 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 0 1
2S2.1 0 0 1 1
0 1 0
1 0 0
1 0 0
2S3.1 0 0 1 0
0 1 0
0 0 1
1 0 0 2S3.2 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
1 0 0
2S3.3 0 0 1 1
0 1 0
0 0 1
1 0 0
3S1.1 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 0 1
3S1.2 0 1 1 1
0 1 0
0 1 0
0 0 1 3S1.3 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 1 0
3S1.4 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 0 1
3S1.5 0 1 1 1
0 1 0
0 1 0
0 1 0
3S1.6 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 1 0 3S2.1 0 0 1 1
0 1 0
0 1 0
0 0 1
3S2.2 0 1 1 1
0 1 0
0 1 0
0 0 1
3S2.3 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
1 0 0 3S2.4 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
1 0 0
3S2.5 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
1 0 0
3S2.6 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 1 0
3S3.1 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 0 1 3S3.2 0 0 1 1
0 1 0
0 0 1
1 0 0
3S3.3 0 1 1 1
0 1 0
0 1 0
0 0 1
3S3.4 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 1 0
3S3.5 0 1 1 1
0 1 0
0 1 0
0 0 1 3S3.6 0 0 1 1
0 1 0
1 0 0
0 1 0
4S3.1 0 0 1 1
0 1 0
0 0 1
1 0 0
4S3.2 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
1 0 0
5S1.1 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
1 0 0 5S1.2 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 0 1
5S1.3 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 1 0
5S1.4 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 1 0
5S1.5 0 0 0 0
0 1 0
0 1 0
0 0 1 5S1.6 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 1 0
5S2.1 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 0 1
5S2.2 0 1 1 1
0 1 0
0 0 1
0 0 1
5S2.3 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 1 0 5S2.4 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 1 0
5S2.5 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 0 1
5S2.6 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 1 0
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art%20text&pid=S0100-06832012000200003&lng=pt&nrm=iso&t%20lng=enhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art%20text&pid=S0100-06832012000200003&lng=pt&nrm=iso&t%20lng=enhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art%20text&pid=S0100-06832012000200003&lng=pt&nrm=iso&t%20lng=en
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
4
5S3.1 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 1 0
5S3.2 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
1 0 0 5S3.3 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
1 0 0
5S3.4 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 0 1
5S3.5 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 0 1
5S3.6 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 1 0 6S1.1 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 1 0
6S1.2 0 1 1 1
1 0 0
1 0 0
0 1 0
6S1.3 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 0 1 6S1.4 0 1 1 1
1 0 0
1 0 0
1 0 0
6S1.5 0 1 1 1
1 0 0
1 0 0
0 1 0
6S1.6 0 1 1 1
1 0 0
1 0 0
0 1 0
6S2.1 0 1 1 1
1 0 0
1 0 0
1 0 0 6S2.3 0 1 1 1
1 0 0
1 0 0
1 0 0
6S2.6 0 1 1 1
1 0 0
1 0 0
1 0 0
7S1.2 0 1 1 1
1 0 0
1 0 0
0 1 0
7S1.3 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 0 1 7S1.4 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 1 0
7S1.5 0 1 1 1
1 0 0
1 0 0
0 0 1
7S1.6 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 0 1
7S2.1 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 0 1 7S2.3 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 1 0
7S2.4 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 1 0
7S2.5 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 0 1
7S2.6 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 1 0 7S3.1 0 1 1 1
1 0 0
1 0 0
0 1 0
7S3.2 0 1 1 1
1 0 0
1 0 0
0 1 0
7S3.3 0 1 1 1
1 0 0
0 0 1
0 0 1 1pH da cultura: Alc.: Alcalino, Ac.: cido e N: Neutro.
2Muco (produo): P: Pouca, M: Moderada e B: Bastante.
3Ausncia de crescimento.
4Presena de crescimento.
Figura 1: Dendrograma de agrupamento baseado em caractersticas fenotpicas culturais de bactrias isoladas de
ndulos de siratro. Relao entre os grupos culturais e o teste de tolerncia a pH.
Grupo 1 Grupo 2
Grupo 3
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
Seleo plantas de cobertura de vero para fitorremediao de solo com altas
concentraes de cobre
Francisco de Figueiredo Wesz (1)
; Rodrigo Josemar Seminoti Jacques(2)
; Diogo Vendruscolo(3)
;
Natielo Almeida Santana(4)
; Willian Braga dos Santos(4)
(1)Estudante do Curso de Agronomia; Universidade Federal de Santa Maria; Av. Roraima, n 100, CEP 97105-900, Santa Maria, RS; email: [email protected]; (2) Professor; Departamento de Solos; Universidade Federal de Santa Maria; (3) Mestrando;
Programa de Ps-Graduao em Cincia do Solo; Universidade Federal de Santa Maria; (4)Estudante do Curso de Agronomia;
Universidade Federal de Santa Maria.
RESUMO Na viticultura do Rio Grande do Sul
comum o uso da calda bordalesa como fungicida cprico.
O uso contnuo da calda acabou contaminando o solo dos
vinhedos da Serra Gacha. O objetivo deste trabalho
selecionar plantas de cobertura de solo que sejam
promissoras para a fitoestabilizao e fitoextrao do cobre em solos de vinhedos, para reduzir o risco de
contaminao do solo e fontes de gua. Foram coletadas
amostras de solo de uma rea de mata nativa da Embrapa
Uva e Vinho. O solo foi contaminado com Cu nas doses
de: 0, 400, 500 e 600 mg kg-1
. O experimento foi
realizado em casa de vegetao, onde foram testadas trs
plantas, sendo elas: Mucuna cinza (Mucuna cinereum),
mucuna preta (Mucuna pruriens) e feijo de porco
(Canavalia ensiforms). O acmulo de matria seca (MS)
de parte area (PA) de mucuna cinza diminuiu com o
aumento das concentraes de cobre e a produo de MS
do sistema radicular (SR) apresentou o mesmo
comportamento. O feijo de porco apresentou
comportamento semelhante mucuna cinza j que a MS
tanto de parte area quanto de raiz diminui em doses
maiores de cobre. A mucuna preta apresentou
comportamento diferenciado nas doses de 400 e 500 mg
kg-1
e a produo de matria seca foi inferior quando comparado com a dose de 600 mg kg
-1 tanto em raiz
quanto em parte area. As trs plantas avaliadas
apresentam condies de serem utilizadas em programas
de fitorremediao.
Palavras-chave: calda bordalesa, fitoestabilizao,
fitoextrao.
INTRODUO- A atividade da vitivinicultura foi iniciada no Rio Grande do Sul com os imigrantes
italianos, que introduziram a prtica da utilizao da calda
bordalesa para o controle de doenas fngicas
(Andreazza, 2009). So realizadas em mdia dez
aplicaes de calda bordalesa em um ano resultando na
adio de 30 a 65 kg ha-1
ano de cobre no solo (Nogueirol
et al., 2005). Devido a sucessivas aplicaes da calda
bordalesa, houve um acmulo de cobre no solo em elevados nveis nos locais com cultivo de videira
(Mantovani, 2009). Solos contaminados com metais
pesados representam um perigo para a sade de seres
humanos, plantas e animais (Bhargava et al., 2012).
Diante deste cenrio, alternativas para a remediao
destes solos devem ser buscadas como forma de reduzir o
risco de contaminao do solo das guas superficiais e
subsuperficiais. Entre as tcnicas de biorremediao, a
fitorremediao uma das tcnicas mais estudadas
(Coutinho & Barbosa, 2007).
A fitorremediao a utilizao de plantas para
remover algum contaminante do solo (Lasat, 2002).
uma tcnica que est despertando a ateno de cientistas, engenheiros de remediao, e profissionais ambientais do
governo e indstrias (Bhargava et al., 2012). A
fitorremediao de reas poludas extremamente til
para o ambiente j que ocorre a utilizao de plantas
especficas com objetivo de diminuir ou at mesmo
despoluir totalmente reas contaminadas (Coutinho &
Barbosa, 2007).
O objetivo deste trabalho selecionar plantas de
cobertura de solo de vero que sejam promissoras para a
fitoestabilizao e fitoextrao do cobre em solos de
vinhedos.
MATERIAL E MTODOS- Foram coletadas amostras
de solo de um Cambissolo Hmico (Santos et al., 2006)
em uma rea de mata nativa da Embrapa Uva e Vinho
(Bento Gonalves/RS). A coleta das amostras de solo foi
realizada em uma profundidade de 0-20 cm e o solo
apresenta as seguintes caractersticas: %Argila: 50%; matria orgnica: 3,5 g kg
-1; pH(1:1): 4,0; P(Mehlich-1): 3,7 mg
dm-3
; K(Mehlich-1): 92,0 mg dm-3
; Cu: 2,9 mg dm-3
; Zn: 3,3
mg dm-3
; Saturao com Aluminio: 60,5%.
Foram feitas as correes de pH e adies de NPK de
acordo com o Manual de Adubao e Calagem (CQFS
RS/SC, 2004). Posteriormente, este solo foi contaminado
com a adio de cobre nas doses de 0, 400, 500 e 600 mg
kg-1
de solo, na forma de cloreto de cobre (33,34% da
dose) e sulfato de cobre (66,66% da dose).
O experimento foi realizado em casa de vegetao na
rea do Departamento de Solos da Universidade Federal
de Santa Maria, no perodo de janeiro a abril de 2012,
onde foram testados trs plantas, sendo elas: mucuna-
cinza (Mucuna cinereum), mucuna preta (Mucuna
pruriens) e feijo de porco (Canavalia ensiforms).
As unidades experimentais foram compostas por vasos
de cinco litros com quatro quilos de solo, dispostos em delineamento inteiramente casualizado, com trs
repeties. As sementes foram semeadas na densidade de
10 sementes por vaso, sendo que o desbaste foi realizado
8 dias aps a germinao, deixando-se trs plantas por
vaso at o final do experimento. Aps o cultivo, as
plantas foram colhidas, separadas em parte area e raiz, e
colocadas em estufa com circulao forada de ar a 65 C
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
2
at atingirem massa constante para determinao da
matria seca e teor de cobre no tecido vegetal. Ao trmino
foi quantificada a matria seca das plantas com auxlio de
uma balana.
Os dados foram submetidos anlise de regresso a
1% de probabilidade de erro, por meio do software
estatstico SISVAR (FERREIRA, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSO- O acmulo de
matria seca (MS) de parte area (PA) de mucuna cinza
diminuiu com o aumento das concentraes de cobre. O
efeito mais significativo foi na dose de 600 mg kg-1
onde
houve reduo de 70,13% na produo de MS de PA
comparado com a testemunha. A produo de MS do
sistema radicular (SR) apresentou o mesmo
comportamento, havendo diminuio de 68,64% de MS de raiz comparado com a testemunha (Figura1).
O feijo de porco apresentou comportamento
semelhante a mucuna cinza j que a MS tanto de parte
area quando de raiz diminui em doses maiores de cobre.
Na dose de 600 mg kg-1
a reduo foi de 62,9% de MS de
parte area e 53,2% de MS de raiz em relao a
testemunha.
J a mucuna preta apresentou comportamento
diferenciado. Nas doses de 400 e 500 mg kg-1
a produo
de matria seca foi inferior quando comparado com a
dose de 600 mg kg-1
tanto em raiz quanto em parte area.
Houve aumento de 53,5% e 17,3% respectivamente, de
PA e SR do tratamento de 400 mg kg-1
para o tratamento
de 600 mg kg-1
, mas tambm houve a reduo de 59,24%
e 64,46% da maior dose (600 mg kg-1
) para testemunha,
respectivamente, para PA e SR.
Em todas as plantas testadas houve reduo na produo de matria seca nos tratamentos onde foi
adicionado doses de Cu, quando comparados com a
testemunha sem adio do metal (Figura1). Nas plantas
de mucuna cinza e feijo de porco houve uma reduo
gradual conforme foi aumentada a dose, isso ocorre
devido ao cobre em altas concentraes no solo
proporcionar severas alteraes nos tecidos vegetais, em
nvel bioqumico e fisiolgico (Santos et al., 2004). Alm
disso, o excesso de cobre na planta pode induzir a
produo de espcies reativas de oxignio (EROs) de
forma excessiva, tanto nas razes como na parte area das
plantas, o que gera o estresse oxidativo nas plantas
(Benavides et al., 2005).
Diferente das demais a mucuna preta apresentou um
comportamento diferenciado nos tratamentos onde foram
adicionadas doses do metal, havendo aumento gradual na
produo de MS, tanto de PA como de SR, da dose de 400 mg kg
-1 para a de 600 mg kg
-1. Isso pode ser atribudo
aos mecanismos de tolerncia e proteo que uma planta
pode apresentar contra a toxidez por cobre, esses
mecanismos podem ser processos metablicos que
destroem ou imobilizam os perxidos e os radicais livres
de oxignio, tais como enzimas antioxidativas
(Peroxidase, Catalase, Superxido desmutase) e as
substncias antioxidantes (Glutationa reduzida, Ascorbato
e Carotenides) (Buchanan et al., 2000). Estes processos
so desencadeados de diferente forma de acordo com a
espcie de planta e o nvel da toxidez por cobre
(SANTOS, 2004).
Desta forma, os resultados encontrados demonstram
que h diminuio significativa na produo de MS e de
SR em todas as plantas, da testemunha em relao aos
tratamentos com adio de Cu. Estas alteraes podem
estar associadas ao efeito direto do metal no metabolismo
da planta e interferncia do metal na absoro e
transporte de outros nutrientes (Monni et al., 2000;
Andreazza, 2009). Mesmo assim, os resultados so
satisfatrios, pois as doses de Cu aplicadas so
consideradas muito altas, onde culturas mais sensveis a
toxidez de Cu talvez no conseguissem se desenvolver.
Portanto, mesmo com o comportamento diferenciado
da mucuna preta nas doses de 400 e 500 mg kg-1
em
relao as outras culturas. Todas as plantas testadas
apresentaram comportamento que as tornam aptas a serem usadas em programas de fitorremediao de Cu no solo,
com alta disponibilidade do metal.
CONCLUSES As plantas de feijo-de-porco e mucuna cinza apresentam crescimento satisfatrio na dose
de 400 mg kg-1
de Cu, enquanto que as plantas de mucuna
preta apresentaram as menores redues de crescimento
na dose de 600 mg kg-1
de Cu.
REFERNCIAS ANDREAZZA, R. Potencial do uso de bactrias e plantas para a
remediao de cobre em reas de vitivinicultura e de rejeito de minerao de cobre no Rio Grande do Sul. 2009. Porto Alegre,
125p, Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. 2009.
BENAVIDES, M. P.; GALLEGO, S. M.; TOMARO, M. L.
Cadmium toxicity in plants. Braz. J. Plant Physiol. vol.17, no.1,
p.21-34, 2005.
BHARGAVA, A.; CARMONA, F. F.; BHARGAVA, M.;
SRIVASTAVA, S.; Abordagens para fitoextrao reforada de
metais pesados. Jornal de Gesto Ambiental. v. 105, p103-120,
ago. 2012
BUCHANAN, B. B.; GRUISSEM, W.; JONES, R. L.
Biochemistry and molecular biology of plants. Rockville:
American Society of Plant. Physiologists, 2000. 1367 p.
COMISSO DE QUMICA E FERTILIDADE DO SOLO -
CQFSRS/SC. Manual de adubao e calagem para os Estados
do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 10.ed. Porto Alegre,
Sociedade Brasileira de Cincia do Solo - Ncleo Regional
Sul/UFRGS, 2004. 400p.
COUTINHO, H. D.; BARBOSA, A. R. Fitorremediao: Consideraes Gerais e caractersticas de Utilizao. Silva
Lusitana 15(1): p103 - 117, Lisboa. Dissertao de Mestrado.
Cincia do Solo, UFPR, Curitiba, 72P, 2007.
FERREIRA, D. F. SISVAR (Sistema para anlise de varincia para dados balanceados). Lavras, UFLA, 1992, 79p.
LASAT, M. M. Phytoextraction of toxic metals: a review os
biological mechanisms. Journal of Environmental Quality. v.31, p109-120, 2002.
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
3
MANTOVANI, A. Composio qumica de solos contaminados
por cobre: formas, soro e efeito no desenvolvimento de
espcies vegetais. Tese (Doutorado). Porto Alegre: Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Ps Graduao em Cincia do Solo. 2009.
MONNI, S. et al. Copper resistance of Calluna vulgares
originating from the pollution gradient of a Cu-Ni smelter, in southwest Finland. Environmental Pollution, v. 109, p.211-219,
2000.
NOGUEIROL, R.C.; NACHTIGALL, G.R.; ALLEONI, L.R.F. Distribuio dos teores de cobre em profundidade em diferentes
tipos de solos com vinhedos no Rio Grande do Sul. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE CINCIA DO SOLO, 2005,
Recife. Anais. Recife: SBCS, 2005. 1 CD-ROM.
SANTOS, H. G. et al. Sistema brasileiro de classificao de
solos. 2.ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006. 306 p. il.
Inclui apndices.
SANTOS, H. P.; MELO, G. W. B.; LUZ, N. B.; TOMASI, R. J.;
Comportamento Fisiolgico de Plantas de Aveia (Avena
strigosa) em Solos com Excesso de Cobre. Comunicado Tcnico N49. Bento Gonalves, RS. Junho, 2004.
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
4
a) Parte area
0 100 200 300 400 500 600
0
5
10
15
20
25
30
35
b) Raiz
0 100 200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Massa s
eca d
a p
art
e a
re
a (
g v
aso
-1)
Massa s
eca r
az
(g v
aso
-1)
Doses de Cu (mg kg-1
de solo) Doses de Cu (mg kg-1
de solo)
Mucuna cinza
Mucuna preta
Feijo de porco
f=6,2499-0,0040x-1,90E-0,005x2
R2=0,75**
f=4,2178-0,0134x-1,90E-0,005x2
R2=0,81**
f=2,4507+0,0022x-7,36E-0,005x2
R2=0,75**
f=21,0220-0,0139x-1,89E-0,005x2
R2=0,85**
f=13,0384-0,0497x+6,12E-0,005x2
R2=0,79**
f=24,2503-0,0165x-1,63E-0,005x2
R2=0,78**
Figura 1 - Produo de massa seca de parte area (a) e raiz (b) de mucuna cinza, mucuna preta e feijo de porco em
solo contaminado com diferentes doses de cobre. ** -
significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
Efeito do uso de dejetos sunos em pastagem sobre a macrofauna edfica
no municpio de Trs Passos - RS
Bruno Rafael da Silva(1)
; Diego Armando Amaro da Silva(2)
; Vitor Hugo Gomes Passos(1)
;
Natielo Almeida Santana(2)
; Danni Masa da Silva(3)
; Rodrigo Josemar Seminoti Jacques(4)
Zaida Ins Antoniolli(4)
(1)Estudante do curso superior de Tecnologia em Gesto Ambiental; Universidade Estadual do Rio Grande do Sul - UERGS; Rua
Almirante Tamandar, 197, Trs Passos - RS, 98600-000; [email protected]; (2)Estudantes do curso superior em
Agronomia; Universidade Federal de Santa Maria - UFSM; (3)Professora da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul - UERGS e
Doutoranda em Cincias do Solo do Programa de Ps-Graduao em Cincia do Solo da Universidade Federal de Santa Maria
UFSM; (4)Professor(a) Doutor(a) da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM;
RESUMO O estudo da macrofauna do solo fornece o
indicativo da qualidade do ambiente edfico, uma vez que
estes organismos so sensveis s mudanas no uso e no
manejo do solo. Desta forma, avaliar o impacto de
mudanas no ambiente sobre as populaes edficas
torna-se importante para o manejo do solo e o emprego de
prticas que favoream a funcionalidade e a produtividade
dos ecossistemas. O objetivo deste trabalho foi analisar os
efeitos do uso do solo e de dejetos sunos em pastagem
sobre a diversidade e abundncia da macrofauna do solo
em um Latossolo Vermelho no Planalto gacho. O
trabalho foi conduzido no municpio de Trs Passos, RS,
com trs tratamentos: rea de pastagem com uso de
dejetos sunos a 14 anos (A1), rea de pastagem com uso
de dejetos a 2 anos (A2) e mata nativa (MN) e trs
repeties. A macrofauna foi avaliada de acordo com o
mtodo Tropical Soil Biology and Fertility. Os grupos
taxonmicos mais abundantes em ordem decrescente
foram Hymenoptera, Anellida e Isoptera. O tratamento
com maior abundncia foi o A1, e juntamente com o MN
foi tambm o que apresentou maior riqueza,
demonstrando que tanto quanto o uso do solo, quanto o
uso de dejetos sunos afetam a macrofauna do solo, e
evidenciando que o uso de dejetos sunos em longo prazo
possibilita uma maior ocorrncia de organismos, assim
como uma maior riqueza de organismos no solo.
Palavras-chave: diversidade, riqueza, macrofauna
edfica, adubao orgnica.
INTRODUO - O estudo de solo uma rea cada vez
mais pesquisada e mais oportuna dentro da rea da
Agronomia, a demanda de pesquisas e investimentos
nessa rea requer sempre ateno. O solo um fator
essencial para existncia de vida na terra, pois alm de
sua funo principal que absorver e liberar nutrientes
para as culturas cultivadas, o solo abriga uma grande
variedade de organismos, e esse organismos so capazes
de modificar suas caractersticas qumicas, fsicas e
biolgicas (Giller, et al., 1997). Estes organismos tm a
funo de ciclar nutrientes (Decans et al., 2003), e
auxiliar na manuteno do equilbrio biolgico do solo. A
atividade biolgica do solo influenciada por diversos
fatores que mostram sua situao, esses fatores so
temperatura, textura, umidade, quantidade e a qualidade
da matria orgnica, pH. Com esses fatores influenciando
na macrofauna do solo, a fauna edfica possui uma grande
funo de bioindicadora de sua qualidade (Rovedder et
al., 2009).
Na regio noroeste do Rio Grande do Sul, a
suinocultura uma atividade bastante explorada pelo bom
retorno comercial, porm seus dejetos podem ser um
grande problema ambiental, ou soluo para os diferentes
sistemas de cultivo. comprovado que os dejetos de
sunos possuem grande valor benfico ao solo quando
usado em dosagem correta. A adio resduos orgnicos
tambm influenciam na fauna do solo, pois tem
importante papel nos processos do ecossistema no que
concerne ciclagem de nutrientes e estrutura do solo, pois
responsvel pela fragmentao dos resduos orgnicos,
mistura das partculas minerais e orgnicas, redistribuio
da matria orgnica, alm de produzir "pellets fecais"
(Hendrix et al., 1990; Baretta et al., 2007). Contudo, o
conhecimento dos grupos funcionais da macrofauna do
solo de reas utilizadas pelo homem pode fornecer
informaes sobre o impacto gerado no solo, a partir da
excluso de um ou mais organismos edficos.
Este estudo objetivou analisar os efeitos do uso
do solo e de dejetos sunos como adubo orgnico em
pastagem sobre a diversidade e abundncia da
macrofauna do solo em um Latossolo Vermelho no
Planalto gacho.
MATERIAL E MTODOS - Foi desenvolvido um
experimento em uma rea com cultivo de pastagem em
uma propriedade rural do municpio de Trs Passos no
Estado do Rio Grande do Sul. O solo do estudo foi
identificado como Latossolo Vermelho, onde foram
consideradas trs reas, sendo elas: pastagem de Azevm
em rea com uso de dejetos sunos 14 anos (A1),
pastagem de capim Tifton em rea com uso de dejetos
sunos 2 anos (A2) e mata nativa (MN).
A macrofauna foi avaliada de acordo com o
mtodo proposto pela Tropical Soil Biology and Fertility
(TSBF) (Anderson & Ingram, 1993). Foram delimitados
para cada tratamento 3 blocos de solo de 25 cm x 25 cm x
20 cm de profundidade e coletados com auxlio de uma
mailto:[email protected]
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
2
p. Os blocos foram armazenados em sacos plsticos e
encaminhados para triagem manual e posterior
identificao dos organismos. Os organismos vistos na
retirada dos blocos foram armazenados em frascos
contendo soluo lcool 70% + glicerina 5% e
encaminhados para identificao em laboratrio.
Em seguida, a macrofauna edfica foi avaliada
quantitativamente atravs da abundncia das ordens
conforme Gallo et al. (1988), e quantitativamente, atravs
da riqueza e ndices de dominncia de Simpson (Is) e de
diversidade de Shannon (H), usando o software BioDap.
O ndice de Simpson expressa a probabilidade de dois
indivduos de uma mesma comunidade pertencerem a
mesma espcie, variando de 0 a 1, quanto mais alto sendo
o valor, maior a dominncia de uma espcie sobre as
demais (Uramoto et al.; 2005). O ndice de Shannon
reflete a incerteza de apanhar ao acaso um indivduo da
mesma espcie, e pode variar de 0 a 5, havendo maior
diversidade de organismos quanto mais alto o ndice
(Krebs, 1999). Foi feita anlise de varincia nos dados de
abundncia, riqueza e ndices de diversidade onde foi
feito teste t de Student, ao nvel de 5% de probabilidade,
usando o usando o software Assistat.
O ndice de diversidade de Shannon definido
como: H = - (pi log pi), onde: pi = ni/N; ni = densidade
de cada ordem; N = nmero total de indivduos do grupo.
O ndice de dominncia de Simpson definido como: Is =
ni (ni 1)/N(N-1), onde: ni = densidade de cada ordem;
N = nmero total de indivduos do grupo.
RESULTADOS E DISCUSSO - O tratamento A1
apresentou o maior nmero de organismos coletados (308
indivduos), seguido pelo tratamento MN (202
indivduos) e por ltimo, o tratamento que apresentou
menor abundncia de organismos que foi o tratamento A2
(77 indivduos), evidenciando os efeitos benficos do uso
de dejetos sunos a longo prazo (Tabela 1). Os
tratamentos A1, A2 (porm, com menor intensidade) e
MN apresentaram dominncia da ordem Hymenoptera,
que totalizou quase 50 % dos organismos coletados. Isto
se deve provavelmente pela proximidade das reas, uma
vez que as formigas possuem elevada mobilidade,
transitando de uma rea para outra (Arajo et al., 2010).
Outros autores tambm observaram que o grupo
Hymenoptera foi o de maior densidade (Correia et al.,
2009; Arajo et al., 2010). Porm no se deve relacionar a
alta abundncia de himenpteros somente com prejuzos
silvicultura, pois a maioria dos organismos coletados no
so desfolhadoras, sendo consideradas de fundamental
importncia para manuteno da qualidade do solo
(Lavelle & Spain, 2001). Alves et al. (2006) encontrou
valores semelhantes em reas com diferentes sistemas de
uso do solo, sobretudo nos tratamentos com maior
revolvimento do solo e menor aporte de resduos vegetais
na sua superfcie.
Tabela 1. Densidade total da macrofauna do solo, ndices
de diversidade de Shannon (H) e dominncia de Simpson
(Is) nos tratamentos analisado, mdia de trs repeties.
Grupo rea Total por
grupo A1 A2 MN
Anellida 35 29 12 75
Araneae 6 5 11 22
Blattodea - - 1 1
Chilopoda 4 4 10 17
Coleoptera 9 7 2 18
Dermaptera 2 - 2 4
Diplopoda 2 - - 2
Diptera 11 4 2 17
Gastropoda - - 15 15
Hemiptera 2 4 2 7
Hymenoptera 221 13 87 320
Isopoda 5 2 6 13
Isoptera 10 8 52 70
Orthoptera 1 1 - 2
Abundncia 308a 77a 202a
Riqueza 12a 10a 12a
H 1,14a 1,91a 1,69a
Is 0,53a 0,19a 0,26a
A1 = rea de pastagem com uso de dejetos sunos 14 anos, A2 = rea de pastagem com uso de dejetos sunos 2 anos, MN = mata nativa.
mdias seguidas pela mesma letra no diferem estatisticamente entre si,
pelo teste t, de Student, a 5% de erro.
No teste estatstico aplicado, os dados no
diferiram estatisticamente provavelmente devido a alta
variao no nmero de indivduos dos grupos coletados
dentro dos tratamentos, e devido ao mtodo TSBF usarem
poucas repeties nas coletas. Cabe tambm ressaltar que
neste presente trabalho de pesquisa, esto sendo utilizados
outros trs mtodos de coleta da fauna do solo, que sero
usadas em conjunto com mais esta coleta em uma anlise
multivariada dos dados.
Na A2 identificou-se um predomnio do filo
Anellida, provavelmente devido a grande quantidade de
resduos orgnicos que a rea possui, assim como na A1
proporcionando tambm um grande nmero de
organismos por m.
A ordem Isoptera apresentou um grande nmero
de exemplares (52 indivduos) na MN, principalmente
quando comparado as reas de pastagem, resultado
condizente aos de Silva et al. (2012). Segundo Gassen
(1992), isto deve-se a essas espcies subterrneas viverem
sob resduos orgnicos e so afetadas pela cobertura
vegetal e pelas prticas culturais, como desmatamento e
os manejos culturais.
Outro fato que merece destaque o grande
nmero de organismos da ordem Gastropoda no MN, e
sua ausncia nas reas de pastagem. Esta ordem encontra-
se normalmente debaixo de pedras ou associados com
plantas de hortas, jardins e sementeiras, em um ambiente
constantemente mido (Costa, 1958).
Os ndices de diversidade de Shannon e de
dominncia de Simpson foram afetados pelos diferentes
usos e manejos do solo. Os tratamentos MN e A2 foram
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
3
os que apresentaram maiores ndices de Shannon e os
menores ndices de Simpson, mostrando ser o tratamento
com maior diversidade de organismos. Porm o
tratamento A2 apresentou um baixssimo nmero de
organismos coletados quando comparado aos outros
tratamentos, sendo que na A1, onde h o uso de dejetos
sunos a 14 anos, apresentou 4 vezes mais organismos.
Outro fato que favorece o uso de dejetos sunos a um
longo prazo, que nesta rea houve uma riqueza de
organismos menor quando comparada a rea com uso de
dejetos a mais tempo (10 e 12 grupos distintos coletados),
assim como quando comparado a MN (12 grupos
coletados).
CONCLUSES A macrofauna edfica afetada pelos
diferentes usos do solo, assim como o uso de dejetos
sunos a mais ou menos tempo ou seu no uso no Planalto
gacho.
O uso de dejetos sunos em longo prazo
possibilita um aumento na qualidade do ambiente edfico.
O uso da macrofauna edfica como indicador de
qualidade do solo foi eficiente nos ambientes testados.
AGRADECIMENTOS - Agradecemos a famlia Rache,
proprietrios da rea utilizada neste estudo, pela
receptividade, pela ateno, e por nos ceder gentilmente o
espao para realizao das coletas.
REFERNCIAS ALVES, M.V.; BARETTA, D. & CARDOSO, E.B.J. Fauna
edfica em diferentes sistemas de cultivo no estado de So
Paulo. R. Ci. Agrovet., 5:31-41, 2006.
ANDERSON, J. M.; INGRAM, J. S. I. Soil fauna. In: Tropical
soil biological and fertility: A Handbook of methods. 2. ed.
Wallingford: C. A. B. International, 1993. p. 44-46.
ARAJO, L. H. A. et al. Macrofauna edfica sob diferentes
ambientes em latossolo da regio agreste. In: IV Congresso
Brasileiro de Mamona e I Simpsio Internacional de
Oleaginosas Energticas, 2010. Anais. Joo Pessoa, CBM, 2010.
BARETTA, D.; BROWN, G.G.; JAMES, S.W. & CARDOSO,
E.J.B.N. Earthworm populations sampled using collection
methods in Atlantic Forests with Araucaria angustifolia. Sci.
Agric., 64:384-392, 2007.
CORREIA, K. G. et al. Macrofauna edfica em trs diferentes
ambientes na regio agreste paraibana, Brasil. Engenharia
Ambiental, Espirito Santo do Pinhal, v. 6, p.206-213, 2009.
COSTA, R. G. Alguns insetos e outros pequenos animais que
danificam plantas cultivadas no Rio Grande do Sul. SIPA, Porto
Alegre, 1958.
DECANS, T. et al. Impacto del uso de la tierra em la
macrofauna del suelo de los Llanos Orientales de Colmbia. In:
JIMNEZ, J.J.; THOMAS, R.J. (Ed.). El arado natural: las
comunidades de macroinvertebrados del suelo en las savanas
neotropicales de Colombia. Cali: Centro Internacional de
Agricultura Tropical, 2003. p.21-45.
GALLO, D. et al. Manual de entomologia agrcola. 1. ed.
Agronomica Ceres, So Paulo, 1988. 649p.
GASSEN, D. N. Classificao de pragas de solo de acordo com
habitat e com os hbitos alimentares. In: Reunio sobre pragas
subterrneas dos pases do cone Sul, 1992. Anais. Sete Lagoas,
EMBRAPA-CNPMS, 1992. p.209-214.
GILLER, K. E.; BEARE, M. H.; LAVELLE, P. et al.
Agricultural intensification, soil biodiversity and agroecosystem
function. Applied Soil Ecology, 1997. v.6, p.3-16.
HENDRIX, P.F.; et al. Soil biota as components of sustainable
agroecosystems. In: EDWARDS, C.A.; LAL, R.; MADDEN, P.;
MILLER, R.H. & HOUSE, G. Sustainable agricultural systems.
Ankey, Soil and Water Conservation Society, p.637-654, 1990.
KREBS, C. J. Ecological methodology. 2nd ed. Addison Wesley
Longman. USA, 1999. 620p.
LAVELLE, P.; SPAIN, A. V. Soil Ecology. Amsterdam:
Kluwer Scientific Publications, 2001, 654p.
ROVEDDER, A. P. M. et al. Organismos edficos como
bioindicadores da recuperao de solos degradados por
arenizao no Bioma Pampa. Cincia Rural, Santa Maria, v. 39,
n. 4, p.1061-1068, jul. 2009.
SILVA, D. M. et al. Macrofana edfica sob diferentes usos do
solo na regio do rebordo do Planalto Gacho In: XXXIII
Congresso Brasileiro de Cincia do Solo. Anais. Uberlndia,
Sociedade Brasileira de Cincia do Solo, 2012.
URAMOTO, K.; WALDER, J. M. M.; ZUCCHI, R. A. Anlise
quantitativa e distribuio de populaes de espcies de
Anastrepha (Diptera: Tephritidae) no Campus Luiz de Queiroz,
Piracicaba, SP. Neotropical Entomology, Londrina, v. 34, n. 1,
p. 3339, 2005.
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
Influncia de Invertebrados Edficos sobre a Decomposio de Serapilheira em
Eucalipto e Mata Nativa nas Regies Oeste e Planalto de Santa Catarina
Jonas Inkotte(1)
; Sheila Trierveiller de Souza
(1); lvaro Luiz Mafra
(2); Myrcia Minatti
(3);
Deives Girardi(4)
Marcio Gonalves da Rosa(1)
; Eduardo Lucianer(4)
; Dilmar Baretta(5)
Lais
Gervasio Batista(6)
Leticia Scoz Silva(6)
(1)Mestranda(o) do curso de Cincia do Solo; Universidade do Estado de Santa Catarina - Centro de Cincias
Agroveterinrias (UDESC/CAV), Av. Luiz de Cames, 2090 - Conta Dinheiro, Lages/SC/Brasil
([email protected]); (2) Professor do Departamento de Solos e Recursos Naturais da UDESC/CAV);(3)
Engenheira Florestal, Bolsista de Apoio Tcnico Pesquisa do CNPq, Departamento de Solos e Recursos Naturais da
UDESC/CAV; (4) Graduando em Zootecnia da UDESC- Centro de Educao Superior do Oeste (UDESC/CEO), Rua
Beloni Trombeta Zanin, 68 - Bairro Santo Antnio, Chapec/SC/Brasil; (5) Professor da UDESC/CEO. (6)Graduanda em
Engenharia Ambiental da (UDESC/CAV).
RESUMO A fauna exerce papel fundamental na
triturao da serapilheira, favorecendo a decomposio,
sendo estes processos reguladores dos fluxos de energia e
nutrientes nos ecossistemas. O objetivo deste trabalho foi
avaliar composio da fauna associada serapilheira em
diferentes tempos em dois sistemas de uso do solo. Para
avaliao da fauna foram utilizadas quatro bolsas de
decomposio confeccionadas em tela de nylon na malha
de 2mm, dispostas em um reflorestamento de eucalipto
(Reu) e mata nativa (MN), as quais permaneceram
durante cinco meses nos tempos de 15, 30, 60, 90 e 12
dias. O material foi triado manualmente e os indivduos
capturados, fixados em lcool 80% e posteriormente
identificado a nvel de grandes grupos. Pode-se observar
que em todas as reas de estudo a distribuio das
espcies da fauna do solo foi associada ao tempo de
decomposio da serapilheira.
Palavras-chave: serapilheira; biodiversidade; sistemas de
uso do solo.
INTRODUO- A serapilheira constituda a partir da
queda de folhas, galhos e frutos provenientes da
vegetao, que a partir da decomposio pela ao da
fauna, interfere na ciclagem dos nutrientes no solo.
(Sanches et al ,2009) destacam que essa camada
representa o compartimento onde se encontram mais
espcimes, quando comparado ao solo, por proporcionar
habitat apropriado para a maioria dos grupos de
invertebrados edficos (Silva et al., 2012).
As composies qumicas e fsicas bem como a
quantidade de serapilheira depositada podem afetar nas
populaes da fauna do solo. Este fato pode interferir na
ciclagem de nutrientes e consequentemente a fertilidade
do solo (Garcia e Catanozi, 2011). A decomposio de
serapilheira em sistemas naturais ocorre com ativa
participao de microrganismos e invertebrados, sendo
esta atividade condicionada por diversos fatores abiticos,
tais como temperatura e umidade, alm da disponibilidade
e qualidade do material, e da interao entre organismos
(Devi e Singh, 2009).
Dentre os organismos que compem a mesofauna do
solo, os microartrpodes so considerados os organismos
que mais sofrem influncia de rpidas mudanas
climticas e alteraes fsico-qumicas no solo. Acarina e
Collembola representam o maior percentual de artrpodes
no solo, dominando geralmente em abundncia e
diversidade, contribuindo de forma fundamental na
funo detritvora e auxiliando para a decomposio da
serapilheira, bem como no controle de populaes de
microrganismos, em especial os fungos (Devi e Singh,
2009; Melo et al., 2009).
O presente trabalho objetivou avaliar a evoluo de
invertebrados edficos associados decomposio da
serapilheira em plantio de eucalipto e matar nativa nas
regies Oeste e Planalto de Santa Catarina.
MATERIAL E MTODOS- As amostragens ocorreram
ao longo de cinco meses nas regies oeste e planalto no
Estado de Santa Catarina.
As condies de uso do solo avaliadas foram plantio
de eucalipto e mata nativa. A serapilheira utilizada para o
experimento foi coletada previamente e seca em estufa de
circulao forada a temperatura de 60C durante 24
horas, aps a secagem, foram pesadas 20 gramas do
material e transferidos para bolsas confeccionados com
tela de nylon de 2mm de abertura, com dimenses de
15x20cm. Posteriormente o material foi levado para as
reas de estudo, totalizando 20 bolsas em cada local, as
quais permaneceram no campo para avaliar a
decomposio. As coletas foram feitas de forma sucessiva
no intervalo de 15 dias na primeira avaliao e aps, a
cada 30 dias, at 120 dias de avaliao.
As bolsas foram retiradas das reas amostrais e
acondicionadas em sacos plsticos para que no houvesse
perda de fauna associada serapilheira. Posteriormente
foram levadas at o laboratrio para triagem manual, onde
os indivduos capturados foram fixados em lcool 80% e
identificados em nvel de grandes grupos, utilizando
microscpio estereoscpico. Os resultados foram
submetidos anlise multivariada de componentes
principais usando o programa Canoco verso 4.0(Ter
Braak & smilauer, 1988)
RESULTADOS E DISCUSSO- A Anlise de
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
2
Componentes Principais (ACP) em mata nativa (MN)
revelou que alguns grupos especficos como tatuzinhos-
de-jardim (Isopoda) e piolhos-de-cobra (Diplopoda)
seguido de formigas (Hymenoptera:Formicidade), cupins
(Isoptera), caros (Acarina), centopias (Chilopoda)
(Figura 1) foram fortemente associados a primeira coleta
(eixo 1; 19,8%). Outros grupos como aranhas (Araneae),
baratas (Blattodia) e moscas (Diptera)1 no tiveram
relao com tempo de coleta. Isso explicado pelo eixo 2
do grfico que representa 15,2% da variao.
Aparentemente um dos motivos destes organismos no
estarem diretamente ligados a serapilheira seja pelo fato
de serem organismos de vida livre, sem organizao
social e, algumas vezes, atuando como predadores, como
o caso das aranhas.
Figura 1. Anlise de Componentes Principais(ACP) em Mata
Nativa(MN). Aca=Acarina; Ara=araniae; Blata=Blatdea;
Collem=Collembola; Coloep=Coleptera; Derma=Dermaptera;
Diplo=Diploptera; Formi=Formicidaea; Hemip=Hemiptera;
Hym=Hyminoptera; Isop=Isoptera; Molu=Mollusca;
Pseu=Pseudoscorpionidea;
1 O grupo Dptera no faz parte da fauna edfica, no
entanto a ocorrncia deste grupo foi constatada talvez
pelo fato da serapilheira constituir um nicho trfico
Figura 2. Anlise de Componentes Principais(ACP) em
Reflorestamento de Eucalipto (Reu). Aca=Acarina; Ara=araniae;
Blata=Blatdea; Collem=Collembola; Coloep=Coleptera;
Derma=Dermaptera; Diplo=Diploptera; Formi=Formicidaea;
Hemip=Hemiptera; Hym=Hyminoptera; Isop=Isoptera;
Molu=Mollusca; Pseu=Pseudoscorpionidea;
Para o reflorestamento de eucalipto (Reu) a associao
da fauna serapilheira foi mais evidente para alguns
grupos como formigas (Hymenoptera:Formicidae), caros
(Acarina), tesourinhas (Dermaptera), especialmente na
primeira poca de coleta (eixo 1; 15,9%)(Figura 2.).
Outros grupos tiveram relao com a poca de coleta,
para o estabelecimento de suas comunidades na
serapilheira (eixo 2; 13,9%).
Analisando o acmulo de espcies foi possvel
visualizar que ao longo do tempo ocorreu uma maior
estabilizao na estrutura das comunidades ligadas
decomposio da serapilheira (Figura 3 e 4).
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
3
Houve predomnio de Collembola nos dois
tratamentos, seguido da famlia Formicidade
(Hymenoptera) em MN e Araneae em Reu (Figura 5).
Figura 3. Frequncia absoluta total de cada grupo nas reas de
Mata Nativa(MN) e Reflorestamentos de Eucalipto(Reu);
independente da regio.
CONCLUSES Observo no plantio de eucalipto e na
mata nativa, nas duas regies, que a distribuio das
espcies de invertebrados do solo est associada ao tempo
de decomposio da serapilheira. Outras variveis sero
adicionadas avaliao, como teores de lignina e celulose
na biomassa e variveis ambientais (temperatura e
umidade), s quais sero relacionadas com as taxas de
decomposio da serapilheira.
.
REFERNCIAS
DEVI, S.; SINGH, B. Leaf litter decomposition, abiotic factors
and population of micro-arthropods in a sub-tropical forest
ecosystem, Manipur, North East India. Internetional journal of
ecology and enviromental Sciences. 35 (4): 365-368, 2009.
GARCIA, D.V.B.; CATANOZI, G. Anlise de macrofauna de
solo em rea de mata atlntica e de reflorestamento com Pinus
sp zona sul de So Paulo Rev. Ibirapuera, So Paulo, n. 2, p.
10-14, jul./dez, 2011.
MELO, F.V. et al. A importncia da meso e macrofauna do
solo na fertilidade e como biondicadores. Boletim Informativo
da SBCS janeiro abril, 2009.
SANCHES, L. et al. Dinmica sazonal da produo e
decomposio de serrapilheira em floresta tropical de transio.
Revista Brasileira de Engenharia Agrcola e Ambiental v.13,
n.2, p.183189, 2009.
SILVA, J. ; JUCKSCH, I. ; TAVARES, R. C. Invertebrados
edficos em diferentes sistemas de manejo do cafeeiro na Zona
da Mata de Minas Gerais. Rev. Bras. de Agroecologia. 7(2):
112-125, 2012.
TER BRAAK, C.J.F. & SMILAUER, P. CANOCO reference
manual and users guide to Canoco for Windows: Software for
canonical community ordination(version 4). New York.
Microcomputer Power, 1988.
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
Figura 4. Acmulo de espcies em relao ao tempo em Reflorestamento de Eucalipto (Reu), independente da regio.
Figura 5. Acmulo de espcies em relao ao tempo em Mata Nativa(MN), independente da regio.
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
UTILIZAO DE RESDUOS DAS VINCOLAS DA REGIO DA
CAMPANHA NA PRODUO DE VERMICOMPOSTO
Ana Cludia Kalil Huber(1)
; Rosete Aparecida G. Kohn(2)
; Marcelo Lopes Nunes(3)
; Willian
Prates de Ramos(4)
(1) Prof. Dr., Eng. Agrnoma, Centro de Cincias Rurais, URCAMP; Tupy Siveira 2099, Bag, RS, 96400-110. email:
[email protected], (2) Prof. M.Sc.,Eng. Agrnoma, Centro de Cincias Rurais, URCAMP, Bag, RS; (3) Prof. Dr., Eng.
Agrnomo Faculdade Inovao, FAI, Caxias do Sul, RS; (4)Aluno de Graduao de Agronomia, Centro de Cincias Rurais,
URCAMP, Bag, RS.
RESUMO Os resduos urbanos e agroindustriais
constituem em alternativa interessante para a substituio
de estercos, embora a maioria destes apresente baixa
fertilidade natural e necessite de transformao prvia
para aplicao no campo. A vermicompostagem tm
contribudo para a otimizao do aproveitamento de
resduos orgnicos gerados em propriedades de base
familiar. Considerando o crescimento da indstria
vincola da Regio da Campanha, este trabalho teve como
objetivo a utilizao de resduos gerados por esta
agroindstria para produo de vermicomposto. O
experimento foi realizado no minhocrio do Centro de
Cincias Rurais, URCAMP, Bag, RS, no perodo de 11
de agosto a 17 de novembro de 2011. Os diferentes
resduos orgnicos foram acondicionados em 30 vasos
com capacidade de 4kg cada, perfazendo cinco
tratamentos e seis repeties por tratamento. Foram
adicionadas 50 minhocas Eisenia andrei, adultas em cada
vaso do experimento. Os resduos orgnicos utilizados
foram: esterco de bovino leiteiro e subproduto da
vinificao nos seguintes tratamentos: T1 100% Esterco
de bovinos; T2 75% Esterco de bovinos e 25% casca de
uva; T3 50% Esterco de bovinos e 50% casca de uva;
T4 25% Esterco de bovinos e 75% casca de uva; T5
100% casca de uva. As anlises qumicas foram
determinadas no Laboratrio de Qumica do Solo da
UFPel, Pelotas. Podemos concluir que vivel a
utilizao dos resduos das vincolas para produo de
vermicomposto na Regio da Campanha. A casca de uva
enriquece a constituio qumica do vermicomposto
elevando os teores de Nitrognio, Potssio, Clcio e
Magnsio.
Palavras-chave: minhocas, vermicomposto, vinificao.
INTRODUO- A vitivinicultura (produo de uvas,
vinhos e seus derivados) uma atividade que remonta a
milhares de anos, sendo sua prtica historicamente
vivenciada nas diferentes regies do globo terrestre. O
Brasil teve a introduo de videiras em seu territrio no
sculo XVI. No Rio Grande do Sul, a prtica vitivincola
viria a se constituir, nas dcadas finais do sculo XIX, em
uma atividade de importncia econmica e social,
sobretudo a partir da experincia dos imigrantes italianos
que se instalaram principalmente na regio nordeste deste
estado. No decorrer das dcadas iniciais do sculo XX, a
atividade continuaria sua escala de desenvolvimento, com
o incio da implantao de uma legislao governamental
e a chegada de enlogos estrangeiros. Tais especialistas
vieram auxiliar no aprimoramento tcnico das
agroindstrias que iam sendo criadas, alm de aumentos
expressivos na produo e comercializao dos produtos
da cadeia. Atualmente, o cenrio da vitivinicultura gacha
permite constatar que a atividade permanece como uma
das mais importantes para a economia do estado rio-
grandense, principalmente quando se observa o nmero
de pessoas empregadas na cadeia, o valor dos impostos
gerados, as exportaes realizadas e o dinamismo direto e
o correlato proporcionado por esta atividade (AGEVIN,
2012).
Os resduos urbanos e agro-industriais constituem
em alternativa interessante para a substituio de estercos,
mesmo que parcialmente, por serem baratos e abundantes,
embora a maioria destes apresente baixa fertilidade
natural e necessite de transformao prvia para aplicao
no campo. Uma gama de outros produtos, tambm poder
ser encontrada no mercado e serem usados como o caso
dos humatos, da farinha de peixe, guano (resduos de aves
marinhas) entre outros (MORSELLI, 2007).
A regio da Campanha fica localizada na "Metade
Sul do Estado", atualmente com aproximadamente 1.500
ha consolidou-se como produtora de vinhos finos na
dcada de 1980 a partir de um Projeto implantada por
uma empresa multinacional no municpio de Santana do
Livramento, na fronteira com o Uruguai. J na Serra do
Sudeste, a vitivinicultura veio a ganhar importncia
econmica mais recentemente a partir de investimentos
efetuados por vincolas localizadas na Serra Gacha. Em
ambos os plos produtores so cultivadas exclusivamente
castas de Vitis vinifera. A produtividade dos vinhedos na
regio situa-se entre 8 e 12 t/ha, dependendo da cultivar e
das condies climticas da safra (IBRAVIN, 2012).
Conforme Silva (2002), os subprodutos representam
cada vez mais um interesse acrescido do ponto de vista e,
principalmente, econmico. Esta importncia torna-se
ainda mais relevante quando um setor tem elevado peso
na economia de um pas, como o setor vitivincola. Os
subprodutos da vinificao caracterizam-se como sendo: o
bagao, as grainhas, o folhelho, o engao, as borras e o
sarro; da sua industrializao surgem diversos produtos,
destacando-se a aguardente, o lcool etlico e o cido
mailto:[email protected]
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
2
tartrico. O tratamento de subprodutos agrcolas est a
merecer cada vez maior ateno, tendo em vista o seu
aproveitamento, a despoluio do ambiente e, em
numerosos casos, e sempre que possvel, com ambas as
finalidades e que para produzir 100 litros de vinho branco
obtm-se 31,17kg de subprodutos, e 25kg para o mesmo
volume de vinho tinto.
Vermicomposto o produto da ao dos
microrganismos em resduos orgnicos, contando com o
auxlio das minhocas, como forma de apressar o processo
de decomposio, denominado Vermicompostagem.
Apresenta propriedades fsicas, qumicas e biolgicas
capazes de auxiliar no bom desempenho das culturas
(MORSELLI, 2000). Considerando o crescimento da
indstria vincola da Regio da Campanha, este trabalho
teve como objetivo a utilizao de resduos gerados por
esta agroindstria para produo de vermicomposto.
MATERIAL E MTODOS- O projeto foi desenvolvido
na Faculdade de Agronomia, Centro de Cincias Rurais,
localizado na Universidade da Regio da Campanha, no
municpio de Bag, Rio Grande do Sul. O experimento foi
realizado no Minhocrio Didtico do Centro de Cincias
Rurais, URCAMP no perodo de 11 de agosto a 17 de
novembro de 2011, totalizando 96 dias de
vermicompostagem dos resduos orgnicos. Logo aps a
prensagem das cascas de uva da cultivar Cabernet
Sauvignon oriundas do Laboratrio de Microvinificao
da URCAMP, Bag, RS, estas foram acondicionadas num
galpo sob uma lona preta para evaporao do lcool por
sessenta dias. Os diferentes resduos orgnicos foram
acondicionados em 30 vasos com capacidade de 4kg
cada, levando em considerao a densidade de cada
material, perfazendo cinco tratamentos e seis repeties
por tratamento. Foram adicionadas 50 minhocas Eisenia
andrei, adultas e cliteladas (pesando individualmente de
400mg a 600mg) em cada vaso do experimento. Os
resduos orgnicos utilizados foram: esterco de bovino
leiteiro (Centro de Cincias Rurais- URCAMP) e
subproduto da vinificao, casca de uva (Laboratrio de
Microvinificao da URCAMP). Foram aplicados os
seguintes tratamentos: T1 100% Esterco de bovinos; T2
75% Esterco de bovinos e 25% casca de uva; T3 50%
Esterco de bovinos e 50% casca de uva; T4 25%
Esterco de bovinos e 75% casca de uva; T5 100% casca
de uva. Os mtodos utilizados para as determinaes dos
vermicompostos, foram os recomendados por Tedesco et
al, (1995), e as anlises realizadas no Laboratrio de
Qumica e Fertilidade do Solo do Departamento de Solos
da FAEM/UFPel.
RESULTADOS E DISCUSSO - Os parmetros
avaliados nos vermicompostos esto apresentados na
(tabela 1) e encontram-se dentro das normas do decreto
federal n 86.955 de 1982 do Ministrio da Agricultura
Pecuria e Abastecimento MAPA (BRASIL, 2012),
Instruo Normativa n25/2009, que determina para
composto orgnico os seguintes parmetros: C, N, pH e
umidade. Estes devero apresentar os seguintes valores
mnimos: 40%; 1 %; 6 e 40 % respectivamente e C/N
mxima 18/1.
Conforme Morselli (2007), pela classificao e
interpretao dos dados de anlise de material
compostado (humus), a varivel pH encontrada nos
tratamentos variaram de 6,7 a 7,7, teores de bom a timo
respectivamente, aumentando seu valor com o aumento
da concentrao de casca de uva. A relao C:N variou
entre 8:1 a 15:1 e nos tratamentos T1 e T2 foram
classificados como bom e nos tratamentos T3, T4 e T5 foi
classificado como timo. O teor de Nitrognio est
dentro do teor mnimo e mximo, 1,7% e 5,0%. Para os
teores de fsforo os teores variaram de 8,62 a 10,63%,
sendo que todos os tratamentos foram classificados como
alto. O nutriente Potssio ficou entre 0,92 a 6,17%, e teve
seus teores aumentados medida que a concentrao de
casca de uva foi acrescida, passando de baixo para alto.
Para o elemento Clcio os valores ficaram entre 1,15 a
2,33%, ficando classificados como baixo e mdio,
respectivamente, onde houve um acrscimo dos valores
no tratamento at 75% de casca de uva e um decrscimo
com 100% de casca de uva. Para o nutriente Magnsio os
valores ficaram entre 0,89 a 1,69%, sendo classificado
como baixo e mdio respectivamente, diminuindo o teor
de magnsio com 100% de concentrao de casca de uva.
Para os elementos enxofre, cobre e boro, os valores
aumentaram a medida que as concentraes de casca de
uva se elevaram. Os elementos zinco, ferro e mangans
diminuram a medida que aumentou os teores de casca de
uva. Para o elemento sdio, este no mostrou diferena
nos teores, se manteve constante em todos os tratamentos.
Segundo Holanda (1990), uma ampla faixa de
nutrientes entre os diferentes estercos como, por exemplo,
bovinos de corte (nitrognio de 1,80 a 3,70%; fsforo de
0,42 a 1,03% e potssio de 0,61 a 2,50%), bovinos de
leite (nitrognio de 1,84 a 5,60%; fsforo de 0,44 a 1,02%
e potssio de 0,57 a 4,20%) e sunos (nitrognio de 2,0 a
4,50%; fsforo de 0,40 a 1,58% e potssio de 1,58 a
3,59%), o que pode ser evidenciada para os elementos
qumicos estudados, com exceo do fsforo.
Por outro lado, o valor de pH dos
vermicompostos esto de acordo com o valor mnimo
(pH=6,0) recomendado pela Instruo Normativa
N25/2009. Valente et al. (2009) ressaltam que se o pH
aumenta, como resultado da absoro do CO2 pelos
micro-organismos, o equilbrio move-se para produo de
CO3-. Alm disso, as glndulas calcferas das minhocas
possuem anidrase, que catalisa a fixao de CO2 em
CaCO3, reduzindo a acidez do substrato.
Os elementos Nitrognio e Potssio apresentam
valores acrescidos a medida que a relao Casca de
Uva/Esterco aumenta, o que sugere este primeiro
substrato maior quantidade destes elementos em sua
composio. Segundo Garg et al. (2006) o potssio o
ction que predomina no mosto, tornando-se mais solvel
a medida que ocorre a maturao da uva.
Os valores mais elevados da relao C/N,
verificaram-se para os tratamentos com maior percentual
de esterco. Isso explica o fato de que grande parte de resto
de frutas, serem ricas em Nitrognio, enquanto os
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
3
resduos de estercos so ricos em Carbono (NUNES e
SANTOS, 2009).
Garg et al. (2006), tambm observaram um
aumento no teor de Clcio na vermicompostagem de
resduos industriais, e relataram que no processo de
vermicompostagem, governado pelas minhocas e pelos
micro-organismos, ocorre a transformao do Clcio da
forma imobilizada para formas livres, resultando em
acrscimos de Clcio disponvel no vermicomposto
produzido. No processo de vermicompostagem, alm de
outros minerais, o Magnsio tambm transformado da
forma orgnica imobilizada, para formas inorgnicas
disponveis, devido a ao de microrganismos e de
enzimas presentes no tubo digestrio das minhocas e no
substrato.
Na figura 1, pode-se verificar que os teores de
cobre e zinco, apresentaram um gradiente antagnico, nos
tratamentos de T1 a T5, onde o cobre apresentou valores
crescentes com o incremento do resduo da casca da uva,
enquanto que o inverso ocorreu para os teores de zinco.
Fato este que dever estar relacionado possibilidade de
resduos de produtos agroqumicos contendo cobre, j
que, por natureza este elemento apresenta teores
extremamente baixos em frutferas. (HEWITT, E.J. e
SMITH, T.A., 1975; MALAVOLTA, et. al., 1989).
muito comum a presena de zinco no esterco
suno, mas no esterco bovino, poder ter tido outra
origem.
Com relao ao comportamento do ferro e
mangans (figura 2), normal haver um gradiente em
comum, com comportamentos iguais, pois so elementos
que esto muito presente em xidos e isso favorece um
desempenho similar, entretanto a elevada presena deles
em maior quantidade no esterco, devera estar relacionado
a presena de xidos de ferro e mangans no solo e a
maior assimilao por parte das plantas que compe a
pastagem bovina.
CONCLUSES Podemos concluir, que vivel a
utilizao dos resduos das vincolas, comprovado pelo
importante contribuio deste material como fonte de
enriquecimento da constituio qumica do
vermicomposto, evidenciado pelos elevados teores de
Nitrognio, Potssio, Clcio e Magnsio, assim como,
juntando-se a uma importante iniciativa a pratica de
reciclagem de subprodutos disponveis e de fcil
obteno, na busca de um Desenvolvimento Sustentvel
com a preservao do meio ambiente. Entretanto, e
importante considerar que a utilizao destes dois
subprodutos (esterco bovino e resduos vincolas) em
conjunto, podero trazer uma contribuio qumica
importantes para os solos e culturas.
AGRADECIMENTOS- a Universidade da Regio da
Campanha, Bag, RS, pela bolsa PIBIP.
REFERNCIAS
BRASIL. Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.
Instruo Normativa n25, de 23 de julho de 2009. Dispe sobre
as especificaes e as garantias, as tolerncias, o registro, a
embalagem e a rotulagem dos fertilizantes orgnicos simples,
mistos, compostos, organominerais e biofertilizantes destinados
agricultura. Disponvel em
Acesso em 21 de ago. 2012.
GARG, P. et al. Vermicomposting of different types of waste
using Eisenia foetida: A comparative study. Bioressource
Technology, 97:391-395, 2006.
HEWITT, E.J. e SMITH, T.A. Plant mineral nutrition.London,
English University Press, 1975. 298p.
HOLANDA, J.S. Esterco de curral: Composio, preservao e
adubao. Natal, EMPARN, 17:69, 1990.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C. & OLIVEIRA, S.A.
Avaliao do estado nutricional de plantas. Piracicaba,
POTAFOS, 1989. 201p.
MORSELLI, T. B. G. A. Resduos orgnicos em sistemas
agrcolasPolgrafo: PPGA/PPGSPAF UFPel. Universidade
Federal de Pelotas, 2007. 227p.
MORSELLI, T.B.A. Vermicultura e Vermicompostos
Processo e aplicaes. Projeto apresentado no Curso de Ps-
graduao em Agronomia rea Produo Vegetal. Exame de
Qualificao. Universidade Federal de Pelotas. 2000.70p.
NUNES, M. U. C.; SANTOS, J. R. Alternativas tecnolgicas
para o aproveitamento de resduos de coqueiro gigante para
produo de adubo orgnico; compostagem e outras. In:
CINTRA, F. L. D.; FONTES, H.R.; PASSOS, E. E. M. et al.
Fundamentos tecnolgicos para a revitalizao das reas
cultivadas com coqueiro gigante no nordeste do Brasil. Aracaju:
Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2009. P. 127-144...
SILVA, L.R. Aproveitamento de subprodutos da vinificao.
ESAV. Viseu, 2002.
TEDESCO, M. J.et al. Anlises de solo, plantas e outros
materiais. Porto Alegre: Faculdade de Agronomia.
Departamento de Solos Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. RS, 1995.174p.
VALENTE, B. S. et al. Fatores que afetam o desenvolvimento
da compostagem de resduos orgnicos. Archivos de Zootecnia,
58:59-85, 2009.
ASSOCIAO GACHA DE ENGARRAFADORES.
AGEVIN. Disponvel em:
.
Acesso em: 24de mai. 2012.
INSTITUTO BRASILEIRO DO VINHO. IBRAVIN.
Disponvel em:
. Acesso
em: 15de jul. 2012.
http://www.agricultura.gov.br/http://www.vinhosdobrasil.com.br/vinhos_regioes_rs.phphttp://www.ibravin.com.br/regioesprodutoras.php
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
4
Tabela 1. Teores de pH, relao C:N, nitrognio, fsforo, potssio, clcio e magnsio nos diferentes substratos.
substratos. URCAMP, 2012.
Tratamento pH C:N N P K Ca Mg
(%) (%) (%) (%) (%)
T1 6,7 15:1 2,31 10,47 0,92 1,15 0,98
T2 6,09 13:1 2,71 10,63 2,20 2,54 1,69
T3 6,53 11:1 3,43 10,54 2,33 2,03 1,47
T4 6,68 8:1 4,37 10,52 4,06 2,33 1,64
T5 7,69 8:1 4,91 8,62 6,17 1,45 0,89 T1 (100% de esterco bovino), T2 (25% casca de uva e 75% esterco bovino), T3 (50% casca de uva e 50% esterco bovino),
T4 (75% casca de uva e 25% esterco bovino), T5 (100% casca de uva).
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
T1 T2 T3 T4 T5
Tratamentos
Cu
e Z
n (
mg
/kg
)
0
20
40
60
80
100
120
B (
mg
/kg
)
Cu
Zn
B
Figura1. Teor dos elementos cobre (Cu), zinco (Zn) e boro (B) nos diferentes tratamentos. T1 (100% de esterco bovino), T2 (25% casca de uva e 75% esterco bovino), T3 (50% casca de uva e 50% esterco bovino),
T4 (75% casca de uva e 25% esterco bovino), T5 (100% casca de uva).
Figura 2. Teor dos elementos ferro (Fe) e mangans (Mn) nos diferentes tratamentos. T1 (100% de esterco bovino), T2 (25% casca de uva e 75% esterco bovino), T3 (50% casca de uva e 50% esterco bovino),
T4 (75% casca de uva e 25% esterco bovino), T5 (100% casca de uva).
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
Desinfeco e germinao de esporos de fungos micorrzicos arbusculares para o
estabelecimento de culturas in vitro.
Aline de Liz Ronsani(1)
; Ederson Borges do Prado(2)
; Jefferson Dias de Oliveira(3)
; Carla
Cndida Cleto(4)
; Sonia Purin(5)
.
(1,2,3,4) Estudantes do curso de Cincias Rurais, Universidade Federal de Santa Catarina; Rodovia Ulisses Gaboardi km 3 Fazenda
Pessegueirinho; Curitibanos,SC; [email protected]; (5) Professora da Universidade Federal de Santa Catarina; Rodovia
Ulisses Gaboardi km 3 Fazenda Pessegueirinho, Curitibanos,SC; [email protected]
RESUMO Os fungos micorrzicos arbusculares (FMAs)
so componentes da biota do solo que estabelecem
simbiose mutualstica com a maioria das espcies vegetais
de importncia agrcola e florestal. Pelo seu potencial de
aumentar a nutrio e o crescimento vegetal, esses fungos
podem ser utilizados como inoculantes, produzidos na
forma de sistema de vaso ou in vitro. O presente trabalho
teve como objetivo avaliar o efeito do tratamento de
esporos de FMAs com diferentes nveis de antibiticos e
cloramina sobre a germinao e a contaminao de quatro
espcies em condies in vitro. A germinao dos esporos
foi reduzida na maioria das condies testadas.
Entretanto, os tratamentos foram eficientes no controle da
contaminao quando comparados testemunha. Com
base nos dados obtidos, pode-se recomendar as espcies
Rhizophagus intraradices, Claroideoglomus etunicatum e
Gigaspora albida como as mais indicadas para o
estabelecimento de culturas puras in vitro com bom
potencial de germinao e baixa contaminao.
Palavras-chave: micorrizas arbusculares, sistema in
vitro, inoculantes microbianos.
INTRODUO- Os fungos micorrzicos arbusculares
(FMAs) so importantes componentes da biota edfica
que formam simbiose mutualstica com espcies da
maioria das famlias de plantas (Bolan, 1991, Smith &
Read, 1997). Os FMAs, sem exceo, so simbiontes
obrigatrios; eles dependem da simbiose com plantas
compatveis para sua multiplicao. Eles no apresentam
especificidade hospedeira, mas sua capacidade em
promover o crescimento da planta pode variar em razo
do fungo, da planta, e do ambiente (Smith & Gianinazzi-
Pearson, 1988). Isto ocorre devido a diferenas no grau de
infectividade e na eficincia das diferentes espcies de
fungos em promover a absoro de P pelas razes. Dentre
os benefcios da associao micorrzica para as plantas,
pode-se destacar: maior absoro e utilizao de
nutrientes do solo, especialmente o fsforo;
favorecimento da nodulao e fixao de N2 em
leguminosas e reduo de danos causados por
fitopatgenos. Estes benefcios so importantes
principalmente em espcies agrcolas e florestais, e,
portanto, o uso destes fungos na forma de inoculantes
pode significar maior sobrevivncia, melhor nutrio e
consequentemente maior rendimento vegetal (Siqueira et
al., 2002).
Os FMAs podem ser utilizados como inoculantes
principalmente quando so multiplicados em dois
sistemas: vaso e in vitro, que se contrastam no que se
refere pureza e manuteno do material em questo. No
sistema in vitro, possvel obter-se uma cultura livre de
contaminante, ou seja, cultura pura, sendo que os esporos
so tratados com antibiticos que dificultam o
crescimento de bactrias. No sistema em vaso,
microrganismos contaminantes tm um maior
crescimento e proliferao j que os vasos so mantidos
em sistema aberto em casa de vegetao. Outra vantagem
do cultivo in vitro o transporte facilitado pelo seu
tamanho, diferentemente da inoculao em vaso. A
manuteno do fungo possui um nvel de complexidade
menor nas placas de Petri, j que no meio de cultura
existe uma quantidade suficiente de nutrientes que ir
sustentar o ciclo de vida completo do FMA. No caso da
manuteno do sistema em vaso se faz necessria a
atividade cotidiana de irrigao e eventualmente de
fertilizao. Alm disso, os vasos ocupam grande espao
fsico, o que no acontece com as placas, por sua vez
estocadas em uma incubadora. Apesar destas vantagens, o
sistema in vitro pouco difundido, sendo que existem
apenas duas instituies que controlam esta tcnica, uma
localizada na Europa (GINCO, Coleo Internacional de
Glomeromicetos) e outra no Brasil, sob liderana da
EMBRAPA Milho e Sorgo.
Para estabelecer um isolado de FMA em cultura pura
no sistema in vitro, existem diversas etapas a serem
seguidas (Cranenbrouck et al., 2005). Inicialmente, os
esporos (provenientes de sistema de vaso) so coletados e
esterilizados. Em seguida, eles so introduzidos em placas
de Petri contendo meio MSR e incubados at germinao,
que normalmente acontece em um intervalo de at 21
dias. Neste perodo, o eventual material contaminante
(por exemplo, bactrias) removido e so introduzidas
razes geneticamente modificadas de chicria ou cenoura.
A partir desta fase, o fungo inicia a colonizao intra-
radicular e posteriormente observa-se a expanso do
miclio no meio extra-radicular, onde ele esporula. Aps
3-4 meses de cultivo, este material (meio de cultura +
razes + fungo) pode ser utilizado como inoculante em
experimentos de casa de vegetao ou a campo. Percebe-
se, portanto, que a fase crtica para o estabelecimento de
uma cultura desta natureza a desinfeco e germinao
dos esporos. Entretanto existe uma escassez de
informaes literrias sobre como maximizar estes dois
processos em um sistema in vitro. Apenas um protocolo
de desinfeco de esporos foi originalmente publicado por
pesquisadores da GINCO (Cranenbrouck et al., 2005),
sobre o qual so feitas adaptaes por pesquisadores em
IX REUNIO SUL-BRASILEIRA DE CINCIA DO SOLO 08 a 09 de Novembro de 2012 - LAGES-SC
- Resumo expandido -
2
outros laboratrios. Portanto, faz-se necessria a
conduo de trabalhos experimentais que testem
tratamentos de agentes de desinfeco no potencial
germinativo dos FMAs especialmente em isolados
oriundos do Brasil. Assim sendo, o presente trabalho teve
como objetivo testar o efeito de diferentes nveis de
cloramina e antibiticos na ocorrncia de contaminao e
germinao de esporos de quatro espcies de FMAs.
MATERIAL E MTODOS- O presente experimento foi
conduzido no Laboratrio de Microbiologia da
Universidade Federal de Santa Catarina (Campus de
Curitibanos). Foi adotado o fatorial (2 x 2 +1), com os
fatores: dois nveis de cloramina (1 e 2%, p/v) dois nveis
de antibiticos (200 mg de estreptomicina/L + 100 mg
garamicina/L e 100 mg de estreptomicina/L + 50 mg
garamicina/L) e uma testemunha, na qual os esporos
foram tratados com gua destilada. Para cada tratamento,
foram utilizadas 5 repeties. Foram utilizadas as
seguintes espcies de FMAs: Rhizophagus intraradices,
Gigaspora albida, Scutellospora heterogama e
Claroideoglomus etunicatum. Todos os isolados foram
cedidos pela Coleo Internacional de Cultura de
Glomeromy