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Descobrindo alternativas para viver

no Semiárido alagoano

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1093

Novembro/2013

Jaramataia

Ele fala das dificuldades para manter a roça,

principalmente no período de estiagem e sonha com a

água do barreiro trincheira do Programa Uma Terra e

Duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido (ASA),

patrocínio MDS. “O barreiro trincheira é uma bênção,

porque quando estiver cheio vou cultivar minha horta e

melhorar o roçado. O meu sonho é plantar minhas

verduras perto do barreiro”, falou.

Em casa, com o fio de nylon, a agulha e mãos ágeis o

agricultor e artesão José Cícero dos Santos, 37, casado, faz a

rede de pesca e a tarrafa. Os produtos são vendidos nas

feiras livres da cidade de Arapiraca, Santana do Ipanema e

Palmeira dos Índios. Segundo ele o preço da rede é de R$

100,00 depende do tamanho e a tarrafa R$ 120,00 a R$

200,00. Associado ao artesanato a família, que vive no

assentamento São Pedro III em Jaramataia-AL, trabalha

também com o cultivo da terra e da pesca.

“Desde os doze anos que comecei a trabalhar no cultivo da terra com meus pais.

Quando fui crescendo passei a trabalhar vendendo dia de serviço no plantio do fumo, mas

quando consegui meu pedaço de terra há oito anos, passei a trabalhar para mim. Ganho meu

sustento e o da família sem precisar trabalhar para os outros, e o artesanato vem me

ajudando”, disse José Cícero.

Apesar de morar próximo ao açude do DNOCS ele disse que a água é inviável para o

consumo e o plantio, devido à salinidade. “A água que bebemos vem de carro-pipa e para roça,

quando chove, porque quando usamos dessa água para as plantas elas morrem”, destacou.

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Alagoas

Realização Apoio

Na comunidade

José Cicero disse que na comunidade existe

cerca de 40 famílias e elas mantém associado à

agricultura, a atividade da pesca e do artesanato.

“Nessa comunidade e na comunidade vizinha,

Campo Alegre tem muitas mulheres que tecem a

rede de pesca, mas tem dificuldade em vender. Aqui

as mulheres tecem a rede e eu termino o serviço para

deixá-la pronta para pesca”, disse.

Ainda, segundo ele, se houvesse mais oportunidades de deslocamento, produziria

mais artesanato e venderia em outra região.

De acordo com José Cícero no período de pesca ele vai buscar o camarão no açude para torrar.

Depois retorna para o serviço da roça e do artesanato. A esposa, Josefa Francisca dos Santos, assume

a atividade de vender o camarão nas feiras livres. “Quando a gente veio morar aqui não tinha como

sobreviver, a alternativa era a pesca e vender aos atravessadores. Agora a gente pesca e vende nas

feiras”, ressaltou.

A esposa conclui “quem vive nesse sertão tem que mexer com tudo e a gente vive da roça e da

pesca. É no inverno que a gente planta na roça, porque aqui não tem água para produção, mas no

quintal da minha casa eu planto o tomate, a cebolinha, o coentro e o pimentão e tenho criação de

galinha. Ainda, ajudo a tecer rede de pesca e tarrafa, assim vamos ganhando o pão de cada dia”.

Divisão do trabalho

Instrumento de trabalho

Além do uso de rede de pesca, José Cícero mostra o instrumento utilizado para pescar camarão. Ele disse utilizar a garrafa pet porque é mais econômica e fácil de fazer o covo, porém, esclarece que existe restrição em alguns lugares para o uso da garrafa. “Nem todo mundo tem consciência de cuidar do meio ambiente. Há pessoas que utiliza a garrafa para fazer o covo depois deixa na margem dos rios e açudes, por isso, já foi proibido em alguns lugares, mas aqui a gente usa e não deixa as garrafas jogadas na margem do açude”.