Julho 2008
Celso Foelkel
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A Produo de Florestas Plantadas de Eucalipto sob a
tica da Ecoeficcia, Ecoeficincia e
da Produo mais Limpa
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Empresas patrocinadoras:
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A Produo de Florestas Plantadas de Eucalipto sob a
tica da Ecoeficcia, Ecoeficincia e
da Produo mais Limpa
Celso Foelkel
CONTEDO
INTRODUO
REVISANDO CONCEITOS SOBRE ECOEFICCIA, ECOEFICINCIA E PRODUO MAIS LIMPA
ASPECTOS DO SUCESSO TECNOLGICO DAS PLANTAES FLORESTAIS DE EUCALIPTOS NO BRASIL E SUA POTENCIAL
OTIMIZAO PELA ECOEFICCIA, ECOEFICINCIA E P+L
ESTUDOS DE CASO PARA NOVAS OPORTUNIDADES EM ECOEFICINCIA E P+L NA REA FLORESTAL
ALGUNS CASOS DA VIDA REAL EXEMPLIFICANDO SITUAES DE ECOEFICINCIA OU DE ECO-INEFICINCIA
CONSIDERAES FINAIS
REFERNCIAS DA LITERATURA E SUGESTES PARA LEITURA
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A Produo de Florestas Plantadas de Eucalipto sob a
tica da Ecoeficcia, Ecoeficincia e
da Produo mais Limpa
Celso Foelkel
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INTRODUO
Dentre as muitas atividades de sucesso do setor empresarial brasileiro
destaca-se aquela correspondente s florestas plantadas e manufatura dos
produtos delas derivados. Esse setor bastante jovem no Brasil,
corresponde a cerca de um sculo de realizaes, sempre com continuado
sucesso e crescimento.
Toda essa histria se iniciou nos princpios dos anos 1900s com a
introduo dos eucaliptos para plantaes comerciais para fornecimento de
madeira para a Cia. Paulista de Estradas de Ferro, no estado de So Paulo.
Com seu crescimento rpido e alta qualidade, essas florestas logo mostraram
seu potencial para suprir de matria-prima outros setores industriais no pas.
A partir dos anos 1950s, as madeiras dos eucaliptos foram gradualmente
conquistando novos mercados para fabricao de celulose, papel, chapas de
fibras, aglomerados de madeira, siderurgia com base no carvo vegetal, etc.
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Mais recentemente, por volta dos anos 1990s, o eucalipto deu o salto que
precisava para conquistar mercados mais nobres da madeira, como aqueles
para produo de mveis, construo de residncias, pisos, esquadrias de
madeira, laminados e aglomerados, MDF, etc., etc. Enfim, um sucesso
tecnolgico e mercadolgico graas a esses imigrantes vegetais que vieram
da Austrlia e da Indonsia. Juntos a eles se agruparam outros importantes
imigrantes, como as espcies dos Pinus, que vieram dos Estados Unidos da
Amrica, Mxico e pases da Amrica Central e Caribe.
importante se ressaltar porm, que foi s a partir dos anos 1960s
que a Silvicultura brasileira ganhou o status de cincia prpria, libertando-
se da Agronomia para caminhar por si mesmo, apesar das suas muitas
interaes com outras cincias. A introduo da carreira de engenharia
florestal no Brasil logo permitiu a formao de profissionais apropriados para
as realidades do setor. A criao de institutos de pesquisas cooperativos
entre empresas e universidades veio a consolidar as necessrias bases
cientficas e tecnolgicas para que o Brasil passasse a desfrutar da liderana
tecnolgica e de produtividade florestal a nvel mundial. O IPEF (Instituto de
Pesquisas e Estudos Florestais www.ipef.br), a SIF (Sociedade de
Investigaes Florestais - www.sif.org.br ), o CEPEF (Centro de Pesquisas
Florestais www.ufsm.br/cepef) e a FUPEF (Fundao de Pesquisas
Florestais do Paran www.fupef.ufpr.br) ajudaram com a gerao de
conhecimentos e a formao de profissionais nas correspondentes
universidades onde estavam instalados (USP, UFV, UFSM e UFPR).
Todo esse desenvolvimento no ocorreu apenas na produtividade das
plantaes, mas ocorreu tambm na rea de gesto empresarial e na gesto
ambiental. A desejada Sustentabilidade tem sido buscada atravs da
eficiente gesto atravs de certificaes como IS0 9000, IS0 14000, OHSAS
18000 e certificaes florestais FSC e CERFLOR (ABNT/INMETRO, com
reconhecimento mtuo do PEFC Programme for Endorsement of Forest
Certification Schemes - www.pefc.org ). Enfim, ganhamos muita
produtividade e competitividade florestal, mas ao mesmo tempo, ganhamos
qualidade, segurana e sade ambiental.
Estou sempre mencionando que Sustentabilidade uma estrada sem
caminho final. Nunca podemos dizer que atingimos a Sustentabilidade, pois
seu conceito envolve altssimo dinamismo e uma constante e permanente
viso de futuro. Afinal, estamos sempre trabalhando para que nossas aes
no hoje no venham a trazer problemas para as geraes futuras. Portanto,
como o futuro nunca chega, est sempre adiante do hoje, sempre deveremos
estar buscando a Sustentabilidade, no importa quando e onde!
Um dos conceitos ainda pouco difundidos no setor de base florestal
o da Ecoeficincia, que est intimamente relacionado com o que se denomina
de Produo mais Limpa (P+L). Por incrvel que possa parecer, quando se faz
uma pesquisa com o mecanismo de busca do www.google.com.br ou
qualquer outro, se encontra uma enormidade de citaes para essas
palavras: ecoeficincia e produo mais limpa. Entretanto, quando se
http://www.ipef.br),http://www.sif.org.brhttp://www.ufsm.br/cepef)http://www.fupef.ufpr.br)http://www.pefc.orghttp://www.google.com.br
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refina a busca para tentar se encontrar exemplos claros dessas ferramentas
no setor de florestas plantadas, em qualquer lugar do nosso planeta, os
resultados so poucos, vagos e sem nenhuma orientao de como se fazer o
dever de casa, caso se queira utilizar das mesmas no setor. Eu
particularmente tenho escrito e falado muito sobre isso. Entendo que o setor
brasileiro de florestas plantadas tem mostrado forte envolvimento nos temas
ambientais, mas encontra-se at certo ponto guiado e centrado pelas
certificaes e orientaes IS0 e FSC/CERFLOR. Acredito que a introduo
das vertentes ecoeficcia, ecoeficincia e produo mais limpa pode melhorar
ainda mais a performance ambiental do setor. A razo para dizer isso, depois
de completar 10 anos praticando com esses conceitos, porque entendo que
esses conceitos ajudam a ver melhor o mundo. So conceitos interessantes,
intrigantes e motivadores. Eles buscam orientar, aos que os conhecem, para
solucionar os problemas na origem e no para buscar alternativas tardias
para se mitigar os efeitos depois que os problemas ocorreram. Com essa
filosofia de trabalho implantada, estreitam-se ainda mais as inter-relaes na
cadeia produtiva, envolvendo o ciclo de vida completo e no apenas uma
fase dele. Por exemplo, ao iniciarmos o nosso ciclo de vida ainda no desenho
da semente ou do material clonal para a fabricao de MDF (Medium
Density Fiberboard) de eucalipto, nosso foco dever se estender por toda a
cadeia de produo, uso e destinao final do MDF e no apenas nas
florestas produtoras de madeira para a fabricao desse produto. Muitas das
decises sobre a qualidade da madeira ou sobre o potencial da prpria
floresta plantada poder receber e ter resduos (lodos compostados) da
fabricao desse MDF incorporados ao solo podero ser entendidas como
importantes e aceitas como desafios pelos envolvidos. Caso raciocinemos
separadamente, dificilmente a rea florestal se mostraria interessada em ter
resduos orgnicos de lodos industriais aplicados sobre seus solos, pois isso
estaria agregando custos importantes. A visibilidade da cadeia produtiva ou
da rede de valor seria mnima nesse caso, cada um pensando e olhando
apenas o seu prprio umbigo.
No caso da fabricao do papel por exemplo, o final da rede de valor
a prpria reciclagem do papel. A fabricao de papel reciclado rejuvenesce o
papel velho, d a ele nova chance de ser usado, agrega vantagem ambiental
e permite reduo de material para os aterros sanitrios. Para a fabricao
desse papel reciclado h gerao de novos resduos, tais como lodos
secundrios biolgicos, lodos primrios fibrosos e ricos em cargas minerais,
cinzas de caldeiras de biomassa, etc. Alguns desses materiais podem
retornar para a floresta plantada como compostos fertilizantes, agindo
positivamente na riqueza mineral e na estruturao dos solos florestais.
Reduzem-se com isso, os resduos na cadeia produtiva para a qual esto
nossas rvores sendo plantadas. Muito bonito e sustentvel isso. Entretanto,
essas prticas precisam ser feitas com muita cincia, para evitar que o solo
florestal assuma um indesejvel papel de aterro industrial pelos que gostam
de tirar proveito do meio ambiente.
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Quando damos uma passeada pelas nossas reas de florestas
plantadas, sentimos um enorme orgulho do que fizemos nessas poucas
dcadas de desenvolvimento florestal no Brasil. Entretanto, se podem notar
muitas oportunidades para maior ecoeficincia. Isso sempre ser assim. A
regra que devemos perseguir a mesma que norteia a melhoria contnua:
sempre existir um meio mais simples e mais eficiente de se fazer algo do
que a maneira pela qual estamos fazendo hoje. Mostrei a vocs, em captulo
anterior (captulo 07) desse Eucalyptus Online Book, as enormes
possibilidades que existem para se recuperar grandes quantidades de
madeira sendo atualmente desperdiadas pelos plantadores de florestas, que
deixam para trs substanciais volumes de madeira boa e apta para ser
consumida (Gesto ecoeficiente dos resduos florestais lenhosos da
eucaliptocultura http://www.eucalyptus.com.br/capitulos/PT07_residuoslenhosos.pdf).
Naquele captulo mencionei valores de perdas que podem variar de 2 a 8%
do que a floresta produziu. Valores como esse surpreendem a muitos, que
no esto vendo essa enormidade de madeira perdida e deixada sem uso.
Alguns at tentam mostrar uma vocao ambientalista e dizem que muito
bom deixar essa madeira perdida no campo para ajudar na ciclagem de
nutrientes. Apesar disso ser at certo ponto verdadeiro; nem toda verdade
a melhor das verdades. J existem muitos resduos orgnicos nutritivos para
serem deixados como resduos valiosos da colheita: galhos finos, cascas,
folhas, etc. Eles estaro cumprindo melhor esse papel do que a madeira de
rvores finas, ponteiros e galhos grossos. A madeira pobre em nitrognio,
demora para degradar e compete pelo nitrognio do solo para sua
biodegradao. Alm disso, a madeira foi produzida pela floresta para ser
usada como matria-prima ou como produto da floresta plantada. Caso no
a usemos, deixando-a no campo, teremos que plantar mais florestas para ter
acesso a essas quantidades desperdiadas, no mesmo? Veja-se que uma
fbrica que tenha a necessidade de 100.000 hectares de florestas
efetivamente plantadas para seu abastecimento contnuo, se ela assumir um
desperdcio de 4% de madeira, ter no mais a necessidade de 100.000
hectares, mas de 104.000. Novos custos, novos impactos, mais operaes
sero consumidas, aumentando a demanda de bens da Natureza. Esse
talvez seja um dos exemplos mais gritantes de nossa atuao em termos de
eco-ineficincia. Mas existem outras oportunidades a mais para que eu possa
dialogar com vocs ao longo desse captulo.
Foi muito bom usar a palavra Dialogar na frase anterior. Isso porque
um dos fundamentos mais bsicos que batalho para que pratiquemos a
ecoeficincia o que chamo de Dilogo com o processo, com as plantas e
com os operadores. Falar com a floresta, falar com a biodiversidade,
procurar entender seus sentimentos, suas dificuldades e seus problemas
muito importante. Temos que aprender a desenvolver isso, pois essa
percepo do que a Natureza nos conta ajuda muito a se melhorar a
ecoeficincia ambiental. Dialogar com as pessoas tambm ajuda, e muito!
http://www.eucalyptus.com.br/capitulos/PT07_residuoslenhosos.pdf).
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Gostaria de dar alguns exemplos simples sobre isso para vocs. Vou
lhes contar nossos primeiros dois exemplos agora que chamarei de exemplos
01 e 02. Sero muitos outros exemplos que usarei ao longo desse captulo
para lhes mostrar como se raciocinar sob a tica da ecoeficcia, ecoeficincia
e da P+L. Esses dois exemplos se referem ao Dilogo com os Habitantes da
Floresta.
Exemplo 01:
Tenho sido consultor por alguns anos da empresa Nobrecel S/A., no Vale do
Paraba, estado de So Paulo. Quando l iniciei minhas atividades no ano
2000, a empresa no possua plantios clonais de eucaliptos. Toda a produo
se baseava em plantaes de Eucalyptus grandis, sendo as mudas obtidas a
partir de sementes adquiridas junto ao IPEF. Ocorriam graves problemas
fitossanitrios com essa espcie na regio, que muito propcia ao ataque da
doena conhecida por ferrugem (causada pelo fungo Puccinia psidii). Com
isso, a produtividade era muito prejudicada. Decidimos por introduzir tanto o
plantio por mudas obtidas de sementes como o plantio clonal do hbrido
Eucalyptus urograndis, que bem mais tolerante a essa doena e tambm
ao cancro do eucalipto (causada pelo fungo Cryphonectria cubensis).
Conseguimos mudas clonais excelentes junto empresa Riocell S/A, que
vendeu as mudas com um dossier tcnico sobre o material. Foram
inicialmente adquiridos alguns milhares de mudas clonais desse clone e essas
foram produzidas no Rio Grande do Sul. Uma beleza de mudas, muito
adequadas para o plantio imediato quando chegaram ao Vale do Paraba. Na
poca, a empresa no tinha tradio em plantar clones e a tecnologia
florestal estava passando por rpido processo de transformao. Um dos
supervisores da rea florestal, meu estimado amigo Saul da Silva Garcez
curiosamente no se simpatizou de imediato com as mudas recm chegadas
do clone. Comentou comigo que pareciam pequenas e que estavam muito
verdes, querendo dizer que deveriam ter sofrido mais antes de irem para o
campo para plantio. Quando a primeira rea foi plantada , cerca de uns 25%
das mudas no resistiram e morreram. Na minha primeira visita aps esse
evento, o Saul veio me dizer: Prof. Celso, como me chama ele, aquelas
mudas no eram boas mesmo, muitas morreram no primeiro plantio que
fizemos. E eu disse ao amigo Saul: Voc por acaso conversou com elas e
lhes perguntou porque elas morreram?. O Saul se mostrou intrigado com
essa pergunta e me questionou como fazer isso se muda no fala, por isso
mesmo muda e elas ainda no poderiam falar porque estavam mortas.
Disse eu ento, vamos visit-las e ver porque morreram. Subimos
valentemente o morro com declive forte onde elas haviam sido plantadas na
Fazenda Estiva. Muitas plantas fomos encontrando vivas, vegetando bem e
formando suas copas novas e razes. Efetivamente, existiam muitas mudas
mortas, acima do esperado para uma situao como aquela. No havia
indicaes de ataque de formigas, outros insetos ou de dficit hdrico ou
dano mecnico. Peguei uma haste de madeira e comecei a perguntar a uma
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muda morta a razo de sua morte. Comecei a cavar o solo em redor dela e a
acarici-la, e subitamente ela despencou para dentro da cova. Saul se
surpreendeu com a descoberta. Fizemos isso com outras mudas mortas e o
mesmo ocorria. As mudas de tubetes, foram mal plantadas, as razes no
estavam em contato com o solo. O operador do plantio, possivelmente novo
na empresa, ou mal treinado, ou ainda com pressa de fazer o servio, havia
chegado terra apenas no colo da muda para sustent-la na superfcie do
solo. Abaixo do nvel do solo, bem abaixo do colo da potencial nova rvore,
ela ficava com suas razes suspensas no ar do buraco aberto da cova.
Morriam por falta de gua e de comida, mesmo havendo gua e nutrientes
do adubo to perto delas. Saul, uma pessoa notvel e muito religiosa,
respondeu-me rpido: Deus sempre nos ensinando coisas novas, vou a
partir de agora falar mais com a Natureza. Tenho absoluta certeza que ele
est fazendo isso muito bem.
Exemplo 02:
Em um trabalho de consultoria que realizei para a International Paper do
Brasil no municpio de Trs Lagoas, estado de Mato Grosso do Sul, fomos em
um dado momento visitar a rea florestal. As florestas eram magnficas e
havia grande entusiasmo do engenheiro florestal Leonardo Bertola Abreu,
que foi quem me acompanhou na visita. Expressei diversas vezes minha
admirao pelo que estavam fazendo naquela poca (em 2006). Entretanto,
notei que existiam dois talhes de um clone de eucalipto, exatamente um ao
lado do outro, que tinham mesmo gentipo e mesma poca de plantio. Eles
se diferenciavam muito em relao ao sub-bosque. Em um deles, existia
praticamente uma infestao de uma arbusto nativo muito folhudo, que
estava vegetando muito. No outro, nada se notava. A distncia era de
poucos metros, o tipo de solo o mesmo, mas a vegetao era distinta no
sub-bosque. Paramos e decidimos conversar com a floresta. Todos as
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indicaes eram de que o banco de sementes do solo tinha sofrido algum
tipo de quebra de dormncia especificamente para aquele tipo de vegetao.
Perguntei s plantas se elas tinhas sido ativadas por algum incndio no local,
antes do plantio. O Leonardo se antecipou resposta e me disse:
Realmente, esse talho sofreu um pequeno incndio e decidimos reformar
toda a rea, inclusive esse talho ao lado, que no teve a ao do fogo.
Mais uma vez, dentre os muitos exemplos que todos ns temos para contar,
podemos ver que o dilogo uma das melhores formas de entender a
Natureza.
O que me preocupa um pouco que muitos engenheiros da nova
gerao de tcnicos florestais esto demasiadamente ocupados com seus
computadores, checando suas mensagens de e-mail, ou elaborando belos
grficos estatsticos para a reunio diria com as chefias. Eles visitam cada
vez menos as florestas. Temo que desaprendam a ler as mensagens da
Natureza, ou que nunca pratiquem o dilogo com os seres da floresta
plantada.
Atravs desses dois exemplos muito simples e de muitos outros mais
que cada um de vocs possuem, possvel se ver que podemos sim
conversar com as nossas florestas, seja com as plantadas ou com as nativas.
tambm possvel se dialogar com nossos rios, cursos dgua, com a fauna,
com a flora, etc. Vejam o caso de nossos rios. Se notamos que um pequeno
ribeiro ou um rio que corta nosso horto florestal est com suas guas
barrentas em um dia de chuva forte, no devemos olhar para isso como se
no tivssemos nada a ver com o fato. Temos isso sim que ir at ele e lhe
perguntar de onde esto vindos esses sedimentos todos que esto a sujar
suas guas. Ser por acaso uma eroso de solo em alguma de nossas reas
florestais? Onde estaria acontecendo? Se estiver ocorrendo em rea de um
vizinho e no na nossa, o que devemos fazer? Achar que o problema dele
apenas? Erradssimo, se estiver na terra de terceiros, o exato momento de
praticarmos a tal de chamada Responsabilidade Social Corporativa de
irmos l lhe contar sobre as tcnicas de preveno eroso e de
conservao do solo.
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A eroso do solo uma das maiores causas de poluio de nossos rios
Enfim amigos, existem milhares de oportunidades em nosso dia-a-dia
florestal. um privilgio se trabalhar em uma rea florestal. Deveramos dar
um muito obrigado a Deus todo dia em que nos deslocamos por essas
florestas e interagimos com o meio ambiente. Como maravilhoso poder ir
trabalhar desfrutando as belezas de nosso eco-mosaico florestal onde se
mesclam as reas de Natureza protegidas e as plantaes orientadas para a
produo e produtividade. Se porm, ao irmos para nossas florestas,
estivermos com a mente desviada apenas para os nmeros de custos, horas
trabalhadas, nmero de homens.hora por cada atividade, auditorias e outras
ferramentas mais de gesto operacional, podemos estar desprezando essa
maravilhosa oportunidade que enxergar os indcios que a Natureza nos
aponta de sua sade e vigor. Temos apenas e to somente que balancear
isso: as ferramentas de gesto so importantes, estar na frente do
computador para melhor nos preparar, idem. Entretanto, um bom
engenheiro e tcnico florestal no pode deixar de conversar com suas
florestas, correto? Voc j falou com elas recentemente?
Os conceitos de ecoeficcia, ecoeficincia e de produo mais limpa
foram bastante enfatizados em nosso captulo 09 do Eucalyptus Online
Book (Ecoeficincia e produo mais limpa para a indstria de celulose e
papel de eucalipto - http://www.eucalyptus.com.br/capitulos/PT09_ecoeficiencia.pdf).
Agora, pretendo escrever um pouco e refletir com vocs sobre sua prtica na
rea florestal. No tenho o objetivo de escrever um tratado de engenharia
florestal, prometo. Seria impossvel se apresentar em um captulo de cerca
de 110 pginas todas as centenas de oportunidades que existem para se
otimizar as operaes florestais atravs da ecoeficincia e da P+L. Deixarei
essa tarefa para vocs, aps a leitura desse captulo. O que tenho em mente
trazer a vocs algumas situaes de nossa vida diria na rea de florestas
http://www.eucalyptus.com.br/capitulos/PT09_ecoeficiencia.pdf).
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plantadas e inserir nelas os conceitos fundamentais de ecoeficcia,
ecoeficincia e da produo mais limpa. Atravs das mesmas, espero que
muitos dos leitores passem a refletir a gesto e a sua vida profissional com
um pouco desses conceitos inseridos. Evidentemente, estou me referindo
apenas queles que ainda no conhecem e no praticam essas tcnicas
ambientais. Mesmo aqueles que as praticam com outro nome podem
eventualmente se re-motivarem para a gesto mais ecoeficiente em suas
atividades profissionais.
Comearemos lembrando que toda vez que perdemos ecoeficincia
estaremos desperdiando insumos, matrias-primas e/ou tempo e
prejudicando nossa produo. Tudo isso significa desperdiar Recursos
Naturais, cada vez mais escassos. Tudo o que temos nossa disposio para
operar e gerenciar nossas plantaes florestais so recursos naturais. Se
usarmos mal dos mesmos, se os desperdiarmos, vamos estar colaborando
para se esgotar esse banco da Natureza. Alm disso, desperdcios geram
custos adicionais e menores resultados nos negcios.
Vamos exemplificar ento com nossos exemplos 03 e 04.
Exemplo 03:
Quando adubamos mal nossas recm plantadas florestas, sem uma
adequada avaliao da fertilidade do solo, sem conhecer as demandas
nutricionais da planta ou sem saber distribuir bem o adubo para a planta o
consumir, estaremos desperdiando recursos naturais triplamente. Porque?
Fcil, vejam. Primeiro o adubo custoso que ser mal aproveitado pela planta.
Segundo, na perda de produtividade da planta, que crescer menos rpido
do que deveria. Agrava-se com o fato a mato-competio que ser maior e
mais tratamentos com herbicidas se faro necessrios. Perdermos
triplamente, em todos os casos com reduo dos estoques de recursos
naturais.
Muito importante a boa nutrio mineral das mudas para elas crescerem bem
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Exemplo 04:
Temos que desenvolver seriamente a conscincia de alcanar a produtividade
florestal potencial e vivel em nossas reas florestais. Se a meta factvel de
uma produtividade de 45 m/ha.ano e com colheita prevista para os 7 anos,
devemos nos esforar para manter efetivamente essas metas. Se isso no
ocorrer, as conseqncias para a Natureza sero perversas. A primeira delas
que vai faltar madeira e os gestores da empresa com enorme probabilidade
vo optar pela agresso s florestas mais jovens, colhendo-as com 5 ou 6
anos, mesmo e apesar das menores produes que oferecero. Afinal diro,
nossas fbricas no podem parar por falta de madeira. Ao se fazer isso
estaremos impactando em muito a Natureza. O impacto sobre o solo ser
muito mais acentuado, j que ser reduzido o perodo para o conhecido
fenmeno da ciclagem dos nutrientes. Alm disso, a menor produtividade e
oferta de madeira produzida exigir mais reas a serem plantadas. Isso
significa mais impactos ambientais: mais insumos agrcolas, mais consumo
de combustveis nas mquinas, etc., etc. Acredito que nem todos que
trabalham no setor imaginam que quanto menor a produtividade florestal em
termos de ritmo de crescimento, maior pode ser o impacto ambiental.
Florestas altamente produtivas e implantadas com tcnicas adequadas de
sustentabilidade podem ser muito mais ecoeficientes do que florestas de
baixo incremento mdio anual. uma questo apenas de se avaliar como
essas florestas produtivas foram plantadas, manejadas e colhidas. Se
seguiram os princpios de bom manejo florestal, elas definitivamente so
mais ecoeficientes do que as de menor crescimento.
Muitas vezes, so as decises tomadas no planejamento das
operaes que prejudicam a performance ambiental de nosso
empreendimento. Escolhendo opes inadequadas estaremos sendo
ineficazes e resultando em maiores danos ambientais. Segue nosso exemplo
05 para lhes mostrar como a ineficcia na deciso pode resultar em uma
escalada de problemas ambientais.
Exemplo 05:
muito comum que o projeto de uma fbrica de celulose ou papel considere
o uso da casca da rvore como fonte de biomassa combustvel, alm da
tambm utilizada lenha fina. O nosso projeto em questo prev que quando
as rvores so abatidas, as toras colhidas so levadas do campo para a
fbrica com casca. Tambm as toras de pequeno dimetro como as de
ponteiros, galhos grossos e rvores finas so tambm colhidas e levadas
para serem queimadas. Alm disso, no processamento interno da madeira na
fbrica se geram novas fontes de biomassa. So madeiras resultantes da
picagem das toras: lascas, cavacos sobre-dimensionados, serragem, etc. O
resultado tem sido muito comum na grande maioria das empresas: sobra
biomassa energtica na fbrica. Em geral sobra a casca, pois ela a de pior
qualidade dentre essas biomassas citadas. Hoje, as modernas fbricas de
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celulose e de papel so muito mais ecoeficientes no consumo de energia
eltrica e trmica. Por isso, as demandas diminuram muito para esses tipos
de energia nas recm construdas fbricas. Caso a empresa no tenha
projetado formas para queimar toda a biomassa e vender energia eltrica
para o mercado, a sobra de biomassa ser inevitvel. Surgiram ento
fantsticos projetos de compostagem de biomassa para retorn-la floresta
como adubo orgnico. Ou ento, surgem clientes externos para comprar o
resduo casca, em geral pagando um preo miservel por ela. Isso porque o
objetivo da empresa se livrar do resduo, evitando que ele se acumule e
tenha que custar uma enormidade para ser disposto em um aterro. A pior e
mais eco-ineficiente das solues desenvolvidas por muitas empresas se
colocar essa casca toda em bota-foras ou aterros industriais da fbrica.
Quando isso vier a acontecer, pelo menos que no se misturem os resduos
de casca com outros resduos qumicos industriais. Se isso acontecer,
estaremos condenando a casca a dormir para sempre no aterro.
Alguns at usam esse resduo de casca biomassa para aterrar reas, coisa
completamente desaconselhvel, pois trata-se de material orgnico que se
decompor e perder volume com o tempo. Alm disso, essa decomposio
quando anaerbia gerar metano, um gs indesejvel para a atmosfera.
rea de disposio de casca excedente em aterro industrial
Tenho visto muitos projetos de compostagem dessa casca excedente.
Quando est envolvida apenas a casca removida na lavagem das toras
descascadas, acho isso muito bom. A casca rica em nutrientes e melhora a
estruturao da pilha a compostar. Ideal associar sua compostagem com a
dos lodos da rea de tratamento de efluentes. Entretanto, retirar a casca
biomassa em grandes volumes, compost-la e lev-la de novo floresta,
considero medida ambiental de segunda categoria. Isso porque assumimos
que a casca dever vir para a fbrica e sobrar nela como resduo.
Consumimos energia e trabalho para transport-la, manuse-la, armazen-la
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e devolv-la ao campo. Toda gerao de resduos implica em grandes
despesas com mquinas, reas de disposio e estocagens, operaes, etc.
Tudo isso tem custos e gera impactos ambientais.
Em uma situao como essa, basta que os ecoeficientes engenheiros
florestais e da rea de projetos faam um adequado balano da oferta e
demanda de biomassa energtica. Conhecido quanto de casca vai sobrar ou
est sobrando, basta redesenhar a colheita florestal de forma que essa parte
que sobra permanea no campo sobre o solo florestal. Isso significa ter um
sistema misto de colheita, uma parte colhendo as rvores sem descasc-las
e outra parte, descascando. Apenas a quantidade necessria de toras com
casca seria colhida dessa forma e encaminhada para a fbrica.
Esse um exemplo muito simples para a prtica da ecoeficcia, com
economia de custos, investimentos, simplificaes e menores impactos
ambientais.
to simples se raciocinar em base dos princpios da ecoeficcia e da
ecoeficincia, no mesmo?
Um comportamento inadequado em nossa forma de atuar
gerencialmente que toda vez que um problema surge, tentamos resolv-lo
onde ele est ocorrendo. Veja o exemplo da casca recm mencionado. Se a
casca est sobrando, pensamos: o que vou fazer com ela? Compostar? Levar
para a floresta? Vender? Aterrar? Poucos esto orientados para achar a
origem do problema, que nesse caso exatamente o envio da casca em
excesso para a fbrica. A soluo est ento em enviar a exata quantidade
de casca que ser utilizada como biomassa combustvel e nada mais que
isso. Ao sobrar como resduo, esse excedente de casca estar sendo tratada
como resduo, mudar de dono na gesto, consumir recursos,
prejudicando o negcio e o meio ambiente.
Acredito que agora, depois desses argumentos iniciais, poderemos
iniciar nosso captulo em si. Inicialmente farei algumas consideraes sobre
os conceitos de ecoeficcia, ecoeficincia e produo mais limpa, procurando
continuar a associar esses conceitos produo de florestas plantadas. A
seguir, procurarei dar um passeio pela rea florestal com vocs. Iremos
visitar as mais diversas das operaes florestais, no intuito de encontrar
oportunidades de melhorias juntos. Finalmente, trarei mais alguns exemplos,
com avaliaes mais detalhadas de como deveriam ser avaliados luz dos
conceitos que estamos apresentando.
Alguns dos leitores podem se questionar porque estou mostrando
apenas pontos a melhorar e a otimizar. Fao isso na maior das boas
intenes. Tenho absoluta certeza dos enormes ganhos e da maravilhosa
tecnologia que temos no Brasil para o setor de florestas plantadas. Mas j
disse antes: sempre possvel se melhorar ainda mais. Por isso meu foco
apenas em alguns itens que suspeito que podem ser significativamente
melhorados pela adoo da tica da ecoeficcia, ecoeficincia e P+L.
16
Portanto, no fiquem tristes ou irritados com meus exemplos de eco-
ineficincias.
=============================================
REVISANDO CONCEITOS SOBRE ECOEFICCIA, ECOEFICINCIA E
PRODUO MAIS LIMPA
Nessa seo pretendo trazer alguns conceitos bsicos para os
iniciantes nessas ferramentas de gesto de negcios associada gesto
ambiental. Existe uma enormidade de publicaes sobre ecoeficincia e
produo mais limpa. Alguns de meus captulos anteriores procuraram
detalhar bastante esses conceitos. Sugiram que dem uma navegada por
eles, so grtis e podem ser descarregados por vocs, bastando clicar no
endereo de URL correspondente.
Sugiro que leiam:
Casca da rvore do eucalipto: aspectos morfolgicos, fisiolgicos, florestais,
ecolgicos e industriais, visando a produo de celulose e papel. (1.5 MB em
PDF)
http://www.eucalyptus.com.br/capitulos/capitulo_casca.pdf
Resduos slidos industriais da produo de celulose kraft de eucalipto -
Parte 01: Resduos orgnicos fibrosos .(9 MB em PDF)
http://www.eucalyptus.com.br/capitulos/PT05_residuos.pdf
Ecoeficincia na gesto da perda de fibras de celulose e do refugo gerado na
fabricao do papel. (8.8 MB em PDF)
http://www.eucalyptus.com.br/capitulos/PT06_fibras_refugos.pdf
Uma pequena
aula de P+L e
de
ecoeficincia
para vocs
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Gesto ecoeficiente dos resduos florestais lenhosos da eucaliptocultura. (6.9
MB em PDF)
http://www.eucalyptus.com.br/capitulos/PT07_residuoslenhosos.pdf
Ecoeficincia e produo mais limpa para a indstria de celulose e papel de
eucalipto. (1.3 MB em PDF)
http://www.eucalyptus.com.br/capitulos/PT09_ecoeficiencia.pdf
Oportunidades para ecoeficcia, ecoeficincia e produo mais limpa na
fabricao de celulose kraft de eucalipto. (21.3 MB em PDF)
http://www.eucalyptus.com.br/capitulos/PT10_ecoeficiencia.pdf
Apesar de muito existir publicado sobre esses fundamentos, eles so
muito pouco utilizados ainda nas reas florestais das empresas que plantam
florestas de eucaliptos. Aparentemente, os gestores desse tipo de empresas
encontram-se to ocupados e maravilhados com a utilizao das normas das
sries IS0 9000, IS0 14000, OHSAS 18000 e com as certificaes florestais
do manejo e da cadeia de custdia (FSC, CERFLOR ou algum outro sistema
reconhecido pelo PEFC) que ainda no descobriram as vantagens da
ecoeficincia, ecoeficcia e da P+L. No vou propor nesse captulo que a
ferramenta que vamos relatar passe a ser a mais importante ou a nica
para o setor florestal. Tenho certeza que o setor florestal brasileiro vem
sendo bastante competente com o que vem realizando na sua busca da
sustentabilidade. Por outro lado, ficarei muito feliz e realizado se os leitores
desse captulo aprenderem a essncia conceitual do que tenho como objetivo
lhes passar.
Na realidade, a ecoeficincia e a P+L ajudam e muito a se enxergar
melhor o mundo do desperdcio. Elas nos permitem escolher opes para
eliminar ou reduzir perdas, retrabalhos, desperdcios, resduos, poluio, etc.
Elas tambm nos conduzem a resolver os problemas onde eles esto sendo
gerados e no a procurar medidas mitigadoras para as conseqncias desses
problemas. muito comum pela tica normal que quando um resduo ou
uma poluio surja que se questione como trat-lo. J pela tica da P+L,
quando um resduo aparece a primeira pergunta porque esse resduo est
aparecendo? As que se seguem so: quais as causas de sua gerao e como
eliminar essas causas geradoras em sua raiz?
Vou lhes trazer mais dois exemplos ento para elucidar isso.
Exemplo 06:
Caso no meu viveiro florestal eu tenha uma certa percentagem de mudas
refugadas que acabam se transformando em um resduo orgnico e tambm
gerem um substrato dos tubetes a ser descartado, disposto ou reprocessado,
a ecoeficincia e a P+L no vo se ocupar apenas em tentar resolver o
problema desses resduos (material orgnico das mudas mortas e substrato
18
perdido). A P+L vai procurar descobrir a razo de tantas mudas defeituosas
ou mortas. Seriam as sementes de m qualidade? Seria a forma de cortar as
mini-estacas? Seria a juvenilidade do material do jardim clonal? Seria a
inadequao do substrato(pH, umidade, patgenos, etc.)?
Material que virou resduo retirado dos tubetes de mudas que no vingaram
Exemplo 07:
Ao se implantar um povoamento, temos sempre algumas mudas que morrem
e precisam ser replantadas. Os ndices de replantio so baixos, variam entre
1,5 a 5% nas boas empresas florestais. Entretanto, isso um retrabalho,
uma perda de mudas, de insumos e de incremento florestal. A ecoeficincia
no se contenta em aceitar essa operao de replantio como se ela fosse
uma operao necessria para o reflorestamento: sua meta acabar com
ela. A ecoeficincia impe que busquemos todas as causas para a morte das
mudas no campo e que encontremos solues para elas. Essa operao de
replantio viciosa, ela no agrega nada, s consome recursos naturais,
custo, desperdcio. Maior o replantio, mais eco-ineficientes estamos sendo.
As mudas recm plantadas no deveriam morrer. Temos mais uma vez que
perguntar a elas porque esto morrendo?
Mudas de eucaliptos: plantio em cova esquerda e em sulco direita
19
A gesto pela ecoeficincia est na constante busca de melhores
tecnologias, que gerem menos perdas, menos refugos, menos desperdcios,
menos resduos, menos poluio e menos retrabalho. O objetivo no atuar
sobre a poluio, sobre os resduos e aceitar os retrabalhos como parte do
processo. O objetivo elimin-los ou reduzi-los. S ento aceitar tratar o
que foi impossvel de se reduzir (por enquanto!!).
Conceitualmente, quando introduzimos essa forma de raciocinar,
passamos a enxergar de outra forma nossas operaes, mquinas, pessoas
que trabalham conosco, etc. Agregamos muito em nossa gesto por
continuadas melhorias. Deixamos de conviver passivamente com os
problemas, acreditando que eles sempre existiram, ento poderiam continuar
a existir.
Eficcia est associada frase escolher certo o que deve ser feito.
J Eficincia est ligada frase fazer bem o que deve ser feito. Isso
significa que mesmo que nossa deciso pelo pouco uso da eficcia no tenha
sido boa, ao escolher um processo no adequado, se o fizermos operar muito
bem, estaremos sendo eficientes. Eficcia e eficincia devem ser praticadas
juntas. Em primeiro lugar devemos buscar sermos eficazes, selecionando
bem as alternativas que se oferecem a ns. Isso pode ser tambm
denominado de Estratgia. Analisamos alternativas estratgicas e
selecionamos as que parecem mais favorveis ao nosso negcio, nossa
vida e ao ambiente que ser impactado. Aps elegermos as alternativas que
queremos implementar, devemos procurar faz-las bem, o melhor possvel.
aqui que entra a eficincia, fazermos o melhor possvel essa
implementao. Eficincia resultado de Gesto, podendo essas palavras
serem confundidas na vida empresarial. Portanto, a Ecoeficcia consiste em
se eleger as alternativas de processo que sejam melhores tanto para a
empresa como para o meio ambiente. No devemos escolher uma alternativa
que s privilegie o meio ambiente e no resulte em produo
economicamente sustentvel ou seja socialmente injusta. Tampouco
devemos escolher uma alternativa que s d resultados empresariais e seja
altamente danosa ao meio ambiente ou s pessoas da empresa e da
comunidade.
Tenho visto esses conceitos de ecoeficincia e ecoeficcia sendo
tomados com sendo a mesma coisa. Um pouco de ingenuidade de quem
assim considera, j que as palavras origens so definitivamente distintas. Por
essa razo enfatizaremos muito nesse captulo de nosso livro que nossos
tcnicos devem avaliar muito bem as alternativas tecnolgicas de que
dispem para escolher as melhores (ecoeficcia) e depois de escolhidas, ao
us-las devem fazer isso com os menores desperdcios possveis,
minimizando perdas e resduos (ecoeficincia).
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J mencionamos diversas vezes que o nosso propsito com essa srie
de captulos sobre ecoeficincia e produo mais limpa dar nossa
colaborao, que agregadas a outras, possa ajudar para que os setores, que
se apoiam nos eucaliptos como base de seus negcios, possam caminhar
mais rapidamente na busca da sonhada Sustentabilidade.
Conforme caminhamos com a tica desses conceitos passamos a
enxergar mais e mais problemas a serem atacados e resolvidos. No se
desesperem se eles parecerem muitos, vocs esto apenas comeando a
enxergar mais daquilo que estavam perdendo sem colocar ateno. Esse
desafio estimulante, quanto mais pessoas envolvidas melhor.
Curioso que passamos a ver os problemas sobre um prisma
completamente diferente do usual. Mais ou menos do tipo desse pequeno
exemplo a seguir: meu carro est funcionando mal, o motor est falhando.
Levo oficina para consertar o motor, gasto uma enormidade com o suposto
conserto e ajuste, mas o problema continua. Troco de posto de gasolina por
acaso em uma viagem e noto que o problema desaparece. O problema no
estava no motor e sim no combustvel adulterado. Podemos com alguma
facilidade quantificar esse problema em termos de seus valores econmicos
desperdiados com a gasolina pior performante, com os ajustes de motor,
etc. Isso tambm muito importante ao gestor. No se contentar apenas
com a troca do posto de gasolina, mas em comparar esse novo com o
anterior. Para isso, ele criar indicadores para medir as eficincias. Quem
nos garante que no poder encontrar logo um outro posto com melhores
resultados para esses indicadores criados? A ecoeficincia implica em medir,
quantificar, comparar e em desenvolver indicadores chaves para que a
gesto do problema se faa de forma melhor.
Vamos ento de forma muito objetiva definir finalmente esses
conceitos aos que nos lem pela primeira vez:
Produo mais limpa (P+L) est relacionada reduo de poluio ou do desperdcio na sua origem. Ou seja: se um resduo ou um desperdcio
existe, onde ele foi ou est sendo gerado, e o que deve ser feito para
evit-lo em sua origem?
Produo mais limpa pode ser entendida como uma estratgia para melhorar continuamente os processos, produtos e servios, a eficincia
operacional, a qualidade ambientais, aumentando resultados econmicos
por reduo de custos; e, finalmente, permitindo se caminhar em direo
ao desenvolvimento sustentvel.
Ecoeficincia pode ser resumida pela prtica dos 3 Ms: fazer Mais, com Menos e Melhor. Significa incluir a melhor eficincia possvel em nossos
processos, quaisquer que seja eles: administrativos, industriais, florestais,
gerenciais, etc. Isso significa se fazer o melhor produto com o menor uso
de insumos tais como madeira, fibras, energia, gua, etc. e com as
21
mnimas perdas. A pouca eficincia resulta em resduos, poluio,
desperdcios e retrabalhos.
Ecoeficcia consiste fundamentalmente em escolher melhor as alternativas que temos nossa disposio quando gerenciamos nossas
atividades, nesse caso as nossas florestas. Essas alternativas devem focar
no apenas na produo, no processo e nos custos envolvidos, mas ainda
nos impactos Natureza e s pessoas. Seremos ecoeficazes quando
aprendermos a ponderar bem esses trs pilares do desenvolvimento
sustentvel com o foco no longo prazo e no s na viso imediatista do
curto ou curtssimo prazo.
Existe uma muito pequena diferena conceitual entre Ecoeficincia e
Produo mais Limpa. A ecoeficincia tem o foco no processo tecnolgico, ela
busca torn-lo mais eficiente, consumindo menos gua, matrias-primas,
energia, etc. Com mais ecoeficientes operaes teremos menores geraes
de resduos, perdas, poluies. A P+L foca diretamente o desperdcio, o
resduo, a perda. Conhecendo o valor considerado destrudo por eles, a
P+L busca encontrar as solues para mudar processos, mtodos,
procedimentos, etc., de forma a eliminar ou reduzir esses desperdcios.
Ambos os conceitos so interdependentes e buscam formas melhores de se
produzir alguma coisa, qualquer coisa, seja em qualquer tipo de atividade
humana. Pode ser uma atividade florestal, industrial, de servios, ou mesmo
atividades rotineiras em nossa vida domstica. Por essa razo, elas so mais
do necessrias em nossas florestas plantadas.
Para se praticar a ecoeficcia e a ecoeficincia h que se ter
quantificaes, sendo essas tanto de natureza de impactos ambientais,
econmicos e sociais. muito difcil se tomar decises apenas baseadas em
feelings. Para o gestor de nossas florestas plantadas de eucaliptos, sempre
importante a avaliao das alternativas para ser mais eficaz. Como somos
tcnicos, os nmeros ajudam muito nas decises. Portanto, a adequada
mensurao de custos, retornos, danos e gerao de desperdcios
fundamental para a prtica da produo mais limpa. Alis, quantificar o valor
de uma perda, de um desperdcio ou de um resduo a ferramenta bsica na
aplicao da produo mais limpa. Com isso, podemos tomar decises mais
seguras (praticando a ecoeficcia) e buscar tanto os resultados econmicos
para que a empresa cresa e melhore, como para minimizar seus impactos
ambientais.
Qualquer quantificao implica em se medir com ferramentas e
mtodos adequados, sem empirismos e sem tendncias ou preconceitos. A
quantificao deve ser feita com a maior qualidade possvel e sem a
indesejvel prtica de se tentar provar as nossas idias e o que estamos
pensando. As quantificaes iro orientar nas decises para sermos mais
ecoeficazes, para escolhermos as coisas mais corretas a se fazer. Quando
temos ineficincias elas aparecem na forma de perdas de produo, de
22
energia, de matrias-primas, etc. Ao termos perdas, como na Natureza nada
desaparece sem deixar vestgios, geramos mais poluio, mais efluentes,
mais resduos. Em resumo, impactamos mais e danificamos mais o meio
ambiente (pouca ecoeficincia no processo). Gastamos mais para tratar essa
poluio e aumentamos nossos custos pelo maior uso de matrias-primas
insumos, energia, etc. Gastamos ainda mais para tratar e dispor os resduos.
Em resumo, o mundo do menos est criado e ns seremos responsveis por
ele.
Uma adequada quantificao implica em se levantar os seguintes
dados:
Valor negativo da perda fsica e monetria de produo;
Valor negativo da matria-prima desperdiada;
Valor negativo da agregao de custos no processo e que descartamos junto com a perda ou resduo;
Valor negativo para manusear, tratar e dispor esse resduo gerado pela nossa ineficincia ou eco-ineficincia, j que os resduos impactaro o
meio ambiente;
Valor positivo da eventual venda do resduo.
Valores fsicos negativos dos impactos ambientais causados pela eco-ineficincia em questo (Demanda Qumica de Oxignio, consumo de
gua, gerao de efluente, consumo de energia, reduo da qualidade de
vida da fauna e flora, etc.)
Valores negativos para as pessoas da empresa e da comunidade (ergonometria, trabalho inseguro e difcil, odor e desconforto,
insatisfaes com o trabalho difcil no manuseio do resduo, toxicidade no
ambiente, doenas resultantes da operao ineficiente, etc.)
Na seo sobre Estudos de caso para novas oportunidades em
ecoeficincia e P+L na rea florestal, ainda nesse captulo de nosso livro,
teremos alguns exemplos apresentados com esse tipo de quantificaes a
ttulo de exemplos para vocs.
Qualquer implementao de um programa de ecoeficincia e de P+L
em um empresa exige dois condicionantes bsicos:
Comprometimento gerencial; Sensibilizao e conscientizao de todos os envolvidos.
23
Essa ordem muito importante e quem primeiro deve ser
sensibilizado exatamente o corpo gerencial da empresa. A obteno de
resultados depende necessariamente e decisivamente do nvel de
conscientizao e de comprometimento dos gestores da empresa.
A etapa seguinte para Avaliar a cultura e Identificar as possveis
barreiras que possam existir na empresa e nas pessoas da empresa. Cultura
empresarial algo muito importante. Muitas vezes, a cultura que se
desenvolveu em uma empresa por demais focada em custos e em
resultados. Todos trabalham forte para isso, pois so fortemente cobrados.
Quando isso ocorre, as pessoas tendem a deixar escapar indicadores
importantes de como nossas plantas de eucaliptos esto crescendo nas
florestas. Quando um tcnico com forte cultura para custos e resultados
entra em uma plantao florestal, ele s enxerga operaes que custem
valores monetrios e entende que deve minimizar as despesas com as
mesmas. Ele tambm foca muito sua atuao no inventrio florestal,
acompanhando os incrementos mdios anuais e os incrementos correntes,
imaginando a hora que deve cortar a floresta para mximo resultado
econmico. Em resumo, sua mente est desviada para planilhas de custos,
indicadores de performance operacional e para os resultados dos inventrios
florestais. Ele deixa com isso de dialogar com as florestas, talvez at mesmo
nunca tenha tido essa felicidade. Mas nunca tarde para se aprender isso,
at mesmo porque agrega uma enorme felicidade na nossa vida de tcnico
florestal.
Exatamente pela necessidade de se definir o escopo de nosso estudo,
importante se comear uma etapa de Descrio do processo. O ideal se
fazer inicialmente uma descrio global do fluxograma produtivo geral da
empresa desde a obteno das sementes ou estacas at a sada da madeira
dos portes dos hortos florestais. A seguir, esse macro-processo pode ser
dividido em processos menores, na maioria das vezes associados a uma rea
de gesto. Para cada rea do processo se deve ento se repetir o trabalho de
se criar uma descrio para ele.
Uma nova etapa e muito importante em qualquer programa de
ecoeficincia a de Identificar todas as perdas, desperdcios, retrabalhos e
gerao de refugos e de poluio que estejam ocorrendo na empresa. Isso
pode at mesmo ser uma parte do chamado Diagnstico ambiental das
perdas e desperdcios nos processos, onde no apenas as perdas so
identificadas, mas elas so tambm quantificadas pelas equipes
operacionais. Por processos podemos entender qualquer uma fase
empresarial que se queira avaliar. Pode ser o viveiro, a operao de plantio,
a colheita florestal, o transporte de toras, o planejamento prvio da rea
florestal, a rea de recursos humanos, o treinamento dos funcionrios, etc.,
etc. H empresas que procuram aplicar os conceitos da ecoeficincia apenas
24
em setores crticos e que so grandes consumidores de matrias-primas e/ou
grandes geradores de resduos. Essa tambm uma opo. Melhor do que
nada fazer. Como j dispomos da descrio do processo produtivo geral e
das reas a avaliar, fica bem mais fcil se debruar sobre essas reas j bem
conhecidas e identificadas em seus limites e escopos.
Tenho absoluta certeza de que, por mais certificada e ambientalmente
correta que seja a empresa, com a equipe da empresa avaliando com toda
sua criatividade os processos da mesma, vo ser identificadas algumas
centenas de ineficincias. preciso no ter receio de se exp-las, j que
todos estaro buscando a soluo das mesmas. No se trata de caa aos
culpados, mas de caa nossa reconhecida capacidade de desperdiar
coisas, atributo inerente ao ser humano.
Na maioria das empresas em que realizamos esse trabalho surgem
sempre listas com centenas de ineficincias. Toda e qualquer ineficincia
consome mais recursos do que deveria e com isso gera mais perdas e
prejuzos econmicos e ambientais. Com isso, aumenta a poluio, aumenta
a quantidade de resduos e os custos para se processar isso tudo. Aumentam
tambm os custos de produo pelo maior consumo de energia, matrias-
primas, trabalho, etc.
Identificados os desperdcios e as ineficincias em nossos processos,
a fase seguinte uma das mais importantes: Quantificao das perdas.
O Uso de balanos de massa e de energia nos ajudam a entender
melhor cada uma das nossas perdas. Quem melhor do que os tcnicos da
empresa e dos setores em avaliao para fazer esses balanos. Muitos
jamais fizeram isso, sempre acreditaram que balanos de massa eram coisas
de engenharia qumica e no da rea florestal. Entretanto, a ferramenta do
balano de massa to simples e to til que pode e deve ser usada por
qualquer um da empresa. to somente uma forma de se enxergar melhor
as entradas e as sadas de qualquer processo.
Identificadas as perdas, quantificadas as mesmas em suas dimenses,
a prxima etapa a de Entender as causas dessas perdas e desperdcios.
Essa etapa s vezes a mais difcil, pois pode mexer com a vaidade de
algumas pessoas, que no admitem serem elas as responsveis pela gerao
das ineficincias. Como reage um gestor de rea quando se descobre que
sua rea est perdendo muita madeira por procedimentos que ele mesmo
havia estabelecido. Como ele reagiria quando so desvendados nmeros das
quantificaes, que ele nunca havia medido e desconhecia completamente.
Por isso, muito importante se ter um trabalho a nvel comportamental,
durante a implementao da cultura de se trabalhar pela ecoeficincia e
produo mais limpa. Com isso, poderemos ajudar que as pessoas
entendam que as fraquezas e debilidades podem ser alavancas para se
conquistar fortalezas logo a seguir. E elas so partes vitais para essas novas
conquistas.
25
Conhecendo os problemas; quantificados os mesmos em seus valores
econmicos, ambientais e sociais; identificadas as causas; est agora ento
no momento de se Identificar as oportunidades e de se Selecionar as
mais relevantes para serem enfrentadas e solucionadas. A seguir, para as
oportunidades selecionadas, deve-se Definir as mudanas necessrias para
a eliminao ou reduo da ineficincia. Essas mudanas podem ser de
tecnologias, de procedimentos, de pessoas, de simplificaes processuais, de
gesto, de manuteno, etc., etc. Mais uma vez as quantificaes so vitais.
Com a nova tecnologia ou com a nova metodologia, quanto esperamos
reduzir de perdas? Quais sero os investimentos? Quais sero os novos
custos? Quais sero os valores de produtividade esperados? Qual ser o
pay-back das modificaes sugeridas para implementao? Quais os
indicadores a avaliar para acompanhar o sucesso da mudana? Como ser
garantida a perpetuao dos ganhos conseguidos? Como o processo ser
monitorado?
Outra coisa muitssimo importante e que nunca deve ser esquecida
a interdependncia que existe entre as diversas reas de uma empresa
florestal. No podemos tentar solucionar apenas nossos problemas sem
plena avaliao das implicncias de nossas aes nas reas que so afins e
relacionadas nossa. Por exemplo, a rea da colheita florestal se relaciona
muitssimo com a rea da silvicultura. Uma atividade de baixa ecoeficincia
na colheita pode prejudicar a rea de silvicultura. Ao se trocar a colheita
semi-mecanizada pela colheita mecanizada com mquinas pesadas podemos
ter um efeito de compactao do solo que agravaria as operaes da
silvicultura ao se reformar a rea recm colhida. Por essa razo, sempre
deve existir um dilogo forte e honesto entre as reas para que as mudanas
sejam para melhorar o todo e no apenas parte do todo.
A colheita florestal mecanizada pode trazer o problema de compactao do solo para as
operaes subsequentes da silvicultura Algo a ser estudado e evitado
Gosto muito de usar a etapa de Descrio do Processo Produtivo
associada com a Quantificao de Perdas e de Eficincias valendo-me de
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Balanos de Massa para calcular as ineficincias e as eficincias. Vejamos
um exemplo de um viveiro clonal de produo de mudas a ttulo de
exemplificao bem sucinta.
Exemplo 08: Descrio do processo produtivo de um viveiro de mudas
clonais
Entradas Operao Sadas
gua
Tubetes
Substrato
Adubo
Energia eltrica
Preparao e
enchimento dos
recipientes
Recipientes cheios
Efluentes lquidos
Resduos slidos
Tubetes defeituosos
gua evaporada
gua perdida para o solo
Entradas Operao Sadas
gua
Adubos
Agroqumicos
Insolao
Energia eltrica
Produo de mini-
estacas em mini-
jardim clonal
Mini-estacas
Efluentes lquidos
Material orgnico
(resduos de plantas)
gua evaporada
gua perdida para o solo
Entradas Operao Sadas
Mini-estacas
gua
Agroqumicos
Eventualmente hormnio
Energia eltrica
Plantio das mini-
estacas
Mini-estacas plantadas
em tubetes
Efluentes lquidos
Resduos slidos de
material orgnico e
substrato descartados
gua evaporada
gua perdida para o solo
Entradas Operao Sadas
Tubetes com substrato e
mini-estacas
gua
Agroqumicos
Adubos
Energia eltrica
Fase de enraizamento
e crescimento inicial
em estufa
Mudas enraizadas
Efluentes lquidos
Material orgnico como
resduos
gua evaporada
gua perdida para o solo
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Entradas Operao Sadas
Mudas enraizadas
gua
Agroqumicos
Adubos
Energia eltrica
Fase de crescimento e
adaptao
Seleo
Mudas prontas
Efluentes lquidos
Resduos slidos de
descarte de mudas
defeituosas ou mortas
gua evaporada
gua perdida para o solo
Entradas Operao Sadas
Mudas prontas
Recipientes porta-mudas
gua
Agroqumicos
Estocagem de mudas
prontas
Mudas para o plantio
Efluentes lquidos
gua evaporada
Resduos slidos
Tubetes estragados
gua perdida para o solo
Todas essa entradas e sadas devem ser quantificadas pela rea que
busca melhorar a eficincia operacional.
Por exemplo:
quantos tubetes entram em cada fase do processo? Quantos tubetes se perdem nas diversas fases do processo: porque
se estragam? esto defeituosos, etc.?
Quanto de gua entra em cada fase do processo? Quanto de gua realmente aproveitada pelas plantas e quanto de
gua se perde pela evaporao, pela infiltrao no solo e pelo
efluente?
Quanto de fertilizantes e de agroqumicos so colocados em cada fase ou etapa do processo?
Quanto de fertilizantes e de agroqumicos se perdem? Por quais sadas? Para o solo? Nos resduos slidos? Nos efluentes lquidos?
Etc., etc.
Essas avaliaes podem ser feitas com dados diretos da produo ou
solicitadas medies aos laboratrios da empresa. Preparem-se para grandes
surpresas meus amigos, estamos quase sempre desperdiando muita gua,
muitos agroqumicos, muitos fertilizantes nesses viveiros mais convencionais.
Podemos em fase seguinte voltar ao mesmo fluxograma do processo
do viveiro acima e colocar os dados quantitativos levantados. importante
28
se definir qual ser a base do balano de massa, na forma de um perodo de
produo: pode ser um dia, ou uma semana. No pode ser muito longo
porque o perodo de produo de mudas curto, no mximo 90 a 120 dias.
Muitas vezes, para se obter tais dados se faz necessrio usar os
nossos amigos Balanos de Massa. Eles se baseiam nas quantificaes das
entradas e sadas, quer sejam de matrias-primas, gua, etc. As sadas
fluem nos efluentes lquidos, infiltrao no solo, evaporaes, junto com as
mudas, nos resduos slidos, etc. No podemos nos esquecer de tambm
computar nos clculos os dados referentes aos estoques e acumulaes
embutidas no processo, quer seja de produtos, matrias-primas, etc.
Operaes de produo de mudas em viveiros de sementes e de clones
Vamos agora dar um pequeno exemplo de como se fazer um balano
de material ou de massa em nosso acima estudado viveiro. O valor para a captao de gua em geral fcil de se obter em funo da bomba utilizada
para buscar a gua na fonte de suprimento, em geral um curso dgua ou
29
um aude. Entretanto, muitos poucos sabem para onde essa gua vai e quo
eficientemente ela usada no viveiro, em suas diferentes sees. Tambm
poucos conhecem ou j calcularam quanto de gua migra para o solo, ou se
evapora sem sequer atingir as mudas ou o solo, etc. Essas quantificaes
so fundamentais j que elas vo nos ajudar a conhecer quo eficientes ou
ineficientes estamos sendo no uso da gua captada. Nosso balano ter a
finalidade de esclarecer, de identificar e para ajudar a tomadas de decises.
Ele pode ser em alguns momentos baseado na melhor estimativa, j que no
um balano estequeomtrico, nem para ter uma preciso topogrfica.
Exemplo 09: Balano de gua na seo de lavagem dos tubetes
(recipientes)
Seria difcil se quantificar isso? Com certeza no ! Basta algumas
medies simples, at mesmo por meios empricos. A mais difcil delas talvez
seja a medio de umidade a ser feita no laboratrio. Como em todo bom
balano de massa, a gua evaporada pode ser calculada por diferena.
Tratamento
Efluentes
GUA
gua ao
Solo
OUTROS
PROCESSOS
LAVAGEM
TUBETES
Efluentes
gua que vem
com tubetes
gua que entra
para a lavagem
gua saindo
junto tubetes
Evaporao
30
Com esse tipo de modelo de balano e mesma forma de procedimento
podemos fazer os balanos de cada rea do viveiro e assim conhecer muito
bem nossas eficincias e ineficincias no uso da gua captada para ele.
Tubetes sujos e aguardando para remoo do substrato e posterior lavagem
Nos consumos de gua de um viveiro de mudas, no podemos
esquecer que as mudinhas possuem muito pouca folhas, elas no fazem
muita transpirao. As formas de se perder gua so outras. A maior parte
da gua que se lana por irrigao ou evapora, ou cai ao solo, ou vai para os
efluentes do viveiro. uma parte do processo que desperdia muita gua. O
pior que a gua um veculo para arrastar junto tudo que ela encontra:
fungicidas, herbicidas, inseticidas, fertilizantes, argila, areia, patgenos, etc.,
etc. Ela entra no viveiro como gua limpa, mas a maioria se perde e vira um
efluente carregado de poluio. Esse efluente inclusive merecedor de uma
estao especial de tratamento de efluentes por causa dos materiais
perigosos que contm.
Pergunto ento: O que mais caro e mais ineficiente? Ou mais ecoeficiente?
Perder gua, fertilizantes, agroqumicos e ainda ter que se tratar os efluentes contaminados em estao especial para esse tipo de efluentes,
como esse caso citado;
ou ento;
Buscar uma forma de irrigar as mudas sem desperdiar gua, encontrando ainda mecanismos de reuso interno das guas possveis de
serem recuperadas. Hoje j temos viveiros hidropnicos e semi-
hidropnicos e as tcnicas de gotejamento tambm so factveis conforme
a situao.
31
Com base nos ensinamentos da ecoeficincia e em nossa criatividade
intelectual podemos avaliar as diversas alternativas e ver qual delas custaria
menos em termos econmicos e quais os ganhos ambientais e sociais que
uma teria em relao outra. Com isso, nossa capacidade de decidir seria
mais eficaz.
Espero que esse exemplo possa ter servido para quem estiver
pensando em ampliar seu viveiro de produo de mudas, algo muito comum
no Brasil nos dias de hoje. O setor florestal baseado em plantaes de
eucaliptos cresce rpido e as necessidades de mudas tambm.
Macro-estacas em processo de enraizamento e recm irrigadas
Viveiro irrigado por hidroponia e com ferti-irrigao
(mnimo desperdcio de gua e de nutrientes mnima poluio tambm)
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Mudas clonais hidropnicas
As avaliaes e as quantificaes do suporte para as Avaliaes
tcnicas, econmicas e sociais e para a Seleo de oportunidades
tecnolgicas possveis de serem implantadas.
Na Avaliao Tcnica do processo produtivo muito importante se
responder s seguintes perguntas?
Os dados medidos e quantificados so confiveis? Existem dados importantes que no esto sendo medidos? Quais?
O processo est operando conforme o projetado? Est acima de seus limites? Onde?
A manuteno das mquinas do processo tem sido adequada? Existem fases ou operaes desnecessrias no processo? Faltam informaes tecnolgicas relevantes para a operao do processo? As matrias-primas utilizadas esto conforme os padres exigidos em
qualidade e confiabilidade?
H carncias constantes nos suprimentos de insumos? O planejamento das operaes permite ou no se trabalhar dentro de
padres razoveis de presso? Ou estamos sempre correndo atrs da
mquina para atender demandas novas e imprevistas?
Os estoques internos no processo so em nvel adequando, estudados para no serem sobre-dimensionados? As condies de estocagem so
adequadas?
Existe muita gerao de resduos e de desperdcios? Quais? Onde? Quanto? Por qu?
Existem produtos perigosos sendo perdidos para o solo, efluentes, etc.? Existem adequados sistemas de preveno de perdas? Existem adequados sistemas de tratamento de efluentes, resduos slidos,
rudos, emisses areas, etc.?
A embalagem dos produtos adequada? Existem perdas dos produtos devido a elas na estocagem e transporte?
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As operaes de manuseio e transporte so adequadas? H perdas nessas operaes? Que tipos de perdas? Elas geram retrabalhos?
Existe foco exagerado em custos (mnimo custo) e no em otimizao de custos (relao custo/benefcio)?
H escassez de recursos na empresa e que dificulta as mudanas para melhorias processuais?
Existe a cultura de se elaborar cuidadosos relatrios tcnicos justificando os novos investimentos para upgrades tcnicos no processo?
Existem desperdcios de energia eltrica no processo? Onde? Existem medies de consumo de energia eltrica nas fases mais importantes
desse consumo no processo? Algum avalia e otimiza esses consumos ou
a energia eltrica considerada um presente de Deus?
A gua tambm considerada um presente gratuito, por isso no se faz controle de suas quantidades e qualidades?
Existem cuidados em relao sade, segurana e aspectos ergonmicos do trabalho?
Os recursos humanos para operao so adequados em qualificao, motivao e comprometimento?
O trabalho sempre feito sob presso e com isso a qualidade no a ideal?
Os fornecedores de matrias-primas so confiveis e sempre fornecem produtos de acordo com as especificaes? Existem especificaes feitas
com clareza de nossa parte?
H bom intercmbio tcnico e relacional entre as reas que compem o fluxograma do processo produtivo? E com fornecedores? E com clientes?
Existe apropriado nvel de domnio tecnolgico para os processos em que estamos trabalhando hoje na empresa?
Qual o nvel tecnolgico desse processo? H tecnologias ultrapassadas sendo utilizadas? Quais? Elas geram muitos desperdcios e ineficincias?
Quais? J foram quantificadas? Existem valoraes para essas
ineficincias, perdas, etc.?
Etc.; etc.
J a Avaliao Ambiental implica em se ter uma viso clara de:
Quantidades geradas de resduos, efluentes, emisses areas, poluies, desperdcios, perdas de materiais, etc.;
Uso a maior de matrias-primas em relao ao que seria necessrio; Reciclagens internas de guas, materiais, compostos orgnicos, solos,
substratos, etc. que poderiam ser implementados mas no o foram e
sequer existem planos para isso;
Avaliao dos impactos positivos e negativos das atividades que estamos praticando (em qualquer das fases do processo, mesmo as no ligadas
diretamente com a produo);
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Atividades de preveno s perdas que esto implementadas ou esto em processo de avaliao;
Atividades de preveno e combate s perdas que sabemos que poderiam ser adotadas, mas nada estamos fazendo para tal;
Reduo de ameaas ambientais que possam resultar em multas, passivos ambientais, penalidades legais, etc.;
Avaliao da real adequao e conformidade legislao pertinente; Etc., etc.
Na Avaliao Social importante no mnimo considerar os seguintes
pontos:
Qualidade do trabalho (sade ocupacional, segurana, riscos, etc.); Qualificao dos operadores; Aspectos comportamentais dominantes nas relaes no trabalho; Clima organizacional; Aspectos motivacionais; Cultura da empresa em relao participao dos funcionrios em
aspectos decisrios;
Cultura da empresa em relao as aspectos ambientais nas operaes; Etc., etc.
Na Avaliao Econmica importante considerar:
A demanda de investimentos para as modificaes necessrias; O pay-back dos investimentos, ou melhor, o tempo em que esses
investimentos se pagaro pelos ganhos econmicos que proporcionaro;
Os custos operacionais atuais e os novos custos operacionais conforme se implementem as medidas de ecoeficincia propostas. Nesse caso, devem
ser levantados todos os custos do processo e no apenas os custos da
rea onde sero implantadas as medidas. Isso porque os processos so
muito inter-conectados e uma alterao em uma rea resulta em efeitos
em algumas outras reas da empresa. Por exemplo, uma alterao no
espaamento das rvores afeta a rea de silvicultura, mas afeta tambm
o viveiro (mudas a produzir) e a colheita florestal (rvores a colher).
A reduo de onerosos passivos ambientais; Etc., etc.
Como j vimos anteriormente, aps a perfeita identificao das
oportunidades, com suas quantificaes tcnicas, ambientais e sociais, cabe
agora a fase de Seleo das oportunidades a implementar. Deve ficar bem
claro dentro da equipe gestora que nem todos os projetos de melhoria
podero ser implementados. Afinal, a gesto de qualquer negcio se baseia
em recursos escassos. Por essa razo, aqueles que trabalharam muito para
uma determinada oportunidade, se ela no for selecionada para
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implementao, no devem ficar revoltados, magoados ou tristes. Eles
ajudaram a construir um banco de dados importante nas trs vertentes do
desenvolvimento sustentvel: econmica, ambiental e social. O simples fato
de se terem feitas essas quantificaes e pela ateno que se deu a essa
fase do processo, ele j deve ter evoludo algo em suas operaes. A viso
dos operadores se despertou e com certeza, estaro operando com mais
ateno. Alm disso, no se pode dizer que em futuro prximo, em nova
rodada de decises, que essa oportunidade no ser implementada. Isso
pode ocorrer at mesmo de forma melhor ainda pelo maior tempo para se
estudar alternativas.
Considero ainda muito importante que ocorra um processo de Jbilo
e comemorao com relao s melhorias alcanadas. Todos na empresa
devem festejar as melhorias da ecoeficincia de alguma forma. Cabe a cada
empresa escolher a melhor forma de mostrar os ganhos alcanados e
comemorar isso com a equipe de colaboradores.
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ASPECTOS DO SUCESSO TECNOLGICO DAS PLANTAES
FLORESTAIS DE EUCALIPTOS NO BRASIL E SUA POTENCIAL
OTIMIZAO PELA ECOEFICCIA, ECOEFICINCIA E P+L
Foto: Aracruz, 2005
Existe uma srie de boas razes para que a silvicultura no Brasil
adquirisse o atual status tecnolgico e de utilizao bem sucedida dessas
tecnologias pelo setor plantador de florestas. Pretendo dar uma navegada
36
sobre cada uma delas, mostrando alguns potenciais pontos de ecoeficincia
para esses fatores chave de sucesso. Com isso, esperamos trazer algumas
reflexes para vocs com o intuito de tornar essas atividades ainda mais
eficazes e eficientes.
Planejamento florestal e planejamento das operaes florestais
Comearei por essa importante rea da silvicultura, pois ela pode ser
razo para muita ecoeficcia e ecoeficincia florestal. Ou ineficincias e
ineficcias tambm. Nessa rea se tomam muitas decises que podem
impactar a ecoeficincia de nossas florestas. Importante para quem planeja
antever os impactos sobre o que planeja. Caso as operaes sejam
realizadas da forma como esto sendo planejadas, quais seus possveis
impactos, gargalos e desperdcios? Onde e como elas podero vir a acumular
ineficincias? Em quais reas afins teremos chances reais de perdas devido a
essas operaes assim planejadas? A partir do momento em que o
planejador passa a refletir sobre isso, ele poder ter importante influncia na
melhoria das operaes, no apenas nas partes fsicas e econmicas, mas
tambm na ambiental. Isso porque poder associar produtividade das
operaes com melhor e mais eficiente utilizao dos recursos naturais.
Seria possvel se exemplificar inmeras oportunidades para essa rea,
mas vou-me concentrar apenas em 5 delas a ttulo de exemplo.
37
Exemplo 10: A definio do espaamento de plantio
Quando Edmundo Navarro de Andrade, o pai da silvicultura brasileira,
nos entregou as florestas plantadas de eucalipto conforme seus
desenvolvimentos, ele recomendava espaamentos entre rvores de 2x2
metros, ou seja, 4 m por rvore para seu efetivo uso. Naquela poca
praticamente inexistiam operaes mecanizadas e o material gentico era
bastante inferior ao atualmente disponvel. As produtividades florestais
variavam entre 15 a 20 m/ha.ano para toras com casca. A partir dos anos
1970s, com a gradual mecanizao florestal e melhoria de nossos materiais
genticos, a produtividade florestal passou para 30 a 35 m/ha.ano e o
espaamento florestal pulou para 3x2 metros, sendo 3 metros a distncia
entre linhas e 2 metros a distncia entre plantas na linha de plantio.
Resultava ento 6 metros quadrados por planta. Esse espaamento continua
a ser muito praticado at nos dias de hoje, com algumas ligeiras variaes.
As mais usuais so onde se adotam 3x3 metros (9 m/planta) ou 3,5x3
metros (10,5 m/planta). Existem ainda alguns espaamentos esdrxulos
como 4x1,5 metros ou 4x2 metros, que no se mostraram bem sucedidos
por provocar forte competio das razes e copas muito prximas na linha de
plantio. O preparo do solo na maioria das vezes feito por sulcamento do
solo por subsolador (ripper). No caso de solos por demais argilosos ou
compactados, as plantas tendem a desenvolver suas razes na linha de
plantio que foi preparada e que est com o solo mais afrouxado. Por isso,
mais rapidamente uma planta passa a competir com a outra por nutrientes e
gua do solo. Com isso, muito comum que passe a ocorrer uma
dominncia de plantas sobre outras. O povoamento fica muito irregular
nesse tipo de espaamentos retangulares. Muito mais indicado buscar
espaamentos mais quadrados do tipo 3x3 metros ou 3,5x3 metros do que
espaamentos 3,5x2,5 m, ou 4x2m ou 4x2,5 metros.
Livro de Navarro de Andrade O Eucalipto Segunda edio de 1961
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Espaamento muito apertado na linha de plantio (4x1,75 metros) gerando competio e
variao de crescimento entre as plantas Observar variao do dimetro das rvores
De qualquer forma, vejamos a situao que se oferece para ns em
termos de ecoeficincia pela definio do espaamento, olhando os nveis de
produtividade entre as diversas situaes histricas comentadas:
Produtividade
histrica mdia
Espaamento de
plantio
Nmero de plantas
por hectare
15 a 20 m/ha.ano
2x2 ; 2,5x2
2000 a 2500
25 a 35 m/ha.ano
3x2 ; 3,5x2
1428 a 1667
40 a 45 m/ha.ano
3x3
1111
45 a 55 m/ha.ano
3,5x3 ; 4x3
833 a 952
muito claro para mim que se temos um potencial gentico e
ambiental para altas produtividades no podemos e no devemos plantar
muitas rvores por hectare. Se fizermos isso, muito cedo elas comeam a
competir pelos nutrientes, gua e luz solar. Com isso, apesar do Incremento
Corrente Anual (ICA) ser grande nos dois a trs primeiros anos de idade do
povoamento, logo o ICA cai acentuadamente (4 a 6 anos) e o povoamento
para de crescer. Muito inteligentemente os tcnicos recomendam,
baseados em suas bem-elaboradas planilhas de inventrio, que a floresta
seja cortada aos 5 ou 6 anos de idade. Consideram alcanada a idade da
rotao de mxima produtividade. Os gestores ficam eufricos, pois 5 a 6
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anos significa antecipao de receitas. Passa a haver a intrigante suspeita de
que o eucalipto possa ter seu ciclo abreviado para 5 a 6 anos de idade para
colheita. O jbilo geral, infelizmente. To unicamente devido ao
espaamento apertado entre rvores.
Ora meus amigos, quanto mais cedo cortamos nossas plantaes,
mais estaremos impedindo que a ciclagem dos nutrientes ocorra com mais
efetividade. Mais operaes antrpicas que causam danos aos solos
ocorrero. Aumentar a perda de fertilidade dos solos, aumentar a
compactao, a eroso, etc. Melhor definitivamente se trabalhar com
espaamentos mais abertos e com isso se prolongar a rotao, colhendo-se
os povoamentos em idades mais avanadas. Teremos novos valores de ICAs
que se estagnaro e cairo em maiores idades, concordam? Minha
recomendao avaliar sabiamente a produtividade esperada com base no
material gentico disponvel e nas disponibilidades de gua e nutrientes. A
partir da, estabelecer o nmero mais adequado de rvores a se colocar por
hectare. Lembrar que quando colocamos muitas rvores por hectare, muito
cedo elas estaro competindo entre si. Se no vamos manejar nossas
florestas com desbastes e a forma de colheita ser baseada em corte raso
por talhadia simples, melhor abrir mais o espaamento. As plantas crescero
mais em dimetro, cada rvore ser mais volumosa e os custos de
manuseio, colheita e transporte sero tambm menores.
Alm disso, ao colocarmos menos plantas por hectare estaremos
economizando recursos naturais tais como mudas florestais, combustveis
das mquinas, herbicidas, etc., etc.
Recapitulando, com espaamentos mais abertos e com menos plantas
por hectare teremos economias em:
quantidade de mudas; preparo do solo; controle da mato-competio; replantios; todas operaes que impliquem em, trabalhos manuais ou de
mquinas (adubao por cobertura, capinas, podas, etc.)
Quando aumentamos o espaamento na entrelinha de 3 para 3,5
metros teremos uma reduo no nmero de sulcos a serem produzidos pelo
subsolador em 14%. Igualmente para o nmero de covas a serem abertas,
se esse for o caso. So fantsticas ecoeficincias que se conseguem de
forma to simples. Para os que no conseguem ver isso como ecoeficincias,
acabam enxergando apenas como redues de custos. Na verdade, a
ecoeficincia conduz a redues de custos, sem dvidas. Mas tambm
conduz a reduo de impactos ambientais tais como nesse exemplo acima a:
15% a menos na desagregao do solo, no consumo de combustvel das
mquinas, nas perdas de sedimentos, etc., etc. J no caso da irrigao e da
adubao, podemos inclusive manter as mesmas quantidades de gua e de
40
= 20
L
adubo dos espaamentos mais apertados. Com isso, forneceremos mais
recursos vitais para as plantas, melhorando o seu crescimento inicial
Outra coisa que muitos tcnicos se esquecem que a declividade do
terreno afeta e muito o espaamento entre as rvores. Quando definimos
um espaamento 3x3 metros, ou seja, 1111 rvores por hectare, estamos
nos referindo a um terreno plano, ou a valores planificados de rea. A
declividade no est aqui considerada. As rvores crescem na vertical,
independentemente da declividade do terreno.
Vamos supor que tenhamos uma declividade de por exemplo 20. Se
plantamos baseados em rguas de exatamente 3 metros para se medir
diretamente a distncia no terreno, o espaamento ser na verdade de
2,82x3 metros se estivermos plantando em linhas no nvel do terreno. Na
linha de nvel no teremos a influncia da declividade, mas para as
entrelinhas sim, e muito. J se o plantio for morro abaixo, o espaamento
poderia ficar 3x2,82 metros. Enfim h muitas outras situaes, dependendo
da maneira como as linhas de plantio forem demarcadas.
Vejam como fcil se entender porque o espaamento muda com a
declividade do terreno:
Coseno 20 = (Espaamento L) : 3 (hipotenusa inclinada)
L = 0,94 x 3 = 2,82 metros
Com isso, ao invs de termos 1111 rvores por hectare como
planejado, teremos 1182, ou seja, 6% a mais. Fica fcil se entender ento
porque s vezes o nmero de mudas planejado no corresponde ao
41
efetivamente plantado. Quanto maior a declividade, maior o erro cometido.
Na verdade, a cada mudana de declividade do terreno, dever-se-ia
recalcular o espaamento sobre o solo para se garantir o espaamento
terico na projeo planificada do terreno. Algo parecido com o que a
topografia faz. Plantar mais rvores por hectare uma medida de baixa
ecoeficincia como j vimos. Estaremos gastando mais recursos naturais do
que devamos. Estaremos tambm incentivando uma competio mais cedo
entre as plantas. Por essa e muitas outras razes que o ICA acaba sendo
prejudicado.
Ao se plantar como nesse exemplo 6% a mais de mudas estaremos
mostrando algumas importantes eco-ineficincias tais como:
gastamos mais mudas que o necessrio e todos os insumos usados para produzir essas mudas;
aumentaremos os gastos em trabalho de pessoas e de mquinas para as operaes de preparo do solo e plantio;
aumentaremos as necessidades de replantio; gastaremos mais adubos, gel, gua de irrigao, etc.; prejudicaremos o crescimento das rvores em dimetro pois essa
propriedade definitivamente regulada pelo espaamento e pela rea
destinada a cada planta para crescer.
Por falar em ICA (Incremento Corrente Anual) e em IMA (Incremento
Mdio Anual), estamos sempre vendo nossos tcnicos medi-los, apresent-
los e us-los para decises de planejamento com base em volume de
madeira. s vezes, h os que os expressam em toneladas de
celulose/ha.ano. Nesse caso, preciso saber muito bem como se fazer o
clculo. Se o IMA calculado ao final do ciclo por abate das rvores, medio
do volume e tomada de amostras representativas para clculo da densidade
bsica mdia da madeira e rendimento da converso a celulose, nada a
questionar. Isso admitido que estamos trabalhando com amostras
representativas e com adequado nmero de repeties em nossos ensaios
para medies no campo e nos laboratrios.
Entretanto, a rea de inventrios florestais nas empresas se baseia
em medies anuais de volume
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