INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
Programa Integrado de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais – PIPG BTRN
A PESCA PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE LAGOS NO EIXO FLUVIAL SOLIMÕES-AMAZONAS E PRINCIPAIS TRIBUTÁRIOS DO
ESTADO DO AMAZONAS.
KEID NOLAN SILVA SOUSA
Tese apresentada ao programa
de Pós-Graduação em Biologia Tropical
e Recursos Naturais do Convênio
INPA/UFAM, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de Doutor em
Ciências Biológicas, área de
concentração em Biologia de Água
Doce e Pesca Interior.
MANAUS – AM 2005
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
A PESCA PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE LAGOS NO EIXO FLUVIAL SOLIMÕES-AMAZONAS E PRINCIPAIS TRIBUTÁRIOS DO
ESTADO DO AMAZONAS.
KEID NOLAN SILVA SOUSA
Tese apresentada ao programa
de Pós-Graduação em Biologia Tropical
e Recursos Naturais do Convênio
INPA/UFAM, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de Doutor em
Ciências Biológicas, área de
concentração em Biologia de Água
Doce e Pesca Interior.
Orientadora: Profª Dra. Nidia Noemi Fabré
MANAUS – AM
2005
2ii
FICHA CATALOGRÁFICA
Nolan, Keid-Silva Sousa
A pesca profissional em sistemas de lagos no eixo fluvial Solimões-Amazonas e
principais tributários do Estado do Amazonas. 177p. Tese (doutorado) –
INPA/UFAM, 2005.
1. Pesca Profissional; 2. Rendimento pesqueiro; 3. Sistema de lago; 4. Zoneamento pesqueiro; 5. Amazonas. CDD 19 ed. 597.5
SINOPSE
A atividade de pesca profissional que ocorre em lagos efetuada pela frota pesqueira que desembarca em Manaus foi analisada para verificar o efeito de variáveis paisagísticas sobre rendimento pesqueiro em três escalas análise, utilizando técnicas de Modelos Lineares Gerais. A caracterização das unidades territoriais de manejo ora proposta foi realizada conforme a combinação de informações que permitiram, tratar de forma transversal as inter-relações dos componentes paisagístico, pesqueiro e ecológico. As áreas de pesca de lagos foram definidas em três níveis ecossistêmicos: 1) Sistemas fluviais: Áreas de Manejo de Bacias, 2) Sistemas de transição Várzea/Terra Firme: Áreas de Manejo de Lagos por bacias e 3) Sistemas lacustres predominantes por tipo de lago: Áreas de Manejo local comunitário. Foram definidas espacialmente 4 unidades territoriais de manejo de Bacias propostas: Unidade do Médio Solimões; Unidade do Baixo Solimões; Unidade do Baixo Purus e Unidade do Alto Amazonas. Esta abordagem interdisdisplinar gerou um conjunto de variáveis ou descritores significantes que pode representar um sistema de indicadores para o monitoramento e controle da pesca de lagos. Considerando as diferentes escalas geográficas, ambientais, ecossistêmicas e pesqueiras, o presente estudo propôs a definição de unidades ecossistêmicas e unidades territoriais de manejo da pesca lacustre, com o intuito de contribuir para um gerenciamento da pesca de lagos.
Palavras – chave: 1. Pesca Profissional; 2. Rendimento pesqueiro; 3. Sistema de lago; 4. Zoneamento pesqueiro; 5. Amazonas.
.
3iii
Dedico este trabalho à minha companheira, Maria Dinalva ... que iniciou a caminhada ao meu lado sacrificando muitos de seus
objetivos pessoais e que vem cumprindo da maneira mais honrosa seu papel de Mulher, Amiga, Mãe,... quero merecer estar sempre a seu lado durante a minha
existência Á você e às nossas riquezas: Bárbara e Moanna.
4iv
Meu dever de casa contínuo:
“Sigo caminhando no lugar de aprendiz e buscando bons exemplos: Da natureza, o equilíbrio e a firmeza; dos meus animais a persistência e a fieldade; dos
pássaros a liberdade; da Profissão, a relação humana; da Família, a paz e o amor; da Crença, a luz na consciência”
5v
AGRADECIMENTOS
Agora estou com a difícil tarefa de mensurar, com palavras, o tamanho de minha gratidão a todos que contribuíram para elaboração, execução e finalização deste trabalho. Primeiramente, quero agradecer a todos que aqui não foram citados, pela honrosa condição de construtores anônimos deste trabalho.
E sou grato ao Mestre pela felicidade de merecer estar aqui, festejando as
vitórias, buscando simplicidade para reconhecer as falhas, e dignidade para reconhecer as limitações.
Eu sou grato ao meu Pai, pelos incentivos educacionais, tenho clareza de
que pelas minhas origens sociais, tive a felicidade de ter um Pai que se dedicou incansavelmente para poder me dispor de boas escolas desde o inicio. Também pelos exemplos de dignidade, coragem, honestidade e persistência para enfrentar as dificuldades impostas pela vida.
Minha Mãe! Você é uma centelha de luz divina que me colocou no mundo
para cumprir com meu propósito. Eu tenho a gratidão de um filho que tem em você exemplo de paciência, de simplicidade, de ocupar o lugar de observador não de falador, do saber ouvir.
Ser alegre, mesmo na dificuldade é um exemplo que procuro seguir
diariamente espelhando-me na minha, tão especial, Vó Maricô. Também levo a lembrança dos que já foram convocados pelo Mestre (Vô Adão e Vô Anacleto) e à minha vozinha Marcionilia que ainda está pelejando;
A direção do caminho é trilhada por decisões. Nayara, você faz parte de
minha vida e quero poder ser seu amigo e dar exemplos bons ao longo de sua caminhada.
Os diferentes níveis de amizade são a base para a luta diária. Com amigos
a chance de vencer aumenta consideravelmente. Eu sou grato aos amigos de trabalho Tony, a Beth, Michele, a Olívia, Charles, Guillermo e ao Juan pela sinceridade e apoio incondicional na rotina do trabalho diário.
Em especial, pelos aconselhamentos, pelas chamadas de atenção, pela
sinceridade, pelo carinho sou grato a Cristina Sena, a Socorro Moraes e ao Naílson Celso. São pessoas que acreditaram em mim desde o começo, e nos momentos que estava com a moral em baixa, fizeram de tudo para me soerguer e continuar no caminho, me fazendo acreditar em mim mesmo e enxergar o lado positivo das situações.
Determinação, disciplina, persistência, seriedade, exigência, são
preciosíssimos valores que venho buscando apreender pelos exemplos de minha orientadora. Nidia! a busca constante da melhoria na qualidade dos trabalhos, a responsabilidade social e respeito com o povo Amazônida, e a sua dignidade são
6vi
virtudes suas que venho buscando assimilar continuamente. Reconheço, no seu exemplo, as lições que um bom profissional, que veste a camisa do povo Amazônida deve buscar.
Ao Vandick, pelo senso de cooperação constante, pela simplicidade, pelos
seus inestimáveis aconselhamentos e orientações para execução da Tese, e finalmente, por ter me confiado a responsabilidade de executor do projeto Pesca Lago, financiado pelo CNPq e manusear os dados da Estatística pesqueira do Estado do Amazonas, confiando em mim.
A execução desta tese, somente foi possível, porque tive a felicidade de ter
disponível, toda a infraestrutura conquistada a duras penas por todas as pessoas do PYRA. O Programa de Recursos Aquáticos e da Várzea me disponibilizou toda estrutura de campo, informática, material de expediente. No Pyrá contei com um corpo de mais de 30 pessoas (“Pyrenses”) que nunca mediram esforço para me auxiliar. O convívio com questões multidisciplinares é uma experiência Pyrá, que não tenho como recompensá-la. Minha gratidão a todos Pyrenses, em especial, Cristiano, Isabela, Ivanildo, Eduardo, Michele, France, Larissa, Charles, Fernandes, Samantha, Rose, Gisele, Chiquinha, Luiza, Lígia, Leocy, Rafaela.
Sou grato a duas pessoas, em especial, Guillermo pelas andanças no porto,
e pelos ouvidos de amigo para me escutar e a Liene, que executou de maneira madura e responsável o trabalho no mercado Adolfo Lisboa, e trabalhou diretamente no processamento dos dados de desembarque com presteza e dedicação.
Tenho uma divida de gratidão ao senhor Pedro Neto, que representa a
Associação de Armadores de Pesca do Amazonas, que fez acontecer minha mais importante experiência com a pesca profissional, quando embarquei numa viajem de pesca com pescadores profissionais. Sou grato pela confiança e paciência do meu professor pescador, seu “Gonso” e a todos da equipe que realizou a viajem.
Aos cientistas; Miguel Petrere Jr; Bruce Forsberg, Urbano Lopes; Ronaldo
Angelini, Adriana Carvalho, Ronaldo Barthem, Carlos Edwar Freitas; Max Rozo Gonzales, Albertino de Sousa, Arnaldo Caneiro, Lizit Alencar, Cristina Sena, pelas suas valorosas contribuições para realização deste estudo.
Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em especial à Dra Ângela
Varela (Coordenadora – BADPI), à equipe da secretaria de Pós-graduação e a Carminha pelo carinho, pelo respeito e a constante boa vontade em auxiliar com presteza e eficiência.
Toda minha existência acadêmica como discente só foi possível graças ao
apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq pelas bolsas de estudo disponibilizadas (Iniciação cientifica, Apoio técnico nível médio; Mestrado e Doutorado).
7vii
ÍNDICE
FICHA CATÁLOGRÁFICA................................................................. ...... ...... i i i iv Agradecimentos............................................................................... ...... ...... vi Índice.............................................................................................. ...... ...... ...... viii Abstract........................................................................................... ...... ...... ...... xi
Resumo........................................................................................... ...... ...... ...... xii Lista de Figuras............................................................................... ...... ...... xiii
Lista de Tabela................................................................................ ...... ...... ...... xvii i
1. CONTEXTUALIZAÇÃO TEMÁTICA DO ESTUDO .......................................... 21
2. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO............................................... 24
CAPÍTULO 1 - COMPOSIÇÃO DE PAISAGENS AQUÁTICAS DE LAGOS EXPLOTADOS PELA FROTA DE PESCA PROFISSIONAL DE MANAUS. ....... 25
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 26
2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 28
2.1 Base de dados Alfanuméricos ..................................................................... 28
2.2 Base de dados digitais.................................................................................. 30
2.3 Processamento e Análise dos dados .......................................................... 31
2.4 Extração de medidas da estrutura da paisagem de lagos explotados pela pesca profissional............................................................................................... 33
2.5 Atributos paisagísticos estimados da estrutura e composição dos sistemas de lago ................................................................................................. 35
2.5 Analise exploratória dos dados ................................................................... 37
2.6 Modelos Lineares Gerais .............................................................................. 37
3. RESULTADOS.................................................................................................. 39
4. DISCUSSÃO..................................................................................................... 50
4.1 Considerações metodológicas .................................................................... 51
8
4.2 Estrutura e Composição das paisagens dos lagos explotados pela pesca profissional na Amazônia Central...................................................................... 53
CAPÍTULO 2 – DINÂMICA DA PESCA PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE LAGO E HETEROGENEIDADE AMBIENTAL DE BACIAS HIDROGRÁFICAS NO ESTADO DO AMAZONAS ................................................................................... 65
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 66
2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 68
2.1 Considerações sobre o sistema de coleta de dados de desembarque pesqueiro ............................................................................................................. 68
2.2 Processamento dos dados........................................................................... 69
2.3 Análise dos dados......................................................................................... 70 2.3.1 Análise multivariada.................................................................................. 70 2.3.2 Características hidrológicas dos sistemas fluviais explorados.................. 71
2.3 MODELO LINEAR GERAL - GLM.................................................................. 74
3. RESULTADOS.................................................................................................. 77
3.1 Dinâmica e exploração da pesca profissional de lagos no Estado do Amazonas ............................................................................................................ 77
3.2 Análise exploratória dos dados da pesca profissional lcustre ................. 81
3.3 Análise do rendimento pesqueiro, Esforço de Pesca e Rendimento por pescador-dia em bacias hidrográficas do Estado do Amazonas.................... 86
3.2 Tipos de lago explotados por Bacia hidrográfica ...................................... 89
3.4 Os tipos de pescado preferencialmente explotados pela pesca lacustre 93
3.5 Modelo Linear Geral – efeito do regime hidrológico sobre o rendimento pesqueiro ............................................................................................................. 99
4. DISCUSSÃO................................................................................................... 103
4.1 O rendimento pesqueiro e condições hidrológicas para a pesca lacustres nos principais sistemas fluviais explotados pela pesca profissional no Estado do Amazonas ........................................................................................ 109
9
CAPÍTULO 3 – ZONEAMENTO MACROECOLÓGICO DA PESCA PROFISSIONAL LACUSTRE NA AMAZÔNIA CENTRAL................................. 116
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 117
2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 119
2.1 Base de dados alfanuméricos.................................................................... 119
2.2 Dados Cartográficos ................................................................................... 119
2.3 Espacialização dos dados pesqueiros...................................................... 121
2.4 Análise dos dados....................................................................................... 122
3. RESULTADOS................................................................................................ 124
3.1 Espacialização de dados pesqueiros e identificação de zonas de Pesca de lagos.............................................................................................................. 128
4. DISCUSSÃO................................................................................................... 134
4.2 Espacialização de dados pesqueiros ........................................................ 139
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 140
10
x
ABSTRACT
The present work had with central object of study to analyze the professional
fishery of lakes made by the commercial fleet corresponding to the 1994-2001
period. The effect of the landsacpe variables on fishing yield was analyzed in three
work scales using techniques of General Lineal Models for the professional fishery
of lakes made by the fishing fleet that landing in Manaus. In the macroscale,
significant differences of fishing yield were observed explained by characteristics of
the hydrologic factor and of the distance of the land port (Manaus city). In the local
Level, the landscape variables that you had effect on the variability of the fishing
yield of lakes they were the perimeter, the amount of flooded forest, of open
superficial areas, the size of the connection with main river and the fishing effort. In
the mesoscale it was evidenced that the geomorfologic unit where the lake system
is fit it also influenced in the variability of the fishing yield of lakes. The different
levels of analysis of the data accomplished along the three chapters of this study
they led to the identification of indicators variables, which characterized units of
handling in different space scales of work. In this context, the areas of fishing of
lakes were defined in three ecosystem levels: 1) fluvial systems: Areas of
Management of Basins, 2) transition systems Várzea/Terra Firme: Areas of Lake
Management for basins and 3) predominant lacustrine systems for lake type: Areas
of local management community. They were proposed 4 territorial units of
management wich is: Medium Solimões; Low Solimões; Low Purus and High
Amazonas Units. This approach generated a group significant descritores that can
represent a system of indicators for the monitorament and control of the fishing of
lakes. Finally, the present study proposed the definition of ecossystem and
territorial units of management of the fishing in lakes, with the intention of
contributing for an administration of the fishing in lakes that doesn't just consider
the local subjects, but also that he is elaborated shimmering other scales
geographical, environmental, ecosystems and economics.
11xi
RESUMO
O presente trabalho teve com objeto central de estudo analisar a pesca
em lagos efetuada pela frota comercial, para tal foram utilizados dados de
desembarque de Manaus correspondentes ao compreendido entre 1994-2001.
Empregando técnicas de Modelos Lineares Gerais foi analisado o efeito de
variáveis paisagísticas sobre rendimento pesqueiro da pesca profissional em lagos
efetuada pela frota pesqueira que desembarca em Manaus em três escalas. Na
macroescala foram observadas diferenças significativas de rendimento pesqueiro
explicadas por características do regime hidrológico e distância do porto de
desembarque. No nível local, as variáveis paisagísticas que influenciaram na
variabilidade do rendimento pesqueiro de lagos foram o perímetro, a quantidade
de floresta alagada, de áreas superficiais abertas, o tamanho da conexão com rio
principal e o esforço de pesca. Na mesoescala foi evidenciado que a unidade
geomorfológica onde o sistema de lago está encaixado também influenciou na
variabilidade do rendimento pesqueiro de lagos. Os diferentes níveis de análise
dos dados realizados ao longo dos três capítulos deste estudo conduziram à
identificação de variáveis indicadoras, as quais caracterizaram unidades de
manejo em diferentes escalas espaciais. Assim, as áreas de pesca em lagos
foram definidas em três níveis ecossistêmicos: 1) Sistemas fluviais: Áreas de
Manejo de Bacias, 2) Sistemas de transição Várzea/Terra Firme: Áreas de Manejo
de Lagos por bacias e 3) Sistemas lacustres predominantes por tipo de lago:
Áreas de Manejo local comunitário. Foram propostas 4 unidades territoriais de
manejo: Unidade do Médio Solimões; Unidade do Baixo Solimões; Unidade do
Baixo Purus e Unidade do Alto Amazonas. Esta abordagem interdisdisplinar gerou
um conjunto de variáveis ou descritores significantes que pode representar um
sistema de indicadores para o monitoramento e controle da pesca de lagos. Enfim,
o presente estudo propôs a definição de unidades ecossistêmicas e unidades
territoriais de manejo da pesca de lagos, com o intuito de contribuir para um
gerenciamento da pesca de lagos que não considere apenas as questões locais,
mas também que ele seja elaborado vislumbrando outras escalas geográficas,
ambientais, ecossistêmicas e econômicas.
12xii
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
Figura 1 - Arquitetura conceitual do Sistema de Informação Geográfica da Pesca
Profissional de Lago da Amazônia Central (SIG-PESCA LAGO)...................... 33
Figura 2 – Distribuição das variáveis paisagísticas de lagos explotados pela frota
de pesca profissional relacionadas com o esforço de pesca, na seca de 1995
(setembro-outubro) e cheia de 1996 (maio-julho). A) Perímetro do lago (km);
B) Floresta Alagada (km2; C) Proporção de Floresta alagada. .......................... 41
Figura 3 – Variação dos atributos das paisagens dos lagos explotados pela frota
de pesca profissional em relação ao rendimento pesqueiro por pescador-dia
(toneladas/num de pescador*dias pescando), na seca de 1995 (setembro-
outubro) e cheia de 1996 (maio-julho). A) Perímetro do lago - km; B) Floresta
Alagada - km2; C)Proporção de Floresta alagada................................................ 43
Figura 4 – Distribuição indicadores de acessibilidade aos lagos explotados pela
frota de pesca profissional em relação variação de: A) Rendimento pesqueiro
(toneladas) e B) Esforço de Pesca (Num de pescador*Dias pescando) na
seca de 1995 (setembro-outubro) e cheia de 1996 (maio-julho). ...................... 45
Figura 5 – Diagrama de dispersão dos escores extraídos da análise de
componentes para os lagos explotados pela frota de pesca profissional em
relação à variação do esforço de pesca, na seca de 1995 (setembro-outubro)
e cheia de 1996 (maio-julho) ................................................................................... 47
Figura 6 – Diagrama de dispersão da carga dos fatores da análise de
componentes para os lagos explotados pela frota de pesca profissional em
relação à variação do esforço de pesca, na seca de 1995 (setembro-outubro)
e cheia de 1996 (maio-julho) ................................................................................... 48
Figura 7 - Distribuição dos resíduos em relação aos valores de Rendimento
pesqueiro estimada pelo Modelo Linear Geral (Regressão múltipla) calculado
para os lagos explotados pela pesca profissional de Manaus durante o
setembro-outubro/1995 e maio-juho1996.............................................................. 50
Figura 8 - Esquema demonstrativo dos índices hidrológicos calculados ................. 73
13
Figura 9 – Contribuição relativa do número total de registros de desembarque
classificados por ambiente de pesca no período de 1994 a 2001. ................... 78
Figura 10 – Contribuição relativa do número total de registros de desembarque
provenientes de pescarias de lagos classificados por Bacia no período de
1994 a 2001................................................................................................................ 79
Figura 11 – Combinação bivariada das freqüências observadas das variáveis
categóricas Bacia x Tipo de lago explotados pela frota de pesca profissional
realizada em sistema de lago que desembarcou em Manaus durante o
período de 1994-2001............................................................................................... 82
Figura 12 – Combinação bivariada das freqüências observadas das variáveis
categóricas Bacia x Tipo de pescado explotados pela frota de pesca
profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em Manaus
durante o período de 1994-2001............................................................................. 83
Figura 13 – Combinação bivariada das freqüências observadas das variáveis
categóricas Tipo de Lago x Tipo de pescado explotados pela de pesca
profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em Manaus
durante o período de 1994-2001............................................................................. 85
Figura 14 – Distribuição do Número de pescadores (A); Tempo de pesca - Dias
pescando (B) e do Esforço de pesca(nº de pescador * dias pescando) da
pesca profissional de lagos durante o periodo de 1994-2001, classificado por
bacia. ........................................................................................................................... 87
Figura 15 – Distribuição do Rendimento pesqueiro (toneladas) por registro de
desembarque (A) e Rendimento por pescador dia (toneladas/esforço de
pesca) para o período compreendido entre 1994-2001, classificado por Bacia.
...................................................................................................................................... 88
Figura 16 – Distribuição do Número de pescadores (A); Tempo de pesca - Dias
pescando (B) e do Esforço de pesca(nº de pescador * dias pescando) da
pesca profissional de lagos durante o periodo de 1994-2001, classificado por
tipo de lago. ................................................................................................................ 90
Figura 17 – Distribuição do Rendimento pesqueiro (toneladas) por registro de
desembarque (A) e Rendimento por pescador dia (toneladas/esforço de
14
pesca) para o período compreendido entre 1994-2001, classificado por tipo de
lago. ............................................................................................................................. 92
Figura 18 – Freqüência relativa mensal dos itens de desembarque da pesca
profissional de lagos, que foram explotados entre 1994-2001. ......................... 95
Figura 19 – Freqüência relativa dos itens de desembarque da pesca profissional
de lagos, classificados por Bacia que foram explotados entre 1994-2001. ..... 96
Figura 20 – Freqüência relativa dos itens de desembarque da pesca profissional
de lagos, classificados por tipo de lago que foram explotados entre 1994-
2001. ............................................................................................................................ 97
Figura 21 – Freqüência relativa dos níveis de Esforço de pesca (número de
pescadores*Dias pescando) por registro de desembarque classificado por tipo
de lago para o período compreendido entre 1994-2001. .................................... 98
Figura 22 – Freqüência relativa dos níveis de RENDIMENTO PESCADOR-DIA
(Quantidade de pescado (ton)/Esforço de pesca) por registro de desembarque
classificado por tipo de lago para o período compreendido entre 1994-2001. 99
Figura 23 - Distribuição dos resíduos em relação aos valores de Rendimento
pesqueiro estimados pelo modelo hidrológico pesqueiro para frota de pesca
profissional que desembarcou em Manaus enter 1994-2001. ......................... 102
Figura 24 – Ajuste das médias dos mínimos quadrados - Resultados do teste a
posteriori de Bonferroni (Zar, 1999), demonstrando diferenças entre as
médias de Rendimento pesqueiro (toneladas) para cada fator Bacia
analisado, referente à pesca profissional realizada em sistemas de lago, que
desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001 ........................... 103
Figura 25 - Esquema representativo da preferência por espécie ao longo dos
meses do ano e ao longo do ciclo hidrológico para a pesca realizada em
sistemas de lago que desembarcou em Manaus durante o período e de 1994-
2001. .......................................................................................................................... 108
Figura 26 - Esquema representativo dos níveis de organização com os subníveis
que mais se destacaram no dimensionamento da pesca realizada em
sistemas de lago que desembarcou em Manaus durante o período de 1994-
2001. .......................................................................................................................... 113
15
Figura 27 – Diagrama do esforço de pesca (Nº e Pescador*dias pescando) – A; e
Rendimento pesqueiro (toneladas) – B; classificados conforme a Unidade
Geomorfológica, que correspondeu área onde o sistema de lago explotado
pela pesca profissional está encaixado. .............................................................. 124
Figura 28 – Diagrama da disponibilidade e lagos – A; e Numero de lagos
explotados – B; classificados conforme a Unidade Geomorfológica, que
correspondeu área onde o sistema de lago explotado pela pesca profissional
está encaixado. ........................................................................................................ 125
Figura 29 – Ajuste das médias dos mínimos quadrados - Resultados do teste a
posteriori de Bonferroni (Zar, 1999), comparando as médias de rendimento
pesqueiro (toneladas) dos níveis do fator Unidade Geomorfológica analisada,
referente à pesca profissional realizada em sistemas de lago, que
desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001 ........................... 127
Figura 30 - Distribuição dos resíduos em relação aos valores do rendimento
pesqueiro estimada pelo modelo linear geral calculado para a pesca de lagos,
relacionada com diferentes unidades geomorfológicas utilizadas pela frota de
pesca profissional que desembarcou em Manaus entre1994-2001................ 128
Figura 31– Diagrama de contorno demonstrando as faixas de rendimento
pesqueiro distribuídas entre os sistemas de lagos mapeados no eixo Solimões
Amazonas, Purus, e Madeira correspondendo à área de concentração da
pesca profissional de lago da frota de pesca profissional do Amazonas. ...... 129
Figura 32 – Representação espacial do rendimento pesqueiro de lago explotados
nas regiões Baixo Solimões e Alto Amazonas correspondentes à ZONA DE
PESCA LACUSTRE 01, no raio de abrangência mais próximo de Manaus de
até 200km. ................................................................................................................ 131
Figura 33 – Representação espacial do rendimento pesqueiro de lago explotados
nas regiões Baixo Solimões e Alto Amazonas correspondentes a ZONA DE
PESCA LACUSTRE 02, no raio de abrangência mais próximo de Manaus de
até 500km. ................................................................................................................ 133
Figura 34 Representação espacial das áreas de manejo de bacias propostas para
a pesca profissional de lagos no Estado Amazonas, considerando os limites
16
municipais, as zonas de distância em relação à Manaus e o rendimento
pesqueiro por pescador ias pescando. ................................................................ 146
Figura 35 - Representação espacial das áreas de manejo de bacias propostas
para a pesca profissional de lagos no Estado Amazonas, considerando os
limites municipais, as zonas de distância em relação à Manaus e o
rendimento pesqueiro por pescador ias pescando. ........................................... 147
QUADROS Quadro 1 – Lista de locais de pesca explorados pela frota de pesca comercial que
desembarcou em Manaus durante o período de 1974-1976 e 1994-2001, que
apresentam registros de pesca continuadamente em todos os anos
analisados neste estudo................................................................................. 29
Quadro 2 - Modelo organizacional do Sistema de Informação Geográfica da Pesca
Comercial Profissional de Lago entre 1994 e 2001 (SIG-PESCA LAGO)...... 32
Quadro 3 - Classificação dos sistemas de lago conforme terminologia
geomorfológica (Baseada em Sousa, 2000; Rozo et al, 2003; Rozo, 2004) e
características da pesca para cada categoria. ............................................... 80
Quadro 4 – Lista de cartas para registro de coordenadas geográficas e
quantificação dos sistemas de lago para cada Bacia explotados pela pesca
profissional de lagos .................................................................................... 120
Quadro 5 – Proposta de Escala e Unidades de Manejo para a pesca de lagos,
considerando a divisão hierárquica em unidades ecossistêmicas (Perímetro –
Km; Conexão com rio principal – Km; Quantidade de Floresta Alagada – Km²;
CPUE – toneladas/nº de pescador*dias pescando; Extensão. Linear – km;
Distância de Manaus – km; Cota máxima e mínima do rio – cm.................. 143
17
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Matriz de dados extraídos da análise das paisagens de lagos
explotados pela pesca profissional de lagos .................................................. 40
Tabela 2 – Cargas dos fatores, com destaque para as cargas com contribuição
acima de 60%, obtidos da análise de componentes principais para os dados
da pesca profissional de lagos e características da paisagem dos sistemas
analisados para o período de set-out/1995 e mai-jul/1996............................. 46
Tabela 3 – Porcentagem de variância explicada pelos fatores e seus respectivos
autovalores obtidos da análise de componentes principais para os dados da
pesca profissional de lagos e características da paisagem dos sistemas
analisados para o período de set-out/1995 e mai-jul/1996............................. 46
Tabela 4 – Matriz de correlação de Pearson, com destaque r>60%, obtidos da
análise de componentes principais para os dados da pesca profissional de
lagos e características da paisagem dos sistemas analisados para o período
de set-out/1995 e mai-jul/1996....................................................................... 48
Tabela 5 – Resultados da aplicação do modelo linear geral, calculado por meio da
Análise de covariância com seguintes componentes: VARIÁVEL
DEPENDENTE: Rendimento pesqueiro; VARIÁVEIS INDEPENDENTES:
Esforço de pesca, Áreas Abertas, Cota do Rio, Área Alagada, Distância de
Manaus, Perímetro, conexão, Desenvolvimento perimetral, Proporção de
floresta alagada. R=0,93; R2=0,87; N=20 nível de significância p=0,10......... 49
Tabela 6 – Sistemas de lagos que apresentaram características de estrutura e
composição da paisagem, similares e definidas como unidades locais para
diagnóstico ambiental-pesqueiro e realização de monitoramento da pesca
profissional de lagos no Amazonas durante o período da SECA................... 63
Tabela 7 – Sistemas de lagos que apresentaram características de estrutura e
composição da paisagem, similares e definidas como unidades locais para
diagnóstico ambiental-pesqueiro para realização de monitoramento da pesca
profissional de lagos no Amazonas durante o período da CHEIA.................. 63
18
Tabela 8 – Síntese dos resultados para Análise de correspondência explotados
pela pesca profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em
Manaus durante o período de 1994-2001 combinando BACIA e TIPO DE
LAGO. ............................................................................................................ 82
Tabela 9 – Síntese dos resultados para Análise de correspondência explotados
pela pesca profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em
Manaus durante o período de 1994-2001 combinando TIPO DE PESCADO e
BACIA. ........................................................................................................... 84
Tabela 10 – Síntese dos resultados para Análise de correspondência explotados
pela pesca profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em
Manaus durante o período de 1994-2001 combinando TIPO DE PESCADO e
TIPO DE LAGO.............................................................................................. 85
Tabela 11 – Lista dos itens desembarcados pela pesca profissional de Lagos entre
1994 a 2001. .................................................................................................. 93
Tabela 12 - Resultados do teste de paralelismo verificando o efeito total do fator
Bacia (3 níveis) entre as covariáveis]. .......................................................... 100
Tabela 13 – Resultados do teste de Barttlet Qui-quadrado (χ2) para verificar a
normalidade dos componentes do modelo linear geral (variável dependente e
covariáveis) da pesca profissional de lagos desembarcada em Manaus
durante o período de 1994-2001.................................................................. 100
Tabela 14 – Resultados da aplicação do modelo linear geral, calculado por meio
da Análise de covariância com seguintes componentes: VARIÁVEL
DEPENDENTE: Rendimento pesqueiro; FATOR: Bacia (3 níveis);
COVARIÁVEIS: Taxa de Variação interanual da cota minima do rio, Taxa de
Variação interanual da cota máxima do rio; Velocidade de vazante; Taxa de
variação interanual da amplitude da cota Máxima-Minima; Interação: Cota
minima*Esforço pesqueira. .......................................................................... 101
Tabela 15 – Matriz de probabilidades do teste a posteriori de Bonferroni (Zar,
1999), demonstrando diferenças entre os sistemas fluviais analisados para a
pesca profissional realizada em sistemas de lagos, que desembarcou em
Manaus entre 1994-2001. ............................................................................ 102
19
Tabela 16 – Resultados da aplicação do modelo linear geral, calculado por meio
da Análise de covariância com seguintes componentes: VARIÁVEL
DEPENDENTE: Rendimento pesqueiro....................................................... 126
Tabela 17 – Matriz de probabilidades do teste a posteriori de Bonferroni (Zar,
1999), comparando unidades geomorfológicas utilizadas pela pesca
profissional realizada em sistemas de lagos, e que desembarcou em Manaus
entre 1994-2001........................................................................................... 127
20
1. Contextualização temática do estudo
As análises mais recentes da pesca na escala global (Watson & Pauly,
2001; FAO, 2000 e 2002; Christensen et al., 2003; Hilborn et al., 2003; Pauly et al.,
2003) retratam cenários substanciados em três aspectos: 1) A preocupação com o
estado de explotação1 e a sustentabilidade dos estoques pesqueiros mundiais; 2)
A importância da pesca para o consumo humano, bem como para a economia,
através da geração de empregos diretos e indiretos e da geração de renda; e 3) A
busca de alternativas de gerenciamento do uso do recurso pesqueiro que
satisfaçam as prioridades sócio-econômicas dos diferentes usuários envolvidos na
atividade, sem a exaustão das populações ícticas alvo das pescarias.
Na Amazônia não é diferente do restante do mundo, entretanto suas
continentais dimensões geográficas, combinadas com sua complexidade sócio-
econômica e ecológica, atribuem características específicas que ressaltam a
necessidade de um entendimento mais direcionado das questões pesqueiras
regionais.
Segundo Leonel (1998), é somente com a intensificação da pesca
registrada na década de 60, que ficou mais evidente a diferenciação entre
atividade efetuada por ribeirinhos e por pescadores profissionais. Neste sentido, a
legislação estadual que regulamenta a atividade no Amazonas determina na Lei
N.º 2713, de 28 de dezembro de 2001, Cap II, Seção I Art 6º que “Para efeitos
desta lei, a Pesca se classifica como: a) comercial profissional, quando praticada a
21
extração de pescado do ambiente natural para a comercialização de toda ou parte
da produção capturada por trabalhadores que tenham na atividade sua profissão
ou meio principal de geração de renda; b) comercial ribeirinha, quando a extração
de pescado do ambiente natural para a comercialização de parte da produção
capturada por residentes na área de seu domicilio e que tenham a pesca como
atividade secundária de geração de renda”.
A Pesca Profissional, por meio do aporte e comercialização de produtos
pesqueiros, tem como função abastecer pequenos e grandes centros urbanos
regionais (Leonel, 1998), através de cerca de 22 mais importantes portos de
desembarque pesqueiros distribuídos ao longo de toda a calha principal do eixo
fluvial Solimões-Amazonas (Isaac e Barthem, 1996; Merona e Bittencourt, 1988).
O principal centro urbano amazônico que recebe o suprimento de pescado
oriundo da pesca profissional em águas interiores é a cidade de Manaus, onde
atualmente está localizado o mercado Adolfo Lisboa (Batista et al., 2004). Este
porto representa um volume de desembarque que oscila entre 20 e 30.000
toneladas anuais, gerando aproximadamente 70.000 empregos diretos e indiretos,
e envolvendo cerca de 20.000 pescadores-trabalhadores, que realizam viagens de
pesca pelos principais sistemas fluviais do Estado – Purus, Solimões, Alto
Amazonas Negro, Madeira, Juruá, e Japurá (Merona & Bittencourt, 1988; Isaac &
Barthem, 1996; Parente, 1996; Batista, 1998; Almeida et al., 2001; Almeida et al.,
2003).
1 Explotação – Processo onde há uso de informação coletada previamente permitindo o conhecimento da rentabilidade de um dado empreendimento. Tirar proveito econômico de (determinada área), sobretudo dos recursos naturais (Batista et al., 2004)
22
O desembarque da pesca comercial profissional que ocorre em Manaus
vem sendo abordado em diversos estudos. Nos meados dos anos 70, até fim dos
anos 80, foi implantado um sistema de coletas de desembarque para avaliar o
status das pescarias comerciais da região (Petrere, 1978 A, B 1982, 1983a;
Goulding, 1980; Merona & Bittencourt; 1988; Merona, 1993 e 1990b). Em 1994 o
sistema foi reimplantado dando continuidade às coletas de dados pesqueiros até
os momentos atuais (Batista, 1998).
Diversas pesquisas, sobretudo a partir da década de 90, vêm enfocando
prioritariamente a pesca em lagos realizada por ribeirinhos (MacGrath, 1994).
Estes estudos (McGrath et al.,1993a e 1993b; Cerri, 2001, entre outros) são de
grande importância porque contribuíram para a criação e implementação de vários
mecanismos sociais que atualmente são empregados para promover a
sustentabilidade da pesca em lagos na Amazônia. A exemplo destes mecanismos
temos: 1) Implementação de tecnologias sociais (como por exemplo, os acordos
de pesca); 2) Organização de movimentos de base que objetivam a proibição e
limitação da atuação da pesca descontrolada em determinados lagos; e 3) o
crescente aumento da criação de unidades de conservação em várias áreas
importantes para a pesca profissional (McGrath et al., 1993a; 1993b; Cerri, 2001;
Ribeiro e Fabré, 2004)
Não há como alcançar nenhum objetivo conservacionista ou promover a
sustentabilidade da pesca na Amazônia de maneira participativa, sem um
adequado dimensionamento das informações pesqueiras desta importante
modalidade da pesca (pesca profissional), tampouco limitando a atuação de uma
categoria de pescadores-trabalhadores que têm importante participação no
23
abastecimento de pescado de mais da metade do contingente populacional do
Estado2, e que por morar na maioria das vezes nas zonas periféricas dos centros
urbanos e também passar a maior parte do tempo embarcada, convive com vários
problemas sociais como, por exemplo, a falta de assistência médica, a baixa
escolaridade, a marginalidade, violência, como mencionado por Leonel (1998) e,
Masulo e Nogueira (1994) e verificado na área de estudo durante o levantamento
de dados do presente trabalho.
2. Estrutura e organização do estudo
O presente trabalho teve com objeto central de estudo analisar a pesca de
efetuada pela frota comercial em sistemas de lagos. Para tal, foram utilizados
dados de desembarque de Manaus correspondentes ao período compreendido
entre 1994-2001. O primeiro capítulo teve como objetivo verificar o efeito da
composição e estrutura das paisagens de sistemas de lagos sobre o rendimento
pesqueiro dos referidos sistemas. O segundo analisou a dinâmica da atividade de
pesca em lagos verificando a existência de diferenças de Rendimento pesqueiro
de lagos e sua relação com a heterogeneidade ambiental dos diferentes sistemas
fluviais (bacias hidrográficas), com fins de propor potenciais unidades de manejo
da pesca profissional da Amazônia Central. O terceiro capítulo é uma contribuição
para o zoneamento ecológico pesqueiro do Amazonas, demonstrando o efeito de
diferentes unidades geomorfológicas sobre o rendimento pesqueiro de lagos.
2N. do Autor. Este comentário é feito tomando por base os dados do IBGE (2000) para o tamanho da população de Manaus (aproximadamente 1.500.000 habitantes) em relação ao Estado (aproximadamente 1.750.000 de habitantes).
24
CAPÍTULO 1 - Composição de paisagens aquáticas de lagos explotados pela frota de pesca profissional de Manaus.
25
1. INTRODUÇÃO
A estrutura e função da paisagem aquática nas áreas de inundação
representam os componentes e/ou feições geográficas inseridas nas áreas
riparianas que margeiam os rios, que apresentam diferentes funções ecológicas,
e que devem ser observadas em diferentes escalas espaciais e temporais de
análise (Ward, 1999; Bain et al., 2001; Zalewski e Naiman, 2001; Ward e Wiens,
2001; Wiens, 2002; Ward et al., 2002;)
Têm-se demonstrado que os sistemas lacustres de várzea são altamente
produtivos, sendo o nitrogênio e o fósforo, os principais nutrientes limitantes da
produção primária devido à mistura entre as águas do rio com as águas locais,
podendo ser determinados, tanto pela relação entre a área da bacia de drenagem
e a área do lago, como pela relação zona de transição aquática/terrestre e área da
bacia do lago (Forsberg et al., 1988; Furch e Junk, 1997, entre outros). Mesmo
com discordância quanto à fonte de nutrientes, há consenso no sentido de que os
sistemas de lago disponibilizam habitats de reprodução, refúgio e alimentação
para a maioria das espécies de peixe que habitam os ambientes aquáticos
amazônicos (Araújo-Lima, 1995; Goulding, 1996).
A origem da produção pesqueira desembarcada em Manaus está
diretamente associada com os ambientes que constituem a planície de inundação,
área alagável ou várzea (Sousa, 2000; Batista, 1998; Petrere, 1978). Estes
ecossistemas não são isolados e representam ecótones ou sistemas de transição
(ATTZ3) que participam de todos os processos ecológicos que ocorrem nas bacias
hidrográficas. A dinâmica destes processos ocorre ao longo de quatro dimensões:
26
longitudinal (cabeceiras-foz), lateral (calha do rio-margem-planicie aluvial), vertical
(superfície-fundo) e temporal (Ward e Stanford, 1989).
Nesta perspectiva, a atividade pesqueira realizada pela frota comercial que
desembarca em Manaus é realizada em dois principais ambientes aquáticos: a)
os Sistemas de Canais (rios, paranás, furos, igarapés) e b) os Sistemas de lagos
(arredondados, dendríticos, ferradura e alongados) que fazem parte de um
mosaico de elementos de diferentes origens geológicas, geomorfológicas e fluviais
que compõem a várzea, constituindo-se de milhares de lagos periodicamente
interconectados entre si, (e com o rio principal) (Junk, 1984 e 1997; Forsberg et
al., 1988; 1993; Bayley e Petrere, 1989 e 2001; Mertes et al., 1996; Franzinelli et
al., 1998; Igreja, 1999; Sousa, 2000; Petry et al., 2003; Rozo et al., 2003; Sousa et
al., 2003; Rozo, 2004).
Desde o ponto de vista da importância ecológica, esses milhares de
sistemas de lagos amazônicos representam as principais fontes primárias para as
cadeias tróficas que sustentam toda a biodiversidade de peixes da região
(Goulding, 1993 e1996). Por outro lado, considerando o aspecto sócio-econômico,
as paisagens lacustres também representam a principal fonte de produção
primária para o abastecimento de produtos agrícolas e pesqueiros no Estado do
Amazonas e nos Estados circunvizinhos (Junk, 1997; Batista 1998; Barthem e
Fabré, 2004; Batista et al., 2004). Nesse contexto, o presente capítulo teve como
objetivo verificar o efeito da estrutura e composição das paisagens aquáticas
sobre o Rendimento Pesqueiro de diferentes sistemas de lago explotados pela
frota profissional que desembarca em Manaus.
3 Aquatic Terrestrial Transition Zone - Zona de transição aquática terrestre, Junk et al., 1989.
27
2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Base de dados Alfanuméricos
Dados do banco de dados da Estatística pesqueira do Programa Integrado
de Recursos Aquáticos e da Várzea (PYRÁ) da Universidade Federal do
Amazonas (UFAM) foram previamente tratados e processados para analise da
pesca profissional lacustres (ver detalhamento capítulo 02). Foram estimados os
seguintes dados pesqueiros:
1. Rendimento pesqueiro (toneladas);
2. Esforço de pesca (número de pescadores*dias pescando por registro de
desembarque);
3. Rendimento por pescador-dia (toneladas/(num de pescador*dias
pescando por registro de desembarque)).
Os lagos utilizados como unidades de análise da paisagem foram aqueles
que apresentaram registros de pesca continuada no desembarque em Manaus no
período de 1974 a 1976 (Petrere, 1978) e entre 1994-2001. Dentre estes, foram
analisados somente os sistemas de lago que apresentaram registros de
desembarque no período de setembro/Novembro – 1995 (seca) e Maio/Julho –
1996 (cheia), que corresponde à cobertura das imagens JERS-1, disponibilizadas
pela NASDA4. Neste sentido, foram selecionados para as análises os seguintes
lagos destacados no Quadro 1.
4NASDA - National Space Development Agency of Japan
28
Quadro 1 – Lista de locais de pesca explorados pela frota de pesca comercial que desembarcou em Manaus durante o período de 1974-1976 e 1994-2001, que apresentam registros de pesca continuadamente em todos os anos analisados neste estudo.
LAGO 1974-1976 1994-2001 LAGOS COM PAISAGEM MENSURADA
Abufari X X Acará X X X Aiapuá X X X Amanã X Anamã X X X Anori X X X Arari X X X
Arumã X X Badajos X Beruri X X X
Buabuá X Caiambé X X Canaçari X X X Castanho X
Caua X X Coari X X
Comprido X Cubuá X X X Cuianã X X Itaboca X X Jacaré X X Jacaré X Jamari X X X
Janauaca X X X Jari X X X
Juruatuba X X X Jutica X
Macuricanã X Mamia X X X Mamuri X X X
Manaquiri X X Miua X
Paricatuba X X X Piorini X X X
Pupunhas X Rei X
Surara X Tambaqui X
29
2.2 Base de dados digitais
As principais bases digitais de análise deste capítulo são as imagens JERS-
1 geradas pela NASDA no período de setembro/outubro 1995 (seca) e maio/julho
de 1996 (cheia). O pré-processamento das imagens, calibração das cenas,
conversão de 16 para 8 bits e geocodificação foram realizados pelo Jet Propulsion
Laboratory (JPL). Cada imagem do mosaico foi reamostrada para pixels de 100
metros de resolução espacial.
Além das imagens JERS-1 (1995/1996, NASDA/MITI), também foram
utilizadas as bases de dados cartográficos do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) e da ANA (Agencia Nacional de Águas), ambas de
domínio público disponibilizados nos sites: (www.ibge.gov.br) e (www.ana.gov.br)
O ambiente amazônico apresenta pelo menos, dois critérios fundamentais
para escolha das imagens serão analisadas as paisagens lacustres utilizadas para
a pesca. 1) Data de aquisição dos dados - é de fundamental importância escolher
imagens que possuam dados em diferentes fases do ciclo hidrológico; 2)
Cobertura de nuvens - este fator é limitante, principalmente no caso de análise
com produtos de sensores ópticos passivos (Imagens LANDSAT, por exemplo),
pois em muitas situações não é possível sequer visualizar o sistema em análise
(Novo et al., 1997; Burrough, 1986; Karssenger, 2002). No caso do presente
estudo, a limitação da resolução espacial não foi tão prioritária quando comparada
com a importância dos outros dois critérios, sobretudo pela escala regional de
1:250.000 que os dados foram analisados.
30
2.3 Processamento e Análise dos dados
Todo o processamento das imagens analisadas neste capítulo foram
realizados no software SPRING, de domínio publico, e o único software
inteiramente brasileiro (www.inpe.br/dgi/ltide/spring).
Foi elaborado conceitualmente, um sistema de informação geográfica para
a pesca profissional de lagos no Amazonas (SIG-PESCA LAGO) tendo como base
os seguintes componentes principais de um SIG (Burrough, 1986; Medeiros, 1999;
Karssenger, 2002;): 1. Entrada de Dados, 2. Rotinas operacionais, 3. Tipos de
dados, 4. Análise Integrada dos dados, 5. Sistemas de consulta Usuário-Interface-
Usuário (Quadro 2).
31
Quadro 2 - Modelo organizacional do Sistema de Informação Geográfica da Pesca Comercial Profissional de Lago entre 1994 e 2001 (SIG-PESCA LAGO)
SIG - PESCA LAGO Dados Alfanuméricos Dados Vetoriais Dados Raster
Tabelas obtidas de consultas em bancos relacionais Pontos, Linhas, Polígonos. Imagens de Satélite
ENTR
AD
A D
E D
AD
OS
Bancos de dados relacionais
1. Banco de dados Estatística pesqueira do Amazonas
Bases cartográficas
1. Base de dados cartográficos -IBGE 2. Cartas RADAM-Brasil
Imagens JERS-1
1. Setembro/1995 - Seca 2. Maio/1996 - Cheia
RO
TIN
AS
O
PE
RA
CIO
NA
IS
Entrevistas no Mercado Adolfo Lisboa Registro da coordenada central dos sistemas de
lago
1. Integração em SIG 2. Segmentação 3. Classificação não supervisionada baseada em polígonos segmentados 4. Treinamento 5. Elaboração dos temáticos
TIP
OS
DE
DA
DO
S
Composição da Paisagem do sistema de lago nas diferentes fases do ciclo
hidrológica
Coordenadas geográficas dos sistemas de lagos
Estrutura da paisagem do sistema de lago
1. MEDIDAS DE COMPRIMENTO:
Distância de Manaus; Tamanho da Conexão alagada
2. MEDIDAS DE ÁREA: Quantidade de Floresta Alagada; Área de Superfície Abertas
3. MEDIDAS DE CONTORNO: Perímetro; Desenvolvimento perimetral
Análise Integrada dos dados
1. Análise exploratória de padrões espaciais (Análise de componentes principais)2. Modelo Linear Geral
SISTEMAS DE CONSULTA USUÁRIO-INTERFACE-USUÁRIO
A arquitetura do SIG-PESCA LAGO foi elaborada considerando o esquema
da Figura 1.
32
USUÁRIO DO BANCO
INTERFACECOMPUTACIONAL
TABELAS
ImagensJERS-1
Base IBGE
EtnoDescriçãoEstatística dedesembarque
MAPASTEMÁTICOS DA
PESCA
AMBIENTE COMPUTACIONALSOFTWARE+HARDWARE
Figura 1 - Arquitetura conceitual do Sistema de Informação Geográfica da Pesca Profissional de Lago da Amazônia Central (SIG-PESCA LAGO).
2.4 Extração de medidas da estrutura da paisagem de lagos explotados pela pesca profissional
A paisagem dos sistemas de lago foi mensurada com rotinas e técnicas de
geoprocessamento para extração de dados alfanuméricos ou tabuláveis, os quais
foram avaliados com estatística multivariada (Análise de componentes principais).
A extração das medidas foi realizada com técnicas de sensoriamento remoto
(Segmentação, Classificação, Mapeamento, Contraste, e elaboração de mapas
temáticos) aplicadas em imagens de RADAR JERS-1-SAR adquiridas no período
da seca de 1995 e da cheia de 1996.
O processo de segmentação foi executado com algoritmo ISOSEG, com
combinação de Área=10, Similaridade=25. As imagens georreferenciadas no
sistema projeção plana UTM/WGS 84, coordenadas métricas.
As medidas de contorno, e as distâncias foram mensuradas em km e as
medidas de área em km2. A seguir, está descrito resumo do protocolo de técnicas
33
de geoprocessamento e sensoriamento remoto que foram utilizados para extração
das medidas da composição e estrutura das paisagens de lagos mensurados no
ambiente computacional do Software SPRING versão 4.0.
PASSO 1 - CRIANDO O AMBIENTE DE TRABALHO 1. Criar Banco de dados – 2. Criar Projetos – um projeto para cada cena correspondente a área de trabalho 2.1 Definir projeção cartográfica – Sistemas de Projeção, Sistemas de Coordenadas, 2.2 Definir Coordenadas geográficas do retângulo envolvente 3. Criar modelos: a) Imagem b) Temáticos 4. IMPORTAR imagem JERS-1 (Formato de imagem tif) - cada cena de interesse para o
seu respectivo projeto de trabalho PASSO 2 – APLICANDO TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO 1. Abrir projeto de interesse – p. ex. Manaus - Seca 2. EXIBIR Painel de Controle 3. Ferramenta de Desenho – Desenhar imagem 4. Recortar PI (Plano de informação) – 4.1 – Menu – Ferramentas – Recortar Imagem 4.2 Janela de Recorte – Definir PI ATIVO 4.2.1 Selecionar edição Manual 4.2.2 Definir com o cursor manualmente a área de interesse para realizar o recorte - neste
caso definir a área de recorte do lago
4.3 – Menu EXIBIR painel de controle 4.4 - Menu DESENHAR PI ativo 4.5 – Menu – IMAGEM 4.5.1 Rotina SEGMENTAÇÃO 4.5.2 Janela de Segmentação – definir parâmetros de Segmentação – Métodos de
classificação (Área ou Região) – Classificador (Isoseg), Área e Similaridade. 4.5.3 Executar operação 5. Desenhar Imagem segmentada – Menu – Ativar Classificação 5.1 Janela de Classificação - Extração de regiões
34
5.2 Ativar Treinamento - operação de rotulação das classes conforme regiões definidas previamente
5.3 Classificação – geração de imagem classificada (matriz) 5.4 Mapeamento – Análise visual da imagem resultante para realização de mapeamento de
classes – definição do nome das classes conforme os polígonos definidos 6. Menu – Ativar imagem classificada 7. Menu – Ferramentas – Operações métricas 8. Janela de operações métricas – Definir, Perímetro, Distâncias e Comprimentos e Áreas
– com esta operação são obtidos relatórios em formato txt com as mensurações
solicitados, calculadas na base das medidas das classes obtidas com a classificação, p
ex Floresta alagada, Perímetro do lago, etc
2.5 Atributos paisagísticos estimados da estrutura e composição dos sistemas de lago
A partir dos procedimentos e rotinas operacionais executadas no software,
como descrito acima, foram mensurados os seguintes atributos das paisagens de
lago explotadas pela frota de pesca comercial que desembarca em Manaus.
a) MEDIDAS DE COMPRIMENTO – indicadores da acessibilidade ao lago
1. Distância do principal centro consumidor - (km) – distância do
sistema de lago em relação ao porto de desembarque, no caso
Manaus.
2. Comprimento da principal conexão com o rio principal (km) –
comprimento da principal via de acesso ao sistema de lago
mensurada da boca do lago ao rio principal.
b) MEDIDAS DE ÁREA - indicadoras da composição das paisagens dos
lagos durante o ciclo hidrológico
35
1. Estimativa da quantidade de floresta alagada (km2) – área superficial
ocupada por água com cobertura vegetal (floresta alagada) durante o
período de seca (1995) e cheia (1996)
2. Estimativa da área total de águas abertas (km2) - área superficial
ocupada por água dentro do sistema de lago sem cobertura vegetal
(floresta de várzea) durante o período de seca (1995) e cheia (1996)
c) MEDIDAS DE CONTORNO - indicadoras do efeito do ciclo hidrológico
(contração e expansão das paisagens dos lagos).
1. Perímetro (km) - Estimativa do contorno do lago (km). Consiste num
indicador da expansão e contração superficial durante o ciclo
hidrológico para o período da seca (1995) e da cheia (1996).
2. Desenvolvimento perimetral (DP) - calculado através da relação
entre o perímetro da bacia e a circunferência de um círculo de área
igual ao da bacia do lago em questão. O cálculo foi realizado a partir
da seguinte equação extraída de Cole (1979).
DP= P
2 Vπ A
onde:
DP = Desenvolvimento Perimetral
P = Perímetro do lago
A = Área do lago
d) PROPORÇÃO DA QUANTIDADE DE FLORESTA ALAGADA COM ÁREA TOTAL DE
ÁGUAS ABERTAS - Quantidade de Floresta Alagada/Áreas Abertas –
representa uma proporção de floresta alagada que foi ocupada por água
durante o ciclo hidrológico (seca – 1995; e cheia - 1996).
36
Além disso, também foi estimada, com base nos dados disponibilizados
pela Agência Nacional de Águas (para detalhamento, ver Capítulo 2), os dados da
cota média mensal rio (cm), durante o período ao qual a análise foi realizada
(setembro-outubro de 1995 – maio a julho-1996) referentes à estação mais
próxima do sistema de lago.
2.5 Analise exploratória dos dados
Uma vez que todas as variáveis paisagísticas e pesqueiras foram extraídas,
verificaram-se as tendências de agrupamento dos dados (Análise de componentes
principais) por meio da extração de vetores (Factors), e validadas sua importância
por meio dos valores das cargas (Loadings) e de diagramas de dispersão dos
escores (scores) dos fatores (Ludwig e Reynolds, 1988; Jongman et. al., 1998;
Gauch, 1999; Manly, 1999; Magnusson e Mourão, 2003).
2.6 Modelos Lineares Gerais
Verificou-se a existência de diferenças significativas no rendimento
pesqueiro das unidades experimentais da pesca lacustre, relacionadas
composição e estrutura de suas respectivas paisagens, por meio de um Modelo
Linear Geral (GLM – Regressão múltipla), admitindo os pressupostos do modelo
de acordo com Zar (1999), sendo que foram considerados na análise somente os
dados da pesca ocorrida durante o período de cobertura das imagens (setembro-
outubro de 1995- SECA; Maio a Julho 1996 – CHEIA), onde foram extraídas as
medidas da estrutura da paisagem dos lagos. Foi proposto o seguinte modelo:
O modelo proposto pelo presente estudo é:
Yi = µ + β1*(Ai – A) +β2*(Bi – B) β3*(Ci – C) + β4*(Di – D) + β5*(Ei – E) + β6
(Fi, – F) +β7(Gi – G) + εi
37
Onde:
Yi = Variável dependente (Rendimento pesqueiro - toneladas)
µ = Média geral do modelo
β1 = efeito linear da covariável – Cota do rio (cm)
β2 = efeito linear da covariável – Distância de Manaus (km)
β3 = efeito linear da covariável – Perímetro do lago (km)
β4 = efeito linear da covariável - Tamanho da conexão com o rio principal
(km)
β5 = efeito linear da covariável – Área de Floresta Alagada ( km2)
β6 = efeito linear da covariável – Esforço de Pesca (nº de pescador*dias pescando)
β7 = efeito linear da covariável – Desenvolvimento perimetral
A = covariável Cota do rio (cm) A = média da Cota do rio (cm) B = covariável Distância de Manaus (km)
B = média da covariável Distância de Manaus (km)
C = média da covariável Perímetro do lago (km)
C = média da covariável Perímetro do lago (km)
D = covariável Tamanho da conexão com o rio principal (km)
D = média da covariável Tamanho da conexão com o rio principal (km)
E = covariável Área de Floresta Alagada ( km2)
E = média da covariável Área de Floresta Alagada ( km2)
F = covariável Esforço de Pesca (nº de pescador*Dias pescando)
F= média da covariável Esforço de Pesca (nº de pescador*Dias pescando)
G = covariável Desenvolvimento perimetral
G= média da covariável Desenvolvimento perimetral
εi = componente de erro aleatório
38
39
3. RESULTADOS
Durante o período de 1994 a 2001 foram registrados 338 sistemas de lagos
explorados pela pesca dos quais 11,6% (n=38) permaneceram com registro em
pelo menos 3, dos 8 anos de coleta, e 34 já tinham sido citados nas entrevistas
entre 1974-1978. A mensuração das paisagens foi realizada considerando cerca
de 29% (n=10) dos sistemas de lago explorados desde a década de 70 (Tabela 1).
Os dados da Figura 2 apresentam uma maior diferença nos atributos
paisagísticos entre lagos durante a cheia, tendo como resposta, níveis de esforço
de pesca menores em relação ao período da seca. De maneira geral, os valores
de esforço de pesca apresentaram maior estratificação entre 50 e 350 (pescador*
dias pescando) durante o período da cheia, nos lagos com perímetro oscilando
entre 500 e 2500km. Na seca com a redução do perímetro, o esforço apresenta-se
com distribuição mais uniforme (Figura 2-A). Esta tendência do esforço de pesca,
durante a cheia e na seca, parece ser similar em termos de Quantidade de floresta
alagada e de proporção de floresta alagada (Figura 2–B e C).
40
Tabela 1 – Matriz de dados extraídos da análise das paisagens de lagos explotados pela pesca profissional de lagos
Trecho do rio LAGO Esforço 3P CPUE 4Fase h Aquisição-DATA Cota média do rio
2AA 5QTE_ALAG 6DIST_MAO 7PERIM 9CONEX_RIO 10DP FORMA proporção floresta ocupada por água
Medio Purus Aiapua 172 3.62 0.0710 C MAIO-JUL 1996 2010.00 291.00 478.94 374 1374.6 6.97 45.47 Mista 1.65
Baixo Solimões Anamã 257 72.83 0.1085 C MAIO-JUL 1996 1723.33 110.96 705.71 199.46 1062.5 6.48 56.92
Dendritico Alongado 6.36
Baixo Solimões Anori 167 13.33 0.0629 C MAIO-JUL 1996 1723.33 19.36 39.61 241 143.61 1.07 18.42
Dendritico Alongado 2.05
Alto Amazonas Arari 0 0.00 0.1208 C MAIO-JUL 1996 1580.67 483.10 389.19 206.16 319.82 6.32 8.21 Dendrítico Alongado 0.81
Medio Solimões Badajos 340 25.47 0.1467 C MAIO-JUL 1996 1593.00 1902.19 351.74 483 2003.3 106.2 25.92
Dendritico Alongado 0.18
Baixo Purus Beruri 210 9.44 0.0483 C MAIO-JUL 1996 2010.00 117.72 105.02 255.65 292.80 5.73 15.23
Dendritico Ramificado 2.42
Medio Solimões Coari 233 11.72 0.0496 C MAIO-JUL 1996 1593.00 1203.68 1233.81 540 2308.2 1.03 37.55
Dendritico Alongado 1.03
Baixo Solimões Janauaca 0 0.00 0.1232 C MAIO-JUL 1996 1723.33 206.89 245.9 53.85 1218.2 3.52 47.80 Mista 1.19
Alto Amazonas Rei 0 0.00 0.1144 C MAIO-JUL 1996 1580.67 393.20 219 85 112.77 15 3.21 Redondo oval 0.63
Medio Purus Surara 198 20.74 0.0600 C MAIO-JUL 1996 2010.00 303.58 165.36 274 431.58 0.5 13.98
Dendritico Alongado 0.54
Medio Purus Aiapua 325 21.70 0.0710 S SET-OUT 1995 855.67 120.39 125.39 374 293.33 6.97 15.09 Mista 1.04
Baixo Solimões Anamã 257 27.73 0.1085 S SET-OUT 1995 1105.66 82.19 0 199.46 199.59 6.48 12.42
Dendritico Alongado 0.00
Baixo Solimões Anori 304 17.70 0.0629 S SET-OUT 1995 1105.66 24.48 0 241 90.58 1.07 10.33
Dendritico Alongado 0.00
Alto Amazonas Arari 286 40.26 0.1208 S SET-OUT 1995 688.80 291.55 186.96 206.16 250.74 6.32 8.29 Dendrítico Alongado 0.64
Medio Solimões Badajos 378 57.15 0.1467 S SET-OUT 1995 675.50 237.83 0 483 284.44 106.2 10.41
Dendritico Alongado 0.00
Baixo Purus Beruri 338 15.66 0.0483 S SET-OUT 1995 855.67 43.45 80.44 255.65 98.58 5.73 8.44 Dendritico Ramificado 1.85
Medio Solimões Coari 319 29.05 0.0496 S SET-OUT 1995 675.50 1053.68 0 540 662.22 1.03 11.51
Dendritico Alongado 0.00
Baixo Solimões Janauaca 375 32.67 0.1232 S SET-OUT 1995 1105.66 158.55 0 53.85 364.34 3.52 16.33 Mista 0.00
Alto Amazonas Rei 249 26.32 0.0000 S SET-OUT 1995 688.80 346.90 170.61 85 93.21 15 2.82 Redondo oval 0.43
Medio Purus Surara 312 13.64 0.0916 S SET-OUT 1995 855.67 14.94 0 274 63.83 0.5 9.32 Dendritico Alongado 0.00
3P – Produção (toneladas); Esforço de pesca ( num pescador*dias pescando); CPUE (toneladas/esforço de pesca) 4Fase hidrológica; 2AA – Áreas abertas (km2); 5QTE_ALAG – Quantidade de Floresta Alagada (km2); 6DIST_MAO – Distância de Manaus(km); 7PERIM – Perímetro(km); 9CONEX_RIO – conexão com o rio principal (km); 10DP – Desenvolvimento perimetral;
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2.00
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A
B
C
Figura 2 – Distribuição das variáveis paisagísticas de lagos explotados pela frota de pesca profissional relacionadas com o esforço de pesca, na seca de 1995 (setembro-outubro) e cheia de 1996 (maio-julho). A) Perímetro do lago (km); B) Floresta Alagada (km2; C) Proporção de Floresta alagada.
Também no caso do rendimento pesqueiro por pescador-dia
(toneladas/num de pescador*dia) o perímetro (Figura 3-A), a quantidade de
floresta alagada e a proporção de floresta alagada (Figura 3– C) nas duas fases
41
do ciclo hidrológico evidenciaram a tendência de maior estratificação entre lagos
durante a cheia, quando as características individuais de cada sistema são mais
evidentes. De maneira geral, há uma tendência de aumento do rendimento
pescador-dia no período da seca, quando ocorre a diminuição das dimensões da
paisagem – Perímetro, Quantidade de floresta alagada e Proporção de floresta
alagada – quando as características individuais de cada lago tornam-se mais
homogêneas.
42
-1.00
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00
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0.180Proporção de flor AlagadaRendimento-dia
0.00
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A
B
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Figura 3 – Variação dos atributos das paisagens dos lagos explotados pela frota de pesca profissional em relação ao rendimento pesqueiro por pescador-dia (toneladas/num de pescador*dias pescando), na seca de 1995 (setembro-outubro) e cheia de 1996 (maio-julho). A) Perímetro do lago - km; B) Floresta Alagada - km2; C)Proporção de Floresta alagada.
De maneira geral, a maior parte dos locais estão num raio entre 100 e 400
km distantes de Manaus, sendo que o rendimento pescador-dia concentra-se na
43
faixa de 200 a 400km de distância (entre 0,04 e 0,08 toneladas/num pescador*dias
pescando por registro de desembarque) (Figura 4-A). O esforço de pesca (num de
pescador*dias pescando) apresentou a tendência de uniformidade, entretanto na
parece que na faixa de 400 a 500km de distância o esforço é maior que nas
distâncias menores.
A maior parte dos lagos está localizada a uma distância de menos de 25km
do rio principal, sendo que o rendimento pescador-dia oscilou entre 0,04 e 0,08
toneladas/pescador*dias pescando; e o esforço de pesca entre 100-300
pescador*dias pescando (Figura 4-B).
44
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Figura 4 – Distribuição indicadores de acessibilidade aos lagos explotados pela frota de pesca profissional em relação variação de: A) Rendimento pesqueiro (toneladas) e B) Esforço de Pesca (Num de pescador*Dias pescando) na seca de 1995 (setembro-outubro) e cheia de 1996 (maio-julho).
45
A análise de componentes principais separou no primeiro componente (34,97%
da variância) as medidas da composição e do contorno do lago; e no segundo
componente (26,75%), as medidas de comprimento (acessibilidade ao lago) e
pesqueiras (Tabela 2), sendo definido para a época de CHEIA um grupo que inclui 5
dos 10 lagos mensurados e para a SECA; 8 dos 10 lagos analisados, indicando
similaridades nas características da paisagem do lago mensuradas, no presente
estudo (Figura 5).
Tabela 2 – Cargas dos fatores, com destaque para as cargas com contribuição acima de 60%, obtidos da análise de componentes principais para os dados da pesca profissional de lagos e características da paisagem dos sistemas analisados para o período de set-out/1995 e mai-jul/1996.
FATOR 1 FATOR 2
Esforço 0.31 -0.74Rendim-Dia 0.19 -0.44 Area_Aberta -0.55 -0.62Cota_Rio -0.68 0.49 Area Alagada -0.86 0.00 Dist Manaus -0.36 -0.73Perimetro -0.92 -0.31 Conexão -0.09 -0.71Desen_Perimet -0.82 0.16
A distribuição dos escores dos fatores demonstrou a formação de um grupo de
lagos – Anamã, Surara, Beruri, Arapuá, Anori, Janauacá, Arari, Rei no período da
SECA; e na CHEIA: Arari, Rei, Anori, Surara, Beruri (Figura 5) que possuem as
características explicadas pelas cargas dos fatores do ACP similares (Tabela 3).
Tabela 3 – Porcentagem de variância explicada pelos fatores e seus respectivos autovalores obtidos da análise de componentes principais para os dados da pesca profissional de lagos e características da paisagem dos sistemas analisados para o período de set-out/1995 e mai-jul/1996.
FATOR (Auto valor) %VARIÂNCIA EXPLICADA
PELO FATOR 1 3.50 34.97 2 2.67 26.75 3 1.67 16.68 4 0.72 7.20
5 0.50 5.00 6 0.35 3.48 7 0.28 2.78 8 0.21 2.10 9 0.10 1.00
AiapuaAnamã
AnoriArari
Badajos
Beruri
Coari
Janauaca
Rei
Surara
Aiapua
AnamãAnori
Arari
Badajos
Beruri
Coari
JanauacaReiSurara
-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Fator 1 (34.97%):( - ) Cota do rio; Área Alagada; Perimetro; Desenvolvimento perimetral
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
Fator
2 (2
6.75%
): (-)
Esfo
rço; A
reas
Abe
rtas;
Distâ
ncia
de M
anau
s; Co
nexã
o
Cheia
Seca
AiapuaArariAnoriJanauacaBeruriSuraraReiAnamã
Figura 5 – Diagrama de dispersão dos escores extraídos da análise de componentes para os lagos explotados pela frota de pesca profissional em relação à variação do esforço de pesca, na seca de 1995 (setembro-outubro) e cheia de 1996 (maio-julho)
A matriz de correlação de Pearson (Tabela 4) demonstrou os níveis de
correlação entre as variáveis pesqueiras e da paisagem que foram avaliadas pela
analise de componentes principais. Todas as correlações mais evidentes foram
negativas, sendo para o fator 01: Perímetro (-0,92), Quantidade de Área alagada (-
0,86), Desenvolvimento perimetral (-0,82) e Cota do rio (-0,68); e para o fator 02:
47
Distância de Manaus (-0,73), Tamanho da conexão com o rio principal (-0,71) e
Esforço de pesca (-0,71) (Figura 5).
-0.73 -0.71 -0.74
-0.92 -0.86 -0.82
-0.68 -0.55
Rendim-Dia
Conex ãoDist Manaus
Area_AbertaCota_Rio
Desen_Perimet
Area AlagadaPerimetro
Esforço
-1.00
-0.80
-0.60
-0.40
-0.20
0.00
0.20
0.40
0.60
Perimetro Area Alagada Desen_Perimet Cota_Rio Area_Aberta ProporAlagada
Dist Manaus Conex ão Rendim-Dia Esforço
Car
ga d
os fa
tore
s
Factor 1 Factor 2
Figura 6 – Diagrama de dispersão da carga dos fatores da análise de componentes para os lagos explotados pela frota de pesca profissional em relação à variação do esforço de pesca, na seca de 1995 (setembro-outubro) e cheia de 1996 (maio-julho)
Tabela 4 – Matriz de correlação de Pearson, com destaque r>60%, obtidos da análise de componentes principais para os dados da pesca profissional de lagos e características da paisagem dos sistemas analisados para o período de set-out/1995 e mai-jul/1996.
Esforço Rendim-Dia Area_Aberta Cota_Rio Area
Alagada Dist
Manaus Perimetro Conexão Desen_
Perimet Propor
Alagada Esforço 1.000
Rendim-Dia 0,677 1,000
Area_Aberta 0,081 -0,105 1,000
Cota_Rio -0,591 -0,380 0,093 1,000
Area Alagada -0.242 -0.050 0.443 0.437 1.000
Dist Manaus 0.428 0.034 0.589 -0.088 0.286 1.000
Perimetro -0.052 -0.086 0.728 0.432 0.787 0.487 1.000
Conexão 0.314 0.289 0.486 -0.133 -0.054 0.417 0.260 1.000
Desen_Perimet -0.179 0.029 0.140 0.557 0.638 0.107 0.734 -0.042 1.000
Propor Alagada -0.131 0.210 -0.228 0.425 0.423 -0.129 0.180 -0.208 0.630 1.000
Além da analise de componentes principais, também foi calculado um modelo
linear geral (Regressão múltipla) para testar o efeito das variáveis paisagísticas locais
48
sobre o rendimento pesqueiro (Tabela 5). As premissas do modelo foram testadas
sendo que todas as variáveis se adequaram as premissas de normalidade,
homogeneidade das variâncias e independência (Zar, 1999). Do modelo proposto, as
variáveis cota do rio, distância de Manaus e proporção de floresta alagada não
apresentaram significância sendo excluídos do modelo final, o qual foi significativo
(r2=87; n=20, p<0,10) e forneceu a seguinte equação:
Rendimento pesqueiro = -35,99 + ESFORÇO DE PESCA *0,14 + ÁREA ABERTA*0,06 + FLORESTA
ALAGADA*0,08 – PERÍMETRO*0,11 + CONEXÃO*0,27 + DESENVOLVIMENTO PERIMETRAL*2,84
Tabela 5 – Resultados da aplicação do modelo linear geral, calculado por meio da Análise de covariância com seguintes componentes: VARIÁVEL DEPENDENTE: Rendimento pesqueiro; VARIÁVEIS INDEPENDENTES: Esforço de pesca, Áreas Abertas, Cota do Rio, Área Alagada, Distância de Manaus, Perímetro, conexão, Desenvolvimento perimetral, Proporção de floresta alagada. R=0,93; R2=0,87; N=20 nível de significância p=0,10
Fonte de variação Soma dos quadrados
Graus de Liberdade
Quadrados médios
F p
Intercepto 298,25 1 298,52 3,39 0,09Esforço 1429.51 1 1429.51 16.29 0.00
Area_Aberta 798.85 1 798.85 9.10 0.01Cota_Rio 0.96 1 0.96 0.01 0.92
Floresta Alagada 825.36 1 825.36 9.40 0.01Distância de Manaus 51.67 1 51.67 0.59 0.46
Perímetro 987.18 1 987.18 11.25 0.01Conexão 799.78 1 799.78 9.11 0.01
Desenvolvimento_Perimetral 992.08 1 992.08 11.30 0.01Propor Alagada 151.72 1 151.72 1.73 0.22
Erro 877.63 10 87.76 Total 6637.96 19
Não foi detectada nenhuma tendência na distribuição dos resíduos (Figura 7),
evidenciando o bom ajuste do modelo, que explicou 87% da variância do rendimento
pesqueiro dos lagos avaliados.
49
-50 0 50 100-20
-10
0
10
20
Resid
uos
Rendimento pesqueiro estimado (toneladas)
-50 0 50 100-20
-10
0
10
20
Resid
uos
Rendimento pesqueiro estimado (toneladas)
Figura 7 - Distribuição dos resíduos em relação aos valores de Rendimento pesqueiro estimada pelo Modelo Linear Geral (Regressão múltipla) calculado para os lagos explotados pela pesca profissional de Manaus durante o setembro-outubro/1995 e maio-juho1996.
4. DISCUSSÃO
Os lagos são superfícies de águas abertas situadas tanto na várzea quanto na
terra firme (Melack, 1984; Sieppel et al., 1992), fazendo parte de um mosaico espacial
de paisagens. Esta definição de lago é meramente operacional, visto que as
definições disponíveis na literatura (Hutchison, 1975; Cole, 1979) são aplicáveis
principalmente a lagos de regiões temperadas.
Considerando a literatura disponível, (Junk, 1984; Ward, 1989; Ward e Tockner,
2001; Ward e Wiens, 2001; Wiens, 2002; Ward et al., 2002; Petry et al. 2003) o termo
sistemas de lago foi convenientemente adaptado, considerando-o como: “complexas
unidades de paisagens aquáticas localizadas nas áreas laterais (planícies de
inundação) dos sistemas fluviais amazônicos, constituídas de subunidades (lagos de
tamanho menor) espaço-temporalmente conectadas por meio de redes de sistemas
50
de canais (furos, paranás), com um núcleo central receptor (lago de tamanho maior),
e com o sistema fluvial principal”.
4.1 Considerações metodológicas
Nas ciências pesqueiras, a aplicação de técnicas de geoprocessamento e
elaboração de SIGs (Sistemas de Informação Geográfica) é muito recente. Os
estudos pioneiros, com aplicações para o manejo de pescarias marinhas foram
realizados por Kapetsky et al. (1988) e por Meaden e Kapetsky (1991). Segundo
Rahel (2004), os biólogos pesqueiros marinhos continuam na linha de frente, no que
diz respeito à aplicação de tecnologias de SIG na Pesca (Nishida et al., 2001;
Valavanis, 2002; por exemplo). Não menos raras, são as aplicações de SIGs em
áreas interiores, como por exemplo, Amarasinghe et al. (2002) que avaliou a robustez
de modelos preditivos de rendimento pesqueiro baseado nas características da área
de drenagem, usando SIG para pesca em reservatórios no Sri Lanka.
Se, no contexto mundial, a utilização de geotecnologias para dados pesqueiros
ainda é muito jovem, no contexto amazônico, a situação é ainda mais recente.
Carvalho (1997), por meio de técnicas de sensoriamento remoto, aplicadas em
imagens JERS-1, verificou a existência de relações entre a quantidade de floresta
alagada e CPUE. Sousa (2000) e Sousa et al. (2003) realizaram medições de
distâncias e de propriedades morfométricas de lagos explotados pela pesca comercial
profissional de Manaus, baseado em técnicas de sensoriamento remoto. Nolan et al.
(2004) realizou mapeamento dos sistemas de lagos explotados pela frota que
desembarca em Manaus.
51
A literatura disponível (Novo et al., 2002; Hess et al., 2002; Salas et al., 2002;
Freeman et al., 2002; Rosot, 2004; Dutra, 2004; entre outros) considera que as
imagens do radar JERS-1, geradas numa única freqüência (Banda L), são as únicas
disponíveis para toda região amazônica e que não possuem interferência da
cobertura de nuvens. Isto reduz o erro inerente às quantificações de habitats de
planície de inundação realizadas com outros tipos de imagens como, por exemplo,
Landsat (Bayley e Moreira, 1980; Bayley, 1981; Mertes et al., 1995)
A acuracidade das classificações dos habitats de planície inundáveis obtidas
do processamento e análise digital das imagens depende do objeto de estudos e
também da escala geográfica de análise (Macro, Meso e Local). Os parâmetros mais
importantes que influenciam nos resultados são: os métodos de classificação
(supervisionada ou não), os algoritmos de classificação, os parâmetros (área e
similaridade das janelas de classificação), textura das imagens analisadas, a
resolução espacial, a resolução temporal, entre outros (Mertes et al., 1995; Novo et
al., 2002; Dutra, 2004).
No contexto da pesca abordado no presente estudo para a mensurar as
paisagens lacustres; as medidas de área, de distância e de contorno foram estimadas
a partir de classificações supervisionadas de imagens JERS-1, com resolução
espacial de 100m. Não foi objetivo deste estudo testar diferentes combinações de
algoritmos de classificação, tampouco de parâmetros de área e similaridade, para
obtenção de melhor acuracidade dos dados. Neste sentido, as medições da estrutura
das paisagens analisadas representaram medidas, provavelmente subestimadas das
paisagens aquáticas de lagos onde ocorreu pesca profissional entre a seca de 1995 e
52
a cheia 1996, mas não representando nenhum tipo de falseamento das medidas
calculadas.
A aplicação de técnicas e métodos em geotecnologias consiste numa das
fronteiras mais promissoras para o contexto dos estudos pesqueiros amazônicos,
principalmente considerando os exemplos de outras regiões do mundo (e.g.
Amarasinghe et al., 2002; Kapetsky, 2004; Bakelaar et al., 2004; entre outros) que
buscam aplicar estas ferramentas, sobretudo como apoio às tomadas de decisão de
manejo da atividade pesqueira. Neste sentido, é prioritária a necessidade de
ampliação do espectro de aplicações geotecnológicas em estudos pesqueiros na
região amazônica, sobretudo pela possibilidade da realização de estudos no nível de
macro escala geográfica.
4.2 Estrutura e Composição das paisagens dos lagos explotados pela pesca profissional na Amazônia Central
De maneira geral, duas diretrizes principais podem servir de suporte para os
resultados do presente estudo: 1. Abordagem pesqueira – Utilização dos dados de
desembarque para explorar os fatores que determinam os níveis de produção
pesqueira (toneladas), reunido-os para compreender os aspectos que determinam
maior eficácia nas pescarias, e assim contribuir para o zoneamento da pesca no
Estado (Petrere, 1978; Isaac e Barthem 1996; Barthem e Goulding, 1997; Batista,
1998). 2. Abordagem ecológica - Entendimento dos dados de desembarque (Captura
por Unidade de Esforço ou rendimento por pescador dia – toneladas/esforço de
pesca) como amostragens do recurso ictico dos ambientes aquáticos amazônicos,
servindo, portanto de apoio para identificação dos ambientes de maior produção
53
biológico-pesqueira (Petrere, 1983; Welcomme, 1992; 1990 e 1999; Barthem e Fabré,
2004)
Há evidências de similaridades entre as paisagens dos lagos mais importantes
explotados pela pesca profissional, como foi demonstrado, por exemplo, na extração
de componentes principais. Conforme os movimentos de expansão e contração
(Barthem e Fabré, 2004) das dimensões do sistema de lago ocorrem efeitos
diferenciados sobre a abundância do recurso pesqueiro dentro do sistema (Merona e
Gascuel, 1992), separando as medidas da composição da paisagem e do contorno do
lago das medidas de comprimento (acessibilidade ao lago) e pesqueiras.
Considerando as medidas da composição e do contorno do lago foram
consideradas como indicadores da produtividade do sistema, quanto mais perímetro,
mais floresta alagada, e mais desenvolvimento perimetral, possivelmente o sistema
de lago será mais produtivo. Por outro lado, se as medidas de comprimento,
representam indicadores dos níveis de acessibilidade, elas afetam diretamente o
rendimento pesqueiro e o esforço de pesca, concordando com os resultados de
Sousa (2000).
De maneira geral, a expansão das dimensões do lago (período de cheia)
determinam boas condições para o aumento da produtividade (disponibilidade de
habitats de importância ecológica, oferta de nutrientes, locais de fuga, de desova,
etc.) (Araújo-Lima, et al., 1995; Goulding, 1996; Rufino, 1996; Henderson e Crampton,
1997; Claro-Jr, 2003). O perímetro, o desenvolvimento perimetral, a quantidade de
floresta alagada demonstraram ser bons indicadores destes processos bio-
ecológicos. Por outro lado, conforme ocorre à contração das dimensões do sistema
de lago (período de seca), talvez a paisagem torne-se cada vez mais homogênea,
54
principalmente pela redução da área ocupada por água dentro do lago, determinando
condições mais adequadas para a realização das pescarias, sobretudo nos locais
mais acessíveis para o pescador. Sousa (2000), demonstrou o efeito da
acessibilidade ao sistema sobre o rendimento pesqueiro para a frota de pesca
profissional durante o período de 1994-1996, o que corrobora os resultados do
presente estudo, confirmando que à distância do centro consumidor (Petrere, 1978;
Batista, 1998) e o tamanho da conexão com o rio principal são bons indicadores para
a “eficiência” da pesca lacustre.
O rendimento pesqueiro estimado pelo modelo linear geral foi interpretado
como um índice da abundância ictica relativa dos lagos (Abaubara, 1996), sendo
determinada pela quantidade de área alagada, pela cota do rio (seca e cheia), pelo
perímetro do lago, desenvolvimento perimetral, área total de águas superficiais
abertas e o tamanho da conexão com o rio principal, representando indicadores
ambientas da produtividade biológica de lagos explotados pela pesca profissional.
A paisagem aquática de um sistema de lago é resultado de processos
geológicos, geomorfológicos e hidrológicos que vem trabalhando as feições
geográficas do sistema por meio controle estrutural neotectônico, de atividades
erosivas e de sedimentação que ocorreram em diferentes fases históricas da
evolução da paisagem amazônica (Holoceno e Terciário, principalmente) (Cunha e
Api, 1990; Mertes et al., 1995 e 1996; Igreja,1999; Irion et al., 1997; Costa et al, 2001;
Latrubesse e Franzineli, 2002; Rozo, 2004), tendo como resultado, diferentes níveis
de heterogeneidade ambiental fluvial amazônica. De maneira geral, é possível
identificar depressões lacustres que cortam áreas de terra firme e sistemas de lagos
com topografia plana localizados na planície de inundação constituindo mosaicos
55
espaciais complexos nas áreas ripárias de várzea (Junk, 1984; Mertes et al., 1995;
Franzinelli e Igreja, 1998; Petry et al., 2003; Rozo et al., 2003).
Como parte desta complexidade, os lagos, especialmente a boca dos lagos,
que são continuadamente explotados ano após ano desde a década de 70, estão
localizados geralmente no limite interno, ou seja, entre a várzea e a terra firme como,
por exemplo, o lago Badajós ou então as margens dos rios como o lago Coari.
As diferentes paisagens que compõem os sistemas aquáticos como por
exemplo, as várzeas, os lagos marginais, as áreas alagadas, os remansos constituem
áreas ripárias que apresentam importantes funções (hidrológicas, ecológicas e
limnológicas) para a integridade biótica e abiótica desses sistemas. Dessa maneira, a
produtividade e a biomassa dos estoques pesqueiros estão relacionadas com as
extensões das áreas inundadas e a heterogeneidade de habitats existentes (Barrela
et al., 1996) provocados pelo aporte de nutrientes nas áreas de várzea (Junk et
al.,1989). Levando em conta estas considerações, cabe se questionar quais serão os
fatores que determinam a abundância dos recursos pesqueiros de lagos explotados
pela frota que desembarca em Manaus?
A cota do rio é um indicador da influência do regime hidrológico na planície de
inundação, quanto maior o nível do rio, mais áreas são alagadas. Isto provavelmente
deve contribuir para uma possível expansão das áreas de importância ecológica
(principalmente reprodução, alimentação e refúgio) para o recurso ictico, fato que está
maximizado durante o pico da inundação (cheia). Apesar disso, a atividade pesqueira
se intensifica principalmente no período de retração das águas (seca) (Fabré e
Barthem, 2004). Talvez seja possível que os lagos explotados pela frota profissional
possam ser considerados ambientes mais estáveis, pois geralmente são perenes
56
(Junk, 1984), havendo disponibilidade hídrica em todos os meses do ano, mesmo
naqueles anos de seca pronunciada, como o ano de 1995. No entanto, no presente
capítulo, a cota do rio não resultou significativa, sugerindo que, pelo menos em nível
local outras variáveis hidrológicas deverão ser testadas, pois provavelmente a
distância da régua de medição da cota do rio principal deve interferir nos resultados.
Em outras regiões do mundo, o efeito do regime hidrológico sobre a produção de
peixe como é o caso dos lagos Africanos, onde foi constatado somente o efeito das
variações interanuais do ciclo hidrológico sobre a produção de peixes (Welcomme,
2003), o que não foi o mesmo obtido no presente estudo.
A extensão da área de inundação e o regime hidrológico têm sido indicados
(Welcomme, 1995) como os principais fatores que influenciam no rendimento
pesqueiro de águas interiores. Na Amazônia, já vem sendo argumentado que a
floresta alagada tem fundamental importância para os animais aquáticos (Goulding e
Carvalho, 1982; Bayley, 1989; Rufino, 1996; Goulding et al, 1996; Araújo-lima et al.,
1998), entretanto somente depois de Claro-Jr (2004) foram demonstradas evidências
estatísticas da relação da floresta alagada com aspectos ecológicos de três espécies
de peixes onívoros. No presente estudo isto se confirma, pelo menos no caso dos
lagos analisados (dendríticos) onde a quantidade de floresta alagada, mensurada
resultou significativa, confirmando a sua importância para o rendimento pesqueiro e
indicando sua importância ecológica.
Os níveis de rendimento pesqueiro, estimados pelo modelo linear geral
demonstraram que quanto mais floresta alagada e área superficial do lago, maior o
rendimento pesqueiro de lagos. Estes resultados reforçam a preocupação com o
risco de desequilíbrio das cadeias tróficas por meio de modificações antrópicas, como
57
o desmatamento e criação de gado bovino e bubalino (Ayres, 1993; Goulding et al.,
1996; Monteiro e Sawyer, 2001) que vem ocorrendo em diversas áreas da região
amazônica. Os resultados do presente capítulo apresentam evidências,
estatisticamente testadas, da relação entre os níveis de rendimento pesqueiro e a
quantidade de floresta alagada e da área superficial do lago.
A quantidade de floresta alagada relacionada com a área total do sistema,
denominada de Proporção da floresta alagada, não resultou significativa para o
modelo. Provavelmente, a proporção de floresta alagada entre os dois períodos
(Seca e Cheia), poderia representar uma variável indicadora do efeito da expansão
lateral provocada pela inundação sobre o sucesso da pescaria, sendo que lagos
como Anamã, que tem a área total do sistema expandida seis vezes entre a seca-
1995 e a cheia-1996, poderiam representar sistemas mais produtivos. Em todo caso,
há uma forte limitação metodológica para a definição da área total do sistema, pois
isto implicaria em definir limites ecológicos e geográficos ao sistema de lago, o que
não consiste numa tarefa fácil com o nível de precisão em que a medida foi calculada.
A definição dos limites geográficos dos sistemas requer a mensuração em
escalas com mais acuracidade geográfica (menor resolução espacial), que permitam
identificar os limites da configuração das drenagens locais.
A geometria de sistemas aquáticos vem sendo destacada como outro
importante indicador da produtividade de lagos e rios e também de sua importância
ecológica. Thieneman (1920, apud Rawson, 1952) em lagos de regiões temperadas
destacou a profundidade como sendo o fator mais importante na classificação trófica
de lagos. Rawson (1958 e 1960) identificou os fatores que afetam a produtividade de
um lago como a morfometria, morfologia, origem geológica, intervenção humana,
58
condições climáticas, entre outros. Rousenfell (1947), calculou índices de produção
de peixes baseados em medidas de área de lagos. Um grupo de modelos foi derivado
por Welcomme (1976, 1979 e 1992) para rios africanos, onde a captura em toneladas
foi relacionada com a área e o comprimento da bacia. Ryder (1965) desenvolveu um
método para estimar a produção de peixes em lagos temperados a partir do Índice
morfoedáfico (MEI) que possui como componente a profundidade.
Na Amazônia, Bayley (1981) aplicou o modelo que Welcomme (1976) usou
em rios africanos com base em medidas de comprimento do rio e a área da bacia.
Bayley & Petrere (1989), a partir de diferentes fontes de cálculo da área de inundação
e rendimento pesqueiro estimaram o rendimento potencial pesqueiro por hectare de
várzea para a Amazônia. Welcomme (1990), também com medidas de área da bacia,
área máxima da planície de inundação, comprimento do rio e captura, comparou os
sistemas asiáticos, africanos e da América Latina. Recentemente Petrere et al.
(1998), compararam os rendimentos pesqueiros em águas interiores da África e
Amazônia Central derivando relações simples entre a área e comprimento do rio.
No presente estudo, as medidas geometricas de contorno (perímetro e
desenvolvimento perimetral), juntamente com o tamanho da conexão com o rio
principal, também foram explicatórias da variabilidade do rendimento pesqueiro de
sistemas de lagos explotados pela frota de pesca profissional de Manaus. O
coeficiente negativo da variável perímetro determina que quanto maior o rendimento
pesqueiro de lagos menor o perímetro. Os pescadores provavelmente preferem
realizar suas atividades nas condições onde o perímetro é menor (seca). Parece
lógico que a pescaria deveria ser mais eficiente na situação com menos perímetro,
como por exemplo, no lago Anamã que apresenta um contorno de mais de 800 km na
59
cheia, retraindo-se para menos de 85 km na seca. É evidente que, para o pescador o
efeito das variações de perímetro devem ser negativos, e há indícios de que lagos
com mais ou menos perímetro sejam mais ou menos produtivos. O perímetro
representa uma variável que afeta as dimensões espaciais disponíveis para
distribuição do recurso ictico, e por isso, provavelmente a existência de mosaicos
espaciais de habitats, como macrófitas aquáticas, deve ser um aspecto de extrema
relevância na avaliação da produtividade do sistema, como sugere Forsberg et al.
(1993). Também, a variação da profundidade do lago deverá ser testada, pois,
provavelmente a existência de locais mais profundos, com permanente
disponibilidade hídrica ao longo do ano, deverá ser um indicador da produtividade do
sistema.
O desenvolvimento perimetral (DP) é determinado através da relação entre o
perímetro do lago e a circunferência de um círculo de área igual ao do lago em
questão (Cole, 1979), portanto lagos mais circulares apresentam valores de DP
maiores que lagos menos circulares. Então, considerando os resultados do presente
estudo, quanto mais complexas as formas dos lagos de terra firme explotados pela
pesca profissional, maior o rendimento pesqueiro. Em lagos menos complexos,
provavelmente as pescarias devem ser menos produtivas, considerando a variável
DP como indicadora do sucesso da pescaria. A preferência por lagos de formas
alongadas foi demonstrada por Sousa (2000), não se pode afirmar que lagos com
formas menos complexas sejam mais produtivos.
O efeito da distância do lago em relação ao rio, sobre o rendimento pesqueiro
foi demonstrado por Sousa (2000). Este autor reporta-se à distância como sendo um
indicador da acessibilidade do pescador ao sistema de lago explotado pela pesca
60
profissional durante o período de 1994-1996, com efeito dos tipos de lago. Os
resultados do presente estudo também detectaram o mesmo efeito da distância
(denominada de conexão com o rio). De fato, o tamanho da conexão com o rio deve
ser considerado como um indicador da acessibilidade ao sistema de lago afetando o
rendimento pesqueiro dos lagos. No caso dos lagos analisados no presente capítulo,
todos estão localizados a uma distância máxima de 16km do rio, a exceção do Lago
Badajós (mais de 100km). Assim sendo é possível que lagos mais distantes sejam
mais produtivos, tendo em vista que a variável conexão com o rio é uma variável que
provavelmente afeta a acessibilidade do pescador ao local, sendo preferíveis lagos
mais próximos da margem do rio.
Com a utilização de diversos indicadores ambientais, como por exemplo as
variáveis analisadas neste estudo, o manejo ecossistêmico vem sendo apontado com
uma das alternativas mais viáveis para gestão ambiental da pesca (FAO, 1999;
Welcomme, 2003; Craig, et al., 2004). O manejo ecossistêmico inclui a proteção ou
restauração da capacidade de habitats naturais em suportar os recursos naturais que
dependem do mesmo (Sparks, 1995), enfatizando a proteção parâmetros ambientais
mais importantes que influenciam na capacidade para suportar a produtividade biótica
(Ross, 1997).
Em várias regiões do mundo vem sendo demonstrado que a definição de
unidades ambientais de manejo delimitadas por meio de suas características
ecossistêmicas, constituem medidas viáveis para a conservação e manejo dos
recursos pesqueiros, sobretudo porque ocorre a preservação de áreas riparianas que
sustentam as cadeias tróficas onde estão incluídas as espécies explotadas.
61
62
Os resultados aqui obtidos indicam que há uma certa homogeneidade nas
características das paisagens dos lagos que vem sendo explotados continuamente
desde a década de 70, principalmente durante o período da seca, que é o período de
maior intensificação da pesca (Batista, 2004). Então, quanto mais estáveis forem os
sistemas de lago (estabilidade definida como menor amplitude de variação nas
condições hidrológicas, geralmente locais mais profundos onde permanece água
durante o ano todo, ou locais que apresentam poços), mais intensa será atividade
pesqueira.
Os grupos de lagos explotados pela pesca profissional, que apresentaram
similaridade na estrutura e composição das paisagens, poderão ser considerados
como ponto de partida para realização de um diagnóstico ambiental-pesqueiro na
escala local, levando em conta os indicadores de produtividade do sistema e do
rendimento pesqueiro ora propostos. Na época de CHEIA teríamos um grupo que
inclui 5 unidades e na SECA; o outro grupo com 8 unidades locais de manejo da
pesca em lagos. Na Tabela 6 e Tabela 7 estão resumidas as principais
características mensuradas para o período de 1995 e 1996. Outros sistemas que
apresentem características paisagísticas com características similares deverão ser
considerados como unidades potenciais para o manejo da pesca profissional de
lagos.
Tabela 6 – Sistemas de lagos que apresentaram características de estrutura e composição da paisagem, similares e definidas como unidades locais para diagnóstico ambiental-pesqueiro e realização de monitoramento da pesca profissional de lagos no Amazonas durante o período da SECA.
Trecho do rio Sistema de lago ESFORÇO Rendimento-
dia AR_ABERT Captura
(toneladas) Cota média
do rio QTE_ALAG DIST_MAO PERIMETRO CONEC_RIO DP Proporção de flor Alagada Medio Purus Aiapua 325 0.071 120.39 21.70 855.67 125.39 374 293.33 6.97 15.09 1.04
Baixo Solimões Anamã 257 0.109 82.19 27.73 1105.66 0 199.46 199.59 6.48 12.42 0.00 Baixo Solimões Anori 304 0.063 24.48 17.70 1105.66 0 241 90.58 1.07 10.33 0.00 Alto Amazonas Arari 286 0.121 291.55 40.26 688.80 186.96 206.16 250.74 6.32 8.29 0.64
Baixo Purus Beruri 338 0.048 43.45 15.66 855.67 80.44 255.65 98.58 5.73 8.44 1.85 Baixo Solimões Janauaca 375 0.123 158.55 32.67 1105.66 0 53.85 364.34 3.52 16.33 0.00 Alto Amazonas Rei 249 0.114 346.90 26.32 688.80 170.61 85 93.21 15 2.82 0.00 Medio Purus Surara 312 0.060 14.94 13.64 855.67 0 274 63.83 0.5 9.32 0.00
MEDIA 306 0.089 135 24 908 70 211 182 6 10 0 DESVIO PADRÃO 42 0.031 124 9 178 82 103 112 5 4 1
Tabela 7 – Sistemas de lagos que apresentaram características de estrutura e composição da paisagem, similares e definidas como unidades locais para diagnóstico ambiental-pesqueiro para realização de monitoramento da pesca profissional de lagos no Amazonas durante o período da CHEIA
Trecho do rio Sistema de lago ESFORÇO Rendimento-dia AR_ABERT CAPT Cota média do rio QTE_ALAG DIST_MAO PERIMETRO CONEC_RIO DPProporção de florAlagada
Baixo Solimões Anori 167.44 0.040 19.36 13.33 1723.33 39.61 241.00 143.61 162.97 9.44 2.05 Alto Amazonas Arari 0.00 0.000 483.10 0.00 1580.67 389.19 206.16 319.82 802.92 596.42 0.81 Baixo Purus Beruri 210.00 0.045 117.72 9.44 2010.00 105.02 255.65 292.80 410.52 48.64 2.42 Alto Amazonas Rei 0.00 0.000 393.20 0.00 1580.67 219.00 85.00 112.77 15.00 914.42 0.43 Medio Purus Surara 198.00 0.092 303.58 20.74 2010.00 165.36 274.00 431.58 735.16 562.19 0.54 MEDIA 115.09 0.035 263.39 1780.938.70 183.64 212.36 260.12 425.31 426.22 1.25 DESVIO PADRÃO 106.20 0.038 192.03 8.92 217.07 133.00 75.42 131.64 344.96 387.96 0.92
De acordo com Holsinger (2003) e Mitchell et al. (2000) a estabilidade de um
ecossistema pode ser compreendida sobre três perspectivas: 1. Constância –
habilidade da comunidade de resistir às mudanças na composição e abundancia em
respostas a distúrbios; 2. Resistência – habilidade da comunidade retornar as
características pré-distúrbios depois das mudanças induzidas pelo distúrbio; 3.
Estabilidade dinâmica – um sistema é dinamicamente estável se seu estado futuro é
determinado pelo seu estado atual. Segundo Commoner (1972) apud Holsinger
(2003) “The more complex the ecosystem, the more sucessfuly it can resist a stress”.
A integridade ecológica como foi definida por Angermeier e Karr (1994) é
compreendida como a manutenção de todos os processos internos e externos que
interagem no ambiente de forma que a comunidade biótica corresponde ao estado
natural dos tipos específicos dos habitats segundo os princípios de auto regulação,
resiliência e resistência (Jungwirth et al., 2002). Em sistemas fluviais argumenta-se
que a integridade ecológica é primeiramente uma função da conectividade, sendo que
preservar ou restabelecer a diversidade funcional é uma das mais importantes formas
modernas de manejo (Ward e Tockner, 2001; Ward e Wiens, 2001; Jungwith et al.,
2003). Altos níveis de integridade ecológica – baseada em atributos bióticos (peixes,
por exemplo) e parâmetros hidro-morfologicos referem-se à condição intacta ou
minimamente afetada pelo impacto antrópico.
Levando em consideração, as semelhanças paisagísticas entre lagos com
forma dendrítica alongada, e que vem sendo continuamente explotados pela pesca
desde a década de 70 podemos relacioná-las com uma maior estabilidade
ecossistêmica frente às perturbações causadas pelo regime hidrológico, beneficiando
sua produtividade.
CAPÍTULO 2 – Dinâmica da pesca profissional em sistemas de lago e heterogeneidade ambiental de bacias hidrográficas no Estado do Amazonas
65
1. INTRODUÇÃO
As ciências pesqueiras vêm buscando exaustivamente, por meio das mais
diversas técnicas de análise, subsidiar as tomadas de decisão para promover o uso
racional dos recursos pesqueiros (FAO, 1999a e 1999b; 2000; 2002). Este objetivo
somente é alcançado se a atividade pesqueira for compreendida à luz de uma
concepção holistica-sistêmica embasada no tripé Homem-Recurso pesqueiro-
Ambiente (Hilborn e Walters, 1992; Batista, 1998; Link, 2002). No caso das águas
interiores, como por exemplo, no Sudeste Asiático, ou nos rios Africanos e na
Amazônia, a componente ambiental vem tendo cada vez mais importância para o
gerenciamento da atividade, sobretudo, apontando na direção do manejo
ecossistêmico com intuito de manter/preservar/conservar áreas de importância
ecológica para as espécies explotadas comercialmente (Link, 2002; Amarasinghle et
al., 2002).
Provavelmente, o equilíbrio dos ecossistemas que sustentam as cadeias
tróficas, onde estão incluídas as espécies de importância comercial, deve ser um dos
aspectos mais importantes a serem considerados na escolha das opções de
gerenciamento da atividade de pesca (Hilborn e Walters, 1992; Link, 2002; Pauly et
al, 2003).
Na Amazônia, assim como em outras regiões com pesca continental, o efeito
da heterogeneidade ambiental parece ser fundamental no contexto do manejo, pois é
um importante fator determinante das oscilações na abundância do recurso pesqueiro
(Bayley e Petrere, 1989; Goulding, 1996; Rufino, 1996; Barthem e Fabré, 2004). As
áreas laterais dos rios amazônicos são áreas geográficas espaço-temporalmente
complexas constituídas de redes milhares de sistemas de canais (rios, furos, igarapés
66
e paranás) e de lagos (de várzea e de terra firme), que possuem diferentes origens
geológicas, sendo fortemente influenciados por processos hidrogeomorfológicos e
antrópicos (Junk, 1984; Mertes et al., 1995; Irion et al., 1997; Irion et al., 1999; Rozo
et al., 2003; Petry et al., 2003). Estas áreas marginais, denominadas regionalmente
de várzea, percorrem lateralmente os rios amazônicos, e sua dinâmica é determinada
pelo pulso de inundação que é a força motriz desencadeadora de processos físico-
químicos, que determinam respostas fisiológicas e comportamentais em toda a biota
do sistema (Junk et al., 1989), portanto, mantendo as cadeias tróficas que sustentam
o rendimento pesqueiro da região (Petrere,1978; Junk, 1984; Batista, 1998; Barthem
e Fabré, 2004).
Atuando num raio de mais de 1000 km, incluindo geograficamente todos os
principais rios explotados pela pesca na região (Purus, Solimões-Amazonas, Madeira,
Juruá, Japurá, Negro, etc.) e constituída de pelo menos 1500 embarcações de pesca,
a frota que desembarca no mercado Adolfo Lisboa na cidade de Manaus, representa
uma poderosa ferramenta de coleta de dados, fornecendo informações que podem
ser organizadas para a elaboração de complexos delineamentos experimentais
confiáveis e representativos da pesca comercial profissional que atua no Estado do
Amazonas (Petrere, 1978; Batista, 1998 e 2004; Sousa, 2000; Cardoso et al., 2004).
Nesta perspectiva, as embarcações de pesca podem ser consideradas como
unidades amostradoras do recurso pesqueiro que desembarca sistematicamente no
porto de Manaus. Assim, as informações pesqueiras da frota de barcos que abastece
a cidade de Manaus são especialmente importantes para a formulação de propostas
de gerenciamento pesqueiro numa ampla escala geográfica, visando a minimização
dos impactos antrópico-pesqueiros e a conservação dos ambientes aquáticos
67
explotados, especialmente no que diz respeito à definição de unidades geopoliticas
de gerenciamento pesqueiro no Estado.
Pode-se definir bacia hidrográfica ou sistemas fluviais como unidades de
manejo em macroescala, e seus sistemas lacustres associados como unidades em
mesoescala para o manejo da pesca profissional no Estado do Amazonas. Neste
sentido, considerando a escala macro, o presente capítulo verificou a existência de
diferenças de rendimento pesqueiro de lagos e sua relação com a heterogeneidade
ambiental dos diferentes sistemas fluviais (ou bacias hidrográficas), assim como uma
caracterização geral da dinâmica da pesca com fins de propor potenciais unidades de
manejo da pesca profissional da Amazônia Central.
2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Considerações sobre o sistema de coleta de dados de desembarque pesqueiro
Entre 1976 e 1986 o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia implantou um
sistema de coleta de dados pesqueiros no principal porto de desembarque de
Manaus. Após o término deste estudo, o sistema foi reativado temporariamente no
final da década de 80, voltando funcionar definitivamente no inicio da década de 90,
sob a responsabilidade do Prof. Dr. Vandick da Silva Batista da Universidade Federal
do Amazonas.
Desde 1994 são efetuadas entrevistas diárias por técnicos de campo
especialmente treinados para tal fim. O preenchimento dos formulários efetua-se fora
dos horários de comercialização do pescado para não interferir no trabalho dos
pescadores. Em cada entrevista, o pescador responde sobre diversos aspectos da
pescaria, como por exemplo, a captura, os tipos de peixes capturados, os aparelhos
68
de pesca utilizados, o tempo de viagem, os insumos de pesca (gelo, gastos com
alimentação, diesel, etc), aspectos econômicos (preços de venda e de compra dos
produtos desembarcados). Todos estes questionamentos estão organizados na ficha
de controle de desembarque de pescado, que possui um numero de ordem
(NumPAM). Todos os dados são armazenados em forma de tabelas, que são
alimentadas diariamente num Banco de dados relacional 5.
2.2 Processamento dos dados
O processamento dos dados foi dividido nas seguintes etapas: 1. ARMAZENAMENTO - Após a realização das entrevistas no local de
desembarque, as fichas de controle de pescado são digitadas, sendo
todas as respostas discriminadas para “alimentar” o banco de dados
relacional na forma de tabelas;
2. SELEÇÃO DOS DADOS – as informações armazenadas no banco de dados da
Estatística Pesqueira do Amazonas são extraídos por meio de rotinas de
seleção denominadas de consultas. Uma consulta consiste em fornecer
nomes de colunas que estejam armazenadas em diferentes tabelas e/ou
subtabelas do Banco, com o objetivo de construir novas matrizes;
3. TRATAMENTO DOS DADOS - para selecionar todos os registros da pesca de
lagos foram escolhidos os seguintes critérios de filtragem: Nome do local
de pesca, Classificação do local de pesca segundo o nome do rio principal,
tipo de ambiente de pesca (rio, lago, paraná, furo, igarapé, ilha), nome da
cidade mais próxima do local de pesca e reconhecimento da feição
geográfica em mapas cartográficos analógicos.
4. CONSTRUÇÃO DAS MATRIZES DA ANÁLISE - todas as tabelas resultantes das
consultas foram exportadas para um novo banco de dados, onde foram
realizadas novas consultas e elaboradas as matrizes de análise dos dados.
5 N. do Autor. Banco de dados relacional é aquele que permite relacionamento entre diferentes tipos de tabelas, com a condição de que haja pelo menos um campo em comum entre elas.
69
Antes de iniciar as analises, como medida de averiguação dos dados, foram
escolhidos aleatoriamente vários números de registros (NumPAM), e verificado se a
informação que estava registrada na tabela de análise conferia com a informação
registrada originalmente nas fichas. Este procedimento foi repetido pelo menos 10
vezes para cada ano.
2.3 Análise dos dados
A análise dos dados permitiu realizar um perfil de alguns aspectos da pesca de
lagos considerando: 1) Quantidade de pescado - toneladas: (Rendimento pesqueiro);
2) Tempo de pesca - Dias pescando; 3) Número total de pescadores, 4) Esforço de
pesca - Numero de pescador*Tempo de pesca, e 5) Rendimento por pescador-dia
(toneladas/ Numero de pescador*Tempo de pesca) organizadas por Bacia explotada
e por sistema de lago; 6) Ano: 1994 a 2001; 7) Bacias: Purus, Amazonas, Solimões,
Madeira, Juruá, Negro; 8) Tipo de Lago: Composto/Misto; Dendrítico Ramificado,
Dendritico Alongado, Redondo Alongado, Redondo oval, Ferradura, e Não
Classificado.
2.3.1 Análise mult ivariada
A matriz de dados que foi gerada na fase de processamento dos dados
constituiu-se das variáveis mencionadas. Com isto, foram realizadas as seguintes
combinações bivariadas por Análise de correspondência (Greenacre, 2002; 1984):
1)Bacia versus Tipo de Lago (forma); 2) Bacia versus Tipo de Pescado; 3) Tipo de
Lago versus Tipo de Pescado.
70
2.3.2 Características hidrológicas dos sistemas fluviais explorados
O calculo dos índices hidrológicos foi realizado considerando principalmente o
período que compreende a cota máxima do rio (cheia) e a cota mínima (seca), tendo
em vista que é neste intervalo que a intensificação da pesca profissional de lagos
acontece (ver resultados deste capítulo).
O sistema de Banco de dados Hidroweb (www.ana.gov.br) disponibiliza séries
históricas de dados fluviométricos e pluviométricos das estações de coleta de dados
da Agência Nacional de Águas. Neste sentido, com base nas cotas (cm) mensais das
estações entre 1994-2001, foram elaborados indicadores da variabilidade hidrológica
(Figura 8) considerando os seguintes sistemas fluviais de água branca, conforme a
disponibilidade de dados por estação:
1. Solimões (Estação 13155000 - Codajás; Estação 1410000 - Manacapuru)
2. Amazonas (15040000 - Careiro)
3. Purus (Estação 13990000 - Beruri; Estação 13980000 - Paricatuba)
Os seguintes índices foram calculados:
1. Cota Mínima = Cota mensal mínima do Anoj (i = 1994...2001)
2. Cota Máxima = Cota mensal máxima do Anoj (i = 1994...2001)
3. Amplitude do ciclo = (Cota mensal máxima - Cota mensal mínima)
4. Velocidade de Vazante = coeficiente de inclinação da reta de regressão
das covariáveis dos fatores. Foram calculados três Modelos Lineares Gerais (GLM 1 -
Cotas do Solimões, GLM 2 - Cotas do Purus, GLM 3 - Cotas do Amazonas), onde os
coeficientes de inclinação das covariáveis dos níveis dos fatores são expressos no
71
72
modelo de covariância (ANCOVA) (Zar, 1999), sendo proposto um modelo para cada
GLM calculado como indicado abaixo:
Yi = µ + πj + β1*(Ai – A)
Yi = Variável dependente - Cota mínima (cm)
µ = Média geral do modelo
πj = efeito do i-ésimo nível do fator - ANO
(1994,1995,1996,1997,1998,1999,2000,2001)
β1 = efeito linear da variável independente - Cota máxima (cm)
A = Variável independente - Cota máxima (cm) A = Média da Cota máxima (cm)
5. Taxa de variação interanual da cota máxima do rio = Cota mensal
máxima ANOt + 1 - Cota mensal máxima ANOt), onde t = 1994....2001).
6. Taxa de variação interanual da Cota mínima do rio = Cota mensal
Mínima ANOt + 1 - Cota mensal Mínima ANOt), onde t = 1994....2001).
7. Taxa de variação interanual da Amplitude do ciclo = Amplitude anual do
ciclo no ANOt + 1 - Amplitude anual do ciclo no ANOt), onde t = 1994....2001).
ANO 1 ANO 2 ANO 3
ANO t
Cota anual máxima
Cota anual mínima
Cota máxima - Cota mínima(t + 1) t
Amplitude do ciclo
VELOCIDADE DE VAZANTE OBTIDO DE GLM (ANCOVA)Cota mínima = media + fator ANO + Cota Máxima*Coeficiente de inclinação
da reta
Taxa de variação inter anualda cota máxima
Cota máxima - Cota máxima(t + 1) t
Taxa de variação inter anualda cota mínima
Cota mínima - Cota mínima(t + 1) t
Taxa de variação interanual daamplitude do ciclo
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J
(t + 1) tAmplitude do ciclo - Amplitude do ciclo
73
Figura 8 - Esquema demonstrativo dos índices hidrológicos calculados
2.3 MODELO LINEAR GERAL - GLM
O efeito da heterogeneidade ambiental sobre o rendimento pesqueiro
(toneladas), entre as principais Bacias hidrográficas explotadas pela pesca
profissional, foi avaliado por meio de um Modelo Linear Geral (GLM) - Análise de
covariância (ANCOVA) - admitindo os pressupostos do modelo de acordo com Zar
(1999)
O modelo proposto pelo presente estudo é:
Yi = µ + πj + β1*(Ai – A) +β2*(Bi – B) β3*(Ci – C) + β4*(Di – D) + β5*(Ei – E) + β6 (Fi – F) +β7(Gi – G) + εi
Para cada Bacia (Bacia i, i= 1,2,3) onde:
Yi = Variável dependente (Quantidade de pescado - toneladas)
µ = Média geral do modelo
πj = efeito do i-ésimo nível do fator - Bacia (Solimões, Purus, Amazonas)
β1 = efeito linear da covariável - Velocidade de Vazante
β2 = efeito linear da covariável - Taxa de variação interanual da cota máxima
do rio)
β3 = efeito linear da covariável - Taxa de variação interanual da cota mínima
do rio
β4 = efeito linear da covariável - Amplitude do ciclo
β5 = efeito linear da covariável - Cota mínima do rio (cm)
β6 = efeito linear da covariável - Taxa de variação interanual da Amplitude do
ciclo (Cota máxima - cota minima)
β7 = efeito linear da covariável - Cota máxima (cm)
74
A = covariável Velocidade de Vazante (Coeficiente de Inclinação da Reta de Regressão);
A = média da Velocidade de Vazante (Coeficiente de Inclinação da Reta de Regressão);
B = covariável Taxa de variação interanual da cota máxima do rio);B = média da covariável Taxa de variação interanual da cota máxima do rio;C = média da covariável Taxa de variação interanual da cota mínima do rio;C = média da covariável Taxa de variação interanual da cota mínima do rio;D = covariável Amplitude anual do ciclo;D = média da covariável Amplitude anual do ciclo; E = covariável Cota mínima; E = média da covariável Cota mínima; F = covariável Taxa de variação interanual da Amplitude do ciclo;F = média da covariável Taxa de variação interanual da Amplitude do cicloG = covariável Cota máxima; G = média da covariável Cota máximaεi = componente de erro aleatório
As premissas de homocedasticidade, paralelismo e normalidade do modelo
ANCOVA foram testadas com o auxilio de softwares e aplicativos de análises
estatísticas. De acordo com Zar (1999) o modelo deve apresentar variâncias
homogêneas ou distribuição uniforme (homogeneidade/homocedasticidade), todas as
variáveis contínuas devem ter distribuição normal e por último todas as covariáveis
devem admitir H0 de que seus coeficientes angulares (β) são iguais, ou seja, que
todas as covariáveis devem ser paralelas entre si em um espaço N-dimensional
(paralelismo). A homogeneidade foi testada através do teste de Bartlett, que admite
distribuição unilateral Qui-quadrado (χ2), assumindo como H0 que as variáveis
apresentam variância distribuída uniformemente. Quando o valor de χ2 crítico for
maior que o valor calculado a hipótese nula é aceita.
75
O paralelismo foi testado a partir de uma regressão admitindo H0 de que existe
paralelismo entre as covariáveis. Quando os valores de FCRÍTICO forem maiores que os
valores de FCALCULADO aceita-se a H0.
A normalidade de todos os componentes contínuos do modelo foi testada a
partir de um teste de aderência χ2 seguindo a mesma interpretação de aceitação da
H0 citada anteriormente.
A soma total dos quadrados é uma medida da variabilidade total da amostra.
Depois do ajuste do modelo, esta soma de quadrados pode ser decomposta em soma
dos quadrados devido ao modelo e soma dos quadrados residual. A porção da
variabilidade total explicada pelo modelo é dada por uma razão entre a soma dos
quadrados do modelo sobre a soma de quadrados total (R2). Esta medida deve ser
observada a fim de avaliar o ajuste do modelo aos dados (Minte-Vera, 1997).
A análise dos resíduos foi realizada para verificar se existe alguma tendência
dos dados calculados pelo modelo, observando se os pontos estão distribuídos
aleatoriamente.
O ajuste do modelo foi realizado através de uma rotina GLM (General Linear
Model) em aplicativos de análises estatísticas.
76
3. RESULTADOS 3.1 Dinâmica e exploração da pesca profissional de lagos no Estado do Amazonas
O termo Sistema fluvial, ou também denominado de Bacia hidrográfica em
outros estudos (Barthem e Fabré, 2004) foi convenientemente adotado neste estudo
representando o canal principal de um rio em conjunto com todas as paisagens
aquáticas que constituem as áreas marginais e sua drenagem lateral (sistemas de
canais retilíneos, lagos, furos, paranás, igarapés).
Entre 1994 e 2001, cerca de 59% (n=11074) do total de entrevistas realizadas
no Mercado Adolfo Lisboa, foram classificadas como sendo dos sistemas fluviais
Purus e Solimões, e 9% (n=1745) como Indeterminados (entrevistas que não
puderam ser classificadas em nenhuma Bacia). O restante das entrevistas foi diluído
em registros provenientes dos rios Juruá, Amazonas, Negro, Japurá, Jutaí, e Branco.
Após a classificação dos registros por tipo de ambiente de pesca, cerca de
29% das entrevistas corresponderam a pescarias de lagos, sendo que 41% não
foram classificados (Figura 9).
77
7550; 41%
5354; 29%
2584; 14% 2511; 13%
452; 2%
17; 0% 137; 1% 2; 0%
IndeterminadoLago
RioNão localizado
ParanáIgarapé
FuroIlha
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Num
ero
de re
gist
ros
de d
esem
barq
ue
Numero total de registros de desembarque = 18607(Numero de registros (n); Frequencia relativa (%))
Figura 9 – Contribuição relativa do número total de registros de desembarque classificados por ambiente de pesca no período de 1994 a 2001.
Do total de registros de desembarque classificados como pescarias de lagos,
cerca de 91% são provenientes dos Bacia do Purus e Solimões, sendo o restante
diluído nos outros sistemas fluviais (Figura 10).
78
79
A pesca profissional que desembarcou no mercado Adolfo Lisboa explorou
cerca de 338 sistemas de lagos, dos quais os lagos do rio Purus corresponderam a
38,16% (n= 129); o Solimões, 26% (n=89); o Amazonas, 19,2% (n=65) e o Madeira,
16,27% (n=55). Os tipos de lagos foram classificados quanto à forma de sua
fisiografia geográfica, representada em mapas analógicos do projeto Radam-Brasil e
em Imagens de Satélite, considerando 7 categorias, segundo a classificação de
Sousa (2000). Neste sentido, as características fisiogeográficas (conforme a
terminologia geomorfológica) e características da pesca profissional das diferentes
categorias de sistemas de lago consideradas neste estudo, estão resumidas no
Quadro 3.
Figura 10 – Contribuição relativa do número total de registros de desembarque provenientes de pescarias de lagos classificados por Bacia no período de 1994 a 2001.
2942; 55%
55; 1%
1948; 36%
280; 5%
56; 1% 73; 1%
SolimõesJurua
PurusAmazonas
NegroMadeira
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Núm
ero
de re
gist
ros
de d
esem
barq
ue
Número de observações (n) ; Frequência relativa (%)
80
Quadro 3 - Classificação dos sistemas de lago conforme terminologia geomorfológica (Baseada em Sousa, 2000; Rozo et al, 2003; Rozo, 2004) e características da pesca para cada categoria.
ÁREA DE LOCALIZAÇÃO NA PAISAGEM AMAZÔNICA Características da Pesca REPRESENTAÇÃO DA FORMA DO SISTEMA DE LAGO
TERMINOLOGIA GEOMORFOLÓGICA E DEFINIÇÃO 1. Bacia de maior incidência do tipo de lago 2. Aparelhos utilizados 3. Ambientes de pesca
Áreas de lagos com contorno dendrítico (Rozo, et al., 2003; Rozo, 2004)
COMPOSTO/FORMA MISTA
TER
RA
FIR
ME
E
VÁ
RZE
A
Constituído por diferentes unidades geomorfológicas São sistemas de lagos que apresentam combinações de diferentes tipos
de formas
1. Baixo Solimões, margem direita do alto amazonas próximo à foz do rio Madeira 2. Malhadeira, Rede de cerco 3. Sistemas de Canais retilíneos, áreas abertas e áreas marginais do entorno
Áreas de lagos com contorno dendrítico (Rozo, et al., 2003; Rozo, 2004)
DENDRÍTICO RAMIFICADO
TE
RR
A F
IRM
E
São sistemas de lagos de aspecto ramificado semelhante a um neurônio que não possuem eixo principal definido.
1. Baixo e Médio Solimões, Baixo Purus 2. Malhadeira, Rede de cerco 3.Ambientes de pesca: Sistemas de Canais retilíneos, áreas abertas e áreas marginais do entorno
Áreas de lagos com contorno dendrítico (Rozo, et al., 2003; Rozo, 2004)
DENDRÍTICO ALONGADO
TER
RA
FI
RM
E
São sistemas de lagos de aspecto ramificado, semelhante a um neurônio, apresentando um eixo principal definido e maior que os outros.
1. Baixo e Médio Solimões, Baixo Purus 2. Malhadeira, Rede de cerco 3.Ambientes de pesca: Sistemas de Canais retilíneos, áreas abertas e áreas marginais do entorno
Depósitos em Crescente (scrooll bar) (Rozo, et al,. 2003; Rozo, 2004)
REDONDO ALONGADO V
ÁR
ZEA
São sistemas de lagos que apresentam forma alongada sem ramificações dendriticas. São lagos assimétricos e estreitos seguem a configuração
alongada das linhas de acreção, as quais são estabilizadas pela vegetação e comportam-se como diques (Rozo, et al., 2003, Rozo, 2004)
1. Baixo e Médio Solimões, Baixo Purus, Alto Amazonas. 2. Malhadeira, Rede de cerco. 3.Ambientes de pesca: Sistemas de Canais retilíneos, áreas abertas e áreas marginais do entorno
Áreas com lagos arredondados (Rozo, et al., 2003; 2004)
REDONDO OVAL V
ÁR
ZEA
São aqueles lagos que possuem forma circular, subcircular e elíptica na concepção de Hutchison (1963). São áreas com topografia plana
caracterizam-se por formas arredondadas e irregulares (Rozo, et al, .2003; Rozo, 2004)
1. Baixo e Médio Solimões, Médio e Baixo Purus, Alto Amazonas. 2. Malhadeira, Rede de cerco. 3.Ambientes de pesca: Sistemas de Canais retilíneos, áreas abertas e áreas marginais do entorno
Meandro abandonado (Rozo, et al., 2003; Rozo, 2004)
FERRADURA VÁ
RZE
A
São lagos que possuem forma de ferradura, sendo geralmente lagos de meandro abandonado
1. Baixo e Médio Solimões, Médio e Baixo Purus, Alto Amazonas. 2. Malhadeira, Rede de cerco. 3.Ambientes de pesca: Sistemas de Canais retilíneos, áreas abertas e áreas marginais do entorno
INDETERMINADO/NÃO CLASSIFICADO TERRA FIRME E VÁRZEA NÃO DETERMINADO
Sistema de lagos não classificados por categoria de forma.
3.2 Análise exploratória dos dados da pesca profissional lcustre
Com base em combinações bivariadas das freqüências observadas das
seguintes variáveis categóricas (Bacia, Tipo de Lago, Tipo de pescado),
calculadas por meio de análise de correspondência (Greenacre, 2002), foram
realizadas análises exploratórias para detectar possíveis padrões espaciais de
agrupamentos bidimensionais de Autovalores estimados na análise. Com estas
análises exploratórias foi possível identificar os tipos de lagos preferencialmente
explotados nos diferentes sistemas fluviais pela frota de pesca profissional do
Estado do Amazonas, como está demonstrado na Figura 11. Os sistemas Madeira
e Amazonas formaram um grupo que é constituído pelos sistemas de lago
redondo-oval e Não classificado. Um outro grupo é formado pelos sistemas Purus,
Solimões e Negro constituído pelas formas dendrítico alongado, mista, dendrítico
ramificada, redondo alongada e ferradura. O Juruá, não formou grupos.
81
Dim
ensã
o 2;
Aut
oval
or: 0
,281
21 (4
1.27
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erci
a)
Redondo Alongado
-2.5
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
-2.5
vialo
A
Figura 11 – CombTipo de lago expldesembarcou em
A anális
de lagos resul
graus de liberd
49.12 %) e dim
90% da inércia
Tabela 8 – Síntesprofissional realiz1994-2001 combi
Dimensão V
123 4 5
Uma ou
pescado prefe
Sistema FluTipo de LagBacias Tipo de Lago
Dimensão 1; Autovalor: 0,33469 (49.12% de Inercia)
Dend. Ramificado
Não classificado
Redondo Oval
Dendritico Alongado
Mista
Ferradura
-2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5
MAZONAS
MADEIRA
JURUA
SOLIMÕES
NEGRO
PURUS
inação bivariada das freqüências observadas das variáveis categóricas Bacia x
otados pela frota de pesca profissional realizada em sistema de lago que Manaus durante o período de 1994-2001.
e de correspondência que combinou bacias hidrográficas e os tipos
tou significativa para o teste Qui-quadrado (χ2 = 7186,5; p < 0,05;
ade = 30), sendo que a dimensão 1 (Auto valor = 0,33; Inércia =
ensão 2 (Auto valor = 0,26; Inércia = 41,27%) perfizeram cerca de
total dos dados (Tabela 8).
e dos resultados para Análise de correspondência explotados pela pesca ada em sistema de lago que desembarcou em Manaus durante o período de nando BACIA e TIPO DE LAGO.
alores singulares Autovalores (Eigenvalues) % de inércia %
Cumulativa χ2
0.57 0.33 49.92 44.11 3529.940.53 0.28 41.47 90.38 2965,950.22 0.05 8.99 97.40 542.98 0.11 0.01 3.58 99.99 137.23 0.00 0.00 0.00 100.00 10.44
tra combinação bivariada foi realizada para identificar os tipos de
rencialmente explorados pela pesca profissional de lagos nos
82
diferentes bacias. Os rios Solimões, Madeira e Juruá formaram um grupo com os
seguintes itens de desembarque: Sem registro, Aracu, Curimatá, Sardinha e
Jaraqui-Grossa e Jaraqui-Fina. O rio Amazonas formou grupo com Pacu,
Pirapitinga, Matrinxã e Cara. O rio Purus se agrupou com Tucunaré, Cuiu,
Pescada, Aruanã, Carauaçu, Surubim, Tambaqui e Caparari (Figura 12).
Dimensão 1; Autovalor: 0,05550 (52.59% da Inércia)
Dim
ensã
o 2;
Aut
oVal
or: 0
,030
30 (2
8.71
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érci
a)
-2.5
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
-0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2
ldo
NEGRO
J - JURUAM - MADEIRAS - SOLIMÕES
A - AMAZONASP - PURUSBranquinha
Jaraqui-Grossa
Jaraqui-Fina
SardinhaCurimata
Sem registroAracu
PacuCara
MatrinxãPirapitinga
SMJ
AP
TucunaréCuiu
Pescada
Aruanã
CarauaçuSurubim
CaparariTambaqui
Figura 12 – Combinação bivariada das freqüências observadas das variáveis caTipo de pescado explotados pela frota de pesca profissional realizada em sistemdesembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001.
A análise que combinou “tipo de pescado” e as bacia
resultou significativa para o teste Qui-quadrado (χ2 total= 1538,0;
de liberdade = 108), sendo que a dimensão 1 (Eigenvalue =
52,59%) e dimensão 2 (Eigenvalue = 0,03; Inércia = 28,71%) perf
80% da inércia total dos dados (Tabela 9).
Sistema FluviaTipo de Pesca
BACIA Tipo de pescado
0.4 0.6
tegóricas Bacia x a de lago que
s hidrográficas
p < 0.05; graus
0,05; Inércia =
izeram cerca de
83
Tabela 9 – Síntese dos resultados para Análise de correspondência explotados pela pesca profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001 combinando TIPO DE PESCADO e BACIA.
Dimensão Valores singulares (Single Values)
Auto valores (Eigenvalues) % de inercia %
Cumulativa χ2
1 0.23 0.05 52.59 52.59 585.312 0.17 0.03 28.71 81.29 319.553 0.10 0.01 9.95 91.25 110.79 4 0.08 0.00 7.38 98.64 82.22 5 0.03 0.00 1.35 100.00 15.13
Também foi verificada uma relação entre espécie ou tipo de pescado com
os diferentes tipos de lago explotados pela frota de pesca profissional que
desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001. A analise resultou na
formação de um grande grupo constituído dos tipos de lago, Redondo Oval,
Dendritico alongado, Ferradura, Forma Mista e Redondo Alongado. Os tipos de
pescado estão dispersos dentro deste grupo com tendência de formação dos
seguintes subgrupos: Redondo-alongadas – Pacu, Sardinha e Jaraqui-Fina;
Dendrítico-Alongadas –, Jaraqui-grossa Pescada e Tucunaré; e Composta/Mista –
Aruanã, Surubim, Caparari e Cuiu. Os outros itens e formas apresentaram-se
dispersos sem aparente tendência de agrupamento (Figura 13).
84
Dimensião 1; Autovalor: 0,11464 (78.61% de Inércia)
Dim
ensi
on 2
; Aut
oval
or: 0
,011
51 (7
.891
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e In
érci
a)
-0.5
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
-1.0 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6
Tipo de Lago
Tipo de pescado
Dendritico Ramificado
RA - Redondo Alongado
DA - Dendritico Alongado
Não Classificado
FE - Ferradura
RO - Redondo oval
MI - Forma Mista
RO FE
RA
DA
MI
Branquinha
Sem registro
Aracu
CurimataPacu Sardinha
Jaraqui Fina
Cara
Matrinxã
Jaraqui GrossaPescada
Tucunaré
Carauaçu
Surubim
Aruanã
Tambaqui Pirapitinga
CuiuCaparari
Figura 13 – Combinação bivariada das freqüências observadas das variáveis categóricas Tipo de Lago x Tipo de pescado explotados pela de pesca profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001.
A análise que combinou Tipo de pescado e formas de sistemas de lago
resultou significativa para o teste Qui-quadrado (χ2 total= 1538,0; p < 0.05; graus
de liberdade = 108), sendo que a dimensão 1 (Autovalor = 0,11; Inércia = 78,61%)
e dimensão 2 (Autovalor = 0,01; Inércia = 7,89%) perfizeram cerca de 80% da
inércia total dos dados (Tabela 10).
Tabela 10 – Síntese dos resultados para Análise de correspondência explotados pela pesca profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001 combinando TIPO DE PESCADO e TIPO DE LAGO.
Dimensão Valores singulares (Single Values)
Auto valores (Eigenvalues) % de inércia %
Cumulativa χ2
1 0.33 0.11 78.61 78.61 1209.072 0.10 0.01 7.89 86.50 121.35 3 0.08 0.00 4.92 91.42 75.68 4 0.07 0.00 4.38 95.81 67.49 5 0.06 0.00 2.97 98.78 45.74 6 0.04 0.00 1.21 100.00 18.62
85
3.3 Análise do rendimento pesqueiro, Esforço de Pesca e Rendimento por pescador-dia em bacias hidrográficas do Estado do Amazonas.
De maneira geral, as bacias Solimões, Purus e Amazonas resultaram em
médias de n° de pescadores, de tempo de pesca (dias pescando) e de esforço de
pesca (número de pescadores*dias pescando) dentro dos mesmos intervalos
numéricos, permitindo a formação de um grupo (Solimões-Amazonas-Purus), com
um número de pescadores (8) e do tempo de pesca (13 e 18 dias pescando). Os
outros sistemas fluviais perfizeram, diferentes valores médios, com destaque para
o número de pescadores do Juruá (12), do Madeira (10), e do Negro (6) (Figura 14
-A) sendo da mesma maneira destacados, em termos de tempo de pesca o Juruá,
o Madeira (39 e 25 dias pescando) e o Negro, (3 dias pescando), (Figura 14 – B).
Tendo em vista que o esforço de pesca é uma composição multiplicativa do tempo
de pesca com o número de pescadores, o grupo Solimões-Amazonas-Purus
resultou no esforço de pesca no intervalo de 127.05 a 160.29, com destaque para
o Juruá com a maior média (471.75), seguido do Madeira (269.88), e pelo Negro
com o menor valor médio (20.77) (Figura 14-C).
86
Solimões Jurua P
0
5
10
15
20
25
30
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Num
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Solimões Jurua P
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Média Min Max
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8
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Média Min Max
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Média Min Max
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SolimõesJurua
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1000
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140,6
SolimõesJurua
P-200
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Esf
orço
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pesc
a (N
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pesc
ador
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127,05
471,75
140,6
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140
160
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40
60
80
100
120
140
160
Tem
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s pe
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do)
por r
egis
tro d
e de
sem
barq
ue
13
39
A
Figura 14 – Distribuição do Número de pescadorEsforço de pesca(nº de pescador * dias pescandperiodo de 1994-2001, classificado por bacia.
urus Amazonas Negro Madeira
Sistema Fluvial
8 810
6
urus Amazonas Negro Madeira
Sistema Fluvial
8 810
6
Média Min Max
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
urus Amazonas Negro Madeira
Sistema Fluvial
8 810
6
urus Amazonas Negro Madeira
Sistema Fluvial
8 810
6
Média Min Max
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio PadrãoB
uru
Média Min Max
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
2
uru
Média Min Max
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
2
16 1925
316 19
25
3
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Média Min Max
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
2
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Média Min Max
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
2
16 1925
316 19
25
3
C
eso)
sAmazonas
NegroMadeira
160,29269,88
20,77
sAmazonas
NegroMadeira
160,29269,88
20,77
sAmazonas
NegroMadeira
160,29269,88
20,77
sAmazonas
NegroMadeira
160,29269,88
20,77
(A); Tempo de pesca - Dias pescando (B) e do da pesca profissional de lagos durante o
87
O rendimento pesqueiro de lagos (quantidade de pescado por registro de
desembarque - toneladas) das bacias do Solimões e o Purus oscilaram entre 11 e
15 toneladas, sendo que o Juruá resultou na maior média (31,44 toneladas)
(Figura 15-A). O grupo Solimões-Amazonas-Purus, em termos de rendimento por
pescador-dia (toneladas/número de pescadores*dias pescando) oscilou dentro do
intervalo de (0.10 a 0.23), sendo que os menores valores médios foram calculados
para o Juruá e Madeira (0,07 a 0,05) (Figura 15-B)
Solimões Jurua Purus Amazonas Negro Madeira
Sistema Fluvial
0
20
40
60
80
100
120
140
160
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Solimões Jurua Purus Amazonas Negro Madeira
Sistema Fluvial
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Solimões Jurua Purus Amazonas Negro Madeira
Sistema Fluvial
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Solimões Jurua Purus Amazonas Negro Madeira
Sistema Fluvial
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Solimões Jurua Purus Amazonas Negro Madeira
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e de
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Média Min Max
13,46
31,44
14,23 11,96 15,292,04
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
Solimões Jurua Purus Amazonas Negro Madeira
Sistema Fluvial
0
1
2
3
4
5
6
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Media Min Max
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
0,23
0,070,15
0,10 0,050,20
Solimões Jurua Purus Amazonas Negro Madeira
Sistema Fluvial
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Media Min Max
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
0,23
0,070,15
0,10 0,050,20
A
B
Figura 15 – Distribuição do Rendimento pesqueiro (toneladas) por registro de desembarque (A) e Rendimento por pescador dia (toneladas/esforço de pesca) para o período compreendido entre 1994-2001, classificado por Bacia.
88
3.2 Tipos de lago explotados por Bacia hidrográfica
De maneira geral, os sistemas de lago Redondo ovais e de Ferradura
resultaram de características de pesca semelhantes, com as maiores intensidades
de pesca representadas pelo numero de pescadores (9 pescadores), tempo de
pesca (18 e 19 dias pescando) e esforço de pesca (182,52 e 190,52
pescador*dias pescando). Os sistemas de lago com formas alongadas,
aparentemente, não se agruparam, sendo os lagos dendrítico alongados com
menor intensidade de pesca que redondo alongado (8 a 9 pescadores, 14 a 17
dias pescando e 117,76 a 162,67 pescador*dias pescando). As formas dendrítico
ramificada e mista parecem estar num mesmo patamar de intensidade de pesca (8
pescadores, 13 a 16 dias pescando e 122,75 a 129,52 pescador dias pescando)
(Figura 16 - A,B,C)
89
Não ClassifDend Ramif
Red AlongDend Along
Red OvalFerrad
Form Mista
Tipo de Lago
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Esf
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pesc
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*Dia
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Média Min Max
111,83 122,75162,67 117,76
190,75 182,62129,52
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
0
5
10
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20
25
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tota
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Média Min Max
7 8 9 8 9 9 8
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
0
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120
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Tem
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Média Min Max
14 13 17 1419 18 16
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
Não ClassifDend Ramif
Red AlongDend Along
Red OvalFerrad
Form Mista
Tipo de Lago
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Média Min Max
111,83 122,75162,67 117,76
190,75 182,62129,52
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
0
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10
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30
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Média Min Max
7 8 9 8 9 9 8
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
0
20
40
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80
100
120
140
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ue
Média Min Max
14 13 17 1419 18 16
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
A
B
C
Figura 16 – Distribuição do Número de pescadores (A); Tempo de pesca - Dias pescando (B) e do Esforço de pesca(nº de pescador * dias pescando) da pesca profissional de lagos durante o periodo de 1994-2001, classificado por tipo de lago.
90
Em termos de rendimento pesqueiro as formas dendrítico ramificadas e não
classificadas resultaram nas menores médias, oscilando entre 8,8 a 9,39
toneladas de pescado por registro. Já as formas alongadas (Redondo alongado e
Dendrítico alongada) apresentaram o mesmo patamar de rendimento pesqueiro
que redondo oval, ferradura e mista, oscilando no intervalo de 14,10 a 16,08
toneladas de pescado por registro (Figura 17 – A). No caso do rendimento por
pescador-dia (toneladas/Nº de pescador*(dias pescando)), as formas alongadas
(Redondo alongada e Dendrítico alongada) juntamente com dendrítico ramificadas
e mistas, oscilaram no intervalo de 0,17 a 0,24 e as formas não classificadas,
redondo ovais e ferradura entre 0,12 e 0,13. (Figura 17 - B).
91
Não ClassifDend Ramif
Red AlongDend Along
Red OvalFerrad
Form Mista
Tipo de Lago
0
1
2
3
4
5
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0,12 0,24 0,18 0,19 0,13 0,12 0,17
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
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Média Min Max
8,80 9,39 16,08 14,10 14,34 15,63 16,13
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
Não ClassifDend Ramif
Red AlongDend Along
Red OvalFerrad
Form Mista
Tipo de Lago
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0,12 0,24 0,18 0,19 0,13 0,12 0,17
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
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Média Min Max
8,80 9,39 16,08 14,10 14,34 15,63 16,13
Média Min Max
Desvio Padrão
Média Min Max
Desvio Padrão
A
B
Figura 17 – Distribuição do Rendimento pesqueiro (toneladas) por registro de desembarque (A) e Rendimento por pescador dia (toneladas/esforço de pesca) para o período compreendido entre 1994-2001, classificado por tipo de lago.
92
3.4 Os tipos de pescado preferencialmente explotados pela pesca lacustre Foram registrados 54 diferentes tipos de pescado no desembarque
realizado pela frota de pesca profissional de lagos em Manaus entre 1994 e 2001.
Os cinco primeiro itens (Jaraqui de escama grossa, Curimatá, Tucunaré, Aruanã e
Pacu) representaram cerca de 51,81%, do total de registros desembarcados
(Tabela 11)
Tabela 11 – Lista dos itens desembarcados pela pesca profissional de Lagos entre 1994 a 2001.
Item de desembarque Nome Cientifico N° de Registros Freq %
Jaraqui-grossa Semaprochilodus insignis 1405 12,68 Curimatá Prochilodus nigricans 1231 11,11 Tucunaré Cichla spp. 1214 10,96 Aruanã Osteoglossum bicirrhosum 976 8,81
Sem registro - 931 8,40 Pacu Myleus spp. 914 8,25
Jaraqui-fina Semaprochilodus taeniurus 677 6,11 Tambaqui Colossoma macropomum 506 4,57 Carau-acu Astronotus spp. 483 4,36 Matrinxã Brycon spp. 354 3,20 Sardinha Triportheus spp. 353 3,19 Pescada Plasgioscion spp. 326 2,94 Caparari Pseudoplatystoma tigrinum 239 2,16
Aracu Anostomidae 196 1,77 Surubim Pseudoplatystoma fasciatum 190 1,72
Pirapitinga Piaractus brachypomum 180 1,62 Branquinha Curimatidae 140 1,26
Cara Cichlidae 121 1,09 Cuiu Oxydoras miger 111 1,00
Jaraqui Sema prochilodus spp. 90 0,81 Cubil Hemiodontidae 86 0,78 Ruelo Colosoma macropomum 79 0,71
Piranha Serrasalmidae 60 0,54 Acara branco Cichlidae 34 0,31
Traira Hoplias malabaricus 25 0,23 Jatuarana Brycon spp. 21 0,19 Mapará Hipophthalmus spp. 18 0,16
Branquinha cabeça lisa Curimatidae 11 0,10 Cara de gato Platynematichthys notatus 11 0,10
Pacu galo Myleinae 11 0,10 Pirarucu Arapaima gigas 11 0,10 Dourada Brachyplatystoma rosseauxii 9 0,08
Peixe-cachorro Characidae 6 0,05
93
Item de desembarque Nome Cientifico N° de Registros Freq %
Sardinha cumprida Triportheus elongatus 6 0,05 Sardinhao Pellona spp. 6 0,05
Surubim-lenha Pseudoplatystoma fasciatum 6 0,05 Bagre Pimelodidae 5 0,05 Bodó Loricaridae 4 0,04
Pirarara Phractocephalus hemiliopterus 4 0,04 Pacu jumento Myleinae 3 0,03
Sardinha papuda Triportheus spp. 3 0,03 Tamoata Callychtidae 3 0,03
Outros 12 itens (<0,02%) - 18 0,18 Total global 11077 100.00
A Figura 18 destaca os meses onde um determinado tipo de pescado
resultou na sua maior contribuição relativa para o período analisado. Durante os
meses de Agosto (8) a Dezembro (12) estão situadas as maiores contribuições
relativas (intervalo de 30-40%), incluindo 12, dos 18 tipos de pescado
apresentados. Entretanto, também houveram contribuições elevadas (30-40%)
nos meses de Janeiro a Julho, que incluíram os outros 6 tipos de pescado
apresentados.
Nos meses de janeiro, março, abril e junho não houve destaque para
nenhum item de desembarque; no mês de fevereiro apenas a branquinha
(34,29%); no mês de maio, a matrinchã (29,38%); em julho, a pirapitinga (16,11%);
no mês de agosto, destacou-se o aracu (21,43%), o curimatá (13,65%), o jaraqui-
fina (15,36%), o jaraqui-grossa (13,02%), o pacu (20,57%) e o tambaqui (14,50%);
no mês de setembro, o caparari (20,08%) e a sardinha (21,25%); no mês de
outubro, o cuiu (18,02%), a pescada (13,80%), o surubim (18,95%) e o tucunaré
(14,50%); no mês de novembro, o aruanã (15,78%); em dezembro, o cará
(18,18%).
94
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 .ARACUARUANABRANQUINHACAPARARI
CARACARAU-ACUCUIUCURIMATA
JARAQUI-FINAJARAQUI-GROSSAMATRINXA
PACUPESCADAPIRAPITINGASARDINHA
SEM REGISTROSURUBIMTAMBAQUITUCUNARE
30.00%-40.00%20.00%-30.00%10.00%-20.00%0.00%-10.00%
Freq
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barq
ue
I tem de desem
barque
MESES DO ANO
LEGENDA
Figura 18 – Freqüência relativa mensal dos itens de desembarque da pesca profissional de lagos, que foram explotados entre 1994-2001.
A Figura 19 representa os sistemas fluviais onde os diferentes tipos de
pescado resultaram as suas respectivas maiores contribuições relativas para o
desembarque realizado no mercado Adolfo Lisboa, sendo que bacias do Solimões
e Purus resultaram nos mais importantes, destacando-se no Solimões os
seguintes itens: aracu (63,27%), branquinha (79,29%), curimatá (64,42%), jaraqui
fina (51,70%), jaraqui grossa (54,09%), matrinxã (46,3%), pacu (52,63%),
pirapitinga (48,33%), sardinha (63,17%) e cará (45,49%). No Purus, pescada
95
(49,08%), caparari (60,67%) carauaçu (56,73%), cuiu (52,25%), aruanã (52,97%),
surubim (56,84%), o tambaqui (58,89%) e tucunaré (50,33%).
Freq
uênc
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lativ
a (%
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ueLEGENDA
60.00%-80.00%
40.00%-60.00%
20.00%-40.00%
0.00%-20.00%
Sistema Fluvial
ITEM DE DESEMBARQUE
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UN
ARE Solimões
Purus
Amazonas
Madeira
Jurua
Negro
Figura 19 – Freqüência relativa dos itens de desembarque da pesca profissional de lagos, classificados por Bacia que foram explotados entre 1994-2001.
Em todos os tipos de pescado registrados, as formas Redondo Alongadas e
Dendrítico Alongadas foram mais freqüentes (40-60 e 60-80%). Entretanto, o cuiu
se destacou na forma mista (Form_Mista) e a branquinha (40%) na Forma
Dendrítico Ramificado (Figura 20).
96
30.00%-40.00%
20.00%-30.00%
10.00%-20.00%
0.00%-10.00%
Freq
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ITEM DE DESEMBARQUE
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TUCU
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Dend_Alongado
Red_Alongado
Dend_Ramificado
Form_Mista
Red_oval
Ferradura
Não_Classif icado
LEGENDA
Figura 20 – Freqüência relativa dos itens de desembarque da pesca profissional de lagos, classificados por tipo de lago que foram explotados entre 1994-2001.
De maneira geral os níveis de esforço de pesca foram maiores (200 a 400
pescador*dias pescando) para as formas Redondo alongadas, Dendritico
Alongada, Dendrítico Ramificada e Ferradura; sendo evidenciadas nos seguintes
tipos de pescado: matrinxã, pacu, aracu, sardinha, curimata, tambaqui, jaraqui de
escama fina e grossa. Por outro lado, dentro do intervalo (<200 pescador*dia)
destacaram-se a Branquinha, o Cuiu, o Surubim, a Pescada, o Tucunaré, a
Aruanã, o Cará e o Caparari, não sendo evidenciado concentração em nenhum
tipo de lago (Figura 21).
97
300-400
200-300
100-200
0-100
ARAC
U
ARUA
NA
BRAN
QUIN
HA
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CARA
CARA
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TIPO D
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ITEM DE DESEMBARQUE
LEGENDA
Figura 21 – Freqüência relativa dos níveis de Esforço de pesca (número de pescadores*Dias pescando) por registro de desembarque classificado por tipo de lago para o período compreendido entre 1994-2001.
Os maiores níveis de rendimento por pescador-dia (0,1 a 0,2 toneladas/
pescador*dia) foram evidenciados para as formas dendrítico ramificado - pacu,
sardinha, curimatá e jaraqui grossa; redondo oval - sardinha; redondo alongado -
pacu, curimatá, jaraqui grossa; e dendrítico alongado - jaraqui grossa e curimatá.
Nos outros tipos de lago os níveis de rendimento foram menores (0,00 a 0,1
toneladas/pescador-dia), sem concentração em nenhum tipo de pescado em
especifico (Figura 22).
98
ARAC
U
ARUA
NA
BRAN
QUIN
HA
CAPA
RARI
CARA
CARA
U-AC
U
CUIU
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emba
rque
ITEM DE DES
LEGENDA
0.15-0.2
0.1-0.15
0.05-0.1
0-0.05
Figura 22 – Freqüência relativa dos níveis de RENDpescado (ton)/Esforço de pesca) por registro de desperíodo compreendido entre 1994-2001.
3.5 Modelo Linear Geral – efeito do regpesqueiro
A análise de homocedasticidade, com
de Qui-Quadrado (Variável dependente e
teste de Bartllet (Tabela 2) apresentaram
todos os componentes do modelo, exceto p
Tabela 12 – Resultados do teste de Bartlet demonsvariâncias da variável dependenteχ2
0.05(2) e covariá
COMPONENTE DO MODELO Q
Variável D
Rendimento pesqueiro
Covar
Taxa de Variação interanual da cota máxima
Taxa de Variação interanual da cota minima
Cota minima
JARA
QUI-G
ROSS
A
MATR
INXA
PACU
PESC
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PITI
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SARD
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Red_Alongado
Dend_Ramificado
Red_oval
Ferradura
Form_Mista
Não_Classif icadoTIPO
DE
LAGO
EMBARQUE
IMENTO PESCADOR-DIA (Quantidade de embarque classificado por tipo de lago para o
ime hidrológico sobre o rendimento
nível de p < 0.05, indica que os valores
Covariáveis χ2calculados0,05(2)) obtidos pelo
homogeneidade das variâncias para
ara a covariável Esforço de pesca.
trando os valores de para verificar se as veis χ2
0.05(2) são homogêneas.
ui Quadrado Graus de Liberdade Nivel-p
ependente
0.880 2 0.644
iáveis
3.869 2 0.144
0.501 2 0.779
0.076 2 0.963
99
Cota máxima 0,35 2 0,84
Taxa de variação interanual da amplitude da cota máxima-cota minima 0.982 2 0.612
Velocidade de vazante 1.912 2 0.384
Esforço de pesca (logaritimizado) 3,170 2 0.204
Para a premissa de paralelismo os valores de F (Tabela 12) indica que a H0
de que existe paralelismo entre as retas covariáveis de cada fator são paralelas.
Tabela 12 - Resultados do teste de paralelismo verificando o efeito total do fator Bacia (3 níveis) entre as covariáveis].
Soma dos quadrados
Graus de liberdade
Média dos quadrados
F Nivel-p
Efeito 2.403 10 0.240 0.318 0.925
Erro 2.261 3 0.753
O valor do teste da aderência χ2 (Qui-quadrado) para a variável dependente
e para as covariáveis, não resultou diferenças significativas, no nível de p=0,10,
indicando que os componentes do Modelo apresentam normalidade, com exceção
da covariável esforço de pesca e cota máxima (Tabela 13).
Tabela 13 – Resultados do teste de Barttlet Qui-quadrado (χ2) para verificar a normalidade dos componentes do modelo linear geral (variável dependente e covariáveis) da pesca profissional de lagos desembarcada em Manaus durante o período de 1994-2001.
COMPONENTE DO MODELO QUI QUADRADO
GRAUS DE LIBERDADE NIVEL-p
Rendimento pesqueiro 54.595 4 0,243
Esforço logaritimizado 19,083 3 0,000 Velocidade de vazante 33.427 4 0,502
Taxa de variação interanual da amplitude 55.655 3 0,135
Cota mínima 74.335 4 0,115
Taxa de variação da conta mínima 54.595 4 0,243 Taxa de variação da conta máxima 52.331 3 0,156
Cota máxima 96.00 3 0,025
100
Após a análise dos pressupostos, o modelo linear geral obtido da análise de
covariância (ANCOVA) demonstrou que a variabilidade do rendimento pesqueiro
(toneladas de pescado) pode ser explicada pelas covariáveis Interação Cota
Minima*Esforço de pesca; Cota máxima, Taxa de variação interanual cota
máxima, Taxa de variação interanual da cota minima, e fator Bacia hidrográfica (3
níveis) (r= 0.876; r2=0.768, nível de p<0,10 )(Tabela 14).
Tabela 14 – Resultados da aplicação do modelo linear geral, calculado por meio da Análise de covariância com seguintes componentes: VARIÁVEL DEPENDENTE: Rendimento pesqueiro; FATOR: Bacia (3 níveis); COVARIÁVEIS: Taxa de Variação interanual da cota minima do rio, Taxa de Variação interanual da cota máxima do rio; Velocidade de vazante; Taxa de variação interanual da amplitude da cota Máxima-Minima; Interação: Cota minima*Esforço pesqueira.
Fonte de variação Somatória dos quadrados
Graus de liberdade Media dos Quadrados
F p
Velocidade de Vazante 0.343 1 0.343 0.336 0.573
Cota mínima 4.188 1 4.188 4.103 0.066
Taxa de variação interanual da cota máxima 3.685 1 3.685 3.611 0.082
Taxa de variação interanual da cota mínima 3.569 1 3.569 3.497 0.086
Taxa de variação interanual da amplitude da cota
Máxima-Minima 3.086 1 3.086 3.024 0.108
Bacia 30.974 2 15.487 15.174 0.001
Interação Cota minima*Esforço de pesca 19.949 1 19.949 19.546 0.001
Erro 12.247 12 1.021
A Figura 23 demonstra a dispersão dos valores de rendimento pesqueiro
(toneladas) estimados pelo modelo e a quantidade de erro (Resíduos) não
explicada pelo mesmo. Não há nenhuma tendência na distribuição dos pontos,
sendo, portanto o modelo bem ajustado, no que diz respeito à distribuição dos
resíduos (Zar, 1999).
101
Rendimento pesqueiro estimado (toneladas)
-5 0 5 10-2
-1
0
1
2
Res
iduos
Rendimento pesqueiro estimado (toneladas)
-5 0 5 10-2
-1
0
1
2
Res
iduos
Figura 23 - Distribuição dos resíduos em relação aos valores de Rendimento pesqueiro estimados pelo modelo hidrológico pesqueiro para frota de pesca profissional que desembarcou em Manaus enter 1994-2001.
O teste de comparação múltipla a posteriori de Bonferroni, baseado na
estatística "t de student" foi calculado para determinar diferenças significativas
entre os pares de médias dos níveis dos fatores (sistemas fluviais) (Figura 24). A
Tabela 15 demonstra que o Bacia Solimões e Amazonas constituem um grupo,
não apresentando diferenças significativas (nível de p<0,05). Entretanto houve
diferenças significativas entre Purus e Amazonas (p<0,05) e Purus e Solimões
(p<0,05).
Tabela 15 – Matriz de probabilidades do teste a posteriori de Bonferroni (Zar, 1999), demonstrando diferenças entre os sistemas fluviais analisados para a pesca profissional realizada em sistemas de lagos, que desembarcou em Manaus entre 1994-2001.
Amazonas Purus Solimões
Amazonas 1.000
Purus 0.007 1.000
Solimões 0,289 0,000 1.000
102
Ren
dim
ento
pes
quei
ro (t
onel
adas
)
Amazon
asPu
rus
Solimõe
s-7.0
-3.6
-0.2
3.2
6.6
10.0
ç(
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Amazon
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Solimõe
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10.0
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Figura 24 – Ajuste das médias dos mínimos quadrados - Resultados do teste a posteriori de Bonferroni (Zar, 1999), demonstrando diferenças entre as médias de Rendimento pesqueiro (toneladas) para cada fator Bacia analisado, referente à pesca profissional realizada em sistemas de lago, que desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001
4. Discussão
A conservação e o manejo dos recursos pesqueiros de águas interiores tem
se concentrado em três componentes: Manejo de pesca, Manejo do recurso e
Manejo do ambiente (FAO, 2000 e 2002). O manejo da pesca somente terá
sucesso mediante a implementação de opções que tenham como base à interação
sistêmica - Homem, Recursos Pesqueiros e Ambiente - substanciada por modelos
experimentalmente testáveis, e adaptáveis conforme respostas (positivas e/ou
negativas) obtidas de um monitoramento contínuo das atividades pesqueiras
(Hilborn e Walters, 1995; Bel e Morse, 1999). Uma das etapas para
implementação de modelos de manejo adaptativo é a definição de unidades de
manejo, incluindo identificação, definição de escalas de geográficas de trabalho,
103
mapeamento e caracterização das mesmas (Petts, 1984; Friessel et al., 1998; Bel
e Morse, 1999; Barthem e Fabré, 2004).
Alguns estudos sobre aspectos da dinâmica da pesca (Petrere, 1978a e b
Batista, 1998; 2002 e 2004), sobre o estado de explotação e dinâmica de algumas
espécies de importância comercial (Ribeiro, 1983; Alonso, 2002; Vieira, 2003;
Vieira et al., 2002; entre outros), e sobre os ambientes de pesca (Petrere, 1978a e
1978b; Bayley,1988a e b; Sousa, 2000) vêm apontando que a principal unidade,
de análise da pesca está no nível de Bacias hidrográficas (Batista, 1998) ou, como
foi denominado neste estudo, de sistemas fluviais. Para Barthem e Fabré (2004),
ainda se faz necessário aprofundar os estudos que explorem as inter-relações
entre as espécies e os ambientes em escalas meso e macro regionais.
Considerando a escala regional (nível de bacias), o presente capítulo
descreveu aspectos da pesca profissional lacustre e verificou a existência
diferenças entre rendimento pesqueiro de lagos e a heterogeneidade ambiental
por meio de indicadores hidrológicos para cada bacia hidrográfica, para propor
potenciais unidades de manejo da pesca profissional da Amazônia Central.
De acordo com Batista e Petrere (2004) a produção pesqueira total
desembarcada em Manaus tem maior contribuição da Bacia do Purus, seguida do
Médio Solimões, Madeira, Baixo Solimões Alto Amazonas e Juruá. No presente
estudo, a pesca de lagos respondeu por cerca de 30% do total desembarcado no
porto de Manaus, concentrando-se no eixo Solimões-Amazonas (porção do rio
que está dentro dos limites geopolíticos do Estado do Amazonas) e Purus, que
representam juntos cerca de 89% dos registros de desembarque da pesca
lacustre.
104
Em termos de rendimento pesqueiro, esforço de pesca e rendimento por
pescador-dia, as bacias do Solimões, Amazonas e Purus são diferenciadas de
outro conjunto; o rio Madeira e o Juruá, que tem valores menores. Há uma
concentração das pescarias lacustres nas microrregiões do Baixo Purus (a
montante do município de Tapauá até o encontro com o rio Solimões), Médio
(entre os municípios de Tefé e Anori) e Baixo Solimões (entre Anori e
Manacapuru, até o encontro com o Amazonas) e Alto Amazonas (entre a cidade
de Manaus e Parintins).
De acordo com Batista (1998, 2002, 2003, 2004) e Petrere (1978b) a maior
parte da produção registrada no principal porto de desembarque de águas
interiores da Amazônia é oriunda de rios de água branca, como é o caso da
microrregiões definidas para a pesca profissional lacustre. Esta maior
produtividade das águas brancas é estreitamente relacionada com a quantidade
de nutrientes (Soares e Junk, 2000) carreados durante a fase de enchente do ciclo
hidrológico (Junk et al., 1989).
A maior parcela da pesca de lagos que ocorre na bacia do Purus explota
principalmente espécies tipicamente k estrategistas (Winemiller, 1999; Batista e
Petrere, 2003;), também denominadas de sedentárias, capturadas principalmente
nas formas dendríticos alongadas e mistas. Estas pescarias acontecem no final do
ciclo hidrológico (vazante-seca) nos meses de setembro a outubro, quando a área
do sistema está reduzida e o recurso pesqueiro está concentrado em locais de
difícil acesso com maior profundidade (denominados regionalmente de poços),
que são locais onde permanece água durante todo o ciclo hidrológico.
105
Na Bacia Solimões-Amazonas, a frota atua principalmente em lagos do tipo
Redondo alongados (Médio e Baixo Solimões) e Redondo ovais (Alto Amazonas),
com maior rendimento pesqueiro, rendimento pescador dia e esforço,
concentrando-se em espécies oportunistas e sazonais. Esta pescaria acontece,
sobretudo, no inicio da época de vazante (início do mês de agosto) quando as
águas de dentro do sistema de lago começam a serem escoadas em direção ao
rio principal, desencadeando comportamentos migratórios e concentração dos
recursos nos sistemas de canais retilíneos (paranás, furos, igarapés) (Vieira, 2003;
Ribeiro, 1983), ou também na região de confluência com o rio principal, onde
serão preferencialmente capturados pelos pescadores na zona de confluência do
lago com o rio principal.
Os sistemas de lago com forma arredondada estão localizados em
extensas áreas de várzea, onde há intenso aporte de nutrientes (Junk et al.,
1989). Apesar disso, as formas alongadas também são prevalentes principalmente
no sistema Solimões. A forma alongada parece disponibilizar para os peixes nos
seu eixo principal uma via migratória para os recursos pesqueiros, o que facilitaria
a captura principalmente de espécies oportunistas e sazonais, como é o caso do
curimatá, sardinha e pacu.
Os sistemas de contorno dendrítico são antigos rios, que por processos de
barragem formaram lagos com extensas áreas alagadas, que disponibilizam áreas
de reprodução refugio e alimentação para os recursos ícticos que ali sobrevivem
(Junk, 1984; Forsberg et al.,1993, Mertes et al.,1995 e 1996; Latrubesse e
Franzineli, 2002; Rozo, 2004). Durante o ciclo hidrológico acontecem dois
momentos de intensa movimentação dos peixes. A migração reprodutiva e de
106
alimentação (Ribeiro, 1983; Vieira, 2003). Estes processos migratórios, dentro dos
sistemas de lago ocasionam grandes aglomerações do recurso íctico nos sistemas
de canais, os quais são utilizados principalmente para transporte (Ribeiro, 1983;
Cox-Fernandes, 1988). Os resultados obtidos por Petry et al. (2003),
demonstraram que as assembléias de peixes não se distribuem aleatoriamente,
sendo que os onívoros não apresentaram padrão nenhum dentro do gradiente
canal do rio e interior da área inundável, enquanto que detritívoros foram
encontrados no interior e piscívoros no canal do rio. Provavelmente é por estes
motivos que os pescadores, adaptando-se aos hábitos de suas presas, preferem
concentrar suas pescarias em lagos com formas alongadas, especialmente nos
furos, paranás e nas regiões de confluência com o rio principal que regionalmente
são chamados de bocas de lago.
Dentro deste contexto, as paisagens lacustres exploradas pela frota
pesqueira de Manaus oferecem um alto grau de complexidade e heterogeneidade
ambiental dos sistemas, destacando a hierarquia espacial e temporal
(microhabitat, habitat, tributários, igarapés e riachos – bacia de drenagem,
ecorregiões e área zoogeográfica) como indicadores do grau de estabilidade dos
ecossistemas aquáticos (Petrere, 1978; Bayley, 1981,1988a e 1988b; Ribeiro,
1983; Merona & Bittencourt, 1988; Cunha & Api, 1990; Goulding, 1996; Batista,
1998; Barroncas, 2000; Sousa, 2000; entre outros). Friessel et al. (1986) e Bayley
& Li (1994).
Por outro lado, o pulso de inundação (Junk, et al., 1989) determina
variações comportamentais, físicas, fisiológicas, químicas nos organismos vivos
que interagem na interface dos sistemas aquático-terrestre Amazônicos,
107
influenciando na atividade de pesca e no ciclo de vida das populações ícticas
(Petrere, 1978; Fabré e Alonso, 1988; Bayley e Petrere, 1989; Barthem e
Goulding, 1997; Batista et al., 1998; Batista et al., 2004). Neste sentido, a Figura
25 representa um resumo esquemático que demonstra os tipos de pescado que
são preferencialmente explotados pela pesca de lagos, analisadas neste capitulo.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
J F M A M J J A S O N D
Mes es do Ano
Cot
as d
o rio
Branquinha
Matrinxã
Pirapitinga
CurimatáAracuJaraqui - FinaJaraqui GrossaPacuTambaqui
CaparariSardinha
TucunaréPescadaSurubimCuiu
Aruanã
Cará
Figura 25 - Esquema representativo da preferência por espécie ao longo dos meses do ano e ao longo do ciclo hidrológico para a pesca realizada em sistemas de lago que desembarcou em Manaus durante o período e de 1994-2001.
O recurso pesqueiro explotado pela pesca na Amazônia pode ser agrupado
em três grandes grupos de espécies de peixes: Os sedentários, os migradores e
os grandes migradores. O ciclo hidrológico é dividido em quatro etapas: 1. Fase
de expansão dos habitas aquáticos (enchente) – período de desova; 2.
108
Predomínio de ambientes aquáticos – fase de alimentação e crescimento (cheia);
3. Fase de contração dos habitas (vazante) e 4. Predomínio de Ambientes
terrestres - fase de intensa Predação (seca) (Barthem e Fabré, 2004).
Esta classificação parece se reflete também nas preferências por tipo de
pescado explotado pela pesca de lagos. A maior parte dos tipos de pescado,
capturados nas pescarias de lagos, foi registrada na fase de vazante e seca,
sendo evidenciada a preferência por peixes migradores na vazante, e sedentários
na seca.
No rio Solimões são capturadas preferencialmente as espécies migradoras
e no Purus as espécies sedentárias, sendo que não houve tendência de
diferenciação entre tipos de lago. Entretanto os níveis de esforço de pesca foram
maiores para as espécies migradoras que para sedentários.
Estes aspectos observados demonstram a necessidade de manejo da
pesca profissional em nível de bacia ou Bacia e tipo de lago, sobretudo pelas
evidências de estratégias diferenciadas de explotação do recurso pesqueiro, no
nível de espécies.
4.1 O rendimento pesqueiro e condições hidrológicas para a pesca lacustres nos principais sistemas fluviais explotados pela pesca profissional no Estado do Amazonas
Em face às fragilidades das estimativas de abundância ictica que são
obtidas do calculo de Captura por unidade de Esforço (Gulland, 1971) a
elaboração de novas metodologias e técnicas estatísticas (Abaubara, 1996) têm
se mostrado como alternativas mais adequadas para estudos pesqueiros. O
método GLM (Modelos Lineares Gerais) tem a poderosa vantagem de fornecer
uma estrutura que propicia a incorporação de fatores às classes de embarcações
109
e tempo, outrossim, para se ter uma melhor estimativa da tendência da
abundância pode-se simplesmente usar dados de captura num modelo GLM
(Abaubara, 1996) e acrescentar componentes explicativas que sejam mais
adequadas à pesca que estiver sendo analisada.
Os resultados do GLM, aplicados à pesca profissional de lagos
demonstraram que o rendimento pesqueiro das bacias hidrográficas resultou
diferenciado estatisticamente entre os rios Purus, Solimões e Amazonas, sendo
que a maior produção foi calculada para o sistema Solimões, seguido do
Amazonas e Purus. Os efeitos sazonais (cota máxima cota mínima) e interanuais
(Taxa de variação interanual da cota máxima e taxa de variação interanual da cota
mínima) do regime hidrológico sobre a produtividade pesqueira e interação esforço
de pesca*cota mínima do rio, a taxa de variação interanual da cota mínima do rio,
taxa de variação interanual da cota máxima e da cota máxima, tem efeito sobre o
rendimento pesqueiro anual e evidenciaram que o Solimões e o Amazonas
formam um grupo com médias estatisticamente diferente do Purus.
Merona e Gascuel (1993) encontraram efeito do nível do rio de anos
anteriores no rendimento pesqueiro corrente, em um pesqueiro no qual o esforço
de pesca não afetou significativamente a produção, demonstrando com isto o
efeito da variabilidade hidrológica sobre o rendimento pesqueiro em áreas deste
estudo nas proximidades de Manaus. Araújo (2004), no sistema de lagos Piranha,
também avaliou aspectos da variabilidade hidrológica, sobretudo a hipótese de um
gradiente lateral de condições fisico-químicas da água, que afetam a diversidade
de peixes. Batista e Freitas (2003) realizaram estudos sobre o efeito das
mudanças no nível do rio sobre a CPUE oriunda da pesca ribeirinha. Mais
110
recentemente, Vieira (2003) testou o efeito de um índice hidrológico na dinâmica
populacional do Jaraqui (Semaprochilodus spp.).
As diferentes condições hidrológicas de cada sistema determinam
diferenças significativas na pesca. No continente Asiático e Africano, vários
estudos (Welcomme, 1995 e 2000; Ahmed, 2001; Sarch et al. 2001)
demonstraram o efeito das flutuações hidrológicas-climáticas sobre o rendimento
pesqueiro, destacando que o manejo nas águas interiores Africanas deve ser
direcionado para proteger a suas áreas alagáveis com enfoque na integridade
Ecossistêmica. O efeito do regime hidrológico sobre a pesca na Africa
(Welcomme et al, 2003) demonstrou que a pesca é altamente dependente do
regime hidrológico, calculado por meio de índices hidrológicos, e mostrou uma
considerável variação interanual em resposta a eventos climáticos naturais. As
mudanças no regime hidrológico têm efeito negativo nas pescarias, sobretudo no
numero e no tamanho dos peixes capturados. Em Bangaldesh, Craig et al. (2004),
demonstraram que as modificações no regime hidrológicas podem causar
reduções na Captura por unidade área e na biodiversidade de peixes. Halls et al.
(2001) modelaram o efeito da hidrologia e de modificações hidrológicas sobre a
produtividade pesqueira, demonstrando que a sobrevivência de estoques
desovantes é sensível as condições hidrológicas durante a vazante. Welcomme
and Hadborg (1977) sugere que a diminuição no rendimento está associada com
modificações hidrológicas durante a cheia.
Os resultados do presente estudo, provavelmente podem ser relacionados
com a presença de extensas áreas de várzea (Mertes et al., 1996) com alta
magnitude de heterogeneidade ambiental em cada um dos sistemas fluviais
111
estudado, afetando o rendimento pesqueiro especialmente na acessibilidade da
frota ao pesqueiro, e também sobre as estratégias de atuação dos pescadores
para capturar o pescado contribuindo para a construção do manejo da atividade
de pesca profissional lacustre.
Tradicionalmente o manejo pesqueiro tem sido pensado á luz de duas
escalas: no nível de espécies e no nível de Bacia hidrográfica (sistemas fluviais)
(Petrere, 1982; Barthem, 1992; Batista, 2004;). Entretanto as evidências do
presente estudo apontam para a necessidade de um outro nível de organização e
atuação do manejo; os tipos de lago. Além disso, as evidências de que as pescas
profissionais têm preferencialmente explotado espécies sedentárias no Purus e
pequenos migradores no Solimões-Amazonas, sugerem que as táticas e
estratégias de manejo da pesca em sistemas de lago devem ser diferenciadas
conforme a Bacia explotada.
Uma das questões mais importantes para gestão ambiental pesqueira é a
definição de unidades experimentais de monitoramento da atividade (Batista
2004). Na Amazônia, em virtude de suas dimensões geográficas, combinados com
sua complexidade sócioeconômica e ecológica, esta definição ainda não foi
estabelecida. Estudos em macroescala regional (nível de bacias) são necessários
para que seja possível a definição de unidades geopoliticas de monitoramento da
pesca envolvendo todos os usuários do setor. Recentemente, Barthem e Fabré
(2004) têm recomendado substituir a abordagem autoecológica pontual por uma
abordagem meso ou macro escala (bacia, tributário e sistemas lacustres), ou
melhor, ou ainda, em nível de ecossistema.
112
A Figura 26 é uma síntese dos resultados obtidos da analise exploratória
dos dados, evidenciando as principais preferências identificadas para a pesca
profissional lacustre com a análise, sendo necessário testar futuramente a
existência de relações hierárquicas entre os níveis propostos.
SISTEMA HIDROGRÁFICO
FORMA DE SISTEMA DE LAGO
PESCADO EXPLOTADOS
Purus Solimões Amazonas
Sedentárias Pequenos migradores
CurimatáPacu
BranquinhaMatrinxã
TucunaréAruanãPescada
Cará
Dendritico AlongadoRedondo Alongado
TIPOS DE
Figura 26 - Esquema representativo dos níveis de organização com os subníveis que mais se destacaram no dimensionamento da pesca realizada em sistemas de lago que desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001.
As evidências de formação de dois conjuntos (pequenos migradores e
sedentários) de espécies explotadas em sistemas de lago pela pesca profissional,
parecem concordar com as propostas de manejo disponíveis para a pesca na
Amazônia (Barthem et al., 1992; Isaac et al., 1992; Isaac et al., 1998; Alonso,
2002; Vieira, 2003; Batista et al., 2004; Ribeiro e Fabré, 2004) sobretudo pela
necessidade de elaborar estratégias de manejo diferenciadas conforme as
estratégias de vida das espécies explotadas.
A dimensão da área de manejo certamente terá de ser mensurada por meio
de um diagnóstico ambiental na macroescala regional com fins de monitorar a
pesca nas regiões fluviais identificadas para a pesca de lagos no Estado do
Amazonas. É possível que as extensas áreas de várzea, localizadas
principalmente no Baixo Solimões e Baixo Purus, onde estão mais concentrados
os sistemas de lago com formas alongadas (redondo e dendrítico), possam ser
113
definidas como as principais regiões fluviais laterais de importância ecológica, e
dessa maneira, conferindo o alto grau de importância para a paisagem dos
corredores fluviais e suas áreas laterais, como demonstrado por Forman e Gordon
(1981); Naveh e Lieberman, (1993); Naiman e Décamps (1997); Ward et al (2002);
Wiens (2002).
Estes estudos vêm elucidando a existência de interações entre
heterogeneidade espaço temporal e processos hidrodinâmicos, para a fauna ictica
em diversos sistemas fluviais. Tendo em vista que as conformações espaço
temporais das paisagens fluviais (Wiens, 2002) determinam repostas
populacionais, fisiológicas e comportamentais nas populações icticas, talvez o
Purus, e o eixo Solimões-Amazonas, especialmente as grandes regiões de pesca
localizadas no Baixo Purus, Médio Solimões e Alto Amazonas possam representar
grandes áreas de alimentação, reprodução e refúgio que são controladas pelas
variações hidrológicas (Junk et al., 1989) e conseqüentemente afetando o esforço
de pesca.
Provavelmente, as diferenças de heterogeneidade ambiental associadas
com as características fisiogeográficas e hidrológicas dos rios explotados sejam as
principais responsáveis pelas diferenças de rendimento pesqueiro evidenciadas
neste estudo.
Na região de Bangladesh (Ahmed, 2001), sob a perspectiva de manejo
adaptativo (Hilborn e Walters 1995), já vem sendo testadas a viabilidade,
sustentabilidade e replicabilidade de uma compartimentalização, construída a
partir de classificação de habitats de áreas alagadas e critérios hidrológicos, para
desenvolvimento de áreas protegidas. Neste sentido, os sistemas fluviais onde
114
estão localizadas as áreas de concentração da pesca de lagos deverão ser
testados como sendo macrorregiões de pesca constituídas de subunidades
classificadas conforme o nível de diversidade das paisagens lacustres disponíveis
e critérios de pesca (rendimento pesqueiro e esforço de pesca) representando
unidades de manejo para o monitoramento da pesca profissional no Estado.
115
CAPÍTULO 3 – Zoneamento macroecológico da pesca profissional lacustre na Amazônia Central
116
1. Introdução
O contexto pesqueiro amazônico retrata, a partir da década de 70, uma
intensificação da atividade de pesca profissional como resposta ao cenário
econômico-social daquela época (Veríssimo, 1985; Isaac et al., 1992; Masulo e
Nogueira 1994; Barthem e Fabré, 2004; entre outros). Estas condições históricas
proporcionaram um cenário atual que deflagra uma intensa competição por áreas
de pesca, que têm provocado situações de conflitos entre os diferentes usuários
dos recursos pesqueiros, especialmente pescadores locais (ribeirinhos) e
pescadores itinerantes (profissionais) (Castro e McGrath, 2001). Neste contexto,
diversas aplicações e iniciativas de manejo da atividade de pesca na Amazônia
continuam sendo tomadas priorizando as necessidades especificas dos diferentes
atores envolvidos na atividade, sobretudo com enfoque na pesca ribeirinha com
argumentos conservacionistas e de preservação dos recursos pesqueiros (Leonel,
1998; Castro e McGrath, 2001).
Não é por acaso que o manejo da pesca profissional não têm sido tratado
conforme a magnitude de sua importância para a região. Dentre as limitações
mais importantes, a definição de escalas espaciais e temporais de análise
(Hoghart, et. al., 1999), é uma das mais significativas lacunas, sobretudo pelas
dimensões geográficas da área de abrangência da frota de pesca profissional no
Amazonas.
Recentemente, sobretudo a partir da década de 90, os avanços
tecnológicos, principalmente na área de informática, permitiram o emprego de
poderosas ferramentas de análise espacial de informações (Câmara, 1999;
Medeiros, 1999). A aplicação de ferramentas geotecnologicas tem como principal
117
característica o seu caráter transdiciplinar, sendo possível seu emprego nos mais
diversos campos do conhecimento (Burrough, 1986; Karssenger, 2002).
Na área ambiental, a classificação e delimitação de zonas baseadas na
combinação de diferentes atributos espaciais (vegetação, tipos de solo, formas de
uso, etc.) e não espaciais (dados alfanuméricos em geral, como por exemplo,
densidade populacional, abundância íctica, medidas de biodiversidade, dados
censitários, etc), têm sido elaborados para servir de apoio às tomadas de decisão
de importância econômica e social (Hawks et al., 2000; Medeiros, 1999; Câmara,
1999).
Em pesca, as aplicações vêm se diversificando, principalmente para
definição de unidades marinhas de uso dos recursos pesqueiros (FAO, 2000 e
2002; Guajardo e Voss, 2003; Both e Wood, 2004;). Entretanto, há também
aplicações para a pesca de águas interiores, sendo que estes estudos têm sido
direcionados para geração de mapas temáticos, classificação de áreas conforme a
intensidade de pesca, classificação de habitats de importância ecológica,
aplicação de modelos espaciais para estimativa de rendimento pesqueiro, etc
(Meaden e Kapetsky, 1995; Silva et al., 2001; Amarasinghle et al., 2002;).
Na Amazônia, apesar da existência de diversas aplicações de
geotecnologias para responder as mais antagônicas questões (Filho e Zinck,
1994; Mertes et al., 1996; Novo et al., 1997; Forsberg et al.; 2001) no contexto
pesqueiro regional, um estudo foi realizado com o intuito de compreender o efeito
da geometria de lagos sobre o rendimento pesqueiro (Sousa, 2000). Mesmo que
outros estudos tenham servindo de suporte para compreensão de aspectos
ecológicos dos ambientes utilizados pelos diferentes usuários do recurso
118
pesqueiro (Bayley, 1981; Petrere, 1978; Welcomme, 1995), ainda assim é muito
incipiente a aplicação de metodologias e técnicas geotecnológicas como área
estratégica do conhecimento para fornecimento do suporte cientifico necessário
pra elaboração do macro zoneamento ecológico da pesca na Amazônia.
Considerando as pertinentes limitações na definição das escalas espaciais
de atuação da pesca profissional, a viabilidade de aplicação de metodologias
geotecnológicas para definição de zonas ecológicas de atuação da pesca, o
presente capítulo teve como objetivo verificar a existência de diferenças no
rendimento pesqueiro em diferentes unidades geomorfológicas nas áreas laterais
dos sistemas fluviais amazônicos explotados pela pesca profissional.
2. Material e Métodos
2.1 Base de dados alfanuméricos
Foram utilizados dados do banco de dados da estatística pesqueira do
Estado do Amazonas, previamente tratados e processados para análise da pesca
profissional de lagos (ver capítulo 02). Foram estimados os seguintes dados
pesqueiros: Rendimento pesqueiro (toneladas) e esforço de pesca (número de
pescadores*dias pescando).
2.2 Dados Cartográficos
Conforme a base de dados cartográficos analógicos e as respostas de
localização do pesqueiro obtidas da extração de dados do banco de dados da
estatística pesqueira do Estado do Amazonas, foram realizadas varreduras na
procura dos nomes dos locais relatados nas entrevistas de pesca. Com isto, os
sistemas de lago, onde ocorreram as atividades de pesca, foram classificados e
119
devidamente registradas, as coordenadas geográficas centróides de cada local
(para detalhamento, ver Capítulo 02). Alem disso, foi quantificado o numero de
lagos disponível por categoria de forma na carta analógica disponível (Quadro 4),
para tanto foi realizado uma varredura na carta registrando a freqüência de
ocorrência de lagos por categoria de forma. Por conveniência, a seguinte divisão
geográfica dos sistemas fluviais foi considerada, adaptada de Batista (1998):
1. Alto Solimões: Municípios acima de Tefé
2. Médio Solimões: Tefé – Foz do rio Purus
3. Baixo Solimões: Foz do rio Purus – Manaus
4. Alto Amazonas: Manaus - Parintins
Quadro 4 – Lista de cartas para registro de coordenadas geográficas e quantificação dos sistemas de lago para cada Bacia explotados pela pesca profissional de lagos
Rio Carta Escala Ano Madeira rio preto do iguapó açu 1:250.000 1982 Madeira borba 1:250.000 1982 Madeira lagoa três casas 1:250.000 1982 Madeira auxiliadora 1:250.000 1986 Madeira porto velho 1:250.000 1982 Madeira humaitá 1:250.000 1983 Madeira manicoré 1:250.000 1982 Madeira calamã 1:250.000 1981 Purus seringal do axioma 1:100.000 1984 Purus quati 1:100.000 1987 Purus camaruã 1:100.000 1987 Purus abufari 1:100.000 1987 Purus pauini 1:100.000 1984 Purus pauini 1:250.000 1984 Purus paricatuba 1:100.000 1986 Purus jari 1:100.000 1986 Purus canutama 1:100.000 1987 Purus canutama 1:250.000 1987 Purus amélia 1:100.000 1987 Purus tambaqui 1:100.000 1987 Purus tapauá 1:.100.000 1987 Purus tapauá 1:250.000 1984 Purus boca do capanã 1:250.000 1986 Purus seringal do supiá 1:100.000 1986 Purus lábrea 1:250.000 1984 Purus aiapuá 1:100.000 1987 Mamiá mamiá 1:100.000 1987
Rio Carta Escala Ano Urucu urucu 1:100.000 1987
120
Solimões coari 1:250.000 1984 Solimões coari 1:100.000 1987 Solimões codajás 1:250.000 1984 Solimões codajás 1:250.000 1989 Solimões piorini 1:250.000 1979 Solimões iranduba 1:50.000 1982 Solimões colônia boa vista 1:50.000 1982 Solimões manaus 1:250.000 1983
Solimões/japurá anamã 1:250.000 1984 Solimões/japurá anamã 1:100.000 1984
Amazonas jatuarana 1:50.000 1982 Solimões urucará 1:250.000 1983
Amazonas parintins 1:250.000 1983 Amazonas parintins 1:250.000 1976 Amazonas óbidos 1:250.000 1983 Amazonas são josé do amatari 1:100.000 1980 Amazonas itacoatiara 1:100.000 1980 Amazonas itacoatiara 1:250.000 1998 Amazonas bom sucesso 1:100.000 1980 Amazonas manaus 1:50.000 1980/1981
Amazonas/madeira manaus 1:250.000 1983 Nhamundá nhamundá 1:250.000 1982 Rio negro limão 1:50.000 1983 Rio negro manaus 1:250.000 1983
Rio negro/ jaú moura 1:250.000 1983 Rio negro/branco barcelos 1:250.000 1983
Iça iça 1:250.000 1980 Juruá carauari 1:250.000 1984 Juruá juruá 1:250.000 1984
Canumã canumã 1:250.000 1982 Preto do iguapó açu preto do iguapó açu 1:100.000 1985
Japurá maraã 1:250.000 1984
2.3 Espacialização dos dados pesqueiros
Cada sistema de lago, com sua respectiva coordenada geográfica centróide
(região mais central do lago), corresponderam a uma linha na tabela de dados
alfanuméricos que foi espacializada. Com isto, cada sistema de lago analisado foi
representado espacialmente por pontos, sendo que cada ponto, ou linha da tabela
possui suas próprias características ou atributos, os quais foram plotados.
As informações sobre a pesca foram espacializadas nas imagens JERS-1-
Cheia (NASDA/Miti, 1995, 1998) sendo georreferenciadas nos sistema de
projeção UTM/SAD69, com coordenadas geográficas. Os seguintes atributos
pesqueiros de cada sistema de lago foram espacializados:
121
a) Bacia
b) Nome do Sistema de Lago
c) Rendimento pesqueiro (toneladas)
d) Esforço de pesca (núm de pescador*dia)
e) Tipo de lago (formas classificadas conforme capítulo 01)
Além disso, foi realizada uma classificação não supervisionada (conforme
a metodologia de classificação, ver capítulo 2) das unidades geomorfológicas
onde estão localizados os sistemas de lagos mapeados. As imagens resultantes
da classificação permitiram a identificação de duas unidades geomorfológicas:
a) Unidades de Terra Firme
b) Unidades de Várzea
A capacidade das imagens do Radar JERS-1 em emitir ondas
eletromagnéticas que atravessam alvos terrestres, por exemplo, a copa das
arvores tem como resultado imagens digitais com tons de cinza (DNs – Números
digitais) perfeitamente diferenciados entre áreas de Terra firme e de Várzea
permitindo uma diferenciação com relativa acuracidade. Mesmo que esta
acuracidade da classificação possa ser melhorada, mediante combinações de
diferenciadas de parâmetros de classificação (Áreas e Similaridade), e também
com a combinação de diferentes tipos de imagens (e.g. Melack, et al., 2000), estes
fatos não resultam incoerências que possam afetar os resultados, sobretudo na
escala de trabalho que está sendo considerada.
2.4 Análise dos dados
122
Verificou-se a existência de diferenças significativas no rendimento
pesqueiro das unidades geomorfológicas (Várzea e Terra firme) dos Sistemas de
lago explotados pela pesca devidamente mapeados, por meio de um Modelo
Linear Geral (GLM) - Análise de covariância (ANCOVA), admitindo os
pressupostos do modelo de acordo com Zar (1999). Foi proposto o seguinte
modelo:
O modelo proposto pelo presente estudo é:
Yi = µ + πj + β1*(Ai – A) +β2*(Bi – B) + β3*(Ci – C) + εi
Para cada Unidade Geomorfológica (j= 1,2,3) onde:
Yi = Variável dependente (Rendimento pesqueiro - toneladas)
µ = Média geral do modelo
πj = efeito do i-ésimo nível do fator - Unidade Geomorfológica (Várzea,
Terra Firme, Áreas Várzea/Terra Firme)
β1 = efeito linear da covariável – Numero de Lagos explotados
β2 = efeito linear da covariável – Disponibilidade de lagos por Bacia
β3 = efeito linear da covariável – Esforço de Pesca (pescador-dia)
A = covariável Nº de Lagos explotados por Bacia A = média da Nº de Lagos explotados por Bacia B = covariável Disponibilidade de lagos por Bacia
B = média da covariável Disponibilidade de lagos por Bacia
C = média da covariável Esforço de Pesca (pescador-dia)
C = média da covariável Esforço de Pesca (pescador-dia)
εi = componente de erro aleatório
123
3. Resultados
Conforme seus respectivos valores médios, houve evidências de que o
esforço de pesca e o rendimento pesqueiro foram maiores nos lagos de terra firme
do que nos lagos de várzea. A unidade geomorfológica onde não foi definido o tipo
de lago demonstrou tendências de similaridade de esforço e produção com os
lagos de várzea (Figura 27– A e B).
160
181 179
Não definida Terra firme Varzea
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Não definida Terra firme Varzea
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Não definida Terra firme Varzea
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Várzea/Terra firme
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Não definida Terra firme Varzea
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Não definida Terra firme Varzea
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A
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Várzea/Terra firme
Várzea/Terra firme
Figura 27 – Diagrama do esforço de pesca (Nº e Pescador*dias pescando) – A; e Rendimento pesqueiro (toneladas) – B; classificados conforme a Unidade Geomorfológica, que correspondeu área onde o sistema de lago explotado pela pesca profissional está encaixado.
A disponibilidade de lagos por unidade geomorfológicas demonstrou a
tendência de menor quantidade lagos em área de terra firme e áreas não
definidas, sendo que as áreas de várzea, notoriamente representaram maiores
124
quantidades de lagos disponíveis (Figura 28-A). O numero de lagos explotados
pela pesca também foi maior nas áreas de várzea, que nos lagos de terra firme e
em áreas não definidas. (Figura 28– B).
3
6
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Não definida Terra firme Varzea
Geounidade
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A
B
Várzea/Terra firme
Várzea/Terra firme
Figura 28 – Diagrama da disponibilidade e lagos – A; e Numero de lagos explotados – B; classificados conforme a Unidade Geomorfológica, que correspondeu área onde o sistema de lago explotado pela pesca profissional está encaixado.
125
Foi calculado um modelo linear geral (ANCOVA) para testar o efeito da
disponibilidade de lago, do número de lagos explotados pela pesca e do esforço
de pesca, sobre o rendimento pesqueiro, sendo também testado o efeito do fator
Unidade Geomorfológica (3 níveis), paisagísticas locais sobre o rendimento
pesqueiro (r2=88; n=22, p<0,05) (Tabela 16). As premissas do modelo foram
testadas sendo que todas as variáveis se adequaram as premissas de
normalidade, homogeneidade das variâncias e Paralelismo entre as covariáveis
(Zar. 1999). O seguinte modelo foi ajustado os respectivos coeficientes:
Tabela 16 – Resultados da aplicação do modelo linear geral, calculado por meio da Análise de covariância com seguintes componentes: VARIÁVEL DEPENDENTE: Rendimento pesqueiro
Fonte de variação Soma dos quadrados
Graus de Liberdade
Quadrados médios
F p
Intercepto 26.05 1 26.05 81.98 0.00FATOR
Fator Unidade Geomorfológica
4.58 2 2.29 7.21 0.00
COVARIÁVEIS
Logaritmo Esforço 44.16 1 44.16 138.98 0.00Numero de lagos
explotados 1.39 1 1.39 4.39 0.05
Disponibilidade de lagos 1.85 1 1.85 5.84 0.02
Erro 5.08 16 0.31
Os respectivos coeficientes do modelo ajustados são indicados a seguir:
Rendimento pesqueiro = -15,15 + 8,62*log ESFORÇO DE PESCA - 0,09*NUMLAGOSEXPLOTADOS+
0,01*DISPONLAGOS + UNIDADE GEOMORFOLÓGICA (3 NÍVEIS)
O teste de comparação múltipla a posteriori de Bonferroni foi calculado
para determinar diferenças significativas entre os pares de médias dos níveis dos
fatores (Unidades Geomorfológicas). A Tabela 17 demonstra que o grupo de lagos
126
de terra firme são estaticamente diferentes dos lagos de várzea e localizados em
unidade geomorfológica diferentes, como demonstrado no gráfico da medias dos
quadrados (Figura 29)
Tabela 17 – Matriz de probabilidades do teste a posteriori de Bonferroni (Zar, 1999), comparando unidades geomorfológicas utilizadas pela pesca profissional realizada em sistemas de lagos, e que desembarcou em Manaus entre 1994-2001
Varze/Terrafirme Terra firme VarzeaVárzea /Terra Firme 1,00 Terra firme 0,29 1,00 Várzea 0,09 0,01
Não definida
Terra firme
Varzea
Unidades geomorfológicas
1
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Não definida
Terra firme
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Unidades geomorfológicas
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s)
Várzea/Terra
firme
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Pe s
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)
Figura 29 – Ajuste das médias dos mínimos quadrados - Resultados do teste a posteriori de Bonferroni (Zar, 1999), comparando as médias de rendimento pesqueiro (toneladas) dos níveis do fator Unidade Geomorfológica analisada, referente à pesca profissional realizada em sistemas de lago, que desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001
Na análise dos resíduos, não houve tendências na distribuição dos
resíduos, evidenciando o bom ajuste do modelo, que explicou 88% da variância do
rendimento pesqueiro dos lagos analisados (Figura 30).
127
0 1 2 3 4 5 6 7 8-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Resíd
uos
Rendimento Pesqueiro (toneladas) estimado
0 1 2 3 4 5 6 7 8-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Resíd
uos
Rendimento Pesqueiro (toneladas) estimado
Figura 30 - Distribuição dos resíduos em relação aos valores do rendimento pesqueiro estimada pelo modelo linear geral calculado para a pesca de lagos, relacionada com diferentes unidades geomorfológicas utilizadas pela frota de pesca profissional que desembarcou em Manaus entre1994-2001.
3.1 Espacialização de dados pesqueiros e identificação de zonas de Pesca de lagos
Em média o rendimento pesqueiro de lagos distribui-se em três principais
faixas: 1) De 0 a 4 toneladas - inclui a região do Alto Amazonas, Baixo Solimões e
Baixo Madeira; 2) De 8 a 12 toneladas – inclui as regiões do Baixo Purus e Médio
Solimões; >12 toneladas que inclui poucos lagos do médio Solimões, sendo
considerados casos extremos (Figura 31).
128
Acari
ApipicaAraca
Arari
BotoCara_acuChibuiGamboa
Garca
Jacare
JacarezinhoJurupari
Limao
Matheus
MouraMurutingaMurutingaPesqueiro Piranha
Rei
Sampaio
Sao Jose
Sao jose do
Saracura
Taboca
Acai
Aiapua
Araca
Arima
ArrozAruana
ArumaBacuri
Beruri
Caapiranga
Caete
CampinaCampinaCampinasCaverna
Ipiranga
Itaboca
Itaboca
Jacare
Jadibaru
Jari
Jenipapo
Mamoria
Miua
Moura
Paraiso
Paricatuba
Pereira
Pilar
Piranha
Pirauara
Preto
Pupunha
Sacado
Sao Jose
Supia grande
SuraraTaboca
Tambaqui
Tambaquizinh
Tartaruga
Tauaria
Tigre
Toamiri
ToariToaria
Acara
AcuAnama
AnoriAraca
ArauaAruana
Badajos Caapiranga
Caiambe
CamaraCoari
CopeaCopea
Curari
Ena Grande
JacareJacare
Janauaca
Lima
Mamia
MamoriManaquiriMatamata
Miriti
Miua
Moura Pesqueiro
PioriniPiorini
PiranhaSacambuSacambu Sacambu
Trocaris
TucunareUrucu
-68 -66 -64 -62 -60 -58 -56
Longitude (Graus)
-8
-7
-6
-5
-4
-3
-2La
titud
e (G
raus
)
MANAUSEixo Solimões-Amazonas
Purus
MadeiraProdução pesqueira
(toneladas)
24 20 16 12 8 4 0 6
Sistema fluvial
Acari
ApipicaAraca
Arari
BotoCara_acuChibuiGamboa
Garca
Jacare
JacarezinhoJurupari
Limao
Matheus
MouraMurutingaMurutingaPesqueiro Piranha
Rei
Sampaio
Sao Jose
Sao jose do
Saracura
Taboca
Acai
Aiapua
Araca
Arima
ArrozAruana
ArumaBacuri
Beruri
Caapiranga
Caete
CampinaCampinaCampinasCaverna
Ipiranga
Itaboca
Itaboca
Jacare
Jadibaru
Jari
Jenipapo
Mamoria
Miua
Moura
Paraiso
Paricatuba
Pereira
Pilar
Piranha
Pirauara
Preto
Pupunha
Sacado
Sao Jose
Supia grande
SuraraTaboca
Tambaqui
Tambaquizinh
Tartaruga
Tauaria
Tigre
Toamiri
ToariToaria
Acara
AcuAnama
AnoriAraca
ArauaAruana
Badajos Caapiranga
Caiambe
CamaraCoari
CopeaCopea
Curari
Ena Grande
JacareJacare
Janauaca
Lima
Mamia
MamoriManaquiriMatamata
Miriti
Miua
Moura Pesqueiro
PioriniPiorini
PiranhaSacambuSacambu Sacambu
Trocaris
TucunareUrucu
-68 -66 -64 -62 -60 -58 -56
Longitude (Graus)
-8
-7
-6
-5
-4
-3
-2La
titud
e (G
raus
)
MANAUSEixo Solimões-Amazonas
Purus
MadeiraProdução pesqueira
(toneladas)
24 20 16 12 8 4 0 6
Sistema fluvial
Figura 31– Diagrama de contorno demonstrando as faixas de rendimento pesqueiro distribuídas entre os sistemas de lagos mapeados no eixo Solimões Amazonas, Purus, e Madeira correspondendo à área de concentração da pesca profissional de lago da frota de pesca profissional do Amazonas.
129
A espacialização dos dados permitiu identificar o raio de maior
concentração de sistemas de lagos explotados pela pesca profissional que
desembarca em Manaus. Para tanto, 5 zonas de distância, calculadas em relação
ao centróide Manaus, foram estabelecidas considerando intervalos de 100km.
Num raio de 100 km, denominada ZONA DE PESCA LACUSTRE 01, mais próxima do
centro de desembarque (Manaus), apresenta lagos com produção mais baixa
dentro do intervalo de 0-12 toneladas por registro de desembarque (Figura 32).
130
200km
FO
A
BAIXO SOLIMÕES
100km
ALTO AMAZONAS
200km
FO
A
BAIXO SOLIMÕES
100km
ALTO AMAZONAS
QUILÔMETROSQUILÔMETROS
LEGENDA Unidade geomorfológica
AREAS DE VÁRZEA
AREAS DE TERRA FIRME
Unidade geomorfológica
AREAS DE VÁRZEA
AREAS DE TERRA FIRME
0,4 – 12
12 - 36
36 - 97
Produção pesqueira(toneladas)
Distância de Manaus - Km
0,4 – 12
12 - 36
36 - 97
Produção pesqueira(toneladas)
Distância de Manaus - Km
FONTES DE DADOS: Banco de dados da Estatística pesqueira do estado do
Amazonas; Imagem Jers-1-SAR; Maio Julho 1996 (copyright 1992-1998 by
NASDAMITI)
DADOS CARTOGRÁFICOSSistema de projeção UTM/WGS84
Datum SAD69
FONTES DE DADOS: Banco de dados da Estatística pesqueira do estado do
Amazonas; Imagem Jers-1-SAR; Maio Julho 1996 (copyright 1992-1998 by
NASDAMITI)
DADOS CARTOGRÁFICOSSistema de projeção UTM/WGS84
Datum SAD69
Figura 32 – Representação espacial do rendimento pesqueiro de lago explotados nas regiões Baixo Solimões e Alto Amazonas correspondentes à ZONA DE PESCA LACUSTRE 01, no raio de abrangência mais próximo de Manaus de até 200km.
131
Na ZONA DE PESCA LACUSTRE 02, considerada a área mais produtiva com
predominância de regsitros dentro do intervalo de 12-36 toneladas onde estão
incluídos os lagos localizados da região do Baixo Purus e Médio Solimões. Dentro
da faixa de 200 a 500 km de Manaus. Nesta região, as áreas de várzea, são mais
extensas e a disponibilidade de lagos provavelmente é maior, sobretudo pela área
de várzea localizada na margem esquerda no Baixo Purus, iniciando-se no lago
Arumã; e no Médio Solimões, iniciando na margem direita do rio Solimões,
próximo do lago de Coari (Figura 33).
132
LEGENDA
200km
ELABORAÇÃO Keid Nolan Sil a So sa
MÉDIO SOLIMÕES
300km400km500km
BAIXO PURUS
200km
ELABORAÇÃO Keid Nolan Sil a So sa
MÉDIO SOLIMÕES
300km400km500km
BAIXO PURUS
ELABORAÇÃO Keid Nolan S
QUILÔMETROS
ELABORAÇÃO Keid Nolan S
QUILÔMETROS
Figura 33 – Representação espacial do rendimento pesqueiro de lago explotados nas regiões Baixo Solimões e Alto Amazonas correspondentes a ZONA DE PESCA LACUSTRE 02, no raio de abrangência mais próximo de Manaus de até 500km.
133
4. Discussão
De maneira simplificada, as metodologias utilizadas para elaboração de
Zoneamentos Ecológico-Econômicos (ZEE), consistem na elaboração de
Sistemas de informação geográfica para execução de diferentes técnicas de
geoprocessamento, que permitem combinar, na forma de camadas, diferentes
atributos (ecológico, econômicos, ambientais, uso do recurso, uso do solo,
disponibilidade hídrica, etc) que forem previamente considerados para
elaboração do zoneamento, resulta em mapas temáticos e de indicadores, os
quais serviram de base para formulação das opções de manejo eme uma
determinada área (Burrough, 1986; Maeden e Kapetsky, 1991; Câmara, 1999;
Medeiros, 1999, Karssenger, 2002;).
Mesmo sem ter sido denominada de zoneamento, Petrere (1978b) idealizou
o primeiro esforço de combinação das características da pesca profissional do
Amazonas com atributos espaciais da área de uso do recurso. Naquele estudo, o
autor verificou o efeito da distância do pesqueiro em relação ao centro de
desembarque (Manaus), evidenciando que a frota atuava num raio de mais de
1600 km de Manaus, concentrando-se na faixa de 600km. Vale destacar a
preciosidade do trabalho, pois mesmo com severas limitações tecnológicas, foi
realizado o primeiro mapeamento da área de atuação da frota de pesca
profissional que desembarca em Manaus.
Depois deste estudo, Batista (1998), analisando dados da pesca
profissional entre 1994-1996, também evidenciou a importância da distância do
local de pesca ao centro de desembarque, e verificou que o raio de atuação da
134
frota de pesca profissional havia reduzido para 1100 km, entretanto
permanecendo concentrada na faixa de 600km de Manaus.
Notoriamente, havia a necessidade de algum tipo de análise espacial dos
dados da frota de pesca profissional, sobretudo para compreender o efeito da
heterogeneidade ambiental sobre o rendimento pesqueiro, e identificar os
possíveis padrões espaciais dos dados.
Considerando, dessa maneira, a viabilidade de aspectos conceituais
metodológicos do Zoneamento Ecológico e Econômico, o presente capítulo,
realizou a espacialização de dados pesqueiros, permitindo elaborar
conceitualmente um sistema de informações geográficas da pesca profissional do
Amazonas, abordando questões que envolvem a pesca profissional de lagos.
Naturalmente, é sempre aconselhável ter cautela nas generalizações que
podem ser realizadas com base nos produtos gerados da análise, devendo ser
consideradas: 1. Limitações de escala geográfica; 2. Limitações na escala
temporal da análise; 3. Limitações dos diferentes usuários dos dados; 4.
Limitações inerentes dos dados analisados; 5. Limitações cartográficas (Meaden e
Kapetsky, 1995; Amarasinghle et al., 2000; Fisher e Rahel, 2004). Então, mesmo
que os produtos originados de analises espaciais de dados apresentem-se como
poderosas ferramentas de apoio à tomada de decisão, toda e qualquer
generalização dever ser realizada de maneira bastante cuidadosa.
Nos capítulos anteriores do presente estudo, foram realizados testes
estatísticos para verificar o efeito de fatores (Escala Local – Capítulo 01; Escala
Regional (Bacia) – Capítulo 2) que são variáveis indicadoras do efeito de
diferentes escalas espaciais no rendimento pesqueiro. Neste terceiro capítulo,
135
verificou-se o efeito de diferentes unidades geomorfológicas sobre o rendimento
pesqueiro, na escala de atuação da frota de pesca profissional lacustre do
Amazonas. Uma vez que as escalas forem definidas, será possível eleger critérios
para elaboração do Macrozoneamento Ecológico Pesqueiro do Amazonas.
Os resultados do presente capítulo evidenciaram diferenças significativas
do fator Unidade geomorfológica (terra firme, várzea e áreas transição várzea-
terra firme ou também denominadas áreas mistas), sobre o rendimento pesqueiro,
considerando também a disponibilidade de lagos e o numero de lagos explotados,
além do esforço de pesca (logaritmizado).
Antes de prosseguir, se faz necessário o entendimento das principais linhas
que buscam explicar a composição, estrutura e dinâmica dos ecossistemas
aquáticos. O conceito do contínuo (Vannote et al., 1980) refere-se a um gradiente
físico longitudinal que determina modificações morfológicas e hidrológicas entre
nascente e a foz do rio; diferenciadas conforme a ordem do corpo d’água. O
conceito do pulso de inundação (Junk et al., 1989) estabelece que as trocas
laterais de matéria e energia, entre o canal dos rios e as várzeas, e a reciclagem
de nutrientes, são determinadas pela variação do nível do rio que controla a
produção em rios e em áreas de várzea. Ward e Stenford (1989), propõe o
“conceito de quatro dimensões”, que constitui-se numa visão complementar ao
contínuo e ao pulso de inundação, determinando que o funcionamento dos
ecossistemas, além da variação sazonal e longitudinal se devem a quatro tipo de
variações: longitudinal (ao longo da calha); vertical (coluna d’agua); lateral (água-
terra) e temporal (cheia e seca).
136
Neste contexto, as áreas laterais dos grandes rios, onde estão encaixados
os sistemas de lago (como é o caso dos lagos explotados pela pesca profissional
do Amazonas), são compreendidas como áreas ripárias constituídas de ecótonos,
que possuem importantes e diferentes funções ecológicas para a determinação e
composição da estrutura das comunidades aquáticas (Naiman e Decamps, 1997;
Argenmeier e Kar, 1997; Ward, 1999;).
Barrela et al. (1996) destacou que as áreas ripárias possuem importantes
funções ecológicas, dentre estas se destacam a formação de habitats, áreas de
abrigo e de reprodução. Como já foi definido, há diversas evidências geológicas e
morfológicas que diferenciam os lagos de várzea e os de terra firme (e. g., Iriondo,
1982; Irion, 1984; Forsberg et al., 1993; Mertes et al., 1995; Junk, 1997; Irion et al
1997; Igreja, 1999; Latrubesse e Franzinelli, 2002 e 2000; Rozo, 2004; entre
outros).
A função ecológica das áreas de várzea vem sendo destacada
principalmente com relação ao aporte de nutrientes, que propagam as trocas de
energia nas cadeias tróficas resultando na maior produtividade destas áreas (Junk
et al., 1989; Junk 2000 e 2002), reforçando a importância das áreas de transição
aquático-terrestre (como é o caso da floresta alagada). Seria de se esperar que os
lagos localizados dentro das áreas de várzea sejam mais produtivos e como
conseqüência apresentem maiores níveis de rendimento pesqueiro.
Apesar disso, Sousa (2000) levantou a questão de que os lagos
dendríticos, encaixados nas áreas de terra firme ou em regiões de transição
várzea-terra firme apresentam maiores níveis de rendimento pesqueiro,
137
atribulando estes fatos principalmente acessibilidade local ao sistema, e também a
uma possível maior estabilidade ecossistêmica que os lagos de várzea.
Se os índices de captura estimados no presente estudo por meio de
modelos lineares gerais, forem considerados com sendo índices de abundância
relativa, como sugere Abaubara (1996), há indícios de que os lagos de Várzea são
menos produtivos que os lagos de terra firme.
A importação e a exportação de nutrientes muda consideravelmente com as
diferenças na amplitude do pulso e as condições locais, sendo que o maior
rendimento pesqueiro estimado para lagos dendríticos de terra firme pode ser
atribulada a função ecológica que as complexas áreas de drenagem que
alimentam os sistemas de lagos dendríticos com matéria orgânica oriunda dos
pequenos tributários e igarapés que nascem na floresta (Goulding, 1996).
Segundo Forsberg et al. (1988), os níveis de alcalinidade na mistura são
influenciados pela relação entre a área da bacia de drenagem e a área do lago.
Entretanto, Furch e Junk (1997) consideram que as mudanças físico-químicas dos
lagos de várzea seriam determinadas pela relação entre a zona de transição
aquática/terrestre e área da bacia do lago (ATTZ - Aquatic/Terrestrial Zone/LBA -
Lake Basin Area).
Para efeito, os lagos de terra firme reúnem condições ambientais,
provavelmente associadas com suas condições edáficas (Araújo-Lima et al 1995,
Barthem e Fabré, 2004; Junk,1984) e de disponibilidade de zonas ripárias de
importância ecológica que deflagram os altos níveis de rendimento pesqueiro,
como resposta. A principal característica que deve ser destacada é que os lagos
dendríticos de Terra Firme vêm sendo explotados pela pesca profissional há mais
138
de 30 anos, e ainda assim, o rendimento pesqueiro continua com níveis elevados.
Além disso, conforme evidencias do presente capítulo, a disponibilidade de lagos
de Terra firme é bem menor que de lagos de várzea. Evidentemente que a
importância ecológica dos mosaicos espaciais (Várzea-Terra Firme) deve ser vista
de maneira integrada para que a compreensão da dinâmica ecossistêmica e seu
efeito sobre a produtividade sejam utilizados como critérios para definição de
unidades ambientais de uso do recurso pesqueiros.
4.2 Espacialização de dados pesqueiros
Conforme a combinação temática da distância do porto de desembarque,
da Unidade Geomorfológica, dos tipos de lagos e do rendimento pesqueiro
(toneladas), foram delimitadas 2 zonas de pesca de lagos. Neste sentido, a
espacialização dos dados demonstrou a tendência de concentração da frota de
pesca profissional de lagos num raio de 400 km de Manaus, sendo denominada
de ZONA DE PESCA LACUSTRE 01 com menores níveis de rendimento pesqueiro (0-
12 toneladas), situada nas proximidades de Manaus e na região do baixo
Solimões (considerada a jusante da foz do rio Purus) num raio de 100km do local
de desembarque. No médio Solimões, a partir do município de Coari e Baixo
Purus, a jusante do Lago Arumã, está situada a ZONA DE PESCA LACUSTRE 02 com
maiores níveis de rendimento pesqueiro dentro do inervado de 12 a 36 toneladas,
situada num raio de 200 a 400Km de Manaus.
Muitos estudos, (De Silva, 1988; Amarasinghle, 2000; Hawks et al., 2000;
Ahmed, 2001; Meaden, 2004; entre outros) têm demonstrado boas aplicações
para resolução de questões que envolvem o uso do recurso e a definição de
zonas pesqueiras, delimitadas pela utilização de critérios ambientais – pesqueiros.
139
A exemplo disso, Cordell e Note, 1988; identificaram áreas marinhas costeiras
com potencial para aquacultura baseado na temperatura, turbidez, cor da água,
(Profundidade) analisando dados de imagem SPOT. Kapetsky (1987) realizou um
inventariado de pequenos corpos de água no ZinBawe para o manejo da pesca e
desenvolvimento da aqüicultura. Nuridddinov (1989) analisou as mudanças no
perímetro do lago Sarykamysh devidas ao uso antrópico na Ásia Central. Meaden
(1987) identificou as áreas de importância pra cultivo de trutas no sul da Inglaterra.
Apesar da amplitude de aplicações que já vem sendo realizadas em
estudos pesqueiros, na Amazônia, como já foi citada anteriormente a situação é
bastante carente. Neste sentido, as delimitações das zonas de pesca lacustres
representam o ponto de partida que deverá desencadear novos estudos e
aprimoramento metodológico para obtenção de subsídios para o
Macrozoneamento da Pesca na Amazônia.
Considerações Finais
No contexto do Gerenciamento da pesca na Amazônia, Batista (1998)
destaca que um dos aspectos fundamentais a serem considerados é a definição
das unidades de manejo com homogeneidade espacial suficiente para serem
consideradas como unidades administrativas da pesca, sendo possível integrar a
participação dos atores sociais, a abordagem ecossistêmica, e a definição de
parâmetros monitoráveis da pesca e dos estoques dos recursos pesqueiros, a
serem administrados. Esta perspectiva para o manejo da pesca na Amazônia,
assim como qualquer outra proposta de manejo, vem freqüentemente esbarrando
em definições de ordem geográfica, sobretudo na escala espacial de atuação.
140
141
Não obstante, são diversas abordagens de manejo (Bayley e Petrere, 1989;
McGrath et al., 1993; Castro e McGrath, 1994; Vieira; 2003; Ribeiro e Fabré, 2004;
Batista et al., 2004), mas em principio, a abordagem ecossistêmica (Sparks, 1995)
sob uma ótica adaptativa (Walters, 1995) parece a prerrogativa teórica mais
adequada para gerenciamento da pesca profissional de lagos, sobretudo à luz da
importância que os sistemas de lagos dendríticos demonstraram no presente
estudo. O principio básico do manejo adaptativo, é que deve haver flexibilidade e
sustentabilidade no sistema de Manejo para adaptarem-se as novas situações que
surjam por eventos naturais, por modificação nos padrões de exploração dos
pescadores, dos consumidores e como conseqüência das medidas de manejo
tomadas anteriormente, tendo como suporte principal à capacidade do
ecossistema de manter e suportar as comunidades de organismos em equilíbrio
com a estrutura de habitats naturais da região.
No intuito de identificar unidades territoriais com características
suficientemente homogêneas, de tal forma que pudessem ser consideradas como
unidades territoriais de manejo, o presente estudo propõe três conjuntos de
variáveis: Paisagísticas, Pesqueiras, e Ecológicas. Os diferentes níveis de análise
dos dados realizados ao longo dos três capítulos deste estudo, conduziram à
identificação de variáveis indicadoras, as quais caracterizaram unidades de
manejo em diferentes escalas espaciais de trabalho (Quadro 5).
143
Quadro 5 – Proposta de Escala e Unidades de Manejo para a pesca de lagos, considerando a divisão hierárquica em unidades ecossistêmicas (Perímetro – Km; Conexão com rio principal – Km; Quantidade de Floresta Alagada – Km²; CPUE – toneladas/nº de pescador*dias pescando; Extensão. Linear – km; Distância de Manaus – km; Cota máxima e mínima do rio – cm
UNIDADE ECOSSISTÊMICA SISTEMA LACUSTRE PREDOMINANTE POR TIPO DE LAGO EXPLOTADO SISTEMA DE TRANSIÇÃO (VÁRZEA/TERRA FIRME) SISTEMA FLUVIAL (BACIAS)
CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS
PAISAGÍSTICA PESQUEIRAS ECOLÓGICAS PAISAGÍSTICA PESQUEIRAS ECOLÓGICAS PAISAGÍSTICA PESQUEIRAS ECOLÓGICAS
VARIÁVEL INDICADORA
VARIÁVEL INDICADORA
VARIÁVEL INDICADORA
LAGOS
A.) Desenv. perimetral B.) Perímetro C) Conexão rio Principal
1. Dias pescando 2. Nº de Pescador
1. Espécies 2. Quantidade de Floresta alagada 3. CPUE – Abundância Relativa
MUNICÍPIOS
1. Extensão linear
1. Dist. Manaus 2.Dias pescando 3.Nº pescadores
1. Espécies 2. CPUE – Abundância Relativa RIOS
1. Extensão Linear 2. * Cota mínima do rio 3.* Velocidade de Vazante 4. *Cota máxima do rio
1. Nº de pescador 2. Dias pescando 3 - Nº de Lagos Explotados
1. Espécies 2. Nº de lagos disponíveis 3. CPUE – Abundância Relativa
REDO
NDO
ALON
GADO
Copeá Acará
A ) 21,35 B ) 194,14km C ) 25,84km
1 – 19,91 2 - 8,9
1 - Pacu, Jaraqui-Fina, Sardinha 2 - 335,40km² 3 - 0,06
DEND
RÍTI
CO
ALON
GADO
Anamã, Miuá, Badajós, Coari, Piorini, Mamiá
A ) 27,04km B ) 1064,62km C ) 3,69km
1 – 18,64 2 - 9,17
1 - Jaraqui-Grossa, Pescada Tucunaré, Aruanã 2 - 330,40km² 3 - 0,082
MÉDI
O S
OLIM
ÕES
Coari, Codajás, Anamã
359km 1 - 483km 2 – 14,5 3 - 8,4
1 - Pacu, Jaraqui-Fina, Sardinha 2 - 0,08
DEND
RÍTI
CO
ALON
GADO
Jacaré, Cururu A ) 17,92 B ) 542,91km C ) 10,54km
1 – 20,8 2 - 8,8
Curimatá, Sardinha, Jaraqui Fina, Jaraqui Grossa
DEND
RÍTI
CO
RAMI
FICA
DO
Manaquiri, Janauaca
A ) 30,11 B ) 1218,18km C ) 5km
1 – 12,82 2 - 7,5
1 – Curimatá e Sardinha, Pacu, Jaraqui Fina 2 - 401,94km² 3 – 0,06
BAIX
O SO
LIMÕE
S Manacapuru
Manaquiri Janauacá Careiro
Iranduba
184,66km 1 - 65,45km 2 – 8 ,07 3 – 6,69
1 - Curimatá, Sardinha, Jaraqui Fina, Jaraqui Grossa. 2 – 0,09
SOLIM
ÕES
1 - 546,66 2 - * Fator hidrologico - Sazonal
1 – 8,06 2 - 13,,31 3 - 4,3
1 - Curimatá, Sardinha, Jaraqui Fina, Jaraqui Grossa. 2 – 120,42 3 – 0.027
REDO
NDO
OVAI
S Rei, Murutinga, Sampaio
A ) 8,63 B )241,44 km C ) 10,66km
1 – 20,66 2 – 7,61
1 - 241,44 km² 2 - Pirapitinga, Caras Pacus, Matrinxã 3 - 0,0426
DEND
RÍTI
CO
RAMI
FICA
DO
Canaçari, Arari A ) 8,29 B) 250,74km C ) 9,56km
1 – 20,15 2 – 7,28
1 - 330,40km² 2 - Pirapitinga, Caras Pacus, Matrinxã 3 - 0,04
ALTO
AMA
ZONA
S Manaus, Careiro da
Várzea Autazes Nova
Olinda do Norte
Itacoatiara
234,18km 1 - 145,58km 2 - 18,19 3- 7,8
1 - Pirapitinga, Caras Pacus, Matrinxã. 2 – 0.059 AM
AZON
AS
1 - 234,16km 2 - * Fator hidrologico - Sazonal
1 - 7,8 2 - 18,19 3 - 4,3
1 – Pirapitinga, Caras Pacus, Matrinxã. 2 - 180,5 3 – 0,028
DEND
RÍTI
CO
ALON
GADO
Surara Beruri, Anori, Arumã,
Jarí Paricatuba
A ) 20,96 B) 540,84km C ) 4,4km
1 – 20,05 2 – 7,63
1 - 192, 42km² 2 - Jaraqui Grossa, Pescada, Tucunaré, Aruanã, Tambaqui 3 – 0,048
UNID
ADES
TERR
ITOR
IAIS
DE
MANE
JO
REDO
NDO
ALON
GADO
Caua, Aiapuá A ) 29,73 B )1374,70km C ) 3,5km
1 – 18,92 2 – 8,66
1 - 92,73km² 2 – Aruanã, Tucunaré, Tambaqui 3 - 0, 047
BAIX
O PU
RUS
Tapauá Beruri Anori 357,91km
1 - 324km 2 – 16,55 3 - 8,22
1 - Aruanã, Pescada,Tucunaré,Tambaqui, Caparari, Surubim, Caruaçu 2 - 0.056
PURU
S 1 - 357,91km 2 - * Fator hidrologico - Sazonal
1 – 7,7 2 - 16,18 3 - 7,75
1 -Aruanã, Pescada, Tucunaré, Tambaqui, Caparari, Surubim, Caruaçu 2 – 111,98 3 - 0.05
145
Neste contexto, as áreas de pesca de lagos foram definidas em três níveis
ecossistêmicos: 1) Sistemas fluviais : Áreas de Manejo de Bacias, 2) Sistemas de
transição Várzea/Terra Firme: Áreas de Manejo de Lagos por bacias e 3) Sistemas
lacustres predominantes por tipo de lago: Áreas de Manejo local comunitário.
A Figura 34 e Figura 35 representam espacialmente as 4 unidades
territoriais de manejo de Bacias propostas: Unidade do Médio Solimões; Unidade do
Baixo Solimões; Unidade do Baixo Purus e Unidade do Alto Amazonas.
5
Figura 34 Representação espacial das áreas de manejo de bacias propostas para a pesca profissional de lagos no Estado Amazonas, considerando os limites municipais, as zonas de distância em relação à Manaus e o rendimento pesqueiro por pescador ias pescando.
12
34
A
B
Quilômetros
5 1
23
4
A
B
5 4
3 12A
B
Quilômetros
146
147
Figura 35 - Representação espacial das áreas de manejo de bacias propostas para a pesca profissional de lagos no Estado Amazonas, considerando os limites municipais, as zonas de distância em relação à Manaus e o rendimento pesqueiro por pescador ias pescando.
No nível de macro escala: Sistema Fluvial Solimões, estão sendo propostas
duas unidades territoriais:
1. Unidade do médio Solimões delimitada pelos territórios municipais das
cidades de Coari, Codajás e Anamã. Nesta região, há a predominância de lagos
dendrítico alongados e redondo alongados, dentre os quais são sugeridos como
unidades de manejo, em nível local, os seguintes sistemas lacustre: Copeá, Acará,
Anamã, Miuá, Badajós, Coari, Piorini, Mamiá.
2. Unidade do Baixo Solimões constituída pelos municípios de Manacapuru,
Manaquiri, Janauacá, Careiro e Iranduba, com os sistemas de lagos: Manaquiri,
Janauacá, Jacaré e Cururu.
No Sistema Fluvial do Amazonas, propõe-se uma unidade a denominada do
Alto Amazonas, constituída pelos municípios de Itacoatiara, Manaus, Careiro da
Várzea, Autazes, nova Olinda do Norte, sendo predominantes os lagos redondo
ovais e dendrítico ramificados, contendo as unidades locais de manejo (sistemas
lacustres) os lagos: Rei, Murutinga, Sampaio, Canaçari e Arari.
No caso do Sistema Fluvial do Purus, sugere-se a definição da Unidade do
Baixo Rio Purus, constituída pelos municípios de Anori, Beruri e Tapauá, sendo
predominantes lagos do tipo dendrítico alongados e redondo alongados, e dentre os
quais foram sugeridos como unidades locais de manejo os seguintes sistemas:
Surara, Beruri, Anori, Arumã, Jarí, Paricatuba, Caua e Aiapuá.
A caracterização das unidades territoriais de manejo propostas no presente
estudo foi realizada conforme a combinação de informações que permitiram tratar de
forma transversal as inter-relações entre os componentes paisagísticos, pesqueiros e
ecológicos no nível ecossistêmico. Esta abordagem interdisdisplinar gerou um
148
conjunto de variáveis ou descritores significantes que pode representar um sistema
de indicadores para o monitoramento e controle da pesca de lagos. No nível local
está sendo proposto como indicadores os seguintes descritores:
1. Componente Paisagístico: Desenvolvimento perimetral, Perímetro e
Conexão com o rio principal;
2. Componente Pesqueiro: Esforço de pesca decomposto em Número de
pescadores e Número de Dias pescando e
3. Componente Ecológicas: Espécies ou tipos de Pescado explotados;
Quantidade de Floresta Alagada e Abundância Relativa por tipo ou por espécie –
CPUE (toneladas capturadas por Pescador* dias pescando).
No nível de meso escala: Sistemas de transição Várzea/Terra Firme:,
propõem-se como indicadores:
1. Componente Paisagístico: a Seção Linear do sistema fluvial que está
incluída dentro dos limites municipais da unidade;
2. Componente Pesqueiro: a distância de Manaus, o número de dias
pescando; e o número de pescadores; e
3. Componente Ecológico: Espécies ou tipos de pescado explotados e a
Abundância relativa (CPUE).
No nível macro escala: Sistemas fluviais sugerem-se os descritores:
1. Componente Paisagístico: a seção linear do sistema fluvial que está
incluída dentro dos limites municipais da unidade, a cota mínima e a máxima do rio, e
velocidade de vazante do rio;
2. Componente Pesqueiras: o número de pescador; número de dias
pescando, número de lagos explotados e número de lagos disponíveis; e
149
3. Componente Ecológicas: os tipos de pescado explotados e a abundância
relativa (CPUE).
As evidências, obtidas das análises realizadas no presente estudo sugerem
que há similaridade entre as unidades ora propostas. Os sistemas fluviais Solimões e
Amazonas são preferencialmente explotadas espécies migradores (Pacu, Curimatá,
Sardinha, Jaraqui de Escama fina e de Escama grossa), sendo que no Baixo Purus,
as capturas estão compostas principalmente por espécies com de comportamento
sedentário, tais como Aruanã, Pescada, Tucunaré, Carauaçu. Em geral, os sistemas
de lago explotados estão bem próximos do rio principal, com distância media de
10km.
No médio e do baixo Solimões as oscilações médias de abundancia relativa
são aparentemente maiores que no Amazonas e no Purus, representando cerca de
0,08 (toneladas/pescador dia por registro de desembarque), no Solimões e no Purus
e Amazonas algo em torno de 0,500 t por pescador dias pescando. Estas diferenças
evidenciadas na macro escala, que permanecem na meso e na escala local são
provavelmente ocasionadas pelas diferenças nos tipos de pescarias realizadas nos
diferentes rios. As pescarias de peixes migradores apresentam particularidades
bastante discrepantes das pescarias de peixes sedentários (peixes de lago) (para ver
descrição das pescarias, consultar Petrere, 1978 a e b). Além disso, as próprias
diferenças geomorfológicas e fisiográficas dos tipos de lagos (Capítulo 1), dos
sistemas fluviais (Capítulo 2) e das áreas de várzea e terra firme (Capítulo 3),
também representaram o embasamento necessário para a definição das unidades de
manejo ora propostas.
150
Mesmo assim, algumas limitações deverão ser consideradas para a
delimitação das unidades territoriais de manejo da pesca de lagos. Uma delas é a
definição dos limites geográficos da unidade, pois tendo em vista que foram
consideradas as demarcações municipais, existem algumas situações onde não está
claro o limite de uma unidade e inicio de outra. Também, há casos onde é necessário
o estabelecimento de interações administrativas intermunicipais, tendo em vista que
alguns sistemas de lagos são atravessados ao meio pelo limite municipal, como é o
caso, por exemplo, do lago Badajós.
Além disso, outras variáveis deverão ser complementadas para a
caracterização das unidades, como por exemplo, o nº de pescadores locais e de
pescadores externos, o Nº de comunidades rurais, o acompanhamento do nível do rio
com réguas locais, a mensuração do perfil topográfico do sistema de lago,
quantificação das áreas ocupadas por macrófitas aquáticas, a definição de zonas de
uso na escala do local, o mapeamento de áreas criticas de desmatamento e
atualização de dados censitários.
Diante do exposto, o manejo da pesca de lagos deverá ser realizado
urgentemente, sobretudo pelo estado atual da pesca de lagos que evidencia: 1) a
existência de conflitos entre diferentes usuários dos recursos pesqueiros lacustres e
2) a importância ecológica dos ecossistemas de lagos amazônicos para a
sustentação das cadeias tróficas aquáticas. Sabe-se que uma proposta de manejo
deve conter: 1) unidades de manejo definidas; 2) Ações prioritárias; 3)
Estabelecimento de Sistema de monitoramento e controle. Com isto, o presente
estudo propôs a definição de unidades ecossistêmicas e unidades territoriais de
manejo da pesca de lagos, considerando variáveis pesqueiras, paisagísticas e
151
ecológicas, com o intuito de contribuir para um gerenciamento da pesca de lagos
considerando além das questões locais, também outras escalas geográficas,
ambientais, ecossistêmicas, econômicas, numa percepção integrada, participativa e
adaptativa.
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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