ANAIS
XXIV SEMANA DA GEOGRAFIA
VI SEMANA DO ENSINO A DISTÂNCIA DA UEPG
XVIII JORNADA CIENTÍFICA DA GEOGRAFIA
XI ENCONTRO DO SABER ESCOLAR E
CONHECIMENTO GEOGRÁFICO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PONTA GROSSA
06 A 11 DE NOVEMBRO DE 2017
XXIV Semana de Geografia – 2017
“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da
ciência geográfica” ISSN 2317-9759
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ANAIS
XXIV Semana da Geografia
VI Semana do Ensino a distância da UEPG
XVIII Jornada Científica da Geografia
XI Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico
ISSN 2317-9759
Ponta Grossa
2017
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Capa
Pedro Crist
Projeto gráfico e diagramação
Pedro Crist
Comissão Técnico-Científica
Prof. Dr. Almir Nabozny
Prof.ª Dr.ª Ana Paula Aparecida Ferreira
Alves
Prof.ª Me. Julio Cesar Botega do Carmo
Prof.ª Drª. Maria Ligia Cassol Pinto
Profª. Drª. Carla Sílvia Pimentel
Prof. Dr. Antonio Liccardo
Prof. Dr. Celbo Antonio Fonseca Rosas
Prof. Dr. Gilson Campos Ferreira da
Cruz
Prof.ª Dr.ª Joseli Maria Silva
Prof. Dr. Leonel Brizolla Monastirsky
Prof. Dr. Isonel Sandino Meneguzzo
Prof. Dr. Marcio Ornat
Prof. Dr. Paulo Rogerio Moro
Prof.ª Dr.ª Silvia Méri Carvalho
Prof. Dr. Alides Baptista Chimin Junior
Prof. Ricardo Letenski
Comissão Organizadora
Docentes
Prof. Me. Pedro Crist
Prof. Me. Mário Cezar Lopes
Discentes
Aline Cristina Bertoni
Amanda Thalia Miranda
Andresa Aparecida Alves Santos
Ariadne Patricia Alves
Camila Priotto Mendes
Cassiano Willian Farias
Diely Cristina Pereira
Evelyn Stocco
Igor Schimidt Cesar
Jessica Liziane Gadotti
Joelma Aparecida Krepel
Luana França
Marcos Marcondes Carneiro
Mariane Rodrigues Muniz
Marianne Louro de Lima
Thiago Felipe Milski
Secretaria
Mariana Fernandes Siqueira
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
Reitor
Carlos Luciano Sant´Ana Vargas
Vice-Reitor
Gisele Alves de Sá Quimelli
SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
Diretor
Luiz Alexandre Gonçalves Cunha
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
Chefe
Celbo Antonio Ramos da Fonseca Rosas
CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
Coordenação
Adriana Salviato Uller
CURSO DE BACHARELADO EM GEOGRAFIA
Coordenação
Sílvia Méri Carvalho
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• SUMÁRIO •
Sumário RESUMOS ...................................................................................................................... 6
O USO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA ............. 7
ESPAÇO E LESBOFOBIA NA CIDADE DE PONTA GROSSA, PARANÁ ............... 8
A CRIAÇÃO DE UMA BASE DE DADOS EM COLÉGIOS DE ENSINO MÉDIO
EM PONTA GROSSA E A GEOCODIFICAÇÃO COM A CRIAÇÃO DE
CARTOGRAMAS COM QUANTUMGIS ..................................................................... 9
BACIAS HIDROGRÁFICAS E O ENSINO DE GEOGRAFIA ................................... 10
O USO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA ENSINO DE GEOGRAFIA ........... 11
IDENTIFICAÇÃO DE FEIÇÕES POR ANÁLISE DE COMPONENTES
PRINCIPAIS, ESTUDO DE CASO BAIRRO RONDA EM PONTA GROSSA- PR .. 12
GRUPO DE ESTUDOS: UMA FERRAMENTA INTEGRADORA ............................ 13
OFICINAS EM GEOMORFOLOGIA NO ENSINO À DISTÂNCIA: PROCESSOS
EXÓGENOS MODELADORES DO RELEVO ............................................................ 14
RESUMOS EXPANDIDOS ......................................................................................... 15
A UTILIZAÇÃO DE MAPAS TEMÁTICOS COMO RECURSO DIDÁTICO NO
ENSINO DE GEOGRAFIA ........................................................................................... 16
AS DIFERENTES VIVÊNCIAS ESPACIAIS DOS MEMBROS LGBT DA IGREJA
EPISCOPAL ANGLICANA DE CURITIBA E NA IGREJA DA COMUNIDADE
METROPOLITANA DE MARINGÁ E AS SIGNIFICAÇÕES SOBRE SUAS
SEXUALIDADES .......................................................................................................... 21
CARACTERÍSTICAS DAS ÁREAS DE MINERAÇÃO EM RELAÇÃO AS
UNIDADES DE PAISAGEM NO MUNICÍPIO DE BALSA NOVA, PR ................... 26
EXPERIÊNCIA DE INTEGRAÇÃO ENTRE AS DISCIPLINAS DE
PLANEJAMENTO TERRITORIAL E AMBIENTAL, SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA E PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL: O
ENSINO DE GEOGRAFIA POR MEIO DE PROJETOS ............................................ 30
ENSAIO SOBRE A INDÚSTRIA FONOGRÁFICA BRASILEIRA: UMA
EXPRESSÃO ARTÍSTICA-CULTURAL MASSIVA .................................................. 35
O PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO NAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS
........................................................................................................................................ 40
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A GEOGRAFIA DA CARTOGRAFIA FANTÁSTICA: UMA DISCUSSÃO SOBRE
PRÁTICAS GEOGRÁFICAS E IMAGINAÇÃO ......................................................... 44
DENSIDADE DOS PONTOS DE CRIMINALIDADE NO CAMPUS DA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA – PR ...................................... 50
PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS NO PARQUE MUNICIPAL MARGHERITA
SANNINI MASINI, PONTA GROSSA, PARANÁ ...................................................... 56
A REITERAÇÃO LINEAR E BINÁRIA DE GÊNERO ATRAVÉS DOS DISCURSOS
E PRÁTICAS DA IGREJA EVANGÉLICA REFORMADA NOVA HOLANDA DE
CARAMBEÍ, PR ............................................................................................................ 59
MAPAS ANTIGOS DA BIBLIOTECA NACIONAL COMO OBJETO DE MEMÓRIA
........................................................................................................................................ 65
UNIDADES DE SAÚDE EM PONTA GROSSA – PR: ESPECIALIDADES E
ESPACIALIDADES ...................................................................................................... 71
RITUAIS E BENZIMENTO: COMPREENSÃO DAS PRÁTICAS TRADICIONAIS E
MULTICULTURAIS NO MUNICÍPIO DE REBOUÇAS - PR ................................... 76
A EXPERIÊNCIA DO JOGO “GEOGRAFIA DO MILHÃO” COM ESTUDANTES
DO ENSINO FUNDAMENTAL ................................................................................... 81
PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA A CONFECÇÃO DO JOHO “SUPER
TRUNFO GEOGRÁFICO" ............................................................................................ 86
TENDÊNCIAS DA PESQUISA EM ARBORIZAÇÃO DE VIAS PÚBLICAS, A
PARTIR DAS PRODUÇÕES PUBLICADAS NA REVISTA DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ARBORIZAÇÃO URBANA. ......................................................... 90
A UTILIZAÇÃO DA PRODUÇÃO FÍLMICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA: A
GUERRA FRIA .............................................................................................................. 94
CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRUPO DE ESTUDOS NO PIBID - GEOGRAFIA . 98
OS INFOGRÁFICOS EDUCACIONAIS NAS PROVAS DE GEOGRAFIA DO ENEM
...................................................................................................................................... 101
A INSTALAÇÃO DA ESTAÇÃO METEOROLOGICA DO LABCLIMEAM: O
ENSINO, A PESQUISA, E A EXTENSÃO ................................................................ 106
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ENTRE ESTUDANTES DA “GERAÇÃO Z”
ACERCA DE CONCEPÇÕES DE GÊNERO: AS NOVAS TECNOLOGIAS ESTÃO
CONTRIBUINDO PARA CONCEPÇÕES MAIS PROGRESSISTAS OU
CONSERVADORAS? ................................................................................................. 111
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RESUMOS
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O USO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA
Vivian Renata Prado;
Carla Silvia Pimentel
Palavras-chave: Ensino Fundamental. Material Didático. Ensino de Geografia.
Os materiais, instrumentos e procedimentos organizados pelo professor, a partir de seu
conhecimento pedagógico do conteúdo e de seus saberes da experiência, possibilitam
práticas didáticas mais coerentes com os modos de aprender de seus alunos. Na
Geografia os professores utilizam diferentes linguagens e instrumentos, que também são
usados pelos geógrafos no estudo do espaço e podem contribuir com práticas que
possibilitam o desenvolvimento do raciocínio geográfico. A proposta desenvolvida
envolveu o trabalho com diferentes materiais didáticos em uma turma de 6º ano do
Ensino Fundamental, que auxiliou o aprendizado contextualizado de temas, noções e
conceitos da Geografia e permitiu a avaliação dos saberes geográficos que os alunos já
dominavam. O trabalho foi organizado no formato de unidade didática e para seu
desenvolvimento foram confeccionados diferentes materiais didáticos e utilizados
alguns já existentes. O tema de trabalho se concentrou em três eixos temáticos:
astronomia; planeta Terra e cartografia e representação do espaço. Constatou-se grande
interesse dos alunos pelos materiais, mesmo os mais simples, a curiosidade de montar,
jogar e participar enriqueceu as aulas. Dentre as dificuldades encontradas em sala de
aula destaca-se a de trabalhar com alunos que apresentam dificuldades de aprendizado,
mas com a utilização dos materiais propostos foi possível verificar maior compreensão e
rendimento em relação ao conteúdo proposto. Outro fator que dificulta o trabalho em
sala de aula é a indisciplina, mas observou-se que as atividades propostas chamaram a
atenção e os alunos passaram a realizar as atividades e colaborar auxiliando os colegas
com maior dificuldade. Durante os dois bimestres trabalhados, foi possível verificar o
progresso dos alunos, principalmente na responsabilidade de trazer o material solicitado
e no comprometimento em realizar as atividades e auxiliar os colegas. Destaca-se ainda
o aprendizado do trabalho em grupo.
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ESPAÇO E LESBOFOBIA NA CIDADE DE PONTA GROSSA, PARANÁ
Raissa Lizieri Leite Mellado
Palavras-chave: Espaço. Lesbofobia. Espaço urbano.
Esse trabalho em andamento se trata de como a lesbofobia presente nas diversas
espacialidades de Ponta Grossa, Paraná influencia na vivência lésbica na mesma cidade.
Segundo Borrillo (2009), lesbofobia seria a fobia usada para descrever a dupla opressão
que mulheres lésbicas e bissexuais sofrem: a opressão de gênero junto da opressão pela
orientação sexual. Lefebvre (2001) entendia o direito à cidade como o direito de se
apropriar do espaço urbano no sentido de usá-lo de forma plena e completa. Rodó-de-
Zárate (2016) usa essa teoria de Lefebvre para dissertar sobre as limitações no direito à
cidade sentida por jovens lésbicas em que, por exemplo, o medo de sofrer um ataque
lesbofóbico as deixam alertas sobre até quanta intimidade podem ter com outra garota
em um espaço público ou num espaço privado, logo, mulheres homoafetivas não
possuem pleno direito à apropriarem-se do espaço urbano. O objetivo dessa pesquisa é,
então, entender como as diferentes espacialidades compõe a lesbofobia na cidade de
Ponta Grossa, Paraná, como as lésbicas se apropriam de seus espaços e suas estratégias
para lidar com a lesbofobia. Além disso, outro objetivo é aumentar o volume das
pesquisas sobre a sexualidade, especialmente a lésbica, que há uma carência de estudos
na ciência geográfica, que, no período entre 1974 e 2013, Cesar e Pinto (2015)
coletaram 13.990 artigos a partir de periódicos científicos brasileiros mantidos por
instituições de cunho geográfico avaliados pelo Sistema Qualis da Capes, em que
encontraram apenas 49 artigos (0,3%) que abordavam a temática de Sexualidades. A
pesquisa está sendo feita com base teórica e empírica, no caso, com entrevistas semi-
estruturadas a lésbicas até que haja saturação de relatos e informações.
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A CRIAÇÃO DE UMA BASE DE DADOS EM COLÉGIOS DE ENSINO MÉDIO
EM PONTA GROSSA E A GEOCODIFICAÇÃO COM A CRIAÇÃO DE
CARTOGRAMAS COM QUANTUMGIS
Paulo Rogério Moro;
João Paulo Leandro de Almeida
Palavras Chaves. Cartografia Digital. Prática Docente/Profissional. Ensino de
Geografia.
O presente resumo tem como objetivo relatar uma das atividades que vem sendo
desenvolvida pelos acadêmicos do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência – PIBID do subprograma de Geografia e atuantes no Ensino Médio e
finaciado pela CAPES. Além das atividades voltadas à docência, pretende-se também a
produção do conhecimento geográfico com os dados cadastrais dos alunos obtidos nas
fichas de matrículas junto as secretarias e disponibilizá-los para as escolas participantes.
A coleta de dados foi realizada nas secretarías dos Colégios Instituto de Educação
Professor Cesar Prieto Martinez (1455 alunos) e Meneleu de Almeida Torres (786
alunos) na cidade de Ponta Grossa, Paraná. A atividade proposta foi desenvolvida em
duas frentes distintas, a primeira um levantamento de dados nas secretarias dos dois
colégios. Os dados foram inseridos em planilhas elaboradas no LibreOffice 5.3, durante
os meses de maio a outubro de 2017. Na segunda frente, foi ofertado na UEPG um
mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para
os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios, os acadêmicos
estão processando os dados coletados e produzindo os cartogramas com base nas
diferentes informações e gerando os respectivos mapas. Em novembro e dezembro serão
trabalhadas as informações obtidas pelos cartogramas e produzido um relatório
circunstanciado para entrega as escolas participantes. A participação e colaboração dos
diretores e dos secretários dos colégios permitindo o acesso dos acadêmicos aos
arquivos das turmas foi fundamental para desenvolvimento do trabalho.
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BACIAS HIDROGRÁFICAS E O ENSINO DE GEOGRAFIA
Thiago Della Torres Padilha;
Adriano Tavares
Palavras-Chave: Sala de aula, Hidrografia, Ponta Grossa, Conhecimento, Experiências.
O presente trabalho é o relato uma atividade de ensino – aprendizagem desenvolvida de
forma clara e objetiva em cinco turmas do primeiro ano do Ensino Médio no Colégio
Instituto de Educação Estadual Professor César Prieto Martinez. Esta atividade foi
desenvolvida dentro do Programa Institucional de Bolsa à Iniciação Docente – PIBID e
tinha como objetivo de revisar e aprofundar os conhecimentos geográficos sobre o tema
desenvolvido em sala de aula pelo professor da turma. Procurando buscar um maior
discernimento dos alunos sobre o tema Bacias Hidrográficas e levá-los a compreender
os processos hídricos, partiu-se da hidrografia do município de Ponta Grossa e
posteriormente, ampliando para as 12 bacias hidrográficas brasileiras. Como o tema foi
trabalhado pelo professor durante o bimestre, iniciou-se com questionamentos sobre os
rios e arroios do município e após uma revisão sobre os conceitos gerais sobre
Hidrologia como Oceanos, Mares, Rios, Lagos e Lagoas. Como recursos didáticos
foram utilizados a TV pen-drive e o quadro-negro onde foram apresentadas diferentes
desenhos, ilustrações e imagens sobre o tema hidrografia. Neste momento, foram
realizados vários questionamentos aos alunos e suas respostas demonstraram o interesse
e a participação da maioria. A inserção da hidrografia do município, trazendo
informações sobre os arroios existentes próximos ao Colégio e de forma geral os rios do
município, visava detectar o nível de conhecimento dos alunos sobre o tema
desenvolvido. Os resultados obtidos durante a atividade pode ser observado pela
curiosidade e interesse da maioria dos alunos através dos seus questionamentos durante
o desenvolvimento da atividade. Esta atividade contribuiu para auxiliar na formação dos
acadêmicos integrantes do PIBID uma vez que possibilitou o planejamento e a execução
de uma atividade com os alunos em sala de aula.
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O USO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA ENSINO DE GEOGRAFIA
Vivian Renata Prado;
Carla Silvia Pimentel
Palavras-chave: Ensino Fundamental. Material Didático. Ensino de Geografia.
Os materiais, instrumentos e procedimentos organizados pelo professor, a partir de seu
conhecimento pedagógico do conteúdo e de seus saberes da experiência, possibilitam
práticas didáticas mais coerentes com os modos de aprender de seus alunos. Na
Geografia os professores utilizam diferentes linguagens e instrumentos, que também são
usados pelos geógrafos no estudo do espaço e podem contribuir com práticas que
possibilitam o desenvolvimento do raciocínio geográfico. A proposta desenvolvida
envolveu o trabalho com diferentes materiais didáticos em uma turma de 6º ano do
Ensino Fundamental, que auxiliou o aprendizado contextualizado de temas, noções e
conceitos da Geografia e permitiu a avaliação dos saberes geográficos que os alunos já
dominavam. O trabalho foi organizado no formato de unidade didática e para seu
desenvolvimento foram confeccionados diferentes materiais didáticos e utilizados
alguns já existentes. O tema de trabalho se concentrou em três eixos temáticos:
astronomia; planeta Terra e cartografia e representação do espaço. Constatou-se grande
interesse dos alunos pelos materiais, mesmo os mais simples, a curiosidade de montar,
jogar e participar enriqueceu as aulas. Dentre as dificuldades encontradas em sala de
aula destaca-se a de trabalhar com alunos que apresentam dificuldades de aprendizado,
mas com a utilização dos materiais propostos foi possível verificar maior compreensão e
rendimento em relação ao conteúdo proposto. Outro fator que dificulta o trabalho em
sala de aula é a indisciplina, mas observou-se que as atividades propostas chamaram a
atenção e os alunos passaram a realizar as atividades e colaborar auxiliando os colegas
com maior dificuldade. Durante os dois bimestres trabalhados, foi possível verificar o
progresso dos alunos, principalmente na responsabilidade de trazer o material solicitado
e no comprometimento em realizar as atividades e auxiliar os colegas. Destaca-se ainda
o aprendizado do trabalho em grupo.
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IDENTIFICAÇÃO DE FEIÇÕES POR ANÁLISE DE COMPONENTES
PRINCIPAIS, ESTUDO DE CASO BAIRRO RONDA EM PONTA GROSSA- PR
Marianne Oliveira;
Murilo Henrique de Brito;
Selma Regina Aranha Ribeiro.
Palavras- Chave: PCA. PDI. SR.
Para auxiliar os diferentes tipos de sensores remotos surge o Processamento Digital de
Imagem com o objetivo de fornecer as ferramentas para facilitar a extração e
interpretação das informações nas imagens, sendo a Análise de Componentes Principais
(ACP) uma delas. A ACP é uma técnica que consiste na simplificação dos dados
presentes na imagem sem a perda das informações. Para isto o objetivo do estudo é
comparar a identificação das feições mediante o uso da técnica de Análise de
Componentes Principais nas imagens de alta resolução, PLEIADES e RapidEye, no
bairro da Ronda em Ponta Grossa. A metodologia seguida foi à aquisição da base
cartográfica e processamento das imagens PLEIADES com 2,0m a multiespectral, e a
imagem RapidEye com 5m. Aplicado a elas a ACP uma técnica estatística multivariada
para transformar um conjunto de variáveis originais em um novo conjunto, este
denomina-se componentes principais e são utilizados para realce de feições para auxiliar
a observação das informações contidas na imagem, que em alguns casos podem ser
confundidas com as classes do entorno, mesmo em imagens de alta resolução espacial.
Conclui-se que as informações presentes nas componentes quando comparadas
demonstram diferença significante, considerando que a imagem PLEIADES contém
maior informação na imagem original do que a RapidEye e após processamento
verificou-se que os dados quanto as informações foram ao contrário. Ambas as imagens
apresentaram resultados na identificação de feições mas a imagem PLEIADES
identificou melhor as feições. O acesso à informação e os gastos são um fator limitante
para escolha dos dados a serem utilizados nos estudos, para órgãos públicos a imagem
RapidEye tem melhor custo-benefício, pois a mesma é disponibilizada gratuitamente
para todos os órgãos públicos incluindo universidades públicas, enquanto o preço da
imagem PLEIADES varia de acordo com a área.
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GRUPO DE ESTUDOS: UMA FERRAMENTA INTEGRADORA
Cassiano William Farias;
Thiago Della Torres Padilha;
Adriano Tavares;
Weliton Janelso de Lima;
Douglas Cassins Moreira do Carmo
Palavras-chave: Integração. Estudo. Revisão.
O presente trabalho teve por objetivo desenvolver o ensino - aprendizagem de maneira
nítida e integradora, com o intuito de promover o estudo coletivo dos alunos. Essa
dinâmica que foi desenvolvida, buscou uma maior articulação e envolvimento entre os
alunos a partir da comunicação oral entre os diferentes grupos na sala de aula,
possibilitando uma aproximação entre os estudantes. A metodologia utilizada partiu do
tema trabalhado pelo professor durante o bimestre sobre Conceitos Gerais da
Climatologia. A dinâmica foi trabalhada em cinco turmas de primeiro ano do Ensino
Médio do Instituto de Educação Estadual Professor César Prieto Martinez, sendo
elaborada a partir de uma atividade de revisão, através de questionamentos aleatórios
distribuídos aos grupos em que os alunos deveriam num determinado tempo, debater
com os colegas e responderem numa folha impressa. Após esse tempo de consulta,
debate, estudo e orientação da atividade feita pelos acadêmicos do PIBID, foi realizado
um sistema de rodízio entre os alunos dos diferentes grupos. Com a folha impressa
recebida com as perguntas, o aluno de um dos grupos lia em voz alta as perguntas e
outro aluno de outro grupo a respondia com base em seus estudos. E assim,
sucessivamente com todos os alunos até chegar a última pergunta. Entretanto, essa
atividade de revisão previa a integração dos alunos no momento das respostas e debate,
pois, na conclusão os alunos que estavam se alternando entre os grupos, tinham de se
dirigir até a frente da sala de aula e explicar para toda a turma. O desenvolvimento desta
dinâmica propiciou uma melhor absorção do conhecimento por parte dos alunos, fato
este observado posteriormente nos bons resultados obtidos pelos alunos na prova de
Geografia.
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OFICINAS EM GEOMORFOLOGIA NO ENSINO À DISTÂNCIA:
PROCESSOS EXÓGENOS MODELADORES DO RELEVO
Diely Cristina Pereira
Palavras-chave: Geomorfologia. Processos endógenos. Oficina.
A dinâmica do relevo é regida pelos processos endógenos e exógenos de elaboração do
modelado da superfície terrestre. Aqueles processos externos, notadamente climáticos,
são passíveis de compreensão por meio de experimentos que demonstrem os
mecanismos de entrada e saída de matéria e energia, e consequente esculturação das
formas. Tendo como objetivo compreender as etapas e os mecanismos dos processos
erosivos, elaborou-se uma oficina de erosão hídrica durante encontro presencial dos
alunos de Licenciatura em Geografia EAD-UEPG, na disciplina de Geomorfologia I,
em 2016. Procedeu-se a discussão das temáticas ao decorrer da disciplina e quando do
encontro presencial, os experimentos foram elaborados em dupla, onde cada aluno
colaborou com os materiais, sendo eles: garrafas pet transparentes, canudos, tesoura, 2
kg de solo seco sem vegetação, 2 kg de solo seco com vegetação, tufos de algodão,
água, regador. As garrafas foram cortadas em uma das laterais e o tufo de algodão
fechou a abertura principal. Os solos foram acondicionados nas garrafas e com os
canudos os alunos sopraram simulando o efeito do vento. Posteriormente, os solos
foram molhados com o regador para simular a chuva sob diferentes inclinações da
garrafa para observar o efeito da declividade. Água coletada no experimento continha
sedimentos em quantidades diferentes quando comparados os solos com e sem
cobertura vegetal. Ao longo da atividade foram discutidos os fatores responsáveis pela
deflagração dos processos erosivos, os efeitos da erosão no modelado do relevo e
algumas práticas de controle da erosão e sua importância para as atividades
agrosilvopastoris. Os experimentos de erosão hídrica com solos extremamente
diferentes, trazidos de diversas localidades pelos alunos, foram considerados eficientes
para discutir e compreender os efeitos do splash, selamento de camadas, efeito dos
escoamentos, retirada de material, usos da terra, fenômenos estes mais ativos na
esculturação atual de vertentes.
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RESUMOS EXPANDIDOS
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A UTILIZAÇÃO DE MAPAS TEMÁTICOS COMO RECURSO DIDÁTICO NO
ENSINO DE GEOGRAFIA
Luiz Felipe Przybyloviecz;
Alison Diego Leajanski;
IsonelSandinoMeneguzzo
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais é comum nos depararmos com diferentes tipos de mapas, seja em
livros didáticos, internet, em jornais, na televisão, guias de ruas, entre outros. Aprender
a interpretar e, principalmente, a utilizar um mapa é de fundamental importância devido
a essas utilizações em nosso cotidiano. Porém, as pessoas ainda encontram muitas
dificuldades para ler e interpretar um mapa. Esses conhecimentos cartográficos podem
ser adquiridos no ambiente escolar por meio das aulas de Geografia.
Diante disso, o professor tem um papel de protagonista neste processo de
alfabetização cartográfica, pois deve utilizá-lo de modo que os alunos se interessem
pelo tema e compreendam aspectos referentes à leitura e interpretação de mapas. Com o
intuito de dinamizar as aulas, o docente pode propor a confecção de mapas temáticos
pelos estudantes de modo que sirvam de facilitador no processo ensino-aprendizagem.
Segundo Novo (1992) a utilização de mapas no ensino possibilita uma melhor
transmissão de conteúdos, pois possibilita aos alunos fazer uma relação das informações
contidas nos mapas com a realidade observada, construindo assim uma aprendizagem
significativa.
É importante que os alunos tenham contato com mapas desde as séries iniciais,
conhecendo assim suas diversas aplicações. Para facilitar esse processo, o professor
deve trabalhar com mapas de simbologia de fácil interpretação e ainda com mapas
temáticos que por estarem muito presentes no cotidiano dos estudantes, acabam por
aproximar os conteúdos da sua realidade. Por isso, o domínio da cartografia pelo
docente torna-se fundamental, para que consiga aplicar um ensino cartográfico de
qualidade.
De acordo com Ludwig et al (2013) existe uma grande dificuldade em se
trabalhar com a Cartografia Temática no âmbito escolar devido a diversos fatores, como
por exemplo, carências na formação acadêmica dos professores, falta de materiais
didáticos nas escolas e de infraestrutura escolar adequada.
Diante de tais dificuldades encontradas, o professor deve pesquisar alternativas
que favoreçam o processo ensino-aprendizagem dos seus alunos. No caso da utilização
de mapas temáticos, podemos citar o uso de materiais recicláveis, os mapas mentais e os
trabalhos em grupo que, além de diminuir o uso de materiais didáticos, favorecem a
relação entre os alunos e dos alunos com o professor, com a divisão de tarefas e trabalho
coletivo.
Segundo Almeida e Passini (2011) para uma alfabetização cartográfica é
importante que os alunos não apenas pintem ou copiem contornos, mas também
elaborem mapas, pois cada etapa desta metodologia facilitará sua compreensão da
linguagem cartográfica.
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A partir deste contexto, surgiu o interesse em trabalhar com os mapas temáticos
com o intuito de uma melhor assimilação dos conteúdos trabalhados nas aulas de
Geografia. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo relatar os procedimentos
envolvidos na confecção de mapas temáticos com o tema "relevo e hidrografia da
América do Sul" no âmbito da Geografia escolar do ensino fundamental.
METODOLOGIA
A construção de um mapa em alto relevo com as principais cotas de altitude
existentes na América do Sul e com as principais bacias hidrográficas do continente, foi
uma metodologia escolhida para melhor representar aos alunos, o relevo do continente a
qual pertencem, pois muitas vezes, as aulas expositivas embora importantes, não dão
conta de exemplificar um conteúdo mais complexo, e que é possível de ser trabalhado
com metodologias diferenciadas, que fujam um pouco do cotidiano escolar e torne os
alunos mais ativos no processo ensino-aprendizagem.
A proposta foi aplicada pelos acadêmicos do Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação a Docência (PIBID) no Colégio Meneleu de Almeida Torres (Ponta Grossa
– PR), com alunos de turmas de 8º ano do ensino fundamental, entre os dias 19 a 23 de
junho de 2017.
Para realizar a atividade de confecção dos mapas temáticos, foram necessárias
04 aulas da disciplina de Geografia. Na primeira aula, o conteúdo em questão, relevo e
hidrografia da América do Sul foi trabalhado teoricamente, buscando retomar com os
alunos, alguns conceitos imprescindíveis para que pudessem compreender realmente
como estão distribuídas as principais formas de relevo e as principais bacias
hidrográficas da América do Sul, e principalmente, através de quais processos se
originaram. Para que o conteúdo não se tornasse tão abstrato, trabalhamos o conteúdo
de forma expositiva, utilizando-se de desenhos no quadro e slides com imagens do
relevo e bacias hidrográficas.
Figura 1: Aula expositiva sobre aspectos físicos da América.
Nas aulas seguintes, os alunos foram divididos em duplas para confeccionarem o
mapa físico da América em alto relevo. Os materiais utilizados foram: Cartolina, folhas
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em EVA utilizando as cores verde, amarela, laranja, marrom e preta, além de tesoura,
cola para EVA, barbante azul, caneta e régua.
A segunda aula iniciou-se com a explicação do que seria feito com os materiais
que foram distribuídos aos alunos na aula anterior. Discorreu-se sobre o mapa, qual a
sua importância e o que representava, dando como exemplo o conceito de altitude.
Como referência para a elaboração do mapa de relevo e hidrografia foi utilizado outro
mapa, presente no livro didático, porém em escala diferente. Após as explanações a
respeito da proposta da atividade, os alunos deram início a confecção do mapa
elaborando-o por etapas. Nesta aula, o trabalho foi apenas iniciado com o recorte das
figuras que representavam as altimetrias e alguns minutos antes do fim da aula, os
materiais foram recolhidos e a sala organizada.
Figura 2: Construção de mapas temáticos sobre aspectos físicos da América.
Na terceira aula, as cotas de altitude foram coladas, os barbantes que
representariam e as bacias hidrográficas também foram coladas. Além disso, foram
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inseridos os principais elementos que um mapa deve apresentar (escala, legenda, título),
finalizando assim a atividade.
No último dia programado de aula, os mapas foram entregues corrigidos para as
duplas, pois essa atividade valia nota na média do bimestre e alguns exercícios
referentes ao conteúdo trabalhado foram propostos, para que fossem resolvidos com o
auxílio do mapa que havia sido construído pelos alunos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resultado desta proposta de trabalho foram 30 mapas temáticos sobre o relevo
e hidrografia da América do Sul. Os mapas possuíam um tamanho de 35cm x50 cm e
foram expostos no mural da escola após a finalização da atividade.
Figura 3: Exemplo de um mapa temático finalizado.
Observamos que os objetivos foram alcançados, pois a utilização de mapas
temáticos proporcionou uma melhor assimilação dos conteúdos trabalhados nas aulas de
Geografia. A metodologia utilizada proporcionou uma dinamização das aulas e a partir
disso, os estudantes tiveram uma melhor compreensão do relevo da América do Sul
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através da confecção de um mapa temático. Isto ficou evidente a partir da realização das
atividades em classe onde a maioria absoluta dos estudante obteve êxito.
CONCLUSÃO
Pode-se concluir a partir deste trabalho que a confecção de mapas temáticos por
alunos com o auxílio do professor pode servir como um importante recurso didático no
âmbito escolar. Os materiais produzidos, além de contribuírem para a assimilação de
conceitos/conteúdos, torna as aulas mais dinâmicas e atrativas, fugindo da corriqueira
exposição oral de conteúdos por parte dos docentes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, R. D.; PASSINI, E. Y. O espaço geográfico, ensino e representação. 15.
ed. São Paulo: Contexto, 2011.
NOVO, E. M. L. M. Sensoriamento Remoto: Princípios e Aplicações. 2. ed. São
Paulo: Edgard Blücher, 1992.
LUDWIG, A. B. et al. Cartografia temática e ensino de Geografia: reflexões e
experiências. XIV Encuentro de Geógrafos de América Latina. Anais... Lima,
Union Geográfica Internacional, 2013.
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AS DIFERENTES VIVÊNCIAS ESPACIAIS DOS MEMBROS LGBT DA
IGREJA EPISCOPAL ANGLICANA DE CURITIBA E NA IGREJA DA
COMUNIDADE METROPOLITANA DE MARINGÁ E AS SIGNIFICAÇÕES
SOBRE SUAS SEXUALIDADES
ADRIANA GELINSKI
O presente trabalho concentra-se no seguinte objetivo: compreender como as
diferentes vivências espaciais dos membros LGBT da Igreja Episcopal Anglicana de
Curitiba-IEA e na Igreja da Comunidade Metropolitana de Maringá-ICM constituem as
significações sobre suas sexualidades. A partir desta questão, que estabelece o fio
condutor deste trabalho, faz-se necessário estabelecer diálogo com Massey (2008), que
afirma que o espaço surge através de vivências, relações e práticas, este movimento é
temporal e espacial concomitantemente.
Entendido por Massey (2008) como lugar, um evento, este, por sua vez, é um
conjunto de encontros “como a integração de espaço e tempo, como eventualidades
espaço-temporal” (p. 191). Assim, o espaço igreja ICM-Maringá e IEA-Curitiba surgem
através das vivências, das relações e das práticas, estando em constante movimento
sendo ao mesmo tempo material e imaterial. Contudo, cada vivência espacial dos
membros das ICM-Maringá e da IEA-Curitiba não são simples encontros espaço-
temporais, mas colocam-se como evento.
Ademais, são cheios de significado e efeito, podendo ser negociado e
renegociado constantemente. Tanto a IEA-Curitiba como a ICM-Maringá são locais
institucionalizados de encontros, de práticas, de sociabilidades, as quais contribuem
para a significação e resignificação de concepções dos membros. Logo, este evento é
feito por um conjunto de encontros entre as pessoas, e das pessoas com a ideia de que a
vivência espacial da/na ICM-Maringá e IEA-Curitiba possibilita o contato com o
divino/Deus.
Dito de outra maneira, o espaço ICM-Maringá e IEA-Curitiba atuam como um
articulador, dando forma às alianças, às práticas, discursos e às fantasias. E quanto as
fantasias dos membros LGBT das respectivas comunidades religiosas, estas estão
relacionadas à compreensão do mundo espiritual, da crença da existência de almas e de
seres sobrenaturais. Esta compreensão vai além da materialidade, isto é, indo além da
corporeidade considera-se, assim, a possibilidade de uma continuidade pós-morte.
Com base nos estudos de Massey (2008) sobre espaço e identidade, essa relação
é compreendida através de práticas, pois, para a autora, a identidade não vem
constituída na essência da pessoa, mas sim é relacional e construída. Tal relação leva em
consideração as vivências, a subjetividade e os discursos. Desta forma, é um erro
pretender reivindicar que a identidade é imutável/fixa, pois depende do que Massey
(2008) denomina de política de inter-relação, onde há uma tríade entre identidade,
relação e espacialidade, as quais estão relacionadas e são co-constitutivas. Logo, as
relações sociais são constituídas e constituem o espaço. Os membros da ICM-Maringá e
IEA-Curitiba vivenciam práticas religiosas e relações sociais nos espaços religiosos, tais
relações e vivências contribuem para constituir, significar e ressignificar categorias
identitárias como as sexualidades.
Ao refletirmos sobre a complexidade do espaço religioso inclusivo LGBT,
podemos considerar o espaço constituído pelas inter-relações e interações dos discursos,
fantasias e corporeidades, como afirma Rose (1999). Assim, compreendemos nosso
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fenômeno a partir desta tríade, pois, os membros LGBT sentem a necessidade de estar
no espaço religioso expressando sua sexualidade, sem se sentirem rejeitados e
‘pecadores’, uma vez que a sexualidade está inscrita na corporeidade deles.
Sendo assim, as performances contribuem para a existência de um espaço
específico, e ao passo que as interações e relações mudam há a produção de outros
espaços (BUTLER, 2008). Assim, de acordo com Rose (1999, p. 3): “O espaço é
praticado à matriz do jogo, dinâmico e interativo, formas e configurações produzidas
através das performances situacionais de relação entre eu e outro”.
A relação entre gênero, sexualidade e religião é um importante caminho para
compreender o desenvolvimento das igrejas e as relações de poder que se estabelecem
nas disputas espaciais em torno da conquista de fiéis (NATIVIDADE, 2006). A
vivência religiosa é permeada pela forma em que as pessoas são interpretadas
socialmente, nas relações de poder, nas práticas e nos discursos religiosos.
Silva (2009) ressalta que a Geografia Brasileira produziu um não dito geográfico
sobre as temáticas de gênero, sexualidades e religiosidade. A autora afirma isso
ressaltando que a ciência geográfica brasileira segue uma base eurocêntrica, tem um
apego à forma material do espaço e a permanência de um discurso generalizador,
invisibilizando as especificidades e subjetividades dos grupos sociais. Ao pensar a
construção do dispositivo da sexualidade e do mecanismo de gênero, Foucault (1988)
ressalta que são processos que estão envoltos por relações de poder, bem como estão em
movimento e tensões.
Desta forma, Foucault (1979) define o dispositivo da sexualidade como um
conjunto de discursos (científicos, biológicos, morais, filosóficos e religiosos), passando
por instituições até decisões regulamentares como as leis. Resumindo, “o dito e o não
dito são os elementos do dispositivo, é a rede que se pode tecer entre estes elementos,
que inventam, modificam, reajustam, segundo as circunstâncias do momento e do lugar,
a ponto de se obter uma estratégia global, coerente, racional” (Foucault, 2000, p. 244).
Dito de outra forma, Butler (2003), ao conceituar o mecanismo de gênero,
ressalta que este mecanismo também é um mecanismo de poder. Scott (1989)
compreende o gênero como uma forma de significar as relações de poder. “O gênero é
um elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os
sexos, e o gênero é uma forma primeira de significar as relações de poder” (SCOTT,
1989, p. 21).
O mecanismo de gênero, regula e normatiza os corpos, esses corpos, por sua vez,
que não seguem este modelo regulatório são passíveis de punição e vigilância para se
adequar às regras estabelecidas (BUTLER, 2003) nas mais variadas instituições e
espaços como a casa, escola, igreja. Neste sentido Butler (2003) afirma que o
mecanismo de gênero reforça e naturaliza as noções de masculino e feminino. Segundo
a autora, é a partir dos discursos e práticas constantemente repetidos que a noção de
gênero é concebida. Reforça que o gênero não é o que somos em essência, mas é algo
que foi produzido, reproduzido e naturalizado.
Desta forma, o ser de cada pessoa é composto pelo corpo, gênero, sexualidade,
religiosidade constituindo assim a identidade de cada pessoa. E não há um destino único
e fixo para os corpos (BUTLER, 2003), mas sim são mutáveis para subverter e
rearticular a lógica normativa imposta pelos padrões sociais de sexo, gênero e desejo.
Assim são várias as formas e intensidades de reiteração da heterossexualidade
compulsória, “variando desde o total silêncio acerca da diversidade sexual e de gênero
até a produção de estereótipos que operam por uma franca estigmatização de pessoas
LGBT” (NATIVIDADE e OLIVEIRA, 2009, p. 13). Ademais, as perspectivas
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teológicas hegemônicas articulam-se com políticas que justificam seus posicionamentos
homofóbicos na cosmologia, passagens bíblicas e práticas cristãs preconceituosas.
As experiências espaciais e religiosas dos membros da ICM-Maringá e da IEA-Curitiba
e a compreensão sobre suas sexualidades
Os membros LGBT, mesmo tendo inúmeras experiências e vivências fora do
espaço religioso, ainda carregam princípios religiosos. Os espaços vivenciados pelos
membros LGBT da ICM-Maringá e IEA-Curitiba estão conectados com discursos,
práticas e experiências, as quais são entendidas e sentidas de maneiras distintas,
contribuindo assim para as significações e para a constituição das identidades
individuais e do grupo.
Desta forma, ao analisar os paradoxos vivenciados pelos membros LGBT da
ICM-Maringá e da IEA-Curitiba, evidenciou-se que os mesmos mesclam suas
experiências espaciais, isto é, práticas religiosas interseccionadas com as categoriais
identitárias. Através dos discursos das lideranças e dos membros LGBT, tanto da ICM-
Maringá quanto da IEA-Curitiba, é possível compreender as significações em relação às
sexualidades.
Faz-se necessário ressaltar que o grupo pesquisado da ICM-Maringá é composto
por quatro gays, um bissexual, duas travestis, uma mulher trans. Já o grupo pesquisado
da IEA-Curitiba é composto por cinco membros gays. Para tanto, evidencia-se que as
categorias discursivas da ICM-Maringá e da IEA-Curitiba, conectam-se com as
espacialidades, visto que todas as categorias discursivas estão em relação e se
copenetram.
Para tanto, este trabalho é fruto da análise de conteúdo de 14 entrevistas, 9 delas
realizadas com os membros LGBT da ICM-Maringá e 5 entrevistas com membros da
IEA-Curitiba. Desta forma, o gráfico 1 é resultado das evocações evidenciadas pelos
membros LGBT da ICM-Maringá e dos homens gays da IEA-Curitiba, Paraná. Assim,
as igrejas contextualizam os textos bíblicos, buscam compreender o tempo e espaço de
cada texto bíblico, e para isso a Teologia bíblica utilizada pelos líderes desta igrejas
conta com o auxílio de técnicas e disciplinas como a exegese, hermenêutica e a história.
Foram realizadas 14 entrevistas seguindo roteiro semi-estruturado. As entrevistas foram
transcritas e sistematizadas a partir da análise de conteúdo do discurso de Bardin (1977),
o que resultou em 987 evocações, que foram organizadas em espacialidade discursivas e
categorias discursivas. A análise de conteúdo do discurso destas entrevistas evidencia
que tanto a ideia de uma prática religiosa relacional quanto construção da compreensão
do 'sexo enquanto pecado prática esta entendida como errada e em desvio. Tal
elaboração dialoga com a Teologia inclusiva, Feminista e Gay praticada por ambas as
igrejas.
Como pode ser observado no gráfico 1, a intensidade de evocações remete a um
determinado espaço, bem como os diferentes espaços estão relacionados com as
experiências espaciais e religiosas. Assim evidencia-se não somente os espaços
religiosos, mas os mais variados espaços cotidianos dos membros entrevistados. Neste
sentido, nosso objetivo foi analisar como cada espacialidade contribui para as
significações individuais e coletivas em relação às sexualidades.
Evidenciou-se assim oito espacialidades (ICM-Maringá, IEA-Curitiba, antiga
comunidade religiosa, casa da família, corpo, espaço educacional, espaço mítico
conceitual e espaço de sociabilidade). Para tanto, neste trabalho será evidenciado as
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quatro espacialidades mais evocadas sendo elas ICM-Maringá, IEA-Curitiba, antiga
comunidade religiosa, casa da família.
GRÁFICO 1 – Espacialidades dos membros LGBT da ICM-Maringá e da IEA-Curitiba
– PR.
FONTE: Entrevistas realizadas com membros LGBT da ICM-Maringá, Paraná e da IEA-Curitiba
entre os dias 4 de janeiro de 2016 a 28 de julho de 2016. Organizadora: GELINSKI, 2017
Deste modo, as igrejas ICM-Maringá e IEA-Curitiba configuram-se com
algumas características diferentes, as quais se referem à localização e estrutura, o
surgimento de cada comunidade religiosa e a organização dos momentos religiosos. No
entanto, as categorias discursivas evidenciadas a partir de ambos os grupos são
semelhantes. Para os membros LGBT da ICM-Maringá, identificou-se as categorias
discursivas ‘acolhimento’ com 20%, ‘vida religiosa’ 19%, ‘interpretação Bíblica’ 16%,
‘direcionamento’ 14% e ‘relações sociais’ 12%. Por sua vez, os membros gays da IEA-
Curitiba possuem as mesmas categorias discursivas, mas com intensidades diferentes.
Posto que ‘vida religiosa’ corresponde a 29%, ‘acolhimento’ 19%, ‘interpretação
Bíblica’ 22%, ‘relações sociais’ 12%, ‘pecado’ 10% e ‘direcionamento’ 10%.
Revela-se assim, que as espacialidades religiosas atuais são locais que despertam
o sentimento de pertença ao grupo, aquela coletividade (ROCHER, 1971). Pois é no
espaço ICM-Maringá ou no espaço IEA-Curitiba que seus respectivos membros têm a
liberdade de vivenciarem as práticas e os discursos religiosos, conciliando com as suas
sexualidades. Tais espaços constituem-se como locais de “consagramento, pertença e
solidariedade entre os membros” (ROCHER, 1971, p. 169). Por outro lado, as
categoriais discursivas evidenciadas pelos membros LGBT da ICM-Maringá e dos
homens gays da IEA-Curitiba relacionadas à espacialidade ‘antiga comunidade
religiosa’ são semelhantes em sua maioria. Visto que para os membros LGBT da ICM-
Maringá a categoria discursiva ‘vida religiosa’ constitui-se com 35%, precedida da
categoria discursiva ‘preconceito’ com 13% e ‘homofobia’ com 10%. Seguida ainda
pelas categorias discursivas ‘interpretação da bíblia’ e ‘relações sociais’ com 8% e a
categoria ‘acolhimento’ com 3%.
A quarta espacialidade discursiva a ser analisada é a ‘casa da família’, a qual
apresenta 11% do total de evocações dos membros LGBT da ICM-Maringá e IEA-
Curitiba, Paraná. A ‘casa da família’ constitui-se como uma espacialidade de grande
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importância para compreender as concepções religiosas e consequentemente as visões
de mundo, a noção de ‘certo e errado’, ‘bom e mal’, bem como as concepções
relacionadas às sexualidades. Assim sendo, esta espacialidade relaciona-se diretamente
com discursos religiosos, bem como com a espacialidade ‘antiga comunidade religiosa’,
visto que todas as pessoas entrevistadas provêm de famílias religiosas. Para tanto, as
categoriais discursivas evidenciadas pelos membros LGBT da ICM-Maringá e dos
homens gays da IEA-Curitiba relacionadas à espacialidade ‘Casa da Família’ são
semelhantes em sua maioria. Assim, as categorias discursivas ‘ausência de aceitação da
família’, ‘aceitação da família’, ‘experiência’ e ‘preconceito’ são apontadas por ambos
os grupos entrevistados.
Considerações Finais
O presente trabalho evidenciou como as diferentes vivências espaciais dos
membros LGBT da ICM-Maringá e da IEA-Curitiba constituem as significações de suas
sexualidades. Neste sentido, o espaço igreja pode ser compreendido como uma
espacialidade vivenciada no cotidiano de pessoas que comungam uma determinada
forma de compreender e significar o mundo.
Compreendemos assim, no decorrer do texto desta dissertação, que os espaços
cotidianos evidenciados pelo grupo pesquisado, bem como a ICM-Maringá e a IEA-
Curitiba são frutos de relações sociais e permeados por práticas sociais, discursos e
concepções sociais sobre a própria organização espacial. Além do mais, o espaço é
interseccionado por múltiplas categorias identitárias, estando dentre elas as
sexualidades e as religiosidades. Para tanto, as reflexões sobre espaço, gênero e
sexualidades se fazem indispensáveis, visto que os espaços vivenciados pelos membros
LGBT da ICM-Maringá e IEA-Curitiba estão conectados com discursos, práticas e
experiências, as quais são entendidas e sentidas de maneiras distintas, contribuindo
assim para as significações e para a constituição das identidades individuais e do grupo.
Nesta vasta extensão de pensamentos e compreensões, a ICM-Maringá e a IEA-
Curitiba estruturam-se a partir de compreensões teológicas contextuais, histórico-
críticas, bem como simpatizam com as perspectivas teológicas feministas, gay e
inclusiva. Tais compreensões religiosas dissidem das perspectivas teológicas
hegemônicas, ao problematizarem e focarem nos grupos até então deixados de lado:
mulheres, negros, indígenas, pessoas de baixa renda, comunidade LGBT. Constituindo-
se então em espacialidades com discursos e práticas de acolhimento e respeito a todas as
pessoas.
Referências
BUTLER, Judith. Critically Queer. In Playing with Fire: Queer Politics, Queer
Theories. Ed. Shane Phelan. New York & London: Routledge.11-29, 1990.
MASSEY, Doreen. Pelo Espaço: Uma nova Política da Espacialidade. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2008.
ROSE, Gillian. Feminism & Geography. The limits of Geographical Knowledge.
Cambridge: Polity Press, 1993.
NATIVIDADE, Marcelo Tavares. "Homossexualidade, gênero e cura em perspectivas
pastorais evangélicas". Revista Brasileira de Ciências Sociais, 2006.
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CARACTERÍSTICAS DAS ÁREAS DE MINERAÇÃO EM RELAÇÃO AS
UNIDADES DE PAISAGEM NO MUNICÍPIO DE BALSA NOVA, PR
Ricardo Letenski
INTRODUÇÃO
A Área de Proteção Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana, localizada na
região natural dos Campos Gerais do Paraná, recebeu nos últimos anos um significativo
aumento na quantidade de requerimentos minerários junto ao DNPM, em distintas fases
de andamento, principalmente, para as substâncias areia e arenito. Importantes
remanescentes dos ecossistemas protegidos que compõem a sua paisagem natural se
encontram nessa área, tornando essa região a confluência de conflitos entre interesses
econômicos e ambientais. Os requerimentos para mineração concentram-se,
principalmente, nos municípios de Balsa Nova, Tibagi, Jaguariaiva e Sengés. O recorte
proposto para o seguinte estudo é a área do município de Balsa Nova, devido a sua
proximidade da Capital Curitiba e por que a Área de Proteção Ambiental da Escarpa
Devoniana abrange mais de 70% sua da área municipal e apresenta expressiva atividade
minerária como parte de sua economia agravando essa tensão. O conhecimento das
limitações e aptidões paisagísticas são um importante critério para planejar as atividades
em uma paisagem levando em consideração suas potencialidades.
OBJETIVO
Este trabalho busca compreender as relações entre as unidades da paisagem em
função de suas características físicas (geologia, relevo e hidrografia, hipsometria,
declividade e áreas protegidas) e as áreas escolhidas para explotação mineral. Foram
delimitadas cinco Unidades de Paisagem, que identificam áreas homogêneas, com
características físicas similares.
METODOLOGIA
Para elaboração deste estudo foram utilizados os seguintes arquivos digitais do
mapeamento de abrangência da bacia do Alto Iguaçu (SUDERHSA, 2004): Altimetria
que inclui curvas de nível e pontos cotados na escala 1:10.000; hidrografia na escala
1:10.000, geologia na escala 1:20.000. Os polígonos com informações referentes aos
arquivos minerários foram obtidos no Departamento Nacional de Produção Mineral.
Outros dados como limites municipais e geomorfologia foram obtidos junto ao Instituto
de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná. As unidades de conservação foram obtidos
na coordenação da Região Metropolitana de Curitiba. De posse desses dados foi gerado,
a partir das curvas de nível, pontos cotados e da hidrografia um modelo digital de
elevação do terreno, desse material foram elaborados os mapas de classes de
declividade e de hipsometria. Foram gerados também mapas de geologia,
geomorfologia, requerimentos minerários e unidades de conservação. Os
processamentos foram realizados no software ARCGIS 9.3. De posse das informações
das características físicas da área de estudo, foram delimitadas as Unidades de Paisagem
(UP). Conforme propõem Bertrand (1971) e Cavalcanti (2004) a delimitação das UPs
baseou-se na escolha dos elementos mais representativos da paisagem. Neste caso, as
informações utilizadas foram a geologia, a declividade, a hipsometria, a hidrografia, o
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relevo e as unidades de conservação. Por meio da análise visual das cartas temáticas,
foram delimitadas a unidades de paisagem pela homogeneidade dos elementos que a
compõem.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O trabalho desenvolvido resultou na identificação de 5 Unidades de Paisagem no
munícipio de Balsa Nova, conforme a similaridade de suas características físicas,
descritas a seguir.
A Unidade de Paisagem 1 – Sedimentos Inconsolidados é composta aluviões atuais e
terraços aluvionares pertencentes ao compartimento geológico Sedimentos Cenozoicos
e ao compartimento geomorfológico das Planícies Fluviais, apresenta relevo de planície
com altitudes inferiores a 880 metros e declividade predominante plano-suave
ondulado, e apresenta porções na Área de Interesse Especial Regional do Rio Iguaçu.
Nesta UP ocorre a concentração do maior número de áreas de extração mineral. Nesta
área substância extraída é a areia de depósitos de sedimentos quaternários
inconsolidados por meio de dragagem e cava submersa no Rio Iguaçu e seus afluentes
do 1° Planalto: Rio Verde, Itaqui e Tortuoso.
A Unidade de Paisagem 2 – Planalto Inferior é composta rochas sedimentares
paleozoicas e sedimentos cenozoicos, predominando arenitos pertencentes ao
compartimento geológico da Bacia Sedimentar do Paraná e ao compartimento
geomorfológico do 2° Planalto Paranaense, apresenta relevo de planalto com topos
alongados e vales em U, apresenta altitudes inferiores a 1.000 metros, e declividade
predominante suave ondulada. Está contida na APA da Escarpa Devoniana
predominantemente na Zona de Conservação 10. Nesta área apesar de ocorrerem
diversos requerimentos minerários para substância areia e arenito inclusive com pedido
de lavra, na prática não existe mineração na UP 2.
A Unidade de Paisagem 3 – Planalto Superior é composta rochas sedimentares
paleozoicas e sedimentos cenozoicos, predominando arenitos pertencentes ao
compartimento geológico da Bacia Sedimentar do Paraná e ao compartimento
geomorfológico do 2° Planato Paranaense, apresenta relevo de planalto com topos
aplainados e vales muito encaixados, apresenta altitudes superiores a 1.000 metros e
declividade predominante plano-suave. Está contida na APA da Escarpa Devoniana nas
Zonas de Conservação 10 e 11. Nesta UP as substâncias extraídas informadas nos
requerimentos são areia e caulim diretamente de rochas sedimentares por meio de
desmonte hidráulico em cavas secas. Todas essas áreas de mineração ocorrer na APA da
Escarpa Devoniana em zonas de conservação conforme o zoneamento do plano de
manejo de unidade de conservação que inclusive não recomenda a mineração.
A Unidade de Paisagem 4 – Faixa de Transição de Planaltos é composta rochas
paleozóicas e rochas proterozóicas no contato entre a Bacia do Paraná e o Escudo
Paranaense e entre 1° Planalto e o 2°Planalto, apresenta relevo escarpado e encostas de
talus com altitudes entre 880 e 1.000 metros e declividade predominante entre
escarpado e forte ondulado. Está contida na APA da Escarpa Devoniana,
predominantemente, na sua Zonas de Conservação 11. Nessa área ocorre a extração de
gnaisse e migmatito para extração de brita.
A Unidade de Paisagem 5 – Planalto de Curitiba é composta rochas Proterozóicas do
Escudo Paranaense com predomínio de Gnaisse e Migmatito pertencentes ao
compartimento geológico do Escudo Paranaense e ao compartimento geomorfológico
do 1° Planalto Paranaense, apresenta relevo de planalto com topos alongados e
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aplainados e altitudes entre 880 e 1.000 metros. Não apresenta unidades de
Conservação. Está UP não apresenta área de mineração ou requerimentos minerários.
Figura 2 – Mapa de Unidades da Paisagem da Área de Estudo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A identificação de unidades de paisagem permite uma melhor percepção da área de
estudo, possibilitando agrupar áreas homogêneas e perceber melhor as diferenças entre
elas, oferecendo a base para sua a análise.
Observadas as características das cinco Unidades de Paisagem apresentadas e suas
diferenças, pode-se inferir que os tipos de mineração ocorrem de maneira distinta em
função de cada compartimento.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA
BERTRAND, G. Paisagem e Geografia física global: esboço metodológico. Cadernos
de Ciências da Terra, São Paulo: IGEOG/USP, n. 13, 1971. 27p.
CAVALCANTI, L.C.G. Cartografia de Paisagens: Fundamentos. São Paulo: Oficina
de textos, 2014. 95 p.
SUDERSHA. Sistema de Informações Geográficas para Gestão de Recursos
Hídricos no Alto Iguaçu: Relatório final. Curitiba: SUDERSHA, 2004. 155 p.
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EXPERIÊNCIA DE INTEGRAÇÃO ENTRE AS DISCIPLINAS DE
PLANEJAMENTO TERRITORIAL E AMBIENTAL, SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA E PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL:
O ENSINO DE GEOGRAFIA POR MEIO DE PROJETOS
Silvia Méri Carvalho; Ricardo Letenski; Julio Cesar Botega do Carmo
INTRODUÇÃO
Segundo Prado (2003, p. 2) na pedagogia de projetos "o aluno aprende no
processo de produzir, de levantar dúvidas, de pesquisar e de criar relações que
incentivam novas buscas, descobertas, compreensões e reconstruções do
conhecimento". A pedagogia de projetos viabiliza ao aluno aprender baseado na
integração entre conteúdos de várias áreas do conhecimento, bem como entre diversas
mídias (computadores, televisores, livros) disponíveis no contexto da escola e da
sociedade, pois envolve a inter-relação entre conceitos e princípios.
O objeto de estudo desta atividade foram as pequenas cidades, pois há poucos
estudos que abordem os problemas ambientais das mesmas, principalmente se
comparados com o número de trabalhos dedicados às médias e grandes cidades.
Contudo, ao contrário do que se pressupõe, as cidades pequenas apresentam, muitas
vezes, problemas ambientais e sociais típicos de cidades maiores, mas não na mesma
extensão e intensidade (NASCIMENTO E CARVALHO, 2005). O planejamento seja
ambiental, urbano de uma cidade independente de sua escala, passa por diversos
momentos.
Segundo Santos (2004) o diagnóstico é um momento do planejamento que
envolve, pelo menos, três fases: a seleção e obtenção dos dados de entrada, a análise
integrada e a elaboração de indicadores que servirão de base para tomada de decisão.
Os dados, informações ou parâmetros de entrada, de diferentes naturezas costumam ser
agrupados em temas simples e derivados, que facilitam a compreensão e a descrição do
meio. Não existe um conjunto único de temas, mas alguns deles são muito frequentes,
como os que retratam as pressões humanas e o estado do meio em seus diferentes
planos.
O estado do meio costuma ser avaliado por temas relacionados aos aspectos
físicos (climatologia, geologia, geomorfologia, pedologia, hidrografia) e biológicos
(vegetação e fauna). As pressões são verificadas pela avaliação das atividades humanas,
sociais e econômicas (uso da terra, demografia, condições de vida da população,
infraestrutura de serviços). As respostas da sociedade às pressões podem ser observadas
pelos aspectos jurídicos, institucionais e de organização política.
OBJETIVO
De forma geral a atividade buscou uma experiência de integração entre as
disciplinas de Planejamento Territorial e Ambiental (104114), Sistemas de Informação
Geográfica (104079) e Planejamento Urbano e Regional (104035) ministradas no 4° ano
do curso de Bacharelado em Geografia da Universidade Estadual de Ponta Grossa
(UEPG) na elaboração de um Diagnóstico Ambiental Preliminar da cidade de Ipiranga,
no Paraná. Igualmente visou contribuir para que o aprendizado dos alunos se aproxime
ao máximo das exigências do mundo contemporâneo e da prática profissional do
geógrafo.
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METODOLOGIA
O diagnóstico Ambiental preliminar do Município de Ipiranga-PR compreendeu
os seguintes temas e temáticas:
Estado do meio: Geologia, Pedologia, Hidrografia, Climatologia, Hipsometria,
Declividade, Modelo Digital de Elevação e Vegetação
Pressões: Uso da terra, Demografia e Infraestrutura de serviços.
Resposta: Perímetro urbano, Zoneamento e APP.
A atividade foi realizada em dois grupos, inicialmente composto por 5 alunos cada um,
com seus respectivos coordenadores, em 5 fases:
A fase 1 correspondeu ao levantamento de dados e preparação da base
cartográfica
Todos os dados foram convertidos para o datum Sirgas 2000 e representados no Sistema
de Projeção UTM - Fuso 22 Sul. Foi realizada a delimitação da área do município, bem
como perímetro urbano e zoneamento, por meio de arquivos digitais da Prefeitura
Municipal. As curvas de nível com equidistância de 20 m, os pontos cotados e a rede de
drenagem em formato DWG, correspondentes a Carta Topográfica de Imbituva SG.22-
X-C-I-2, foram cedidos pelo Paranacidade.
As informações geoespaciais temáticas geologia e pedologia foram obtidas junto ao
ITCG.
Os dados climáticos, temperatura e precipitação, foram obtidos junto ao
INEMET para o período de 1986-2016. Foi utilizada imagem RapidEye (GEO
CATALOGO-MMA, 2017) com cinco faixas espectrais (azul, verde,
vermelho, infravermelho, infravermelho próximo), resolução radiométrica de 12 bits,
com resolução de 5 metros, com passagem em 21/08/2013. Ainda foram levantadas as
leis de expansão do perímetro urbano e os instrumentos do Estatuto da Cidade. Nesta
fase, foi realizado o primeiro trabalho de campo para um contato inicial com a área de
pesquisa.
Na Fase 2 foram elaborados mapas temáticos de localização da área, mapa
hipsométrico, modelo digital de elevação, mapa de declividade e localização das
principais bacias do município. Igualmente foi elaborado mapa de uso e ocupação da
terra, como base o Manual de Uso da Terra (IBGE, 2006) e mapa com as Áreas de
Preservação Permanente-APP dentro do perímetro urbano do município, com base na
Lei 12.651/2012 (BRASIL, 2012).
Na Fase 3 os alunos foram instruídos a elaborar os Mapas Temáticos de
Conflitos Ambientais de acordo com Metodologia de Beltrame (1994) e o balanço
hídrico a partir dos dados climatológicos obtidos (ROLIM e SENTELHAS, sd).
A Fase 4 correspondeu ao trabalho de campo para checagem dos dados
levantados em gabinete, levantamento da infraestrutura de serviços e pontos de interesse
urbano com uso de receptor de GPS para mapeamento do uso solo urbano, além da
aplicação de instrumentos do Estatuto da Cidade.
A Fase 5 correspondeu a elaboração do relatório final, avaliação da atividade por
parte dos alunos e docentes e apresentação dos resultados na Semana Acadêmica de
Geografia da UEPG, por meio de uma mostra.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram elaborados mapas temáticos, sendo que com relação aos aspectos
geológicos a área de estudo apresenta como substrato o Grupo Itararé, uma unidade
litoestratigráfica permo-carbonífera pertencente a Bacia Sedimentar do Paraná,
caracterizada por apresentar uma complexa variedade de rochas depositadas em
ambiente glacial.
As classes pedológicas, encontradas no mapeamento temático, compilado para a
área de estudo, foram o Latossolo Vermelho e o Cambissolo.
Com relação a hispsometria as altitudes variaram entre 780m, no vale do Rio Ipiranga e
872 m nas porções mais elevadas à leste e sudeste da área de estudo, apresentando um
gradiente altimétrico de 92 m. Foram encontradas três classes de declividade, a seguir
com as seguintes áreas: entre 0 e 3% 167,79 ha (31,62%), entre 3 e 8% 269,57 ha
(50,82%) e entre 8 e 15% 93,17 ha (17,56%).
Para o mapeamento de uso e ocupação da terra foram identificadas as seguintes
classes e suas respectivas áreas: floresta com 423,45 ha (41,82%) área urbana com
244,71 ha (24,17%); campos com 219, 96 ha (21,72%); agricultura com 120,36 ha
(11,89%) e corpos d’água com 4,01 ha (0,40%).
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Figura 1. Principais mapas temáticos elaborados durante a realização do projeto.
No mapeamento de conflitos ambientais a classe de uso correspondente
representou a maior parte do perímetro urbano e abrange áreas de campos, floresta e
corpos d’água nas Áreas de Preservação Permanente e, também, áreas urbanas fora das
APPs. A classe sobre utilizada corresponde as áreas urbanas e de cultivo (agricultura)
que estão localizadas dentro das Áreas de Preservação Permanente. A classe de uso
subutilizado compreende as áreas de expansão urbana que ainda não foram ocupadas.
Foi realizado levantamento referente ao uso do solo urbano nas principais vias, Rua XV
de Novembro e a Rua João Ribeiro da Fonseca. Foi identificado o predomínio da classe
Comercial em 41 lotes, Residencial em 68 lotes, Institucional em 16 lotes, Misto em 37
lotes e Vazios em 5 lotes.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao término das atividades foi solicitado que os alunos respondessem a dez
perguntas para avaliação global e por disciplina de como se desenvolveu o projeto, bem
como uma reunião entre os professores para leitura e análise das respostas dadas pelos
discentes. A partir das respostas foi gerado um quadro, do qual foram retirados as
principais virtudes e dificuldades do projeto, bem como alternativas para sua melhoria
nos anos subsequentes.
Entre as dificuldades foi apontado o uso de software, os problemas em grupo
(falta de empenho, responsabilidade de alguns alunos), o conflito de informações, a falta
de tempo, o acesso a dados na escala necessária, o acesso ao laboratório em mais
horários para confecção dos mapas, a distribuição melhor das atividades de forma a não
prejudicar nenhuma disciplina, definição de objetivos comuns às disciplinas e forma de
execução antes do início. Foi sugerido a transformação do projeto em atividade de
extensão - não inserido nas disciplinas, melhorias na comunicação entre professores e
alunos e mais objetividade nas atividades.
De forma positiva, foi visto como instigante o contato com o mercado de
trabalho, a interdisciplinaridade/ multidisciplinaridade do trabalho do geógrafo, a
prática de cada disciplina, a identificação de problemas reais ambientais e de
planejamento, a gestão das áreas naturais, a percepção do trabalho de órgãos públicos, o
aprofundamento de conhecimentos sobre instrumentos do Estatuto da Cidade e do Plano
Diretor, a compreensão da distribuição, problemas e dinâmica da área urbana, confecção
de mapas com problemas e temáticas reais, para a vida profissional e a aproximação
com as ferramentas de SIG, apesar das dificuldades na confiabilidade dos dados.
Considera-se que a experiência foi avaliada em geral – pelos professores e
alunos envolvidos – como positiva. Sendo resultado de uma primeira experiência,
envolvendo três disciplinas, há diversos pontos a serem melhorados, contudo, a própria
inciativa já é digna de destaque, uma vez, que cada vez mais segmentados, os
conhecimentos neste projeto foram integrados da melhor maneira possível,
possibilitando a compreensão da prática profissional pelos futuros geógrafos.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA
BELTRAME, A. da V. Diagnóstico do meio físico de Bacias Hidrográficas: modelo e
aplicação. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 1994. 112p.
BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa; altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de
1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de
setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166- 67,
de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 mai 2012.
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual Técnico de Uso da
Terra. 2ª edição. Série: Manuais técnicos em Geociências (n° 7). 2006.
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GEO CATÁLOGO-MMA- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Imagem RapidEye.
2013. Disponível em: < http://geocatalogo.ibama.gov.br/> Acesso em: 25 de jun. 2017.
NASCIMENTO, M. A. do, e CARVALHO, P. F. de. Pensando o planejamento
ambiental para cidades pequenas: o caso de Perdões – MG. In MENDES, A. A. &
LOMBARDO, M. A. (orgs.). Paisagens geográficas e desenvolvimento territorial.
Rio Claro, PPG-Unesp/Ageteo, 2005, páginas 27- 44.
ROLIM, G. de S. e SENTELHAS, P. C. Balanços Hídricos e Produtividade de culturas
v 6.2 para EXCELL 7.0 TM . 12p. EMBRAPA. Londrina- PR.
SANTOS, R. F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de
Textos, 2004.
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ENSAIO SOBRE A INDÚSTRIA FONOGRÁFICA BRASILEIRA: UMA
EXPRESSÃO ARTÍSTICA-CULTURAL MASSIVA
Augusto A. Duarte;
Amanda Thalia Miranda
Introdução
A música é uma arte milenar, presente em todas as culturas. Em seu livro
“Teoria Musical”, Bohumil Med (1996) classifica a música como “a arte de combinar os
sons simultânea e sucessivamente”. Em séculos anteriores, para se registrar uma música,
era necessário escrevê-la em partituras, para que um músico pudesse ler e executar a
peça. A necessidade e procura pelas partituras fez com que se tornassem comuns, na
Europa, lojas de partituras, que eram escritas à mão ou postas em prensas para serem
copiadas. As lojas de partitura representam o início de uma indústria musical. Com o
advento do rádio e da música gravada mecanicamente, na década de 1930, as lojas de
partitura davam o lugar de maior distribuidoras de música para um método mais simples
de se escutar uma música - ao invés de comprar a partitura e executá-la em casa, era
possível se escutar as músicas a partir de um gramofone, e com o rádio podia-se escutar
canções mesmo sem fazer a compra dos discos. O rádio e o gramofone foram os grandes
responsáveis pela formação da indústria fonográfica, que até hoje é a responsável pela
gravação e distribuição das músicas, e também por escolher os artistas que farão as
músicas.
Tendo em mente que há praticamente um monopólio cultural das músicas
produzidas pela indústria sobre as músicas de artistas independentes, cabe a indagação -
até que ponto a indústria fonográfica influencia o produto final da música e o fazer
musical? Este trabalho visa a realização de um ensaio sobre o tema, com o intuito de
relacionar a banalização da música e sua relação com a indústria, trazendo um panorama
sobre uma possível relação entre classes sociais e gênero músical.
Objetivos:
-Realizar um ensaio sobre a indústria fonográfica brasileira e como ela influencia a
produção e o fazer musical, direcionando a reflexão para a música presente na mídia
enquanto um produto formulático a ser vendido às massas antes de uma expressão
artístico-cultural de representação social e identidade.
Fundamentação Teórica
A partir do século XX, na chamada por muitos estudiosos de revolução técnica
científica, o capitalismo global é continuamente difundido em todas as expressões de
cultura possíveis, entre elas a música. A combinação dos novos recursos tecnológicos
de difusão da informação em âmbito mundial e o modelo econômico capitalista da
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sociedade deram forma à indústria fonográfica, possibilitando o consumidor de comprar
algo físico (um vinil, uma fita cassete, um CD), para assim, ouvir. Neste momento a
música tornou-se parte de um mercado que visa lucro e a sua produção passou a ser
realizada de uma maneira formulática para agradar às massas que consomem a música
enquanto produto. Como a indústria escolhe à dedo os artistas que serão divulgados na
mídia, as pessoas que irão produzir os álbuns e as canções, as músicas acabam ficando,
estruturalmente, semelhantes umas às outras, sendo estrategicamente instituído uma
cultura musical de massa, onde compositores se conformam em adaptar seu estilo à
moda.
Um grande exemplo destas músicas ‘industrializadas’ no território nacional são
as músicas do gênero Sertanejo, um dos mais apreciados do Brasil. Em pesquisa
realizada pelo IBOPE em 2013, foi revelado que cerca de 65% das músicas tocadas nas
rádios são pertencentes ao gênero. O restante é dividido entre “as mais pedidas”, Rock,
Samba/pagode, MPB, Gospel e Funk. A pesquisa indica os gêneros mais ouvidos pelas
classes sociais, como mostra o gráfico 1.
Gráfico 1: Gêneros musicais ouvidos por classe social e idade. Fonte: KANTAR IBOPE
MEDIA. 2013.
Cada gênero musical que existe compreende características do meio em que ele
é propagado, abordando um leque de questões desde sociais até pessoais. Assim, os
indivíduos tenderão a ouvir algo com que eles se identifiquem. A música industrial, por
ser parte de um mercado capitalista globalizado e por ser criada na perspectiva de uma
atividade lúdica, dieficilmente remonta à questões sociais, com frequência
permanecendo no âmbito materialista. Para ilustrar melhor, é comum que músicas feitas
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com esta perspectiva de mercado falem sobre amor, sexo ou festas e consumo - segundo
uma pesquisa realizada por Kantar IBOPE Media em 2013, 45% das músicas que tocam
no rádio falam sobre sexo, 28% sobre festas e consumo e 63% sobre amor. Obviamente,
músicas criadas por artistas independentes também falam sobre estes assuntos, porém o
espectro de questões tratadas fora da mídia massiva é muito mais abrangente.
Cultura é o conjunto de diversas manifestações. Entre elas temos as
manifestações artísticas, sociais, lingüísticas e comportamentais de um povo ou
civilização, com isso não podemos dissociar a prática musical como expressão artística-
cultural de uma população inserida em qualquer espaço geográfico fruto de um contexto
sociocultural próprio.
Considerações Finais
Considerando os diversos gêneros musicais e a abrangência de temas que são
tratados por estes gêneros, bem como as limitações que a indústria impõe sobre a
música e os artistas, é válido pensar que ao tentar globalizar e unificar a música, a
indústria fonográfica limita os significados e motivos que a própria arte poderia ter para
apenas conteúdos sobre os assuntos comuns à música pop. Assim, ao estrategicamente
abordar temas gerais e cabíveis para qualquer indivíduo, a música industrial pode ser
encaixada em várias realidades diferentes, resultando em uma grande quantidade de
indivíduos que se identificam e vêm a consumí-la, formando, moldando e tornando a
música um produto como qualquer outro após a terceira revolução industrial ou
revolução técnica-científica, massiva.
A falta de divulgação pela mídia de artistas e gêneros diferentes do que é tocado
nos rádios e a propagação da música pop/ como o gênero mais escutado e repercutido
pode causar uma alienação musical àqueles que a escutam, a partir do momento em que
a música que é propagada é simplesmente um produto feito para ser vendido,
consumido e em seguida esquecido, e os gêneros fora desta categoria possuem um teor
artístico - tanto estético quando poético - que simplesmente não se encontra nas músicas
pop.
É necessário se considerar e conhecer os outros gêneros para que não se limite à
ouvir o que a indústria empurra aos seus consumidores; Em outras palavras, ser crítico
em relação ao conteúdo que se escuta, buscar compreender o que torna as músicas pop
tão semelhantes e procurar gêneros que possuem um teor artístico maior. Apesar de
vivermos numa sociedade capitalista globalizada, podemos fugir da regra, e não apenas
aceitar tudo, mas aproveitar esse câmbio de informações global e conhecer novas
culturas e sociedades através da música, outros ritmos e outras rimas. Referências
Bibliográficas
KANTAR IBOPE MEDIA. Disponível em: <https://www.kantaribopemedia.com/>.
Acesso em: 20 Outubro. 2017.
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MED, Bohumil. Teoria da Música. 4. ed. Brasília, DF: Musimed, 1996.
ROMANELLI, Guilherme. Como a música conversa com as outras áreas do
conhecimento.
Revista Aprendizagem, Pinhais, n.14, p.24-25, 2009.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço Técnica e Tempo. Razão e Emoção. São Paulo:
Edusp, 2002.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência
universal. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.
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O PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO NAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS
Evelyn Stocco¹ Adir Fellipe Silva Santos²
Resumo
Esta pesquisa buscou analisar a formação das escolas nas comunidades quilombolas e como se deu seu processo de formação escolar. Também procurou compreender se a população dessas comunidades tem ou não acesso à educação de qualidade; como se deu o processo de formação das comunidades no Brasil desde sua formação, e também como se sucedeu esse processo principalmente, nos Campos Gerais, PR. Nas últimas décadas os historiadores da educação têm se voltado à redescoberta de antigos e novos documentos para auxiliar a reconstruir o passado. Diante disso, o presente trabalho referiu-se ao desenvolvimento do projeto de pesquisa “O processo de escolarização nas comunidades quilombolas” cujo objetivo foi, por meio da análise de fontes escritas e iconográficas, compreender, preservar e divulgar a história das primeiras comunidades.
Palavras-Chave: Educação, comunidades quilombola, fontes primárias, políticas públicas.
Introdução
Durante o decorrer do projeto foi possível apreender mais sobre a educação, a formação das comunidades quilombolas e o como elas estão na atualidade, teve um enfoque e a realização de um curso de extensão na comunidade quilombola do Limitão em Castro. A origem dos quilombos está relacionada com as rebeliões ocorridas em diferentes décadas, sejam no século XVIII ou no século XIX. Desde então houve uma série de problemas que resultaram no que temos atualmente, que é as comunidades quilombolas com muito pouco acesso à educação, devido ás políticas atuais que acabaram afastando os quilombolas da formação escolar. Com a promulgação da Lei 10639/03 foi instituída que todas as comunidades quilombolas devem ter escolarização. A pesquisa apontou como resultados a necessidade de valorizar e respeitar a identidade das comunidades, bem como políticas públicas que favoreçam e deem maior visibilidade a essa população.
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Material e Métodos
Na tentativa de explicar a realidade, a ciência caracteriza-se por uma atividade metódica, por meio de ações passíveis de serem produzidas (ANDERY, 1994).
Para o desenvolvimento do projeto foi dividido em fases:
- a primeira, destinou–se ao levantamento e catalogação das fontes primárias e secundárias a respeito do tema.
- a segunda fase, destinou-se para a construção e interpretação sobre o processo de formação das primeiras comunidades quilombolas nesta região.
Foram utilizados procedimentos pertinentes à problemática investigada por meio da investigação, seleção e definição de acervos arquivísticos e bibliográficos, catalogação e digitalização das fontes primárias e secundárias em um banco de dados específico para o projeto.
Foram catalogadas as documentações, utilizando as normas da ABNT.
Essa fase, que finalizará a primeira etapa da coleta de dados, permitirá uma seleção das fontes consideradas raras que serão enviadas para compor a catalogação nacional, do qual este grupo de pesquisa faz parte.
Na última etapa, após o levantamento e catalogação das fontes primárias e secundárias será feita a divulgação dos resultados da pesquisa, procurando discutir e compreender o processo histórico de formação das comunidades.
A divulgação foi realizada por meio da participação dos estudantes e pesquisadores em eventos científicos, bem como em material impresso e em mídia digital.
Resultados e discussão
Percebe-se que a lacuna presente sobre as comunidades remanescentes de quilombos ainda é muito restrita, não havendo muitas pesquisas e discussões sobre o tema. Também o entendimento por parte das comunidades e também de escolas sobre o tema é indefinido e dessa forma, foi possível conscientizar com o curso de extensão “Educação e relações étnico-raciais: possibilidades pedagógicas”, sobre a importância da valorização e a preservação das fontes educacionais da comunidade quilombola do Limitão (Castro). A legislação sobre os remanescentes de quilombos, em muitos casos não está sendo aplicada, as políticas públicas que essas comunidades tradicionais têm direito, passam despercebidos e acabam não sendo aplicadas. Com a pesquisa se tornou perceptível que políticas destinadas as comunidades quilombolas não estão sendo executadas, sendo que seus moradores não têm noção de que muitas existem. Foi produzido para contemplar o que foi
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pesquisado um capítulo de livro sobre a pesquisa. Os resultados da pesquisa foram socializados por meio de publicação de capítulo de livro que aborda a história e a politica das comunidades quilombolas.
Conclusão
Com este trabalho foi concluído que a busca de fontes de pesquisa se torna cada vez mais escassa, até pela falta de conhecimento dos remanescentes dos quilombos da importância de se preservar essas fontes. Outro fator das comunidades é a não implementação das políticas públicas em que muitos direitos não são contemplados, sendo que alguns casos ficam somente no papel, inclusive de escolas dentro das comunidades, principalmente para as séries iniciais. No que diz respeito aos dados educacionais, os alunos que frequentam as escolas estão tendo uma redução, a evasão escolar principalmente nos anos finais do ensino fundamental e o ensino médio é grande, muitos deles desistem pelo fato de terem que trabalhar para ajudar na renda da família. Isso se reflete no ingresso no ensino superior, que acaba sendo o mínimo. Assim, muitas coisas ainda devem ser mudadas, até pela aplicação das políticas públicas para os remanescentes, que reflete diretamente para uma mudança no ingresso dos alunos na educação, seja ela a básica até na superior.
Agradecimentos
Para a realização dessa pesquisa o agradecimento vai a todas as pessoas que de alguma forma ajudaram para a realização da mesma.
Em especial agradeço a minha orientadora professora vera Lucia Martiniak, que foi fundamental para o desenvolvimento dessa pesquisa, com orientações e auxílios.
Referências
CRUZ, Cassius Marcelus; Simões, Willian. Comunidades remanescentes de Quilombos, terras de pretos, comunidades negras rurais tradicionais e a gestão de políticas públicas educacionais no estado do paraná. In: Educação escolar quilombola: pilões, peneiras e conhecimento escolar. Curitiba, SEED, 2010.
_____. Grupo de Trabalho Clóvis Moura. Microrregião de Ponta Grossa. Disponível em: <http://www.gtclovismoura.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=27>.
LEITE, Ilka Boaventura. Os quilombos no brasil: questões conceituais e normativas. Etnográfica, Vol. IV (2), 2000, pp. 333-354.
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_____. Ministério da Saúde. Programa Brasil Quilombola. Brasília: MS, 2004. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasilquilombola_2004.pdf>
_____. Ministério da Educação. Contribuições para Implementação da Lei 10.639/2003. Brasília: MEC, 2008. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=1851-lei10639-pdf&category_slug=novembro-2009-pdf&Itemid=30192>
PADILHA, Lucia Mara de Lima. A (in) existência de um projeto educacional para os negros quilombolas no paraná: do império a república. (Tese de Doutorado) - Universidade estadual de Ponta Grossa. Ponta Grossa, 2016.
REIS, João José. Quilombos e revoltas escravas no Brasil. Revista USP, São Paulo: 14-39, dezembro/fevereiro 95/96. Disponível em: <file:///E:/Meus%20Documentos/Downloads/28362-33013-1-SM.pdf>.
_____. RODRIGUES, Bárbara Luiza Ribeiro. Primeiros olhares sobre as políticas públicas para comunidades remanescentes de quilombos. Disponível em: <http://www.cchla.ufrn.br/cnpp/pgs/anais/Arquivos%20GTS%20-%20recebidos%20em%20PDF/PRIMEIROS%20OLHARES%20SOBRE%20AS%>.
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A GEOGRAFIA DA CARTOGRAFIA FANTÁSTICA: UMA DISCUSSÃO
SOBRE PRÁTICAS GEOGRÁFICAS E IMAGINAÇÃO
Brendo Francis CARVALHO;
Almir NABOZNY
INTRODUÇÃO
O presente texto busca discutir de que modo elementos da Cartografia Moderna
compõem a produção de uma geografia fantástica no mapa vencedor do Cartographer’s
Choice Awards de 2016 do fórum online Cartographer’s Guild. Dentre os principais
eixos que compõe a discussão, estão: a Cartografia Moderna, a Geografia pensada
enquanto práticas geográficas (ESCOLAR, 1996), a ideia de imaginário
(BERDOULAY, 2012), representações sociais (JOVCHELOVITCH, 2008) e o conceito
de espaço geográfico.
Num primeiro momento busca-se contrastar duas concepções de mapas e em
seguida é apresentar a Guilda dos Cartógrafos e a imagem a ser discutida.
Posteriormente é tema de debate a Cartografia, o sujeito cartógrafo e suas referências e
saberes científicos que permeiam a produção de um mapa; a Geografia (práticas
geográficas) é articulada com a perspectiva da representação cartográfica projetada a
partir das visões de mundo, coletiva e individual. O trabalho é finalizado evidenciando
uma prática geográfica associada a um imaginário cartográfico que contempla
elementos da racionalidade moderna, bem como retoma uma “tradição” da dimensão
estética dos mapas.
DESENVOLVIMENTO
A palavra mapa atualmente refere-se a um tipo de imagem/objeto que configura
uma representação espacial elaborada por um grupo específico de profissionais
(cartógrafos, geógrafos, engenheiros cartógrafos) que praticam a Cartografia a partir de
um conjunto de teorias e convenções técnicas, produtos de diversas tradições de
pensamento da ciência geográfica até a atualidade (ESCOLAR, 1996).
Nesse contexto, o cartógrafo (que também pode ser geógrafo ou engenheiro
cartógrafo) é um profissional cuja atuação é institucionalizada (vinculado a uma
entidade privada, ao Estado ou instituição de ensino). Ele não só elabora como também
tem a permissão oficial de mapear, produzindo um tipo de informação validada
enquanto uma representação espacial da realidade. O autor do mapa media, pela
representação, o “deslocamento do outro à (na) realidade”, sendo que as diferenças
subjetivas e a impossibilidade da representação atingir uma realidade “pura” dão origem
às lutas pelo “representar” (JOVCHELOVITCH, 2008).
A Cartografia Moderna aproxima-se das áreas ditas “exatas” do conhecimento
científico por conta de sua linguagem matemática, de sua proximidade com o desenho
técnico e a geometria. O mapa moderno busca representar um espaço cartesiano
absoluto: fixo, neutro, dissociado da materialidade, pré-existente, imóvel e aberto ao
cálculo (neutralidade e monotismo metodológico). Entretanto, em contraposição a este
discurso de distanciamento e neutralidade, Besse (2014) faz lembrar que o ato de
cartografar é intencional e depende também da referência e da visão de mundo do
sujeito cartógrafo. A partir da descrição do real (expressa em texto ou dados numéricos)
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o cartógrafo apresenta no desenho cartográfico um tipo de “realidade do mapa” mediada
pelo sujeito e sua capacidade técnica de representar:
Esta realidade é, por assim dizer a ‘realidade do mapa’, seu re-presentado (e
não seu referente). E esse representado do mapa é dependente do próprio ato
cartográfico, mesmo se, aos olhos daqueles que olham o mapa, ele vale como
o referente, a realidade à qual se faz referência. Em outras palavras, o mapa
institui por si só uma entidade intencional que e aquela à qual nos reportamos
como sendo realidade. É nisso, ou seja, porque ela institui essa entidade que
vale pelo real em si, que o mapa pode ser considerado como criador e como a
expressão de um projeto em relação à realidade. O mapa é a representação
desse projeto. (BESSE, 2014, p.149).
Porém, a imagem apresentada como mapa nesta reflexão não foi produzida aos
moldes da ciência moderna por um cartógrafo, nem se adéqua aos critérios técnicos de
produção de um mapa. Recebe esta nomenclatura a partir de uma comunidade não
científica, que produz desenhos fictícios nos quais se apresentam espaços geográficos
criados partir da imaginação do sujeito. Surgem duas questões importantes: a
apropriação de elementos cartográficos e produção destes desenhos constituem práticas
geográficas? Em caso afirmativo, que tipo de teoria ou discurso geográfico estaria
presente nesta Geografia da Fantasia?
O fórum online Cartographer’s Guild (Guilda dos Cartógrafos) é um sitio digital
de compartilhamento de conteúdo sobre a produção de mapas dos mais diversos tipos.
Constituído por aproximadamente setenta mil postagens feitas por cerca de quarenta e
três mil membros, o site recebe cerca de trezentas e trinta e sete mil visitas mensais.
Sobre o perfil dos membros da guilda, segundo estatísticas do site datadas de Julho de
2016, 43% dos participantes são dos Estados Unidos, 8% do Reino Unido, 6% do
Canadá e 5% da França, entre outras nacionalidades, segundo dados estatísticos
apresentados no próprio site, o que denota certa centralização na Europa e na América
do Norte. Na página inicial de visitantes, pode-se ler a seguinte apresentação:
A Guilda dos Cartógrafos é um fórum criado por e para elaboradores de
mapas e aficionados, um lugar onde todos os aspectos da cartografia podem
ser admirados, examinados, aprendidos e discutidos. Nossos membros
consistem em profissionais designers e artistas, hobbyistas e amadores - todos
são bem vindos a entrar e participar da busca pela habilidade cartográfica e o
conhecimento.
Embora nos especializemos em mapas de reinos de ficção, comumente
usados em romances e jogos (mesa e interpretação), muitos membros do
Guilda também são proficientes em mapas históricos e contemporâneos. Da
mesma forma, nos especializamos na cartografia elaborada com o auxílio de
computador (como o GIMP, aplicativos Adobe, Campaign Cartographer,
Dundjinni, etc.), embora muitos membros aqui também tenham interesse em
mapas elaborados manualmente. (Tradução feita pelo autor). (Página inicial
de Cartographers Guild, disponível em:
<https://www.cartographersguild.com/content.php>. Acesso em 10 jun de
2017).
A partir desta descrição, percebe-se a assimilação de ao menos uma ideia geral
acerca do conceito de mapa e de elementos comuns do discurso cartográfico, como o
uso de técnicas específicas, tecnologias, ferramentas de desenho e principalmente, o
reconhecimento do valor estético da forma de um mapa. Periodicamente, esta
comunidade elege o Cartographers Choice Awards (Prêmio da Escolha dos
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Cartógrafos), que reconhece o melhor mapa feito naquele ano, independentemente do
tema. Esta reflexão parte do mapa vencedor de 2016, denominado Skenara [Land
Beyond the Sea], produzido por J.Edward.1
O mapa de J. Edward apresenta uma região fictícia, um arquipélago chamado
Skenara. Existem bordas desenhas e margens com linhas de coordenadas, uma rosa dos
ventos, título, caixa de legendas que identifica os diversos tipos de biomas imaginados,
perspectiva paisagística de observação, ícones de monstros, cidades rios e estradas, e
palavras maiores referem-se aos nomes mais importantes (conforme pressupõe a
Cartografia temática). O mapa é acompanhado por uma longa descrição da história
fantástica do lugar, seus habitantes e seres fictícios, conforme mostra a figura 1:
Figura 1: Skenara, de J. Edward
1
Mapa de Skenara. Disponível em
<https://www.cartographersguild.com/showthread.php?t=35808>. É preciso ser membro da Guilda para
acessar as postagens.
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ciência geográfica” ISSN 2317-9759
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Fonte: Guilda dos Cartógrafos, 2017. Versão reduzida, a versão completa está disponível
em: https://www.cartographersguild.com/showthread.php?t=35808. Acesso em 22 de out
de 2017.
Seria o mapa de Skenara um trabalho geográfico segundo os parâmetros da
Cartografia Moderna? A resposta básica é negativa, pelo simples motivo de que a
espacialidade representada por Edward é fruto de sua imaginação, isto é, não configura
um mapeamento do “mundo empírico”. Mesmo diante da existência de elementos como
coordenadas, escala e legenda, o compromisso técnico em relação a produção do
desenho é muito mais estético do que informacional, e a aparência da informação
iguala-se a importância do conteúdo da imagem. Essa resposta negativa permite
questionamentos possíveis em relação à materialidade do espaço e a tradição que
compõe a “geografia dos conceitos” da própria Cartografia Moderna.
Se a Cartografia é uma prática da Geografia, Escolar (1996) nos lembra da
diversidade de “geografias” existentes, propondo quatro tipos de práticas ditas
geográficas: a “geografia acadêmica”, ou “científica”, a “geografia ensinada” nas
escolas, a “geografia profissional” e a “geografia cotidiana”. O autor também argumenta
que o espaço geográfico não é um objeto de estudo exclusivo dos geógrafos, e o que
configura uma ciência não são seus conceitos, e sim as práticas, sendo os conceitos
resultados da assimilação destas ações (ESCOLAR, 1996). Seja para o
geoprocessamento de dados demográficos levantados para o censo populacional, até o
cartograma do Brasil apresentado durante a previsão do tempo no telejornal, a
Cartografia e seus produtos estão presentes nas quatro práticas, e fundamentam o
pensamento geográfico seja ele acadêmico, institucionalizado, ensinado ou
simplesmente popular.
Todos os seres humanos compartilham elementos de uma Geografia comum,
mesmo leigos e artistas. Existe um consenso geral sobre a ordenação do mundo, um
rudimento do quadro mundial compartilhado por bilhões de pessoas da sociedade
ocidental. Este consenso geográfico generalizado obviamente possui falhas e
discordâncias, é transitório e míope em muitos sentidos, mas é partir dos estereótipos
geográficos oriundos desta visão compartilhada de mundo que se tornam
compreensíveis nossos discursos espaciais, são apreendidos os elementos geográficos
que vão ser aplicados para produzir um mapa. O olhar geográfico, segundo este
pensamento, estaria vinculado a uma preocupação com as questões espaciais, partindo
do sujeito e não de um campo científico.
Um elemento comum tanto ao mapa técnico quanto ao mapa desenho é o desejo
de representar o espaço. A representação, para Jovchelovitch (2008), configura uma
forma de aproximação entre o eu e aquilo que está distante, permitindo o acesso ao que
não está acessível aos sentidos. Já uma representação social resulta de uma
convergência entre as informações do universo reificado (teórico), e o processo de
ancoragem destas informações no universo consensual de informações compartilhadas,
estabelecendo um tipo de “senso comum” em relação a o que se representa. Ao discutir
representações sociais e a construção das representações na experiência das crianças, a
autora traz a seguinte contribuição:
Representar, isto é, tornar presente o que está de fato ausente por meio do uso
de símbolos, é fundamental para o desenvolvimento ontogenético da criança,
está na base de construção da linguagem e da aquisição da fala, é crucial para
o estabelecimento das inter-relações que constituem a ordem social e é o
material que forma e transforma as culturas, no tempo e no espaço
(JOVCHELOVITCH, 2008, p.33).
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A experiência com o mundo é mediada pelo mapa, um tipo de representação,
elaborado a partir da imaginação e da ancoragem de ideias feita pelo cartógrafo,
somando-se à sua interpretação da realidade, de modo a proporcionar uma experiência
imagética do espaço. Tanto o mapa científico quanto o mapa artístico trazem esta
perspectiva da aproximação. Através da reprodução estética de um mapa, os artistas
podem compartilhar os símbolos e signos de seus espaços abstratos produzindo
inteligibilidade, experiência e intersubjetividade a partir da linguagem geográfica
genérica e comum.
Pode-se perguntar, por que não utilizar a Cartografia técnica para praticar o
exercício geográfico proposto? De maneira simples, o objetivo de produzir um tipo de
geografia não significa necessariamente o desejo de produzir ciência geográfica. Os
mundos imaginados estão livres dos parâmetros da realidade, mas ainda sim, são
dotados de signos e ícones que surgiram a partir da visão de mundo compartilhada e de
Geografia compreendida. Se o espaço cartográfico é matemático e abstrato, essa
imaterialidade não garante a liberdade criativa ou imaginária. Ao contrário, elas são
excluídas em virtude do discurso de neutralidade e racionalismo, que dissocia sujeito e
objeto e impede qualquer ligação com subjetividade, transferindo-as para as chamadas
Ciências Humanas, como a Psicologia e a História.
O mapa artístico é a porta de acesso à geografia do imaginário do artista, através
do compartilhamento das concepções geográficas do mundo produzido. Berdoulay
(2012) caracteriza o imaginário como um conjunto de imagens criadas pelo sujeito no
decorrer de sua construção de mundo, enquanto ele capta e ordena elementos materiais e
imateriais de sua vivência a fim de expressar-se acerca de mudanças sobre si e em si. O
imaginário media a relação do homem e o meio, funcionando como um estoque de
valores, modelos e ações. Toda atividade intelectual permeia um exercício prévio de
imaginação, existindo a priori na mente dos sujeitos, podendo vir a ser “performática”,
ou seja, assumir manifestação material (BERDOULAY, 2012). Já a imaginação
geográfica seleciona atributos que considera centrais da realidade, destacando temas que
representem a totalidade, condensando possibilidades e reduzindo a realidade (ibid,
2012), no caso da Cartografia, a uma imagem.
Ao passo que os cartógrafos buscam transformar as terras desconhecidas do
mundo em conhecidas pela ciência, os artistas criam seus universos a partir de suas
representações sociais de geografia presentes no seu imaginário. Se hoje a concepção de
espaço do homem moderno inclui a ideia de uma Terra completamente mapeada e
conhecida, o artista usa da geografia para criar a Terrae Incognitae, restaurar o medo do
outro, do assombro pela desinformação. Esse aspecto temerário que a Geografia
moderna eliminou, é resgatado pela estética “antiga” e pela produção geografia
fantástica.
A forma como se dá o olhar geográfico para os mapas artísticos é acusatória, na
perspectiva de que estes somente ilustram, e não informam. Porém, como se
argumentou até aqui, o imaginário, o processo de representação espacial, e a até mesmo
a temática “regional” já assumem uma série de feições geográficas, que não estão
atreladas ao discurso científico, mas que são sim práticas geográficas, na medida em
que se fundamentam no pensamento geográfico científico. Também é resultado de um
exercício da representação social de Geografia e Cartografia dos artistas, fonte de
informações para os exercícios criativos.
Assim, concluiu-se que a partir da Geografia científica surgem elementos que
são usados como parâmetros para o imaginário da Guilda dos Cartógrafos. Mas os
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artistas querem que sejam acessados seus projetos de realidade, e para isso, rompem os
rígidos limites da representação cartográfica moderna, desvinculados da ciência, mas
comprometidos com o olhar e o exercício das práticas geográficas.
REFERÊNCIAS
BERDOULAY, V. El Sujeto, El lugar y La Mediación del Imaginario. In: LINDÓN, A;
HIERNAUX, D (orgs.). GEOGRAFÍAS de lo imaginario. Barcelona: Anthropos
Editorial; México: Universidad Autónoma Metropolitana. Iztapalapa, 2012. p.49-65.
BESSE, J. M. O Gosto do Mundo: exercícios de paisagem. Rio de Janeiro: EDUERJ,
2014.
Cartographers Guild: The Atlas Awards Winners 2017. Disponível em:
<https://www.cartographersguild.com/content.php?r=312-The-Atlas-Awards-Winners-
2017.> Acesso em: 20 Jun. 2017.
ESCOLAR, M. Problemas de legitimação científica na produção geográfica da
realidade social. In: ESCOLAR, M. Crítica do discurso geográfico. São Paulo:
Hucitec, 1996. p.09-47.
JOVCHELOVITCH, S. Introdução. 1 Saber, Afeto e Interação. In: JOVCHELOVITCH,
S. Os contextos do saber. Representações, comunidade e cultura. Petrópolis: Vozes,
2008. p.19-77.
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DENSIDADE DOS PONTOS DE CRIMINALIDADE NO CAMPUS DA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA – PR
Murilo Henrique de Brito;
Marianne Oliveira;
João Alfredo Madalozo
Introdução
A insegurança vivida pela sociedade nos dias de hoje já ultrapassou os limites
até mesmo das universidades, como o caso do Campus da Universidade Estadual de
Ponta Grossa, os indivíduos não se sentem pressionados mesmo com câmeras de
vigilância, alarmes e cadeados nas portas dos blocos ou a movimentação de pessoas
dentre deles, ou as patrulhas dos guardas. Todas estas ações são para evitar ocorrências
e oferecer segurança a funcionários e alunos.
Mesmo com todas as ocorrências já registradas ou apenas circuladas entre as
redes sociais de alunos, professores, funcionários ou visitantes, foi necessário o
episódio com o aluno estrangeiro Eric Dario Acuña Navarro que foi baleado em um
roubo dentro da universidade. Como resultado gerou uma onda de protestos e
aumento da segurança com a presença da Policia Militar auxiliando a segurança, mas
o Campus apresenta uma área extremamente extensa à segura interna e mesmo a
segurança pública do município não consegue promover a segurança necessária para
todos os alunos, o que resulta em um índice de crimes extremamente alto, para isto
busca-se mapear e demonstrar os pontos de maior criminalidade.
1. Objetivos
O objetivo do estudo é demonstrar a distribuição das ocorrências de
criminalidade no Campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa com o uso dos
boletins de ocorrência registrados na universidade dos últimos cinco anos.
2. Metodologia
O Campus da UEPG localiza-se no bairro de Uvaranas em Ponta Grossa, nele
constam os cursos das áreas da saúde, exatas e naturais e área humana. A figura 1
apresenta a área de estudo, identifica na imagem em vermelho são os limites da
instituição. Em verde o limite do bairro de Uvaranas assim como o perímetro urbano em
laranja e em amarelo o município de Ponta Grossa.
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Figura 1 – Localização da área de estudo.
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Para demonstrar a metodologia de estudo na figura 2 está o diagrama de blocos
representando suas fases. No início a base cartográfica extraída a partir da planta
confeccionada no projeto Levantamento Físico da Rede Elétrica Campus Uvaranas –
UEPG. O limite do bairro de Uvaranas confeccionado sobre o mapeamento realizado
pela prefeitura municipal de ponta grossa, e de Ponta Grossa obtido a partir da base
cartográfica do IBGE.
Figura 2 - Diagrama de blocos.
Figura 2 – Metodologia do trabalho identificada a partir do diagrama de blocos.
A aquisição dos dados dos boletins de ocorrência foi na prefeitura do campus,
mas os dados não apresentam nenhuma metodologia para classificação, sendo que a
descrição e o nome da ocorrência varia de acordo com o funcionário que está
registrando o ocorrido no momento, e este registro muitas vezes está confuso e de difícil
interpretação.
Como os dados adquiridos extrapolam mais de 4.000 ocorrências e muitas delas
tratam de críticas sobre tempero ou comida de funcionários, atos libidinosos ou pessoas
ensinando menores a dirigir objetivou-se separar os dados que tratam de furtos, assaltos
e pessoas “estranhas” circulando pelo campus, como não existiram ocorrências quanto a
estupro e tentativa de estupro, está classe não foi adicionada ao levantamento mas o que
não exclui sua existência.
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A partir da filtragem gerou-se um novo banco de dados com as ocorrências de
interesse, e que apresentam a identificação do crime, a descrição feita pela vítima e sua
localização para sua espacialização.
Para espacializar estes dados eles foram processados no software ArcGis 9.3
aplicando o estimador de densidade kernel. O estimador de densidade kernel ilustra uma
vizinhança no entorno de cada ponto ou amostra, demonstrando seu raio de influência, a
partir da função matemática que 1 representa o ponto de ocorrência dos crimes ou
tentativas, e 0 seu limite da vizinhança (SILVERMAN,1986).
Este método é considerado um estimador probabilístico não paramétrico, pois
não necessita de parâmetros pré-estabelecidos, não utilizando média e desvio padrão
como parâmetro e não necessita de elementos suficientes para afirmar que segue uma
distribuição normal, se baseando na intensidade dos dados, e estes são divididos pela
área de estudo (BAILEY & GATRELL,1995).
Para Matsumoto e Flores (2012) o estimador de Kernel é uma técnica de
estatística espacial para demonstrar a concentração dos eventos em um plano, muito
utilizado em um SIG para interpolação sobre as bases cartográficas com dados
georeferenciados no espaço geográfico destacando a frequência das concentrações do
fenômeno.
3. Resultados e Discussões
Com base nos dados filtrados, gerou-se uma tabela onde foi especializado as
ocorrências de acordo com a localização citada. Os resultados do estimador de
densidade kernel apresentou as principais de áreas de risco, verificadas visualmente pelo
aglomerado com maior densidade de caso.
A partir do estimador de densidade kernel é possível verificar na figura 3 aonde
estão concentradas as ocorrências registradas. Em (A) os furtos registrados estão
principalmente no bloco L, incluindo estacionamento, os centros acadêmicos e o CIPP,
outro local com alta densidade de furtos é o bloco F, passando para a reitoria em
segundo caso e poucas ocorrências no bloco M e bloco G. Em (B) apresentam-se os
locais onde ha maior movimentação de pessoas suspeitas, sendo os mais frequentes a
reitoria, os blocos E e F, as proximidades do observatório, o bloco G, o bloco L e a
Central de Salas, com ocorrências moderadas no caminho da Central de Salas até o
bloco L, no bloco M e próximo ao Centro de convivências. Em (C) são representados os
roubos, sendo o local com maior número de ocorrências o viaduto e em seguida as
proximidades dos Blocos E e F, com um número menor de ocorrências na Central de
Salas e no observatório.
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Figura 3 – Espacialização das ocorrências pelo estimador de densidade Kernel em (A) a densidade dos
furtos, na (B) a densidade de pessoas suspeitas circulando pela instituição e (C) a densidade de roubos
sofridos pelos alunos, funcionários e professores.
Com base nas informações acima citadas, foi criado um mapa juntando todas
elas. Na figura 4 está representado o mapa gerado a partir da junção de todas as
ocorrências utilizadas para o estudo, na qual mostra que os locais onde mais ocorreram
ocorrências são no bloco E e F, observatório e a central de salas, com ocorrências
moderadas perto da reitoria, próximo ao viaduto, no bloco G, no bloco L e próximo ao
CAAP e, com baixo taxa de ocorrência no bloco M e na pista de atletismo.
Figura 4 – Mapa de densidade kernel com todas as ocorrências
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4. Considerações Finais
Com a utilização do Sistema de Informação Geográfico foi possível a plotagem
das ocorrências, podendo assim gerar os mapas identificando cada ocorrência. Por meio
desse estudo percebeu-se que há muitas ocorrências que são faladas nas redes sociais,
mas que não foram registradas nos boletins de ocorrência, sendo esta necessária, visto
que elas servem para um melhor gerenciamento da Universidade Estadual de Ponta
Grossa.
5. Referências
BAILEY, T. C.; GATRELL, A. C.; Interactive Spatial Data Analysis. London:
Longman, 1995. 413pags.
MATSUMOTO, P. S. S.; FLORES, E. F.; Estatística espacial na geografia: um
estudo dos acidentes de trânsito em Presidente Prudente - SP. GeoAtos - Revista
geografia em Atos, Vol. 1, Nº 12, 95-113. Disponível em :
http://revista.fct.unesp.br/index.php/geografiaematos/article/viewFile/1755/matsumoto.
Acesso em: 15 out. 2017. 2012.
SILVERMAN, B. W. Density Estimation for Statistics and Data Analysis. Nova
York: Chapman and Hall,1986.
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PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS NO PARQUE MUNICIPAL
MARGHERITA SANNINI MASINI, PONTA GROSSA, PARANÁ
Isonel Sandino Meneguzzo;
Paula Mariele Meneguzzo;
Adeline Chaicouski Meneguzzo
Introdução
As unidades de conservação (ucs) compreendem espaços protegidos, os quais
são estabelecidos por leis ou decretos emitidos pelo poder público. Desta forma, cada uc
possui especificidades e enquadra-se em uma categoria/grupo de manejo (BRASIL,
2000). Portanto, atendem a objetivos que visem preservar e conservar elementos do
meio físico-biológico e o patrimônio histórico-cultural, dentre outros objetivos.
Porém, entre o que a legislação ambiental preconiza e a gestão de uma uc, existe,
em certos casos uma dissonância em termos de efetividade dos instrumentos legais.
Criado por meio de uma lei municipal em 1992 (PONA GROSSA, 1992), o
Parque Municipal Margherita Sannini Masini (PMMSM) passou por contextos
socioambientais distintos, englobando desde o seu uso público sistematizado pela
Prefeitura Municipal de Ponta Grossa entre meados da década de 1990 e início da
década de 2000, chegando até o presente momento, onde o mesmo encontra-se
abandonado, sem fiscalização ou implementação de um plano de manejo.
A uc possui diversos atrativos naturais tais como: lago, o Arroio do Padre,
vegetação secundária e exposição de uma soleira de diabásio. Estes atrativos tiveram no
passado uso didático significativo por parte de instituições educacionais, envolvendo
escolas públicas e privadas (BELLO e MELO, 2006).
Diante deste contexto é que o PMMSM, situado no espaço urbano de Ponta
Grossa insere-se. Justifica-se assim a execução de trabalhos com o caráter exploratório,
a fim de que a realidade seja evidenciada e que informações atinentes ao tema do
trabalho sejam disseminadas no ambiente acadêmico.
Objetivo
O presente trabalho visou identificar os problemas socioambientais do PMMSM
a partir de visitas sistemáticas à área da uc.
Metodologia
Para elaboração deste estudo foram utilizados os seguintes procedimentos
metodológicos:
Revisão bibliográfica: Etapa inicial da realização do trabalho, contou com a
pesquisa documental envolvendo a área de estudo em relação aos aspectos legais (Lei
de criação da uc e Sistema Nacional de Unidades de Conservação;
Trabalhos de Campo: Foram realizadas visitas mensais no PMMSM, ao longo de
dez meses (uma visita por mês em dias aleatórios da semana), com vistas a identificar os
conflitos de uso da uc em relação à legislação ambiental vigente. Nos trabalhos de
campo foi possível verificar a presença de resíduos sólidos urbanos no Arroio do Padre
e no lago, situado no interior do parque;
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Sistematização dos dados: Os dados levantados em campo foram sistematizados
na forma de um quadro (Quadro 1) a fim de tornar didática a exposição dos problemas
socioambientais existentes na área objeto de estudo.
Resultados e discussões
A área que compreende o atual PMMSM, foi ocupada por uma pedreira de onde
se explotava diabásio entre fins do século XIX e meados do século XX. Posteriormente,
teve ocupação humana familiar e somente no final da década de 1990 a uc foi
implementada. Desde aproximadamente a metade da década de 2000, o Parque
foi abandonado pela administração municipal, sendo que sua infraestrutura (recepção de
visitantes, cercas e banheiros) foi depredada (BATISTA; PRANDEL; MENEGUZZO,
2012).
O parque possui uma área de 5,86 hectares e atrativos naturais como exposição
de rochas ígneas, o Arroio do Padre (sub-afluente do rio Tibagi) e associação secundária
da Floresta Ombrófila Mista com a introdução de espécies exóticas (TAKEDA;
MATTOSO TAKEDA; FARAGO, 2001).
O trabalho desenvolvido resultou na identificação de diversos problemas
socioambientais observados ao longo de dez visitas realizadas ao longo de dez meses.
Foram identificados os seguintes conflitos: ausência de infraestrutura básica para
funcionamento, ausência de monitoramento e fiscalização ambiental, ausência de
atividades de ecoturismo, ausência de atividades de educação ambiental, acesso
irrestrito à área de mata, disposição inadequada de resíduos sólidos, usos sociais
incompatíveis com os objetivos da uc, corte de árvores e queimada, contaminação
biológica do Arroio do Padre, eutrofização de águas superficiais e ausência de zona de
amortecimento.
PROBLEMAS
AMBIENTAIS
Ausência de infraestrutura
básica para funcionamento
Ausência de
monitoramento e
fiscalização ambiental
Ausência de atividades de
ecoturismo
Ausência de atividades de
educação ambiental
Acesso irrestrito à área de
mata
Disposição inadequada de
resíduos sólidos
Uso social incompatível
Corte de árvores
Queimada
Contaminação biológica do
Arroio do Padre
Eutrofização de águas
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Considerações finais
A realização do trabalho permitiu identificar diferentes problemas
socioambientais do PMMSM ao longo do período verificado. O PMMSM é uma área de
proteção integral e deveria possuir usos que estivessem em consonância com as leis
ambientais atualmente em vigor.
A verificação dos problemas socioambientais, materializados pela ausência de
atuação do poder público e uso sem critérios técnicos compromete a qualidade
ambiental da área em relação, inclusive a possíveis usos no futuro. Isto se deve ao fato
de que para tornar a uc em condições adequadas para fins de uso público, haverá a
necessidade de intervenções antrópicas no sentido de restaurar elementos do meio
físico-biológico, despoluir alguns pontos específicos e implementar infraestrutra.
É evidente o descaso do poder público municipal em colocar em prática as
políticas públicas ambientais vigentes. Diante desta situação, os conflitos ambientais
repercutem negativamente do ponto de vista socioambiental, com consequências
adversas para o meio físico-biológico e para a sociedade, que poderia estar utilizando
este espaço para a melhoria da qualidade de vida urbana, utilizando a área para lazer,
recreação, interpretação e educação ambiental.
Referências bibliográficas
BATISTA, M. R. PRANDEL, J. A. MENEGUZZO, I. S. Possibilidades de temas em
educação ambiental a partir dos parques urbanos de Ponta Grossa, Paraná. In: 4º
Congresso Internacioanal de Educação, 2012, Ponta Grossa. Anais do 4º Congresso
Internacional de Educação. Ponta Grossa, 2012.
BELLO, E. M. ; MELO, M. S. Utilização dos sítios naturais em atividades didáticas do
ensino fundamental e médio no município de Ponta Grossa, PR. Publicatio UEPG,
Ponta Grossa, v. 14, n. 2, p. 25-42, 2006.
BRASIL. Lei número 9.985 de 18 de julho de 2000. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm>. Acesso em 16 out. 2017.
MELO, M.S. ; MENEGUZZO, I.S. Patrimônio natural dos Campos Gerais do Paraná.
In: DITZEL, C. H. M. ; SAHR, C. L. L. Espaço e cultura: Ponta Grossa e os Campos
Gerais. Ponta Grossa, Editora UEPG, 2001, p. 415 - 428.
PONTA GROSSA. Lei número 4.832 de 09 de dezembro de 1992. Disponível
em<https://camara-municipal-da-ponta-grossa.jusbrasil.com.br/legislacao/419411/lei-
4832-92>. Acesso em 16 out. 2017.
TAKEDA, A. K.; MATTOZO TAKEDA, I. J. M.; FARAGO, P. V. Unidades de
conservação
da região dos Campos Gerais, Paraná. Revista Publicatio, Ponta Grossa, vol.7, n.1, p.
57-78, 2001.
superficiais
Ausência de zona de
amortecimento
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A REITERAÇÃO LINEAR E BINÁRIA DE GÊNERO ATRAVÉS DOS
DISCURSOS E PRÁTICAS DA IGREJA EVANGÉLICA REFORMADA NOVA
HOLANDA DE CARAMBEÍ, PR
Adriana Gelinski
Introdução
A presente reflexão teve por questão central evidenciar como o discurso e as
vivências religiosas da/na Igreja Evangélica Reformada Nova Holanda (IERNH)
Carambeí, PR reiteram o ideal de gênero. Os caminhos estabelecidos de reflexão
buscaram compreender o conjunto de ideias estabelecidas em relação ao que é ser
mulher a partir da vivência cotidiana na IERNH, o perfil do grupo de jovens mulheres
que participam da comunidade religiosa IERNH e as maneiras pelas quais as vivências
cotidianas são mediadas pela representação ideal de gênero da igreja. Tais questões
foram estabelecidas por um processo pessoal de vivência da autora deste trabalho. Tal
processo de vivências, observações e entrevistas colaborou para uma nova questão:
compreender quais as espacialidades mais vivenciadas e relevantes para a vida das
jovens mulheres entrevistadas, bem como identificar de que forma o discurso e os
princípios religiosos influenciam em tais espacialidades.
Neste sentido escolhi a Igreja Evangélica Reformada Nova Holanda, Carambeí –
PR para investigar tais questões. Esta Igreja foi fundada no ano de 1933 no Paraná, mais
especificamente em Carambeí, colaborando para unir os holandeses à nova terra
colonizada e também sendo uma forma de preservar sua cultura e fé. Contava no início
com trinta e três fiéis de Carambeí. Posteriormente, se expandiu a novas cidades do
Paraná, conquistando novos membros, agora não mais se restringindo aos de origem
holandesa. Atualmente, tem por escopo atuar em conjunto com membros de origem
holandesa e brasileiros com o intuito de manter a comunidade de fiéis unida. (IER,
2000).
Deste modo, a Igreja pode ser compreendida como uma espacialidade que é
vivenciada no cotidiano de pessoas que comungam uma determinada forma de ver,
significar e entender o mundo, essas buscam se reunir em espaços como Igrejas, casas,
salões da Igreja, etc. Assim, Lefebvre (1974) salienta que o espaço está presente
entremeio a sociedade, aos indivíduos e até aos objetos. Esses não se formam e nem se
reconhecem enquanto sujeito, sem estarem em algum espaço.
Dentre as múltiplas perspectivas existentes sobre o espaço os fenômenos
religiosos não foram centrais na discussão geográfica brasileira. Contudo, Gil Filho
(2008) resgata o fenômeno religioso na Geografia. Para este autor a religião é um
conjunto de fatores simbólicos. De tal modo este autor desenvolveu um novo campo na
abordagem cultural em Geografia, a Geografia da Religião, a qual busca compreender e
entender o discurso, a prática e as vivências religiosas. Logo, Gil Filho (2008) entende
que a religião se apresenta como um fenômeno, e este está ligado a cultura humana.
Pensando assim, faz-se necessário comentar sobre a importância e o espaço que
as mulheres estão ganhando diferentes ambientes, antes tidos como apenas masculinos,
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como por exemplo, no futebol, nas empresas, na política e em algumas Igrejas entre
outros. Além disso, refletir sobre religiosidade nas mulheres não pode se restringir
apenas a uma investigação individual de suas crenças, mas sim na tentativa de
compreender que elas fazem parte de um universo experienciado, vivenciado de
diversas formas e com variadas simbologias as quais colaboram para explicação de sua
existência. Onde este universo vivido é “uma experiência continua, social e egocêntrica
e se refere ao imaginário, afetivo e mágico” (HOLZER, 1992). Esse universo
imaginário é rico em símbolos e está ligado com as crenças e aspirações das mulheres
que vivenciam essa espacialidade gerada pela religião. Essas fazem desse espaço uma
vivência única e peculiar e que as leva a acreditar em uma vida baseada no sagrado.
Sendo assim, as mulheres constituem-se como um importante grupo de
sustentabilidade das práticas religiosas e, portanto do poder social que a religiosidade se
faz no cotidiano das pessoas. Tais mulheres freqüentemente seguem discursos e
princípios religiosos, os quais elas (as jovens mulheres) preservam nas mais variadas
espacialidades. Sendo assim, no referido trabalho busco demonstrar a influencia da
religião na vida das jovens mulheres, as quais mesmo tendo outras vivencias e
experiências não conseguem “desapegar” dos princípios religiosos.
Metodologia
A pesquisa foi realizada na Igreja Evangélica Reformada Nova Holanda da
Cidade de Carambeí, PR. Caracteriza-se de uma pesquisa qualitativa, onde foram
realizadas 9 entrevistas semi-estruturadas com mulheres jovens integrantes da
comunidade religiosa, bem como uma entrevista com líder religioso.
Desenvolveu-se observações sistemáticas e vivencias com a comunidade
religiosa que resultaram em relatos de diário de campo, bem como a construção de
banco de dados para sistematização e análise de conteúdo fundamentada em Bardin
(1977), esta metodologia pode ser aplicada a vários discursos.
Resultados e discussões
Das dez entrevistas realizadas com as jovens e com o líder religioso foi possível
obter um total de de 6 horas e 52 minutos de entrevistas, as quais geraram 84 páginas
transcritas e 335 evocações e inúmeras espacialidades. Onde a igreja aparece como a
primeira espacialidade mais evocada com total de 40.30%, a casa foi evidenciada como
a segunda espacialidade com 25.07%, a terceira espacialidade esta relacionada com as
espacialidades de sociabilidade com um total de 24.48%. Além disso, a pesquisa
evidenciou um aspecto peculiar e interessante a questão do corpo como espacialidade
somando um total de 10.15%. As espacialidades podem ser observadas no gráfico 1 a
seguir:
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Gráfico 1 – Espacialidades das Jovens mulheres da IERNH, Carambeí – PR
Fonte: A autora.
Neste sentido, a igreja foi evocada mais vezes podendo ser identificada como
uma das espacialidades mais importante para as jovens mulheres. Onde a espacialidade
Igreja aparece como local de conforto, busca por explicações e é visto como uma
espacialidade necessária para as suas vidas. Em um mundo com inúmeras atitudes,
desejos, anseios e relações, freqüentemente as pessoas começam a não se sentir
totalmente confortáveis em determinadas espacialidades e buscam consolo, explicações
e força para tais agruras cotidianas. Como é visto na fala que segue abaixo:
Agora nos dias de hoje a igreja na verdade significa uma direção
na minha vida, não totalmente a Igreja, mas mais Deus. Tipo
Deus me direciona a fazer minhas escolhas, a Igreja me dá a
base pra eu viver minha vida. Então a Igreja seria minha base
pra eu poder tomar as atitudes necessárias pra minha vida e é um
apoio em momentos difíceis é um lugar que eu posso agradecer
por coisas boas. Então tipo é digamos o centro da minha vida.
(Entrevista realizada com Anis, Carambeí em 17/02/2013)
Assim é na espacialidade igreja que são aprendidos os princípios, e as práticas
religiosas cotidianas. Além de ser entendida pelas jovens como um local cheio de
símbolos e representações, os quais atuam de forma motivacional para as jovens
continuar seguindo tais princípios.
Desta forma, os discursos e práticas religiosas ultrapassam a espacialidade
igreja, e frequentemente são refletidos no lar das e dos fiéis da IERNH. Onde é
reproduzido o modelo familiar generificado, os papéis de mulheres e homens, bem
como os princípios religiosos como motivadores para a construção do ideal familiar. A
casa se constitui como uma espacialidade com grande simbolismo para as/os fiéis e de
certa forma faz ligação direta com os ensinamentos religiosos. De tal modo, a casa pode
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ser entendida como um espaço de convivência, um espaço de descanso, reservado,
especial e reprodutor dos princípios religiosos. Tais princípios frequentemente reforçam
o discurso bipolar de mulher vista como mãe, esposa e submissa. Já o homem é visto
como líder, administrador e ‘o cabeça’ do lar. Como visto na fala de Alfazema: “O
homem tem que ser acredito tem que ser o chefe da casa ‘o cabeça’ da família e a
mulher, bom tem que ser submissa”. Concordante com Santos (2006, p.72):
A mulher é representada como esposa e mãe, cabendo-lhe a
responsabilidade pelo trabalho doméstico, não remunerado e
nem reconhecido. Sendo reservado ao homem papel de
provedor, este deve ganhar mais do que a mulher e a renda
feminina se apresenta como auxiliar, mesmo nos casos em que
se constitui na principal ou única renda familiar, de modo que
ainda aí a mulher cumpre um papel de ‘auxiliadora’.
Os outros espaços de sociabilidade estão espacialidades de sociabilidade como:
local de trabalho, Universidade ou Escola, restaurantes, shows, casa do namorado e casa
dos familiares. A análise empreendida evidencia que as outras espacialidades trazidas no
cotidiano das jovens mulheres são vividas de forma conectada com os princípios
religiosos e prática religiosa. Algumas espacialidades são consideradas confortáveis por
poder conciliar sua vivência de fé e outras atividades. Outras espacialidades são
consideradas neutras por não apresentarem nem aspectos negativos ou positivos e ainda
pode-se evidenciar as espacialidades que são vivenciadas pelo conflito entre a religião e
outras atividades.
Desta forma a pesquisa evidenciou que dentre as três espacialidades a
confortável, neutra e a conflituosa, a espacialidade conflituosa é mais evidenciada e se
destaca. Isso pode ser percebido na profundidade das falas e dos exemplos, as
espacialidades ou momentos conflituosos aparecem como mais marcantes para as
jovens entrevistadas.
Por fim, durante a pesquisa foi possível perceber um aspecto peculiar e
interessante. Onde as jovens mulheres identificam seu corpo como próprio templo do
espírito, bem como o discurso religioso busca reforça tal pensamento. Assim, o corpo
feminino é visto como algo sagrado, tal pensamento justifica as formas de ver, se
comportar, vestir-se e cuidar do corpo.
De tal modo, as jovens mulheres identificam seu corpo como o próprio templo
do espírito. São entendidos assim conforme Herod (2011, p.63) como entidades
individuais e por este motivo buscam zelar de seus corpos de forma a não escandalizar.
Tal pensamento colabora para a possível existência do controle dos corpos, pois o corpo
passa a ser algo não só algo biológico, mas permeado de símbolos e representações.
Sendo entendido como um texto e neste são esboçados significados/simbologias
culturais como a linguagem religiosa, princípios, desejos e representações. Além disso,
são vistos como o que faz a ligação com locais ou algo maior como é o caso das jovens
mulheres que se entendem como entidades em conexão direta com o Espírito Santo –
Deus. Como na fala que segue:
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Como dizem né nosso corpo é o templo do espírito. Então tudo
que você pude faze pra honra, você faz. Agora você vai faze
algo que é prejudicial a tua saúde ou algo que você saiba que vai
afeta a outra pessoa ou escandaliza a outra pessoa evita né?!
(Entrevista realizada com Anis, Carambeí em 17/02/2013).
Sendo assim, as jovens mulheres demonstram sentirem-se parte íntegra da boa
criação divina, onde de certa forma as jovens mulheres negam seu próprio corpo não
sendo delas, mas de algo maior – Deus. A concepção que seu corpo não há pertence
colabora para o sentimento de passividade, submissão e obediência, bem como para
seus princípios e de sua dignidade humana. Os quais freqüentemente são aproveitados
por “terceiros” (Deifelt, 2012). Logo, as mulheres são vistas como “santas ou libertinas,
santas como a Virgem Maria, ou de libertina como Eva, não sendo possível a liberdade
das mulheres” (VIANNA, 2009, p. 115). Desta forma, há uma “classificação” nos
corpos femininos sendo “mães/esposas, santas, putas, presas ou loucas” conforme
Lagarde (2001).
Conclusões
Esta pesquisa teve como fio condutor evidenciar como o discurso e as vivências
religiosas da/na Igreja Evangélica Reformada Nova Holanda (IERNH) Carambeí, PR
reiteram o ideal de gênero. No entanto ao decorrer da pesquisa foi possível elaborar
outras questões como: compreender quais as espacialidades mais vivenciadas e
relevantes para a vida das jovens mulheres entrevistadas, bem como identificar de que
forma o discurso e os princípios religiosos influenciam em tais espacialidades.
Nesse sentido evidencia-se que a IERNH baseia-se na vivência de uma fé
generificado em que as mulheres são focos fundamentais de controle e são vistas como
pilares de sustentação para as práticas religiosas de seus filhos, marido e familiares.
Nesse mar de pensamentos, simbologias e ideais, a IERNH baseia-se na vivência de
uma fé generificada em que as mulheres são focos fundamentais de controle e estigmas.
Quando nascem já são motivadas a desenvolver posturas e atitudes femininas.
Sutilmente nas brincadeiras de casinha elas são ensinadas que o papel que
desempenharão no futuro: ser mãe e esposa; tendo que zelar pelo seu corpo de modo a
não escandalizar ou seguir seus desejos, pois seu corpo não lhe pertence. Assim, as
mulheres são alvo de discursos normatizadores que domesticam seus corpos conforme
valores religiosos.
Para tanto é fundamental a imaginação geográfica que estabelece conexões entre
espacialidades, pois as significações que se fazem na vivência religiosa que tem a
espacialidade igreja como seu principal lócus se relaciona com outras espacialidades,
acontecendo de forma complexa, podendo ser harmoniosas ou conflituosas.
Para finalizar, vale lembrar que o universo das jovens mulheres pesquisadas é
constituído por um conjunto de símbolos; esses símbolos e importâncias não podem ser
quantificados apenas compreendidos. Faz-se necessário frisar que para algumas pessoas
a religião é algo dotado de símbolos e sacralidades e para outras não há sentido algum
nela. Assim, a referente pesquisa evidenciou a forma como o discurso, as práticas e as
vivências religiosas instituem e colaboram para a reiteração de práticas lineares, ou seja,
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mulher, feminina, esposa, mãe etc. Tais concepções pautadas na heteronormatividade e
na noção binária de gênero.
Outro ponto evidenciado é que mesmo as jovens tendo outras vivências e
experiências ainda preservam em si, alguns princípios religiosos. Portanto, os princípios
religiosos se ‘confundem e se ajustam’ com as novas experiências aprendidas nas
espacialidades vivenciadas pelas jovens, exercendo assim uma ortoprática.
Referencias
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GIL FILHO, Sylvio. Fausto. Geografia da Religião: Reconstruções Teóricas sob o
idealismo crítico. In: KOZEL, S.; SILVA, J. C.; GIL FILHO, S. F. (orgs.). Da
percepção e Cognição à Representação: Reconstruções teóricas da Geografia Cultural e
Humanista. São Paulo: Terceira Imagem; Curitiba: NEER, 2007.p. 207 – 222.
GIL FILHO, Sylvio. Fausto. Espaço sagrado: estudos em Geografia da religião.
Curitiba: IBPEX, 2008.
HEROD, Andrew. The body. Scale.London and New York: Routledge, p.60-89,
2011
I.E.R. – Igreja Evangélica Reformada Nova Holanda. História do protestantismo no
Brasil. Arquivo oficia da Igreja Evangélica Reformada Nova Holanda. Xerox. 2000.
LEFEBVRE, H. A Produção do Espaço. Paris: Armand Colin, 1974.
SANTOS, Naira Carla. Di G.P dos. Reprodução de gênero, religião e trabalho
doméstico: resultados de pesquisa entre Batista na cidade de São Paulo. Gênero e
Religião no Brasil: ensaios feministas. São Bernardo do Campo: Universidade
Metodista de São Paulo, p. 69-79, 2006.
SILVA, Eliane. Moura da. Fundamentalismo evangélico e questões de gênero: em
busca de perguntas. Gênero e Religião no Brasil: ensaios feministas. São Bernardo do
Campo: Universidade Metodista de São Paulo, p.11-27, 2006.
SILVA, Joseli Maria. Fazendo geografias: pluriversalidades sobre gênero e
sexualidades. Geografias Subversivas: discursos sobre espaço, gênero e sexualidades.
Toda Palavra, p.25-50, 2009
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MAPAS ANTIGOS DA BIBLIOTECA NACIONAL COMO OBJETO DE
MEMÓRIA
Brendo Francis Carvalho
INTRODUÇÃO
Em junho de 2017, o Plenário do Senado aprovou o projeto de lei PLS 146/2007
que autoriza a destruição de documentos originais em papel após a digitalização
certificada. Esse projeto foi criticado por pesquisadores de diversas áreas,
principalmente por não reconhecer a importância do patrimônio cultural documental,
levando em conta apenas aspectos econômicos em relação à manutenção dos acervos
públicos brasileiros. Dentre as instituições possíveis a serem afetadas pela medida, estão
acervos públicos federais, como a Biblioteca e o Arquivo Nacional. Nestes locais estão
disponíveis objetos e documentos históricos de todo o Brasil, gratuitamente, para fins de
pesquisa e consulta pública. A execução desta lei levaria a digitalização e destruição de
milhares de documentos presentes nos acervos destas instituições. Por sua vez, haveria
prejuízo significativo aos estudos culturais, históricos e também geográficos, haja vista
a perda da materialidade do patrimônio documental.
No caso do acervo cartográfico da Biblioteca Nacional, de acordo com o site da
instituição e tomando como exemplo o campo da Geografia e da Cartografia Histórica, a
importância do material armazenado não é só histórica como também cultural. Destaca-
se que o acervo cartográfico da Biblioteca Nacional possui mais de 22 mil mapas e
aproximadamente 2.500 atlas, incluindo também diversos trabalhos produzidos sobre
este tema. Ao longo da história brasileira, mapas do Brasil representaram a colônia, o
império e a república, sendo produzidos por sujeitos posicionados histórica e
geograficamente, ocupando funções próximas ao Estado.
Neste ensaio, pretende-se articular autores para discutir a ideia de que mapas
antigos2 podem configurar-se como objetos de memória e parte do patrimônio cultural
brasileiro, não apenas por fornecerem informações documentais a respeito da geografia
brasileira, mas também por demonstrarem de quais maneiras administradores e
cartógrafos pensavam a gestão do espaço brasileiro. Estas imagens podem ser
consideradas em estudos acerca da memória política e cultural brasileira, em áreas como
Epistemologia Geográfica, Geografia Histórica, Cartografia, Geografia Política e
Geografia Cultural (no caso desta última, através do conceito de patrimônio cultural).
Não se pretendem discutir os vinte mil mapas individualmente, mas sim, destacar
estruturalmente a função social e cultural que este tipo de imagem tem em relação à
pesquisa científica e memória política.
2 Trata-se aqui de mapas antigos que retratam o Brasil ou América Portuguesa, feitos por portugueses ou
a mando de governantes do Brasil, entre os sécs. XVI e XIX, especialmente aqueles que foram utilizados
pelo governo na administração do território brasileiro.
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DESENVOLVIMENTO
Quando se usa a expressão “mapa antigo”, pensa-se que ele não se enquadra na
categoria de um mero documento apenas, mas sim de objeto antigo3. O adjetivo antigo
é pensado no sentido de que “o objeto antigo é aquele que alguns estudiosos chamam de
“objeto marginal”, ou seja, o objeto que perdeu sua funcionalidade prática e ganhou a
função de signo, passando a significar tempo” (CHAUÍ, 2006, p.116). Acrescenta-se
ainda que para ser suporte de memória, o objeto precisa “ser definitivo ou terminado”,
“figurar um mito de origem” organizando o mundo como “uma constelação simbólica”
(CHAUÍ, 2006, p. 116).
A perspectiva do patrimônio cultural permite uma abordagem dos objetos
históricos (mapas antigos) enquanto artefatos culturais, ultrapassando assim a simples
materialidade e o valor de uso destes objetos/imagens. Tal como aponta Gonçalves
(2003), a categoria de patrimônio cultural surge nos fins do séc. XVIII, juntamente com
a emersão dos Estados Nação Modernos. A criação de uma unidade nacional esteve
diretamente vinculada à produção da “cultura nacional”, sendo a própria ideia de nação
“o primeiro semióforo” (CHAUÍ, 2006, p.119). Esse movimento nacionalista, que
aconteceu em vários impérios europeus da época, como França, Alemanha e Inglaterra,
deu origem a uma percepção de cultura reificada em símbolos, artefatos, imagens e
também em narrativas históricas construídas, preservando a estrutura social vigente.
A origem da conservação de objetos em acervos aproxima-se também das
origens do conceito de patrimônio. Desde o quatroccento tornou-se hábito entre
eruditos europeus a criação de grandes coleções de antiguidades, que depois levou ao
surgimento de instituições com caráter museológico que mantinham as coleções de
antiguidades. Para os iluministas do séc. XVII estas instituições tinham função social,
pois a pesquisa não poderia ser satisfeita apenas com ilustrações e reproduções
imagéticas dos artefatos, era preciso acessá-los material e presencialmente. Era o desejo
de democratizar o conhecimento “tornando-o acessível a todos pela substituição das
descrições e imagens das compilações por objetos reais - vontade (...) de democratizar a
experiência estética” (CHOAY, 2006, p.189).
Apesar desta perspectiva, a cultura não é em si algo material, mas pode ser
coisificada. Ao longo dos séculos, muito se discutiu acerca da origem e natureza e onde
“reside a cultura” (CUCHE, 1999). Porém, conforme Cuche (1999), a cultura é o
resultado das relações sociais humanas, não residindo em objetos. Ela pode vir tomar a
materialidade de artefatos ou monumentos, mas pode também ser imaterial ou
intangível (GONÇALVES, 2003) como um saber-fazer, práticas religiosas, danças
tradicionais, hábitos de vestimenta e linguagem. O autor destaca que o conceito de
cultura acabou vinculando-se a ideia identidade, sendo esta tratada como “um assunto
de Estado” pelos Estados modernos, priorizando uma “ideologia nacionalista de
exclusão das diferenças culturais” (CUCHE, 1999, p.188).
3 Dentro da proposta de Chauí (2006), os suportes da memória seriam dispostos em monumentos,
documentos ou objetos. Ao mesmo tempo em que o mapa é um documento (por ter um papel histórico
relativo a poder e um reconhecimento perante o Estado), sua função enquanto um objeto imagético (como
uma pintura, uma fotografia ou um desenho) é mais relevante para a análise geográfica. Portanto, os
mapas antigos são arquivados como documentos nos acervos, mas sua análise não é exclusivamente
textual pelo viés documental, sendo possível aplicar uma gama de técnicas de exploração destes objetos.
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De certa forma, no contexto da Modernidade iluminista, o surgimento da ideia
de Patrimônio Cultural está associado a uma busca pela formação da “identidade
cultural”. No Brasil, o processo não foi diferente, pois como mostra Chauí (2000), foi
na época do Império que passou a ser elaborado e afirmado o mito fundador brasileiro.
Da independência em 1822, passando pela velha república, a Era Vargas, a ditadura
militar e seguindo até os dias de hoje, a constituição e transformação do mito fundador
brasileiro esteve embasada em metanarrativas, imagens, objetos culturais, ou como
chama a autora, em semióforos. É através da adaptação dos semióforos que se faz a
manutenção do mito fundador através dos séculos, preservando assim a estrutura social
dominante, descrita por Chauí (2000) da seguinte maneira:
A divisão social de classes é naturalizada por um conjunto de
práticas que ocultam a determinação histórica ou material da
exploração, da discriminação e da dominação, e que,
imaginariamente, estruturam a sociedade sob o signo da nação
una e indivisa, sobreposta como um manto protetor que recobre
as divisões reais que a constituem. CHAUÍ, 2000, p.94.
Testemunhos do projeto territorial descrito pela autora, os mapas antigos já
conferiam ao Brasil determinada “unidade” desde o séc. XVI, ainda que fosse uma
unidade esvaziada e sem personalidade. Um mapa é um produto social e cultural de sua
época, fonte para análise histórica de valores espaciais utilizados na ordenação do
território e na criação “geografia nacional”.
A produção de mapas esteve ligada a elite intelectual da corte, como cartógrafos
de editoras estrangeiras. Assim, este tipo de objeto refere-se a uma cultura de alta
patente, extremamente técnica e militarizada, com linguagem erudita (latim) e
conhecimentos científicos avançados para a época (latitude, longitude, transformação de
escalas). Durante o período colonial, os mapas tiveram função importante representando
o ambiente nativo brasileiro, o formato da costa e as primeiras formações urbanas.
Posteriormente, retrataram as principais rotas comerciais, vilas e acidentes de relevo. No
séc. XVIII, os mapas se aproximavam esteticamente da Cartografia que temos hoje,
constituindo um projeto de território a serviço da corte, conforme o mapa da figura 1:
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Figura 1: Mapas das Cortes, (Mapa dos confins do Brasil, com as terras da
Coroa de Espanha na America Meridional). de José Monteiro de Carvalho. fl. 1750-
1780.
Fonte: Catálogo da Biblioteca Nacional. Disponível em:
http://purl.pt/859/3/. Acesso em 23 de jul de 2017.
O mapa apresentado, conhecido como Mapa das Cortes, é um exemplar feito
para o governo do Brasil no séc. XVIII. Características importantes podem ser
observadas, como a ênfase às bacias hidrográficas, a representação da região central e
interiorana como esvaziada e desconhecida. O litoral, representado como ocupado e
delineado com precisão, e nenhuma referência iconográfica a cultura indígena. Através
desta imagem, podem-se produzir tanto reflexões históricas (como a utilização deste
mapa no Tratado de Madri (1750)) quanto geográficas, como uma análise dos atributos
cartográficos da obra.
Nesse sentido, tomando como exemplo o Mapa das Cortes, a Cartografia Real
contribuiu no processo de transformação do espaço colonial: por exemplo, ao
representar cidades e não citar as tribos nativas e substituir toponímias das terras
indígenas por nomes portugueses cristãos justificou-se e consolidou-se a apropriação do
território, tornando assim o objeto mapa um elemento da cultura de dominação
hegemônica, servindo como um instrumento de legitimação do etnocídio indígena.
Em relação ao mito fundador brasileiro, os mapas antigos são semióforos: seu
valor e força simbólicos mediam nossa relação com o passado narrado pela
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historiografia. Ao demonstrar o Brasil enquanto um país tropical e desaparecer com a
cultura de seus habitantes nativos, a cartografia antiga brasileira contribuiu para reforçar
a ideia de que os indígenas brasileiros e sua cultura foram “aculturados” e incorporados
a população.
O Brasil do descobrimento e sua natureza exuberante e selvagem podem ser
acessados através destes retratos cartográficos brasileiros, produzidos com elementos
representativos da cultura dominante à época e rebuscadas técnicas cartográficas. Do
ponto de vista científico analítico atual, os mapas explicam a formação do Brasil, mas
em suas épocas, serviram ao Estado e ao seu discurso de fundação brasileira (CHAUÍ,
2000).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora tenham origem política e façam parte de um discurso de poder
específico do Estado, os mapas antigos são documentos que configuram objetos da
memória política nacional, e seu valor histórico e geográfico agrega-lhes o status de
patrimônios culturais documentais. Ao longo dos anos, funcionaram como semióforos
dos projetos de poder e de Brasil, contribuindo para a manutenção do mito fundador
brasileiro nas mais diversas épocas.
Embora sejam arquivados como documentos, os mapas antigos são objetos de
memória. Não de uma memória individual e singular, necessariamente experenciada e
vivida, mas sim de uma memória “forjada” para justificar o mito fundador brasileiro e
seus atributos ao longo do tempo.
A partir de Choay (2006) e sua discussão sobre a conservação real e a
conservação iconográfica, pode-se refutar a proposta da lei (PLS 146/2007), uma vez
que desde o séc. XVII entende-se a necessidade de se preservar a materialidade dos
objetos de memória em detrimento de seu registro iconográfico, fotográfico ou
imagético.
O patrimônio cultural “é uma categoria extremamente importante para a vida
social e mental de qualquer coletividade humana” (GONÇALVES, 2003). Mesmo
mapas antigos anteriores a própria criação do conceito de patrimônio tem seu valor
simbólico e cultural destacáveis para a História e a Geografia do Estado-Nação Brasil.
O estudo e análise destes objetos culturais permitem entender melhor as bases culturais
sobre as qual foi construída a sociedade brasileira, e sua cultura pública nacional.
Por fim, entende-se que a manutenção da materialidade do patrimônio
documental é uma forma de política de memória, em detrimento da digitalização, que
promoveria aquilo que Chauí chama de “miséria pomposa”, “que leva ao abandono da
forma nobre de memória” (CHAUÍ, 2000, p.121). Ao invés da destruição do
patrimônio, deveria estimular-se seu conhecimento e acesso. Enquanto os mapas
antigos repousarem esquecidos no acervo da Biblioteca Nacional, sendo acessado
apenas por pesquisadores, pouco se questionará sobre o que será perdido com a
destruição física destes documentos. Porém, uma política de memória efetiva traria estes
objetos para museus, reinserindo-os em exposições que valorizassem seus contextos
históricos, instigando interações com estes objetos de memória, em contraponto a
simples observação do expectador.
A emancipação política e intelectual depende do conhecimento crítico acerca
dos semióforos que celebram a historiografia brasileira tradicional. Os objetos de
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memória poderiam então ser apresentados para desconstruir e fazer refletir acerca das
narrativas que no passado, ajudaram a compor.
REFERÊNCIAS
CHAUÍ, M. Brasil: Mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo, Editora Perseu
Abramo, 2000.
CHAUÍ, M. Cidadania Cultural: o direito à cultura. São Paulo: Editora Fundação
Perseu Abramo, 2006.
CHOAY, F. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Editora da Unesp: Estação
Liberdade, 2006.
CUCHE, D. A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru, Edusc, 1999.
GONÇALVES, J. R. S. O Patrimônio como Categoria de Pensamento. In: ABREU, R.
M.; CHAGAS, Mario (Orgs). Memória e Patrimônio: ensaios contemporâneos. 1ed.
Rio de Janeiro: DP&A editora Ltda, p.21-30, 2003.
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UNIDADES DE SAÚDE EM PONTA GROSSA – PR: ESPECIALIDADES E
ESPACIALIDADES
Felipe Caruso;
Amanda Weridyana Uller
Adriana Salviato Uller
Introdução
Este resumo relata uma experiência de trabalho de conclusão de curso de
Licenciatura em Geografia, cujo objetivo principal foi o de caracterizar a distribuição
das unidades de saúde no município de Ponta Grossa – PR quanto ao tipo de
especialidades atendidas bem como quanto a espacialidade de abrangência do território
para fins de assitência, necessitando para isso a realização dos seguintes objetivos
específicos: situar a Geografia da Saúde entre os interesses científicos na Epistemologia
da Geografia; justificar a importância do uso das geotecnologias no segmento de
pesquisa e gestão em saúde pública; investigar quantas e quais são as especialidades
medicas atendidas nas unidades de saúde publica bem como verificar como são
definidas as areas de abrangencia das unidades de saúde.
O estudo tem sua importância no conhecimento da infraestrutura que o
município oferece para usuários do serviço de saúde.Tal compreensão se justifica pelas
pesquisas que permitiram refletir sobre a relação entre Geografia Urbana e a Geografia
da Saúde, ou seja, a relação entre a estrutura urbana (localização e funcionalidades das
unidades de saúdes) e a situação da saúde no município (atendimento à demanda).
A problemática desta pesquisa pautou-se na seguinte indagação: Como se
distribuem as Unidades de Saúde no Município de Ponta Grossa – PR quanto às
especialidades (setores de atendimento) e às espacialidades (áreas de abrangência)?
Como encaminhamento metodológico para a realização dessa caracterização
espacial foi realizado um estudo do plano diretor municipal, bem como do plano de
saúde municipal. Posteriormente, com auxilio de geotecnologias, foram realizadas um
diagnóstico sobre as produções cartográficas sobre serviços saúde, presente no site da
prefeitura municipal, enquanto meio de informação pública aos usuários. Finalizando o
trabalho foi elaborado um protótipo de mapa temático com condições de contribuir tanto
para a população, como para os gestores públicos, que frequentemente demandam de
instrumental de visualização espacial para deslocamentos e implementações de infra-
estrutura. Destaca-se que a pesquisa buscou identificar todas as unidades de saúde
classificando-as em hospitais e postos de atendimento, construindo uma espécie de
banco de dados com informações importantes para subsidiar o mapeamento e demais
atividades ligada ao SIG (Sistema de Informação Geográfico), podendo este ser
alimentado e utilizado permanentemente num melhor monitoramento.
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Desenvolvimento
Buscando a epistemologia da ciência e a epistemologia da geografia verificou-se
que a preocupação com as questões de saúde ligada ao espaço vem de muito tempo,
mais precisamente de 460 a.C ~ 377a.C, com o médico e filósofo brego Hipócrates,
concebido como o pai da medicina e porque não dizer da Geografia da Saúde.
Contudo FERREIRA (apud JUNQUEIRA,2009, p.3 ) destaca que:
“A aproximação entre o saber médico e a geografia só foi impulsionada a
partir do século XVI com os grandes descobrimentos, que colocaram a
necessidade de se conhecer as doenças nas terras conquistadas, visando à
proteção de seus colonizadores e ao desenvolvimento das atividades
comerciais. Esse período corresponde ao predomínio da concepção
determinista da geografia sobre a relação homem/natureza, de modo que as
características geográficas, principalmente o clima, eram colocadas como
responsáveis pela ocorrência das doenças” (p. 273, 1999).
Percebe-se neste sentido que o delinear da concepção de abordagem espacial em
relação à sua importância nas questões de saúde evoluíram a medida que a própria
ciência geográfica também foi redimensionando o seu pensar sobre o espaço, partindo
do aspecto absolutamente determinista para compreensões teóricas possibilistas,
regionalistas e histórico-crítica, colocando o homem como um agente que também
exerce influência sobre o espaço.
Segundo GUIMARÃES, 2015, p. 22:
Foram os estudos ecológicos dos hospedeiros e vetores, das condições
climáticas e microclimáticas, que se constituíram no repertório desse
arcabouço teórico da Geografia médica sob influência do pensamento de Max
Sorre, recolocando a antiga problemática da ação do meio sobre o Homem,
cuja matriz na prática médica remonta ao Tratado de Hipócrates, da
Antiguidade clássica, agora revivido em bases científicas modernas.
Assim, a vertente da Geografia da saúde transita por diferentes olhares,
primeiramente partindo de uma teoria higienista, passando para a sanitarista e por fim a
regionalista, com abordagens que foram além das estatísticas e se apoiaram no período
pós-guerra em uma localização e análise espacial dos fenômenos, como explica
GUIMARÃES (2015; 30):
Os pesquisadores da Geografia médica do período pós-Segunda Guerra
Mundial enfrentaram tais questões de uma maneira muito mais pragmática do
que teórica, transformando a saúde em um dos campos de aplicação dos
estudos geométricos do território. O paradigma da análise espacial,
disseminado na Geografia entre o final da década de 1950 e começo dos anos
1960, permitiu maior rigor na compreensão dos fenômenos de localização e
distribuição dos equipamentos de saúde ou na compreensão do papel dos
diferentes elementos que contribuem para que as pessoas adoeçam.
Percebe-se neste sentido a contribuição dos instrumentais cartográficos no
estudo do território para fins de temáticas ligadas à saúde, principalmente no contexto
atual, que dispõe de meios tecnológicos bastante aprimorados, através de satélites
assistidos por computadores, que auxiliam do processo de visualização e também
atualização dos referenciais. Ao conjunto destes recursos compostos por SIG, aparelhos
de GPSs, aerofotogrametria, sensores remotos, e computadores damos o nome de
geotecnologias.
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O uso destes recursos geotecnológicos aplicados a geografia da saúde é
importante por permitir diferentes formas de levantamentos de dados, organização,
podendo elaborar mapas com indicadores de acordo com as necessidades. Já o uso do
SIG (sistema de informação geográfica) surge como ferramenta de auxílio aos estudos
das áreas de saúde, permitindo a construção e utilização de um banco de dados, podendo
apresentar informações de forma integrada e podendo determinar causas de problemas
relacionados a saúde assim como possíveis soluções.
Diante destas constatações buscou-se verificar como estes recursos vem sendo
utilizados na gestão do serviço de saúde pública no município de vivência (recorte
espacial definido para estudo).
Primeiramente faz-se necessário destacar que o municipio de Ponta Grossa,
contendo uma população de 341.130 habitantes, e uma area de 2.054,732 km² (IBGE,
2016), possui apenas 52 unidades básicas de saúde, atualmente inseridas no denominado
Programa Saúde da Família (dados do Plano Municipal de Saúde 2014-2017). Também
no setor público, de forma mais abrangente o município conta com 4 hospitais, sendo
eles o Pronto Socorro Municipal, o Hospital da Criança Prof. João Vargas de Oliveira, o
Hospital 26 de Outubro que atua como Centro Municipal de Especialidades e o Hospital
Regional Wallace Thadeu de Mello e Silva, inaugurado em 2010 junto às dependências
da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Consultando a Secretaria Municipal de Saúde, pôde-se ter acesso à algumas
poucas informações além das obtidas no Plano Municipal de Saúde e Plano Diretor
Participativo do Município de Ponta Grossa – PR, bem como seus apêndices referenetes
à saúde, todos disponibilizados no site da prefeitura.
Verificou-se que os dados disponibilizados no Plano Municipal de Saúde são
datados do período entre 2014 à 2017, ou seja, pertinentes à gestão atual, contudo já
apresentam desatualização de informações uma vez que não foram sendo atualizados os
dados após 2015. Da mesma forma os dados cartográficos, sendo o último mapa da
saúde datado de 2008 (anterior ao próprio Plano), o que problematiza o acesso a
informação correta por parte dos usuários que tem seus atendimentos nas Unidades de
Saúde setorizados por área espacial de abrangência, área esta que se altera dia-a-dia,
uma vez que o território ocupado se expande com os novos loteamentos que surgem no
espaço urbano.
Abaixo é apresentado o cartograma (mapa) das unidades de saúde dispostas no
município de Ponta Grossa:
Figura 1. Localização dos Postos de Saúde em Ponta Grossa
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Fonte: IPLAN,pontagrossa.pr.gov.br/arquivos-shp + geo.pontagrossa.pr.gov.br, 2008/
Na imagem é possível perceber algumas dificultades e lacunas de informação.
Primeiramente falando cartograficamente a mesma não é georeferenciada, o que implica
em impossibilidade de trabalhar com a localização precisa e transformação das escalas.
O georreferenciamento é a localização exata de um objeto, logo é um dado
muito importante, não só para o deslocamento como também para a compreenção do
todo espacial, principalmente para efetivar o cruzamento de outras informações e/ou
variáveis que podem ser encontradas no mesmo lugar. Assim explica Barcellos (1996;
p.393):
Algumas variáveis extraídas dessas imagens (densidade de construções,
vegetação, hidrografia, podem servir à análise espacial de eventos de saúde
por estar relacionada a outras de interesse mais direto (formas de habitação,
densidade demográfica e qualidade ambiental).
Também observou-se que na nova gestão, a parte do site que era responsável
pelo geoprocessamento mudou, trazendo nova roupagem ao ambiente cartográfico,
contudo com reserva de acesso, permitido apenas aos operadores portadores de senha na
secretaria. Isto dificultou sobremaneira os propósitos de contribuir com a produção de
novos cartogramas, pois não haveria tempo hábil para ir a campo em todos os pontos
para georeferenciar adequadamente para aplicar o banco de dados temáticos.
Deste modo optou-se por estender a proposta à pesquisa de mestrado e criar para
esta pesquisa apenas um protótipo de mapa temático no qual apresenta o recorte
espacial de abrangência de uma única unidade de saúde, de modo a exemplificar o que
seria essencial enquanto mapeamento informativo à população, uma vez que a secretaria
deveria ter de modo atualizado não só o endereçamento dos postos de atendimento,
como todos os limites de cada unidade.
Quanto às especialidades obteve-se como resposta que atualmente as unidades
de saúde são generalistas, atendendo à consultas, exames, preventidos e
acompanhamento de pré-natais que não requerem maiores cuidados. As especialidades e
atendimentos mais complexos ficam a cargo dos hospitais. Fora explicado nesta ocasião
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que os 4 CAS foram desativados e transformados em Unidades de Saúde da Família,
para atender ao Programa Saúde da Família, implantado na última gestão (em vigor).
Resultados e Considerações
O trabalho desenvolvido apresenta a importância de criação de mapas temáticos
destinados exclusivamente ao segmento da saúde do município, seja para informação de
seus usuários ou para a gestão do município, efetuada pelas secretarias administrativas e
prefeitura. Uma vez que os dados encontrados estão desatualizados, tem-se a
necessidade de georreferenciamento das localizações das unidades de saúde, e a
demarcação dos recortes espaciais ou áreas de abrangência. Os mapas temáticos
produzidos podem no caso indicar não só as espacialidades, como também as
especialidades, trazendo maior qualidade na informação à população, como facilitando
o trabalho dos diferentes profissionais atuantes neste ramo.
Há de se destacar a compreensão de que por mais que os dirigentes do município
tenham se preocupado em implantar unidades de saúde em todos os eixos da cidade,
com o crescimento urbano, estes ainda são insuficientes, conforme apresentado em
pesquisa preliminar. Isto pode ser facilmente evidenciado principalmente após os novos
loteamentos populacionais que surgiram nos últimos dez anos, nos programas de
governo que fizeram eclodir áreas de habitação popular, expandindo a área urbana.
Atrelada a falta de unidades de saúde que atendam a toda demanda da população quanto
às áreas de abrangência espacial, também há carência na questão de especialidades
atendidas.
Esta expansão e carência atrelada às deficiências de informações à população,
amplia as dificuldades no acesso das pessoas quando necessitam de algum atendimento.
É neste sentido que acredita-se que uma coleção de mapas temáticos voltados à
geografia da saúde facilitaria o uso dos serviços, bem como o planejamento urbano e
ainda a destinação de recursos.
Apesar de lamentar a impossibilidade de concluir com êxito a produção
pretendida, o trabalho abriu a oportunidade de estender a preocupação ao nível do
mestrado dada a ênfase da necessidade no trato para com as questões de informação
geocartográficas referente à saúde no município.
Referências Bibliográficas
BARCELOS, Christovam; BASTOS , Inácio . Geoprocessamento, ambiente e saúde:
uma união possível? Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 12, n. 3, p. 389-
397, 1996.
GUIMARÃES, RAUL BORGES. Geografia e Saúde Urbana. In - Saúde:
Fundamentos de Geografia Humana (on line). São Paulo: Ed. UNESP, 2015. p.17-39
disponível em htpp://books.scielo.org acessado em 22/10/2017.
JUNQUEIRA, Renata Dias. Geografia Médica e Geografia da Saúde. Gôiania:
HYGEIA, Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, 2009.
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RITUAIS E BENZIMENTO: COMPREENSÃO DAS PRÁTICAS
TRADICIONAIS E MULTICULTURAIS NO MUNICÍPIO DE REBOUÇAS -
PR4
Janaíne Rodrigues5 ;
Nicolas Floriani6
Introdução
O município de Rebouças está localizado na Mesorregião do Sudeste
Paranaense, com uma área de 481,840 km² (IBGE, 2015) e com uma população de
aproximadamente 14.176 habitantes (IBGE, 2010). Em 2009 foi realizado um
mapeamento onde foi identificado cerca de 133 Detentores de Ofícios Tradicionais da
Cura, que inclui Benzedeiras, Benzedores, Curadeiras, Curadores, Rezadeiras,
Remedieiros, Costureiras e Costureiros de Rendidura e Parteiras, levantamento do qual
foi realizado pelo grupo MASA (Movimento Aprendizes do Saberes).
A busca pela cura é uma atitude muito comum entre muitos brasileiros,
principalmente as pessoas que tem algum vínculo de vivências no meio rural, e a crença
pelo benzimento, simpatias, costuras de rendiduras, xaropes, chás e o uso de objetos
(amuletos e imagens de santos) está muito presente na vida das pessoas.
O que é conhecido atualmente como medicina popular,já vem acompanhando o homem
desde a sua existência. E nessas práticas são utilizados vários métodos tradicionais
envolvendo cada cultura, onde abrangem populações do mundo inteiro utilizando estes
métodos para a cura (GASPAR, 2010).
Ao longo dos anos, eram as mulheres que elaboravam e repassavam as práticas
populares de saúde, pois as mesmas cuidavam do lar e da família exercendo os saberes
que foram repassados por suas mães e avós, principalmente as famílias mais pobres, que
não tinham condições financeiras. Os conhecimentos repassados de família a família,
não competem com a medicina científica, mas a população em geral tem acesso a esses
conhecimentos tradicionais da prática da saúde popular que essas mulheres detêm
(DIAS, 1991).
A pesquisa foi realizada com mulheres denominadas Benzedeiras, pois são a
grande maioria e as que mais fazem uso da prática da cura através da benzeção e
remédios naturais. Elas são profissionais independentes, em que não possuem ligação
com uma instituição e atuam em comunidades/locais onde seus serviços são
necessários, elas atendem desde bebês até pessoas idosas.
]
4 Pesquisa realizada através do Programa Voluntário de Pesquisa (PROVIC)
5 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Geografia, [email protected]
6 Prof. Dr. do Departamento de Geociências da UEPG, [email protected]
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Material e Métodos
Para o levantamento bibliográfico foram utilizados artigos, tcc, dissertações,
teses e livros que retratavam do assunto, e ambos tinham enfoque em diversas cidades
do Brasil. Com base no levantamento bibliográfico, foi elaboradas as entrevistas semi-
estruturadas, no qual a aquisição de dados das entrevistas foi utilizado técnicas de
Surveys Sociais.
No decorrer do levantamento bibliográfico, compete ressaltar a importância do
uso das plantas medicinais usadas para benzer, chás, banhos, defumadores, xaropes,
compressas, entre outras práticas em que são utilizadas.
Oliveira retrata a importância do uso das plantas na vida do homem
(...) os homens são dependentes das plantas como recursos
necessários à sobrevivência e que culturas diversas detêm um
saber tradicional sobre o uso de plantas para os mais variados
fins. Considerando a pluralidade de usos das plantas, uma das
formas que se pode destacar é a prática de utilização de plantas
por rezadores, especialmente católicos, que em seus rituais de
rezas e benzeduras associam o uso de um determinado vegetal a
uma ação terapêutica nos processos ritualísticos da reza. Há
utilização de espécies no tratamento de problemas espirituais e
amuletos de sorte, com indicações de várias formas de uso, como
banhos, defumadores, benzeduras e rezas (Oliveira, 2009, p. 245-
246).
Resultados e discussão
Com os dados obtidos através das entrevistas, percebe-se que está havendo grande
dificuldade para o repasse dos conhecimentos tradicionais, em que foi relatado através
das falas das benzedeiras que os jovens estão perdendo o interesse, como relata a
benzedeira B:
“Os jovens de agora querem coisas rápidas e mais fácil sem tem
muito esforço, preferem comprar um remédio na farmácia do que
fazer, e não pode ser assim, por que se a gente toma esses remédio
industrializado, pode até sara a dor mas causa mais doença em
outra parte do corpo.” (Benzedeira B, 2017)
Entretanto, algumas delas relataram que estão repassando para seus familiares e
para outras pessoas que não são da família:
“Já ensinei a minha filha benzer de quebranto e a costura e está
fazendo certinho, e agora estou mostrando pra minha neta como
que faz, aproveita que ela se interessou por isso, assim não vai
acabar tão logo.” (Benzedeira F, 2017).
“Eu ensino pra quem quiser aprender, deixo até as pessoas
copiarem as orações, por que assim essas pessoas vão ensinando
pra mais pessoas e cada vez vai aumentar, e isso é muito bom”
(Benzedeira C, 2017).
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Já a concepção de duas benzedeiras para o repasse das práticas é que a pessoa
que vai continuar com a prática deve ter o dom da cura, como mostra uma das falas das
mesmas:
“A pessoa teve ter um dom pra benzer. Minha tia era quem benzia
a nossa família, antes dela morrer ela disse que eu é que iria
continuar a benzer por que ela via que eu tinha um dom e desde
aquele dia ela foi me ensinando, e quando eu aprendi tudo
certinho ela morreu e eu continuei benzendo até hoje. Eu sinto
que a minha filha, que é professora, tem esse dom também, só que
ela não quer aprender por que diz que não tem tempo por causa do
trabalho e se ela não quiser aprender, os ensinamentos vão acabar
por que ninguém mais da família benze.” (Benzedeira D, 2017)
Muitas benzedeiras ficam preocupadas com as dificuldades de manutenção e
repasse dos seus conhecimentos, pois se trata de uma prática de fé, em que não há
substâncias que possam fazer mal ao corpo e a saúde, e os remédios que elas muitas
vezes receitam são naturais e elas detêm o conhecimento para uso da planta de maneira
correta.
O objetivo geral da pesquisa era identificar as práticas etnoculturais de
benzimento no município de Rebouças, porém ao longo das entrevistas algumas
benzedeiras acharam melhor não dar muitos detalhes sobre seus rituais e orações que
fazem, mas forneceram dados para a elaboração do banco de dados (Anexo 2), muitas
utilizavam as mesmas ervas/plantas para os mesmo fins, então optei por não repetir
esses dados, pois iria ficar muita informação repetitiva. As plantas que as benzedeiras
fazem uso, são cultivadas na própria residência (Anexo 3), assim elas podem fazer na
hora em que a pessoa vem buscar a cura, como essas benzedeiras relatam:
“Eu gosto de ter várias plantinhas na minha casa, por que muitas
pessoas acham que é mato e não gostam de ter na casa, daí se tem
alguma dor e eu falo que aquela planta é boa, eu mesmo já pego
do quintal e faço o preparo pra ela." (Benzedeira A, 2017)
"Na minha horta tem muitos remédios que eu faço pra mim, pra
família e pra quem me procura pra fazer benzimento e está
doente. Tenho muito cuidado com elas, por que são remédio bão
pra saúde de todos nós." (Benzedeira C, 2017)
Através dos encontros realizados pelo grupo MASA, as benzedeiras contam
suas experiências e fazem troca de conhecimentos, e dentre eles realizam a troca de
plantas medicinais, em que cada pessoa leva as plantas que cultivam em casa e durante
o encontro trocam com outras pessoas, eram raízes, sementes, cascas, mudas. No dia 1º
e 2 de abril deste ano, ocorreu o 3º ENCONTRO DAS BENZEDEIRAS (OS) DO
CENTRO SUL DO PARANÁ, em que eu participei como ouvinte, e nesse encontro
ocorreu muitas trocas de conhecimentos e experiências.
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Conclusão
As pessoas que realizam a cura de um dom há muito têm a sua prática
reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN) como patrimônio
imaterial, em que
(...) dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que
se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer;
celebrações; formas de expressão cênicas, pl´sticas, musicais ou
lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que
abrigam práticas culturais coletivas) (IPHAN, 2013).
Com muita dedicação das lideranças do MASA na negociação política com a
Câmara Municipal de Vereadores, Prefeitura Municipal de Rebouças e demais
Secretarias, em 03/02/2010 foi aprovada a Lei Municipal nº1.401 de Rebouças, a
primeira “Lei das Benzedeiras” do Brasil. A lei municipal reconhece formalmente os
Benzedores do município, regulariza o livre acesso as ervas e plantas medicinais
existentes no município por parte dos Benzedores, e prevê o acolhimento das práticas
tradicionais de cura no sistema formal de saúde. (ALMEIDA, 2012)
Muitas benzedeiras relataram alguns dos problemas que enfrentavam e
enfrentam atualmente, que são repressão de pessoas ligadas a igreja; medo por praticar
para desconhecidos; falta de fé das pessoas; falta de apoio da família; contaminação das
plantas por venenos; extinção ou falta de plantas nativas (desmatamento); falta de
conhecimento das plantas pelos mais jovens e falta de interesse dos jovens, porém com
a aprovação da lei municipal, houve um grande melhoramento para realizar a prática,
pois agora elas são amparadas por um lei, e não sentem-se como sendo um crime.
Mas ainda a muito de ser feito em prol das práticas tradicionais da saúde, tanto
na questão do reconhecimento quanto a questão de repassar para mais pessoas e jovens
para que o conhecimento sobre o cuidado com a vida não se extingue.
Referências
ALMEIDA, A. W. B. Boletim Informativo - conhecimentos tradicionais e mobilizações
políticas: o direito de afirmação de identidade de benzedeiras e benzedores, município
de Rebouças e São João do Triunfo, Paraná. Projeto Nova Cartografia Social dos Povos
e Comunidades Tradicionais do Brasil, Manaus, v. 1, n. 1, abr. 2012. ISSN 2237-4922.
DIAS, N. M. O. Mulheres: sanitaristas de pés descalços. São Paulo: HUCITEC, 1991.
GASPAR, L. Medicina popular. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco,
Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: 20
mar 2017.
IBGE. Dados Gerais. Disponível em
<http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?lang=&codmun=412150&search=%
7Creboucas>. Acesso em: 15 fev 2017.
IPHAN - INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL.
Patrimônio histórico. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal>. Acesso em 20
mar 2017.
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OLIVEIRA, E. C. S. ; TROVÃO, D. M. B. M. . O Uso de Plantas em Rituais de Rezas e
Benzeduras: Um olhar sobre esta prática no estado da Paraíbe. Revista Brasileira de
Biociências, v. 7, p. 245-251, 2009.
REBOUÇAS. Lei que dispõe do Certificado de Detentor de Ofício Tradicional de Saúde
Popular. nº. 1.401, 11 de fevereiro de 2010.
Banco de Dados:
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A EXPERIÊNCIA DO JOGO “GEOGRAFIA DO MILHÃO” COM
ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL
Willian Samuel Santana da Roza;
Fernanda Penteado;
Miriane Aparecida Scolimoski;
Alison Diego Leajanski;
Camila Ghion da Silva Francisco;
Isonel Sandino Meneguzzo
Agência Financiadora: PIBID/CAPES
INTRODUÇÃO
O ensino de Geografia na atualidade é importante para ampliar os conhecimentos sobre
o espaço em que os estudantes vivem e possibilitar a compreensão da dinâmica local até
global, a qual é uma necessidade do cidadão contemporâneo. De acordo com as
Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná (PARANÁ, 2008), nos anos
finais do Ensino Fundamental, o professor de Geografia trabalhará os conhecimentos
necessários para a compreensão das inter-relações entre as dimensões econômica,
cultural e demográfica, política e socioambiental, presentes no espaço geográfico.
Assim, aprofundará os conceitos básicos que fundamentam a compreensão e a crítica à
organização espacial.
Despertar o interesse dos estudantes para o ensino de Geografia é um grande desafio.
Para isto, exige do professor constante atualização e aperfeiçoamento para que alcance
metodologias eficazes para trabalhar as inter-relações do espaço geográfico. Dentre as
metodologias alternativas para o ensino, estão os jogos, que segundo Verri e Endlich
(2009) estimulam, tanto para melhor compreensão do conteúdo, quanto para o
crescimento e o desenvolvimento intelectual dos estudantes que é essencial para atingir
a responsabilidade e a maturidade. Constitui também uma maneira de aproximar o
conteúdo aos estudantes, motivando-os a estudar de forma mais atrativa.
Para Pinheiro; Santos e Ribeiro Filho (2013), o professor interessado em promover
mudanças, poderá encontrar na proposta do lúdico um importante mecanismo com
vistas à significação do ensino de Geografia, e, consequentemente da realidade,
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podendo contribuir assim para que haja redução dos altos índices de fracasso e de
evasão verificados nas escolas, além de despertar o interesse dos estudantes pelas aulas
de Geografia.
OBJETIVO
Visando alcançar uma forma alternativa para o ensino de Geografia, este trabalho teve
como objetivo revisar com os estudantes do ensino fundamental, de maneira lúdica e
divertida, os conteúdos trabalhados no decorrer do ano de 2016, por meio da elaboração
e aplicação do jogo “Geografia do Milhão”.
METODOLOGIA
“Geografia do Milhão” é uma adaptação do jogo “Show do Milhão” exibido na
televisão, entre os anos de 1999 e 2003, em que os participantes concorriam ao prêmio
de um milhão de reais, mediante as respostas corretas de questões de conhecimentos
gerais. As questões para o jogo foram desenvolvidas por quatro acadêmicos do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES/UEPG,
subprojeto de Geografia e aplicado com quatro turmas do 6º ano e duas turmas de 7º
ano do Colégio Estadual 31 de Março, situado na cidade de Ponta Grossa.
Para o desenvolvimento da atividade selecionou-se os seguintes os conteúdos para as
turmas de 6º ano: sistema de orientação, cartografia, fases da lua, zonas térmicas e tipos
de movimentos do Planeta Terra, solstícios e equinócios, tipos de vegetação, pontos
turísticos do Paraná, características gerais dos continentes, estrutura interna da Terra,
Teoria da Deriva Continental e Tectônica de Placas, formas de relevo, tipos de chuva e
de condensação, tipos de rochas e minerais.
Já para as turmas de 7º ano, os conteúdos selecionados foram: localização do território
brasileiro e as suas fronteiras, climas do Paraná, geração de energia por meio de usinas
hidrelétricas, biomas brasileiros, monitoramento de desmatamento a partir de imagens
de satélite, miscigenação do povo brasileiro, indicadores demográficos, massas de ar
que atuam no Brasil, regionalização do Brasil, setores da economia, problemas urbanos
socioambientais, migrações, regiões metropolitanas do Paraná, situação da estrutura
agrária brasileira, Parque Estadual de Vila Velha e Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH).
A montagem do jogo foi realizada no programa power point, por meio de slides, sendo
que cada um continha a pergunta e quatro alternativas, com um tempo determinado para
a resposta, além de sons e imagens. Em cada sala de aula, os estudantes foram
organizados em equipes com quatro e cinco componentes. Após, explicar as regras do
jogo, os estudantes escolheram um nome para a sua equipe como, por exemplo,
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‘’Gladiadores da Geografia’’; ‘’Os pensadores’’; “Os geológicos”; “Super Pangeia”,
“Heróis da Geografia”, “Indígenas” entre outros.
As equipes receberam placas com as letras das alternativas das respostas e após cada
rodada de pergunta, um dos integrantes do grupo levantava a placa com a resposta
correta, lembrando que era solicitado que todos levantassem ao mesmo tempo. Assim,
os acadêmicos foram pontuando as equipes que respondiam corretamente e ao final
venceu o grupo com o maior número de acertos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir dos conteúdos trabalhados em sala de aula no decorrer do ano de 2016, foram
elaboradas trinta questões referentes aos conteúdos trabalhados no 6º ano e mais 30
referentes aos do 7º ano. Na Figura 1, é possível verificar questões sobre os movimentos
do planeta Terra e de um ponto turístico do município de Ponta Grossa, que foram
trabalhados com as turmas do 6º ano. Já as questões referentes aos setores da economia
e espaço agrário foram aplicadas com estudantes do 7º ano.
Figura 1 – Exemplos de questões aplicadas em sala de aula, por meio do jogo
“Geografia do Milhão”.
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A partir das questões do jogo evidenciaram-se os conteúdos que os estudantes tiveram
mais facilidade de compreensão. Já para as questões com os menores índices de acerto,
houve a discussão do professor e acadêmicos, com os estudantes, para justificar a
resposta correta visando à fixação dos conteúdos trabalhados. Na Figura 2 é possível
verificar o jogo aplicado em sala de aula, em que um dos acadêmicos marcava a
pontuação das equipes e o outro lia as questões para a turma, sendo que após a resposta
estes discutiam com os estudantes a respeito das questões trabalhadas.
Figura 2 – Jogo “Geografia do Milhão” aplicado em sala de aula.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio do desenvolvimento desta pesquisa foi possível verificar o envolvimento e
interesse dos estudantes pelo jogo, o qual possibilitou aulas descontraídas, trabalho em
equipe, competição saudável e a revisão de vários conteúdos trabalhados no decorrer do
ano. Além disso, este trabalho possibilitou a inserção no ambiente escolar, antes do
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estágio obrigatório, de acadêmicos do curso de Lecenciatura em Geografia na busca de
novas estratégias de ensino e aprendizagem.
REFERÊNCIAS
PARANÁ. Diretrizes Curriculares de Geografia do Estado. Curitiba: SEED, 2008.
PINHEIRO, I. de A.; SANTOS, V. de S.; RIBEIRO FILHO, F. G. Brincar de
geografia: o lúdico no processo de ensino e aprendizagem. Revista Equador (UFPI), v.
1, n. 2, p. 25- 41, 2013.
VERRI, J. B.; E., Â. M. A utilização de jogos aplicados no ensino de geografia. Revista
Percurso – NEMO. Maringá, v. 1, n. 1, p. 65-83, 2009.
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PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA A CONFECÇÃO DO JOHO
“SUPER TRUNFO GEOGRÁFICO"
Alison Diego Leajanski;
Camila Ghion da Silva Francisco;
Willian Samuel Santana da Roza;
Fernanda Penteado;
Miriane Scolimoski;
Isonel Sandino Meneguzzo
Agência Financiadora: PIBID/CAPES
Palavras-chave: Ensino de Geografia, Jogo Geográfico, PIBID.
INTRODUÇÃO
A elaboração de jogos com dados alusivos aos países do mundo possui
significativa relevância no ensino fundamental, no âmbito da disciplina de Geografia.
De acordo com Sawczuk e Moura (2014) atualmente os professores de Geografia têm
buscado novos métodos de ensino que busquem uma abordagem metodológica mais
dinâmica, pois são os professores os principais responsáveis por transmitir os
conhecimentos através de métodos que permitam aos estudantes compreender os
conteúdos de uma forma mais prazerosa e eficaz.
Atividades envolvendo jogos despertam o interesse dos alunos, pois possibilitam
a interação dos mesmos. Isto pode ser observado quando Castellar e Vilhena (2010)
destacam o papel dos jogos no processo de aprendizagem dos estudantes, pois
proporcionam uma interação entre aluno e professor e também entre os próprios
estudantes, que acabam sendo estimulados a trabalhar em equipe e cooperarem entre si.
Além disso, os jogos contribuem positivamente na formação de conceitos e no
entendimento dos conteúdos de forma descontraída, diferente da forma tradicional
trabalhada em sala de aula.
O papel do professor na aplicação de jogos também deve ser destacado. Para
Brougère (1997, p. 57), o educador deve “controlar o conteúdo do jogo de modo que
permita à criança adquirir conhecimentos relevantes neste ou naquele momento”.
Adicionalmente, contribui para o processo ensino-aprendizagem na medida em que se
trabalha com dados de caráter geográficos.
A confecção de jogos permite a interação e organização da equipe em relação às
tarefas de pesquisa e produção do material didático. Nesta perspectiva observa-se que
para Tardif (2002, p. 49): “O docente raramente atua sozinho. Ele se encontra em
interação com outras pessoas, a começar pelos alunos”. Por isso, a importância do
projeto promover o trabalho coletivo entre os participantes.
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OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo, relatar os procedimentos operacionais
envolvidos na elaboração do jogo “Super Trunfo Geográfico” aplicado num colégio
público do município de Ponta Grossa, Paraná.
METODOLOGIA
Super Trunfo é um jogo que pode ser praticado a partir de dois adversários, que
tem a finalidade de tomar todas as cartas dos outros participantes, mediante escolhas de
características de cada uma, tais como expectativa de vida, população absoluta, entre
outros, sendo que em cada rodada vence o jogador que possuir os melhores valores
quando de sua confrontração. A confecção do jogo foi desenvolvida na Universidade
Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em uma sala designada para as ações do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID).
Para a confecção do jogo, foram utilizados os seguintes materiais: papel cartão,
impressora, tesoura, fita dupla face e papel contact. Dos quatro acadêmicos
participantes do projeto, cada um ficou responsável pela pesquisa de dados dos países
de diferentes continentes. Os dados referentes à população absoluta, área, densidade
demográfica, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Produto Interno Bruto (PIB),
PIB per capita, expectativa de vida e as bandeiras dos países, foram inseridos nos
cartões do jogo. Tais dados foram consultados no sítio eletrônico do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
O professor supervisor montou uma tabela utilizando a ferramenta de edição de
textos do Microsoft Office que deu sequência para a elaboração do jogo. Os acadêmicos
inseriram na tabela os dados correspondentes aos indicadores sociais, econômicos e
demográficos. Posteriormente, desenvolveram uma logo, para ser colada no verso de
cada carta. Logo após, o professor supervisor analisou e conferiu todos os dados e
imprimiu a tabela.
O passo seguinte foi o recorte das tabelas, conforme é apresentado na Figura 1.
Em seguida, houve a colagem das mesmas no papel cartão com fita dupla face. O passo
seguinte foi o recorte das tabelas inseridas no papel cartão e a colagem dos mesmos no
papel contact. Posteriormente, realizou-se o recorte das tabelas já inseridas no papel
contact, para a colagem do mesmo no verso, onde foi colada a logomarca do jogo. O
último passo foi a colagem do papel cartão no papel contact, já com as logos inseridas
no verso da folha, havendo o recorte das tabelas em formato de cartas. Após a
confecção do jogo, ocorreu testes entre os acadêmicos "pibidianos" e professor
supervisor para estabelecer as regras do mesmo.
Figura 1 – Confecção do jogo “Super Trunfo Geográfico” pelos pibidianos.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Trabalhar indicadores econômicos, sociais e demográficos por meio de um jogo,
possibilita que os alunos não só memorizem dados, mas também analisem e comparem
as realidades de diferentes nações do mundo e assim, compreendam um pouco da atual
situação social e econômica dos países. De acordo com Castellar e Vilhena (2010, p. 5)
“Quando o aluno apenas memoriza, ou não vê objetivos no que aprende, acaba
esquecendo os conteúdos após aplicá-los em uma avaliação”.
Muitas vezes os alunos acabam desinteressados quando esses indicadores são
trabalhados em sala de aula, por se tratarem de dados que muitas vezes estão longe de
suas realidades. Daí a importância de se utilizar uma abordagem metodológica mais
dinâmica, que trabalhe com os conteúdos de uma forma diferente e também vise à
interação entre os alunos.
Como resultado do desenvolvimento do trabalho obteve-se um jogo composto de
193 cartas, com indicadores sociais, econômicos e demográficos de todos os países
presentes no site do IBGE, que está sendo aplicado no ano letivo de 2017 com
estudantes do ensino fundamental (8º e 9º anos) de escolas públicas no município de
Ponta Grossa. Na Figura 2 são apresentadas como exemplos, algumas cartas
confeccionadas para o jogo.
Figura 2 – Exemplos de algumas cartas produzidas para o “Super Trunfo Geográfico”,
com a bandeira, nome do país e seu respectivo continente, população, área, densidade
demográfica, IDH, PIB, PIB per capita e expectativa de vida. A última carta se refere ao
modelo do logo que foi aplicado em todas as cartas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que o objetivo foi alcançado, pois se confeccionou um jogo
geográfico com indicadores sociais, demográficos e econômicos de todos os países do
mundo, onde os jogadores realizaram a comparação dos mesmos quando um país é
confrontado com outro. A escolha do jogo como recurso no processo ensino-
aprendizagem baseou-se na busca em se propor uma metodologia mais dinâmica e
interessante que estimulasse os alunos a participarem das aulas.
Com relação ao desenvolvimento do trabalho coletivo, o PIBID tem contribuído
positivamente, pois atividades como esta proporcionam um trabalho integrado por meio
da divisão de tarefas na produção de material didático entre os participantes do projeto.
A elaboração do jogo Super Trunfo Geográfico permitiu também aos acadêmicos,
pesquisar dados de todos os países do mundo, consultando uma fonte de pesquisa
oficial. Por fim, espera-se que esse trabalho possa servir de estímulo aos professores que
estão sempre à procura de metodologias de ensino eficazes que valorizem suas aulas e
as tornem mais interessantes e dinâmicas.
REFERÊNCIAS
BROUGÈRE, J. Jogo e educação. Porto Alegre: Artmed, 1997.
CASTELLAR, S.; VILHENA, J. Ensino de geografia. São Paulo: Cengage Learning,
2010.
SAWCZUK, M. I. L.; MOURA, J. D. P. Jogos pedagógicos para o ensino de Geografia.
In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. O
professor PDE e os desafios da escola pública paranaense: produção didático-
pedagógica, 2012. Curitiba: SEED/PR, 2014. v. 2. (Cadernos PDE). Disponível em:
<www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=20>.
Acesso em: 16 mar. 2017.
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 13. ed. Petrópolis: Vozes,
2012.
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TENDÊNCIAS DA PESQUISA EM ARBORIZAÇÃO DE VIAS PÚBLICAS, A
PARTIR DAS PRODUÇÕES PUBLICADAS NA REVISTA DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ARBORIZAÇÃO URBANA.
Mariane Rodrigues Muniz;
Miguel Paes Crispim;
Silvia Méri Carvalho
INTRODUÇÃO
Sendo a arborização urbana um grande beneficiador do bem estar na vida das
pessoas, sobretudo as que moram nas grandes cidades, esse tema se tornou cada vez
mais um assunto discutido no meio acadêmico. Segundo Biondi (2011, p.7) “o interesse
da sociedade, especificamente da comunidade acadêmica em promover a arborização
nas cidades e investigar problemas existentes no ecossistema urbano” se reflete a partir
dos inúmeros eventos e publicações ligados a esse assunto.
Para tanto, é importante que a implementação e manejo da arborização urbana,
estejam adequados a dinâmica do espaço urbano, para que tragam mais benefícios,
propiciando relações harmônicas entre a natureza e a sociedade.
Considerando que a arborização urbana traz inúmeros benefícios à população das
cidades, Coutro e Miranda (2007, p.2) destacam entre os benefícios, o estético, "como
cores, texturas e formas, que quebram a monotonia e suavizam linhas arquitetônicas, de
modo que constrói uma harmonia paisagística", o climático e ambiental, os efeitos
psicológicos, fisiológicos, econômicos e sociais.
Sendo o sistema viário uma importante estrutura do espaço urbanizado, a
arborização viária além de ser um elemento paisagístico é segundo Biondi (2008, p.33)
"composta de árvores plantadas linearmente nas calçadas ao longo das ruas e avenidas".
Reconhecendo a necessidade dos estudos sobre o verde urbano, a Revista da
Sociedade Brasileira de Arborização Urbana-Revsbau, tem como missão, ‘’desenvolver
o conhecimento na área de verde urbano e florestas urbanas, para a melhoria da
qualidade de vida no mundo’’ (REVSBAU, 2017). Por esta razão a revista foi escolhida
como fonte de informações para nortear uma análise sobre as tendências de pesquisa em
arborização de vias públicas. A Revsbau desde 2006 se dedica a divulgação de estudos
científicos, notas técnicas e artigos de revisão, com veiculação trimestral e está
classificada no Qualis Periódicos-Capes na categoria B3 (2013-2016).
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OBJETIVOS
Este trabalho tem o objetivo de inventariar os artigos e analisar as tendências das
pesquisas referentes a arborização de vias públicas, publicadas pela Revista da
Sociedade Brasileira de Arborização Urbana.
METODOLOGIA
Para a realização desta pesquisa foram consultados os artigos publicados em meio
digital na Revsbau entre o período de 2006 a 2017. Foram selecionados os artigos que
continham em seus títulos, a referência a arborização urbana, seja direta ou
indiretamente associadas a arborização de vias públicas. Foi elaborada planilha com as
principais informações a serem levantadas: ano da publicação, nome e área de formação
dos autores, título do artigo, recorte espacial, tipo de censo e seus critérios, metodologia
e tipos de dados obtidos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir dos artigos da Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana
(Revsbau) foi possível obter um panorama do “estado da arte” sobre a temática
arborização de vias públicas. As edições da revista continuam trimestrais separadas por
tópicos: Silvicultura Urbana, Ecologia Urbana, Percepção Ambiental Urbana,
Paisagismo e Paisagem Urbana, Planejamento e Gestão Florestal Urbana.
Foram analisados 103 artigos concernentes ao tema, em 44 edições, distribuídas
ao longo dos 11 anos de publicação. O ano de 2012 apresentou a maior concentração de
publicações (16,5%), seguido de 2014 com 15,5% e 2009 com 11,6%. Dentre os autores
que publicaram trabalhos na revista, uma única autora da Engenharia Florestal é
responsável por 16,5% do total de publicações neste tema.
Dos 343 autores que publicaram na revista, predominam aqueles da Engenharia
Florestal, tendo em vista que eles muitas das vezes eram compostos por grandes grupos
de pesquisa apresentando 7 pesquisadores em determinados trabalhos, desta forma com
38,19% das publicações, das Ciências Biológicas com 22,44%, da Agronomia com
15,7% e da Geografia com 3,20%. As demais áreas do conhecimento, como Engenharia
Civil, Engenharia de Produção, Engenharia de Materiais, Ecologia, Arquitetura e
Urbanismo, Paisagismo, Turismo, Matemática, Áreas Ambientais, acadêmicos de
graduação e Ensino Médio, apresentaram quantidades menos expressivas e juntas
somam 16%.
Quanto ao recorte espacial, os que apresentam maior volume de trabalho são
aqueles que utilizam a cidade toda (32%) para o levantamento arbóreo, este recorte foi
muitas vezes utilizado por profissionais que buscavam identificar os índices de
cobertura vegetal, ou seja, eles buscavam saber a porcentagem de áreas verdes
existentes nas vias públicas, a partir de uma visão mais holística da distribuição arbórea
arbustiva e das suas especificidades. Os trabalhos que elegem bairros como recorte da
pesquisa somaram 24,2%, os que utilizaram algumas ruas representam 17,47%, apenas
avenidas, somam 7,76%, apenas principais vias somam 3,8% e os que optaram por
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apenas uma via 3,8%. Outros recortes como vias do centro da cidade, litoral do Paraná,
rodovias, Bacia do Rio Tiete ou sem recorte, perfazem 10,67% do total.
O censo arbóreo mais utilizado em pesquisas com árvores de vias foi o
qualiquantitativo apresentando 80,58%, em detrimento do censo qualitativo com
13,59% e do quantitativos com 5,82%. Este resultado se dá tendo em vista as
especificidades de cada censo, em especial o qualiquantitativo que faz uso das matrizes
qualitativas e quantitativas, ou seja, este censo não busca apenas obter informações
numéricas a respeito da arborização, mas sim, um panorama geral de como a
arborização está se desenvolvendo naquele lugar, desta forma se fazendo mais
adequando frente os estudos de arborização de vias públicas. As metodologias
aplicadas apresentaram diversificação e uso simultâneo de mais de uma metodologia.
Predominam os inventários de campo (72,32%), seguido do emprego de questionários
(15,17%), pesquisa de gabinete (2,67%), abordagem teórica (8,03%), índice de
cobertura vegetal e a análise microclimática (0,89% em ambos os casos).
Dos trabalhos analisados uma pequena fração optou por utilizar um critério de
avaliação em seus censos como: altura mínima da 1ª bifurcação ser superior a 1,30
metros, diâmetro a altura do peito igual ou superior a 5 cm, circunferência à altura do
peito igual ou superior a 15 cm, circunferência à altura do peito superior a 20 cm, idade
mínima de 15 anos e apenas uma pessoa por residência nos questionários de percepção
da arborização. Critérios estes se fazendo presentes em apenas (9,7%) dos artigos.
Os dados analisados sobre a arborização de vias tratam da localização (97,03%),
família (94,17%), espécie arbórea (92,23%), a origem, se nativa ou exótica (89,32%),
altura total do indivíduo arbóreo (86,40%), fitossanidade (82,52%), frequência absoluta
(81,55%), frequência relativa (79,61%), além da altura da primeira bifurcação (71,84%),
conflito da raiz com as calçadas (66,99%), conflito da copa com a rede elétrica
(65,04%), tipo de poda (44,66%) e diâmetro a altura do peito - DAP (35,92%).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Houve mudança de Qualis da revista pois anteriormente era bastante variado em
relação as áreas do conhecimento e houve uma maior padronização ficando com Qualis
B3, no último quadriênio.
Tendências apontam para uma produção liderada por Engenheiros Florestais,
utilizando sobretudo inventário de campo, direcionados ao levantamento arbóreo de vias
públicas do município ou de bairros. As principais informações levantadas estão ligadas
a aspectos específicos do indivíduo arbóreo, como localização, família, origem, altura,
fitossanidade e frequência. Secundariamente aparecem informações que podem estar
associadas a problemas ou conflitos ambientais como: altura da primeira bifurcação,
conflitos das raízes, conflitos com a rede elétrica, e problemas com a poda.
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REFERÊNCIAS
REVSBAU- Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. Disponível em:
http://www.revsbau.esalq.usp.br/pt-br/a_revista.html. Acesso em: 19 Out. 2017.
BIONDI, Daniela. Arborização urbana. Aplicada à educação ambiental nas escolas.
Curitiba: a autora, 2008.
BIONDI, Daniela; NETO, Everaldo M. L. Pesquisa em arborização de ruas. Curitiba:
A autora, 2011.
COUTRO, Eduardo Matheus; MIRANDA, Gabriel de Magalhães. Levantamento da
arborização urbana de Irati – PR e sua influência na qualidade de vida de seus
habitantes. In: Revista eletrônica Lato Sensu. Vol 2 (1), 27-48, Julho de 2007.
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A UTILIZAÇÃO DA PRODUÇÃO FÍLMICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA: A
GUERRA FRIA
Andreia Maria Aires Barboza;
Marcio José Ornat
INTRODUÇÃO
O presente trabalho é de inserção pedagógica para conclusão do PDE –
Programa de Desenvolvimento Educacional desenvolvido pela SEED – na disciplina de
Geografia, que tem como tema trabalhar a partir da produção cinematográfica “13 DIAS
QUE ABALARAM O MUNDO”, conceitos geopolíticos, com enfoque para análise da
realidade apresentada na fase histórica chamada Guerra Fria, que com o andamento
atual da política mundial, é muito citada nos meios de comunicação como uma
possibilidade do retorno confrontos semelhantes.
O tema foi pensado a partir de observação tanto dos assuntos abordados na
mídia, assim como de provas de vestibulares e concursos em geral, sendo esse um tema
recorrente, assim como parte importante para argumentação em temas de redação em
concursos de maneira direta ou indireta.
Pretende-se ao término do período de trabalho, mudar essa visão desse período,
saído de estereótipos amplamente divulgados por produções cinematográficas onde um
lado sempre é mocinho e o outro bandido.
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O trabalho foi realizado com professores de diversas disciplinas, sendo este tema
voltado a uma reflexão de conceitos e de conhecimentos de ‘atualidades’, não se
limitando a disciplina de Geografia.
OBJETIVOS:
Objetivo Geral:
Auxiliar os cursistas na compreensão da realidade atual, a partir do estudo do Mundo
Bipolar, utilizando de recursos de mídias como de produções fílmicas e documentários
específicos.
Objetivos Específicos:
Discorrer sobre termos, nomes, países atuais ou não, mas que fizeram parte da
realidade mundial e sem o conhecimento dos mesmos, dificulta o entendimento da
nossa Geopolítica.
Subsidiar instrumentos para uma visão crítica ao tendencionismo das questões
abordadas nas produções apresentadas.
METODOLOGIA
O uso de mídia, torna o ensino mais prazeroso, contudo podem ser
tendencionista. Este curso usou: filmes, documentário, clipes musicais para despertar a
reflexão de professores para temas muito utilizados como meio de propaganda
ideológica.
O documentário: A Guerra Fria – o que aconteceu nesse período (1946- 1991),
publicado no site Youtube em agosto de 2016, como esperado, colaborou para elucidar
muitas das questões que surgiram sobre o tema e os recursos midiáticos utilizados, fez
uma ponte entre as informações que eram divulgadas amplamente e a relação entre
realidade e a reflexão proposta.
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O objetivo geral é a formação crítica de indivíduos capazes de entender
realidade construída em décadas passadas por nossos contemporâneos para entendermos
a realidade que se apresenta nos jornais diários que são fruto do que iniciou na década
de 90.
A disciplina de Geografia tem entre suas funções na escola, levar essa visão de
mundo aos alunos, para entender as diversas fases que mundo passou para chegarmos
na atual. Esse é o papel dessa unidade didática no recorte temporal que abrange a
Guerra Fria. O ensinar Geografia, precisa ser reflexivo e a utilização dessas mídias
propostas, procuram ajudar o professor nessa função.
RESULTADOS E DISCUSSÕES:
Esta unidade ainda não foi publicada, contudo foi utilizada no curso de
implementação com professores da rede estadual de ensino, onde utilizei o material
juntamente com filmes e clipes musicais e um instrumento de pesquisa a esses
profissionais que eram das seguintes áreas: Arte, Biologia, Ciências, Educação Física,
Geografia, Historia, Língua Portuguesa e Inglesa, Matemática e Pedagogos. Também
participaram acadêmicos de Historia e Geografia da UEPG, além de alguns diretores e
funcionários de diversos estabelecimentos de ensino da rede estadual de Ponta Grossa.
Podemos analisar esta resposta da professora Célia: “Como sou de outra área,
aprendi muito sobre a Guerra Fria, tema do qual tinha apenas uma vaga lembrança da
época da escola. Além de poder utilizar as sugestões de filmes em sala, trabalhando
questões como biografia, músicas, etc., na área do Inglês, posso trabalhar o tema
interdisciplinarmente.
Também tive uma outra visão do que é o Comunismo e do quanto o Capitalismo
pode ser destrutivo e corromper as pessoas. Mas que pior que tudo é a briga que a luta
entre os dois sistemas econômicos pode travar.”
Vejamos um recorte do que escreveu a professora Delia: “O curso foi
construtivo, pois houve abordagem de vários temas por meio de filmes. A forma como
foi conduzido teve sucesso. Atividades condizentes com os encontros. Exclusivamente
para mim que não sou da área do curso, só tive crescimento em conhecimento. Vejo
como positiva a iniciativa.”
Nesta última em especial, vi a desconstrução daquela visão do estadunidense
herói, onde não se questiona sua ideologia ou atitudes, sendo esse o grande objetivo
tanto do curso ministrado como da unidade didática apresentada, a visão crítica de
produções fílmicas desse período, onde o mocinho: belo, inteligente, com múltiplas
habilidades sempre era o capitalista e o vilão feio, sem escrúpulos e desprovido de
inteligência em grande parte das produções, era da Rússia, URSS ou comunista.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Através da análise das atividades online enviadas pelos professores participantes
do curso de implementação: Produção Fílmica e a Guerra Fria, constata-se a
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necessidade de se oportunizar a diversas áreas do conhecimento uma crítica a obras de
grandes orçamentos, além da necessidade da procura de obras com o mesmo tema, mas
de países diferentes para confrontar o enfoque. Foi o que se tentou com a unidade
didática e foi praticado no curso propriamente dito.
Faz-se necessário também citar que profissionais de outras áreas precisam da
orientação crítica que a Geografia possui, como citado pelas falas acima, que refletem a
opinião documentada da maioria dos participantes.
REFERÊNCIAS:
BALSANELL, Álice Paula. Aprendizagem de jovens e adultos: a aprendizagem a seu
tempo. Disponível em: https://pedagogiaseberi.files.wordpress.com/2014/06/134.pdf.
Acesso em 12 dez. 2016.
DORIGONI, Gilza Maria Leite e SILVA, João Carlos. Mídia e Educação: o uso das
novas tecnologias no espaço escolar. Disponível em:
http://design.org.br/artigos_cientificos/1170-2.pdf. Acesso em : 1 fev. 2017.
HOEPERS, Juliana Carla Muterlle Rosa e FRIGOTTO, Tatiane Saffnauer. Oficina de
Geografia. Curitiba: SEED, Departamento de Educação Básica.
OLIVEIRA, Sandro José de; SUGAYAMA, Soraya. Educação física escolar – Filmes
como Recurso Didático. Disponível:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoe:
s_pde/2014/2014_ufpr_edfis_artigo_sandro_jose_de_oliveira.pdf. Acesso em: 4 de
maio 2016.
VENÂNCIO, Luciana e SANTOS, Inês Silva. O cinema nas aulas de educação física:
Ler e escrever em diferentes contextos. Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.20,
p.349-76, set. 2006. Suplemento n.5. Disponível em: http://cev.org.br/biblioteca/o-
cinema-nas-aulas-educacao-fisica-lerescreverdiferentes-contextos/. Acesso em: 12 mai.
2016.
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CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRUPO DE ESTUDOS NO PIBID -
GEOGRAFIA
Isonel Sandino Meneguzzo;
Cassiano William Farias;
Alison Leajanski;
Luiz Felipe Przybyloviecz
Introdução
A realização de grupo de estudos no âmbito do ensino superior de um curso de
licenciatura em Geografia, permite que os acadêmicos tenham um contato com leituras
que tratam dos aspectos teórico-metodológicos da ciência geográfica, em sua interface
com a educação geográfica escolar. Em consonância com os propósitos do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), o grupo de estudos procurou
estreitar, ao longo do primeiro semestre letivo de 2017, a relação existente entre teoria e
prática, aprimorando o processo ensino-aprendizagem dos acadêmicos inseridos no
ambiente escolar.
Esta ação se intercalou em relação às demais atividades do programa, com vistas
ao desenvolvimento estimulante da intelectualidade a partir da realização de leituras de
texto técnico-científicos, que num grupo de estudos promovem a interação e debate
entre acadêmicos e professores, revelando a troca de saberes do que foi apreendido
como proposta lançada.
Nesse sentido, o grupo de estudos visou contribuir para o aprimoramento da
educação geográfica escolar, por meio da leitura e discussão de textos teóricos que
fundamentam as atividades práticas efetivadas pelos acadêmicos no ambiente escolar.
Sobre em que consiste um grupo de estudos, a UFJF (2005) define grupo de estudo
como sendo "o processo educativo que envolve o aluno em atividades de estudos
temáticos, sob a orientação de, no mínimo, um professor." Portanto, um grupo de
estudos contribui para a diminuição da distância existente entre teoria e prática,
contribuindo assim para uma práxis mais efetiva. Ressalta-se o que Freire (1989, p. 9)
comenta a respeito das leituras: “a compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura
crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto”. Dessa maneira, o
leitor pode estabelecer relações entre o que lê e o contexto socioeducacional em que está
inserido. Já Krug (2015, apud Koch e Elias, 2008) apontam que “a leitura está além de
apenas ocupar um importante espaço na vida do leitor”. Seguindo esta linha de
raciocínio, a realização dessa atividade, possibilita entender que a leitura
categoricamente não se baseia somente da experiência pessoal em ler, mas atribui à ela,
parte destinada ao futuro professor de Geografia em estabelecer nexos e inter-relações
existentes entre o plano teórico e a prática pedagógica.
Perante este contexto, cabe destacar que atividades envolvendo grupos de estudo
contribuem para que haja um senso de responsabilidade no ambiente acadêmico e
sistematizando procedimentos metodológicos.
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Objetivo
O presente trabalho tem como objetivo tratar de algumas considerações sobre a
realização do grupo de estudos do PIBID, sub-projeto Geografia, ensino fundamental. O
grupo de estudos visa contribuir para o aprimoramento da educação geográfica escolar,
por meio da leitura e discussão de textos teóricos que fundamentam as atividades
práticas efetivadas pelos acadêmicos no ambiente escolar.
Metodologia
A metodologia adotada para a realização do grupo de estudos consistiu em:
seleção de textos científicos que tratam da ciência geográfica em seus aspectos teórico-
metodológicos e epistêmicos, bem como textos que tratem de atividades didático-
pedagógicas envolvendo a Geografia escolar.
Num primeiro momento, a atividade de seleção dos textos foi realizada pelo
professor coordenador responsável pelo ensino fundamental. Após esse procedimento,
os textos foram disponibilizados para os acadêmicos realizarem a leitura e elaboração de
resumos atinentes à esses textos. Num prazo aproximado de quinze dias, os acadêmicos
desenvolveram tais atividades e, no encontro presencial, as discussões foram realizadas,
mediadas pelo professor coordenador. Nessa dinâmica foram levantadas questões-
chave, com o intuito de que os acadêmicos pudessem respondê-las, fundamentadas nos
autores lidos.
Num segundo momento, o professor coordenador, ao invés de trazer as
indicações de textos a serem lidos e trabalhados nos grupos de estudo, propôs que os
acadêmicos trouxessem ideias de textos conforme as demandas dos colégios. Nesse
sentido, foram trabalhados textos envolvendo ética profissional, tolerância e homofobia
na escola. Os procedimentos adotados seguiram o mesmo modelo acima referido
(primeiro momento). Porém, tendo em vista as temáticas serem de extrema relevância
no contexto atual, em alguns encontros foram realizados convites para que participantes
de outros sub-projetos pudessem participar das discussões.
Vale ressaltar que o modelo de adotado para a gestão do subprojeto Geografia-
Ensino Fundamental esteve amparado na chamada Teoria Y. Esta teoria foi preconizada
por Mc Gragor por volta da década de 1960, nos Estados Unidos da América no âmbito
da administração.
Segundo Chiavenato (1997), a Teoria Y propõe um estilo de dirigir atividades de
forma democrática e participativa, pautado nos valores humanos e sociais, os quais
devem permear as relações entre as pessoas envolvidas nos processos de gestão.
Apresenta também as características de descentralização e a delegação de tarefas, com
menos controle e mais liberdade (KNAPIK, 2008).
Possui como pressuposições essenciais que as pessoas procuram e aceitam
responsabilidades e desafios, podem ser automotivadas, são criativas e competentes
(CHIAVENATO, 1997).
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Resultados e discussões
Constatou-se que no período da realização do grupo de estudos, os acadêmicos
compareceram maciçamente nos encontros, demonstraram interesse na realização das
leituras e efetivaram os resumos solicitados referentes aos textos lidos. Dessa forma, a
dinamização das aulas, com práticas pedagógicas diferenciadas puderam ser
desenvolvidas após o aporte teórico adquirido durante as atividades do grupo de
estudos, contribuindo para o processo ensino-aprendizagem dos acadêmicos, bem como
dos alunos do ensino fundamental inseridos no contexto do PIBID, sub-projeto
Geografia do ensino fundamental. Ficou evidente, por meio da realização do grupo de
estudos, que tal atividade é de suma relevância no contexto do PIBID, sub-projeto
Geografia. Esta atividade agrega valor aos trabalhos desenvolvidos pela coordenação de
Geografia, pois possibilitou aos alunos a oportunidade de aprofundar os conhecimentos
em relação à ciência geográfica, bem como à Geografia escolar no ensino fundamental.
As temáticas envolvendo ética profissional, tolerância e homofobia também se
fizeram fundamentais, pois permitiram o aporte teórico-conceitual, o que permite
contribuir assim com conhecimentos que podem vir a ser aplicados no contexto escolar
e profissional dos acadêmicos.
Os convites realizados aos integrantes de outros sub-projetos do PIBID da
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) para que participassem do grupo de
estudos da Geografia foram exitosos. Em dois encontros foi possível ocorrer a
participação de acadêmicos de licenciatura em Ciências Biológicas, Pedagogia e
Química, bem como a presença da coordenadora de gestão do PIBID da UEPG.
A presença de pessoas de provindas de licenciaturas de campos do conhecimento
diferentes foi enriquecedora, permitindo a interação entre acadêmicos e docentes,
contribuindo assim para a ampliação dos espaços de discussão em ambientes
plenamente democráticos.
Considerações finais
Ficou evidente, por meio da realização do grupo de estudos, que tal atividade é
de suma relevância no contexto do PIBID, sub-projeto Geografia. Esta atividade agrega
valor aos trabalhos desenvolvidos pela coordenação de Geografia, pois possibilitou aos
alunos a oportunidade de aprofundar os conhecimentos em relação à ciência geográfica,
bem como à Geografia escolar no ensino fundamental.
O PIBID, além de contribuir para a qualidade na formação de futuros
professores, também propicia, por meio de atividades como a aqui apresentada, a
oportunidade do aprofundamento dos conhecimentos envolvendo a Geografia escolar,
principalmente em seus aspectos teórico-conceituais e metodológicos.
Outro elemento importante neste contexto é a interação e troca de ideias ocorrida
entre acadêmicos e professor coordenador ocorrida num ambiente plural e democrático.
Por fim, cabe ressaltar o senso de responsabilidade que os acadêmicos
integrantes do grupo de estudos acabam adquirindo, considerando que os mesmos são
responsáveis por comparecer nos grupos de estudos, apresentar e debater as principais
ideias contidas nos textos científicos, bem como da elaboração dos resumos que são
entregues ao professor coordenador.
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Referencias bibliográficas
CHIAVENATO, I. Gerenciando pessoas: o passo decisivo para a administração
participativa. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 1997.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 23. ed.
São Paulo: Cortez, 1989.
KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. 2. ed. Curitiba: IBPEX, 2008.
KOCH, I. V.; ELIAS, M. V. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo:
Contexto, 2008.
KRUG, F. S. A Importância da Leitura na Formação do Leitor. Revista de Educação
do IDEAU, Getúlio Vargas - RS, v. 10, n. 22, p. 01-13, jul./dez. 2015.
UFJF. Resolução do Conselho Setorial de Graduação quanto à flexibilização dos
Currículos de Graduação da Universidade Federal de Juiz de Fora. Disponível
em:<http://www.producao.ufjf.br/arqufjf/res018.htm> Jan., 2005.
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OS INFOGRÁFICOS EDUCACIONAIS NAS PROVAS DE GEOGRAFIA DO
ENEM
Amanda Weridyana Uller;
Carla Silvia Pimentel
Introdução
Este trabalho apresenta resultados de uma pesquisa de trabalho de conclusão do
curso de licenciatura em Geografia desenvolvido na Universidade Estadual de Ponta
Grossa. O mesmo surgiu da seguinte indagação: quais as características e a incidência
de infográficos nos materiais didáticos de geografia de alunos do ensino médio? A
questão surgiu durante o desenvolvimento dos estágios curriculares obrigatórios. Nesse
período percebeu-se que os materiais didáticos utilizados na escola apresentavam
diferentes linguagens para abordar os fenômenos geográficos, e nesse contexto, tiveram
relevância a presença de infográficos.
Essa descoberta promoveu o interesse pela investigação desses recursos lingüísticos. Essa descoberta propiciou a organização da pesquisa, que tem como objetivo analisar os infográficos de Geografia contidos nas provas do ENEM desde 1998, contemplando os 15 últimos anos do exame. Pretendeu-se descobrir a frequência que essa linguagem é utilizada nessas avaliações; quais temáticas os infográficos abordam nas questões e o tipo de infográficos contidos nas provas.
Enquanto procedimento metodológico, a presente pesquisa foi realizada partindo
da análise das provas, considerando que este é um dos principais instrumentos
avaliativos deste nível educacional e que influencia diretamente a produção de materiais
didáticos usados pelos escolares. Esta análise compreendeu ainda a categorização das
imagens segundo Colle (2005) que organiza os infográficos entre científicos, de
divulgação e jornalísticos.
Desenvolvimento
Desde que se têm registros do processo de humanização do homem, a
comunicação aparece como o fenômeno mais importante. O homem pré-histórico inicia
seu processo de comunicação com o intuito de responder os ruídos/grunhidos vocais
imitando os da natureza que eles ouviam. Logo, pode-se afirmar que a evolução humana
está vinculada ao processo de comunicação seja ela falada, gesticulada ou escrita desde
o início de sua existência. Contudo, na medida em que o processo de humanização vai
acontecendo, o homem vai buscando formas alternativas de se comunicar e perpetuar a
sua passagem pela Terra.
Segundo GARDNER,
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“Os seres humanos são considerados, por excelência, as criaturas da
comunicação, que armazenam significados através de palavras,
desenhos, gestos, números, padrões musicais e um grande número de
outras formas simbólicas. As manifestações destes símbolos são
públicas: todos podem observar a imagem escrita, os sistemas
numéricos, desenhos, mapas, linguagens gestuais e assim por diante.
Entretanto, os processos mentais necessários para manipular esses
símbolos devem ser inferidos dos desempenhos dos indivíduos em
vários tipos de tarefas”. (1995; p.145)
Cada imagem possui um desempenho de uma função linguística comunicativa,
esta pode ser conceituada e caracterizada como: denotativa/ cognitiva ou referencial,
sendo definida como aquela qual não se desprende do conteúdo que está sendo falado.
A mesma autora ressalta também que a imagem possui mensagens ocultas, que são
voltadas a determinado público, com o objetivo de retratar algum assunto específico
através de seus códigos, contudo ela não possui uma capacidade metalinguística, ou
seja, ela não revela uma certeza para que todos tenham a compreensão real do que ela
quis passar, logo faz-se necessário um aprender a ler as imagens. (JOLY, 1996)
Explicando esta ideia pode-se recorrer a Barthes (1964), que afirma que a conotação da
imagem é uma provocação de uma segunda significação de um primário. Por exemplo:
a cruz é um símbolo qualquer, contudo, ela não irá significar apenas uma cruz, mas terá
o intuito de representar uma igreja, ou um cemitério, ou um hospital, vai depender da
contextualização e da espacialidade em que ela se encontra, ou ainda, poderia se afirmar
que a imagem não consegue ser suficiente para informar o todo da mensagem quando
está sozinha, descontextualizada, fazendo com que ela precise de algo que a
complemente e traga sentido aquela visualização.
Isto traz a significação e importância do objeto de estudo desta pesquisa sobre os
infográficos no meio educacional, visando compreender a utilização dos mesmos no
contexto atual, principalmente no ensino de Geografia, que por si, carrega em seu
arcabouço, uma infinidade de situações que permitem a exploração do visual enquanto
imagem espacial a ser explorada para sua melhor compreensão.
A palavra infográfico vem da simplificação do termo em inglês information
graphic, designando info graphia. O termo info (do latim) é traduzido como: mostrar
claramente uma ideia ou conceito, demonstrar, exibir, caracterizar uma noção de algo. O
termo graphia, que é compreendido como: através das palavras, da escrita. Desta forma,
podemos considerar o infográfico como sendo a união entre palavra e imagem, em que
uma complementa a outra para obtenção do sentido desejado (ALVAREZ, 2012).
Colle (2005), classifica a infografia em três categorias gerais: os infográficos
científicos ou técnicos, que são utilizados em pesquisas de cunho científico e em
manuais técnicos, há muitos anos. Os Infográficos de divulgação, estes se preocupam
em atender a transmissão de conhecimentos técnicos e científicos, para toda a
população, também estão presentes em materiais didáticos, enciclopédias e podem ser
utilizados para a educação informal, ou seja, um processo em que o ser humano
desenvolve valores, hábitos, aprende alguns saberes técnicos, científicos e do senso
comum em ambientes do cotidiano, também em revistas, catálogos e placas. E por fim,
os infográficos jornalísticos, os quais são os mais “populares”, responsáveis por ajudar
na transmissão de conhecimentos, apresentando os fatos na sequência em que ocorreram
e as consequências que foram deixadas.
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Os infográficos se constituem atualmente em elementos comunicativos muito
presentes em materiais didáticos, exames nacionais, como ENEM, e provas de
vestibulares da área de Geografia, além dos mais diversos meios informacionais
contemporâneos. É um recurso didático e uma linguagem muito utilizada por
professores para ensinar conceitos e trazer informações de conteúdos geográficos, visto
que se trata de um modelo comunicativo bastante eficiente para expressar dados e
informações aos leitores no contexto atual, principalmente com o avanço das
tecnologias. Este formato, denominado de semiótico, une texto escrito a imagens e/ou
dados, e busca, ao mesmo tempo, maior amplitude e contextualização aos conteúdos,
bem como instigar o aluno a interpretar esses códigos visuais, favorecendo uma nova
percepção de letramento científico.
Na sequência é apresentado um modelo de Infográfico presente em materiais
didáticos e questões do ENEM:
Figura 1. Questão 28 – Enem 2013 (layout adaptado).
No esquema, o problema atmosférico
relacionado ao ciclo de água acentuou-se
após revoluções industriais. Uma
consequência direta deste problema esta
na: a) redução da flora
b) elevação das marés
c) erosão das encostas
d) laterização dos solos
e) fragmentação das rochas
Fonte: Ir além ENEM: Resumos infográficos complementos questões. 1. Ed. São Paulo:
FTD, 2016
Observa-se que o elemento visual associado aos apontamentos escritos exige do
aluno o raciocínio reflexivo sobre uma situação habitual da realidade, associando vários
componentes nela presente, de modo a não isolar o conceito da complexidade do todo.
Esse é apenas um exemplo, mas o mesmo existe nos mais diversos contextos, sejam eles
físicos, humanos, sociais, políticos, partindo de dados estatísticos, mapas, etc.
Considerações sobre os Resultados
Observou-se diante dos estudos teóricos desenvolvidos que os infográficos são elementos comunicativos presentes nos dias atuais, seja nos canais de imprensa escrita ou até mesmo nos materiais didáticos e nos mecanismos de seleção e/ou avaliação da área de Geografia. Os mesmos se constituem num potencial instrumento de análise e interpretação, uma vez que apresentam uma junção de elementos visuais, sejam eles constituídos por fotos, mapas, gráficos, croquis ou organogramas, com explicações textuais sintetizadas. Isso contribui para o processo cognitivo de modo a apreender a informação num âmbito mais amplo, unindo o concreto (visual codificado) com seu conceito (decodificação), conduzindo mais rapidamente às condições interpretativas.
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Com estas propriedades intrínsecas, os sistemas educativos vêm se apropriando nos últimos anos desse recurso comunicativo com ênfase para o Ensino Médio (recorte analisado), bem como os órgãos responsáveis pelos processos seletivos de vestibular e no ENEM, que tem adotado essa linguagem para apresentar suas questões. Constatou-se, além da presença constante nas últimas provas que os infográficos aparecem com mais intensidade nas categorias científicas e de divulgação e que estão mais presentes nas questões da área humana da disciplina de Geografia.
Diante do que fora possível verificar, constatou-se que os infográficos presentes nos materiais didáticos contribuem para a compreensão de fenômenos da Geografia, preparando os alunos para um pensar mais analítico e reflexivo, de modo a exigir dos professores um amplo direcionamento metodológico para este tipo de abordagem conceitual. Isto vem se efetivando cada vez mais, principalmente nas redes privadas de ensino, e deve também ser apropriada pelos docentes da rede pública, uma vez que toda a comunidade discente estará à frente desta cobrança nos dispositivos avaliativos.
Percebe-se que a velha decoreba de conceitos prontos já não cabe mais nas concepções educativas atuais, que acompanham os interesses da sociedade que demanda sujeitos capazes de compreender e contextualizar os fatos. Esse é apenas um dos mecanismos para propiciar às escolas um novo olhar sobre a formação dos alunos, contudo tem-se a certeza de um uso mais intenso dos infográficos, considerando a própria expansão e o acesso aos dispositivos tecnológicos e informacionais pelas pessoas.
Referências Bibliográficas
Alvarez, Ana Maria Torres. Infografia na educação: contribuições para o pensar crítico
e criativo. 2012. 313 f. Tese (Doutorado em Educação) - Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, São Paulo, 2012.
BARTHES, Roland. Rhétorique de I’image. In: Comunications, no 4. Paris: Seuil, 1964.
COLLE, Raymond. Estilos o tipos de infográficos. [S.I.], 2005. Disponível em: <
http://www.ull.es/publicaciones/latina/a/02mcolle/texto.colle.htm.> Acesso em: 13 ago.
2017.
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: A Teoria na Prática. Porto Alegre: Ed.
Artes Médicas, 1995.
JOLY, Fernand. Introdução à análise da Imagem. Tradução de Marina Appenzeller.
Campinas: Papirus, 1996.
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A INSTALAÇÃO DA ESTAÇÃO METEOROLOGICA DO LABCLIMEAM: O
ENSINO, A PESQUISA, E A EXTENSÃO
Andresa Ap. Alves Santos;
Gilson Campos Ferreira da Cruz
INTRODUÇÃO
Atualmente ouve-se muito em falar sobre a Climatologia e a Meteorologia pois
estão presentes no dia- a- dia das pessoas, através das condições do tempo
meteorológico, auxiliando em suas atividades, segundo Fogaça, Limberger (2011) a
Climatologia é ciência que busca estudar os fenômenos atmosféricos num longo prazo
de tempo, enquanto que a Meteorologia pretende, através de cálculos matemáticos e
análise de imagens de satélites, prever as mudanças no tempo em um curto prazo, no
entanto o ser humano não possui uma dimensão climática, muitas vezes isso ocorre pela
falta de recursos que são ofertadas na escolaridade destas, por exemplo, nas escolas
muito pouco se é estudado sobre meteorologia ou até mesmo climatologia.
Tendo em vistas essas implicações procurou-se a elaboração de um projeto de
extensão que tenha como objetivo principal abordar essa compreensão de climatologia e
meteorologia para comunidade acadêmica e comunidade geral, através da implantação
da estação meteorológica na Universidade Estadual Ponta Grossa, onde essa
aprendizagem ficara mais valida e eficaz.
OBJETIVOS
O projeto de extensão da Estação Meteorológica tem por objetivos proporcionar
uma aproximação entre universidade, alunos e a comunidade em geral, com um
aprender mais dinâmico sobre a estação meteorológica, onde todos possam conhecer os
instrumentos que pertence à estação meteorológica automática e convencional, bem
como utilizar os dados coletados para fins acadêmicos e cotidianos.
METODOLOGIA
A Estação Meteorológica está sendo instalada nas dependências Universidade
Estadual Ponta Grossa, Campus Uvaranas, com previsão de término até o fim deste ano.
Segundo o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), em geral a Estação
Meteorológica Automática possui sensores de temperatura, radiação UV, umidade,
precipitação, direção e velocidade do vento, além de uma central de armazenagem de
dados, e uma Estação Meteorológica Convencional, composta por vários equipamentos,
os quais foram doados pelo IAPAR (Instituto agronômico do Paraná ) em janeiro de
2017, como: Heliógrafo utilizado para a medição da insolação/brilho solar, através de
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uma esfera de vidro maciça por onde a radiação solar transparecer e converge num feixe
de luz, que irá queimar a tira de papel e o actinógrafo também utilizado para medir a
radiação solar, mas consiste em placas que absorvem a radiação em diferentes
quantidades, registrando o valor instantâneo da radiação.
.
O higrógrafo que tem por função medir e registrar a umidade relativa do ar;
Barógrafo que registra continuamente a pressão atmosférica; Anemógrafo utilizado para
registrar a variação de direção e velocidade dos ventos; Evaporigrafo o qual registra a
evapotranspiração da água em um diagrama semanal, consiste em um reservatório de
água, com uma área em exposição, donde um disco absorvente continuamente
encharcado é exposto; Evaporimetro de piche utilizado para medir a evaporação em
milímetros de água evaporada no período diário.
Os equipamentos que são utilizados para a medir e registrar as chuvas, o
orvalho, e as temperaturas como: Pluviógrafo o qual registra num diagrama diário o
gráfico de todos os detalhes da chuva: altura, intensidade, caráter, início e término;
Pluviômetro o qual consiste de um funil oco com uma área de captação exposta de 20
cm de diâmetro e instalado a1,5 m do solo, e tem por função indicar a altura da lamina
d’agua sobre toda a extensão do metro quadrado de superfície. Para as medidas de
orvalho temos: Orvalhografo sendo utilizado para registrar a ocorrência e intensidade do
orvalho e pode se mensurar a quantidade de orvalho formada e a duração; Aspergígrafo
este tem por finalidade registrar o período de molhamento do orvalho. E os aparelhos de
medição das temperaturas: termômetros de máxima capaz de registra a maior
temperatura diária, por volta das 15h seu registrador é em mercúrio, e mínima registra
menor temperatura diária por volta das 04h às 6h, seu registrador é em álcool para uma
melhor precisão, os geotermômetros para medir a temperatura do solo em várias
profundidades dentre 02cm a 1 m.
Higrógrafo Barógrafo Anemógrafo Evaporigrafo
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Estes ficarão alojados dentro da área pré-estabelecida de 81m², a qual se
encontra em construção, seguindo um mínimo de padronização estipulada pelo INMET,
como a cor do abrigo meteorológico em madeira na cor branca, e o gramado ambos para
evitem o excesso de aquecimento.
No momento de definição do local, foi abordado a técnica Sky View Factor,
juntamente com o software Rayman versão 1.2, o qual obtém o fator de visão do céu.
Assim foi tirado fotos como uma câmera especial com lente olho de peixe, onde mostra
uma imagem em projeção estereográfica a qual posteriormente transformada em uma
imagem monocromática deixando construções e arvores como obstáculo a ser
calculado, afim de mais precisão nos resultados:
O processamento das fotos datadas de 01/12/2015, permitiu determinar o fator de
visão do céu que é de: 0.878 e obstrução de 12.2%, tendo obstrução maior nos
quadrantes NW, SO, nota-se a obstrução pelas arvores, considerando o caminho aparente
do sol no verão percebe-se que não há muitas obstruções resultando em um local viável a
instalação, porem será necessário a poda das arvores para que se possa aumentar o fator
de visão do céu no local. No que refere a espacialização dos equipamentos dentro da
estação meteorológica foram considerados aspectos de segurança tanto das pessoas que
iram circular, quantos aos equipamentos para que não haja nenhum acidente, bem como
analise de posição dos instrumentos em relação aos outros.
Pluviógrafo Pluviómetro
Orvalhografo Aspergígrafo
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. O projeto tem por finalidade uma aproximação da comunidade e alunos através
da estação, onde terão a oportunidade de conhecer sobre o funcionamento e a finalidade
de cada instrumento que compõe a estação. As visitas serão previamente agendadas por
telefone e pelo site do Laboratório de Climatologia e Estudos Ambientais, sob a
orientação dos estagiários e coordenador do laboratório, geralmente no período
vespertino. Além disso o site trará informações que irão complementar o aprendizado
feito durante a visita.
Segundo Sant’Anna Neto (1998) apud Rondão e Santos (2012), mostra que o
interesse do homem em compreender os fenômenos originados na atmosfera e que de
forma direta repercutem na superfície terrestre é tão antigo quanto a sua percepção do
ambiente habitado, sendo assim será de grande importância a realização dessas visitas
monitoradas, bem como também se mostrará eficiente no que refere aos conteúdos
abordados em sala, facilitando assim a compreensão dos mesmos.
RESULTADOS
Durante o processo de instalação da estação, obteve-se um amparo em
pesquisa, e elaboração da técnica Sky View Factor que vão proporcionar uma base
motivadora para as esperadas visitas da comunidade da região. A definição dos locais
para instalação de cada equipamento, foi feita com a participação de toda a equipe,
momento em que levou em consideração, questões de segurança para os equipamentos e
de espacialização, considerando a circulação das pessoas, comunidade acadêmica e
comunidade em geral, que participaram das visitas monitoradas. Um dos principais
resultados desse projeto estará na importância que há do cidadão ter contato com as
dinâmicas do clima, para melhor compreensão do seu próprio cotidiano
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos primeiros contatos de divulgação do projeto, as pessoas têm se mostrado
bastantes interessadas e a expectativa é grande por parte da comunidade universitária e
em geral.
Com relação ao estudo que será abordado nas visitas bem como nas palestras,
sabemos que condicionará aos visitantes na observação do clima, uma perspectiva de
compreensão dos fatores relacionados ao clima e dos instrumentos que serão utilizados
para registrar esses fatores.
Agradecimentos: Fundação Araucária, pela Bolsa concedida para o projeto de extensão.
Planta Estação
Meteorológica na UEPG
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Apoio: (IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS FOGAÇA. K, T. LIMBERGER L. Percepção ambiental e climática em colégios públicos do município de Toledo–PR. Disponível em: http://cac-php.unioeste.br/eventos/geofronteira/anais2011/Arquivos/Artigos/ENSINO/Artigo44.pdf. Acessado em: 09 de outubro de 2017
Instituto Nacional de Meteorologia. Estações Convencionais. Disponível em:
http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=estacoes/estacoesConvencionais. Acessado
em: 28/02/2017 ás 20h
ROLDÃO, Aline de Freitas. SANTOS, Juliana Goncalves. A estação meteorológica da
universidade federal de Uberlândia como ferramenta para ensino de climatologia.
Revista de Ensino de Geografia, Uberlândia, v. 3, n. 5, p. 64-75, jul./dez. 2012.
SILVA, Mario A. Varejão. Meteorologia e climatologia :Versão Digital 2, 2006.
Disponível em:
<http://www.icat.ufal.br/laboratorio/clima/data/uploads/pdf/METEOROLOGIA_E_CLI
MATOLOGIA_VD2_Mar_2006.pdf >. Acessado em: 28/02/2017.
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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ENTRE ESTUDANTES DA “GERAÇÃO Z”
ACERCA DE CONCEPÇÕES DE GÊNERO: AS NOVAS TECNOLOGIAS
ESTÃO CONTRIBUINDO PARA CONCEPÇÕES MAIS PROGRESSISTAS OU
CONSERVADORAS?
Letícia Marli Fernandes;
Záire Osório dos Santos;
Edvanderson R dos Santos;
Adriana Gelinski
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como escopo entender a visão da atual geração Z sobre as
noções e compreensões sobre gênero. Também se problematiza o papel das novas
tecnologias na formação das ideias da geração. A pesquisa se justifica devido ao atual
momento vivido nas discussões sobre gênero, bem como faz-se relevante diante do
aumento no índice de violência contra a mulher e a população LGBT (FILHO, 2005).
De tal modo, o presente objetivo do trabalho é determinar, por meio de questionários
aplicados com os alunos na faixa etária de 14-17 anos, as características das representações
sociais da geração Z ao qual eles a atribuem sobre as concepções de gênero. Além de
identificar as ideias pré-estabelecidas pela sociedade e os preconceitos que ainda permeiam
sobre esta geração. E por fim, como as redes sociais, os diferentes gêneros e a religião
influenciam acerca desse assunto.
A Geração Z nasceu na era da digitalização e desde pequenos estão expostos ao
mundo tecnológico, as redes sociais permitem ter um acesso mais rápido e direto de
informação ao qual se encontra polarizada, neste meio você pode optar pelo o que quer ler e
quais informações irão chegar até você, mas até que ponto as novas tecnologias estão
contribuindo para o progresso social? Se é que de fato ela está contribuindo para um
pregresso, poderia as redes estar colaborando para a formação de uma sociedade
conservadora? Com a análise dos dados conseguimos traçar uma resposta para essa questão,
apesar do fácil acesso a diversos assuntos as pessoas acabam se fechando em uma bolha
política e, assim como nas redes sociais o preconceito e a discriminação ficam subjetivos.
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METODOLOGIA
Para obtenção dos dados utilizamos aplicação de questionário as/os alunas/os dos
técnicos integrados ao Ensino Médio do IFC Campus Araquari. Entre as perguntas estão
perguntas sobre as questões de gênero e assédio. Muitos estudantes compreendem o gênero,
relacionado a algo determinado pela natureza do indivíduo, aquele que nasce com órgãos
sexuais predeterminados para tais gêneros. Além disso, foram realizado buscas em páginas
da internet como na página “quebrando tabu” e “deboas na revolução” resultando em imagens
progressistas. Por outro lado ao buscar páginas como “orgulho em ser hetero” e “garota
conservadora” evidencia-se imagens conservadoras. Tais páginas são adivindas do Facebook
pelo fato de ser uma forte ferramenta de comunicação na geração Z. Logo após foi elaborado
um questionário a despeito da perspectiva da geração Z sobre o assunto, utilizando perguntas
acerca de religião, gênero, assédio, machismo entre outras. Para abordar as redes sociais no
questionário utilizamos imagens dos modelos citados acima, dando como opção para os
participantes as reações provenientes do Facebook.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Inicialmente, como base do trabalho precisou entender o significado de gênero.
Para definir gênero precisa-se distinguir sexo que se refere ás características biológicas
de homens e mulheres, ou seja, ás características específicas dos aparelhos reprodutores
femininos e masculinos, de gênero que são as relações sociais desiguais de poder entre
homens e mulheres que são o resultado de uma construção social do papel do homem e
da mulher a partir das diferenças sexuais. (CABRAL; DIAZ, 1998) Refletindo acerca da
definição abordada, entende-se que gênero vem decorrente de uma relação na sociedade
no qual estamos inseridos, porém, infelizmente a partir de uma cultura machista o papel
de homem e de mulher já é destinado desde o nascimento.
Após um longo entendimento acerca de gênero, e a elaboração do questionário,
aplicamos o mesmo no campus Araquari, onde participaram da pesquisa 255 estudantes.
Depois do término do questionário, analisamos as respostas dividindo-as em religião e
gênero. Para uma análise mais ampla utilizamos as questões sobre qual gênero se
identificava, se já havia sofrido assédio e quais questões de assédios já haviam
acontecido. Além de separar duas imagens, uma progressista e uma conservadora, e
analisar como a religião e o gênero influenciavam nas reações dessas imagens.
Evidenciou-se através das respostas das/dos alunas/os que suas compreensões sobre
gênero estão atreladas ao biológico e a noção linear, ou seja, sexo, gênero e desejo, assim uma
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pessoa quando nasce é dita homem ou mulher de acordo com o órgão genital somente
consequentemente suas relações afetivas também são ditadas por esta linearidade, nesta
concepção sempre correspondendo a ordem heterossexual (SILVEIRA, 2014). Ademais
através do gênero são pré-estabelecidos papéis e características. Assim 17% das pessoas
participantes caracterizaram as mulheres sendo puras e do lar e 23% como pessoas fortes e
guerreiras. Outro ponto relevante mostra-se em relação a religiosidade e a frequência nos
espaços religiosos, pois como evidenciado algumas concepções religiosas reiteram
pensamentos mais conservadores em assuntos como as sexualidades e as questões de gênero.
58% dos participantes se identificaram sendo do gênero feminino e, quando
tratamos da questão do assédio, achamos importante mostrar a diferença dos gêneros em
relação ao assédio sofrido. A resposta foi a de que 70 alunos do gênero masculino
alegaram nunca terem sofrido assédio e 32 alegam já terem sofrido; em relação ao
público feminino 124 pessoas alegaram já ter sofrido algum tipo de assédio e apenas 25
estudantes não. Com esses dados fica nítida a grande diferença em relação ao assédio
sofrido entre os gêneros.
Outra parte da análise dos resultados se deu através de duas imagens, uma de
feitio classificado como “conservador” (Figura 01) e outra classificado de “progressista”
(Figura 02). Com base nas imagens foi abordada a reação de diferentes grupos, sendo
eles: Público feminino, masculino, os que vão sempre ou quase sempre a cultos
religiosos, e os que nunca ou quase nunca vão a cultos religiosos. Utilizamos reações do
Facebook por ser uma rede social bastante utilizada e ao qual a geração Z se identifica e
busca informações. Queríamos trazer como cada grupo se comporta a medidas
consideradas progressistas e conservadoras. Na imagem conservadora, referente ao
grupo masculino, onde amaioria (43 alunos) reagiu de forma negativa à imagem
conservadora, porém teve uma grande quantidade de curtir (29 alunos), ou seja, muitos
curtiram a condição da mulher em função do marido. Referente ao público feminino,
onde maior parte das meninas (91 alunas) reagiu de forma negativa á imagem, se
opondo a uma imagem que fazia delas submissa ao companheiro.
Com relação a imagem progressista no grupo masculino predominou areação
curtir, com 44 alunos. Estando quase empatas as reações “amei”, “grr” e “haha”, com 17,
13, 13 respectivamente. Podendo então constatar que uma parte do público masculino não
gostou da imagem, ou simplesmente desdenhou com areação “haha”. Referente ao grupo
feminino, onde predominou as reações “amei” e“curtir” tendo poucas alunas distribuídas
em outras reações. As mulheres reagiram de forma mais positiva que o homem, por
entenderem todo o preconceito que é sofrido por causa das vestes e se sentirem
representadas com a imagem analisada.
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Figura01-Imagem conservadora
Figura 02 – Imagem progressista
Fonte: Facebook: De boas na revolução
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar do término da pesquisa ainda não estar concluída – entendendo que para
uma pesquisa mais ampla mais escolas devem ser analisadas-observa-se que fica cada
vez mais notória a importância de se fazer o debate de gênero nas escolas. Com a
análise dos dados constatou-se que apesar do fácil acesso a informação nas mídias
digitais a diversos assuntos e os diferentes avanços sociais das últimas décadas, os
jovens da geração Z acabam se fechandoem bolhas políticas e/ou ideológicas. Ou seja, a
geração Z não está isenta dos preconceitos, pois o machismo contemporâneo se mascara
nas expressões da geração.
A Geração Z nasceu na era da digitalização e desde pequenos estão expostos ao
mundo tecnológico. As redes sociais permitem ter um acesso mais rápido e direto de
informação ao qual se encontra polarizada, neste meio você pode optar pelo o que quer
ler e quais informações irão chegar até você. Mas até que ponto as novas tecnologias
estão contribuindo para concepções mais progressistas ou conservadoras?A partir da
análise dos dados infere-se que como ferramenta de comunicação as novas tecnologias
nos permitem ter acesso àsdiferentes perspectivas de um determinado assunto, onde
deixa a critério da pessoa analisar os dados obtidos. Geralmente para usufruir das
informações,o sujeito deve ter uma atitude tolerante e de alteridade para debater as
diferentes perspectivas de determinado tema – como as questões de gênero. Caso
contrário poderá se fechar dentro de uma bolha, isolado com a informação que lhe
convém, atrapalhando seu desenvolvimento e repetindo discursos conservadores.
REFERÊNCIAS
CABRAL, F.; DÍAZ, M. Relações de gênero. In: SECRETARIA MUNICIPAL DE
EDUCAÇÃO DE BELO HORIZONTE; FUNDAÇÃO ODEBRECHT.Cadernos
afetividade e sexualidade na educação: um n ovo olhar. Belo Horizonte: Gráfica e
Editora RonaLtda, 1998. p. 142-150.
FILHO, A. T. Uma questão de gênero. São Paulo, jan-jun. 2005.
SILVEIRA, M. L. Apontamentos para uma trajetória teórica feminista. In: RESVISTA
COMMUNICARE, São Paulo, v.14, n. 1, p.158-170, set. 2014.
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