Os dois primeiros artigos, de Catherine Howard
e Lúcia Velthem, analisam formas de
apropriação de objetos dos brancos por meio de
sua recontextualização em trocas ritualizadas e
de sua redefinição estetico-cosmologica.
• INTRODUÇÃO
A DOMESTICAÇÃO DAS
MERCADORIAS: ESTRATÉGIAS
WAIWAI
• Formas de apropriação dos objetos dos
brancos.
• Trocas intertribais
• Domesticação do visitante “selvagens”
TROCAS INTERÉTICAS E MODOS
DE RESISTENCIA
• Degeneração das relações sociais;
• Relações interétnicas;
• Qualidade mimética;
• Índios papel ativo;
• Desconstrução do capital simbólico;
PARORAMA ETNOGÁFICO E
HISTÓRICO
• Termo “ Waiwai” como etnônimo coletivo demoradores de quatro aldeias;
• Missionários americanos;
• Trocas comerciais com outras aldeias;
• Fatores exógenos advindos da expansão colonial;
• Simbolismo das mercadorias dos brancos;
• “fenômeno social total”;
• Valor dos objetos;
CONTATO DIRETO: DOMESTICANDO
O BRANCO
• Os mitos Waiwai;
• Interação Waiwai e “agregados”;
• Índios intermediários;
• Assimilação da religião dos brancos;
IMAGENS CONTEPORÂNEAS DO
BRANCO
• Poderes da sociedade ocidental são
tanto positivos como negativos;
• Procriação dos brancos;
• Trabalho e produção;
• Relação a posse;
• Modo de troca;
• Ganhar dinheiro
CONTATOS INDIRETOS: CONTORNANDO AS
CONTRADIÇÕES DA COLONIZAÇÃO
• Reciprocidade nas transações econômicas;
• Domesticar manufaturados;
• Expedições;
• Alusões à reprodução;
• Código de conduta;
• Laços de amizade
“FEITO POR INIMIGOS”
OS BRANCOS E SEUS BENS NAS
REPRESENTAÇÕES WAYANA DO
CONTATO• Inaugurando o escambo.
• Os bens dos brancos não são necessariamente
aceitos com passivo fascínio.
• “A arte da aculturação”
• Os Wayana
OS BRANCOS, INIMIGOS
INUMANOS
• Traspassando as fronteiras
• Compreensão da categoria “estrangeiro”Os wekê “parente”, “nos” e os Wekê tapek “falsos parentes”, “os
outros”
• O branco e considerado um ipun kukukhem,
“experimentador de nossa carne” um canibal“Os cabanos chegavam com seus cães ferozes como onças. Vinham em
canoas, muita gente chegavam na aldeia, as mulheres estavam sozinhas, os
homens tinham ido caçar. Amarravam a gente nos esteios (das casas), ainda
viva. Ai começavam a corta, pegavam uma faca e cortavam pedaços da coxa, da
perna, do braço, das costas. Deixavam a gente assim mesmo, gemendo. Depois
comiam a carne ali mesmo, crua com sal. O sangue misturavam com farinha e
comiam. O que sobrava, salgavam, colocavam em caixotes e levavam para
vender na cidade.”
• A alteridade maléfica dos brancos distanciando-osainda mais dos comportamento humano eaproximando-os de seus congêneresantropófagos, os seres sobrenaturais, quetambém comem carne, crua dos wayana.
• A epiderme “embranquecida” ou “enegrecida”• A coloração , a pilosidade e o vestuário do homem
branco evidenciam a sua animalidade e anti-sociabilidade.
• Representações através de nomes de brancosinscritos sobre variados suportes, tatuagens emtecidos confeccionados com miçangas e pinturasarquitetônicas “Roda de teto” , Maruana
Maruana, roda de madeira confeccionada para ser posta no teto da casa Tukuxipam. Foto: Paula Morgado, 1989.
OS BENS DOS INIMIGOS COMO
“OBJETOS CATIVOS”
• As diversas procedências das mercadorias europeias. Intercâmbio
com diversos grupos indígenas.
• Esse prolongado sistema de troca proporcionou aos wayana uma
longa lista dos objetos industrializados, seja de uso domésticos na
agricultura, caça, pesca na produção de artefatos e na composição de
sua indumentária.
• A associação de bens industriais com caça e crianças cativas, por
meio do referencial de posse, permite sugerir que esses bens são
simbolicamente concebidos como presas de guerra ou seja de
“reféns” . É pertinente identificar os bens industriais como “objetos
cativos” e, portanto, passiveis de “domesticação”
A “DOMESTICAÇÃO” DOS
OBJETOS INDUSTRIAS • Na assimilação dos bens industrias na sociedades wayana,
estabelecem paralelismos com o tratamento reservado aos
cativos. Ficando guardados ou amarradas nas vigas das casas por
um determinado tempo.ao serem usadas não possuem local fixo
de armazenamento.
• O objeto industrializados ou de confecção não-wayana são
desprovidos de nomes ou, expressões wayana, “a gente não
chama”.
• Ex: sapá= terçado, supú= colher, garfos - iri amôhawin = “unha
de preguiça”.
• Esses exemplos demonstram que a reafirmação linguística da
alteridade dos objetos industrias, como “objetos cativos”,
ESTETIZANDO MERCADORIAS E
ALTERIDADES • Para o emprego dos objetos industriais na vida
cotidiana e ritual são requeridos operações que
objetivam enraizá-las na perspectiva wayana,
compreendida em um sentido que engloba forma,
decoração e funcionalidade.
• Os objetos wayana, contudo, ultrapassam o âmbito do
sistema de bens manufaturados. Perseguem os produtos
desses bens, os brancos, “inimigos canibais”, com o
intuito de amansar as dimensões animais/ sobrenaturais
de sua alteridade e assim incorpora-los as regras de
uma convivência Interétnica humanizada que, em
ultima analise, valoriza a própria sociedade wayana.
Aparai fazendo um cocar. Foto: Lúcia H. van Velthem, 1975.
REFERÊNCIA :
ALBERT, Bruce & RAMOS, Alcida Rita. Pacificando o
branco, pp. 25-84
Disponível em:
http://pib.socioambiental.org/pt/povo/wayana/1649
Gabriel Coutinho Barbosa /Antropólogo
Paula Morgado Antropóloga LISA [Laboratório de Imagem
e Som em Antropologia]. Depto. De Antropologia [FFLCH-
USP] /[email protected] outubro, 2003