MARTA REJANE PROEN~A FILIETAZ
A LiNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NA AQUISI<;AO DA LlNGUAGEM
o ,"
DOSURDO
Monografia apresentada ao Centro deP6s - gradua~aoPosquisa e Extensaodo Curso de Psicopedagogia daUniversidade Tuiuti do Parana.Orientadora: Prof. Olga Maria SilvaMattos.
CURITIBA2001
" Enquanta houver dais surdos no mundo e eles S8
encantrarem, havera a usa da Lingua de Sinais" (Oliver Sacks)
AGRADECIMENTOS
Muitas fcram as dificuldades ao longo desta caminhada, atrav8S del as tive 0
apaio de pessoas importantes em minha vida; que demonstraram 0 quanta efundamental a cooperac;ao mutua para chegarmos a urn resultado satisfatorio.
Agrade90 Ii Deus por ludo que lem leilo em minha vida.
Obrigada Mae pela luz que me irradia, pela forc;a que sou be me transmitir, pel a
mao amiga que sempre esteve estendida me encaminhando.
Ao meu marido Roberto e meus filhos Guilherme, Viclor e Arthur pela
compreensao dos meus momentos de auselncia e pelo grande amer que me
dispensaram.
A voce professora Olga que esteve durante minha graduac;ao e agora me
orientando nessa monografia.
iii
SUMARIO
RESUMO ... ..... V
1.INTRODU~AO. ..1
2. CARACTERIZA~AO DA PESSOA SURDA 6
2.1 - FisICA .. . 6
....... 7
. 9
2.2 - IDENTIDADE ...
2.3 - FAMiLIA ...
2.4 - COMUNIDADE E CUL TURA SURDA .
2.5.1 - Libras - Lingua Brasileira de Sinais ...
. 12
. 15
. 15
. 17
2.5 - A LlNGUAGEM ...
2.6 - DISCRIMINA<;;AO E TABUS ..
2.7 - DIREITOS LlNGOiSTICOS DOS SURDOS 18
2.8 - EDUCA<;;AO 21
2.9 - ANALISE DAS DIFICULDADES DOS SURDOS BRASILEIROS ..23
3. RELATORIO DE PESQUISA DE CAMPO ................................. 27
3.1 - QUESTIONARIO - PROFESSORES DO ENSINO ESPECIAL..27
3.2 - QUESTIONARIO - PESSOAS COM DEFICIENCIA AUDITIVA ..30
4. ANALISE DE DADOS ..
CONCLUSAO .
. 33
.. 34
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .. 35
iv
.~,RESUMO
Este trabalho aborda a importancia da Lingua de Sinais para a aquisi9ao dalinguagem do surdo, considerando que surdez e a perda auditiva ou diminuiC;8oem grau mais au menes intenso da percepc;ao do som. No entanto, 0 surdo S8
organiza e integra com 0 mundo de uma maneira pr6pria e 0 que pode diferenciarda pessoa ouvinte e a ausencia da linguagem oral. Se a familia estiver bernorientada, a crian9a surda podera ter um desenvolvimento normal. A ajuda dos paiscom a aceitagao positiva desta criang8 faz com que a mesma cres98 confranteem si mesma para que entre no futuro sem as traumas nas quais possamatrapalhar na sua integragao social, esta integragao social proporcionara arestauraC;8o dos seus direitos humanos ,diminuic;ao de seus problemaspsicologicos, favorecimento de seu aprendizado e do desenvolvimento de suasegunda lingua ( 0 Portugues). Por isso Eo importante a participa9ao da crian9a surdana comunidade e cultura surda. A comunidade de surdos apresentacaracteristicas culturais especificas que devem ser respeitadas. Essascomunidades surdas estao espalhadas pelo Brasil e como nosso pais Eo grande ediversificado, estas possuem diferenr;as regionais em relar;8.o a habitosalimentares, vestuarios e situar;oes s6cio-economicas, etc. estes fatores geramtambem variar;oes lingOisticas regionais. A Libras ( Lingua Brasileira de Sinais) eum sistema de comunicar;8.o natural das comunidades surdas. Considerando que aLibras e capaz de expressar ideias sutis complexas e abstratas, os seus usuariospod em discutir filosofia, literatura, politica e etc. Como as outras linguas, Librasaumenta vocabulario com novos sinais introduzidos pel a comunidade surda emresposta as mudanr;as culturais e tecnicas. A crianr;a surda precisara integrar-seprecocemente a comunidade surda para possibilitar um bam desempenho edesenvolvimento lingOistico normal. Nos "Direitos LingOisticos dos Surdos" existementre eles, a direito do surdo de "errar" oralmente ou por escrita sem ser punido ehumilhado; 0 direito de ser sensibilizado contra os preconceitos e discriminay8.o denatureza lingOistica. Na maioria das escolas especiais de surdos no Brasil acapacidade das crianyas surdas em aprender a falar uma ou outra palavra e maisimportante do que a certeza que 0 conteudo tenha side bem entendido e asatividades como a leitura e escrita, sendo como as conhecimentos se tornamsecundarias. Sabe-se que a Libras deveria estar em primeiro plano, pOis e 0 meioprincipal de aquisiyao de conhecimento. A metodologia BilingOe surgiu comoproposta na educa9ao dos surdos, na Europa, no final dos anos setenta. Estaproposta defende a possibilidade dos surdos, usufruirem duas linguas. Respeita ascaracteristicas dos mesmos, bem como 0 parecer de seus representantes adultosquanto ao processo educacional. 0 surdos vivem numa situar;ao bilingOe , pel apresenya de duas linguas em seu contexto, nas suas interayoes com ouvintes enas suas interayoes com as surdos, ou seja, Portugues e Libras ( Lingua Brasileirade Sinais). Considerando 0 aspecto psicossocial a crianr;a surda ira integrar-sesatisfatoriamente a comunidade ouvinte somente se tiver uma identificar;ao bastantesolida com 0 seu grupo, caso contrario, tera dificuldades tanto numa comunidadecomo na outra, apresentando limitar;oes sociais e lingOisticas algumas vezesirreversiveis. A crian<;:a alem da lingua de sinais deve aprender gradativamente a
v
Portugues, e a partir dos tres anos de idade, dar enfase a escrita, por ser 0 seuprincipal canal, 0 visual. A lingua de sinais proporciona ao surdo maiorconteudo semimtico, seu desenvolvimento sera igual ao da crian<;aouvinte.No Brasil 0 Bilinguismo enfrenta, ainda, atitudes preconceituosas em rela<;80 alingua de sinais. Ja na Suecia onde 0 Bilinguismo vem sendo implementado haaproximadamente tn§s decadas, ja estao sendo verificados seus frutos. Ja formouuma gera<;c3o,uma geraC;80 de surdos com nivel universitario, alguns comdoutorado e outros professores universitarios. Ap6s a contextualizac;ao da surdez,suas implica<;oes na linguagem, no processo de comUniC8c;8.0,filosofias eabordagens educacionais, faz-se necessaria um retorno ao passado. 0 passado serevela no presente e no futuro. Muitas vezes questoes de senso comum, S80 narealidade Iruto dos conhecimentos gerados par estudiosos e fil6solos a partir daantigOidade. 0 estudo de aspectos sociais e politicos que influenciaram os fatosem relaC;8oa educac;:aodos surdos, que direcionaram e direcionam a formaC;80daidentidade deste grupo. Hoje considerando de forma etnocentrica pela maioria dospesquisadores da area.
vi
1 - INTRODUc;:Ao
Uma pesquisa desenvolvida na Fran98 apresentou 0 comportamento dos pais
quando recebem 0 diagnostico de surdez de seu filho, sle nao e considerado uma
crianC;8 Quvinte e sim vista dentra do angustiante contexte do silemcio. Os pais
revelam-se mais angustiados com a incapacidade de seus filhos falarem do que a
incapacidade destes Quvirem. Sem a fala do bebe a relacionamento entre esta e a
mae e interrompido, e isto, par sua vez priva a mae de comunicar-se com seu filho.
Hi!, da; em diante, uma quebra de comunica9aO entre mae x filho. (Bouvet, 1988,
p.1)
A criang8 surda e obviamente, incapaz de ouvir a som da palavra talada,
continua sendo urn sar humane no tocante it lingua e a comunic8g8o, como todas as
criang8s, S8 ala e educada em ambiente de traca de cantata. A ausemcia de
Hnguagem naD e consequencia da surdez; devemos nos ajustar a crian9a surda que
tenta se expressar em uma modalidade apropriada (Idem, p.2)
ate mesmo aos seis meses de idade, 0 bebe surdo pode mostrar intencionalidade e
reciprocidade durante trocas ritualizadas com a sua mae. A vi sao desempenha um
papel tao importante nessas intera90es pre-verbais, que a crian9a surda nao
encontra obstaculos ao progredir, como as crian9as ouvintes, na comunica9aO e na
descoberta da estrutura interna das trocas pre-verbais, isto e, nos procedimentos
puramente lingOisticos que sao as regras dos dialogos e dos processos de
referencia e predica9aO articuladas. Logo, podemos dizer que ha mais semelhan9as
entre crianc;:as surdas e a ouvinte no que concerne it prepara'tao para a linguagem.
Tudo pareee estar preparado para a erianya "falar" na idade esperada, mas as
primeiras palavras nao surgem devido a barreira sensorial da surdez. Por outro lado,
se esta mesma crianya surda tivesse estado em um ambiente onde a lingua fosse a
dos sinais, suas primeiras" palavras" nao sofreriam atraso. Quando a crianya surda
tem acesso a lingua de sinais desde cedo, ela consegue desenvolver seu potencial
como urna crianya ouvinte. Ela consegue entao, chegar a urna rnelhor linguagern
oral e entrar no mundo da escrita. (Bruner,1975,p.3)
Por outra pesquisa feita na Suecia, e cognitivarnente retardada quando
ingressa na sociedade, ap6s rnuitos anos de treino de oralismo e de proibiyao de
uso de lingua de sinais.Supoe-se que esta criany8 sofre urna eapacidade
inadequada para pensar, pois nao possui urna lingua. Erronearnente, lingua e
pensarnento sao equacionados. Urna vez que, de acordo eom a visao oralista, a
n09aO de linguagem esta equacionada a lingua oral, e como a crianya surda nao
eonsegue falar , consequenternente nao consegue pensar, ou sua capacidade de
pensar esta severamente cornprornetida. Como consequencia da impasi98a da
lingua oral e do impedimento ao acesso a lingua de sinais, a crianya mostra-se sem
lingua alguma.(Wallin, 1988, p.4)
o desenvolvimento normal das crian9as surdas nao depende
necessariamente da presenya ou ausencia da audiy80. E possivel ocorrer urn
desenvolvirnento semelhante ao das crian9as ouvintes, contanto que 0 cantata com
a lingua de sinais se de 0 mais preeoce possivel. Se isto ocorrer, 0 desenvolvirnenta
das crian9as surdas podefi~ seguir trajet6ria paralela ao das crian9as ouvintes em
seu processo de aquisi9ao da tala. Logo e muito importante dar a crian9a surda a
oportunidade de aprender a lingua de sinais, para que esta possa ser capaz de
desenvolver em tenra idade todas as estruturas IingOisticas para um pensamento e
significa980 precisos, e com isto ela pode chegar a uma melhor linguagem oral e
escrita.(Wallin , p.14)..
Com isto, chegou-se a conclusao de que e muito mais facil ensinar uma
crianl'a surda a segunda lingua (lingua portuguesa) quando ela jil sabe como 0
sistema lingOistico funciona na modalidade visual.
Pretende-se com esta pesquisa descobrir que tipos de fatores podem interferir
durante 0 seu processo de desenvolvimento linguistico e cognitiv~ e na integrar;ao
social.
Justifica-se, portanto, esta monografia pois pretende -se demonstrar como a
Lingua Brasileira de Sinais (LIBRAS) pode auxiliar na aquisil'80 e interiorizal'80 dos
conceitos, na organizag8o do pensamento logico, na assimilagao das estruturas
lexicais e semElnticas que interferem no processo IingOistico e cognitiv~ da crian9a
surda.
Entretanto, ha um numero consideravel de surdos, que nao receberam
atendimentos adequados ou so come9aram a freqOentar 0 ensino especial quando
jil havia passado 0 periodo ideal para a aquisil'80 de linguagem, e segundo
Bevilacqua (1997) "0 diagnostico precoce e um dos fatores decisivos para 0 melhor
desenvolvimento da crian98 deficiente auditiva, a medida que os primeiros anos de
vida poderao ser melhor aproveitados. E nesta fase que esta havendo a maturagao
neurologica, tempo considerado ideal para a estimulag80 auditiva, ja que nos
primeiros anos de vida existe uma prontidao para que as habilidades perceptuais
basicas, assim como a linguagem, possa ser adquiridas".
Se nao houver a estimula9ao precoce e 0 atendimento adequado, 0 oralismo
nao dara bons resultados, 0 que exige uma reflexao mais profunda sobre 0 assunto,
principalmente sobre a compreensao do desenvolvimento lingOistico e social dos
surdos, reflexao que passa necessariamente para a adquirirao precoce da Lingua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) e segundo a cerda (2000) "os pilares da educa9ao
bilingue para surdos defendem a direito e a necessidade destes individuos
adquirirem a lingua de sinais, participantes aticos no processo educacional.
Entretanto, esta educa9ao assentada e construi da a partir da lingua de sinais, e
vista numa dimensao que ultrapassa a aspecto meramente lingOistico e
metodol6gico, au seja, 0 do Simples acesso a duas linguas-a lingua de sinais 9 0
portugues assumindo uma postura politica e ideol6gica de respeito as minorias
etnicas, culturais e lingOisticas.
Portanto, 0 tema a ser abordado sera: "A Lingua Brasileira de Sinais na
aquisi98.0 da linguagem do surdo." E, a partir dos enunciados acima delimita-se 0
tema que pretende estudar 0 papel da Lingua Brasileira de Sinais (LIBRAS) na
educa9ao de 03 pessoas surdas de Curitiba, atraves de questionarios e pesquisa
bibliografica, na comunidade surda X e 03 professores de Escola Especial.
o objetivo geral sera: "Analisar 0 aproveitamento educacional no
desenvolvimento lingOistico, cognitiv~ e social da pessoa surda." E,
especificamente, pretende-s9 investigar aspectos do aproveitamento educacional
de surdos educados apenas atraves do oralismo e de surdos que tiveram acesso a
Lingua Brasileira de Sinais ( LIBRAS) precocemente. Ap6s os dados acima
anunciados formula-se a problema: "Qual 0 aproveitamento educacional da Lingua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) da crian9a surda na evolu9ao de seu sistema
IingOistico?"
E, como quest6es norteadoras pretende-se: uQuais sao os fatores que
podem intervir no desenvolvimento da linguagem e cogniy8.o em crianc;as surdas
assegurando a naturalidade do aprendizado?" e "Qual e a forma que devera ser
utlizada para intervir no desenvolvimento lingOistico e cognitiv~ em crianc;assurdas?"
A hip6tese pretendida incidira sobre "0 desenvolvimento lingGistico e
cognitiv~ em crianyas surdas depende de fatores tais como: 0 contato com a Libras
o mais cedo possivel e 0 atendimento especializado.
E ,finalmente a metodologia utilizada para intervir no desenvolvimento
lingOistico e cognitiv~ em crianyas surdas possibilitara 0 seu desempenho dentro
de uma normalidade e sera realizada atraves de um questiom1rio, aplicado para
alunos e 3 professores, com pesquisa bibliografica e qualitativa.
2 - CARACTERIZAC;;Ao DA PESSOA SURDA
2.1-FisICA
Surdez au perda auditiva e a diminui98.o, em grau mais au menos intense da
percepc;ao do som. Pode ser decorrente de problemas na conduc;ao do som,
atingindo, 0 ouvido externo e lou medic. Pode Dcorrer em func;8.o de les5es em
celulas sensitivas au no nerva auditivo e ainda pode envolver esses dais tipos de
problemas.(Dias, 1995, p. 7 ) para uma melhor compreensao das formas em que a
surdez S8 apresenta e do atendimento adequado a cada urn dos casas, segue-s8
uma classifrca-;:8.o dos principais graus de surdez, na sons em que S8 situa a
percepc;ao dos sons que geralmente e nas frequencias de 500, 1.000 e 2.000
ciclos por hertz( hz) e os limites de amplitude de 0 a 110 de decibeis
(db.).(ldem,1995, p.7)
Classificac;ao das perdas auditivas de acordo com 0 grau: 5urdez leve: e a
perda auditiva situada entre 26 a 40 dB. A crianc;a nao percebe os fonemas da
mesma forma, islo altera a compreensao das palavras; nao Quve a voz fraca e
distante, considerada "desatenta", a aquisic;ao da linguagem e" normal/lenta u, mais
tarde vai ter dificuldade na leitura e I au na escrita e necessita de acompanhamento.
(ibidem, 1995, p.7)
Surdez moderada: e a perda auditiva situada entre 41 a 70 dB. A crianc;a
percebe a voz com certa intensidade, atrasa na linguagem, altera a articula98a e tern
dificuldade de discriminar lugares ruidosos. (ibidem, 1995, p.7)
Surdez severa: e a perda auditiva situada entre 71 a 90 dB. A crianc;:a
identifica rufdos graves familiares; percebe voz forte (grave); tem compreensao
verbal associ ada a grande aptidao visual e necessita de orientac;:ao precoce para
melhorar 0 rendimento. ( Dias; 1995, p.?)
Surdez profunda: e a perda auditiva situ ada acima de 90 dB. A crian\Oa nao
percebe a voz humana sem um estimulo adequado; nao ha feedback auditiv~ e tem
maior facilidade para perceber as pistas visuais. (idem. 1995, p.?)
Logo apos 0 diagnostico, quando os pais sao informados a respeito da perda
auditiva, devem providenciar 0 mais cedo possivel a atendimento e a reabilitac;:ao da
crian\Oa para que nao haja 0 atraso de sua linguagem.(ibidem, 1995, p.?)
A Psicologia do Surdo.
Durante muitos anos a surdez esteve associ ada a deficiemcia mental. 0
despreparo dos profissionais ao atendimento de surdo e uma visao
humanista/assistencialista discriminou e marginalizou 0 surdo como uma pessoa
totalmente incapaz. (Miranda, 1993, p.9)
No entanto, 0 surdo se organiza e integra com 0 mundo de uma maneira
propria e competente e 0 que 0 diferencia da pessoa ouvinte e a ausencia da
linguagem oral.Com a perda auditiva, 0 surdo tem muita dificuldade para interiorizar
um codigo lingi..Hsticooral devido as barreiras de comunicac;:ao (dic(fao ruim, bigodes,
falta de luminosidade, nao visualiza(fao dos fonemas que nao estao ao alcance, falta
2.2 - IDENTIDADE
de leltura labial. ..) E com ista 0 surdo procura outro canal que e 0 viso-motor e passa
a materializar todas as suas visualizac;oes atraves de gestos. Para se eoneretizar a
possibilidade de uma comunicay80 efetiva, com um grau de compreensao
satisfatorio entre surdos e ouvintes, e necessario que os eanais dos interlocutores
estejam ajustados. (Esser, 1995, p.14)
o fato de que por muitos anos a surdez e a deficiencia mental estarem
associadas ja e passado. Nesse aspecto e grande a contribuiyao de Piaget na
compreensao do desenvolvimento cognitiv~ da crianya. Sua descriyao dos varios
periodos do desenvolvimento da erianya, partindo do periodo sens6rio-motor ate
chegar, ja na adolescencia, ao periodo do pensamento formal, onde a linguagem
puramente verbal atinge a plenitude, levou-o tambem a concluir que nao e a
linguagem unicamente a responsavel pelo desenvolvimento das operayoes
rnentais.Ha ai tambern a influencia do gradativo processo mielinizay80 das
estruturas logicas. Ele afirma "a formaC;80da linguagem e do pensamento nao
estariam ligadas por uma relaC;8o causal, mas conjuntamente solidarias a urn
processo mais geral; 0 de forma9ao simb6Iica".(Miranda, 1993, p.9)
No caso dos surdos, pesquisas realizadas pelo psicologo norte-americano
Helmer Miklebust ehegaram a uma conclus80 generalizada de que as crianc;as
surdas tern urn atraso mental de dois anos em rela<;aoas crianc;asouvintes.
No entanto, ressaltamos que tanto a crianya ouvinte como a crian<;a surda
necessita participar de urn ambiente sadie e adequadarnente estimulante para que
possam atingir a plenitude de seu desenvolvimento cognitiv~. As diferen<;as ficam
por conta das ac;oes especificas que cada caso ira exigir. Dai se ressarta a
importancia da estimulaC;8o precoee que possibilite it crianC;8 surda 0
desenvolvimento semelhante ao da crian~a ouvinte em processo da aqujsi~ao de
linguagem. (Miranda, 1993, p.9)
2.3 - FAMiLIA
Ser pai ..ser mae ... Grande sonho que palpita no cora~ao de cada um. No
intimo deles hit uma expectativa de construir um lar repleto de amor, onde 0
sofrimento nao tenha lugar! A crianrya quando nasce, nao traz visivel 0 sinal de sua
deficiencia auditiva. Os pais a recebem e se relacionam com ela como crian~a
ouvinte, sadia e perfeita. Falam e brincam com a crian~a todo 0 tempo em que se
mantem acordada.(Franch, 1985, p.61)
Com a descoberta da surdez, os pais ficam chocados, se deprimem e se
fecham para 0 mundo e para a crianya, veem nela um sonho desfeito, a fonte de
suas frustrary6es e 0 relacionamento entre a crianrya e os pais sao rompidos, e com
isto, por sua vez, privam as pais de falar com sua crian~asurda. Ha, dai em diante,
uma quebra de comunicaryao entre pais e filho, que ate entao tinham sido
desenvolvida nas modalidades multi-sensorial normais quando ainda nao havia sido
levantada a suspeita da surdez da crianya.(idem, 1985, p.92)
E com isto os pais tomam a conscie!Ocia de que come~arauma maratona em
busca de amenizar 0 problema. Medicos especializados, hospitais, curandeiros com
pOyoesmagicas, operayoes astrais, todas as informa90es de possibilidade de cura,
os pais irao investigar, para que seu filho possa ter condi90es de um
desenvolvimento considerado normal no ambiente em que vive.(FENEIS, 1995, pA)
Mas, e a crianrya surda? Enquanto seus pais nao aceitarem a realidade de
10
que a surdez e definitiva e sem retorno nao haveni paz produtiva no lar. Aceitar e,
dentro do sofrimento pela impossihilidade de a crianC;8 voltar a ouvir e assumir urna
atitude positiva. E tamar consciencia de sua surdez e buscar a forc;a interior que as
impulsionara para a luta pel a conquista dos metodos que possibilitarao tamar essa
criany8 bern integrada ao meio. E com essa aceitaC;80 positiva a criam;a surda vai S8
sentindo gratificada e desenvolve assim, neste ambiente de calor, urn auto conceito
positiv~, confianc;a em si pr6pria e a certeza de ser amada.Tal crianC;8 cresee
confiante em si mesma e vai ao encontro de futuro sem traumas que possa
atrapalhar na sua Integral'ao social (Maestri, 1995, p. 19).
Somente urna mudanC;8 total da mentalidade dos pais e dos responsaveis por
nossos educandarios podera propiciar ao surdo uma integrac;ao social e, portanto,
uma vida pr6xima ao normal.
Os pais devem estar convictos de que 0 desenvolvimento intelectual e 0
comportamento social do surdo depende de seu comportamento e de sua estreita e
compreensiva cooperaC;ao. Devem superar 0 sentimento de culpa ou vergonha de
gerarem um deficiente, nao ficar se culpando mutuamente, 0 que trara conflitos
conjugais que repercutirao diretamente na crianc;a. As interierencias, as vezes
desastrosas, de parentes ou vizinhos e amigos devem, tambem, ser evitadas para
que nao venham prejudicar as boas relac;6es do surdo com a sociedade. (Miranda,
1993, p.13)
E primordial que toda a sociedade e, principalmente, os pais, sejam
conscientizados da necessidade de uma integrac;ao precoce do surdo com os
ouvintes para que 0 contato entre ambos seja considerado uma coisa natural e para
que cheguem espontaneamente a conclusao de que suas necessidades e
II
sentimentos sao semelhantes. as pais nao devem esquecer que tanto 0 abandono
como a superprotec;ao sao prejudiciais ao desenvolvimento do surdo. (Miranda,
1993, p.1S).
Todos os problemas podem ser superados com uma integra9ao precoce do
surdo na sociedade. E, da mesma forma, poderao ser sensivelmente agravados pela
marginaliz8c;8.0.
Eo competencia do especialista a orienta9ao do surdo e de sua familia. De
maneira alguma podem abdicar dessa responsabilidade ou delega-Ia a profissionais
de outras areas.
A realiz8ry8o do trabalho de informac;8.o e orientac;ao profissional, junto com 0
surdo, e parte integrante do processo de reabilita9iio, possibilitando a sua plena
integrag8.o a sociedade.
o programa de informac;ao e orientac;ao profissional deve iniciar 0 mais cedo
possivel, ja na estimula9iio, atraves de orienta9iio aos pais e da forma9iio de habitos
e atitudes para que depois 0 surdo participe no mercado de trabalho competitivo
satisfatoriamente. (Borne, 1996, p. 73)
Os surdos trabalham participando do mercado competitivQ com muita
competencia, rapidez e poder de concentrac;8.o que Ihes permitem desempenhar
trabalhos em nivel tecnico, como par exemplo: desenhista, digitador, protetico,
pintar, etc; em profiss6es de nivel universitario, os surdos tern atuado como
bibliotecario, analista de sistema, administrador de empresas, engenheiro, artista e
todas as profiss6es que Ihes permitem superar a dificuldade de audic;ao e integrar-se
na sociedade em que vivem. (idem, 1996, p73).
As associac;:6es de surdos surgiram em funC;8o da necessidade de reunir
12
pessoas surdas, ja que as outras entidades de pessoas que ouvem, naD S8
compatibilizavam com as interesses dos surdos. Isto devido a "diferen<;a" existente
entre os surdos e as ouvintes advindo da dificuldade de comUniC898.0 e das
condic;oes socia is. (FENEIS, 1996, p. 10).
Os surdos tem 0 direito de ter a sua associac;ao nao somente para lutar por
seus interesses perante a sociedade, como tambem promover 0 seu
desenvolvimento cultural e social. (idem, 1996, p. 10)
Esta integrac;8.o com a sociedade proporcionara aos surdos a restaurac;ao de
seus direitos humanos, diminuic;8.o de seus problemas psicol6gicos, favorecimento
de seu aprendizado, desenvolvimento de sua segunda lingua (Portugues), possibilite
de seu aproveitamento futuro na vida pratica impedindo sua marginaliz8c;8.0social,
diminuic;ao da excess iva dependencia dos pais, maior experi€mcia social, eleV8c;8.0
de seu nivel intelectual, maior variedade de atividades complementares e de cursos
superiores a sua escolha. (ibidem, 1996, p. 10)
Qualquer individuo que nao esteja socialmente integrado, nao e um ser
completol
2.4 - COMUNIDADE E CUL TURA SURDA
A ling Crista americana surda Carol Padden estabeleceu uma diferenya entre
cultura e comunidade. "Uma cultura e urn conjunto de comportamentos apreendidos
de um grupo de pessoas que possuem sua propria lingua, valores, regras de
comportamento e tradic;:6es","uma comunidade e urn sistema social geral, no qual
responsabilidades umas com as outras" (Padden, 1989, p.5).
Para Padden uma comunidade surda "13urn grupo de pessoas que mora em
uma localiz8g8o particular, compartilha metas comuns de seU$ membros 8, de varios
modos, trabalha para alcan,ar estas metas" Portanto, em uma comunidade surda
pode ter pessoas ouvintes e surda que naD sao culturalmente surdos. Ja a cultura da
pessoa surda ~emais fechada do que a comunidade surda. Membros de uma cultura
surda se comportam como pessoas surdas, usam a lingua de surdos e compartilham
entre si das cren98s de pessoas surdas e com autras pessoas que naD sao surdas"
(idem, 1989, p. 5).
As comunidades surdas estao espalhadas pelo pais, e como 0 Brasil e muito
grande e diversificado; estas comunidades possuem diferenc;as regionais em relac;ao
a habitos alimentares, vestuarios e situac;ao socia-economica, entre Dutras, estes
latores geram tambem varia,oes linguisticas regionais (Souza, 1993, p. 4)
As escolas sao fatores de integrac;ao ou desintegrac;ao das comunidades
surdas, e dependendo da metodologia adotada: se uma escola rejeitar libras (Lingua
Brasileira de Sinais) e quer transformar a crianc;a surda em ouvinte-deficiente, esta
crianc;a nao vai conhecer sua comunidade e nao aprendera a sua lingua (idem,
1993, p.6).
Por outr~ lado, varias escolas, em cidades au estados que nao possuem
associac;6es de surdos, trabalham ainda somente com uma metodologia oralista e as
crianc;as surdas desenvolvem urn dialeto entre elas par a uma comunicac;ao minima
e estas ficam totalmente desintegradas da cultura surda, sendo consideradas,
apenas, como deficientes auditivos.
14
Devida a tradic;ao oralista, ha surdos que 56 que rem talar, usanda sempre 0
portugues como tambem, muitos surdos que nao dominam bern a gramatica de
libras (Lingua Brasileira de Sinais), usam 0 bimodalismo, ou sejam, falam portugues
enquanto sinalizarn, como as Quvintes quando comec;am a aprender alguma lingua
de sinais. (Souza, 1993, p. 6)
A estimativa do numero de surdos no Brasil e de 2 milhoes, segundo dados
fornecidos pelo ministerio da educ8C;80 na revista integrac;ao 90/ana 03, n. 06. 0
censo demografico de 1990 do IBGE incluiu dados para conhecer 0 n"mero de
deficientes no Brasil, incluindo as surdos, mas 0 questiomlrio aplicado registra
somente as surdos profundos. Portanto, ainda naD S8 tern uma pesquisa para S8
avaliar, com precisao, quantos surdos ha no Brasil equal 0 percentual deles que
esta inserido na comunidade surda.
Mas ser surdo nao equivale a dizer que este faz parte de uma comunidade
surda au de cultura surda, porque sendo a maioria dos surdos, 95% filhos de pais
ouvintes, muitos destes nao aprendem libras (lingua brasileira de sinais) e nao
conhecem associac;oes de surdos, que sao as comunidades.
As comunidades surdas no Brasil tern como fatores principais de integraC;ao a
libras (lingua brasileira de sinais), os esportes e lazer.
Atualmente, ainda nao hi:! estudos da cultura surda brasileira, mas convivendo
um pouco pode-se perceber diferenc;as, par exemplo: as pessoas surdas preferem
um relacionamento mais intima com outra pessoa surda do que com pessoas
ouvintes; as piadas contadas pelas pessoas surdas e incompassivel para pessoas
ouvintes e vice-versa. 0 surdo, do seu silencio, tern urn modo proprio de olhar 0
mundo onde as pessoas sao expressoes faciais e corporais. Como fala com as
15
maDS, evita usa-las desnecessariamente e quando as usam, possuem uma agilidade
e leveza que dificilmente urn Quvinte podera alcanc;ar.
A cultura surda e muito recente, tern paueD mais de cern anos e samenle
agora comec;a 0 interesse em S8 registrar, atraves de fUmes, as narrativas pessoais
de surdos idosos para se conhecer urn pouco de sua hist6ria. (FENEIS, 1994, p15).
2.5 - A LlNGUAGEM
2.5.1 - LIBRAS - Lingua Brasileira de Sinais
Essa maneira tao estranha - para muitos ouvintes - de conversar sem som,
fazendo movimentos no af com as maos, acompanhados de express5es corporais e
faciais, as vezes chama a nossa aten9ao, quando deparamos com surdos S8
comunicando. (STROBEL, 1996, p.1).
A dificuldade imposta pel a barreira sensorial faz com que os surdos sintam
necessidade de recorrer a Qutros "caminhos" para desenvolver suas habilidades
lingjjisticas: a lingua de sinais. (Idem, 1996, p.1).
Interessante e que esse fen6meno nao ocorre apenas no nosso pais. Se
viajarmos, assistirmos documentarios ou filmes estrangeiros, podemos constata-Io.
(Ibidem, 1996, p.1)
Nao se pode confundir "mimica", expressao do pensamento atraves de gestos
natura is que procuram imitar a imagem do que se quer fazer compreender, com a
complexa estruturac;ao da lingua de sinais. Seu reconhecimento e legitimidade
passam necessaria mente por essa diferencia9ao. (Ibidem, 1996, p.1).
16
Urn Dutro aspecto a ser destacado e que muitos consideram esta forma de
comunic8C;c3o como sando uma linguagem mundial de surdos. Pareee que em todos
os lugares do planeta eles sempre fazem tude igual. Nao e verdade. A lingua de
sinais nao e universal, cada pais tem a sua. (Strobel, 1996, p.2).
Do mesma modo que existem varias linguas orais estrangeiras, ha diferentes
linguas de sinais e cada destas linguas tem seus nomes, por exemplo: ASL - Lingua
de Sinais Americana; LSB - Lingua de Sinais Britanica e a de nossa pais e chamada
de LIBRAS - Lingua Brasileira de Sinais. (Idem, 1996, p.2).
Recentemente, no Brasil, muitos Hngliistas comeyaram a estudar LIBRAS,
empregada pelas varias comunidades surdas brasileiras e, descobriram que esta
lingua e tao rica e complexa em aspectos gramaticais como as linguas crais. Estao
convencidos que LIBRAS e a lingua no sentido pie no. (Ibidem, 1996, p.2).
LIBRAS e capaz de expressar ideias sutis, complexas e abstratas. Os seus usuarios
pod em discutir filosofia, literatura au politica, al9m de esportes, empregos, moda,
etc. LIBRAS pode expressar poesia e humor. Como outras linguas, LIBRAS
aumenta 0 vocabulario com novas sinais introduzidos pel a comunidade surda em
resposta as mudan~as culturais e tecnicas. (Ibidem, 1996, p.2).
LIBRAS e uma lingua natural - relacionada aos costumes e cultura da comunidade
surda - que flui de uma necessidade de comunica~ao entre as pessoas que nao
utilizam a modalidade auditivo-oral como a principal, mas sim a madalidade vi so-
motor (visao+movimento). (Ibidem, 1996, p.2)
17
2.6 - DISCRIMINA<;AO E TABUS
Em todos as paises, os surdos sao minorias lingOisticas, mas nao devido a
imigrac;ao ou a etnia, ja que naseem de familias que falam a lingua oficial da
comunidade maior, a qual tambem pertencem por etnia; eles sao minoria lingOistica
por se organizarem em associac;oes ande 0 fator principal de agregac;ao e a
utiliz89ao de uma lingua gestual-visual por quase todos as associ ados. Sua
integra,ao esta no gato de poderem ter um espa,o onde nao ha repressao de sua
condic;ao de surdo, podendo expressar-se da maneira que mais Ihe satisfaz para
manter entre uma situa,ao prazerosa no ate de comunica,ao. (Miranda, 1993, p.5).
Quando imigrantes VaD para Qutros paises, formando guetos, a lingua que
trazem, geralmente, e a lingua oficial de sua cultura, sendo respeitada, enquanto
lingua, no pais para cnde imigrarem, mas a lingua dos surdos, por ser de outro
canal "visa motor" , e par ser utilizadas par pessoas consideradas "deficientes", par
nao poderem, na maioria das vezes, expressar-se como ouvintes, era desprestigiada
e, ate bern pouco tempo, proibida de ser usada nas escolas e em casa de crianya
surda com pais ouvintes. (Idem, 1993, p.5)
Muitos profissionais que atuam direta au indiretamente no trabalho com
surdos rejeitam LIBRAS alegando que a mesma nao e uma'iingua real; que 0 uso de
sinais na educac;:ao precoce, pre-escola e primeiro graus, impede au prejudica a
aquisic;:ao da lingua falada, au entao, que 0 unico prop6sito da educac;:ao e a
interaC;ao das pessoas surdas no mundo do ouvinte. Os sinais iriam interferir mais do
que apoiar este processo.(lbidem, 1993, p.5)
Este tabu fruto de um desconhecimento gerou um preconceito, e pensava-se
18
que este tipo de comunic8v8o dos surdos impedia as surdos a aprender a lingua
oficial de seu pais. Mas pesquisas que foram desenvolvidas nos Estados Unidos e
na Europa mostraram 0 contrario. Se a criant;(8 surda puder aprender a lingua de
sinais da sua comunidade surda a qual sera inserida, ela tera mais facilidade em
aprender a lingua oral-auditiva da comunidade Duvinte, a qual tambem pertencera. A
crianlt8 quando cameg8 a internalizar as estruturas lingOisticas da lingua de sinais,
recebe 0 feedback, caisa que nao aconteee com uma lingua do canal oral-auditiv8.
Na aquisig80 da lingua de sinais, como a primeira lingua, a criany8 surda tera menes
dificuldade para a aquisi980 de uma lingua oral-auditiva, como segunda lingua,
devido ao conhecimento internalizado do funcionamento de uma lingua que
aprendeu pelo processo natural, ou seja, espontaneamente. ( Miranda, 1993, p.5)
Todas as linguas possuem os mesmos universais IingOisticos, variando
apenas 0 canal, como ja foi visto, dai, e preconceito e ingenuidade dizer, que uma
lingua e superior a qualquer outra, ja que elas independem dos fatores econ6micos
ou tecnol6gicos, nao podendo ser classificadas e desenvolvidas, subdesenvolvidas
ou, ainda, primitivas. As linguas se transformam a partir da comunidade lingOistica
que a utiliza. Uma crianc;a surda precisara se integrar a comunidade surda para
poder ficar com um bom desempenho na lingua desta comunidade. (Revista
ESPAC;;O, 1994,p.7).
2.7 - DIREITOS LlNGOiSTICOS DOS SURDOS
Diante dos fatos citados anteriores, urge que prestemos mais atenc;ao aos
19
Direitos Lingliisticos des Surdos que foi enumerado pel a lingOista Lucinda Ferreira
Brito, que usou como base aqueles propostos por Gomes de Matos (Revista de
Cultura Vozes, 1984, n.2) como Direitos LingLiisticos individuais.
- Direito a igualdade lingUistica: 0 surdo tern direito a ser tratado lingOisticamente
com respeito e em condi<;:oes de igualdade.
- Direito a aquisiCjao da linguagem: 0 surdo tern direito a adquirir sua lingua
materna, a lingua de sinais, mesma que e5sa nao seja a lingua de seus pais;
- Direito de aprendizagem da lingua materna: Todo surdo tern direito a ser
alfabetizado em tempo habil e de S8 desenvolver lingOisticamente, segundo
preconizado pel a Educayao Permanente,
- Direito aD usa da lingua materna: 0 usa tern direito de usaf sua lingua materna
em carater permanente;
- Direito de fazer OP90es lingUisticas: 0 surdo tern 0 direito de optar por uma
lingua oral ou dos sinais segundo suas necessidades comunicativas;
- Direito a preserva930 e a defesa da lingua materna: Como minoria IingOistica,
os surdos tern direito de preservar e defender 0 uso da lingua materna.
- Direito ao enriquecimento e a valorizac;ao da lingua materna: Todo surdo tern
direito de contribuir ao acerco lexical da lingua materna e de valoriza-Ia como
instrurnento de comunica<;ao nos pianos local (municipal, estadual, regional, nacional
e internacional);
- Direito a aqujsj~ao aprendizagem de uma segunda lingua: Todo surdo, apes
sua escolariza<;8o inicial em Lingua de Sinais, tern 0 direito de aprender uma ou
rnais linguas (alern da materna);
- Direito a compreensao e a produ9ao plenas: 0 surdo tern direito de usar a
20
lingua que mais Ihe convier, oral ou de sinais, no intuito de compreender seu
interlocutor e de S8 fazer entender par ele. No case do usa da lingua oral, 0 surdo
tern direito de cometer lapsos, de auto corrigir-se, de empenhar-se a tim de ser claro,
preciso e relevante. 0 mesma deve valer para a Lingua de Sinais;
- Direito de receber tratamento especializado para disturbios da comunicaqao:
Todo surdo tern direito de reivindicar e de reeeber tratamento especializado para a
aquisi9ao de uma lingua oral;
- Direito linguistico da crianQa surda: Direito de ser "compreendida" pel os pais;
direito de reeeber dos pais dados lingiiisticos necessarios para seu desenvolvimento
lingliistico inicial (no periodo de aquisi~ao da lingua materna). No caso de os pais
serem Quvintes, estes devem dar aos filhos surdos a possibilidade de mutua
compreensao, aprendendo, tao logo descubram a surdez dos filhos, a lingua de
sinais.
- Direito linguistico dos pais de crianc;as surdas: Direito de aprender e usar sem
opressao a lingua de sinais, canal natural de comunicaC;ao para 0 filho surdo, para
que possa comunicar-se com ele na vida diaria e no periodo em que a interagao pais
e filhos se faz necessaria para a crianc;a;
- Direito lingUistico do surdo aprendiz da lingua oral: Direito de "errar" oralmente
ou por escrito sem ser punido, humilhado, por opc;oes lingOisticas inadequadas;
direito de ser sensibilizado contra os preconceitos e discriminac;oes de natureza
lingliistica (ou socio - lingliistica);
- Direito do professor surdo e de surdos: Direito de receber formaC;8o sabre a
natureza da lingua de sinais, sura estrutura e seus usos e de ensinar nesta lingua,
meio mais natural de comunicag80 com e/ou entre as surdos;
21
- Direito lingLiistico do surdo enquanto individuo bilingLie: Direito de mudar de
uma lingua para Dutra de acordo com a situ8yao que S8 Ihe apresente, desde que
assegure a compreensao da mensagem pelo Quvinte,
~ Direito lingi.iistico do surdo enquanto conferencista: Oireito de proferir palestra
na lingua de sinais, fazendo-s8 compreender e contando-se para iSso, com
interpretes ouvintes que dominern sua lingua de sinais e a lingua oral oficial da
situ8yao de congresso.
- Direito IingUistico do surdo de sa comunicar com as Qutros surdos: Direito de
usar lingua de sinais para S8 integrar com as outros surdos, primeiro passo para
uma integra,iio na soeiedade como urn todo. (Brito, 1993, p81)
Estes direitos linguisticos dos surdos podem ser reconhecidos, respeitados e
satisleitos pela Legisla,ao Edueaeional Brasileira .. e com isto podem despertar 0
interesse para urn problema de relevancia social que nao reconhecem LIBRAS como
a lingua oficial da eomunidade surda. ( Brito, 1993, p5)
2.8 - EDUCACiiO
Uma breve retrospectiva historica da educa~aodo surdo:
o mais antigo registro que trata sobre "Lingua de Sinais" e 0 do fil6solo grego
Socrates, quando perguntou ao seu discipulo: "Suponha que nos, os seres
humanos, quando nao falavamos e queriamos indicar objetos, uns para os outros,
nos a faziamos, como fazem os surdos mudos sinais com as maos, cabe~a, e
22
Essa foi a soluc;:ao encontrada tambem pelos monges beneditinos da Italia
cerca de 530 d.C mas pouco foi registrado sobre esse sistema usado por surdos ate
a Renascenc;;a, mil an as depois.
Ate 0 tim do seculo XV, nao haviam escolas especializadas para surdos por
causa de que na Europa, na epoca, 0 surdo era considerado incapaz de ser
ensinado. Por isso a pessoa surda foi excluida da sociedade e muitas vezes teve
sua sobrevivencia prejudicada. Existiam em alguns lugares leis que proibiam a surdo
de possuir ou herdar propriedades, casar-se, votar como os demais cidadaos. As
vezes foram excluidos somente os surdos que nao falavam, 0 que mostra que para
os ouvintes, 0 problema maior nao era a surdez, propriamente dita, e sim realmente
a falta de fala. Daquela epoca ate agora, ouvintes confundem a habilidade de falar
com voz e a inteligencia. A palavra "falan esta etimologicamente ligada ao
verbo/pensamento/ac;;ao, e nao ao simples ato de emitir som articulado.
Apesar desse preconceito geral, houve pessoas ouvintes que tentaram
ensinar os surdos, por exemplo, urn italiano Girolamo Gardano, que utilizava sinais e
linguagem escrita, e um espanhol, monge Benedito, chamado Pedro Ponce de Leon
que utilizava, alem de sinais, treinamento da voz e leitura de labios. Nos seculos
seguintes, houve outros professores de surdos, alguns acreditavam que a primeira
etapa da educa9ao para os surdos devia ser ensino da lingua falada (chamada de
metoda oral pur~) e outros que utilizavam a lingua de sinais ja conhecida pel os
alunos e 0 ensino de fala (metoda combinado). Entre estes professores foram Juan
Pablo Bonet daspanha, 0 Abbe Charles Michel de L'Epee da Fran9a, Samuel
Heinicke e Mortitz Hil da Alemanha, Alexandre Graham Bell, nascido da Suecia, mas
que morau no Canada enos Estados Unidos, e Ovide Decroly da Belgica.
23
Destes professores, 0 mais importante, do ponto de vista do desenvolvimento
de nossa lingua de sinais foi L"Epee, que usava 0 metodo combinado, porque foi de
seu Instituto na Franc;a, que veio ao Brasil, 0 professor surdo Ernest Huet, que aconvite de Dom Pedro II, trouxe um metodo de ensino, fundando a primeira escola
de surdos no Brasil no ano de 1857. 0 Instituto Nacional da Educa9ao de Surdos -
INES. Foi no INES que surgiu. da mistura da lingua de sinais francesa com os
sistemas ja usados pelos surdos das varias regi6es do Brasil, a Lingua Brasileira de
Sinais -LIBRAS. (FENEIS, 1994. p.11)
2.9 - A ANALISE DAS DIFICULDADES ESCOLARES DOS SURDOS BRASILEIROS
Para a maioria de escolas especiais de surdos no Brasil a capacidade da
crianc;a surda de aprender a falar uma ou outra palavra e mais importante do que a
certeza de que 0 conteudo tenha sido entendido. Entao, todas as atividades ficam
direcionadas a exercicios de fala e as atividades como a leitura e escrita, sendo que
as outras areas de conhecimentos se tornam secundarias. (Strobel. 1995, p.6).
o aluno surdo que consegue falar uma au outra palavra tern melhor vantagem
em assimilac;ao de conhecimentos enquanto a maioria fracassa e desiste apos
varias tentativas, fica quieto e conseqOentemente, 0 acesso ao conhecimento Ihe enegado, porque para estas escolas 0 talento de cada aluno e medida pela
capacidade de fala. (Idem. 1995, p.6).
Nas outras escolas especiais a alfabetizac;8.o da crianc;a surda geralmente e
compreendida num periodo de 2 a 3 anos para cada sarie enquanto da crianc;a
24
ouvinte e de urn ana, Com este ritmo lento a criany8 surda fica com 0 processo de
pensamento e desenvolvimento cognitiv~ e intelectual mais lento e quando ela
ingressa it escola regular para continuidade da escolaridade, fracassada, naD
conseguindo acompanhar 0 ritmo rapido dos ouvintes devido a barreira de
comunica9ao. ( Strobel, 1995, p.6)
Atraves de pesquisa realizada por profissionais da PUC (Pontificia
Universidade Cat6lica do Parana) em convenio com 0 CENESP (Centro Nacional de
Educa9ao Especial) publicada em ana de 1986 em Curitiba, constatou-se que 0
surdo apresenta muitas dificuldades em relac;:ao aas pre-requisitos quanta a
escolaridade, e 74% nao chega a concluir 0 primeiro grau. (idem, 1995, p.6)
Segundo a FENEIS (Federa9ao Nacional de Educagao e Integragao de
Surdos), 0 Brasil tern aproximadamente 5% da populagao surda total estudando em
Universidade e a maioria e incapaz de lidar com 0 portugues escrito. (Ibidem, 1995,
p.7).
A primeira pergunta que eu fiz a mim mesma ap6s anos de experiencias de
trabalho no ensina it crianC;:8 surda, naa alcanc;ava 0 exito escolar? Eu nao tinha
duvidas que 0 desenvolvimento da crianC;:8 surda naD dependia necessaria mente da
ausencia au presenC;8 de audic;:ao, pais ela e inteligente e e passive I ter
desenvolvimento semelhante a crianc;a ouvinte. Entao. "Porque a fracasso escolar emaior?". (Ibidem, 1995, p.7).
Ao ingressar na escola regular a crianc;a surda entrenta seu maior problema:
a barre ira da comunicaC;ao.
Qual 0 tipo de comunicagao adequada que ajudaria a crianga surda a
desenvolver-se mais intelectualmente?
25
E a LIBRAS (Lingua Brasileira de Sinais), sim e possivel ter 0
desenvolvimento semelhante a crianga ouvinte, contanto que tenha contato com a
LIBRAS desde cedo; assim a crian9a surda podeni se sentir como as outras crian9a,
fazer perguntar e obter respostas de professores, de pais e outras pessoas ou seja,
a curiosidade da crian9a surda sera satisfeita muitas vezes. (Strobel, 1995, p.7)
1510nao quer dizer que estou negando a crian9a surda 0 direito de se integrar
a sociedade ouvinte; pelo contrario, usando LIBRAS desde cedo ela assimila 0
conteudo e 0 desenvolve intelectual e emocionalmente, 0 que facilita a
aprendizagem da leitura, da tala e tera tor9a, autoconfian9a e base mais salida para
se integrar a sociedade sem complexo de inferioridade. (Idem, 1995, p.7).
Assim a crian9a surda pode iniciar sua vida em condi~oesde igualdade com a
crian9a ouvinte. Atraves da LIBRAS, os potenciais e talentos podem ser utilizados
permitindo-Ihe crescer como ser humano competente, pois damos a ela a
oporlunidade de desenvolvimento normal. (Ibidem, 1995, p.7)
Por muitos anos, os profissionais proibiram a crian9a surda 0 uso de LIBRAS,
defendendo 0 uso de oralismo puro, mas a LIBRAS nao desapareceu, resistiu
porque e a lingua natural, viva pr6pria da crian9a surda, e a necessidade que ela
tern de comunicar-se sem limitat;ao.
A crian9a surda usa LIBRAS espontaneamente em contato com outro surdo,
enquanto a lingua porluguesa (segunda lingua) ela tera que aprender, esta e a
fun9ao de fonoaudi610gos, profissionais e dos centros de reabilita9ao.
LIBRAS e 0 meio principal de aquisi9ao de conhecimentos, enquanto a lingua
portuguesa tern fundamentalmente, a fun9aO de uma lingua escrita, de leitura e
tambem de leitura labial e de fala. (Ibidem, 1995, p.7).
26
A Lingua de Sinais nac e universal, cada pais tern a sua, resultante da
cultura e grupo social que a utiliza. Do me$mD modo que existem varias linguas
orais estrangeiras, ha diferentes linguas de sinais ( Strobel, 1998, p. 2).
3 - RELATORIO DE PESQUISA DE CAMPO
27
Foram realizadas entrevistas com tres professores do ensina especial (uma
Fonoaudi61oga com especializa980 em Educa980 Especial e duas Pedagog as com
especializa980 em Psicopedagogia e Educa980 Especial) e tres pessoas da
comunidade surda.
3.1 - QUESTIONARIO PARA PROFESSORES DO ENSINO ESPECIAL
Na primeira pergunta sabre qual a papsl do professor do Ensino Especial
frente a Lingua de Sinais, todos as professores fcram unanimes em afirmar que a
Lingua de Sinais e fundamental para 0 desenvolvimento lingOistico e cognitiv~ da
crian~a surda.
Na segunda pergunta "Como aconteee 0 aprendizado do surdo durante as
primeiros anos de vida", dois professores afirmaram que e necessario desde bebe a
crianc;:a surda ter acesso a Libras. Urn professor acredita que depende
principalmente de que quanta maior 0 estimulo, maior 0 aprendizado.
Na terceira pergunta uComo e a aceitac;ao do professor do ensino regular em
relac;ao a Lingua de Sinais", dois professores afirmam que nao ha interesse por
parte dos professores em aprender a Lingua de Sinais. Um professor coloca que
vem aumentando 0 interesse desses professores pela dificuldade em se comunicar
com 0 aluno.
Na quarta pergunta "Como alguem pode dar a uma crian9a surda a
oportunidade de adquirir uma segunda lingua ( lingua portuguesa) a que tern direito
28
sem que haja defasagem nesse processo ", dais professores colocam que S8 desde
o nascimento for oportunizado cantata com Libras, a segunda lingua sera aprendida
durante 0 processQ de ensino-aprendizagem. Urn professor afirma que a Lingua
Portuguesa escrita deve ser apresentada a criang:8 surda 0 mais cedo passivel e
que a lingua oral deve ser cobrada desde 0 nascimento com participayao da familia,
escola e cornunidad8.
Na quinta pergunta "Quais os fatares que interferem para 0 desenvolvimento
lingliistico e cognitiv~ normal em crian~s surdas .•urn professor acredita que 0 que
interfere neste processo e a falta de direcionamento, a mistura das duas linguas e
estimulo tardio. Dois professores afirmam a nae aceitac;ao da surdez, naD ter
identidade surda e acesso a Libras tardio, com isso causando problemas
emocionais.
Na sexta pergunta "De que forma a lingua de sinais ajuda no desenvolvimento
linguistico e cognitive do surdo" houve unanimidade e afirmaram que a Libras e de
suma importancia e dara acesso a todas as informac;5es, isse facilitara para a
integrac;ao na sociedade. Um professor faz um adendo, diz que isse ocorre da
mesma forma cern a lingua falada e escrita para a crianc;a surda.
29
NOME:ESCOLA:TEMPO DE TRABALHO:
QUESTIONARIO PARA PROFESSORES DE ESCOLA ESPECIAL
1. Qual e 0 papel do professor do ensino especial frente a lingua de sinais?
2. Como aconteee 0 aprendizado do surdo durante as primeiros anos de vida?
3. Como e a aceita,ao do professor do ensino regular em rela,ao a lingua desinais?
4. Como alguem pode dar a urna crianya surda a oportunidade de adquirir urnasegunda lingua ( lingua portuguesa) a que tem direito sem que haja defasagemnesse processo?
5. Quais os fatores que interferem para 0 desenvolvimento Iinguistico e cognitivonormal em crian98s surdas?
6. De que forma a lingua de sinais ajuda no desenvolvimento linguistico e cognitiv~do surdo?
Obrigada pela colabora,ao ao responder!
Marta Rejane Proen98 Filietaz
30
3.2 - QUESTIONARIO PARA PESSOAS COM DEFICIENCIA AUDITIVA
Solicitou-se as pessoas deficientes auditivas, pertencentes a comunidade
surda, a gentileza de responderem 0 questionario relacionado a sua vida
academica. A idade cronologica se situa entre 17 a 39 anos, a nivel de
escolaridade duas pessoas surdas estao concluindo 0 i grau e a 3a
pessoa
portadora de surdez e pedagoga com especializa9ao em Educa9ao Especial.
Na primeira pergunta duas das pessoas entrevistadas ingressaram na escola
antes dos sete anos de idade e uma ingressou com rnais de sete anos.
Na segunda questao duas das entrevistadas sua primeira escola foi de
surdos e uma foi de surdos e ouvintes.
Na terceira pergunta que S8 referiu a idade que aprendeu a Lingua de Sinais,
duas pessoas responderam na intancia e uma na adolescemcia .
Na quarta pergunta "Voce usa (usava) a Lingua de Sinais", uma das
entrevistadas usava fora da sala de aula, a segunda somente fora da eseola e a
terceira em ambas as situac;oes.
Na quinta pergunta "Fez ou pretende fazer faculdade equal curso" , uma
coneluiu curso superior em Pedagogia e P6s-gradua<;ao em Educac;ao Especial e
duas pretendem cursar universidade de Computa<;8o e Letras.
Na sexta pergunta "Gosta de ler e Ie" todas as pessoas afirmaram , mas
apenas uma Ie livros didaticos da area de surdez as outras duas leem apenas livros
de romances, revistas e gibis.
Na setima pergunta "Quem ensinou a ler", duas pessoas responderam que foi a
familia, uma respondeu que foi a escols.
31
Na oitava pergunta sabre escrever redac;:ao, duas pessoas responderam que
apresentam uma certa dificuldade em escrever e uma pessoa afirmou que escreve
com facilidade.
Estes foram as resultados encontrados nesta pesquisa.
32
NOME:SEXO:IDADE:
FICHA DE ANAMNESE - ESCOLA
1. Voce entrou na escola:( ) 0 ate 07 anos de idade( ) com mais de 07 anos de idade
2. A sua primeira escola foi:() de surdos( ) de ouvintes() ambas
3. Com quantos anos voce aprendeu a lingua de sinais?( ) desde que voce nasceu( ) durante a infancia( ) durante a adolescencia() adulto
4. Voce usa ( usava ) a Lingua de Sinais:( ) na sala de aula() fora da sala de aula() ambas( ) somente fora da escola( ) nao usa (usava) a lingua de sinais
5. Voce fez au pretende fazer faculdade? Qual curso?R: _
6. Voce gosta de ler? E a que voce Ie?R: _
7. Quem ensinou voce a ler?() a escola() a familia() amigos() outros
8. Voce escreve redacao?( ) com facilidade( ) com dificuldade( ) mais au menos
Obrigada pela sua colabora9ao ao responder!
Marta Rejane Proen9a Filietaz
33
4 - ANALISE DE DADOS
Analisando e confrontando as dados dos questionarios colhidos, com a tearia,
percebe-se que a maioria dos entrevistados defendem a Lingua de Sinais para S8
comunicar porque e a primeira lingua (materna) e facilita a compreensao do que
esta acontecendo ao redor e para a aquisic;ao da Lingua Portuguesa. Aceitam a
Lingua Portuguesa com a mesma igualdade.
A maiaria evidencia a necessidade de S8r aceite e compreendido a Lingua
de Sinais com prioridade no desenvolvimento IingOistico e cognitive do surdo. A
aceitac;ao e compreensao da familia e pelos filhos, apesar dos membros desta naD
utilizarem a Lingua de Sinais, e de suma importancia. 0 surdo procura comunicar-se
com a familia com am bas as linguas ( Libras I Portugues).
A maiaria dos entrevistados ingressaram na escola entre a a 7 anos de
idade. Apenas um concluiu nivel superior, outros estao concluindo curso media.
As dificuldades aumentam ao ingressar no ensino regular, pais S8 deparam
com professores sem especializa<;ao e nao compreensao da necessidade de uma
avalia<;ao diferenciada para a crianr;a surda, principal mente da estrutura<;ao da
linguagem, pais e a Lingua de Sinais que organiza, de forma logica, as ideias dos
surdos e acaba tendo sua estrutura gramatical refletida nas suas atividades escritas,
par isso a maioria dos entrevistados apresentam dificuldades em escrever reda<;ao.
34
CONCLUSAO
Tem-se portanto, a ideia da necessidade para a crian9a surda a aquisi980 da
lingua de sinais 0 mais precoce passive] para que tenha urn desenvolvimento
linguistico normal para que depois tenha a oportunidade em adquirir a segunda
lingua (Lingua Portuguesa) sem defasagem no processo de alfabetiza980 para
depois estar bern integrada na sociedade. Pois sabe-sa-a que e mais faer] ensinar
uma crian9a surda a segunda lingua (Lingua Portuguesa) quando ja sabe como 0
sistema lingiiistico funciona na modalidade visual ja que e privada da modalidade
auditiva. Sabendo que as fatores que int8rferem no desenvolvimento lingOistico e
cognitive da crianC;8 surda e a falta da sus primeira lingua, a Libras (Lingua Brasileira
de Sinais). Uma vez que, de acordo com a visao oralista das escolas especiais de
surdos, a n0980 da linguagem esta equacionada a lingua oral, e como a crian9a tem
dificuldade de aprender a talar e consequentemente a sua capacidade em raciocinar
estara comprometida e a crianc;a cresee sem lingua alguma e isto atrasara no seu
desenvolvimento cognitiv~.
Com isto verifica-se pelas pesquisas feitas por Qutros autores, que ha
a mais precace passive!.
35
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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Janeiro, 1994, Caderno Espa90 - 4, Ministerio da Educa9ao e do
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36
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