Universidade Federal de Sergipe
Centro de Educação Superior a Distância
Professor : Dr. Antônio Lindvaldo Sousa
Tutora: Maria Estela Andrade
Aluna: Maria Celeste dos Santos Araujo
Relatório
Lagarto/SE
2012
Relatório
A visita a cidade histórica de São Cristóvão,
antiga capital de Sergipe, foi muito relevante e
enriquecedora, pois proporcionou a visão do
conjunto arquitetônico que testemunha a glória do
seu passado colonial.
São elas: Igreja Nossa Senhora da Vitória,
Santa Casa e Igreja da Misericórdia, Antigo Hospital
da Cidade, onde hoje funciona o orfanato Imaculada Conceição, Igreja Nossa Senhora do
Rosário, Igreja e Convento São Francisco, construção da Ordem dos Frades Menores e da
Ordem Terceira Franciscana, com traços arquitetônicos claramente barrocos, Igreja e
Convento dos Carmelitas, Igreja de Nossa Senhora do Amparo, uma singular construção datada
também do séc. XVIII.
Os principais prédios públicos: o antigo
Palácio Provincial, atual Museu Histórico de
Sergipe e o prédio da antiga Assembleia
Municipal, um dos poucos prédios do estado em
estilo barroco secular.
Em termo de cultura imaterial, a grande
riqueza da cidade continua sendo suas
manifestações religiosas, dentre as quais a
Solenidade dos Passos e a Semana Santa.
As elites e o projeto modernizador de Aracaju, viam São Cristóvão como sombra do
passado, enquanto Aracaju como o progresso. “Ave Branca que voa dos pântanos para o
azul...” é uma metáfora, Aracaju representava o progresso, ou seja, a elite estava bebendo da
ideia de progresso. Esse discurso modernizador para a cidade de Aracaju se viu presente nas
mensagens do governo da assembleia Legislativa do Estado de Sergipe, na legislação, nos
relatórios das fábricas de tecidos e da política e nos jornais “O Estado de Sergipe” e “Correio
de Aracaju”, tendo uma preocupação com relação à estética para a cidade de Aracaju. A
instalação do relógio público é um símbolo da modernidade e que a elite valoriza, o futuro e
não o passado. O passado atrelado ao domínio da Bahia (São Cristóvão). Eles visavam o
progresso. Inaugurações das praças públicas, aterros de lagoas, desbastamento de morros, de
equipamentos urbanos (energia elétrica, bondes, etc.) e escolas foram notificadas pelos jornais
como acontecimentos extraordinários que anunciavam a chegada do “progresso” em Aracaju.
Entre os que faziam parte da elite em Aracaju, nas décadas de 1910 e 1920, estavam Augusto
Leite, Florentino Teles de Menezes, Prado Sampaio, Italo da Silva, Deodato Maia, entre outros.
Eles acreditavam e sentiram as mudanças e queriam mudar com elas. Dessa maneira,
integraram-se ao novo cenário e às novas ideias que recendiam na cidade de Aracaju. As
cidades do fundo estuário entraram em decadência, enquanto a capital centralizaria cada vez
mais o comércio e demais serviços, adquirindo paulatinamente maior expressividade. Os
códigos de posturas procuravam estabelecer um certo
conceito de beleza para a cidade, impondo mais vigor nas
construções das casas. No interesse de construir a nova
fisionomia da cidade, dando-lhe um ar habitável e
higiênico, inúmeras desapropriações foram feitas.
Pequenas casas de palha, pelo seu próprio aspecto
rudimentar ou porque estavam afastadas do alinhamento
exigido pelas normas urbanas foram abaixo. Ruas
“irregulares”, as chamadas “teias de aranha” foram
condenadas e cederam lugar às novas ruas e avenidas
planejadas. Os filhos da elite iam estudar fora em outros
estados como : Bahia, Recife e não voltavam. A partir da década de 10 os filhos das elites iam
estudar fora e voltavam para Sergipe. Eles passariam a fazer parte dos novos atores sociais que
almejavam transformar a capital sergipana numa cidade moderna destacando-as das demais
cidades do estado e acompanhando as mudanças que se processavam em outras cidades do
mundo e do próprio país. Sendo eles influenciados pelos princípios positivistas de “ordem e
progresso”. Procurando se integrar de forma mais intensiva nos problemas da sociedade
aracajuana, parte dos novos atores sociais
passaram paulatinamente a ingressar nos diversos
órgãos do estado, ocupando, por exemplo, chefia
de delegacia de polícia, direção de institutos,
escolas, bibliotecas, setores de transportes,
higienização, saúde entre outros órgãos
governamentais. Preocupação está com a estética
(materialista) e formação do individuo (
transformar o trabalhador e a elite governante).
Lacerda, um dos apologistas da nova fase
da cidade de Aracaju contesta o artigo do francês
Paulo do Wale, radicado na capital do Brasil. Wale diz “que a capital sergipana é uma cidade de
palha desde os tempos coloniais” e que em Sergipe as famílias se revezam no poder. Lacerda
rebate dizendo: Aracaju não existia no tempo colonial, surgiu de uma praia deserta e
“converteu-se na cidade elegante que é hoje, com suas vastas ruas irrepreensivelmente
alinhadas e os seus edifícios artisticamente construídos.” E em relação as famílias que se
revezam no poder em Sergipe, Lacerda
responde: que pode apontar nominalmente os
presidentes que têm dirigido o seu estado, a
contar da Proclamação da República, sem
possuir parentes entre si, ou seja, que não
existem problemas na troca de poder de um
governante com o outro, funcionando a
democracia como manda o modelo de estado
liberal moderno.
È possível identificar traços da construção da identidade sergipana por parte da elite
aracajuana e imersas no projeto de modernização da capital. Ela não encontra no passado a
sua identidade, com todo preconceito tem uma compensação, diante da inferioridade
encontrada, a compensação nas figuras individuais uma compensação, e na coletividade. A
contradição desse projeto modernizador são os homens pobres que ocuparam as margens do
quadrado de piso. Suas condições de vida em
Aracaju eram precárias, apontando outro lado
da modernização defendida pela elite
aracajuana.
Bibliografia
- CESAD : Livro Texto : Temas de História de Sergipe II
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