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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO ESCOLAR
NOTA 9,0
FUNÇAO DO COORDENADOR PEDAGOGICO EXERCIDA NO ESPAÇO ESCOLAR
Autora: Marileuza Bacca
Orientadora: Cynthia Cândida Corrêa
ALTA FLORESTA – 2013
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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO ESCOLAR
FUNÇAO DO COORDENADOR PEDAGOGICO EXERCIDA NO ESPAÇO ESCOLAR
Monografia apresentada como requisito para a obtenção do grau de Especialista no Curso de Pós-Graduação em Gestão escolar e Orientação Escolar sob orientação da Profª. Cynthia Cândida Corrêa
Autora: Marileuza Bacca
ALTA FLORESTA – 2013
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RESUMO
A função de coordenador pedagógico permite notar no cotidiano escolar que a organização do trabalho pedagógico é essencial, devendo, assim, ser bem planejada e estruturada. Desse modo, há de se compreender que o cotidiano da escola deve ser organizado em função da aprendizagem e do sucesso escolar dos discentes, os quais dependerão de diferentes estratégias metodológicas planejadas e executadas. Diante disto este estudo teve por objetivo verificar a função do coordenador pedagógico exercida no espaço escolar. A pesquisa foi realizada na Escola Estadual Manoel Bandeira e na Escola Municipal Professora Sônia Maria Faleiro, localizada no Município de Alta Floresta. Para verificar a função do coordenador pedagógico no contexto escolar, foi realizada uma entrevista semi-estruturada individual, composta por um questionário, e após coletado os dados, foi realizado a sistematização dos mesmos estabelecendo relações pertinentes e necessárias para a análise crítica e discussão dessa relação, com teoria de acordo com o tema trabalhado. Os resultados obtidos indicam que o coordenador pedagógico tem um papel político, pedagógico e de liderança no espaço escolar, por isso, precisa ser inovador, ousado, criativo, proativo e, sobretudo, um profissional de educação comprometido com o seu grupo de trabalho. Assim, a atuação do coordenador pedagógico é fundamental para compreender as relações que se estabelecem ao nível da escola, as relações com os diversos segmentos, compreendendo as influências, alterações, concepções de formação e valorização dos profissionais como agentes essenciais na mudança do perfil da sociedade vigente. Em suma espera-se que este estudo, evidencia os saberes necessários à prática do coordenador pedagógico, e que possa contribuir para ampliar a discussão do papel desse profissional na escola, contribuindo na aprendizagem dos alunos.
Palavra-chave: Aprendizagem, Articulador, Mediador.
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ABSTRACT
The function allows pedagogical coordinator in the daily school note that the organization of educational work is essential and should therefore be well planned and structured. Thus, one should understand that the everyday school should be organized around learning and academic success of students, which depend on different methodological strategies planned and executed. Given this present study was aimed at investigating the role of pedagogical coordinator exerted in school. The research was conducted in the State School Manoel Bandeira and Municipal School Professor Sonia Faleiro Maria, located in the municipality of Alta Florets. To check the function of the pedagogical coordinator in the school context, we performed a semi-structured individual, comprising a questionnaire and collected the following data was performed systematization establishing relationships relevant and necessary for critical analysis and discussion of this relationship with theory under the theme worked. The results indicate that the pedagogical coordinator has a political role, teaching and leadership in school therefore needs to be innovative, daring, creative, proactive and, above all, an education professional committed to your workgroup. Thus, the role of pedagogical coordinator is crucial to understand the relationships established at school level, the relationships among the segments comprising the influences, changes, conceptions of training and development of professionals as key players in the changing profile of the company force. In short it is hoped that this study demonstrates the knowledge necessary to practice the pedagogical coordinator, and that can contribute to broaden the discussion of the role that professional school, contributing to student learning.
Keyword: Learning, Articulator, Mediator.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................06
CAPÍTULO I - REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................08
1.1 O coordenador pedagógico e a Escola ................................................................08
1.2 Diferentes olhares sobre o Coordenador Pedagógico.........................................10
1.3 Estrutura Organizacional de uma Escola..............................................................13
1.4 Recursos Humanos..............................................................................................17
CAPÍTULO II - METODOLOGIA ...........................................................................20
CAPÍTULO III - ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS.........................................22
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................32
ANEXOS.....................................................................................................................34
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INTRODUÇÃO
As redes de ensino, sejam elas públicas ou privadas, devem assegurar aos
professores condições para que sigam aprendendo ao longo de todo o exercício
profissional, pois esta é uma das condições fundamentais para garantir a boa
qualidade da docência. E o coordenador pedagógico, em parceria com a direção
escolar, tem entre suas funções articular redes de aprendizagem que instalem e
sustentem processos de formação e (auto) formação de professores. Sabendo
disso, este estudo em foco propõe debater e esclarecer a função estruturante do
coordenador pedagógico no desenvolvimento da prática pedagógica dentro da
escola e da rede na qual está inserido, bem como os desafios encontrados para
exercê-la.
Percebe - se que apesar dos professores das unidades escolares da rede
municipal e Estadual de Alta Floresta serem graduados ou pós-graduados, e que
para assumir a função de coordenador pedagógico se faz necessário ter
Licenciatura em Pedagogia como já traz a LDB nº 9,394/96 de 20 de dezembro no
art. 64 refere-se a formação de profissionais de educação para assumir supervisão
escolar será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-
graduação tendo a competência legal de atuar como elemento de articulação do
dinamismo do projeto técnico pedagógico, elevando a qualidade de produção de
ensino da escola (BRASIL, 1996, p. 152).
Diante disto o município de Alta Floresta, cria a Portaria 206/SED/GS/AF
artigo 1º item A, onde traz por obrigação para poder exercer a função de
Coordenador Pedagógico, tem que ter a formação em Licenciatura Plena em
Pedagogia. Pois, segundo Pimenta (1991, p.10): “o trabalho pedagógico ultrapassa
a sala de aula, na busca de novas formas de organizar a escola”. Com isso a escola
sempre estará num processo de transformação desenvolvendo métodos para atingir
os propósitos e envolvendo a comunidade. Sendo assim, podemos salientar que
cada profissional está em processo constante de constituição de sua
profissionalidade, ao passo que a cada ano a escola passa por um processo
democrático de escolha de coordenação pedagógica e sendo assim, pode-se
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incorrer que a cada inicio de ano letivo haja um novo profissional exercendo a
função na escola.
Nessa perspectiva de formação, o contexto profissional deve ser o eixo
central, tendo como fim a aprendizagem dos alunos. Assim, o objetivo do
coordenador é articular os diversos segmentos da escola para dar sustentação e
efetivar o Projeto Político Pedagógico. O papel do coordenador é considerado,
nesses termos, de extrema importância para que a ação coletiva aconteça na
escola. Trata-se de um grande desafio para a superação do fracasso escolar e a
qualificação constante do ensino. Deste modo, a função da Coordenação Pe-
dagógica exige um profissional capaz de promover e coordenar o processo de qua-
lificação da prática docente.
Diante disto este estudo teve como objetivo geral verificar a função do
coordenador pedagógico exercida no espaço escolar. E objetivos específicos:
verificar a contribuição na co-formação e supervisão dos processos de ensino
aprendizagem de professores e aluno; identificar os desafios que o coordenador
pedagógico encontra na realização do trabalho coletivo na integração curricular.
O CAPITULO I está caracterizado teoricamente com as funções do
coordenador pedagógico na escola e sua contribuição na co-formação e supervisão
dos processos de ensino-aprendizagem de professores e alunos. O CAPITULO II
está apresentando os procedimentos metodológicos utilizado nesse estudo. O
CAPITULLO III está caracterizado com análise do questionário aplicado com o
coordenador pedagógico da escola em estudo, apresentando a função do
coordenador pedagógico no ambiente escolar, sua formação, tempo de atuação,
relação com grupo de trabalho (professores, diretor) e dificuldades encontradas para
exercer sua função.
Com essa pesquisa, espera-se que o coordenador pedagógico possa refletir
sobre sua postura democrática e ética em função da extrema necessidade de
administrar os conflitos existentes nas relações interpessoais e buscando sempre
inovar o processo ensino aprendizagem, por meio de uma prática participativa que
envolva os agentes da educação.
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CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 O coordenador pedagógico e a Escola
Desde a formação da sociedade o trabalho vem sendo de grande valia para a
sobrevivência do ser humano, gerando uma grande preocupação de qualificar-se
profissionalmente, exigindo novos comportamentos, atitudes, novos desafios, onde
todos procuram fazer com qualidade tornando uma busca constante de
conhecimento. Com tantas mudanças no campo profissional se fez necessário que
essas mudanças se estendessem ao campo educacional, nesse sentido a escola
teve que pensar na formação dos um profissionais com mais habilidades,
especializado em uma área do conhecimento, com compromisso e responsabilidade.
A função de coordenador surgiu através de uma necessidade de fiscalizar e
controlar as pessoas, surgindo com o nome de “supervisor”. Em 1900 a função de
supervisor entrou no ambiente escolar com a mesma função de fiscalizar a ação dos
professores chegando ate mesmo puni-los por mal desempenho dentro de sala de
aula.
Em 1970 teve a reformulação o curso de Pedagogia legalizando outras
especializações não docente, a administração escolar que visava a parte da
burocracia da escola. Pimenta (1991, p. 13) diz que: “a intenção dessa reforma foi a
organização e divisão do trabalho pedagógico no interior da escola em busca de
melhor eficiência do ensino”).
As organizações são constituídas de pessoas e elas dependem dessas
organizações para atingir os objetivos. Atualmente é difícil uma organização ou
empresa não ter seu pessoal apto a desenvolver os trabalhos que lhe- é colocado, o
clima organizacional é favorável quando proporciona satisfação das necessidades
pessoais dos participantes e elevação da moral.
Teixeira (1998) diz que a organização deve se preocupar em manter um bom
clima, para que todos estejam satisfeitos e unidos, devendo minimizar conflitos
pessoais e profissionais existentes procurando demonstrar e transmitir, como se
manifestar sobre diversas situações em relação aos demais funcionários, pois
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quanto mais elevada ela for, melhor sera o clima organizacional. Pois as instituições
são formadas de pessoas pensantes recursos humanos e materiais, financeira e
outros.
Como na empresa a escola não é diferente requer uma boa administração,
métodos e técnicas são semelhantes baseando-se nos princípios gerais de
administração empresarial, essa por sua vez se coloca ao contrario da organização
educacional, pois ela é autoritária, visando a dominação da sociedade. Segundo
Paro (2000, p. 119) “a administração escolar so é efetivada quando voltada para a
transformação social, levando a organização mais avançada (pag. 119). Atendendo
as necessidades e interesses dos grupos sociais, temos a escola como um meio
social.
No ambiente escolar entende-se que a necessita de um profissional
capacitado para desenvolver as atividades ligado as questões pedagógicas,
LIBÂNEO (1999, p. 55) diz que “ o pedagogo não necessariamente tem que ter
domínio dos conteúdos – métodos de todas as matérias”, mas sim sendo um
profissional com varias visões, opiniões conhecimento teórico, percepção,
sensibilidade, lidando com as diferenças interpessoais para identificar as
necessidades dos alunos e professores, , assim dando suporte ao professor, no
processo de organização, com maior objetivo efetivamente na construção de uma
educação de qualidade junto com o grupo de profissionais.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei 5.692/71, artigo 33,
veio legitima os Especialistas da Educação a divisão do trabalho dentro da escola,
uma das funções que a escola exige é do Coordenador Pedagógico, sendo um dos
responsáveis para o processo de transformação. Percebe-se que se o coordenador
não conseguir desenvolver seu trabalho com os professores o ensino aprendizagem
fica comprometido, Hurtado (1992, p. 82) ressalta que “o que falha é a capacidade
de coordenação, não é o método, nem muito menos a metodologia e a base teórica
que o sustentam”.
Considerando uma função formadora, o coordenador precisa programar as
ações que viabilizem a formação do grupo para qualificação continuada desses
sujeitos. Consequentemente, conduzindo mudanças dentro da sala de aula e na
dinâmica da escola, produzindo impacto bastante produtivo e atingindo as
necessidades presentes.
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Na relação entre coordenador e professor entende-se que ninguém deve ser
melhor que o outro, pois é juntos que irão construir possibilidades de trabalho a ser
desenvolvido com o aluno, comprometidos com o Projeto Político Pedagógico. Nem
tão pouco o coordenado pode desistir do professor, e nem o professor do aluno,
todos precisam de todos sem rotulação de etnia, idade, sexo ou que seja outra coisa
qualquer, e principalmente sem autoridade, mas entendo do processo acreditando
no trabalho de cada um, considerando que são educadores comprometidos com o
ensino aprendizagem.
1.2 Diferentes olhares sobre o Coordenador Pedagógico
Segundo Franco, (2003), em A indisciplina na escola e a coordenação
pedagógica, entre as reclamações mais constantes que os professores fazem no
seu dia-a-dia, a mais frequente é sobre a indisciplina. O problema não é novo,
porém, nos dias atuais está ganhando uma dimensão até então não vivenciada na
escola. Muitos professores encontram grande dificuldade para conviver, administrar
e criar alternativas de intervenção que possam ajudá-los a contornar situações
dilemáticas com alunos indisciplinados.
Na maioria das vezes os professores preferem encaminhar os alunos à
direção ou ao Professor Coordenador Pedagógico (PCP), para que sejam aplicadas
sanções a esses alunos indisciplinados. Vale lembrar que ações autoritárias não
resolvem o problema e pouco ajudam os alunos, podendo aumentar ainda mais o
comportamento indesejado.
Nesse contexto, destacamos a importância do PCP, que pode junto à equipe
escolar, ajudar o grupo a discutir e a refletir sobre o problema da indisciplina. Este
profissional pode ser pautado em duas dimensões: como investigador da realidade e
na proposição de um projeto de formação junto ao corpo docente, como formas de
buscar alternativas para mediar o problema. Vários pontos podem ser observados
pelo Professor Coordenador Pedagógico: o que os professores entendem por
indisciplina? A relação professor-aluno, a maneira como o professor concebe a
disciplina em sala de aula influencia a sua relação com o aluno. Geralmente é o
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docente que prima por uma relação pautada no respeito mútuo e que é percebido
pelos alunos com admiração.
Cabe ao PCP verificar como são as relações entre os professores e os
alunos, pois nessa dinâmica pode estar o fator desencadeador de muitos conflitos
que se apresentam nas escolas. Diante dos dados coletados, o Coordenador pode
em conjunto com a equipe escolar, construir um projeto visando à superação dos
problemas. Nessa etapa é importante garantir a participação de toda a comunidade
escolar. Várias ações podem ser planejadas, abrangendo pais, alunos, funcionários,
professores e equipe técnica.
De acordo com Orsolon (2004) em uma pesquisa com escolas públicas e
particulares nos traz a visão de professores e coordenadores sobre a participação
dos pais no espaço escolar. Existem muitas diferenças econômicas e culturais entre
as famílias dos alunos, e a escola precisa conhecê-las individualmente para poder
desencadear um trabalho intencional, trazendo os pais para participar através de
uma gestão democrática. Para que isso aconteça é indispensável que haja um bom
relacionamento entre família/escola, baseado no diálogo, trocam de experiência,
discussões e decisões conjuntas. O principal desafio do Coordenador Pedagógico
para alcançar metas de forma satisfatória, além de conhecer o contexto da família
deve demonstrar claramente a dimensão política de suas ações.
A autora aponta ainda as principais diferenças entre os alunos da escola
pública e de particular. Na particular, devido à situação financeira e a escolaridade
privilegiada, muitos pais se relacionam com a escola como consumidores de um
serviço, assim cobram uma educação que satisfaça aos seus anseios. Isso não
acontece na escola pública e essa conscientização é mais um desafio deste
profissional. Portanto, entendemos que um Coordenador comprometido precisa
estabelecer parcerias entre família e escola, através de espaços planejados e de um
trabalho intencional, norteado pela consciência política.
Segundo Sousa (2003) em o coordenador pedagógico e o atendimento à
diversidade, a função do coordenador pedagógico implica em lidar com grupos,
organizando, orientando e harmonizando. Na escola os grupos se caracterizam pela
diversidade e pelas múltiplas interações entre o Coordenador Pedagógico,
professores, alunos, pais, diretor, etc. No entanto, o tempo para essas interações é
pequeno e restrito aos intervalos, reuniões, entrada e saída, aumentando a
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complexidade da função. Questão que deve ser contemplada na formação inicial e
permanente desse profissional.
Tendo a escola grupos diferentes, programas e rotinas, possui também
antagonismos, os quais geram conflitos permanentes e também contradições.
Sendo que na medida em que o Coordenador Pedagógico entende essas
contradições pode desenvolver ações para enfrenta-las. As principais contradições
referem-se a: unidade e diversidade, onde a escola acaba por negar a diversidade
em favor de uma cultura escolar sustentada pela racionalidade, autonomia e
dependência do grupo em relação ao Coordenador Pedagógico; invariância e
mudança; harmonia e conflito, ao passo que nenhum grupo sobrevive submetido a
conflitos permanentes, nem tão pouco cresce sobre constante harmonia.
O grupo de professores, também é marcado pela diversidade de
experiências, de formação e de objetivos. É com essa diversidade que o
Coordenador Pedagógico se defronta e tem que trabalhar. Já com os pais o grande
desafio é criar canais de comunicação e convencê-los de que devem participar do
processo educacional de seus filhos, em parceria com a escola. Há ainda as
pressões de instâncias superiores, e a carga de trabalho burocrático, que ocupa
quase todo o seu tempo que deveria ser dedicado às funções pedagógicas.
Estar e trabalhar com grupos traz como condição lidar com a diversidade,
não sendo possível, contudo, prever o resultado de um trabalho em grupo, devemos
planejar o que faremos a partir de hipóteses, aprendendo a lidar com as incertezas,
compreendendo que
O controle da situação não está em suas mãos, mas nas mãos de todos os participantes do processo interativo. [...] Assim, dentro de um grupo de professores, por exemplo, não é possível dissociar um do outro, culpabilizando um elemento do grupo por um fato ou resultado (SOUZA, 2003, p.110)
Assim o Coordenador Pedagógico deve evitar assumir toda a
responsabilidade sozinho, pois o trabalho conjunto possibilitara administrar os
conflitos e chegar a soluções temporárias, que permitirão o crescimento do grupo e
do processo educativo. Onde cada problema e cada conflito vividos na escola será
uma oportunidade de aprendizado para todos os envolvidos neste processo.
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1.3 Estrutura Organizacional de uma Escola
A escola, de forma geral, dispõe de dois tipos básicos de estruturas:
administrativas e pedagógicas. As primeiras asseguram, praticamente, a locação e
a gestão de recursos humanos, físicos e financeiros. Fazem parte, ainda, das
estruturas administrativas todos os elementos que têm uma forma material como,
por exemplo, a arquitetura do edifício escolar e a maneira como ele se apresentam
do ponto de vista de sua imagem: equipamentos e materiais didáticos, mobiliário,
distribuição das dependências escolares e espaços livres, cores, limpeza e
saneamento básico (água, esgoto, lixo e energia elétrica).
As pedagógicas, que, teoricamente, determinam a ação das administrativas,
“organizam as funções educativas para que a escola atinja de forma eficiente e
eficaz as suas finalidades” Alves (1992, p. 21).
As estruturas pedagógicas referem-se, fundamentalmente, às interações
políticas, às questões de ensino-aprendizagem e às de currículo. Nas estruturas
pedagógicas incluem-se todos os setores necessários ao desenvolvimento do
trabalho pedagógico. A análise da estrutura organizacional da escola visa identificar
quais estruturas são valorizadas e por quem, verificando as relações funcionais
entre elas. É preciso ficar claro que a escola é uma organização orientada por
finalidades, controlada e permeada pelas questões do poder
A análise e a compreensão da estrutura organizacional da escola significam
indagar sobre suas características, seus polos de poder, seus conflitos. O que
sabemos da estrutura pedagógica? Que tipo de gestão está sendo praticada? O que
queremos e precisamos mudar na nossa escola? Qual é o organograma previsto?
Quem o constitui e qual é a lógica interna? Quais as funções educativas
predominantes? Como são vistas a constituição e a distribuição do poder? Quais os
fundamentos regimentais?
Enfim caracterizar do modo mais preciso possível a estrutura organizacional
da escola e os problemas que afetam o processo ensino aprendizagem, de modo a
favorecer a tomada de decisão realista e exequíveis.
Segundo Alves (1992) Avaliar a estrutura organizacional significa questionar
os pressupostos que embasam a estrutura burocrática da escola que inviabiliza a
formação de cidadãos aptos a criar ou modificar a realidade social. Para realizar um
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ensino de qualidade e cumprir suas finalidades, as escolas têm que romper com a
atual forma de organização burocrática que regula o trabalho pedagógico - pela
conformidade às regras fixadas, pela obediência a leis e diretrizes emanadas do
poder central e pela cisão entre os que pensam e executam -, que conduz à
fragmentação e ao consequente controle hierárquico que enfatiza três aspectos
inter-relacionados: o tempo, a ordem e a disciplina.
Segundo Brasil (2009) nessa trajetória, ao analisar a estrutura
organizacional, ao avaliar os pressupostos teóricos, ao situar os obstáculos e
vislumbrar as possibilidades, os educadores vão desvelando a realidade escolar,
estabelecendo relações, definindo finalidades comuns e configurando novas formas
de organizar as estruturas administrativas e pedagógicas para a melhoria do
trabalho de toda a escola na direção do que se pretende. Assim, considerando o
contexto, os limites, os recursos disponíveis (humanos, materiais e financeiros) e a
realidade escolar, cada instituição educativa assume sua marca, tecendo, no
coletivo, seu projeto político-pedagógico, propiciando consequentemente a
construção de uma nova forma de organização.
A estrutura administrativa realiza a alocação e gestão dos recursos
humanos, físicos e financeiros. Abrange todos os elementos de natureza física, tais
como o estado de manutenção do prédio e das instalações e equipamentos; os
materiais didáticos, mobiliário, distribuição das dependências e espaços livres,
limpeza, ventilação e iluminação, (BRASIL, 2009).
A estrutura pedagógica determina a ação da estrutura administrativa.
Organiza as funções educativas para que a escola atinja de forma efetiva as suas
finalidades, refere-se às interações políticas, às questões de ensino-aprendizagem e
às de currículo.
Para desenvolver a ação educativa, depende-se dos elementos de
composição da estrutura organizacional, articulada com os setores e as funções da
escola. Para tanto, é necessário que o organograma situe a posição de cada
elemento e estabeleça funcionalidades na estrutura da escola. Como também, a
implementação de um programa de capacitação que permita a todos os
profissionais conhecimentos que venham subsidiar à sua prática, desenvolvendo
competências, habilidades e atitudes. Para o alcance dessas condições deve-se
atuar tendo como objetivos:
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• Redefinir a estrutura organizacional das Unidades de Ensino favorecendo a
organização do fluxo e do trabalho pedagógico;
• Dimensionar a estrutura das unidades de ensino atendendo suas tipificações
e a lotação de recursos humanos;
• Capacitar os profissionais da escola para implementação da nova estrutura
organizacional das unidades de ensino da rede pública estadual.
De acordo com Brasil (2009) a estrutura organizacional das escolas publicas
tem atualmente a seguinte composição:
Conselho Escolar - como instância de deliberação, fiscalização e de
controle social, no planejamento, execução e avaliação da política de educação
desenvolvida na escola, e seus reflexos no processo ensino aprendizagem;
Direção Geral e Direção Adjunta - conforme a Lei nº. 6.628, de 21 de
outubro de 2005, para o exercício da função de direção de escola é exigido: ter
graduação em Pedagogia ou Licenciatura Plena; pertencer ao quadro do Magistério
Público Estadual; ter experiência mínima de dois anos na atividade de docência e ter
um ano em efetivo exercício na escola.
Suporte Pedagógico (Coordenador Pedagógico) - conforme a Lei Nº
6.197, de 26 de setembro de 2000, que dispõe sobre o plano de Cargos e Carreira
do Magistério Público, no seu art. 7º, inciso III, estabelece que para o exercício das
atividades de suporte pedagógico para a educação básica será exigido, além da
experiência de docente de dois anos, graduação em Pedagogia ou Licenciatura
Plena com pós graduação.
Corpo Docente: professor de formação de nível médio (magistério),
atuando nos anos iniciais do ensino fundamental; professor de formação de nível
superior - Graduação com Licenciatura Plena, atuando nos anos finais do ensino
fundamental e no ensino médio.
Secretário Escolar – cargo criado através da Lei nº 6575 de 11 de janeiro
de 2005; Apoio Administrativo: referente aos cargos de agente administrativo,
vigia, merendeira e auxilia de serviços diversos.
Segundo Brasil (2009) a educação, enquanto política pública, representa
uma estratégia eficiente na mobilização social das pessoas em busca de uma
melhor qualidade de vida, que perpassa pela formação escolar. A escola, enquanto
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espaço diário do exercício de cidadania, cumpre o papel fundamental de garantir o
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, buscando organizar seu
tempo pedagógico a fim de atender ao educando no acesso a uma educação de
qualidade e de inclusão social.
Os problemas como repetência, distorção idade-série, evasão e abandono
precisam, urgentemente, serem superados. Os mesmos representam os desafios
que as escolas devem superar para manterem seus alunos aprendendo. Constitui
papel primordial da escola a efetivação do ensino-aprendizagem e a melhoria
contínua da gestão, atendendo às demandas da comunidade escolar na qual está
inserida, planejando suas ações focadas no trabalho coletivo.
Assumir o compromisso com a vida dessas crianças, jovens e adultos não é
tarefa fácil, porém, é um desafio constante que exige esforço de todos, competência
técnica e pedagógica. Assim é preciso compreender alguns aspectos essenciais
para fortalecer e melhorar o funcionamento das escolas, como:
• Melhor organização do espaço escolar;
• Promover aprendizagem significativa para a vida do educando,
articulando-se com os conhecimentos anteriores, planejando atividades e criando
situações que permitam agregar os vários conceitos anteriores;
• Avaliar e propor intervenção nos conteúdos e na metodologia do ensino
para cada grupo de alunos;
• Promover a avaliação contínua da aprendizagem dos alunos, propondo
intervenção nos conteúdos e na metodologia, bem como dos resultados,
possibilitando o avanço nos cursos e nos anos, acerca do ensino e aprendizagem.
• Planejar ações a curto, médio e longo prazo de forma coletiva,
procurando atender a necessidade da comunidade escolar;
• Trabalhar com a diversidade de questões que surgem no âmbito da
sala de aula, estabelecendo prioridades e mediando situações problemas, na
relação professor – aluno;
• Buscar a melhor participação de todos os segmentos: família,
comunidade e equipe gestora, onde os alunos se sintam acolhidos e seguros, e
consigam aprender melhor;
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• Valorizar os profissionais e alunos, bem como, o envolvimento de
todos, no trabalho em equipe com transparência e clareza nas decisões, com ética
profissional fundamentada nas bases legais.
• Desta forma, o ambiente escolar deve ser construído coletivamente
dentro de um espaço público de discussão, com base num processo de ação-
reflexão-ação, voltado para a formação de uma nova concepção de homem, de
mundo e de sociedade, ressignificados com base em princípios humanísticos,
democráticos e libertadores.
1.4 Recursos Humanos
Pensando nos objetivos da escola e na necessidade frequente de melhoria
da educação defendemos que é válido fazer uso de ferramentas que lhe possibilite
melhorar sua atuação. Aqui se apresenta um grande desafio: a construção de um
novo modelo gestão escolar ousado, que esteja aberta a novas possibilidades, mas
não deixe de levar em consideração os princípios pedagógicos e culturais da sua
atividade. Reafirma-se que se a empresa aplica técnicas pedagógicas em seus
espaços para conseguir melhores resultados, mesmo atenta à economia de
mercado, dentro de uma visão sistêmica, acreditamos que a gestão escolar pode se
beneficiar dessas práticas (MARTINS, 2011).
Além da preocupação em estimular a equipe de forma que ela se sinta
motivada, a escola pode usar outras ferramentas da ARH das empresas como o
treinamento; o recrutamento ou a seleção por competência; a segurança; a higiene;
a instituição do banco de talentos; a consultoria interna; a avaliação de
desempenho; as dinâmicas de grupo; a valorização do funcionário por meio de
retorno positivo;; o diagnóstico de setores; a capacitação e descoberta de líderes em
potencial; a adoção de políticas de pessoa avançadas que visem ao crescimento
tanto dos membros da equipe quanto da
organização.
O treinamento, desde que não seja usado apenas como forma de adaptação
a um esquema pré-determinado será útil quando as políticas, os objetivos e os
projetos forem construídos em conjunto. Nesse caso, haverá sim necessidade de
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sistematizar as ações, as funções e as normas a fim de que todos trabalhem pelo
objetivo comum.
Segundo Martins (2011) outra ferramenta que pode ser utilizada pelo gestor
são os mecanismos do processo de recrutamento e seleção de pessoal. Ressalva-
se que no contexto de escola privada, o gestor local é quem faz a seleção e na
escola pública, de modo geral, quem faz isso é o gestor que está trabalhando no
sistema e não o gestor de escola. Tal condição não impede que o gestor do sistema
utilize as ferramentas de ARH para esse processo porque elas poderão dar indícios
de que o candidato tem ou não algumas competências exigidas para determinada
função em uma escola. Assim como na empresa, a preocupação com a segurança e
higiene de seus colaboradores também é importante, seja no espaço escolar público
ou particular. É questão de formação, de sensibilização e de responsabilidade
gestora.
Uma outra prática do setor de RH que deveria ser adotada nas escolas é ter
um banco de talentos. Essa prática ainda não é habitual entre os gestores
escolares, o que prejudica o processo quando se precisa de alguém para cumprir
determinada atividade ou função. Na escola, é muito comum acontecer licença
médica de professores e a escola não saber onde buscar um substituto que possa
substituí-lo com pouca mudança no processo em andamento, se houvesse um
banco de dados, o gestor saberia onde buscar e a quem recorrer. Enfim, estes são
exemplos de que os processos ligados à Administração de Recursos Humanos
podem servir de propostas para o enriquecimento do gestor escolar (MARTINS,
2011).
Com esse pensamento, ao se pensar em articular práticas de RH com
educação, há de se pensar como trabalhar princípios empresariais num ambiente
acadêmico dentro de um modelo de gestão estratégica. De um lado, a ARH da
empresa leva em conta os negócios, o trabalho em equipe, a aprendizagem e a
cultura da organização numa interligação que faz com que cada um seja
considerado essencial. De outro, na gestão de uma escola, o fato de montar um
organograma, poderá evidenciar que todos fazem parte de um sistema interligado,
onde o sucesso de um departamento depende da cooperação de todos os outros.
Além da ideia de uso das ferramentas, de interdependência ou interligação,
as práticas de RH na escola serão bem-vindas se também estimularem a motivação
da equipe porque ela é responsável por fazer o indivíduo se esforçar por alcançar
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um objetivo. Entretanto, é necessário entender que motivação não é algo externo
que alguém ou alguma instituição possa dar ao outro. A motivação consiste em
muito mais, ela é um:
[...] conjunto de forças internas que mobiliza o indivíduo para atingir um dado objetivo como resposta a um estado de necessidade, carência ou desequilíbrio. É o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de uma determinada meta. A palavra Motivação vem do latim movere, que significa "mover”. É, então, aquilo que é suscetível de mover o indivíduo, de levá-lo a agir para atingir algo e de lhe produzir um comportamento orientado.( NOVAES, 2007, p. 4).
E nesse aspecto, a motivação está relacionada às necessidades do
indivíduo. Se ele sente alguma necessidade ele terá motivo para satisfazê-la. Assim,
nada impede que o novo conceito de gestão da educação se interesse para o
estudo das novas organizações sociais e seus conflitos, da aplicação de atividades
que despertem a motivação ao ser humano, de um conhecimento maior sobre as
práticas de RH nas empresas e contribuir de forma eficaz para um novo fazer
pedagógico e uma ousada gestão escolar, com novos desafios e novas propostas
sem abandonar os princípios educacionais e a concepção da escola como espaço
educacional.
20
CAPÍTULO II
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
2.1 Área de Estudo
O presente estudo foi realizado na Escola Estadual de 1º e 2º Grau Manoel
Bandeira, localizada no Setor industrial, Rua LN 3, n. 287, e na Escola Municipal de
Educação infantil e Ensino Fundamental Professora Sônia Maria Faleiro, localizada
no Bairro Boa Esperança, Rua Matarazzo, n. 24 na Cidade de Alta Floresta. Este
Município, situa-se a uma distancia de 820 Km da capital do Estado de Mato Grosso,
possui uma área 9.212 Km² com uma população de aproximadamente 49.164
pessoas e está localizada ao extremo norte do Estado de Mato Grosso (IBGE,
2010).
2.2 Metodologia
A princípio foi realizado um levantamento bibliográfico em busca e maior
clareza sobre o tema proposto e uma sondagem no ambiente escolar, buscando
interação entre o pesquisador e a comunidade escolar. Segundo o autor Thiollent
(1995) a pesquisa participante, ou pesquisa – ação é um tipo de pesquisa social
com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma
ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os
participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo.
Para verificar a função do coordenador pedagógico no ambiente escolar da
Escola Estadual Manoel Bandeira e Escola Municipal Professora Sônia Maria
Faleiro, foi utilizado uma pesquisa descritiva e de natureza quanti\qualitativa. Neste
tipo de estudo “o investigador interage com os fatos investigados e com os sujeitos
da investigação” Freire (1999, p. 28).
21
A coleta de dados ocorreu através da aplicação de um questionário
composto por 7 questões, que teve a finalidade de levantar dados acerca da
formação do coordenador; tempo atuação na educação; tempo de atuação como
coordenador na unidade escolar; qual a função do coordenador; qual relação que
existe entre o grupo de trabalho (professores, diretor); quais dificuldades
encontradas para exercer sua função e se considera relevante o coordenador
receber dedicação exclusiva para desenvolver sua função.
Os questionários foram aplicados com as duas coordenadoras das referida
escolas em estudo no período de Junho de 2012.
O contato com as coordenadoras para coleta foi absolutamente tranquilo,
observando a sua disponibilidade para colaborar com a pesquisa. Muitas delas
desejaram saber o que nos mobilizava para a realização do estudo e sua
contribuição para novos debates acerca da função. Essas suas indagações eram
sempre respondidas.
Após a coleta de dados foi realizado a sistematização dos mesmos
estabelecendo relações pertinentes e necessárias para a análise crítica e discussão
dessa relação, com teoria de acordo com o tema trabalhado.
A análise dos dados se deu em três etapas básicas: pré - análise (etapa
em que procedeu a organização do material: os dados necessários à concretização
do estudo); descrição analítica, (etapa que apresenta as informações existentes no
material através de análise aprofundada); e, finalmente, a interpretação referencial
que foi um grande momento do aprofundamento da análise, à luz do referencial
teórico.
22
CAPÍTULO III
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Este capítulo está caracterizado com a análise do questionário aplicado com
os coordenadores das escolas em estudo, apresentando a função do coordenador
pedagógico no ambiente escolar; sua formação; tempo de atuação na educação na
educação; tempo que exerce a função de coordenador pedagógico na escola;
relação com grupo de trabalho (professores, diretor); dificuldades encontradas para
exercer sua função e se o mesmo considera relevante receber dedicação exclusiva
para desenvolver sua função.
3.1 Função do coordenador pedagógico exercida no ambiente escolar.
Com relação à formação dos coordenadores, verifica-se que coordenadora
(C1) da Escola Estadual Manoel Bandeira presenta graduação em pedagogia com
pós-graduação. Referente ao tempo de atuação na educação, a mesma atua a 24
anos e exerce a função de coordenadora pedagógica na escola em estudo a 10
meses. Na escola Municipal Professora Sônia Maria Faleiro a coordenadora
pedagógica (C2) possui graduação em Letras, com pós graduação e atua a mais de
30 anos na educação e exerce a 10 meses a função de coordenadora pedagógica
na referida escola.
Com dados sobre o perfil dos coordenadores é licito afirmar que possuem
vivência de vida e na educação, e, comparando com os dados da formação inicial
dos sujeitos, conclui-se que houve um crescimento na procura pela formação
complementar para atuarem como coordenadores pedagógicos. Essa opção da
formação está resguardada na LDB 9394/96, em seu título VI que trata dos
profissionais da educação quando afirma:
Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. (BRASIL, 1996).
23
Ao serem questionadas sobre a visão que possuem sobre a função do
coordenador pedagógico no ambiente escolar, ambas deixam explicitas suas
opiniões logo a seguir:
(C1) O real papel do coordenador pedagógico deveria ser otimizador de espaços que possibilitasse o professor a realizar suas pesquisas juntamente com a coordenação, buscar estratégias para melhorar as práxis, e ter sempre em foco o aluno e nesta dialética estar buscando alternativas motivacionais para que os educadores possam realizar sua função sempre logrando êxito. (C2) O coordenador tem a função de trabalhar junto aos professores, voltando-se para a formação continuada; estimular a pesquisa e o trabalho coletivo; auxiliar no planejamento das aulas, no trabalho com os pais e em sala de aula; contribuição na elaboração do Projeto Politico pedagógico (PPP); esclarecer dúvidas; elaborar projetos, sendo mediador entre a escola e a secretaria de educação; devendo ainda trabalhar como orientador, auxiliando na indisciplina e orientando os alunos com dificuldades de aprendizagem.
Conforme os depoimentos dos coordenadores pode-se afirmar que houve
uma falta de delimitação quanto à função, pois grande parte das respostas voltava-
se para um aspecto amplo, as ações pedagógicas, ou seja, qualquer função voltada
para o ensino/aprendizagem, entre outras como; coordenar, além de desempenhar a
função do supervisor, desenvolver projetos, resolver os problemas na escola; auxiliar
nas atividades com a comunidade escolar, articulando-a no sentido da melhoria do
trabalho pedagógico e na elaboração do P.P.P; acompanhar o planejamento de
ensino; encaminhar os alunos para a recuperação de estudos, bem como os que
necessitam de atendimento especializado. O coordenador pedagógico exerce a
função na verdade de colaborador mesmo como um todo na escola.
Mas vale ressaltar que assumir esse cargo de coordenador é sinônimo de
enfrentamentos e atendimentos diários a pais, funcionários, professores, além da
responsabilidade de incentivo a promoção do projeto pedagógico, necessidade de
manter a própria formação, independente da instituição e de cursos específicos,
correndo o perigo de cair no desânimo e comodismo e fatores de ordem pessoal que
podem interferir em sua prática.
Diante disto o coordenador pedagógico é peça fundamental no espaço
escolar, pois busca integrar os envolvidos no processo ensino-aprendizagem
mantendo as relações interpessoais de maneira saudável, valorizando a formação
24
do professor e a sua, desenvolvendo habilidades para lidar com as diferenças com o
objetivo de ajudar efetivamente na construção de uma educação de qualidade.
No mesmo raciocínio Clementi (2003) relata que a função da coordenação
pedagógica é gerenciar, coordenar e supervisionar todas as atividades relacionadas
com o processo de ensino e aprendizagem, visando sempre à permanência do aluno
com sucesso. Partindo desse pressuposto, podem-se identificar as funções
formadora, articuladora e transformadora do papel desse profissional no ambiente
escolar.
A função formadora, do coordenador precisa programar as ações que viabilizam a formação do grupo para qualificação continuada desses sujeitos, consequentemente, conduzindo mudanças dentro da sala de aula e na dinâmica da escola, produzindo impacto bastante produtivo e atingindo as necessidades presentes. (CLEMENTI, 2003, p.126).
De acordo com Piletti (1998, p. 125), as atribuições do coordenador
pedagógico podem ser listadas em quatro dimensões, onde acompanha o professor
em suas atividades de planejamento, docência, fornece subsídios que permitam aos
mesmos atualizarem-se e aperfeiçoarem-se constantemente em relação ao exercício
profissional; promovem reuniões, discussões e debates com a população escolar e a
comunidade no sentido de melhorar sempre mais o processo educativo; estimula o
desenvolvimento de suas atividades com entusiasmo, procurando auxiliá-los na
prevenção e na solução dos problemas que surgem no dia a dia.
Assim, muitos formadores encontram na reflexão da ação, momentos
riquíssimos para a formação. Isso acontece à medida que professores e
coordenadores atuam em parceria, observando, discutindo e planejando, vencendo
as dificuldades, expectativas e necessidades, requerendo momentos individuais e
coletivos entre os membros do grupo, atingindo aos objetivos desejados. Esse
profissional tem que ir além do conhecimento teórico, pois para acompanhar o trabalho
pedagógico e estimular os professores é preciso percepção e sensibilidade para identificar
as necessidades dos alunos e professores, tendo que se manter sempre atualizado,
buscando fontes de informação e refletindo sobre sua prática. Faz-se necessário destacar
que o trabalho deve acontecer com a colaboração de todos. O coordenador deve estar
preparado para mudanças e sempre pronto a motivar sua equipe.
Ao serem indagadas sobre a relação do coordenador com o grupo de
trabalho, as coordenadoras afirmam:
25
(C1) Tranquila, sempre na perspectiva de incentivo e na valorização, pois precisamos estar sempre apoiando para que os mesmos possam dedicar mais e buscar conhecimento. Mesmo e apesar de alguns entenderem que estamos numa situação de fiscalizador, porém buscamos sempre a mediação. (C2) Procuramos sempre manter uma relação agradável, de respeito mutuo pelo trabalho de todos. Procuro sempre apoiar os professores nas elaborações das atividades. Procuro realizar a socialização do saber docente, procurando oportunizar troca de experiências entre os professores. Procuro manter a equipe unida nas decisões de melhoria para o aprendizado do aluno. É necessário saber o momento de ouvir e de falar. "É preciso ouvir o professor para ganhá-lo, fazê-lo revelar o quê e como pensa, como acha que determinada questão tem de ser tratada."
Através dos depoimentos acima verifica-se que os coordenadores buscam
manter uma boa relação no convívio com os colegas de trabalhos, sempre dispostos
a apoiar o trabalho docente, fazendo a mediação na realização das atividades, é
notório em suas respostas que é necessário saber o momento de ouvir e falar.
Diante disto, para que haja uma ótima relação de trabalho, requer do coordenador
um olhar aguçado, ativo e sagaz o suficiente para perceber as mudanças e atuar
sobre elas. Um olhar amplo, que contemple as partes sem esquecer o todo.
Requer também por parte do coordenador que o mesmo ouça o que o outro
tem a dizer, os problemas, os anseios, as dificuldades dos professores, só assim
será possível traçar metas e solucionar os impasses que surgirem. O coordenador
precisa colocar-se no lugar do outro, precisa ter ciência da necessidade de se ter
uma boa relação interpessoal.
Nesse contexto, o coordenador pedagógico deve intervir no sentido de
estabelecer uma relação de confiança, respeito e igualdade em todos os sentidos. A
constituição de relações éticas, afetivas e colaborativas contribuem para que os
sujeitos, coordenador e professores, vivenciem momentos de reflexão sobre a
prática, pois compreender a escola como local de aprendizagem da profissão
docente significa entender que é na escola que o coordenador e professores
desenvolvem os saberes e as competências do ensinar, mediante um processo ao
mesmo tempo individual e coletivo (LIBANEO, 2001).
26
Por outro lado, não se pode esquecer que essa articulação não é função
apenas do coordenador pedagógico. É preciso que haja um bom convívio e
cumplicidade entre os membros da equipe que compõe a direção da escola e que,
de fato, essa ligação não tenha falhas ou emendas; que cada um exerça sua função
pensando no resultado em grupo e na conquista em conjunto e, acima de tudo, na
melhoria da qualidade do ensino.
Acredita-se que uma das funções específicas do coordenador é a
socialização do saber docente, na medida em que há ela cabe estimular a troca de
experiências entre os professores, a discussão e a sistematização de práticas
pedagógicas, função complementada pelos órgãos de classe que contribuirá para a
construção, não só de uma teoria mais compatível à realidade brasileira, mas
também do educador coletivo.
Esse profissional tem que ir além do conhecimento teórico, pois para
acompanhar o trabalho pedagógico e estimular os professores é preciso percepção
e sensibilidade para identificar as necessidades dos alunos e professores, tendo que
se manter sempre atualizado, buscando fontes de informação e refletindo sobre sua
prática.
Segundo Novoa (2001, p.13), “a experiência não é nem formadora nem
produtora. É a reflexão sobre a experiência que pode provocar a produção do saber
e a formação” com esse pensamento, ainda é necessário destacar que o trabalho
deve acontecer com a colaboração de todos, assim o coordenador deve estar
preparado para mudanças e sempre pronto a motivar sua equipe. Dentro das
diversas atribuições está o ato de acompanhar o trabalho docente, sendo
responsável, pelo elo entre os envolvidos na comunidade educacional. A questão do
relacionamento entre o coordenador e o professor é um fator crucial para uma
gestão democrática, para que isso aconteça com estratégias bem formuladas o
coordenador não pode perder seu foco.
O coordenador precisa estar sempre atento ao cenário que se apresenta
a sua volta valorizando os profissionais da sua equipe e acompanhando os
resultados, essa caminhada nem sempre é feita com segurança, pois as diversas
informações e responsabilidades o medo e a insegurança também fazem parte
dessa trajetória, cabe ao coordenador refletir sobre sua própria prática para superar
os obstáculos e aperfeiçoar o processo de ensino – aprendizagem. O trabalho em
equipe é fonte inesgotável de superação e valorização do profissional.
27
Neste item foram abordadas as maiores dificuldades encontradas pelos
coordenadores para exercerem suas funções no ambiente escolar, que estão
expressas nos depoimentos conforme os enunciados abaixo:
(C1) Comprometimento de muitos, que acham que sabem muitos, porém executam pouco; Questão de teorização, pois muitos falam de mais e nem entendem o que falam; Apoderamento de sua qualificação, ou seja ter domínio de sua área; buscar relacionamento dialético tranquilo e sem hierarquia; Falta de tempo para muitos, independentes de serem ou não efetivos; falta de segurança nos discursos; repetição dos diálogos e timidez nas práticas. (C2) Falta de tempo para acompanhar, apoiar e supervisionar o trabalho dos docentes; de se relacionar com o corpo docente e de articular minhas ideias com as propostas da escola; Dificuldade de promover a participação de todos, inclusive da família, na realização de projetos; grande quantidade de alunos por sala; As questões administrativas competem com as questões pedagógicas; indisciplina dos alunos; falta de preparo e motivação dos professores na realização das atividades; alunos agridem colegas e professores.
Através dos relatos dos coordenadores, fica evidente os inúmeros
problemas que encontram na realização das suas atividades, como as destacadas a
seguir:
� Falta de comprometimento dos professores;
� Equipe docente com pouco conhecimento didático;
� Dificuldade em buscar um relacionamento dialético entre os
colegas de trabalhos;
� Falta de segurança nos discursos dos professores e na realização
das práticas pedagógicas;
� Excesso de trabalho e falta de tempo para supervisionar o trabalho
docente;
� Indisciplina e agressão dos alunos aos colegas e professores;
� Falta de participação dos pais nos projetos e eventos da escola;
� Dificuldade articular suas ideias com a proposta da escola;
� Salas de aula lotadas.
28
A subjetividade expressa nos textos produzidos pelos coordenadores
denuncia inúmeras dificuldades, especialmente no campo das relações com os
demais agentes da gestão, ou seja, o clima organizacional da escola é permeado
por conflitos e tensões. Embates e disputas marcam de forma recorrente a relação,
pois o coordenador acaba sendo envolvido em outras funções de gerenciamento,
excessos burocráticos e emergências que afetam o cotidiano da escola.
No mesmo raciocínio Lopes (2011) relata neste cenário, o coordenador vai
‘co-ordenar’ diretamente situações que envolvem a gestão, professores, alunos,
família e a comunidade escolar. Destaca-se dentre os principais problemas: a
resistência de alguns profissionais às novas concepções teórico-metodológicas; falta
de material didático para professores e alunos; ausência de acompanhamento
contínuo da família no processo educacional dos alunos, formação fragmentada e
inconsistente (não direcionada para as competências e habilidades específicas).
As principais dificuldades estão relacionadas ao cotidiano escolar no que se
refere ao fazer pedagógico, muitas vezes mais vai fazer administrativo e burocrático
do que pedagógico devido às situações-problemas impostas no cenário deste
profissional. Dessa forma, acaba realizando vários trabalhos e o verdadeiro saber-
fazer fica comprometido, pois colocadas em segundo ou terceiro planos, as ações
pedagógicas passam a ser realizadas quando sobra tempo. Assim, a falta de
definição do seu campo de atuação e ações específicas acaba produzindo, por
parte dos sujeitos, uma cobrança recorrente sobre indicadores como: evasão,
reprovação, desistências e baixos resultados em avaliações externas da escola
(LOPES, 2011).
Assim, as formas de interação, interlocução e relações são essenciais para o
equilíbrio e resultados do trabalho pedagógico, implicando à coordenação
pedagógica a presença junto aos professores, na perspectiva de constituir
identidades, semelhanças e parcerias, acompanhando-os nas atividades cotidianas,
identificando as dificuldades que atravessam o processo pedagógico; portanto um
pesquisador sistemático das limitações e possibilidades, ao mesmo tempo,
estabelecendo relação pessoal e profissional pautada na ética, respeito e confiança.
Para contribuir neste cenário, as atribuições dadas ao coordenador
pedagógico com formação continuada desenvolvida junto aos professores, necessita
estar articulado aos princípios pedagógicos da escola, por meio de uma leitura
29
sistemática e intencional da realidade contextual. Entretanto, são inúmeras as
questões que são colocadas para o mesmo resolver, inclusive a ausência do
restante da equipe técnica, onde está atribuição não é suficientemente desenvolvida.
Na tentativa de responder a todas às demandas da escola, este se afasta de
seu referencial atribuitivo, não as negando, mas por meio de um trabalho intencional,
planejado e contextualizado orienta-as pela conscientização de suas atribuições e
de seu papel referencial de coordenador de ações. A instabilidade do profissional
faz com que ele se sinta perdido, onde não sabe quem é e quem é o seu grupo de
professores e quais suas necessidades, não possui consciência de seu papel de
orientador e diretivo, elogia, mas não tem coragem de criticar, ou muitas vezes
apenas critica e não instrumentaliza cobrando sem a devida orientação.
São inúmeros os conflitos pelos quais o coordenador pedagógico passa,
constrangendo-se ao abordar questões evidentes que concorrem para um mau
andamento do trabalho pedagógico, omitindo-se, confundindo a atribuição de seu
papel profissional com imposições normativas, bem como democracia, autoridade e
autoritarismo, ficando sem norte e não raras vezes se sentindo perdido. O trabalho
pedagógico merece um outro olhar, onde se de relevância ao seu trabalho na
escola, mediando-o por meio do equilíbrio de suas atribuições como um dos eixos
imprescindíveis às práticas pedagógicas sistematizadas onde cada um e todos se
tornam co-responsáveis pelo processo ensino-aprendizagem.
O coordenador pedagógico sofre com a sobrecarga, se tornando um faz tudo
na escola, ficando sob sua responsabilidade realizar trabalhos burocráticos e de
secretaria, substituir professores, resolver problemas com os pais e alunos. Desta
forma, enfrenta o desafio de construir seu novo perfil profissional, delimitando seu
espaço de atuação.
Assim, de acordo com Fonseca (2001) se faz necessário que o coordenador
pedagógico resgate a intencionalidade de sua ação dentro da escola possibilitando a
(re) significação do seu trabalho, devendo aglutinar pessoas em torno de uma causa
comum, gerando solidariedade, parceria, construindo a unidade e não a
uniformidade, superando caráter fragmentário das práticas em educação,
possibilitando a continuidade da linha de trabalho na instituição, racionalizando os
esforços e recursos (eficiência e eficácia) para atingir fins essenciais do processo
educacional.
30
O mesmo deve ser um canal de participação efetiva, superando as práticas
autoritárias e/ou individualistas e ajudando a superar as imposições ou disputas
individualistas, de acordo com a existência de um referencial construído e assumido
coletivamente, além de aumentar o grau de realização, ou seja, satisfação do
trabalho, sendo um instrumento de transformação da realidade, resgatando a
potência, fortalecendo o grupo para enfrentar os conflitos, contradições e pressões,
avançando na autonomia e na criatividade e distanciando-se dos modismos
educacionais, colaborando na formação dos participantes (FONSECA, 2001).
Diante disto o coordenador pedagógico é aquele que garante o espaço da
dialogicidade, fortalecendo a vitalidade projetiva do agrupamento, atendendo as
perspectivas da comunidade extra-escolar na luta por uma educação de qualidade e
primando pela superação dos obstáculos que inviabilizam as ações coletivas,
cabendo ao mesmo exercer o oficio de coordenar para educar.
E só haverá melhoria no processo ensino-aprendizagem se houver reflexão
sobre a ação docente, descartando equívocos da pratica educativa e traçando metas
e ações que desencadeiem intervenções individuais e coletivas, que atendam as
necessidades dos alunos naquele determinado período educacional. Essa talvez
seja uma das principais atribuições do coordenador, ou seja, constantemente
possibilitar momentos de reflexão sobre a ação educativa com base no
acompanhamento da prática docente, no intuito de convidar esse profissional a
repensar suas estratégias de ensino.
Ao serem questionadas se consideram relevante o coordenador receber
dedicação exclusiva para desenvolver essa função, ambas deixaram explícitas
suas opiniões em relação a este fator. Eis algumas falas:
(C1) A dedicação independe do sucesso na função, o que precisamos é ter profissionais COMPROMETIDOS, e com disponibilidade de tempo para dedicar-se ao que se propôs. Nem sempre valores financeiros, quer dizer qualidade. (C2) Acredito que contribuiria nesse processo se os coordenadores recebem dedicação exclusiva para desenvolver suas aditividades na escola. Pois teríamos mais tempo de acompanhar os professores no desenvolvimento de suas atividades junto aos alunos. Mas o coordenador tem que ter disponibilidade para realizar suas funções, pois considero o compromisso do coordenador pedagógico como um processo de aprendizagem muito importante, ele é a ponte entre os professores.
31
Através dos relatos das coordenadoras, fica evidente que independente de
receberem ou não dedicação exclusiva, as mesmas estão compromissadas com
suas atividades no contexto escolar, relatam que é necessário que o coordenador
esteja comprometido e consciente do seu papel na escola, para que possam
desempenhar um bom trabalho, “apesar de todas as dificuldades” que encontram ao
desenvolver sua função.
Assim, planejamento e avaliação do trabalho compõem agenda permanente
da coordenação para desenvolver um trabalho com comprometimento a causa da
educação de qualidade, sempre com a perspectiva de que ambas as ações
possibilitem a tomada de decisão e a melhoria da qualidade do ensino, bem como
possam contribuir com ajustes e regulações constantes, no sentido de direcionar o
trabalho docente. Nesta perspectiva, Libâneo (2001) afirma
Os educadores comprometidos com a transformação social precisam dispor de conhecimentos para repensar formas de funcionamento das escolas, de desenvolvimento da profissionalização e profissionalidade, de participação da comunidade escolar (professores, pais, alunos) de avaliação (LIBÂNEO, 2001, p. 11)
O coordenador pedagógico é um profissional de profunda valia nesse
processo, pois percebe a escola como um ambiente educativo, como espaço de
formação, construído pelos seus componentes, um lugar em que os profissionais
podem decidir sobre seu trabalho e aprender mais sobre sua profissão (LIBANEO,
2001, p. 20).
32
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em síntese as coordenadoras concentram suas representações em três
componentes mais significativos, quais sejam: mediador, articulador e facilitador do
trabalho pedagógico no âmbito institucional e pedagógico; desenvolvimento de
atividade de formação, busca por aperfeiçoamento; crescimento e compromisso
profissional, e responsabilidade social.
Através dos resultados obtidos nessa pesquisa é licito afirmar que cotidiano
na escola produz muitas oportunidades e o coordenador, enquanto professor
articulador é o profissional responsável pela valorização das ações coletivas
vinculadas ao eixo pedagógico na instituição escolar. Para ser bem sucedido
precisa ter assegurado algumas condições, que perpassam a valorização, respeito,
ética e a possibilidade de serem ouvidos em relação às possibilidades, dificuldades
e dimensões de suas experiências, idéias e expectativas. É necessário ainda que o
saber constituído com base em sua experiência seja valorizado; seus projetos,
teorias e práticas criem situações que reflitam o diálogo e encaminhem
revisões/revisitações nos fundamentos teórico-metodológicos capazes de introduzir
mudanças qualitativas na escola e na vida dos sujeitos.
A partir de leituras e discussões de textos, visitas a escola, questionários e
entrevistas aplicados junto a equipe pedagógica, percebe -se que o coordenador
pedagógico exerce inúmeras funções, dentre elas o atendimento aos pais, alunos e
professores, é articulador do processo democrático da escola, visando uma
construção coletiva, apesar das divergências. Porém, julgamos ser central, na
função do coordenador, o trabalho na formação continuada dos docentes,
proporcionando subsídios necessários para a realização do mesmo.
Com a referida pesquisa também verificou quais as ações do coordenador
pedagógico que podem contribuir para a melhoria do ensino e o que este
profissional tem priorizado no dia-a-dia. Pensar nas ações que podem contribuir na
melhoria do ensino, é pensar na profissionalização do coordenador, visto que cabe a
este fomentar no contexto escolar momentos de reflexão sobre a ação docente com
os próprios docentes, descartando equívocos da pratica educativa e traçando metas
e ações que desencadeiem intervenções individuais e coletivas, que atendam as
necessidades dos alunos.
33
Em suma, as representações sociais de coordenação pedagógica, aqui
discutidas, nos levam a afirmar que elas não podem ser desconsideradas pelos
sistemas educacionais. Essas representações constituem um chamado para que os
sistemas públicos reconheçam a urgência de repensar o papel desse coordenador,
buscando novos mecanismos de valorização profissional, assegurando,
principalmente, melhoria das condições de trabalho e o reconhecimento desse
profissional como formador e pesquisador no espaço da escola
34
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35
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36
ANEXOS
37
ANEXO A – Roteiro de entrevistas com o coordenador (a) pedagógico
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO ESCOLAR
ESCOLA:______________________________________________________
NOME:________________________________________________________
Local da Entrevista:_______________ Data:___\___\___ Horário:________
1) Qual sua formação ?
2) Quanto tempo atua na educação ?
3) Há quanto tempo exerce a função de coordenador pedagógico ?
4) Qual sua visão do Papel(função) do coordenador ?
5) Qual relação de trabalho que você vê como coordenador (a) e seu grupo de trabalho ?
6) Quais são as maiores dificuldades encontradas para exercer essa função ?
7) Considera relevante o coordenador pedagógico receber dedicação exclusiva para desenvolver essa função ?
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