Download - A Minha Aldeia II

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  • A minha aldeiaA minha aldeiaA minha aldeiaA minha aldeia A minha aldeia um paraso Um bocadinho de cu. Fica na Serra da Freita, Quintela de Chave, Cho-de-Ave. Quando ainda era criana E comeavam as frias, L amos com as malas feitas Numa grande excitao, Para a Auto-Viao. Feirense, ou a vermelha, Chamvamos camioneta, Que apesar de a mais directa E de, hoje, pela distncia Ser, quase ali, acol, Demorvamos a manh. Que alegria imensa, Enchia meu corao, Quando ao fundo do caminho, Que nos levava ao cu, Eu via, parados, espera, Um carro e junta de bois. Depois das malas carregadas, Comeava a procisso, Eu e meus irmos no carro, Minha me ao nosso lado E a natureza, Em perfeita comunho.

  • Lembro-me das sensaes, Quase uma a uma. O calor seco, envolvente, Os cheiros: a terra quente, A eucalipto, a giestas e a caruma. O cu no ficava longe. A nossa casa era a primeira, Logo entrada do lugar, Aps a longa subida, No topo, como um altar. Daqui, em frente, Onde o sol se deitava, Era, primeiro, a descer, Em andares feitos de campos, Depois, de novo a crescer, Um mar verde... At mais no poder ver. Logo ali, em baixo, A capelinha de S. Joo. Vestia-se de branco, Vu de cor prpura, Cruzeiro de granito, E tudo rodeado de milho. Mais l longe, A igreja da freguesia, E a sua torre altaneira, Com o sino mensageiro Da tristeza e da alegria.

  • Nas traseiras da casa, S montes... Aonde o sol nascia. Havia rolas, cucos, cotovias, Havia tambm um caminho, Por onde passava o gado E um terreno maninho, Completamente rapado. Os dias eram clarssimos, As noites de escuro breu. E a emoo que sentia, Deus meu... Quando para o znite olhava E a estrada de S. Tiago eu via. E Vnus! Como brilhava! Que maravilha, esplendor, Obra-prima do Criador. Antnio Barros, 2007-10-30