Universidade de Brasília
FERNANDA HIPÓLITO HADDAD
A NATAÇÃO COMO FATOR DE PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE CRIANÇAS DE DEZ A DOZE ANOS
São Paulo
2007
FERNANDA HIPÓLITO HADDAD
A NATAÇÃO COMO FATOR DE PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE CRIANÇAS DE DEZ A DOZE ANOS
Monografia realizada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar, pelo Centro de Ensino a Distância, da Universidade de Brasília.
Orientador: Professor Mestre Caio Ferraz Cruz
São Paulo
2007
i
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família, meu grande alicerce, que sempre me
apoia e incentiva, a base de tudo o que eu sou hoje, e de todo me conhecimeto
obtido, e todas as vitórias.
Dedico também a todas as pessoas que torcem pelo meu sucesso e
felicidade, e que estiveram ao meu lado no decorrer de mais essa etapa concluída
na minha vida.
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos aqueles que tornaram este trabalho possível de ser
realizado, e que com certeza facilitaram sua conclusão.
Agradeço aos meus alunos, que gentilmente colaboraram com o
preenchimento dos questionários.
Agradeço à gestão do CEU Alvarenga por permitir e perceber a relevância
desse tipo de trabalho para o engrandecimento das atividades físicas no CEU
Alvarenga.
Agradeço meu coordenador de esportes do CEU por facilitar a realização do
trabalho não impondo obstáculos e colaborando ativamente para a realização do
mesmo.
E por fim, agradeço ao meu orientador que me apoiou e auxiliou em todos os
momentos proporcionando assim um trabalho de qualidade.
iii
RESUMO
O objetivo deste estudo é o de avaliar se a pratica da natação resulta em
melhora na qualidade de vida (QV) de crianças com idades entre 10 e 12 anos. Para
isto foi utilizado o questionário de avaliação da qualidade de vida SF-36, que avalia
numa escala de 0 (pior estado) a 100 (melhor estado), a QV em oito domínios:
capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde,
vitalidade, aspectos sociais, limitação por aspectos emocionais e saúde mental. O
questionário foi aplicado a dois grupos: G1, composto por 16 crianças nadadoras há
mais de seis meses no Centro Educacional Unificado (CEU) Alvarenga, na cidade de
São Paulo, com aulas duas vezes por semana e duração de 45 minutos cada aula; e
G2, composto por 16 crianças com idades entre 10 e 12 anos não-nadadoras. Os
dois grupos são compostos por crianças de baixa renda que freqüentam o Ensino
Fundamental do CEU Alvarenga. Estes dois grupos foram comparados chegando-se
aos seguintes resultados: capacidade funcional – 75,7 para G1 e 49,2 para G2;
limitação por aspectos físicos – 84,3 para G1 e 71,5 para G2; dor – 92,7 para G1 e
85,9 para G2; estado geral de saúde – 94,2 para G1 e 77,8 para G2; vitalidade –
82,4 para G1 e 80,2 para G2; aspectos sociais – 92,3 para G1 e 70,7 para G2;
limitação por aspectos emocionais – 95,2 para G1 e 67,8 para G2; saúde mental –
81,8 para G1 e 64,3 para G2. Consideramos que a QV é influenciada positivamente
pela natação, traduzindo-se em benefícios fisiológicos e psicossociais aos
praticantes.
Palavras-chave: natação, qualidade de vida, criança, baixa renda.
iv
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA............................................................................................i
AGRADECIMENTOS..................................................................................ii
RESUMO....................................................................................................iii
I. INTRODUÇÃO........................................................................................01
1.1. Problema..................................................................................02
1.2. Objetivo....................................................................................03
1.3. Justificativa...............................................................................03
1.4. Hipóteses..................................................................................04
II. REVISÃO DE LITERATURA..................................................................05
2.1. Desenvolvimento motor............................................................05
2.1.1. Estabelecimento da preferência lateral...........................06
2.1.2. Contribuições da psicologia genética..............................06
2.1.3. O esquema corporal ou imagem do corpo segundo
Le Boulch (1988)...........................................................07
2.2. Qualidade de vida....................................................................09
2.2.1. Definições......................................................................09
2.2.2. Avaliação da qualidade de vida.....................................10
2.2.3. Questionário de qualidade de vida SF-36.....................11
2.3. Natação...................................................................................13
2.3.1. Definição.......................................................................13
2.3.2. Propriedades da água...................................................13
2.3.3. Benefícios da natação...................................................16
III. METODOLOGIA..................................................................................19
IV. RESULTADOS.....................................................................................21
V. DISCUSSÃO.........................................................................................22
VI. CONCLUSÃO.......................................................................................23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................25
ANEXO I....................................................................................................27
1
I. INTRODUÇÃO
A importância do estudo do desenvolvimento motor se dá pelo fato de que “o
desenvolvimento motor localiza-se na fronteira entre a educação e a medicina, é de
interesse a todos que trabalham com crianças” (HOLLE, 1979, p.1). Tem-se por
experiência que o acesso de crianças de baixa renda ao início do aprendizado de
uma prática esportiva é escasso, por vários fatores que culminam com a falta de
oportunidades.
O estudo deste tema tem o interesse de mostrar os benefícios causados pela
atividade física para essas crianças, em especial a natação, compreendida neste
trabalho como “a capacidade do indivíduo para dominar o elemento água,
deslocando-se de forma independente e segura sob e sobre a água, utilizando, para
isto, toda sua capacidade funcional, residual e respeitando suas limitações” (COSTA;
DUARTE, 2000). A natação produz benefícios físicos e/ou fisiológicos sobre o
sistema de regulação térmica, o aparelho circulatório, aparelho respiratório, aparelho
locomotor; benefícios psicossociais uma vez que “aprender a nadar é também um
processo de aprendizagem de socialização”; e benefícios cognitivos uma vez que a
água, com seus efeitos terapêuticos e aspectos motivacionais, estimulam o
desenvolvimento do poder de concentração e da aprendizagem cognitiva (COSTA;
DUARTE, 2000).
Objetiva-se, portanto, por meio deste estudo comprovar se realmente a
prática da natação para crianças nas idades entre 10 e 12 anos causa todos estes
benefícios citados acima, refletindo positivamente na qualidade de vida destas
pessoas. Afim de se obter um embasamento teórico sobre os temas tratados no
título do trabalho, abordarei na revisão bibliográfica assuntos como: desenvolvimento
2
motor especificamente na faixa etária de 10 a 12 anos; definições de qualidade de
vida, avaliação da qualidade de vida e darei também uma breve explicação sobre o
questionário utilizado na avaliação da qualidade de vida dessas crianças; e por
último, definição do esporte natação, as propriedades da água e os benefícios em
geral da natação para os seus praticantes.
Os resultados do trabalho serão discutidos e analisados a partir de gráficos,
seguido da conclusão e considerações finais.
3
1.1. Problema
A natação exerce alguma influência na qualidade de vida de crianças com
idade de 10 a 12 anos?
1.2. Objetivo
O objetivo do presente estudo é o de analisar se a natação realizada no
Centro Educacional Unificado (CEU) Alvarenga exerce alguma influência na
qualidade de vida de crianças com idade de 10 a 12 anos.
1.3. Justificativa
O motivo que me levou a desenvolver esse trabalho foi a curiosidade em
saber se a qualidade de vida de crianças de 10 a 12 anos que praticam natação é
melhor ou pior do que a qualidade de vida daquelas que não praticam natação. Essa
curiosidade se dá pelo fato de eu ser professora de natação e, como tal, tenho o
maior interesse em saber os resultados do meu trabalho, se ele é realmente eficaz
em algum aspecto ou não. É interessante saber se a qualidade de vida dos meus
alunos em sua vida cotidiana, por meio da natação, tem algum diferencial
significativo em relação às pessoas que não fazem natação. Com este trabalho
poderá ser demonstrada a vantagem ou desvantagem da natação para crianças na
faixa etária de 10 a 12 anos.
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1.4. Hipóteses
A) Crianças de 10 a 12 anos praticantes de natação no CEU
Alvarenga apresentam qualidade de vida melhor do que aquelas
que não praticam natação.
B) Crianças de 10 a 12 anos praticantes de natação no CEU
Alvarenga apresentam qualidade de vida pior do que aquelas que
não praticam natação.
C) Crianças de 10 a 12 anos praticantes de natação no CEU
Alvarenga apresentam qualidade de vida semelhante à daquelas
que não praticam natação.
5
II. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Desenvolvimento motor
O desenvolvimento motor é um fenômeno que permeia a vida de todas as
pessoas, ele possibilita a realização de atos motores essenciais à vida diária não só
por sua excepcionalidade, mas também por sua ubiqüidade (CONNOLLY, 1998,
p.6).
Esse assunto é de extrema importância, pois serve como base para qualquer
pensamento ou conclusão de idéias, engloba muitas informações, porém aqui serão
ressaltadas algumas delas. O desenvolvimento motor localiza-se na fronteira entre a
educação e a medicina, é de interesse a todos que trabalham com crianças.
(HOLLE, 1979, p.1).
O estudo do desenvolvimento motor tem que levar em consideração no
mínimo sobre a interação entre o biológico do indivíduo e seu ambiente.
O termo motor estando sozinho refere-se aos fatores biológicos e mecânicos
que resultam no movimento, já o termo desenvolvimento pode ser considerado um
processo e ao estar ligado com o motor, fica considerado por fases (HOLLE, 1979,
p.9).
Por volta de dois anos, o cérebro da criança realiza o dobro de sinapses (15
mil por neurônio) e consome também o dobro de energia que o de um adulto. Esse
patamar vai se manter até os 10, 11 anos (PROTASIO, 2006). Inicia-se com a
aquisição da linguagem e da locomoção e termina com o ingresso no ensino
fundamental, é capaz de realizar movimentos harmoniosos e vai adquirindo
condições de frear, acelerar a corrida e subir e descer escadas sem apoio. Adquire
6
ao longo dos anos pré-escolares a possibilidade de dominar as musculaturas finas
das mãos, que lhe possibilitam escrever por volta dos 6 / 7 anos.
Até o décimo ano, o cérebro vive seu período de maior crescimento. Dali em
diante, até o final da vida, eliminará as conexões mais fracas, menos utilizadas ou
estimuladas, preservando aquelas mais enriquecidas pelas experiências positivas do
dia-a-dia. E quanto mais amáveis, agradáveis e educativas forem essas vivências na
infância, mais chances a criança terá de se transformar em um adulto saudável e
feliz. (PROTASIO, 2006).
2.1.1. Estabelecimento da preferência lateral
Essa preferência se manifesta entre os 3 e 6 anos, não se deve forçar a
criança a nada e sim estimular sempre os dois lados para que ela faça sua escolha
sozinha.
2.1.2. Contribuições da psicologia genética
Existem três teorias sobre as contribuições da psicologia genética, são elas:
a de que a construção do esquema corporal ocorre antes da organização espacial,
ou seja, o desenvolvimento de espaço ocorre primeiro no corpo da criança depois
em relação aos objetos e finalmente geograficamente; a de que a representação do
espaço se constrói com base em objetos fixos e é anterior à construção do esquema
corporal, ao contrário da anterior esse desenvolvimento de espaço se dá primeiro
fora do corpo; e a de que organização do esquema corporal ocorre
concomitantemente à representação espacial, para comprovar essa teoria Zazzo
7
(1957) realizou uma experiência com crianças na frente do espelho e concluiu: as
crianças primeiro conhecem os outros para depois conhecer a si próprio.
O desenvolvimento do esquema corporal se dá a partir da experiência vivida
pelo indivíduo, com base na disponibilidade e conhecimento que tem de seu próprio
corpo e de sua relação com o mundo que o cerca (LE BOULCH, 1988).
2.1.3. O esquema corporal ou imagem do corpo segundo Le Boulch (1988)
a) Fase do corpo vivido: 0-3 anos:
As ações das crianças são essencialmente sensoriais e motoras, o
comportamento reflexo, dominado pelas necessidades orgânicas e ritmado pela
alternância alimentação – sono. As manifestações da criança não são pensadas,
mas a intencionalidade surge e aos objetivos tornam-se permanente.
b) Fase do corpo percebido ou descoberto: 3-7 anos:
Considerando as experiências da fase anterior, a criança sofrerá uma rápida
evolução no plano da percepção. O comportamento motor e o nível intelectual são
pré-operacionais, porque ainda que sejam baseados no próprio corpo, estão
submetidos à percepção e com isto sofrem distorções.
c) Fase do corpo representado: 7-12 anos:
Caracteriza-se pela estruturação do esquema corporal, dependendo das
experiências e do meio, já que aqui a criança já pode representar mentalmente seu
corpo e controlar voluntariamente os gestos desnecessários. No período de 10 anos,
é considerado que há aumentos gradativos e um processo em direção à maior
8
organização dos sistemas sensorial e motor, ocorrem alterações na estrutura do
corpo, uma fase final antes do crescimento pré-púbere que ocorre entre 11 anos de
idade nas meninas e 13 anos de idade nos meninos.
No período da pré-infância e da infância, tanto meninos quanto meninas
desenvolvem-se em níveis bastante similares. Há pouca diferença de altura, peso,
tamanho do coração e dos pulmões, e as composições corporais são
essencialmente as mesmas. Por volta dos 10 anos de idade, as crianças já atingiram
80% da sua altura adulta e peso e o aparecimento da puberdade assinala a
transição da infância para a idade adulta sexual.
Gallahue e Ozmun (2001, p. 409) definem essa fase como:
O período de tempo que constitui o que conhecemos como “adolescência” é afetado tanto pela biologia quanto pela cultura. Ele é afetado pela biologia porque no final da infância e o aparecimento da adolescência são marcados pelo início da maturidade sexual.
O genótipo do adolescente desempenhará o papel determinante em
mensurações corporais lineares, maturação, esquelética, maturação sexual e no tipo
de corpo. As alturas adultas finais, comprimento do tronco, braços e pernas, são
determinados por fatores genéticos. Cada um desses elementos pode ser
modificado até um certo ponto, levando em consideração o seu potencial herdado.
(GALLAHUE; OZMUN, 2001).
Quando acontece o surto de crescimento no adolescente (período
circumpúbere) é um período de tempo que tem duração de quatros anos e meio,
meninos iniciam esses surtos de crescimento por volta dos 11 anos, alcançando a
velocidade pico de altura nos 13 anos e estabiliza aos 15 anos. “A velocidade pico
de altura refere-se ao ritmo anual máximo de crescimento em altura no surto de
crescimento adolescente.” (GALLAHUE; OZMUN, 2001, p.411).
9
Para as meninas inicia-se aos 9 anos, atingem a velocidade de pico com 11
anos e estabilizam-se em média nos 13 anos. (MALINA; BOUCHARD, 1991 apud
GALLAHUE; OZMUN, 2001, p.411).
O ganho de peso, na adolescência será afetado pela dieta, exercícios,
motilidade gástrica e por fatores gerais de estilo de vida, bem como fatores
hereditários (GALLAHUE; OZMUN, 2001, p. 417).
2.2. Qualidade de vida
Em 2000, Paschoal relata que existem inúmeras conceituações sobre o termo
qualidade de vida, levando cada pessoa a ter o seu próprio conceito dependendo do
seu ponto de vista, e pode inclusive ter muitas variáveis para a mesma pessoa no
decorrer de sua vida. A variedade de conceitos, segundo Minayo et al. (2000), se dá
pelo fato de que “o termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos,
experiências e valores de indivíduos e coletividades que a ele se reportam em
variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto, uma construção
social com a marca da relatividade cultural”. Para Bowling (1995) apud Paschoal
(2000), “qualidade de vida é um conceito amorfo utilizado por muitas disciplinas. É
um conceito vago; é multidimensional e incorpora, teoricamente, todos os aspectos
da vida humana”.
2.2.1. Definições
10
“Qualidade de vida é a percepção do indivíduo de sua posição na vida no
contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus
objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (THE WHOQOL GROUP, 1994).
“Qualidade de vida pode ser uma medida da própria dignidade humana, pois
pressupõe o atendimento das necessidades humanas fundamentais” (NAHAS,
2001).
Grimley-Evans (1992) é radical ao criticar a forma como vem sendo
empregado o termo. Ele afirma que o termo “tem a desvantagem de ser um conceito
em moda, e que cada um se sente obrigado a fazer uma profissão de fé. Ao se fazer
assim, projeta-se para o interior do conceito aspectos de significado diferente e,
assim, não traz nada de útil a ninguém”.
2.2.2. Avaliação da Qualidade de Vida
Saúde e capacidade funcional são de importância vital na avaliação da
qualidade de vida do ser humano, pois indicam o nível de participação da pessoa na
sua comunidade e sociedade, enriquecendo assim sua própria vida e a daqueles
que a cercam (MATSUDO, 2001).
A avaliação deve levar em conta a percepção da pessoa em relação a
aspectos positivos e negativos de sua vida (PASCHOAL, 2000). O autor afirma ainda
que satisfação de vida está diretamente relacionada à qualidade de vida, e que os
fatores mais importantes a serem avaliados são os aspectos psicológicos, aspectos
sociais e saúde.
“Qualidade de vida relacionada à saúde se refere ao impacto da saúde sobre
três funções: mobilidade, atividade física e atividade social” (KAPLAN et al., 1989).
11
2.2.3. Questionário de Qualidade de Vida SF-36
Segundo Ciconelli (1997), responsável pela validação e tradução do
questionário para o português, o questionário é um instrumento genérico de
avaliação da qualidade de vida de fácil administração e compreensão. Ele é
autoadministrável e multidimensional.
O Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36), avalia
a qualidade de vida da pessoa em oito domínios: capacidade funcional, limitação por
aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, limitação
por aspectos emocionais e saúde mental. Os valores obtidos em cada um dos
domínios são avaliados numa escala de 0 (zero) a 100 (cem), onde 0 (zero) é o pior
estado e 100 (cem) é o melhor estado.
a) capacidade funcional
São avaliadas as dificuldades que a pessoa tem de realizar: atividades
vigorosas que exijam muito esforço, atividades moderadas e atividades simples da
vida diária como tomar banho ou vestir-se, em função do seu estado de saúde atual.
b) limitação por aspectos físicos
Avalia se a pessoa teve problemas com o seu trabalho ou com alguma
atividade diária regular como conseqüência da sua saúde física, durante as últimas
quatro semanas.
c) dor
12
Avalia o quanto de dor a pessoa teve nas quatro semanas que antecederam a
avaliação e o quanto essa dor interferiu nas suas atividades diárias.
d) estado geral de saúde
Avalia a percepção que a pessoa tem de sua própria saúde.
e) vitalidade
Avalia o quanto de tempo, nas últimas quatro semanas, a pessoa tem se
sentido cheia de energia ou então cansada.
f) aspectos sociais
Avalia de que maneira a saúde física ou os problemas emocionais interferiram
nas atividades sociais e familiares da pessoa, levando-se em consideração as
últimas quatro semanas.
g) limitação por aspectos emocionais
Avalia se a pessoa teve, nas últimas quatro semanas, algum problema com
suas atividades diárias ou com seu trabalho em virtude de algum problema
emocional como ansiedade ou depressão.
h) saúde mental
Avalia o quanto a pessoa, nas últimas quatro semanas, tem se sentido
nervosa, deprimida, calma e tranqüila, desanimada e abatida, e o quanto tem se
sentido uma pessoa feliz.
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2.3. Natação
2.3.1 Definição
“A natação é compreendida como a capacidade do indivíduo para dominar o
elemento água, deslocando-se de forma independente e segura sob e sobre a água,
utilizando, para isto, toda sua capacidade funcional, residual e respeitando suas
limitações (COSTA; DUARTE, 2000). Para Damasceno (1997), a natação deve
proporcionar o “inter-relacionamento entre o prazer e a técnica, através de
procedimentos pedagógicos criativos que facultem comportamentos inteligentes de
interação entre o indivíduo e o meio líquido, visando o seu desenvolvimento”.
2.3.2 Propriedades da água
Do ponto de vista físico, a água reduz o impacto e a velocidade dos
movimentos, diminuindo o risco de qualquer tipo de lesão nos movimentos mais
agitados da atividade. A gravidade reduzida no ambiente aquático nos proporciona
uma liberdade de movimentos quase espacial e modifica completamente o tipo de
estímulos enviados pelos tratos vestibulares ao sistema reticular ativador (SRA),
alterando assim o funcionamento do neo-córtex e de outras áreas cerebrais, cujo
grau de atividade é influenciado por esta estrutura (MONTAGU apud MORINI, 1997).
“Tanto a pele quanto o sistema nervoso originam-se da ectoderme, a mais
extensa das três camadas embrionárias... o sistema nervoso é uma parte escondida
da pele, ou, ao contrário, a pele pode ser considerada a porção exposta do sistema
nervoso. Além de ser o maior órgão do corpo, a pele tem uma extensa
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representação a nível cerebral. A estimulação tátil oferecida pela água contribui para
aumentar os efeitos produzidos pelas técnicas corporais e de respiração sobre a
mente e as emoções dos participantes” (MONTAGU apud MORINI, 1997).
a) centro de gravidade
De acordo com a Association of Swimming Therapy (1986), o peso do corpo
não é uniformemente distribuído, algumas vezes este parece desequilibrado, porque
o peso não está onde esperávamos que ele estivesse. Podemos relacionar esta
alteração no peso com o centro de gravidade. O centro de gravidade é um ponto em
que se pode imaginar que todo o peso do corpo esteja concentrado.
b) densidade
A propriedade significante aqui é o volume em relação ao peso. Entende-se
por volume o espaço que o corpo ocupa (ASSOCIATION OF SWIMMING
THERAPY, 1986). Segundo Skinner e Thomson (1985), a densidade relativa é a
relação entre a massa de um determinado volume de substância e a massa do
mesmo volume de água, como a densidade relativa da água é igual a 1, um corpo
com densidade relativa menor que 1 flutuará, conseqüentemente, um corpo com
densidade relativa maior que 1 afundará.
c) flutuação
De acordo com o princípio de Arquimedes, um corpo em completa ou parcial
imersão em um líquido em repouso, sofrerá um empuxo para cima igual ao peso do
líquido deslocado. A flutuação é, portanto, a força experimentada como empuxo para
cima, que atua no sentido oposto à força da gravidade. Portanto, um corpo na água
15
está submetido a duas forças opostas - a força da gravidade, atuando através do
centro de gravidade; e a flutuação, atuando através do centro de flutuação – quando
estas estão alinhadas verticalmente, o corpo está em equilíbrio estável, garantindo
assim a flutuação (SKINNER; THOMSON, 1985).
d) fricção
A diferença da fricção da pele do corpo no ar para a água é 790 vezes maior,
fator este que dificulta os movimentos e requer um gasto maior de energia
comparado aos mesmos movimentos fora da água (ar). Isto significa que o ritmo de
realização dos movimentos são mais lentos na água (VELASCO, 1997).
e) pressão
A lei de Pascal nos diz que o impulso que as moléculas de um líquido
exercem sobre cada parte da área da superfície de um corpo em imersão é a
pressão do líquido, que é exercida de forma igual sobre todas as áreas do corpo, ou
seja, a pressão hidrostática é exatamente igual em qualquer corpo na posição
horizontal (SKINNER; THOMSON, 1985).
f) temperatura
A temperatura da água exerce muita interferência em vários aspectos, como
interesse de participação em nível motivacional, trabalho de musculatura,
relaxamento e flutuabilidade (VELASCO, 1997).
A imersão do corpo humano em água aquecida eleva a temperatura corporal,
a medida em que a pele se torna aquecida ocorre uma dilatação dos vasos
sanguíneos superficiais, aumentando conseqüentemente o suprimento sanguíneo
16
periférico. O sangue que flui através desses vasos é aquecido e, por condução, a
temperatura das estruturas adjacentes, como os músculos, se eleva, causando a
dilatação dos vasos e aumentando o suprimento sanguíneo. Como resultado, ocorre
uma redistribuição do sangue, e os vasos esplâncnicos se constringem para fornecer
o volume sanguíneo aumentado nas regiões periféricas. A freqüência cardíaca
aumenta com a elevação da temperatura e como resultado do exercício (SKINNER;
THOMSON, 1985).
2.3.3 Benefícios da natação (COSTA; DUARTE, 2000).
A água oferece propriedades que facilitam a locomoção da pessoa sem
grande esforço, reduzindo o estresse das articulações que sustentam o peso do
corpo, ajudando no equilíbrio estático e dinâmico (COSTA; DUARTE, 2000).
a) sistema de regulação térmica
Devido às mudanças constantes de temperatura da água, o mecanismo de
regulação térmico do corpo é constantemente acionado, fazendo com que o
organismo adquira uma maior resistência às mudanças bruscas da temperatura
externa, resultando em maior resistência contra as doenças provocadas pelas
intempéries do meio.
b) coração e aparelho respiratório
A pressão e a resistência da água, em conjunto com o esforço da atividade
resultam em um aumento do metabolismo, promovendo o fortalecimento da
musculatura cardíaca, o aumento do volume do coração e uma conseqüente
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melhoria do sistema circulatório, onde há uma diminuição da pressão sanguínea
sistólica em repouso e um pequeno aumento da pressão sanguínea diastólica,
aumentando a capacidade de transporte de oxigênio e da elasticidade dos vasos
sanguíneos, reduzindo o esforço cardíaco.
c) aparelho respiratório
A força da pressão da água sobre o abdômen e a caixa torácica exige um
esforço maior na inspiração e uma maior facilidade no movimento de expiração.
Como conseqüência desse movimento constante ocorre o fortalecimento dos
músculos respiratórios, aumentando o volume máximo respiratório e melhoria na
elasticidade da caixa torácica.
d) aparelho locomotor
Devido à eliminação quase total da força da gravidade e o aumento do poder
de sustentação, estas propriedades, juntamente com o alto poder de viscosidade da
água auxiliam na execução de movimentos que seriam realizados com dificuldade
fora da água, contribuindo assim para a realização de exercícios de educação
motora com maior segurança. A resistência da água contribui para o fortalecimento
de grupos musculares envolvidos no exercício e melhoria na função dos músculos.
e) psicossocial
Como conseqüência de sua maior liberdade de movimentos na água, a
pessoa aprende a experimentar suas potencialidades e conhecer a si próprio, a
partir desse momento inicia o seu prazer em desfrutar a água, aumentando
conseqüentemente sua auto-estima, autoconfiança, auto-imagem e por fim, sua
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independência. Ocorre também a melhoria nos relacionamentos interpessoais,
melhoria no humor e na motivação.
f) cognitivo
As propriedades da água e os aspectos motivacionais estimulam o
desenvolvimento da aprendizagem cognitiva e do poder de concentração.
g) fisiológico
Segundo Innenmoser apud Costa e Duarte (2000), os benefícios fisiológicos
das atividades em água são:
• diminuição de espasmos e relaxamento muscular;
• alívio da dor muscular e articular;
• manutenção ou aumento da amplitude de movimento articular;
• fortalecimento e aumento da resistência muscular localizada;
• melhoria circulatória e elasticidade da pele;
• melhoria do equilíbrio estático e dinâmico;
• relaxamento dos órgãos de sustentação (coluna vertebral);
• melhoria da postura;
• melhoria da orientação espaço-temporal;
• melhoria do potencial residual (adaptação de movimento na água).
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III. METODOLOGIA
O trabalho foi realizado com dois grupos de pessoas com idades de 10 a 12
anos, crianças de baixa renda que freqüentam o Ensino Fundamental do CEU
Alvarenga, cidade de São Paulo (SP). Um primeiro grupo (G1) foi formado por 16
alunos, sendo 8 do sexo masculino e 8 do sexo feminino com idades entre 10 e 12
anos, que praticam natação há mais de seis meses no CEU Alvarenga, realizando
aulas duas vezes por semana com duração de 45 minutos cada aula, as aulas eram
ministradas por mim, que trabalho no CEU Alvarenga como professora de natação
de crianças e pessoas da terceira idade.
O segundo grupo (G2) foi constituído por 16 pessoas, sendo 8 do sexo
masculino e 8 do sexo feminino, nas faixas etárias de 10 a 12 anos que estudam no
CEU Alvarenga, porém não praticam natação.
Ambos os grupos estudados são compostos por alunos da EMEF do CEU
Allvarenga que moram no entorno do CEU e pertencem à classe de baixa renda da
sociedade.
Nos dois grupos foi aplicado o questionário de avaliação da qualidade de vida
SF-36 (anexo 1), que avalia a qualidade de vida em oito domínios: capacidade
funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade,
aspectos sociais, limitação por aspectos emocionais e saúde mental. Os
questionários foram aplicados em forma de entrevista, uma vez que havia alguém
fazendo as perguntas do questionário às pessoas, facilitou bastante a pesquisa,
principalmente pelo fato de o questionário ser um pouco complexo em suas
perguntas e também ser aplicado ao próprio aluno.
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A partir das respostas dos questionários, calculou-se o escore de cada sujeito
em cada um dos oito domínios, de acordo com as instruções constantes no anexo 1.
Em seguida, calculou-se a média dos escores dos nadadores e a média dos escores
dos não-nadadores em cada domínio do questionário de qualidade de vida.
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IV. RESULTADOS
Os resultados obtidos são apresentados a seguir por meio de um gráfico e de
uma tabela.
Gráfico 1: Médias dos escores das crianças que praticam natação e daquelas que não praticam, nos oito domínios do
questionário SF-36
0
20
40
60
80
100
CF LAF DOR EGS V AS LAE SMdomínios
raw scale
NADADORES (G1) NÃO-NADADORES (G2)
DOMÍNIOS
NADADORES (G1)
NÃO-NADADORES (G2)
Capacidade Funcional (CF) 75,7 49,2
Limitação por aspectos físicos (LAF) 84,3 71,5
Dor 92,7 85,9
Estado geral de saúde (EGS) 94,2 77,8
Vitalidade (V) 82,4 80,2
Aspectos sociais (AS) 92,3 70,7
Limitação por aspectos emocionais (LAE) 95,2 67,8
Saúde mental (SM) 81,8 64,3
Tabela 1: Tabela comparativa dos resultados da pesquisa nos 8 domínios entre nadadores (G1) e não-nadadores (G2).
22
V. DISCUSSÃO
Todos os entrevistados se mostraram dispostos a responder o questionário, e
para as pessoas que apresentavam um pouco mais de dificuldade no entendimento
das perguntas, reformulava-se esta para que ficasse de forma mais clara e
facilitasse o entendimento do entrevistado, sem, portanto, fugir à essência da
pergunta.
No domínio Capacidade Funcional, a superioridade de G1 sobre G2 foi de
26,5; no domínio Limitação por Aspectos Físicos a superioridade de G1 sobre G2 foi
de 12,8; no domínio Dor a superioridade de G1 sobre G2 foi de 6,8; no domínio
Estado Geral de Saúde a superioridade de G1 sobre G2 foi de 16,4; no domínio
Vitalidade a superioridade de G1 sobre G2 foi de 2,2; no domínio Aspectos Sociais a
superioridade de G1 sobre G2 foi de 21,6; no domínio Limitação por Aspectos
Emocionais a superioridade de G1 sobre G2 foi de 27,4; no domínio Saúde Mental a
superioridade de G1 sobre G2 foi de 17,5.
Os professores de natação do CEU Alvarenga, do qual também faço parte,
também se mostraram receptivos à aplicação dos questionários por julgarem este
trabalho de grande relevância científica para o local.
Os resultados mostram que a natação traz benefícios fisiológicos, cognitivos e
psicossociais, o que está de acordo com Costa e Duarte (2000).
Através dos resultados obtidos podemos concluir que a natação influencia
positivamente na qualidadede vida de seus praticantes, principalmente nesta faixa
etária de 10 a 12 anos.
23
VI. CONCLUSÃO
As crianças com idades entre 10 e 12 anos, que praticam natação
regularmente no CEU Alvarenga, apresentaram superioridade de resultados em
relação aos não-nadadores nos oito domínios englobados pelo questionário, o que
corrobora a hipótese A. A menor diferença é 2,2 no domínio Vitalidade e a maior
diferença é 27,4 no domínio Limitação por Aspectos Emocionais. Portanto, o objetivo
dessa pesquisa, que foi o de comprovar se a natação exerce alguma influência na
qualidade de vida de pessoas com idade entre 10 e 12 anos, foi alcançado com
sucesso.
Conclui-se, portanto que a pratica da natação proporciona às pessoas na
faixa etária analisada uma menor dificuldade em realizar atividades moderadas e
simples de sua vida diária; menos quadros de dor, devido à melhor mobilidade
articular e de sua estrutura corporal em geral; percepção otimista de sua saúde, pelo
fato de estar praticando uma atividade física; menos limitação como conseqüência
de sua saúde física; melhor vida social como conseqüência de sua saúde física e
estado emocional, uma vez que a natação proporciona interação social entre os
participantes e auto-conhecimento em relação às limitações da pessoa; menos
ansiedade e depressão, pois a pessoa começa a descobrir as suas verdadeiras
possibilidades e potencialidades; maior tranqüilidade e calma, se sentindo em geral
pessoas felizes como conseqüência do aumento de sua auto-estima; melhor
disposição, apresentando menos cansaço e desânimo no dia-a-dia, pois sentem que
podem fazer muito mais do que imaginavam, respeitando seus limites e seu
potencial.
24
A natação, apesar de todos os benefícios relatados nesse trabalho, é apenas
um dos meios de se alcançar esses objetivos. O fato da pessoa de baixa renda ser
excluída da sociedade e não conhecer suas próprias potencialidades, dando
enfoque apenas para a sua condição financeira, é uma das grandes barreiras que se
encontra para que se possa melhorar a qualidade de vida dessas crianças. O
preconceito existe, isto é indiscutível, porém ele começa dentro de casa, a partir do
momento em que a criança vem ao mundo e que sua família julga a atividade física
como algo supérfluo e sem valor para o desenvolvimento global da criança. Os
benefícios da natação, porém são indiscutíveis, uma vez que, além de benefícios
psicológicos e sociais, resulta em benefícios principalmente fisiológicos o que
melhoria a saúde física da pessoa, pois na água as limitações diminuem, e as
pessoas se assemelham em medos e receios, pois a água é um ambiente
desafiador para todo ser humano.
25
REFERÊNCIAS
ASSOCIATION OF SWIMMING THERAPY. Natação para deficientes. São Paulo: Manole, 1986. CICONELLI, R. M. Tradução para o português e validação do questionário genérico de avaliação da qualidade de vida “Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36)”. 1997. Tese de Doutorado – Universidade Federal de São Paulo, São Paulo. COSTA, A. M.; DUARTE, E. Aspectos teóricos da atividade aquática para portadores de deficiência. In: FREITAS, P. S. (org.) Educação Física e esporte para deficientes: coletânea. Uberlândia: UFU, 2000. CONNOLLY, K. O desenvolvimento motor: passado, presente e futuro. São Paulo, 1998. DAMASCENO, L. G. Natação, psicomotricidade e desenvolvimento. Campinas, SP: Autores Associados, 1997. GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescente e adultos. São Paulo: Phorte, 2001. GRIMLEY-EVANS, J. Quality of life assessments and elderly people. In: HOPKINS, A. Measures of quality of life and the uses to which such measures may be put. Royal College of Physicians of London, 1992. HOLLE, B. Desenvolvimento motor na criança normal e retardada. São Paulo. Ed. Manole, 1979. KAPLAN, R. M.; ANDERSON, J. F.; WU, A. W. Application in AIDS, cystic fibrosis and arthritis. Med Care. v. 27, 1989. LE BOULCH, J. Educação psicomotora: a psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. MATSUDO, S. M. M. Envelhecimento e atividade física. Londrina, 2001. Midiograf. MINAYO, M. C. S.; HARTZ, Z. M. A.; BUSS, P. M. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Ciência & Saúde Coletiva. v. 6, n. 1, p. 7-18, 2000. MORINI, C. A. T. Ativação bioenergética em meio líquido: stress e qualidade de vida. 1.ed. Jundiaí: Ápice, 1997. NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida. Londrina, 2001. Midiograf.
26
PASCHOAL, S. M. P. Qualidade de vida do idoso: elaboração de um instrumento que privilegia sua opinião. 2000. 252f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo. PROTASIO, Regina. Um supercomputador chamado cérebro. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/topbaby/conteudo/secoes/bebe/desenvolvimento/88.html>. Acesso em: 16 nov. 2006. SKINNER, A. .T.; THOMSON, A . M. Duffield: Exercícios na água. 3.ed. São Paulo: Manole, 1985. THE WHOQOL GROUP. The development of the World Health Organization quality of life assessment instrument (the WHOQOL). In: ORLEY, J.; KUYKEN, W. (Ed.). Quality of life assessment: international perspectives. Heidelberg: Springer Verlag; 1994. p. 41-60. VELASCO, C. G. Natação segundo a psicomotricidade. 2.ed. Ed. Sprint, 1997. ZAZZO, R. Le problème de l' imitation chez le nouveu-né. Enfance. v.2, 1957, p.181-190.
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ANEXO I – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA SF-36
SF-36 – QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA
Instruções: questiona você sobre sua saúde. Estas informações nos manterão informados de como você se sente e quão bem você é capaz de fazer suas atividades de vida diária. Responda cada questão marcando a resposta como indicado. Caso você esteja inseguro em como responder, por favor, tente responder o melhor que puder. 1. Em geral, você diria que sua saúde é: (circule uma)
- Excelente.........................................................................................1 - Muito boa.........................................................................................2 - Boa.................................................................................................. 3 - Ruim.................................................................................................4 - Muito ruim.........................................................................................5
2. Comparada a um ano atrás, como você classificaria sua saúde em geral, agora? (circule uma)
- Muito melhor agora do que a um ano atrás.................................1 - Um pouco melhor agora do que a um ano atrás.........................2 - Quase a mesma de um ano atrás...............................................3 - Um pouco pior agora do que a um ano atrás..............................4 - Muito pior agora do que a um ano atrás......................................5
3. Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante um dia comum. Devido à sua saúde, você tem dificuldade para fazer essas atividades? Nesse caso, quanto?
Atividades
Sim. Dificulta muito.
Sim. Dificulta
um pouco.
Não. Não dificulta de
modo algum.
A - Atividades vigorosas, que exigem muito esforço, tais como, correr, levantar objetos pesados, participar de esportes.
1
2
3
B – Atividades moderadas, tais como mover uma mesa, passar aspirador de pó, jogar bola, varrer a casa.
1
2
3
C – Levantar ou carregar mantimentos 1 2 3 D – Subir vários lances de escada 1 2 3 E – Subir um lance de escada 1 2 3 F – Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se 1 2 3 G – Andar mais de 1 quilômetro 1 2 3 H – Andar vários quarteirões 1 2 3 I – Andar um quarteirão 1 2 3
28
J – Tomar banho ou vestir-se 1 2 3 4. Durante as últimas quatro semanas, você teve algum dos seguintes problemas com o seu trabalho ou com alguma atividade diária regular, como conseqüência de sua saúde física? Sim Não A – Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
B – Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2 C – Esteve limitado(a) no seu tipo de trabalho ou em outras atividades?
1 2
D – Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras atividades (ex: necessitou de um esforço extra)?
1 2
5. Durante as últimas quatro semanas, você teve algum dos seguintes problemas com o seu trabalho ou outra atividade regular diária, como conseqüência de algum problema emocional (como sentir-se deprimido ou ansioso)? (circule uma em cada linha) Sim Não A – Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
B – Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2 C – Não trabalhou ou não fez qualquer das atividades com tanto cuidado como geralmente faz?
1 2
6. Durante as últimas quatro semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas emocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação à família, vizinhos, amigos ou em grupo? (circule uma)
- De forma nenhuma.........................................................................1 - Ligeiramente...................................................................................2 - Moderadamente..............................................................................3 - Bastante..........................................................................................4 - Extremamente.................................................................................5
7. Quanta dor no corpo você teve durante as últimas quatro semanas? (circule uma)
- Nenhuma..........................................................................................1 - Muito leve.........................................................................................2 - Leve..................................................................................................3 - Moderada..........................................................................................4 - Grave................................................................................................5 - Muito grave.......................................................................................6
29
8. Durante as últimas quatro semanas, quanto a dor interferiu com o seu trabalho normal (incluindo tanto o trabalho fora de casa quanto o dentro de casa)? (circule uma)
- De maneira alguma........................................................................................1 - Um pouco.......................................................................................................2 - Moderadamente.............................................................................................3 - Bastante.........................................................................................................4 - Extremamente................................................................................................5
9. Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você durante as últimas quatro semanas. Para cada questão, por favor, dê uma resposta que mais se aproxime da maneira como você se sente. Em relação às últimas quatro semanas. (circule um número em cada linha). Todo
tempo A
maior parte
do tempo
Uma boa
parte do
tempo
Alguma parte
do tempo
Uma pequena parte do tempo
Nunca
A – Quanto tempo você tem se sentido cheio(a) de vigor, cheio(a) de vontade, cheio(a) de forças?
1
2
3
4
5
6
B – Quanto tempo você tem se sentido uma pessoa muito nervosa?
1 2 3 4 5 6
C – Quanto tempo você tem se sentido tão deprimido(a) que nada pode animá-lo(a)?
1
2
3
4
5
6
D – Quanto tempo você tem se sentido calmo(a) ou tranqüilo(a)?
1 2 3 4 5 6
E – Quanto tempo você tem se sentido com muita energia?
1 2 3 4 5 6
F – Quanto tempo você tem se sentido desanimado(a) e abatido(a)?
1 2 3 4 5 6
G – Quanto tempo você tem se sentido esgotado(a)?
1 2 3 4 5 6
H – Quanto tempo você tem se sentido uma pessoa feliz?
1 2 3 4 5 6
I – Quanto tempo você tem se sentido cansado(a)?
1 2 3 4 5 6
10. Durante as últimas quatro semanas, quanto do seu tempo a sua saúde física ou problemas emocionais, interferiram com as suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes etc.)? (circule uma)
- Todo o tempo............................................................................................1 - A maior parte do tempo.............................................................................2
30
- Alguma parte do tempo.............................................................................3 - Uma pequena parte do tempo...................................................................4 - Nenhuma parte do tempo..........................................................................5
11. O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você? (circule um número em cada linha) Definitivamente
verdadeira A maioria das vezes verdadeiro
Não sei
A maioria
das vezes falsa
Definitivamente falsa
A – Eu costumo adoecer um pouco mais facilmente que as outras pessoas.
1
2
3
4
5
B – Eu sou tão saudável quanto qualquer pessoa que eu conheço.
1 2 3 4 5
C – Eu acho que a minha saúde vai piorar.
1 2 3 4 5
D – Minha saúde é excelente.
1 2 3 4 5
Cálculo do Escore do Questionário SF – 36
FASE 1: Ponderação dos dados Questão Pontuação
01
Se a resposta for: 1 2 3 4 5
A pontuação será: 5,0 4,4 3,4 2,0 1,0
02 Manter o mesmo valor 03 Soma de todos os valores 04 Soma de todos os valores 05 Soma de todos os valores
06
Se a resposta for: 1 2 3 4 5
A pontuação será: 5 4 3 2 1
Se a resposta for: 1 2
A pontuação será: 6,0 5,4
31
07 3 4 5 6
4,2 3,1 2,2 1,0
08
A resposta da questão 8 depende da nota da questão 7
Se 7 = 1 e se 8 = 1 o valor da questão é (6) Se 7 = 2 a 6 e se 8 = 1 o valor da questão é (5) Se 7 = 2 a 6 e se 8 = 2 o valor da questão é (4) Se 7 = 2 a 6 e se 8 = 3 o valor da questão é (3) Se 7 = 2 a 6 e se 8 = 4 o valor da questão é (2) Se 7 = 2 a 6 e se 8 = 5 o valor da questão é (1)
Se a questão 7 não for respondida, o escore da questão 8 passa a ser o
seguinte:
Se a resposta for (1) a pontuação será (6) Se a resposta for (2) a pontuação será (4,75) Se a resposta for (3) a pontuação será (3,5) Se a resposta for (4) a pontuação será (2,25) Se a resposta for (5) a pontuação será (1,0)
09
Nesta questão a pontuação para os itens a, d, e, h deverá seguir a seguinte orientação:
Se a resposta for 1 o valor será (6) Se a resposta for 2 o valor será (5) Se a resposta for 3 o valor será (4) Se a resposta for 4 o valor será (3) Se a resposta for 5 o valor será (2) Se a resposta for 6 o valor será (1)
Para os demais itens (b, c, f, g, i) o valor será mantido o mesmo
10 Considerar o mesmo valor
11
Nessa questão os itens deverão ser somados, porém os itens b e d deve-se seguir a seguinte pontuação:
Se a resposta for 1 o valor será (5) Se a resposta for 2 o valor será (4) Se a resposta for 3 o valor será (3) Se a resposta for 4 o valor será (2) Se a resposta for 5 o valor será (1)
FASE 2: Cálculo do RAW SCALE Nessa fase você irá transformar o valor das questões anteriores em notas de 8 domínios que variam de 0 (zero) a 100(cem), onde 0=pior e 100=melhor, para cada domínio. É chamado de RAW SCALE porque o valor final não apresenta nenhuma unidade de medida. Domínios:
32
1. Capacidade funcional 2. Limitação por aspectos físicos 3. Dor 4. Estado geral de saúde 5. Vitalidade 6. Aspectos sociais 7. Aspectos emocionais 8. Saúde mental
Para isso você deverá aplicar a seguinte fórmula para o cálculo de cada domínio: Domínio=Valor obtido nas questões correspondentes – Limite inferior X 100
Variação (Score Range) Na fórmula, os valores de Limite inferior e Variação (Score Range) são fixos e estão estipulados na tabela abaixo:
Domínio Pontuação da questão correspondente
Limite inferior
Variação (Score Range)
Capacidade funcional 03 10 20 Limitação por aspectos físicos 04 4 4 Dor 07+08 2 10 Estado geral de saúde 01+11 5 20 Vitalidade 09(somente os itens
a+e+g+i) 4 20
Aspectos sociais 06+10 2 8 Limitação por aspectos emocionais 05 3 3 Saúde mental 09(somente os itens
b+c+d+f+h) 5 25
Exemplos de cálculos:
1. Capacidade funcional: (ver tabela) - verificar a pontuação obtida na questão 03: ex: 21 - aplicar a fórmula: Capacidade funcional = 21-10 X 100 = 55 20 - O valor para o domínio capacidade funcional é 55, numa escala que varia de
0 a 100, onde zero é o pior estado e 100 é o melhor. ## Assim você deverá fazer o cálculo para os outros domínios, obtendo 8 notas no final, que serão mantidas separadamente, não se podendo somá-las e fazer uma média. OBS: A questão nº 02 não faz parte do cálculo de nenhum domínio, ela é utilizada somente para se avaliar o quanto o paciente está melhor ou pior comparado a um ano atrás. Se algum item não for respondido você poderá considerar a questão se esta tiver sido respondida em 50% ou mais de seus itens.
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