ISSN 2176-1396
A LUDICIDADE NA LITERATURA INFANTO-JUVENIL: O BRINCAR
COMO FERRAMENTA E INCENTIVO À LEITURA
Lizandra Karen de Oliveira Rodrigues
1 - UFC
Marcos Teodorico Pinheiro de Almeida2 - UFC
Rômulo Cunha da Silva Júnior3 - UFC
Luana Caetano de Medeiros Lima4 - SEDUC/CE
Kaio Eduardo Silva Lima5- SEDUC/CE
Grupo de Trabalho - Educação, Complexidade e Transdisciplinaridade
Agência Financiadora: Não contou com financiamento
Resumo
O relato aqui apresentado tem como objetivo principal o de compartilhar a experiência
educativa vivida entre adolescentes e jovens de Fortaleza com docentes e alunos da
Universidade Federal do Ceará (UFC) através de uma pesquisa realizada por um dos projetos
de extensão da Universidade, o Laboratório de Brinquedos e Jogos (LABRINJO). O
LABRINJO faz parte do Programa Centro de Estudo sobre Ludicidade e Lazer (CELULA)
que envolve diversos projetos com a temática “ludicidade e lazer”. O objetivo do laboratório é
consolidar o vinculo entre a teoria e prática e o conhecimento da realidade brasileira na área
de brinquedos e materiais pedagógicos. Em agosto de 2014, estivemos no Parque Adahil
Barreto em Fortaleza, onde cerca de 300 adolescentes e jovens se reúnem, para diversas
atividades lúdicas baseadas em literaturas infanto-juvenis, o “Dia Nacional dos Semideuses
2014”. A iniciativa partiu de uma adolescente, que organiza os eventos visando proporcionar
um tempo de lazer em que os jovens possam conhecer outras pessoas com gostos similares,
principalmente no que se diz respeito à literatura. A pesquisa se deu da seguinte maneira:
primeiramente, foi elaborado um roteiro com seis perguntas e por meio de redes sociais
entrevistamos dez jovens e adolescentes participantes do evento. A experiência foi de grande
importância, pois, a partir dos relatos ouvidos, confirmar como a literatura é viva, presente e
essencial na vida dos jovens por proporcionar diversos benefícios tanto físico como
psicológico e de forma prazerosa como o lazer deve ser. Como educadores, pudemos dar
ainda mais valor ao incentivo da leitura aos adolescentes e jovens, e entender como essa
prática tem o poder de ajudar no desenvolvimento certas habilidades fundamentais, como: a
comunicação, o trabalho em equipe, a capacidade de tomar decisões, resolver situações
problemas, capacidade moral, capacidade de enfrentar adversidades, dentre outras.
1 Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: [email protected] 2 Professor da Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: [email protected]
3 Graduando em Pedagogia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: [email protected] 4 Professora Esp. da Escola Adahil Barreto Cavalcante. E-mail: [email protected] 5 Professor da Escola Estadual Professor Francisco Oscar Rodrigues. E-mail: [email protected]
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Palavras-chaves: Literatura. Adolescente. Ludicidade.
Introdução
O presente trabalho teve inicio a partir da proposta lançada pelo professor Marcos
Teodorico Pinheiro de Almeida, professor de Educação Física da Universidade Federal do
Ceará (UFC) e coordenador do programa CELULA – Centro de Estudos Sobre Ludicidade e
Lazer, também da UFC. O tema surgiu a partir das nossas experiências no Laboratório de
Brinquedos e Jogos (LABRINJO), um dos projetos do programa CELULA, em que pudemos
realizar uma investigação empírica a partir de atividades lúdicas literárias com adolescentes
da cidade de Fortaleza.
São poucos os adolescentes que têm o hábito de ler em nosso país. A grande maioria
tem o primeiro contato com a literatura apenas quando chega à escola e, de acordo com
Machado (2001), muitas não gostam de ler e o fazem por obrigação. Segundo Zilberman
(1998, p. 14), “[...] a sala de aula é um espaço privilegiado para o desenvolvimento do gosto
pela leitura, assim como um importante setor para o intercâmbio da cultura literária, não
podendo ser ignorado, muito menos desmentida a sua utilidade”.
Entretanto, o que se percebe é que o hábito de ler não está sendo explorado como
deveria, tanto nas escolas quanto em casa, por meio dos pais. Isso ocorre em grande parte,
pela pouca informação dos professores. Infelizmente, a sua formação acadêmica não dá
ênfase à leitura e essa é uma situação contraditória, pois segundo Machado (2001, p. 45), “[...]
não se contrata um instrutor de natação que não sabe nadar, no entanto, as salas de aula
brasileira estão repletas de pessoas que apesar de não ler, tentam ensinar.”.
Para nós o lazer e o lúdico são necessidades básicas para qualquer ser humano seja a
criança, o jovem, o adulto ou idoso. A cidade é uma construção humana, portanto, sua
prosperidade e seu sucesso urbano vão depender de estratégias, inovações, planejamento e de
gestão política eficiente que ofereça possibilidades de apropriação das diferentes
manifestações de lazer. A leitura é uma opção de lazer no tempo livre. Temos que pensar em
um novo tipo de cidade no século XXI que estimulem as crianças e os jovens outras práticas
de lazeres além do esporte, como: a leitura, a arte, a dança entre outras. Uma cidade “boa de
viver”, é uma cidade centrada nas pessoas (no humano), capaz de integrar os aspectos
tangíveis e intangíveis da prosperidade coletiva e atender os desejos e expectativas de todos.
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Uma cidade com uma maior provisão de bens públicos, com mais espaços criativos para a
imaginação, o lazer, interação social e vivências intergeracionais.
Para nós o lugar para ler importa muito. Não podemos mais nos dar o luxo de fazer
planejamentos urbanos como se o lugar não fosse importante para nossas vidas. O nosso
futuro vai depender de como pensamos o futuro de nossas cidades, e em especial, como
planejamos e estruturamos os espaços ou ambientes para que as crianças e jovens vivam suas
interações lúdicas e diferentes manifestações de lazer.
Nesse sentido, lançamos o seguinte questionamento: como incentivar o adolescente a
ler? Nessa perspectiva, no decorrer do trabalho, tornaremos evidente a importância do
“lúdico” e como ele pode contribuir como instrumento significativo no incentivo ao
adolescente a prática da leitura.
A Ludicidade
Para Almeida, M.T.P. & Gonçalves, L.M. (2014) a sociedade vem se transformando
desde os primórdios até os dias atuais, o brincar também se transforma e se adapta aos novos
contextos. A industrialização e a urbanização modificaram os costumes, a maneira de viver e
até mesmo a estrutura familiar, contribuindo para que muitas atividades lúdicas não só se
transformassem, mas até desaparecessem. Ainda que se considere o lazer e o brincar como
atividades importantes, algumas vezes os próprios pais, não lhes atribuem o devido valor.
Especialistas (educadores, psicólogos, sociólogos, etc.) percebem esta mudança chegando a
afirmar que as crianças têm cada vez menos tempo e espaço para realizar e viver suas
manifestações lúdicas e de lazer. Além disso, as famílias já não dispõem de tempo suficiente
para estarem juntas, avós, pais e filhos, grandes e pequenos, estão deixando de viver o que
antes eram os momentos em família, favorecedores da aprendizagem lúdica.
A falta de espaços, a insegurança nos grandes centros urbanos e o acúmulo de
atividades extracurriculares nas instituições educativas, entre outros fatores, tem
banido gradativamente o lúdico das atividades infantis e juvenis nas escolas. As
atividades de lazer dependem e sempre dependeram do convívio social, são
aprendidas, não são atividades inatas, o lazer é uma aprendizagem social, de
interação e de experimentação (vivência). É importante resgatar os tempos, os
espaços e os companheiros de brincadeiras para se ter pessoas mais felizes, criativas,
solidárias e humanizadas. (ALMEIDA, M.T.P. & GONÇALVES, L.M. , 2014, p.
175)
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Segundo Almeida (2015, p.35) "O lúdico sempre fez parte da vida do ser humano, e,
falar de ludicidade é falar de brinquedos, brincadeiras, jogos, brincar, brinquedoteca e outros
termos relacionados a este universo cheio de encantamento, alegria e prazer."Existem
diversos conceitos para o termo “lúdico” e “ludicidade”. O lúdico é uma palavra que vem do
latim (ludus) e significa brincar, que se referem aos jogos, brinquedos e brincadeiras.
Atividades que podem ser descritas, categorizadas e classificadas. A ludicidade é um
fenômeno intrínseco de cada pessoa, onde os conteúdos lúdicos são absorvidos das
experiências vividas do social.
Se olharmos para experiências próprias, é comum encontrarmos quem diga que o
brincar e a brincadeira são apenas divertimento e sem importância alguma para o
desenvolvimento de uma pessoa. Contudo, é importante entendermos que, as atividades
lúdicas não se restringem ao jogo e a brincadeira, mas incluem atividades lúdicas que
possibilitam momentos de prazer, entrega e integração dos envolvidos.
Estas atividades possibilitam também a quem as vivencia, momentos de encontro
consigo e com o outro, de ressignificação e percepção, de autoconhecimento e conhecimento
do outro, de cuidar de si e olhar para o outro, de vida, de expressividade, de fantasia e de
realidade.
É notável o quão é importante a ludicidade para o desenvolvimento, não só da criança,
devido a grande relevância que o lúdico tem no universo infanto-juvenil uma vez que se
adquire mais aprendizado quando se é estimulado pela curiosidade. Desta forma, não há
nenhum jogo ou brincadeira que não possa trazer algo novo para se aprender.
O lúdico no contexto educativo
Dentro de uma perspectiva histórica e antropológica podemos admitir segundo Duflo
(1990) que existem três grandes apropriações da história do conhecimento em relação ao
lúdico. Em uma primeira apropriação temos a compreensão do jogo dentro de uma estrutura
ética, muito influenciado pelas ideias teológicas (a moralidade religiosa). Nesta perspectiva o
jogo torna-se uma atividade perigosa na vida cristã. O lúdico passar a ser na moralidade cristã
uma atividade capaz de desvirtuar o comportamento do homem comedido e de fé.
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Na segunda forma de apropriação temos o pensamento filosófico, onde o lúdico
enquanto um instrumento e objeto epistemológico, isto é, como um elemento do saber com
sua lógica própria de pensar e de produzir conhecimentos sobre a vida e o mundo.
Na terceira apropriação histórica do lúdico temos grandes influências de diferentes
teóricos que preconizam o jogo dentro de uma perspectiva estética e pedagógica (educativa).
Tema que será apresentado no decorrer deste tópico.
Para Almeida (2013) os modelos atuais predominantes do ensino formal e não formal
oscilam entre o diretivismo técnico (saber fazer) e o laissez-fare (exprimir livremente sem
interferência do professor). Ambas as abordagens, uma por considerar a criança como tábua
rasa e a outra por considerá-la como portadora de potencialidades expressivo-criativas natas,
esvaziava o sentido da aprendizagem lúdica. Pois não ofereciam o conhecimento sobre a
própria ludicidade, sobre a linguagem motriz, corporal, cognitiva, estética, sobre os produtos
e materiais lúdicos (jogos, brinquedos e brincadeiras) e não possibilitava o desenvolvimento
do simbolismo infantil.
Educar não se limita a repassar informações ou mostrar apenas um caminho, aquele
caminho que o professor considera o mais correto, mas é ajudar a pessoa a tomar consciência
de si mesma, dos outros e da sociedade. É aceitar-se como pessoa e saber aceitar os outros. É
oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher entre muitos caminhos, aquele
que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstâncias adversas
que cada um irá encontrar. Educar é preparar para a vida. Com comenta Maturana (2004)
“Saber é fazer e fazer é saber”, significa dizer que um organismo se desenvolve de fato ao
longo de sua história individual, dependerá de como ele vive essa história. Uma criança só
chegará a ser, em seu desenvolvimento, o ser humano que sua história de interações com sua
mãe, seu pai, sua família e os outros seres que a rodeiam permitir.
Qualquer bebê mamífero que não encontre, no brincar, uma mãe que o confirme
como bebê, terá dificuldades para crescer como um adulto normal, capaz de viver a
vida solitária ou comunitária de sua classe. (MATURANA & VERDEN-ZOLLER, 2004, p.147).
Nesta abordagem do processo educativo a afetividade ganha destaque, pois
acreditamos que a interação afetiva ajuda mais a compreender e modificar as pessoas do que
um raciocínio brilhante, repassado mecanicamente. Esta ideia ganha adeptos ao enfocar o
brincar no processo do desenvolvimento humano.
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De acordo com Almeida (2012) o lúdico é um processo no caminho da aprendizagem,
mas um processo vital e influenciável, e observamos que são nos espaços lúdicos públicos
como: a praça, a rua, a avenida, os parques, etc., onde o brincar espontâneo e o jogo livre
mantém sua posição de importância, pois é no desenvolvimento de muitos aspectos
intangíveis que o brincar se sobressai dentro destes espaços. Atitudes como: a cooperação, a
motivação, a perseverança, a concentração, a reflexão, a autonomia e o divertimento como
aprendizagens são alguns dos eixos que não podem ser quantificados dentro de determinados
aspectos tangíveis.
A literatura infanto-juvenil
Um dos segmentos relativamente novo dentro dos estudos literários é a Literatura
Infantil. Esse tipo de segmento começou a ser produzido na Europa em meados do século
XVIII, a partir do momento em que a criança deixou de ser considerada como um adulto em
miniatura e passou a ganhar o seu espaço na sociedade.
A literatura infantil, mesmo não abrangendo a faixa etária juvenil, ainda é bastante
sugerida ao público misto. Contudo, é necessário que haja um limite entre Literatura para
crianças e Literatura para jovens para que todos os leitores estejam satisfeitos com o que leem
e, em especial aqueles que ainda estão em processo de formação de leitura. Deste modo, ao
passar dos anos, outra classe social também passou a ser reconhecida: os adolescentes, que
são diferentes das crianças em diversos aspectos e interesses, buscando uma nova literatura.
O então gênero literário titulado “infanto-juvenil” está entre um dos mais recentes.
Surgiu entre o final do século XVII e início do século XVIII justamente devido à importância
de uma literatura voltada ao jovem para suprir a vontade de leitura que o sujeito que não mais
se interessa pelas histórias infantis e ainda não se sente capacitado às leituras adultas. Deste
modo, para atrair a atenção dos adolescentes e jovens:
A linguagem utilizada nesse tipo de literatura é coloquial. Gírias e marcas de
oralidade estão presentes nas páginas dos livros juvenis e esses são considerados
bons, porque se aproximam da língua falada pelos jovens. O autor deve conseguir se
travestir de jovem; o leitor não é hipócrita, ele não irá até o final do livro se não
perceber um personagem verossímil. O escritor, pois, deve atentar para a linguagem
utilizada pelos sujeitos inseridos nesta determinada estratificação etária e social, reproduzindo-a nos livros. (BUCKOWSKI & AGUIAR, 2010. 914 p.)
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Percy Jackson e os Olimpianos
O hábito da leitura é fundamental na formação do indivíduo. Uma das fórmulas que
mais dão certo na literatura infanto-juvenil são obras que contenham um mundo de fantasia,
repleto de criaturas surreais, superpoderes e cenários inventados como, por exemplo, as sagas:
Harry Potter, Jogos Vorazes, Divergente e Percy Jackson. Percy Jackson & os Olimpianos é
uma série literária composta por cinco livros de aventura e fantasia, escritos pelo americano
Rick Riordan, sendo que o primeiro livro foi lançado em 2005.
A série retrata a mitologia grega no século XXI e tem como personagem principal
Percy Jackson, em que um garoto hiperativo e disléxico que descobre ser um meio-sangue
filho de Poseidon, deus do mar e é levado para um acampamento onde há vários outros
semideuses como ele. Mais de 50 milhões de cópias dos livros já foram vendidas em mais de
trinta e cinco países, sendo também considerada umas das séries de livros mais vendidas da
história.
Estratégias lúdicas para o incentivo a leitura
Uma das estratégias de incentivo a leitura são os eventos relacionados a sagas
literárias. Os milhões de fãs no mundo inteiro formam um elo tão forte com os best-sellers do
gênero, que quando decidem se reunir no plano real, surgem fenômenos de proporções
igualmente impressionantes. Um desses eventos é o “Dia Nacional dos Semideuses”.
Em Fortaleza, o primeiro aconteceu em 2012 e foi organizado por uma adolescente
Vitória Pinheiro Siebra, hoje, com 17 anos e tendo como objetivo principal proporcionar um
tempo de lazer em que os jovens possam conhecer outras pessoas com gostos similares,
principalmente no que se diz respeito à literatura.
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Figura 1 - Organizadora do evento, Vitória Siebra, juntamente com a equipe.
Fonte: Vitória Siebra
Com a intenção de entendermos melhor como se dá a junção da literatura infanto-
juvenil com a ludicidade, investigamos no dia 09 de agosto de 2014, no período da tarde,
estivemos no Parque Adahil Barreto em Fortaleza, onde cerca de 300 adolescentes e jovens se
reuniram, para atividades lúdicas relacionadas diretamente a série de livros citadas
anteriormente.
Cada adolescente participante do evento se denomina filho de algum deus grego.
Chegando ao local, grupo inteiro foi dividido em “chalés”, que são as “casas” e “famílias” de
cada deus, e a partir daí competiram entre si em uma arena de jogos montada por eles. A
competição se dava por meio de: caça a bandeira, gincanas, concursos, cosplay dentre outros.
É importante destacar que os adolescentes e jovens representam o papel de
personagem do livro, utilizam o momento do evento para reviverem as cenas dos seus
protagonistas preferidos e sentem como se fossem parte do enredo.
Figura 2 - Grupo de adolescentes participantes do “Dia Nacional dos Semideuses” em Fortaleza/Ce.
Fonte: Vitória Siebra.
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Figura 3 - Concurso de Cosplay do evento.
Fonte: Iara Pereira
Além dessas atividades, cada chalé arrecadou, por meio das gincanas e por meio das
outras atividades, alimentos e doaram a CASA DE NAZARÉ (casa de 60 idosas). No último
evento, foram doados 170 quilos de alimentos (feijão, arroz, açúcar, macarrão e leite em pó),
bem como livros, roupas, tampinhas, notas fiscais foram doadas e distribuídas para diversas
instituições em Fortaleza.
A pesquisa empírica se deu da seguinte maneira: primeiramente, foi elaborado um
roteiro com seis perguntas e por meio de redes sociais (Facebook e Whatsapp), adolescentes e
jovens entre 13 e 19 anos que participaram do evento, responderam ao questionário.
Como resposta à primeira pergunta: “Você acha o LAZER uma necessidade
importante?”, todos marcaram a opção ‘SIM’. Como justificativa: descontração,
“desestressar”, quebrar a rotina, descansar o cérebro, interação social, distância dos perigos da
sociedade e desligar dos afazeres do dia-a-dia.
Para a pergunta de número “2”: “No seu dia a dia, que tipo atividades você costuma
praticar em seu tempo de lazer?”, as respostas foram:
Figura 4 - Respostas referentes à segunda questão do questionário.
Fonte: Os autores.
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Na terceira questão do questionário, perguntamos: “Quais eventos para juventude que
você gostaria que fossem realizados na cidade de Fortaleza?”. Tivemos como respostas:
Figura 5: Respostas referentes à terceira questão do questionário.
Fonte: Os autores.
Como quarto questionamento, desejávamos saber sobre “O que você acha de eventos
que estimulam o jovem a leitura?”. Algumas das respostas obtidas foram as seguintes: "são de
grande importância, pois em um país que é a 5º economia se ler uma média de 1 livro por ano
é algo que chega a ser triste de se pensar."; "ajuda a conhecer novas coisas, adquirir
conhecimentos, dentre outros, além de aumentar a interação social."; "Acho muito importante,
estimular qualquer homo sapiens a ler, isso tira ele das drogas, da prostituição e
principalmente do funk!".
A quinta pergunta, “Quais espaços em Fortaleza que você costuma se encontrar com
seus amigos para se divertir?”, continha sete itens como opções a serem marcados, que eram:
cinema, shopping, praia, eventos, livrarias, parques e outros. Como resposta: todos os itens
foram marcados, sendo que os mais escolhidos foram cinemas 30%, shoppings 30%, livrarias
18% e parques 11%. Além desses, também foram citados espaços como igrejas e teatros.
Gráfico 1 - Respostas referentes à quinta questão do questionário.
Fonte: Os autores.
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Na sexta e última questão do questionário, perguntamos: “Qual a importância desses
Encontros (de Semideuses) para você?”. E, algumas das respostas foram as seguintes:
Figura 6 - Respostas referentes à sexta questão do questionário.
Fonte: Os autores.
Considerações Finais
De acordo com dados da UNESCO, pesquisas mostram que um leitor se forma até os
doze anos de idade. Amarilha (1997, p. 50) afirma que “[...] a linguagem é o momento por
excelência da brincadeira [...]”, torando-se fundamental o contato da criança com os livros em
seus primeiros anos de vida. Acreditamos que o lúdico é uma ferramenta importante de
mediação para formar novos leitores, sabemos também, do pouco uso das metodologias
ludiformes (ALMEIDA, 2012, 2014 e 2015) como conteúdo na formação de leitor, que tal
atitude deve-se pelo desconhecimento sobre a importância e o potencial da ludicidade como
recurso que estimula o hábito da leitura infanto-juvenil.
Partindo disto, podemos afirmar que a cultura lúdica pode ser usada como uma
ferramenta pedagógica por meio de atividades dinâmicas e desafiadoras que despertem na
criança e no adolescente o gosto e a curiosidade pelo conhecimento e, no caso, pela literatura
infanto-juvenil, pois, quando se ensina com prazer, se aprende com prazer e brincando.
Assim, tanto os educadores como os pais, têm um papel importante na formação de novos
leitores.
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Para nós o ser humano é o único animal com capacidade de construir cultura. A nossa
forma de brincar estará intimamente ligada e influenciada pela cultura onde vivemos. O
lúdico é uma expressão da cultura. Cada sociedade tem sua herança e história cultural. Cada
sociedade, cada local, cada comunidade constrói sua própria cultura. O lúdico é uma
patrimônio cultural da humanidade. A demanda lúdica gerada pelo próprio brincar (jogo, o
brinquedo e a brincadeira) possibilita o surgimento da cultura lúdica. Concluindo, a cultura
lúdica é o resultado das manifestações lúdicas da própria cultura do brincar. (BROUGÈRE,
1997 e 1998)
Como educadores, devemos dar ainda mais valor ao incentivo da leitura aos
adolescentes e jovens, e entender como essa prática tem o poder de ajudar no
desenvolvimento certas habilidades fundamentais, como: a comunicação, o trabalho em
equipe, a capacidade de tomar decisões, resolver situações problemas, capacidade moral,
capacidade de enfrentar adversidades, dentre outras.
Na guisa de conclusão, esperamos que as nossas reflexões possam chamar atenção dos
professores e pais sobre a importância da ludicidade como uma aliada no trabalho com a
literatura infanto-juvenil. O hábito da leitura é uma construção cultural e uma demanda
gerada pela própria cultura, neste sentido, a literatura quando estimulada apropriadamente
pode ser um conteúdo da demanda lúdica.
REFERÊNCIAS
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M.T.P. (Org.). Educação física em diferentes contextos. 1ª Ed. Assis, SP: Storbem Gráfica e
Editora, 2015.
ALMEIDA, M.T.P. Brincar uma aprendizagem para vida. In: ALMEIDA, M.T.P. (Org.).
Brincar, amar e viver. 1ª Ed. Assis, SP: Storbem Gráfica e Editora, 2014.
ALMEIDA, M.T.P. Brincar uma aprendizagem para vida. In: ALMEIDA, M.T.P. (Org.).
Brincar, amar e viver. 1ª Ed. Assis, SP: Storbem Gráfica e Editora, 2014.
ALMEIDA, M.T.P. O brincar das crianças em espaços públicos. España - Barcelona:
Universidad de Barcelona: 2012. 609 p. (Tese de Doutorado). Versão em Português.
ALMEIDA, M.T.P. O jogo e o lúdico: em diferentes contextos. 1º Ed. Fortaleza: Protograf,
2013.
AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas? Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
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BROUGÈRE, G. Jogo e educação. Porto Alegre: Artmed, 1998.
BROUGÈRE, G. Brinquedo e Cultura. São Paulo: Cortez, 1997.
DUFLO, Colas. O jogo: de Pascal a Schiller. Porto Alegre: Artemed, 1990. MACHADO, Maria Clara. A literatura deve dar prazer. Revista Nova Escola, São Paulo, n.
73, p. 45-48, Abr. 2001.
MATURANA, Humberto R. & GERDA, Verden-Zoller. Amar e brincar. Fundamentos
esquecidos do humano do patriarcado à democracia. Tradução: Humberto Mariotti e Lia
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espaços públicos de Barcelona. Pedagogía Social. Revista Interuniversitaria, 2015, 25, pp.
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1998.
V MOSTRA DE PESQUISA DA PÓS-GRADUAÇÃO, 2010, Rio Grande do Sul. Literatura
Juvenil no Brasil: algumas considerações. PUCRS: 2010. 914 p.
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