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Jornada de
Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anais 2014
20 de agosto de 2014
wwwcasaruibarbosagovbr
Rua Satildeo Clemente 134 ndash Botafogo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Programaccedilatildeo
Abertura 9h30min ndash Palavras do Comitecirc Institucional do Programa de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Mesa 1 Centro de Memoacuteria e Informaccedilatildeo Avaliador externo Paulo Knauss de Mendonccedila (UFF e Arquivo Puacuteblico do Estado do Rio de Janeiro)Moderadoras Claudia Carvalho (FCRB) e Lucia Maria Velloso de Oliveira (FCRB)
9h40min ndash A casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro anatomia de interiores ediccedilatildeo de site Bolsista Iara Amaral Alves (Composiccedilatildeo de Interiores UFRJ)Orientadora Ana Pessoa dos Santos
9h50min ndash Ediccedilatildeo textual do site ldquoA casa senhorialrdquo Bolsista Barbara Ribeiro Gonccedilalves Letras (LetrasUFRJ)Orientadora Ana Pessoa dos Santos
10h ndash A elaboraccedilatildeo de um inventaacuterio da obra de Grandjean de Montigny avanccedilos e desafios Bolsista Katherine Nunes de Azevedo (Histoacuteria UFRJ)Orientadora Ana Pessoa dos Santos
10h10min ndash Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui BarbosaBolsista Rodrigo Porto Bozzetti (HistoacuteriaUFRJ)Orientador Edmar Gonccedilalves
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
10h20min ndash Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e texturaBolsista Viacutetor Kibaltchich Coelho (Arquitetura e Urbanismo UFRJ)Orientadora Claudia Carvalho
10h30min ndash Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acessoBolsista Daybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes (ArquivologiaUFF)Orientadora Lucia Maria Velloso de Oliveira
10h40min ndash Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivasBolsista Ana Carolina Monay dos Santos (Histoacuteria UERJ)Orientadora Lucia Maria Velloso de Oliveira
Debate
Mesa 2 Poliacuteticas Culturais e DireitoAvaliador externo Alan Rocha de Souza (UFRRJ)Moderadora Eliane Vasconcellos (FCRB)
11h ndash Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideacuteias Bolsista Gabriela Monteiro da Costa (HistoacuteriaUFF)Orientadora Lia Calabre de Azevedo
11h10min ndash A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC Bolsista Bianca Kremer Nogueira Correcirca (Histoacuteria da Arte UFRJ)Orientadora Lia Calabre de Azevedo
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11h20min ndash O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei SarneyBolsista Renata Duarte (HistoacuteriaUERJ)Orientadora Lia Calabre de Azevedo
11h30min ndash Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileiraBolsista Matheus Abreu Lopes de Andrade (DireitoUERJ)Orientadora Margarida Lacombe
Debate
Mesa 3 LetrasAvaliador externo Sofia de Sousa Silva (UFRJ) Moderadora Tacircnia Dias (FCRB)
14h ndash Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de AssisBolsista Maira Moreira Moura (LetrasUFRJ)Orientadora Marta de Senna
14h10min ndash A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de AssisBolsista Laiacuteza Steacutefane Verccedilosa do Nascimento (LetrasUFRJ)Orientadora Marta de Senna
14h20min ndash Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notasBolsista Larissa Santos de Lira (LetrasUFF)Orientadora Eliane Vasconcellos
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Debate
Mesa 4 HistoacuteriaAvaliador externo Luacutecia Maria Bastos Pereira das Neves (UERJ)Moderadora Lia Calabre de Azevedo (FCRB)
14h30min ndash Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil Bolsista Jaqueline Cavalcante Correia (HistoacuteriaPUCRio)Orientadora Ivana Stolze Lima
14h40min ndash O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVIIBolsista Cristiane da Rosa Elias (HistoacuteriaUERJ)Orientadora Ivana Stolze Lima
14h50min ndash Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatraisBolsista Nataacutelia Cristina Rezende da Silva (HistoacuteriaUERJ)Orientador Antonio Herculano Lopes
15hmin ndash Artur Azevedo o paladino da modernidadeBolsista Camilla Campoi de Sobral (HistoacuteriaUERJ)Orientador Antonio Herculano Lopes
Debate
Encerramento 15h20min ndash Annanda Galvatildeo Ferreira da Silva (doutoranda na Universidade de Granada e ex-bolsisa do Setor de Poliacuteticas Culturais da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa)
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A casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro anatomia de interiores ediccedilatildeo de site
Introduccedilatildeo
Ediccedilatildeo da seccedilatildeo brasileira do site do projeto ldquoA casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro anatomia
de interioresrdquo que implica na pesquisa seleccedilatildeo compilaccedilatildeo revisatildeo e diagramaccedilatildeo de imagens relacio-
nadas agraves casas estudadas no projeto
Objetivos
A proposta do projeto eacute estudar a casa senhorial nas cidades do Rio de Janeiro e Lisboa e assim fazer
uma anaacutelise da forma de morar da nobreza e da alta burguesia o interior dessas edificaccedilotildees foram o foco
principal a funccedilatildeo dos espaccedilos e como satildeo articulados a decoraccedilatildeo os objetos e mobiliaacuterios artistas e
artesatildeos que nelas trabalharam
Metodologia
Seleccedilatildeo de quais casas seriam inseridas no site a partir de estudos realizados em etapas anteriores
no projeto
Levantamento com os pesquisadores brasileiros de quais paracircmetros e cocircmodos deveriam ser destaca-
dos tendo como base trabalhos e pesquisas realizadas anteriormente
Bolsista Iara Amaral AlvesCursoInstituiccedilatildeoComposiccedilatildeo de Interiores Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos Santos ProjetoA casa senhorial entre Lisboa e o Rio de Janeiro (seacuteculos XVII XVIII e XIX) Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de site Agecircncia de financiamento FCRBPeriacuteodosetembro 2013 a julho 2014
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Elaboraccedilatildeo de padratildeo esteacutetico para as fotos
Renomeaccedilatildeo das fotos e reduccedilatildeo de seus tamanhos para o padratildeo aceitaacutevel pelo servidor
Ediccedilatildeo dos arquivos das plantas das casas estudadas de DWG para JPEG e ediccedilatildeo de acordo com o pa-
dratildeo estabelecido para o site
Inserccedilatildeo das imagens na ficha de sua respectiva casa observando os seguintes paracircmetros programa inte-
rior azulejaria estuques pintura decorativa decoraccedilatildeo diversa e equipamento moacutevel
Conclusatildeo
Podemos concluir que o meacutetodo criado para a apresentaccedilatildeo dos dados foi bem-sucedido e o objetivo
alcanccedilado o site consegue apresentar seu conteuacutedo de forma clara criando uma fonte de informaccedilatildeo
inovadora e muito acessiacutevel Aleacutem disso este pode ser alimentado por qualquer pessoa envolvida com o
projeto sendo necessaacuterio apenas instruccedilotildees baacutesicas quanto ao meacutetodo de formataccedilatildeo e inserccedilatildeo
Este trabalho eacute de grande contribuiccedilatildeo para historiadores pesquisadores arquitetos museoacutelogos e tan-
tos outros interessados no estudo do modo de viver da burguesia luso-carioca no periacuteodo estudado
Referecircncias bibliograacuteficas
BASE ICONOGRAFIA Arquivo histoacuterico e institucional FCRB
BASE MUSEU Museu Casa de Rui BarbosaFCRB
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FRANCO Afonso Arinos de Melo O palacete do caminho novo Solar da Marquesa de Santos Rio de Janeiro
UEG 1975
MUSEU DA REPUacuteBLICA Guia do Visitante Rio de Janeiro Museu da Repuacuteblica 1994
MUSEU CASA DE RUI BARBOSA Satildeo Paulo Banco Safra 2013
MUSEU IMPERIAL Satildeo Paulo Banco Safra 1992
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Bolsista Barbara Ribeiro Gonccedilalves CursoInstituiccedilatildeoLetras (PortuguecircsLiteraturas) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoA casa senhorial entre Lisboa e o Rio de Janeiro (seacuteculos XVII XVIII e XIX) Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siteAgecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Ediccedilatildeo textual do site ldquoA casa senhorialrdquo
Introduccedilatildeo
O projeto binacional ldquoA casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro (nos seacuteculos XVII XVIII e XIX)
Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siterdquo foi fomentado sob as diretrizes da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Bar-
bosa em parceria com a Universidade Nova de Lisboa (IHAFCSH da UNL) e associaccedilatildeo da Fundaccedilatildeo
Ricardo do Espiacuterito Santo Silva (ESADFRESS) elaborado no periacuteodo de 2011 a 2014
Objetivos
O projeto pauta-se no estudo das casas senhoriais por meio da sua perspectiva valorativa representa-
tiva histoacuterico-social e material Nele reuacutenem-se os resultados levantados dos espaccedilos interiores de dez
casas brasileiras vinte e cinco casas lisboetas e a influecircncia portuguesa existente nesses ambientes
Como o projeto abrange textos informativos e descritivos dados fotografias inventaacuterios e artigos de
acircmbito binacional percebeu-se a necessidade da elaboraccedilatildeo de um local em que se pudesse reunir com-
parar e preservar as informaccedilotildees obtidas tanto pela pesquisa brasileira quanto pela portuguesa
Desta forma o Centro de Memoacuteria e Informaccedilatildeo (CMI) da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa (FCRB) ini-
ciou o trabalho pioneiro de sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees obtidas atraveacutes da criaccedilatildeo de um site que
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agregasse a organizaccedilatildeo do material pesquisado a integraccedilatildeo cultural entre os dois paiacuteses assim como
fosse um suporte que servisse de apoio e utilizaccedilatildeo para consultas abertas agrave sociedade
Metodologia
Para a elaboraccedilatildeo de todo o conteuacutedo textual anexado ao site adotou-se uma metodologia uniforme
atraveacutes da elaboraccedilatildeo e preenchimento de fichas com os dados das casas e com a construccedilatildeo de um ma-
nual de normas descritivas a fim de padronizar linguisticamente e esteticamente todas as informaccedilotildees
arquitetocircnicas dos interiores das casas senhoriais
Deste modo toda atividade de inserccedilatildeo de materialdocumentaccedilatildeo artigos e textos incorporados agrave pla-
taforma tal como a formataccedilatildeo transformaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo dos dados levantados em formato de textos
online contribuem para a aparecircncia padronizaccedilatildeo organizaccedilatildeo compreensatildeo informacional sempre
objetivando a facilitaccedilatildeo de leitura dos conteuacutedos abordados
Assim as funccedilotildees do bolsista atuam na produccedilatildeo revisatildeo ortograacutefica descriccedilatildeo e divisatildeo de todo
o conteuacutedo textual tal como a padronizaccedilatildeo e formataccedilatildeo estiliacutestica do site Essas tarefas devem ser
pensadas de forma a ser compreensiacutevel por todos os tipos de leitores atentando para uma organizaccedilatildeo
esteacutetica e hieraacuterquica
Diante disso o trabalho de ediccedilatildeo busca proporcionar a apreensatildeo entendimento captaccedilatildeo e inclusatildeo
das informaccedilotildees e dados apurados veiculando-os da forma mais clara e plausiacutevel possiacutevel dentro de
uma fonte uacutenica e pioneira de pesquisa
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
Bases de dados
Base IconografiaArquivo histoacuterico e InstitucionalFCRB
Base MuseuMuseu Casa de Rui BarbosaFCRB
Museu Casa de Rui Barbosa Satildeo Paulo Banco Safra 2013
CONSERVACcedilAtildeO PreventivaFCRB Disponiacutevel em httpacervoscasaruibarbosagovbr
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A elaboraccedilatildeo de um inventaacuterio da obra de Grandjean de Montigny avanccedilos e desafios
Essa comunicaccedilatildeo tem como finalidade apresentar os resultados finais do projeto intitulado Gosto neo-
claacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850) desenvolvido pelo grupo de pesquisa
Museu-casa memoacuteria espaccedilo e representaccedilotildees O projeto tem como objetivo criar um inventaacuterio na
forma de base de dados dos desenhos do arquiteto de formaccedilatildeo francesa Auguste Henri Victor Grand-
jean de Montigny que chegou ao Brasil em 1816 como integrante da chamada ldquoMissatildeo Artiacutestica France-
sardquo e foi responsaacutevel pela criaccedilatildeo do curso de arquitetura e formaccedilatildeo de novos arquitetos que seguiram
seus ensinamentos
Por ter atuado na Franccedila Itaacutelia Westfaacutelia e Brasil seus desenhos estatildeo espalhados em distintas institui-
ccedilotildees nacionais e estrangeiras sendo relevante portanto a sistematizaccedilatildeo da sua obra em uma platafor-
ma digital documental que reuacutena as imagens das plantas e informaccedilotildees sobre sua produccedilatildeo intelectual
com o propoacutesito de possibilitar futuros estudos
A partir disso a primeira etapa da pesquisa consistiu em um levantamento dos desenhos de Grandjean
disponiacuteveis nos arquivos e na internet Com o apoio financeiro da FAPERJ foram produzidos registros
digitais de plantas e desenhos que se encontram no Museu D Joatildeo VI Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacio-
nal Arquivo Nacional Museu do Primeiro Reinado e no Museu Nacional de Belas Artes Aleacutem disso
Bolsista Katherine Nunes de AzevedoCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoGosto neoclaacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850)Agecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
reunimos tambeacutem as imagens que estavam digitalizadas nos arquivos Technische Universitaumlt Berlin ndash
Architekturmuseum (Universidade Teacutecnica de Berlim ndash Museu de Arquitetura)[1] Museumslandschaft
Hessen Kassel (Museu Hessen de Kassel)[2] Palaacutecio Nacional da Ajuda e Eacutecole Supeacuterieure National des
Beaux-Arts (Escola Superior Nacional de Belas Artes)[3]
Mesmo natildeo sendo desenhos de autoria de Grandjean de Montigny tambeacutem reproduzimos algumas
plantas que estatildeo no acervo do Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tra-
zem informaccedilotildees sobre sua residecircncia localizada na Gaacutevea[4] e a antiga Praccedila do Comeacutercio[5] Apesar de
natildeo serem pranchas formuladas pelo arquiteto elas satildeo relevantes na medida em que trazem detalhes
dos interiores de preacutedios idealizados por ele enquanto professor de arquitetura
Nesse uacuteltimo ano de pesquisa privilegiamos o aperfeiccediloamento dos campos da base de dados que
passou do formato Access para uma versatildeo on line com a sistematizaccedilatildeo de termos e nomenclaturas
anaacutelise das fontes de distintas tipologias que trouxessem informaccedilotildees sobre as plantas e a atuaccedilatildeo de
Grandjean de Montigny como arquiteto revisatildeo dos 325 itens da base de dados para corrigir equiacutevocos
de datas Aleacutem disso foi possiacutevel inferir hipoacuteteses sobre alguns desenhos que estatildeo na condiccedilatildeo de ldquosem
localizaccedilatildeordquo na base de dados
1 Traduccedilatildeo livre
2 Idem
3 Idem
4 Atual Solar Grandjean de Montigny
5 Atual Casa Franccedila-Brasil
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em relaccedilatildeo aos desafios da pesquisa eacute importante destacar as dificuldades que encontramos em formular
esse inventaacuterio tendo na maioria das vezes a necessidade de adiar a pesquisa devido agraves burocracias e em-
pecilhos impostos pelos arquivos puacuteblicos dificultando em alguns casos o acesso aos documentos Ape-
sar das adversidades conseguimos realizar um trabalho ineacutedito que traraacute avanccedilos em anaacutelises futuras
Referecircncias bibliograacuteficas
ACADEMIA IMPERIAL DE BELAS ARTESCataacutelogos das exposiccedilotildees gerais das Bellas Artes 1841-1843 1845
e 1850 e precircmios outorgados Rio de Janeiro [sn] 1843 25 p
MONTIGNY Grandjean A Famin Architectures toscane ou palais maisons et autres edifices de la Tos-
cane mensureacutes et dessineacutes Paris Denovilliers1837 Disponiacutevel em httpgallicabnffrark12148bp-
t6k5429296wr=Grandjean+de+Montigny2C+Auguste-Henri-VictorlangPT Acesso em 20 jun 2014
TELLES Angela Grandjean de Montignyda arquitetura revolucionaacuteria agrave civilizaccedilatildeo nos troacutepicos Rio de Janei-
ro Ed Arquivo Nacional 2008
FILHO Adolfo Morales de Los Rios Grandjean de Montigny e a evoluccedilatildeo da arte brasileira Empresa A
Noite [1946]
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa
Introduccedilatildeo
A fim de monitorar as condiccedilotildees climaacuteticas das suas aacutereas de guarda de acervo bibliograacutefico e museoloacute-
gico a Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa conta com 21 aparelhos denominados dataloggers distribuiacutedos por
toda a Fundaccedilatildeo Tais aparelhos mensuram a umidade relativa e a temperatura ambiente
Os dataloggers da Fundaccedilatildeo foram instalados em duas fases Os primeiros 14 entraram em operaccedilatildeo em
7 de abril de 2011 em 11 cocircmodos diferentes em todos os edifiacutecios da Fundaccedilatildeo Museu edifiacutecio sede
garagem e LAMIC (Laboratoacuterio de Microfilmagem) Jaacute os demais foram instalados em 26 de marccedilo de
2013 em diversas salas do museu
No entanto os uacutenicos ambientes que possuem condiccedilotildees climaacuteticas controladas totalmente por apare-
lhos ou seja isentos de influecircncias do meio externo satildeo os trecircs locais de guarda localizados no edifiacutecio
sede Biblioteca Arquivo e AMLB (Arquivo-Museu de Literatura Brasileira)
Objetivos
Este trabalho se propotildee a analisar as condiccedilotildees de temperatura ambiente e umidade relativa dos locais
de guarda do acervo bibliograacutefico da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa para poder identificar quais locais
BolsistaRodrigo Porto Bozzetti CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorEdmar Moraes Gonccedilalves ProjetoConservaccedilatildeo Integrada implantaccedilatildeo de programa de pesquisa no campo da deterioraccedilatildeo dos acervos documentaisAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
CALLOLMilagros Vaillant CARBOacute Mariacutea Teresa Domeacutenech RODRIGO Nieves Valentiacuten Uma mirada
hacia la conservacioacuten preventiva del patrimocircnio cultural Valencia Universidad Politeacutecnica de Valencia 2003
CARVALHO Claacuteudia SRodrigues de O espaccedilo como elemento de preservaccedilatildeo dos acervos com suporte em
papel Rio de Janeiro Centro de Memoacuteria da Academia Brasileira de Letras 1998 Disponiacutevel em lthttp
wwwcasaruibarbosagovbrdadosDOCartigosa-jFCRB_ClaudiaCarvalho_OEspaco_como_elemen-
to_representacao_dosacervos_com_suporte_em_papelpdfgt Acesso em 17 fev 2013
MAEKAWA Shin BELTRAN Vincent Collections care human comfort and Cimate control a case stu-
dy at the Casa de Rui Babosa Museum Conservation The GCI Newsletter v22 n1 2007 Disponiacutevel em
lthttpswwwgettyeduconservationpublications_resourcesnewsletters22_1news_in_cons1htmlgt
Acesso em 13 fev 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BELLOTTO Heloiacutesa Liberalli Arquivos permanentes tratamento documental 2 ed reve ampl Rio de Ja-
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instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
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CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
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41
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
2
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Programaccedilatildeo
Abertura 9h30min ndash Palavras do Comitecirc Institucional do Programa de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Mesa 1 Centro de Memoacuteria e Informaccedilatildeo Avaliador externo Paulo Knauss de Mendonccedila (UFF e Arquivo Puacuteblico do Estado do Rio de Janeiro)Moderadoras Claudia Carvalho (FCRB) e Lucia Maria Velloso de Oliveira (FCRB)
9h40min ndash A casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro anatomia de interiores ediccedilatildeo de site Bolsista Iara Amaral Alves (Composiccedilatildeo de Interiores UFRJ)Orientadora Ana Pessoa dos Santos
9h50min ndash Ediccedilatildeo textual do site ldquoA casa senhorialrdquo Bolsista Barbara Ribeiro Gonccedilalves Letras (LetrasUFRJ)Orientadora Ana Pessoa dos Santos
10h ndash A elaboraccedilatildeo de um inventaacuterio da obra de Grandjean de Montigny avanccedilos e desafios Bolsista Katherine Nunes de Azevedo (Histoacuteria UFRJ)Orientadora Ana Pessoa dos Santos
10h10min ndash Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui BarbosaBolsista Rodrigo Porto Bozzetti (HistoacuteriaUFRJ)Orientador Edmar Gonccedilalves
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
10h20min ndash Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e texturaBolsista Viacutetor Kibaltchich Coelho (Arquitetura e Urbanismo UFRJ)Orientadora Claudia Carvalho
10h30min ndash Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acessoBolsista Daybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes (ArquivologiaUFF)Orientadora Lucia Maria Velloso de Oliveira
10h40min ndash Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivasBolsista Ana Carolina Monay dos Santos (Histoacuteria UERJ)Orientadora Lucia Maria Velloso de Oliveira
Debate
Mesa 2 Poliacuteticas Culturais e DireitoAvaliador externo Alan Rocha de Souza (UFRRJ)Moderadora Eliane Vasconcellos (FCRB)
11h ndash Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideacuteias Bolsista Gabriela Monteiro da Costa (HistoacuteriaUFF)Orientadora Lia Calabre de Azevedo
11h10min ndash A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC Bolsista Bianca Kremer Nogueira Correcirca (Histoacuteria da Arte UFRJ)Orientadora Lia Calabre de Azevedo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
11h20min ndash O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei SarneyBolsista Renata Duarte (HistoacuteriaUERJ)Orientadora Lia Calabre de Azevedo
11h30min ndash Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileiraBolsista Matheus Abreu Lopes de Andrade (DireitoUERJ)Orientadora Margarida Lacombe
Debate
Mesa 3 LetrasAvaliador externo Sofia de Sousa Silva (UFRJ) Moderadora Tacircnia Dias (FCRB)
14h ndash Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de AssisBolsista Maira Moreira Moura (LetrasUFRJ)Orientadora Marta de Senna
14h10min ndash A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de AssisBolsista Laiacuteza Steacutefane Verccedilosa do Nascimento (LetrasUFRJ)Orientadora Marta de Senna
14h20min ndash Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notasBolsista Larissa Santos de Lira (LetrasUFF)Orientadora Eliane Vasconcellos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Debate
Mesa 4 HistoacuteriaAvaliador externo Luacutecia Maria Bastos Pereira das Neves (UERJ)Moderadora Lia Calabre de Azevedo (FCRB)
14h30min ndash Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil Bolsista Jaqueline Cavalcante Correia (HistoacuteriaPUCRio)Orientadora Ivana Stolze Lima
14h40min ndash O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVIIBolsista Cristiane da Rosa Elias (HistoacuteriaUERJ)Orientadora Ivana Stolze Lima
14h50min ndash Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatraisBolsista Nataacutelia Cristina Rezende da Silva (HistoacuteriaUERJ)Orientador Antonio Herculano Lopes
15hmin ndash Artur Azevedo o paladino da modernidadeBolsista Camilla Campoi de Sobral (HistoacuteriaUERJ)Orientador Antonio Herculano Lopes
Debate
Encerramento 15h20min ndash Annanda Galvatildeo Ferreira da Silva (doutoranda na Universidade de Granada e ex-bolsisa do Setor de Poliacuteticas Culturais da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro anatomia de interiores ediccedilatildeo de site
Introduccedilatildeo
Ediccedilatildeo da seccedilatildeo brasileira do site do projeto ldquoA casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro anatomia
de interioresrdquo que implica na pesquisa seleccedilatildeo compilaccedilatildeo revisatildeo e diagramaccedilatildeo de imagens relacio-
nadas agraves casas estudadas no projeto
Objetivos
A proposta do projeto eacute estudar a casa senhorial nas cidades do Rio de Janeiro e Lisboa e assim fazer
uma anaacutelise da forma de morar da nobreza e da alta burguesia o interior dessas edificaccedilotildees foram o foco
principal a funccedilatildeo dos espaccedilos e como satildeo articulados a decoraccedilatildeo os objetos e mobiliaacuterios artistas e
artesatildeos que nelas trabalharam
Metodologia
Seleccedilatildeo de quais casas seriam inseridas no site a partir de estudos realizados em etapas anteriores
no projeto
Levantamento com os pesquisadores brasileiros de quais paracircmetros e cocircmodos deveriam ser destaca-
dos tendo como base trabalhos e pesquisas realizadas anteriormente
Bolsista Iara Amaral AlvesCursoInstituiccedilatildeoComposiccedilatildeo de Interiores Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos Santos ProjetoA casa senhorial entre Lisboa e o Rio de Janeiro (seacuteculos XVII XVIII e XIX) Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de site Agecircncia de financiamento FCRBPeriacuteodosetembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Elaboraccedilatildeo de padratildeo esteacutetico para as fotos
Renomeaccedilatildeo das fotos e reduccedilatildeo de seus tamanhos para o padratildeo aceitaacutevel pelo servidor
Ediccedilatildeo dos arquivos das plantas das casas estudadas de DWG para JPEG e ediccedilatildeo de acordo com o pa-
dratildeo estabelecido para o site
Inserccedilatildeo das imagens na ficha de sua respectiva casa observando os seguintes paracircmetros programa inte-
rior azulejaria estuques pintura decorativa decoraccedilatildeo diversa e equipamento moacutevel
Conclusatildeo
Podemos concluir que o meacutetodo criado para a apresentaccedilatildeo dos dados foi bem-sucedido e o objetivo
alcanccedilado o site consegue apresentar seu conteuacutedo de forma clara criando uma fonte de informaccedilatildeo
inovadora e muito acessiacutevel Aleacutem disso este pode ser alimentado por qualquer pessoa envolvida com o
projeto sendo necessaacuterio apenas instruccedilotildees baacutesicas quanto ao meacutetodo de formataccedilatildeo e inserccedilatildeo
Este trabalho eacute de grande contribuiccedilatildeo para historiadores pesquisadores arquitetos museoacutelogos e tan-
tos outros interessados no estudo do modo de viver da burguesia luso-carioca no periacuteodo estudado
Referecircncias bibliograacuteficas
BASE ICONOGRAFIA Arquivo histoacuterico e institucional FCRB
BASE MUSEU Museu Casa de Rui BarbosaFCRB
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
FRANCO Afonso Arinos de Melo O palacete do caminho novo Solar da Marquesa de Santos Rio de Janeiro
UEG 1975
MUSEU DA REPUacuteBLICA Guia do Visitante Rio de Janeiro Museu da Repuacuteblica 1994
MUSEU CASA DE RUI BARBOSA Satildeo Paulo Banco Safra 2013
MUSEU IMPERIAL Satildeo Paulo Banco Safra 1992
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Bolsista Barbara Ribeiro Gonccedilalves CursoInstituiccedilatildeoLetras (PortuguecircsLiteraturas) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoA casa senhorial entre Lisboa e o Rio de Janeiro (seacuteculos XVII XVIII e XIX) Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siteAgecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Ediccedilatildeo textual do site ldquoA casa senhorialrdquo
Introduccedilatildeo
O projeto binacional ldquoA casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro (nos seacuteculos XVII XVIII e XIX)
Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siterdquo foi fomentado sob as diretrizes da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Bar-
bosa em parceria com a Universidade Nova de Lisboa (IHAFCSH da UNL) e associaccedilatildeo da Fundaccedilatildeo
Ricardo do Espiacuterito Santo Silva (ESADFRESS) elaborado no periacuteodo de 2011 a 2014
Objetivos
O projeto pauta-se no estudo das casas senhoriais por meio da sua perspectiva valorativa representa-
tiva histoacuterico-social e material Nele reuacutenem-se os resultados levantados dos espaccedilos interiores de dez
casas brasileiras vinte e cinco casas lisboetas e a influecircncia portuguesa existente nesses ambientes
Como o projeto abrange textos informativos e descritivos dados fotografias inventaacuterios e artigos de
acircmbito binacional percebeu-se a necessidade da elaboraccedilatildeo de um local em que se pudesse reunir com-
parar e preservar as informaccedilotildees obtidas tanto pela pesquisa brasileira quanto pela portuguesa
Desta forma o Centro de Memoacuteria e Informaccedilatildeo (CMI) da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa (FCRB) ini-
ciou o trabalho pioneiro de sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees obtidas atraveacutes da criaccedilatildeo de um site que
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
agregasse a organizaccedilatildeo do material pesquisado a integraccedilatildeo cultural entre os dois paiacuteses assim como
fosse um suporte que servisse de apoio e utilizaccedilatildeo para consultas abertas agrave sociedade
Metodologia
Para a elaboraccedilatildeo de todo o conteuacutedo textual anexado ao site adotou-se uma metodologia uniforme
atraveacutes da elaboraccedilatildeo e preenchimento de fichas com os dados das casas e com a construccedilatildeo de um ma-
nual de normas descritivas a fim de padronizar linguisticamente e esteticamente todas as informaccedilotildees
arquitetocircnicas dos interiores das casas senhoriais
Deste modo toda atividade de inserccedilatildeo de materialdocumentaccedilatildeo artigos e textos incorporados agrave pla-
taforma tal como a formataccedilatildeo transformaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo dos dados levantados em formato de textos
online contribuem para a aparecircncia padronizaccedilatildeo organizaccedilatildeo compreensatildeo informacional sempre
objetivando a facilitaccedilatildeo de leitura dos conteuacutedos abordados
Assim as funccedilotildees do bolsista atuam na produccedilatildeo revisatildeo ortograacutefica descriccedilatildeo e divisatildeo de todo
o conteuacutedo textual tal como a padronizaccedilatildeo e formataccedilatildeo estiliacutestica do site Essas tarefas devem ser
pensadas de forma a ser compreensiacutevel por todos os tipos de leitores atentando para uma organizaccedilatildeo
esteacutetica e hieraacuterquica
Diante disso o trabalho de ediccedilatildeo busca proporcionar a apreensatildeo entendimento captaccedilatildeo e inclusatildeo
das informaccedilotildees e dados apurados veiculando-os da forma mais clara e plausiacutevel possiacutevel dentro de
uma fonte uacutenica e pioneira de pesquisa
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
Bases de dados
Base IconografiaArquivo histoacuterico e InstitucionalFCRB
Base MuseuMuseu Casa de Rui BarbosaFCRB
Museu Casa de Rui Barbosa Satildeo Paulo Banco Safra 2013
CONSERVACcedilAtildeO PreventivaFCRB Disponiacutevel em httpacervoscasaruibarbosagovbr
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A elaboraccedilatildeo de um inventaacuterio da obra de Grandjean de Montigny avanccedilos e desafios
Essa comunicaccedilatildeo tem como finalidade apresentar os resultados finais do projeto intitulado Gosto neo-
claacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850) desenvolvido pelo grupo de pesquisa
Museu-casa memoacuteria espaccedilo e representaccedilotildees O projeto tem como objetivo criar um inventaacuterio na
forma de base de dados dos desenhos do arquiteto de formaccedilatildeo francesa Auguste Henri Victor Grand-
jean de Montigny que chegou ao Brasil em 1816 como integrante da chamada ldquoMissatildeo Artiacutestica France-
sardquo e foi responsaacutevel pela criaccedilatildeo do curso de arquitetura e formaccedilatildeo de novos arquitetos que seguiram
seus ensinamentos
Por ter atuado na Franccedila Itaacutelia Westfaacutelia e Brasil seus desenhos estatildeo espalhados em distintas institui-
ccedilotildees nacionais e estrangeiras sendo relevante portanto a sistematizaccedilatildeo da sua obra em uma platafor-
ma digital documental que reuacutena as imagens das plantas e informaccedilotildees sobre sua produccedilatildeo intelectual
com o propoacutesito de possibilitar futuros estudos
A partir disso a primeira etapa da pesquisa consistiu em um levantamento dos desenhos de Grandjean
disponiacuteveis nos arquivos e na internet Com o apoio financeiro da FAPERJ foram produzidos registros
digitais de plantas e desenhos que se encontram no Museu D Joatildeo VI Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacio-
nal Arquivo Nacional Museu do Primeiro Reinado e no Museu Nacional de Belas Artes Aleacutem disso
Bolsista Katherine Nunes de AzevedoCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoGosto neoclaacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850)Agecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
reunimos tambeacutem as imagens que estavam digitalizadas nos arquivos Technische Universitaumlt Berlin ndash
Architekturmuseum (Universidade Teacutecnica de Berlim ndash Museu de Arquitetura)[1] Museumslandschaft
Hessen Kassel (Museu Hessen de Kassel)[2] Palaacutecio Nacional da Ajuda e Eacutecole Supeacuterieure National des
Beaux-Arts (Escola Superior Nacional de Belas Artes)[3]
Mesmo natildeo sendo desenhos de autoria de Grandjean de Montigny tambeacutem reproduzimos algumas
plantas que estatildeo no acervo do Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tra-
zem informaccedilotildees sobre sua residecircncia localizada na Gaacutevea[4] e a antiga Praccedila do Comeacutercio[5] Apesar de
natildeo serem pranchas formuladas pelo arquiteto elas satildeo relevantes na medida em que trazem detalhes
dos interiores de preacutedios idealizados por ele enquanto professor de arquitetura
Nesse uacuteltimo ano de pesquisa privilegiamos o aperfeiccediloamento dos campos da base de dados que
passou do formato Access para uma versatildeo on line com a sistematizaccedilatildeo de termos e nomenclaturas
anaacutelise das fontes de distintas tipologias que trouxessem informaccedilotildees sobre as plantas e a atuaccedilatildeo de
Grandjean de Montigny como arquiteto revisatildeo dos 325 itens da base de dados para corrigir equiacutevocos
de datas Aleacutem disso foi possiacutevel inferir hipoacuteteses sobre alguns desenhos que estatildeo na condiccedilatildeo de ldquosem
localizaccedilatildeordquo na base de dados
1 Traduccedilatildeo livre
2 Idem
3 Idem
4 Atual Solar Grandjean de Montigny
5 Atual Casa Franccedila-Brasil
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em relaccedilatildeo aos desafios da pesquisa eacute importante destacar as dificuldades que encontramos em formular
esse inventaacuterio tendo na maioria das vezes a necessidade de adiar a pesquisa devido agraves burocracias e em-
pecilhos impostos pelos arquivos puacuteblicos dificultando em alguns casos o acesso aos documentos Ape-
sar das adversidades conseguimos realizar um trabalho ineacutedito que traraacute avanccedilos em anaacutelises futuras
Referecircncias bibliograacuteficas
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FILHO Adolfo Morales de Los Rios Grandjean de Montigny e a evoluccedilatildeo da arte brasileira Empresa A
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa
Introduccedilatildeo
A fim de monitorar as condiccedilotildees climaacuteticas das suas aacutereas de guarda de acervo bibliograacutefico e museoloacute-
gico a Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa conta com 21 aparelhos denominados dataloggers distribuiacutedos por
toda a Fundaccedilatildeo Tais aparelhos mensuram a umidade relativa e a temperatura ambiente
Os dataloggers da Fundaccedilatildeo foram instalados em duas fases Os primeiros 14 entraram em operaccedilatildeo em
7 de abril de 2011 em 11 cocircmodos diferentes em todos os edifiacutecios da Fundaccedilatildeo Museu edifiacutecio sede
garagem e LAMIC (Laboratoacuterio de Microfilmagem) Jaacute os demais foram instalados em 26 de marccedilo de
2013 em diversas salas do museu
No entanto os uacutenicos ambientes que possuem condiccedilotildees climaacuteticas controladas totalmente por apare-
lhos ou seja isentos de influecircncias do meio externo satildeo os trecircs locais de guarda localizados no edifiacutecio
sede Biblioteca Arquivo e AMLB (Arquivo-Museu de Literatura Brasileira)
Objetivos
Este trabalho se propotildee a analisar as condiccedilotildees de temperatura ambiente e umidade relativa dos locais
de guarda do acervo bibliograacutefico da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa para poder identificar quais locais
BolsistaRodrigo Porto Bozzetti CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorEdmar Moraes Gonccedilalves ProjetoConservaccedilatildeo Integrada implantaccedilatildeo de programa de pesquisa no campo da deterioraccedilatildeo dos acervos documentaisAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
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Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
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21
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
1 p 327-332
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal Publicaccedilotildees teacutecnicas n 51 p 232 2005
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rican Archivist Chicago The American Archivist v 70 n2 p 315-343 2007
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
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CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
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civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
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FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
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UFRGS 2007
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LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
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NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
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60
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
3
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
10h20min ndash Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e texturaBolsista Viacutetor Kibaltchich Coelho (Arquitetura e Urbanismo UFRJ)Orientadora Claudia Carvalho
10h30min ndash Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acessoBolsista Daybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes (ArquivologiaUFF)Orientadora Lucia Maria Velloso de Oliveira
10h40min ndash Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivasBolsista Ana Carolina Monay dos Santos (Histoacuteria UERJ)Orientadora Lucia Maria Velloso de Oliveira
Debate
Mesa 2 Poliacuteticas Culturais e DireitoAvaliador externo Alan Rocha de Souza (UFRRJ)Moderadora Eliane Vasconcellos (FCRB)
11h ndash Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideacuteias Bolsista Gabriela Monteiro da Costa (HistoacuteriaUFF)Orientadora Lia Calabre de Azevedo
11h10min ndash A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC Bolsista Bianca Kremer Nogueira Correcirca (Histoacuteria da Arte UFRJ)Orientadora Lia Calabre de Azevedo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
11h20min ndash O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei SarneyBolsista Renata Duarte (HistoacuteriaUERJ)Orientadora Lia Calabre de Azevedo
11h30min ndash Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileiraBolsista Matheus Abreu Lopes de Andrade (DireitoUERJ)Orientadora Margarida Lacombe
Debate
Mesa 3 LetrasAvaliador externo Sofia de Sousa Silva (UFRJ) Moderadora Tacircnia Dias (FCRB)
14h ndash Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de AssisBolsista Maira Moreira Moura (LetrasUFRJ)Orientadora Marta de Senna
14h10min ndash A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de AssisBolsista Laiacuteza Steacutefane Verccedilosa do Nascimento (LetrasUFRJ)Orientadora Marta de Senna
14h20min ndash Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notasBolsista Larissa Santos de Lira (LetrasUFF)Orientadora Eliane Vasconcellos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Debate
Mesa 4 HistoacuteriaAvaliador externo Luacutecia Maria Bastos Pereira das Neves (UERJ)Moderadora Lia Calabre de Azevedo (FCRB)
14h30min ndash Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil Bolsista Jaqueline Cavalcante Correia (HistoacuteriaPUCRio)Orientadora Ivana Stolze Lima
14h40min ndash O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVIIBolsista Cristiane da Rosa Elias (HistoacuteriaUERJ)Orientadora Ivana Stolze Lima
14h50min ndash Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatraisBolsista Nataacutelia Cristina Rezende da Silva (HistoacuteriaUERJ)Orientador Antonio Herculano Lopes
15hmin ndash Artur Azevedo o paladino da modernidadeBolsista Camilla Campoi de Sobral (HistoacuteriaUERJ)Orientador Antonio Herculano Lopes
Debate
Encerramento 15h20min ndash Annanda Galvatildeo Ferreira da Silva (doutoranda na Universidade de Granada e ex-bolsisa do Setor de Poliacuteticas Culturais da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro anatomia de interiores ediccedilatildeo de site
Introduccedilatildeo
Ediccedilatildeo da seccedilatildeo brasileira do site do projeto ldquoA casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro anatomia
de interioresrdquo que implica na pesquisa seleccedilatildeo compilaccedilatildeo revisatildeo e diagramaccedilatildeo de imagens relacio-
nadas agraves casas estudadas no projeto
Objetivos
A proposta do projeto eacute estudar a casa senhorial nas cidades do Rio de Janeiro e Lisboa e assim fazer
uma anaacutelise da forma de morar da nobreza e da alta burguesia o interior dessas edificaccedilotildees foram o foco
principal a funccedilatildeo dos espaccedilos e como satildeo articulados a decoraccedilatildeo os objetos e mobiliaacuterios artistas e
artesatildeos que nelas trabalharam
Metodologia
Seleccedilatildeo de quais casas seriam inseridas no site a partir de estudos realizados em etapas anteriores
no projeto
Levantamento com os pesquisadores brasileiros de quais paracircmetros e cocircmodos deveriam ser destaca-
dos tendo como base trabalhos e pesquisas realizadas anteriormente
Bolsista Iara Amaral AlvesCursoInstituiccedilatildeoComposiccedilatildeo de Interiores Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos Santos ProjetoA casa senhorial entre Lisboa e o Rio de Janeiro (seacuteculos XVII XVIII e XIX) Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de site Agecircncia de financiamento FCRBPeriacuteodosetembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Elaboraccedilatildeo de padratildeo esteacutetico para as fotos
Renomeaccedilatildeo das fotos e reduccedilatildeo de seus tamanhos para o padratildeo aceitaacutevel pelo servidor
Ediccedilatildeo dos arquivos das plantas das casas estudadas de DWG para JPEG e ediccedilatildeo de acordo com o pa-
dratildeo estabelecido para o site
Inserccedilatildeo das imagens na ficha de sua respectiva casa observando os seguintes paracircmetros programa inte-
rior azulejaria estuques pintura decorativa decoraccedilatildeo diversa e equipamento moacutevel
Conclusatildeo
Podemos concluir que o meacutetodo criado para a apresentaccedilatildeo dos dados foi bem-sucedido e o objetivo
alcanccedilado o site consegue apresentar seu conteuacutedo de forma clara criando uma fonte de informaccedilatildeo
inovadora e muito acessiacutevel Aleacutem disso este pode ser alimentado por qualquer pessoa envolvida com o
projeto sendo necessaacuterio apenas instruccedilotildees baacutesicas quanto ao meacutetodo de formataccedilatildeo e inserccedilatildeo
Este trabalho eacute de grande contribuiccedilatildeo para historiadores pesquisadores arquitetos museoacutelogos e tan-
tos outros interessados no estudo do modo de viver da burguesia luso-carioca no periacuteodo estudado
Referecircncias bibliograacuteficas
BASE ICONOGRAFIA Arquivo histoacuterico e institucional FCRB
BASE MUSEU Museu Casa de Rui BarbosaFCRB
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
FRANCO Afonso Arinos de Melo O palacete do caminho novo Solar da Marquesa de Santos Rio de Janeiro
UEG 1975
MUSEU DA REPUacuteBLICA Guia do Visitante Rio de Janeiro Museu da Repuacuteblica 1994
MUSEU CASA DE RUI BARBOSA Satildeo Paulo Banco Safra 2013
MUSEU IMPERIAL Satildeo Paulo Banco Safra 1992
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Bolsista Barbara Ribeiro Gonccedilalves CursoInstituiccedilatildeoLetras (PortuguecircsLiteraturas) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoA casa senhorial entre Lisboa e o Rio de Janeiro (seacuteculos XVII XVIII e XIX) Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siteAgecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Ediccedilatildeo textual do site ldquoA casa senhorialrdquo
Introduccedilatildeo
O projeto binacional ldquoA casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro (nos seacuteculos XVII XVIII e XIX)
Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siterdquo foi fomentado sob as diretrizes da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Bar-
bosa em parceria com a Universidade Nova de Lisboa (IHAFCSH da UNL) e associaccedilatildeo da Fundaccedilatildeo
Ricardo do Espiacuterito Santo Silva (ESADFRESS) elaborado no periacuteodo de 2011 a 2014
Objetivos
O projeto pauta-se no estudo das casas senhoriais por meio da sua perspectiva valorativa representa-
tiva histoacuterico-social e material Nele reuacutenem-se os resultados levantados dos espaccedilos interiores de dez
casas brasileiras vinte e cinco casas lisboetas e a influecircncia portuguesa existente nesses ambientes
Como o projeto abrange textos informativos e descritivos dados fotografias inventaacuterios e artigos de
acircmbito binacional percebeu-se a necessidade da elaboraccedilatildeo de um local em que se pudesse reunir com-
parar e preservar as informaccedilotildees obtidas tanto pela pesquisa brasileira quanto pela portuguesa
Desta forma o Centro de Memoacuteria e Informaccedilatildeo (CMI) da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa (FCRB) ini-
ciou o trabalho pioneiro de sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees obtidas atraveacutes da criaccedilatildeo de um site que
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
agregasse a organizaccedilatildeo do material pesquisado a integraccedilatildeo cultural entre os dois paiacuteses assim como
fosse um suporte que servisse de apoio e utilizaccedilatildeo para consultas abertas agrave sociedade
Metodologia
Para a elaboraccedilatildeo de todo o conteuacutedo textual anexado ao site adotou-se uma metodologia uniforme
atraveacutes da elaboraccedilatildeo e preenchimento de fichas com os dados das casas e com a construccedilatildeo de um ma-
nual de normas descritivas a fim de padronizar linguisticamente e esteticamente todas as informaccedilotildees
arquitetocircnicas dos interiores das casas senhoriais
Deste modo toda atividade de inserccedilatildeo de materialdocumentaccedilatildeo artigos e textos incorporados agrave pla-
taforma tal como a formataccedilatildeo transformaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo dos dados levantados em formato de textos
online contribuem para a aparecircncia padronizaccedilatildeo organizaccedilatildeo compreensatildeo informacional sempre
objetivando a facilitaccedilatildeo de leitura dos conteuacutedos abordados
Assim as funccedilotildees do bolsista atuam na produccedilatildeo revisatildeo ortograacutefica descriccedilatildeo e divisatildeo de todo
o conteuacutedo textual tal como a padronizaccedilatildeo e formataccedilatildeo estiliacutestica do site Essas tarefas devem ser
pensadas de forma a ser compreensiacutevel por todos os tipos de leitores atentando para uma organizaccedilatildeo
esteacutetica e hieraacuterquica
Diante disso o trabalho de ediccedilatildeo busca proporcionar a apreensatildeo entendimento captaccedilatildeo e inclusatildeo
das informaccedilotildees e dados apurados veiculando-os da forma mais clara e plausiacutevel possiacutevel dentro de
uma fonte uacutenica e pioneira de pesquisa
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
Bases de dados
Base IconografiaArquivo histoacuterico e InstitucionalFCRB
Base MuseuMuseu Casa de Rui BarbosaFCRB
Museu Casa de Rui Barbosa Satildeo Paulo Banco Safra 2013
CONSERVACcedilAtildeO PreventivaFCRB Disponiacutevel em httpacervoscasaruibarbosagovbr
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A elaboraccedilatildeo de um inventaacuterio da obra de Grandjean de Montigny avanccedilos e desafios
Essa comunicaccedilatildeo tem como finalidade apresentar os resultados finais do projeto intitulado Gosto neo-
claacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850) desenvolvido pelo grupo de pesquisa
Museu-casa memoacuteria espaccedilo e representaccedilotildees O projeto tem como objetivo criar um inventaacuterio na
forma de base de dados dos desenhos do arquiteto de formaccedilatildeo francesa Auguste Henri Victor Grand-
jean de Montigny que chegou ao Brasil em 1816 como integrante da chamada ldquoMissatildeo Artiacutestica France-
sardquo e foi responsaacutevel pela criaccedilatildeo do curso de arquitetura e formaccedilatildeo de novos arquitetos que seguiram
seus ensinamentos
Por ter atuado na Franccedila Itaacutelia Westfaacutelia e Brasil seus desenhos estatildeo espalhados em distintas institui-
ccedilotildees nacionais e estrangeiras sendo relevante portanto a sistematizaccedilatildeo da sua obra em uma platafor-
ma digital documental que reuacutena as imagens das plantas e informaccedilotildees sobre sua produccedilatildeo intelectual
com o propoacutesito de possibilitar futuros estudos
A partir disso a primeira etapa da pesquisa consistiu em um levantamento dos desenhos de Grandjean
disponiacuteveis nos arquivos e na internet Com o apoio financeiro da FAPERJ foram produzidos registros
digitais de plantas e desenhos que se encontram no Museu D Joatildeo VI Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacio-
nal Arquivo Nacional Museu do Primeiro Reinado e no Museu Nacional de Belas Artes Aleacutem disso
Bolsista Katherine Nunes de AzevedoCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoGosto neoclaacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850)Agecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
reunimos tambeacutem as imagens que estavam digitalizadas nos arquivos Technische Universitaumlt Berlin ndash
Architekturmuseum (Universidade Teacutecnica de Berlim ndash Museu de Arquitetura)[1] Museumslandschaft
Hessen Kassel (Museu Hessen de Kassel)[2] Palaacutecio Nacional da Ajuda e Eacutecole Supeacuterieure National des
Beaux-Arts (Escola Superior Nacional de Belas Artes)[3]
Mesmo natildeo sendo desenhos de autoria de Grandjean de Montigny tambeacutem reproduzimos algumas
plantas que estatildeo no acervo do Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tra-
zem informaccedilotildees sobre sua residecircncia localizada na Gaacutevea[4] e a antiga Praccedila do Comeacutercio[5] Apesar de
natildeo serem pranchas formuladas pelo arquiteto elas satildeo relevantes na medida em que trazem detalhes
dos interiores de preacutedios idealizados por ele enquanto professor de arquitetura
Nesse uacuteltimo ano de pesquisa privilegiamos o aperfeiccediloamento dos campos da base de dados que
passou do formato Access para uma versatildeo on line com a sistematizaccedilatildeo de termos e nomenclaturas
anaacutelise das fontes de distintas tipologias que trouxessem informaccedilotildees sobre as plantas e a atuaccedilatildeo de
Grandjean de Montigny como arquiteto revisatildeo dos 325 itens da base de dados para corrigir equiacutevocos
de datas Aleacutem disso foi possiacutevel inferir hipoacuteteses sobre alguns desenhos que estatildeo na condiccedilatildeo de ldquosem
localizaccedilatildeordquo na base de dados
1 Traduccedilatildeo livre
2 Idem
3 Idem
4 Atual Solar Grandjean de Montigny
5 Atual Casa Franccedila-Brasil
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em relaccedilatildeo aos desafios da pesquisa eacute importante destacar as dificuldades que encontramos em formular
esse inventaacuterio tendo na maioria das vezes a necessidade de adiar a pesquisa devido agraves burocracias e em-
pecilhos impostos pelos arquivos puacuteblicos dificultando em alguns casos o acesso aos documentos Ape-
sar das adversidades conseguimos realizar um trabalho ineacutedito que traraacute avanccedilos em anaacutelises futuras
Referecircncias bibliograacuteficas
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FILHO Adolfo Morales de Los Rios Grandjean de Montigny e a evoluccedilatildeo da arte brasileira Empresa A
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa
Introduccedilatildeo
A fim de monitorar as condiccedilotildees climaacuteticas das suas aacutereas de guarda de acervo bibliograacutefico e museoloacute-
gico a Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa conta com 21 aparelhos denominados dataloggers distribuiacutedos por
toda a Fundaccedilatildeo Tais aparelhos mensuram a umidade relativa e a temperatura ambiente
Os dataloggers da Fundaccedilatildeo foram instalados em duas fases Os primeiros 14 entraram em operaccedilatildeo em
7 de abril de 2011 em 11 cocircmodos diferentes em todos os edifiacutecios da Fundaccedilatildeo Museu edifiacutecio sede
garagem e LAMIC (Laboratoacuterio de Microfilmagem) Jaacute os demais foram instalados em 26 de marccedilo de
2013 em diversas salas do museu
No entanto os uacutenicos ambientes que possuem condiccedilotildees climaacuteticas controladas totalmente por apare-
lhos ou seja isentos de influecircncias do meio externo satildeo os trecircs locais de guarda localizados no edifiacutecio
sede Biblioteca Arquivo e AMLB (Arquivo-Museu de Literatura Brasileira)
Objetivos
Este trabalho se propotildee a analisar as condiccedilotildees de temperatura ambiente e umidade relativa dos locais
de guarda do acervo bibliograacutefico da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa para poder identificar quais locais
BolsistaRodrigo Porto Bozzetti CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorEdmar Moraes Gonccedilalves ProjetoConservaccedilatildeo Integrada implantaccedilatildeo de programa de pesquisa no campo da deterioraccedilatildeo dos acervos documentaisAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
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Acesso em 13 fev 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
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Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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CAMARGO Ana Maria de Almeida Sobre arquivos pessoais Arquivo ampAdministraccedilatildeo Rio de Janeiro
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DURANTI Luciana Diplomaacutetica usos nuevos para una antigua ciencia Traduccedilatildeo de Manuel Vaacutezquez
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OLIVEIRA Lucia Maria Velloso de Descriccedilatildeo e pesquisa reflexotildees em torno dos arquivos pessoais Rio
de Janeiro Moacutebile 2012
______ A descriccedilatildeo arquiviacutestica o arquivista e a reinvenccedilatildeo dos arquivos In OLIVEIRA Lucia Maria
Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
1 p 327-332
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal Publicaccedilotildees teacutecnicas n 51 p 232 2005
DURANTI Luciana The archival bond Archives and Museum Informatics Netherlands Kluwer Acade-
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rican Archivist Chicago The American Archivist v 70 n2 p 315-343 2007
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
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FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
37
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
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2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
40
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
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POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
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______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
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LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
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LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
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boa Bertrand 1898
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SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
60
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
4
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
11h20min ndash O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei SarneyBolsista Renata Duarte (HistoacuteriaUERJ)Orientadora Lia Calabre de Azevedo
11h30min ndash Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileiraBolsista Matheus Abreu Lopes de Andrade (DireitoUERJ)Orientadora Margarida Lacombe
Debate
Mesa 3 LetrasAvaliador externo Sofia de Sousa Silva (UFRJ) Moderadora Tacircnia Dias (FCRB)
14h ndash Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de AssisBolsista Maira Moreira Moura (LetrasUFRJ)Orientadora Marta de Senna
14h10min ndash A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de AssisBolsista Laiacuteza Steacutefane Verccedilosa do Nascimento (LetrasUFRJ)Orientadora Marta de Senna
14h20min ndash Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notasBolsista Larissa Santos de Lira (LetrasUFF)Orientadora Eliane Vasconcellos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Debate
Mesa 4 HistoacuteriaAvaliador externo Luacutecia Maria Bastos Pereira das Neves (UERJ)Moderadora Lia Calabre de Azevedo (FCRB)
14h30min ndash Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil Bolsista Jaqueline Cavalcante Correia (HistoacuteriaPUCRio)Orientadora Ivana Stolze Lima
14h40min ndash O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVIIBolsista Cristiane da Rosa Elias (HistoacuteriaUERJ)Orientadora Ivana Stolze Lima
14h50min ndash Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatraisBolsista Nataacutelia Cristina Rezende da Silva (HistoacuteriaUERJ)Orientador Antonio Herculano Lopes
15hmin ndash Artur Azevedo o paladino da modernidadeBolsista Camilla Campoi de Sobral (HistoacuteriaUERJ)Orientador Antonio Herculano Lopes
Debate
Encerramento 15h20min ndash Annanda Galvatildeo Ferreira da Silva (doutoranda na Universidade de Granada e ex-bolsisa do Setor de Poliacuteticas Culturais da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro anatomia de interiores ediccedilatildeo de site
Introduccedilatildeo
Ediccedilatildeo da seccedilatildeo brasileira do site do projeto ldquoA casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro anatomia
de interioresrdquo que implica na pesquisa seleccedilatildeo compilaccedilatildeo revisatildeo e diagramaccedilatildeo de imagens relacio-
nadas agraves casas estudadas no projeto
Objetivos
A proposta do projeto eacute estudar a casa senhorial nas cidades do Rio de Janeiro e Lisboa e assim fazer
uma anaacutelise da forma de morar da nobreza e da alta burguesia o interior dessas edificaccedilotildees foram o foco
principal a funccedilatildeo dos espaccedilos e como satildeo articulados a decoraccedilatildeo os objetos e mobiliaacuterios artistas e
artesatildeos que nelas trabalharam
Metodologia
Seleccedilatildeo de quais casas seriam inseridas no site a partir de estudos realizados em etapas anteriores
no projeto
Levantamento com os pesquisadores brasileiros de quais paracircmetros e cocircmodos deveriam ser destaca-
dos tendo como base trabalhos e pesquisas realizadas anteriormente
Bolsista Iara Amaral AlvesCursoInstituiccedilatildeoComposiccedilatildeo de Interiores Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos Santos ProjetoA casa senhorial entre Lisboa e o Rio de Janeiro (seacuteculos XVII XVIII e XIX) Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de site Agecircncia de financiamento FCRBPeriacuteodosetembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Elaboraccedilatildeo de padratildeo esteacutetico para as fotos
Renomeaccedilatildeo das fotos e reduccedilatildeo de seus tamanhos para o padratildeo aceitaacutevel pelo servidor
Ediccedilatildeo dos arquivos das plantas das casas estudadas de DWG para JPEG e ediccedilatildeo de acordo com o pa-
dratildeo estabelecido para o site
Inserccedilatildeo das imagens na ficha de sua respectiva casa observando os seguintes paracircmetros programa inte-
rior azulejaria estuques pintura decorativa decoraccedilatildeo diversa e equipamento moacutevel
Conclusatildeo
Podemos concluir que o meacutetodo criado para a apresentaccedilatildeo dos dados foi bem-sucedido e o objetivo
alcanccedilado o site consegue apresentar seu conteuacutedo de forma clara criando uma fonte de informaccedilatildeo
inovadora e muito acessiacutevel Aleacutem disso este pode ser alimentado por qualquer pessoa envolvida com o
projeto sendo necessaacuterio apenas instruccedilotildees baacutesicas quanto ao meacutetodo de formataccedilatildeo e inserccedilatildeo
Este trabalho eacute de grande contribuiccedilatildeo para historiadores pesquisadores arquitetos museoacutelogos e tan-
tos outros interessados no estudo do modo de viver da burguesia luso-carioca no periacuteodo estudado
Referecircncias bibliograacuteficas
BASE ICONOGRAFIA Arquivo histoacuterico e institucional FCRB
BASE MUSEU Museu Casa de Rui BarbosaFCRB
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
FRANCO Afonso Arinos de Melo O palacete do caminho novo Solar da Marquesa de Santos Rio de Janeiro
UEG 1975
MUSEU DA REPUacuteBLICA Guia do Visitante Rio de Janeiro Museu da Repuacuteblica 1994
MUSEU CASA DE RUI BARBOSA Satildeo Paulo Banco Safra 2013
MUSEU IMPERIAL Satildeo Paulo Banco Safra 1992
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Bolsista Barbara Ribeiro Gonccedilalves CursoInstituiccedilatildeoLetras (PortuguecircsLiteraturas) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoA casa senhorial entre Lisboa e o Rio de Janeiro (seacuteculos XVII XVIII e XIX) Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siteAgecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Ediccedilatildeo textual do site ldquoA casa senhorialrdquo
Introduccedilatildeo
O projeto binacional ldquoA casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro (nos seacuteculos XVII XVIII e XIX)
Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siterdquo foi fomentado sob as diretrizes da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Bar-
bosa em parceria com a Universidade Nova de Lisboa (IHAFCSH da UNL) e associaccedilatildeo da Fundaccedilatildeo
Ricardo do Espiacuterito Santo Silva (ESADFRESS) elaborado no periacuteodo de 2011 a 2014
Objetivos
O projeto pauta-se no estudo das casas senhoriais por meio da sua perspectiva valorativa representa-
tiva histoacuterico-social e material Nele reuacutenem-se os resultados levantados dos espaccedilos interiores de dez
casas brasileiras vinte e cinco casas lisboetas e a influecircncia portuguesa existente nesses ambientes
Como o projeto abrange textos informativos e descritivos dados fotografias inventaacuterios e artigos de
acircmbito binacional percebeu-se a necessidade da elaboraccedilatildeo de um local em que se pudesse reunir com-
parar e preservar as informaccedilotildees obtidas tanto pela pesquisa brasileira quanto pela portuguesa
Desta forma o Centro de Memoacuteria e Informaccedilatildeo (CMI) da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa (FCRB) ini-
ciou o trabalho pioneiro de sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees obtidas atraveacutes da criaccedilatildeo de um site que
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
agregasse a organizaccedilatildeo do material pesquisado a integraccedilatildeo cultural entre os dois paiacuteses assim como
fosse um suporte que servisse de apoio e utilizaccedilatildeo para consultas abertas agrave sociedade
Metodologia
Para a elaboraccedilatildeo de todo o conteuacutedo textual anexado ao site adotou-se uma metodologia uniforme
atraveacutes da elaboraccedilatildeo e preenchimento de fichas com os dados das casas e com a construccedilatildeo de um ma-
nual de normas descritivas a fim de padronizar linguisticamente e esteticamente todas as informaccedilotildees
arquitetocircnicas dos interiores das casas senhoriais
Deste modo toda atividade de inserccedilatildeo de materialdocumentaccedilatildeo artigos e textos incorporados agrave pla-
taforma tal como a formataccedilatildeo transformaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo dos dados levantados em formato de textos
online contribuem para a aparecircncia padronizaccedilatildeo organizaccedilatildeo compreensatildeo informacional sempre
objetivando a facilitaccedilatildeo de leitura dos conteuacutedos abordados
Assim as funccedilotildees do bolsista atuam na produccedilatildeo revisatildeo ortograacutefica descriccedilatildeo e divisatildeo de todo
o conteuacutedo textual tal como a padronizaccedilatildeo e formataccedilatildeo estiliacutestica do site Essas tarefas devem ser
pensadas de forma a ser compreensiacutevel por todos os tipos de leitores atentando para uma organizaccedilatildeo
esteacutetica e hieraacuterquica
Diante disso o trabalho de ediccedilatildeo busca proporcionar a apreensatildeo entendimento captaccedilatildeo e inclusatildeo
das informaccedilotildees e dados apurados veiculando-os da forma mais clara e plausiacutevel possiacutevel dentro de
uma fonte uacutenica e pioneira de pesquisa
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
Bases de dados
Base IconografiaArquivo histoacuterico e InstitucionalFCRB
Base MuseuMuseu Casa de Rui BarbosaFCRB
Museu Casa de Rui Barbosa Satildeo Paulo Banco Safra 2013
CONSERVACcedilAtildeO PreventivaFCRB Disponiacutevel em httpacervoscasaruibarbosagovbr
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A elaboraccedilatildeo de um inventaacuterio da obra de Grandjean de Montigny avanccedilos e desafios
Essa comunicaccedilatildeo tem como finalidade apresentar os resultados finais do projeto intitulado Gosto neo-
claacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850) desenvolvido pelo grupo de pesquisa
Museu-casa memoacuteria espaccedilo e representaccedilotildees O projeto tem como objetivo criar um inventaacuterio na
forma de base de dados dos desenhos do arquiteto de formaccedilatildeo francesa Auguste Henri Victor Grand-
jean de Montigny que chegou ao Brasil em 1816 como integrante da chamada ldquoMissatildeo Artiacutestica France-
sardquo e foi responsaacutevel pela criaccedilatildeo do curso de arquitetura e formaccedilatildeo de novos arquitetos que seguiram
seus ensinamentos
Por ter atuado na Franccedila Itaacutelia Westfaacutelia e Brasil seus desenhos estatildeo espalhados em distintas institui-
ccedilotildees nacionais e estrangeiras sendo relevante portanto a sistematizaccedilatildeo da sua obra em uma platafor-
ma digital documental que reuacutena as imagens das plantas e informaccedilotildees sobre sua produccedilatildeo intelectual
com o propoacutesito de possibilitar futuros estudos
A partir disso a primeira etapa da pesquisa consistiu em um levantamento dos desenhos de Grandjean
disponiacuteveis nos arquivos e na internet Com o apoio financeiro da FAPERJ foram produzidos registros
digitais de plantas e desenhos que se encontram no Museu D Joatildeo VI Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacio-
nal Arquivo Nacional Museu do Primeiro Reinado e no Museu Nacional de Belas Artes Aleacutem disso
Bolsista Katherine Nunes de AzevedoCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoGosto neoclaacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850)Agecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
reunimos tambeacutem as imagens que estavam digitalizadas nos arquivos Technische Universitaumlt Berlin ndash
Architekturmuseum (Universidade Teacutecnica de Berlim ndash Museu de Arquitetura)[1] Museumslandschaft
Hessen Kassel (Museu Hessen de Kassel)[2] Palaacutecio Nacional da Ajuda e Eacutecole Supeacuterieure National des
Beaux-Arts (Escola Superior Nacional de Belas Artes)[3]
Mesmo natildeo sendo desenhos de autoria de Grandjean de Montigny tambeacutem reproduzimos algumas
plantas que estatildeo no acervo do Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tra-
zem informaccedilotildees sobre sua residecircncia localizada na Gaacutevea[4] e a antiga Praccedila do Comeacutercio[5] Apesar de
natildeo serem pranchas formuladas pelo arquiteto elas satildeo relevantes na medida em que trazem detalhes
dos interiores de preacutedios idealizados por ele enquanto professor de arquitetura
Nesse uacuteltimo ano de pesquisa privilegiamos o aperfeiccediloamento dos campos da base de dados que
passou do formato Access para uma versatildeo on line com a sistematizaccedilatildeo de termos e nomenclaturas
anaacutelise das fontes de distintas tipologias que trouxessem informaccedilotildees sobre as plantas e a atuaccedilatildeo de
Grandjean de Montigny como arquiteto revisatildeo dos 325 itens da base de dados para corrigir equiacutevocos
de datas Aleacutem disso foi possiacutevel inferir hipoacuteteses sobre alguns desenhos que estatildeo na condiccedilatildeo de ldquosem
localizaccedilatildeordquo na base de dados
1 Traduccedilatildeo livre
2 Idem
3 Idem
4 Atual Solar Grandjean de Montigny
5 Atual Casa Franccedila-Brasil
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em relaccedilatildeo aos desafios da pesquisa eacute importante destacar as dificuldades que encontramos em formular
esse inventaacuterio tendo na maioria das vezes a necessidade de adiar a pesquisa devido agraves burocracias e em-
pecilhos impostos pelos arquivos puacuteblicos dificultando em alguns casos o acesso aos documentos Ape-
sar das adversidades conseguimos realizar um trabalho ineacutedito que traraacute avanccedilos em anaacutelises futuras
Referecircncias bibliograacuteficas
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ro Ed Arquivo Nacional 2008
FILHO Adolfo Morales de Los Rios Grandjean de Montigny e a evoluccedilatildeo da arte brasileira Empresa A
Noite [1946]
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa
Introduccedilatildeo
A fim de monitorar as condiccedilotildees climaacuteticas das suas aacutereas de guarda de acervo bibliograacutefico e museoloacute-
gico a Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa conta com 21 aparelhos denominados dataloggers distribuiacutedos por
toda a Fundaccedilatildeo Tais aparelhos mensuram a umidade relativa e a temperatura ambiente
Os dataloggers da Fundaccedilatildeo foram instalados em duas fases Os primeiros 14 entraram em operaccedilatildeo em
7 de abril de 2011 em 11 cocircmodos diferentes em todos os edifiacutecios da Fundaccedilatildeo Museu edifiacutecio sede
garagem e LAMIC (Laboratoacuterio de Microfilmagem) Jaacute os demais foram instalados em 26 de marccedilo de
2013 em diversas salas do museu
No entanto os uacutenicos ambientes que possuem condiccedilotildees climaacuteticas controladas totalmente por apare-
lhos ou seja isentos de influecircncias do meio externo satildeo os trecircs locais de guarda localizados no edifiacutecio
sede Biblioteca Arquivo e AMLB (Arquivo-Museu de Literatura Brasileira)
Objetivos
Este trabalho se propotildee a analisar as condiccedilotildees de temperatura ambiente e umidade relativa dos locais
de guarda do acervo bibliograacutefico da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa para poder identificar quais locais
BolsistaRodrigo Porto Bozzetti CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorEdmar Moraes Gonccedilalves ProjetoConservaccedilatildeo Integrada implantaccedilatildeo de programa de pesquisa no campo da deterioraccedilatildeo dos acervos documentaisAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
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Acesso em 13 fev 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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1 p 327-332
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
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rican Archivist Chicago The American Archivist v 70 n2 p 315-343 2007
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
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CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
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MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
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41
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
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seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
60
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
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literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
5
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Debate
Mesa 4 HistoacuteriaAvaliador externo Luacutecia Maria Bastos Pereira das Neves (UERJ)Moderadora Lia Calabre de Azevedo (FCRB)
14h30min ndash Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil Bolsista Jaqueline Cavalcante Correia (HistoacuteriaPUCRio)Orientadora Ivana Stolze Lima
14h40min ndash O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVIIBolsista Cristiane da Rosa Elias (HistoacuteriaUERJ)Orientadora Ivana Stolze Lima
14h50min ndash Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatraisBolsista Nataacutelia Cristina Rezende da Silva (HistoacuteriaUERJ)Orientador Antonio Herculano Lopes
15hmin ndash Artur Azevedo o paladino da modernidadeBolsista Camilla Campoi de Sobral (HistoacuteriaUERJ)Orientador Antonio Herculano Lopes
Debate
Encerramento 15h20min ndash Annanda Galvatildeo Ferreira da Silva (doutoranda na Universidade de Granada e ex-bolsisa do Setor de Poliacuteticas Culturais da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro anatomia de interiores ediccedilatildeo de site
Introduccedilatildeo
Ediccedilatildeo da seccedilatildeo brasileira do site do projeto ldquoA casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro anatomia
de interioresrdquo que implica na pesquisa seleccedilatildeo compilaccedilatildeo revisatildeo e diagramaccedilatildeo de imagens relacio-
nadas agraves casas estudadas no projeto
Objetivos
A proposta do projeto eacute estudar a casa senhorial nas cidades do Rio de Janeiro e Lisboa e assim fazer
uma anaacutelise da forma de morar da nobreza e da alta burguesia o interior dessas edificaccedilotildees foram o foco
principal a funccedilatildeo dos espaccedilos e como satildeo articulados a decoraccedilatildeo os objetos e mobiliaacuterios artistas e
artesatildeos que nelas trabalharam
Metodologia
Seleccedilatildeo de quais casas seriam inseridas no site a partir de estudos realizados em etapas anteriores
no projeto
Levantamento com os pesquisadores brasileiros de quais paracircmetros e cocircmodos deveriam ser destaca-
dos tendo como base trabalhos e pesquisas realizadas anteriormente
Bolsista Iara Amaral AlvesCursoInstituiccedilatildeoComposiccedilatildeo de Interiores Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos Santos ProjetoA casa senhorial entre Lisboa e o Rio de Janeiro (seacuteculos XVII XVIII e XIX) Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de site Agecircncia de financiamento FCRBPeriacuteodosetembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Elaboraccedilatildeo de padratildeo esteacutetico para as fotos
Renomeaccedilatildeo das fotos e reduccedilatildeo de seus tamanhos para o padratildeo aceitaacutevel pelo servidor
Ediccedilatildeo dos arquivos das plantas das casas estudadas de DWG para JPEG e ediccedilatildeo de acordo com o pa-
dratildeo estabelecido para o site
Inserccedilatildeo das imagens na ficha de sua respectiva casa observando os seguintes paracircmetros programa inte-
rior azulejaria estuques pintura decorativa decoraccedilatildeo diversa e equipamento moacutevel
Conclusatildeo
Podemos concluir que o meacutetodo criado para a apresentaccedilatildeo dos dados foi bem-sucedido e o objetivo
alcanccedilado o site consegue apresentar seu conteuacutedo de forma clara criando uma fonte de informaccedilatildeo
inovadora e muito acessiacutevel Aleacutem disso este pode ser alimentado por qualquer pessoa envolvida com o
projeto sendo necessaacuterio apenas instruccedilotildees baacutesicas quanto ao meacutetodo de formataccedilatildeo e inserccedilatildeo
Este trabalho eacute de grande contribuiccedilatildeo para historiadores pesquisadores arquitetos museoacutelogos e tan-
tos outros interessados no estudo do modo de viver da burguesia luso-carioca no periacuteodo estudado
Referecircncias bibliograacuteficas
BASE ICONOGRAFIA Arquivo histoacuterico e institucional FCRB
BASE MUSEU Museu Casa de Rui BarbosaFCRB
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
FRANCO Afonso Arinos de Melo O palacete do caminho novo Solar da Marquesa de Santos Rio de Janeiro
UEG 1975
MUSEU DA REPUacuteBLICA Guia do Visitante Rio de Janeiro Museu da Repuacuteblica 1994
MUSEU CASA DE RUI BARBOSA Satildeo Paulo Banco Safra 2013
MUSEU IMPERIAL Satildeo Paulo Banco Safra 1992
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Bolsista Barbara Ribeiro Gonccedilalves CursoInstituiccedilatildeoLetras (PortuguecircsLiteraturas) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoA casa senhorial entre Lisboa e o Rio de Janeiro (seacuteculos XVII XVIII e XIX) Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siteAgecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Ediccedilatildeo textual do site ldquoA casa senhorialrdquo
Introduccedilatildeo
O projeto binacional ldquoA casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro (nos seacuteculos XVII XVIII e XIX)
Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siterdquo foi fomentado sob as diretrizes da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Bar-
bosa em parceria com a Universidade Nova de Lisboa (IHAFCSH da UNL) e associaccedilatildeo da Fundaccedilatildeo
Ricardo do Espiacuterito Santo Silva (ESADFRESS) elaborado no periacuteodo de 2011 a 2014
Objetivos
O projeto pauta-se no estudo das casas senhoriais por meio da sua perspectiva valorativa representa-
tiva histoacuterico-social e material Nele reuacutenem-se os resultados levantados dos espaccedilos interiores de dez
casas brasileiras vinte e cinco casas lisboetas e a influecircncia portuguesa existente nesses ambientes
Como o projeto abrange textos informativos e descritivos dados fotografias inventaacuterios e artigos de
acircmbito binacional percebeu-se a necessidade da elaboraccedilatildeo de um local em que se pudesse reunir com-
parar e preservar as informaccedilotildees obtidas tanto pela pesquisa brasileira quanto pela portuguesa
Desta forma o Centro de Memoacuteria e Informaccedilatildeo (CMI) da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa (FCRB) ini-
ciou o trabalho pioneiro de sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees obtidas atraveacutes da criaccedilatildeo de um site que
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
agregasse a organizaccedilatildeo do material pesquisado a integraccedilatildeo cultural entre os dois paiacuteses assim como
fosse um suporte que servisse de apoio e utilizaccedilatildeo para consultas abertas agrave sociedade
Metodologia
Para a elaboraccedilatildeo de todo o conteuacutedo textual anexado ao site adotou-se uma metodologia uniforme
atraveacutes da elaboraccedilatildeo e preenchimento de fichas com os dados das casas e com a construccedilatildeo de um ma-
nual de normas descritivas a fim de padronizar linguisticamente e esteticamente todas as informaccedilotildees
arquitetocircnicas dos interiores das casas senhoriais
Deste modo toda atividade de inserccedilatildeo de materialdocumentaccedilatildeo artigos e textos incorporados agrave pla-
taforma tal como a formataccedilatildeo transformaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo dos dados levantados em formato de textos
online contribuem para a aparecircncia padronizaccedilatildeo organizaccedilatildeo compreensatildeo informacional sempre
objetivando a facilitaccedilatildeo de leitura dos conteuacutedos abordados
Assim as funccedilotildees do bolsista atuam na produccedilatildeo revisatildeo ortograacutefica descriccedilatildeo e divisatildeo de todo
o conteuacutedo textual tal como a padronizaccedilatildeo e formataccedilatildeo estiliacutestica do site Essas tarefas devem ser
pensadas de forma a ser compreensiacutevel por todos os tipos de leitores atentando para uma organizaccedilatildeo
esteacutetica e hieraacuterquica
Diante disso o trabalho de ediccedilatildeo busca proporcionar a apreensatildeo entendimento captaccedilatildeo e inclusatildeo
das informaccedilotildees e dados apurados veiculando-os da forma mais clara e plausiacutevel possiacutevel dentro de
uma fonte uacutenica e pioneira de pesquisa
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
Bases de dados
Base IconografiaArquivo histoacuterico e InstitucionalFCRB
Base MuseuMuseu Casa de Rui BarbosaFCRB
Museu Casa de Rui Barbosa Satildeo Paulo Banco Safra 2013
CONSERVACcedilAtildeO PreventivaFCRB Disponiacutevel em httpacervoscasaruibarbosagovbr
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A elaboraccedilatildeo de um inventaacuterio da obra de Grandjean de Montigny avanccedilos e desafios
Essa comunicaccedilatildeo tem como finalidade apresentar os resultados finais do projeto intitulado Gosto neo-
claacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850) desenvolvido pelo grupo de pesquisa
Museu-casa memoacuteria espaccedilo e representaccedilotildees O projeto tem como objetivo criar um inventaacuterio na
forma de base de dados dos desenhos do arquiteto de formaccedilatildeo francesa Auguste Henri Victor Grand-
jean de Montigny que chegou ao Brasil em 1816 como integrante da chamada ldquoMissatildeo Artiacutestica France-
sardquo e foi responsaacutevel pela criaccedilatildeo do curso de arquitetura e formaccedilatildeo de novos arquitetos que seguiram
seus ensinamentos
Por ter atuado na Franccedila Itaacutelia Westfaacutelia e Brasil seus desenhos estatildeo espalhados em distintas institui-
ccedilotildees nacionais e estrangeiras sendo relevante portanto a sistematizaccedilatildeo da sua obra em uma platafor-
ma digital documental que reuacutena as imagens das plantas e informaccedilotildees sobre sua produccedilatildeo intelectual
com o propoacutesito de possibilitar futuros estudos
A partir disso a primeira etapa da pesquisa consistiu em um levantamento dos desenhos de Grandjean
disponiacuteveis nos arquivos e na internet Com o apoio financeiro da FAPERJ foram produzidos registros
digitais de plantas e desenhos que se encontram no Museu D Joatildeo VI Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacio-
nal Arquivo Nacional Museu do Primeiro Reinado e no Museu Nacional de Belas Artes Aleacutem disso
Bolsista Katherine Nunes de AzevedoCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoGosto neoclaacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850)Agecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
reunimos tambeacutem as imagens que estavam digitalizadas nos arquivos Technische Universitaumlt Berlin ndash
Architekturmuseum (Universidade Teacutecnica de Berlim ndash Museu de Arquitetura)[1] Museumslandschaft
Hessen Kassel (Museu Hessen de Kassel)[2] Palaacutecio Nacional da Ajuda e Eacutecole Supeacuterieure National des
Beaux-Arts (Escola Superior Nacional de Belas Artes)[3]
Mesmo natildeo sendo desenhos de autoria de Grandjean de Montigny tambeacutem reproduzimos algumas
plantas que estatildeo no acervo do Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tra-
zem informaccedilotildees sobre sua residecircncia localizada na Gaacutevea[4] e a antiga Praccedila do Comeacutercio[5] Apesar de
natildeo serem pranchas formuladas pelo arquiteto elas satildeo relevantes na medida em que trazem detalhes
dos interiores de preacutedios idealizados por ele enquanto professor de arquitetura
Nesse uacuteltimo ano de pesquisa privilegiamos o aperfeiccediloamento dos campos da base de dados que
passou do formato Access para uma versatildeo on line com a sistematizaccedilatildeo de termos e nomenclaturas
anaacutelise das fontes de distintas tipologias que trouxessem informaccedilotildees sobre as plantas e a atuaccedilatildeo de
Grandjean de Montigny como arquiteto revisatildeo dos 325 itens da base de dados para corrigir equiacutevocos
de datas Aleacutem disso foi possiacutevel inferir hipoacuteteses sobre alguns desenhos que estatildeo na condiccedilatildeo de ldquosem
localizaccedilatildeordquo na base de dados
1 Traduccedilatildeo livre
2 Idem
3 Idem
4 Atual Solar Grandjean de Montigny
5 Atual Casa Franccedila-Brasil
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em relaccedilatildeo aos desafios da pesquisa eacute importante destacar as dificuldades que encontramos em formular
esse inventaacuterio tendo na maioria das vezes a necessidade de adiar a pesquisa devido agraves burocracias e em-
pecilhos impostos pelos arquivos puacuteblicos dificultando em alguns casos o acesso aos documentos Ape-
sar das adversidades conseguimos realizar um trabalho ineacutedito que traraacute avanccedilos em anaacutelises futuras
Referecircncias bibliograacuteficas
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FILHO Adolfo Morales de Los Rios Grandjean de Montigny e a evoluccedilatildeo da arte brasileira Empresa A
Noite [1946]
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa
Introduccedilatildeo
A fim de monitorar as condiccedilotildees climaacuteticas das suas aacutereas de guarda de acervo bibliograacutefico e museoloacute-
gico a Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa conta com 21 aparelhos denominados dataloggers distribuiacutedos por
toda a Fundaccedilatildeo Tais aparelhos mensuram a umidade relativa e a temperatura ambiente
Os dataloggers da Fundaccedilatildeo foram instalados em duas fases Os primeiros 14 entraram em operaccedilatildeo em
7 de abril de 2011 em 11 cocircmodos diferentes em todos os edifiacutecios da Fundaccedilatildeo Museu edifiacutecio sede
garagem e LAMIC (Laboratoacuterio de Microfilmagem) Jaacute os demais foram instalados em 26 de marccedilo de
2013 em diversas salas do museu
No entanto os uacutenicos ambientes que possuem condiccedilotildees climaacuteticas controladas totalmente por apare-
lhos ou seja isentos de influecircncias do meio externo satildeo os trecircs locais de guarda localizados no edifiacutecio
sede Biblioteca Arquivo e AMLB (Arquivo-Museu de Literatura Brasileira)
Objetivos
Este trabalho se propotildee a analisar as condiccedilotildees de temperatura ambiente e umidade relativa dos locais
de guarda do acervo bibliograacutefico da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa para poder identificar quais locais
BolsistaRodrigo Porto Bozzetti CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorEdmar Moraes Gonccedilalves ProjetoConservaccedilatildeo Integrada implantaccedilatildeo de programa de pesquisa no campo da deterioraccedilatildeo dos acervos documentaisAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
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lthttpswwwgettyeduconservationpublications_resourcesnewsletters22_1news_in_cons1htmlgt
Acesso em 13 fev 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
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AAB v7 n2 p 5- 10 juldez 2008
______ Arquivos pessoais e arquivos institucionais para um entendimento arquiviacutestico comum da
formaccedilatildeo da memoacuteria em um mundo poacutes-moderno Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v11 n21 p129-
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DURANTI Luciana Diplomaacutetica usos nuevos para una antigua ciencia Traduccedilatildeo de Manuel Vaacutezquez
Coacuterdoba Argentina Associacioacuten de Archiveros de Andalucia 1995
OLIVEIRA Lucia Maria Velloso de Descriccedilatildeo e pesquisa reflexotildees em torno dos arquivos pessoais Rio
de Janeiro Moacutebile 2012
______ A descriccedilatildeo arquiviacutestica o arquivista e a reinvenccedilatildeo dos arquivos In OLIVEIRA Lucia Maria
Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
1 p 327-332
24
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal Publicaccedilotildees teacutecnicas n 51 p 232 2005
DURANTI Luciana The archival bond Archives and Museum Informatics Netherlands Kluwer Acade-
mia Publishers v11 p 213-218 1997
DUCROT Ariane A Classificaccedilatildeo dos arquivos pessoais e familiares Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro
v 11 n21 p 151-168 1998
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YEO Geoffrey Concepts of Record (1) evidence information and persistent representations The Ame-
rican Archivist Chicago The American Archivist v 70 n2 p 315-343 2007
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
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COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
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FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
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Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
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SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
41
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
6
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro anatomia de interiores ediccedilatildeo de site
Introduccedilatildeo
Ediccedilatildeo da seccedilatildeo brasileira do site do projeto ldquoA casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro anatomia
de interioresrdquo que implica na pesquisa seleccedilatildeo compilaccedilatildeo revisatildeo e diagramaccedilatildeo de imagens relacio-
nadas agraves casas estudadas no projeto
Objetivos
A proposta do projeto eacute estudar a casa senhorial nas cidades do Rio de Janeiro e Lisboa e assim fazer
uma anaacutelise da forma de morar da nobreza e da alta burguesia o interior dessas edificaccedilotildees foram o foco
principal a funccedilatildeo dos espaccedilos e como satildeo articulados a decoraccedilatildeo os objetos e mobiliaacuterios artistas e
artesatildeos que nelas trabalharam
Metodologia
Seleccedilatildeo de quais casas seriam inseridas no site a partir de estudos realizados em etapas anteriores
no projeto
Levantamento com os pesquisadores brasileiros de quais paracircmetros e cocircmodos deveriam ser destaca-
dos tendo como base trabalhos e pesquisas realizadas anteriormente
Bolsista Iara Amaral AlvesCursoInstituiccedilatildeoComposiccedilatildeo de Interiores Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos Santos ProjetoA casa senhorial entre Lisboa e o Rio de Janeiro (seacuteculos XVII XVIII e XIX) Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de site Agecircncia de financiamento FCRBPeriacuteodosetembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Elaboraccedilatildeo de padratildeo esteacutetico para as fotos
Renomeaccedilatildeo das fotos e reduccedilatildeo de seus tamanhos para o padratildeo aceitaacutevel pelo servidor
Ediccedilatildeo dos arquivos das plantas das casas estudadas de DWG para JPEG e ediccedilatildeo de acordo com o pa-
dratildeo estabelecido para o site
Inserccedilatildeo das imagens na ficha de sua respectiva casa observando os seguintes paracircmetros programa inte-
rior azulejaria estuques pintura decorativa decoraccedilatildeo diversa e equipamento moacutevel
Conclusatildeo
Podemos concluir que o meacutetodo criado para a apresentaccedilatildeo dos dados foi bem-sucedido e o objetivo
alcanccedilado o site consegue apresentar seu conteuacutedo de forma clara criando uma fonte de informaccedilatildeo
inovadora e muito acessiacutevel Aleacutem disso este pode ser alimentado por qualquer pessoa envolvida com o
projeto sendo necessaacuterio apenas instruccedilotildees baacutesicas quanto ao meacutetodo de formataccedilatildeo e inserccedilatildeo
Este trabalho eacute de grande contribuiccedilatildeo para historiadores pesquisadores arquitetos museoacutelogos e tan-
tos outros interessados no estudo do modo de viver da burguesia luso-carioca no periacuteodo estudado
Referecircncias bibliograacuteficas
BASE ICONOGRAFIA Arquivo histoacuterico e institucional FCRB
BASE MUSEU Museu Casa de Rui BarbosaFCRB
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
FRANCO Afonso Arinos de Melo O palacete do caminho novo Solar da Marquesa de Santos Rio de Janeiro
UEG 1975
MUSEU DA REPUacuteBLICA Guia do Visitante Rio de Janeiro Museu da Repuacuteblica 1994
MUSEU CASA DE RUI BARBOSA Satildeo Paulo Banco Safra 2013
MUSEU IMPERIAL Satildeo Paulo Banco Safra 1992
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Bolsista Barbara Ribeiro Gonccedilalves CursoInstituiccedilatildeoLetras (PortuguecircsLiteraturas) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoA casa senhorial entre Lisboa e o Rio de Janeiro (seacuteculos XVII XVIII e XIX) Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siteAgecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Ediccedilatildeo textual do site ldquoA casa senhorialrdquo
Introduccedilatildeo
O projeto binacional ldquoA casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro (nos seacuteculos XVII XVIII e XIX)
Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siterdquo foi fomentado sob as diretrizes da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Bar-
bosa em parceria com a Universidade Nova de Lisboa (IHAFCSH da UNL) e associaccedilatildeo da Fundaccedilatildeo
Ricardo do Espiacuterito Santo Silva (ESADFRESS) elaborado no periacuteodo de 2011 a 2014
Objetivos
O projeto pauta-se no estudo das casas senhoriais por meio da sua perspectiva valorativa representa-
tiva histoacuterico-social e material Nele reuacutenem-se os resultados levantados dos espaccedilos interiores de dez
casas brasileiras vinte e cinco casas lisboetas e a influecircncia portuguesa existente nesses ambientes
Como o projeto abrange textos informativos e descritivos dados fotografias inventaacuterios e artigos de
acircmbito binacional percebeu-se a necessidade da elaboraccedilatildeo de um local em que se pudesse reunir com-
parar e preservar as informaccedilotildees obtidas tanto pela pesquisa brasileira quanto pela portuguesa
Desta forma o Centro de Memoacuteria e Informaccedilatildeo (CMI) da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa (FCRB) ini-
ciou o trabalho pioneiro de sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees obtidas atraveacutes da criaccedilatildeo de um site que
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
agregasse a organizaccedilatildeo do material pesquisado a integraccedilatildeo cultural entre os dois paiacuteses assim como
fosse um suporte que servisse de apoio e utilizaccedilatildeo para consultas abertas agrave sociedade
Metodologia
Para a elaboraccedilatildeo de todo o conteuacutedo textual anexado ao site adotou-se uma metodologia uniforme
atraveacutes da elaboraccedilatildeo e preenchimento de fichas com os dados das casas e com a construccedilatildeo de um ma-
nual de normas descritivas a fim de padronizar linguisticamente e esteticamente todas as informaccedilotildees
arquitetocircnicas dos interiores das casas senhoriais
Deste modo toda atividade de inserccedilatildeo de materialdocumentaccedilatildeo artigos e textos incorporados agrave pla-
taforma tal como a formataccedilatildeo transformaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo dos dados levantados em formato de textos
online contribuem para a aparecircncia padronizaccedilatildeo organizaccedilatildeo compreensatildeo informacional sempre
objetivando a facilitaccedilatildeo de leitura dos conteuacutedos abordados
Assim as funccedilotildees do bolsista atuam na produccedilatildeo revisatildeo ortograacutefica descriccedilatildeo e divisatildeo de todo
o conteuacutedo textual tal como a padronizaccedilatildeo e formataccedilatildeo estiliacutestica do site Essas tarefas devem ser
pensadas de forma a ser compreensiacutevel por todos os tipos de leitores atentando para uma organizaccedilatildeo
esteacutetica e hieraacuterquica
Diante disso o trabalho de ediccedilatildeo busca proporcionar a apreensatildeo entendimento captaccedilatildeo e inclusatildeo
das informaccedilotildees e dados apurados veiculando-os da forma mais clara e plausiacutevel possiacutevel dentro de
uma fonte uacutenica e pioneira de pesquisa
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
Bases de dados
Base IconografiaArquivo histoacuterico e InstitucionalFCRB
Base MuseuMuseu Casa de Rui BarbosaFCRB
Museu Casa de Rui Barbosa Satildeo Paulo Banco Safra 2013
CONSERVACcedilAtildeO PreventivaFCRB Disponiacutevel em httpacervoscasaruibarbosagovbr
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A elaboraccedilatildeo de um inventaacuterio da obra de Grandjean de Montigny avanccedilos e desafios
Essa comunicaccedilatildeo tem como finalidade apresentar os resultados finais do projeto intitulado Gosto neo-
claacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850) desenvolvido pelo grupo de pesquisa
Museu-casa memoacuteria espaccedilo e representaccedilotildees O projeto tem como objetivo criar um inventaacuterio na
forma de base de dados dos desenhos do arquiteto de formaccedilatildeo francesa Auguste Henri Victor Grand-
jean de Montigny que chegou ao Brasil em 1816 como integrante da chamada ldquoMissatildeo Artiacutestica France-
sardquo e foi responsaacutevel pela criaccedilatildeo do curso de arquitetura e formaccedilatildeo de novos arquitetos que seguiram
seus ensinamentos
Por ter atuado na Franccedila Itaacutelia Westfaacutelia e Brasil seus desenhos estatildeo espalhados em distintas institui-
ccedilotildees nacionais e estrangeiras sendo relevante portanto a sistematizaccedilatildeo da sua obra em uma platafor-
ma digital documental que reuacutena as imagens das plantas e informaccedilotildees sobre sua produccedilatildeo intelectual
com o propoacutesito de possibilitar futuros estudos
A partir disso a primeira etapa da pesquisa consistiu em um levantamento dos desenhos de Grandjean
disponiacuteveis nos arquivos e na internet Com o apoio financeiro da FAPERJ foram produzidos registros
digitais de plantas e desenhos que se encontram no Museu D Joatildeo VI Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacio-
nal Arquivo Nacional Museu do Primeiro Reinado e no Museu Nacional de Belas Artes Aleacutem disso
Bolsista Katherine Nunes de AzevedoCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoGosto neoclaacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850)Agecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
reunimos tambeacutem as imagens que estavam digitalizadas nos arquivos Technische Universitaumlt Berlin ndash
Architekturmuseum (Universidade Teacutecnica de Berlim ndash Museu de Arquitetura)[1] Museumslandschaft
Hessen Kassel (Museu Hessen de Kassel)[2] Palaacutecio Nacional da Ajuda e Eacutecole Supeacuterieure National des
Beaux-Arts (Escola Superior Nacional de Belas Artes)[3]
Mesmo natildeo sendo desenhos de autoria de Grandjean de Montigny tambeacutem reproduzimos algumas
plantas que estatildeo no acervo do Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tra-
zem informaccedilotildees sobre sua residecircncia localizada na Gaacutevea[4] e a antiga Praccedila do Comeacutercio[5] Apesar de
natildeo serem pranchas formuladas pelo arquiteto elas satildeo relevantes na medida em que trazem detalhes
dos interiores de preacutedios idealizados por ele enquanto professor de arquitetura
Nesse uacuteltimo ano de pesquisa privilegiamos o aperfeiccediloamento dos campos da base de dados que
passou do formato Access para uma versatildeo on line com a sistematizaccedilatildeo de termos e nomenclaturas
anaacutelise das fontes de distintas tipologias que trouxessem informaccedilotildees sobre as plantas e a atuaccedilatildeo de
Grandjean de Montigny como arquiteto revisatildeo dos 325 itens da base de dados para corrigir equiacutevocos
de datas Aleacutem disso foi possiacutevel inferir hipoacuteteses sobre alguns desenhos que estatildeo na condiccedilatildeo de ldquosem
localizaccedilatildeordquo na base de dados
1 Traduccedilatildeo livre
2 Idem
3 Idem
4 Atual Solar Grandjean de Montigny
5 Atual Casa Franccedila-Brasil
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em relaccedilatildeo aos desafios da pesquisa eacute importante destacar as dificuldades que encontramos em formular
esse inventaacuterio tendo na maioria das vezes a necessidade de adiar a pesquisa devido agraves burocracias e em-
pecilhos impostos pelos arquivos puacuteblicos dificultando em alguns casos o acesso aos documentos Ape-
sar das adversidades conseguimos realizar um trabalho ineacutedito que traraacute avanccedilos em anaacutelises futuras
Referecircncias bibliograacuteficas
ACADEMIA IMPERIAL DE BELAS ARTESCataacutelogos das exposiccedilotildees gerais das Bellas Artes 1841-1843 1845
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MONTIGNY Grandjean A Famin Architectures toscane ou palais maisons et autres edifices de la Tos-
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ro Ed Arquivo Nacional 2008
FILHO Adolfo Morales de Los Rios Grandjean de Montigny e a evoluccedilatildeo da arte brasileira Empresa A
Noite [1946]
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa
Introduccedilatildeo
A fim de monitorar as condiccedilotildees climaacuteticas das suas aacutereas de guarda de acervo bibliograacutefico e museoloacute-
gico a Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa conta com 21 aparelhos denominados dataloggers distribuiacutedos por
toda a Fundaccedilatildeo Tais aparelhos mensuram a umidade relativa e a temperatura ambiente
Os dataloggers da Fundaccedilatildeo foram instalados em duas fases Os primeiros 14 entraram em operaccedilatildeo em
7 de abril de 2011 em 11 cocircmodos diferentes em todos os edifiacutecios da Fundaccedilatildeo Museu edifiacutecio sede
garagem e LAMIC (Laboratoacuterio de Microfilmagem) Jaacute os demais foram instalados em 26 de marccedilo de
2013 em diversas salas do museu
No entanto os uacutenicos ambientes que possuem condiccedilotildees climaacuteticas controladas totalmente por apare-
lhos ou seja isentos de influecircncias do meio externo satildeo os trecircs locais de guarda localizados no edifiacutecio
sede Biblioteca Arquivo e AMLB (Arquivo-Museu de Literatura Brasileira)
Objetivos
Este trabalho se propotildee a analisar as condiccedilotildees de temperatura ambiente e umidade relativa dos locais
de guarda do acervo bibliograacutefico da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa para poder identificar quais locais
BolsistaRodrigo Porto Bozzetti CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorEdmar Moraes Gonccedilalves ProjetoConservaccedilatildeo Integrada implantaccedilatildeo de programa de pesquisa no campo da deterioraccedilatildeo dos acervos documentaisAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
CALLOLMilagros Vaillant CARBOacute Mariacutea Teresa Domeacutenech RODRIGO Nieves Valentiacuten Uma mirada
hacia la conservacioacuten preventiva del patrimocircnio cultural Valencia Universidad Politeacutecnica de Valencia 2003
CARVALHO Claacuteudia SRodrigues de O espaccedilo como elemento de preservaccedilatildeo dos acervos com suporte em
papel Rio de Janeiro Centro de Memoacuteria da Academia Brasileira de Letras 1998 Disponiacutevel em lthttp
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to_representacao_dosacervos_com_suporte_em_papelpdfgt Acesso em 17 fev 2013
MAEKAWA Shin BELTRAN Vincent Collections care human comfort and Cimate control a case stu-
dy at the Casa de Rui Babosa Museum Conservation The GCI Newsletter v22 n1 2007 Disponiacutevel em
lthttpswwwgettyeduconservationpublications_resourcesnewsletters22_1news_in_cons1htmlgt
Acesso em 13 fev 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BELLOTTO Heloiacutesa Liberalli Arquivos permanentes tratamento documental 2 ed reve ampl Rio de Ja-
neiro Ed FGV 2004
______ Como fazer anaacutelise diplomaacutetica e anaacutelise tipoloacutegica de documento de arquivo Satildeo Paulo Arquivo do
Estado Imprensa Oficial do Estado 2002 (Projeto como Fazer 8)
CAMARGO Ana Maria de Almeida Sobre arquivos pessoais Arquivo ampAdministraccedilatildeo Rio de Janeiro
AAB v7 n2 p 5- 10 juldez 2008
______ Arquivos pessoais e arquivos institucionais para um entendimento arquiviacutestico comum da
formaccedilatildeo da memoacuteria em um mundo poacutes-moderno Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v11 n21 p129-
149 1998
DURANTI Luciana Diplomaacutetica usos nuevos para una antigua ciencia Traduccedilatildeo de Manuel Vaacutezquez
Coacuterdoba Argentina Associacioacuten de Archiveros de Andalucia 1995
OLIVEIRA Lucia Maria Velloso de Descriccedilatildeo e pesquisa reflexotildees em torno dos arquivos pessoais Rio
de Janeiro Moacutebile 2012
______ A descriccedilatildeo arquiviacutestica o arquivista e a reinvenccedilatildeo dos arquivos In OLIVEIRA Lucia Maria
Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
1 p 327-332
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal Publicaccedilotildees teacutecnicas n 51 p 232 2005
DURANTI Luciana The archival bond Archives and Museum Informatics Netherlands Kluwer Acade-
mia Publishers v11 p 213-218 1997
DUCROT Ariane A Classificaccedilatildeo dos arquivos pessoais e familiares Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro
v 11 n21 p 151-168 1998
GENEALOGIA da Famiacutelia Oliveira Castro disponibilizada por Antoacutenio Mendes de Oliveira e Castro
Lucinha Sansom OSBMaria Luiacutesa Campos de Carvalho Disponiacutevel em httpwwwmuseu-emigran-
tesorgAntonio_MOC1htm
THOMASSEN Theo A first introduction to Archival Science Arquivo e Administraccedilatildeo Rio de Janeiro
Associaccedilatildeo dos Arquivistas Brasileiros v5 n1 p5-16 janjun 2006
YEO Geoffrey Concepts of Record (1) evidence information and persistent representations The Ame-
rican Archivist Chicago The American Archivist v 70 n2 p 315-343 2007
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
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COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
Cultural 2012
FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
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2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
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PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
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SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
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LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
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LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
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DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Elaboraccedilatildeo de padratildeo esteacutetico para as fotos
Renomeaccedilatildeo das fotos e reduccedilatildeo de seus tamanhos para o padratildeo aceitaacutevel pelo servidor
Ediccedilatildeo dos arquivos das plantas das casas estudadas de DWG para JPEG e ediccedilatildeo de acordo com o pa-
dratildeo estabelecido para o site
Inserccedilatildeo das imagens na ficha de sua respectiva casa observando os seguintes paracircmetros programa inte-
rior azulejaria estuques pintura decorativa decoraccedilatildeo diversa e equipamento moacutevel
Conclusatildeo
Podemos concluir que o meacutetodo criado para a apresentaccedilatildeo dos dados foi bem-sucedido e o objetivo
alcanccedilado o site consegue apresentar seu conteuacutedo de forma clara criando uma fonte de informaccedilatildeo
inovadora e muito acessiacutevel Aleacutem disso este pode ser alimentado por qualquer pessoa envolvida com o
projeto sendo necessaacuterio apenas instruccedilotildees baacutesicas quanto ao meacutetodo de formataccedilatildeo e inserccedilatildeo
Este trabalho eacute de grande contribuiccedilatildeo para historiadores pesquisadores arquitetos museoacutelogos e tan-
tos outros interessados no estudo do modo de viver da burguesia luso-carioca no periacuteodo estudado
Referecircncias bibliograacuteficas
BASE ICONOGRAFIA Arquivo histoacuterico e institucional FCRB
BASE MUSEU Museu Casa de Rui BarbosaFCRB
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
FRANCO Afonso Arinos de Melo O palacete do caminho novo Solar da Marquesa de Santos Rio de Janeiro
UEG 1975
MUSEU DA REPUacuteBLICA Guia do Visitante Rio de Janeiro Museu da Repuacuteblica 1994
MUSEU CASA DE RUI BARBOSA Satildeo Paulo Banco Safra 2013
MUSEU IMPERIAL Satildeo Paulo Banco Safra 1992
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Bolsista Barbara Ribeiro Gonccedilalves CursoInstituiccedilatildeoLetras (PortuguecircsLiteraturas) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoA casa senhorial entre Lisboa e o Rio de Janeiro (seacuteculos XVII XVIII e XIX) Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siteAgecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Ediccedilatildeo textual do site ldquoA casa senhorialrdquo
Introduccedilatildeo
O projeto binacional ldquoA casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro (nos seacuteculos XVII XVIII e XIX)
Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siterdquo foi fomentado sob as diretrizes da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Bar-
bosa em parceria com a Universidade Nova de Lisboa (IHAFCSH da UNL) e associaccedilatildeo da Fundaccedilatildeo
Ricardo do Espiacuterito Santo Silva (ESADFRESS) elaborado no periacuteodo de 2011 a 2014
Objetivos
O projeto pauta-se no estudo das casas senhoriais por meio da sua perspectiva valorativa representa-
tiva histoacuterico-social e material Nele reuacutenem-se os resultados levantados dos espaccedilos interiores de dez
casas brasileiras vinte e cinco casas lisboetas e a influecircncia portuguesa existente nesses ambientes
Como o projeto abrange textos informativos e descritivos dados fotografias inventaacuterios e artigos de
acircmbito binacional percebeu-se a necessidade da elaboraccedilatildeo de um local em que se pudesse reunir com-
parar e preservar as informaccedilotildees obtidas tanto pela pesquisa brasileira quanto pela portuguesa
Desta forma o Centro de Memoacuteria e Informaccedilatildeo (CMI) da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa (FCRB) ini-
ciou o trabalho pioneiro de sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees obtidas atraveacutes da criaccedilatildeo de um site que
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
agregasse a organizaccedilatildeo do material pesquisado a integraccedilatildeo cultural entre os dois paiacuteses assim como
fosse um suporte que servisse de apoio e utilizaccedilatildeo para consultas abertas agrave sociedade
Metodologia
Para a elaboraccedilatildeo de todo o conteuacutedo textual anexado ao site adotou-se uma metodologia uniforme
atraveacutes da elaboraccedilatildeo e preenchimento de fichas com os dados das casas e com a construccedilatildeo de um ma-
nual de normas descritivas a fim de padronizar linguisticamente e esteticamente todas as informaccedilotildees
arquitetocircnicas dos interiores das casas senhoriais
Deste modo toda atividade de inserccedilatildeo de materialdocumentaccedilatildeo artigos e textos incorporados agrave pla-
taforma tal como a formataccedilatildeo transformaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo dos dados levantados em formato de textos
online contribuem para a aparecircncia padronizaccedilatildeo organizaccedilatildeo compreensatildeo informacional sempre
objetivando a facilitaccedilatildeo de leitura dos conteuacutedos abordados
Assim as funccedilotildees do bolsista atuam na produccedilatildeo revisatildeo ortograacutefica descriccedilatildeo e divisatildeo de todo
o conteuacutedo textual tal como a padronizaccedilatildeo e formataccedilatildeo estiliacutestica do site Essas tarefas devem ser
pensadas de forma a ser compreensiacutevel por todos os tipos de leitores atentando para uma organizaccedilatildeo
esteacutetica e hieraacuterquica
Diante disso o trabalho de ediccedilatildeo busca proporcionar a apreensatildeo entendimento captaccedilatildeo e inclusatildeo
das informaccedilotildees e dados apurados veiculando-os da forma mais clara e plausiacutevel possiacutevel dentro de
uma fonte uacutenica e pioneira de pesquisa
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
Bases de dados
Base IconografiaArquivo histoacuterico e InstitucionalFCRB
Base MuseuMuseu Casa de Rui BarbosaFCRB
Museu Casa de Rui Barbosa Satildeo Paulo Banco Safra 2013
CONSERVACcedilAtildeO PreventivaFCRB Disponiacutevel em httpacervoscasaruibarbosagovbr
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A elaboraccedilatildeo de um inventaacuterio da obra de Grandjean de Montigny avanccedilos e desafios
Essa comunicaccedilatildeo tem como finalidade apresentar os resultados finais do projeto intitulado Gosto neo-
claacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850) desenvolvido pelo grupo de pesquisa
Museu-casa memoacuteria espaccedilo e representaccedilotildees O projeto tem como objetivo criar um inventaacuterio na
forma de base de dados dos desenhos do arquiteto de formaccedilatildeo francesa Auguste Henri Victor Grand-
jean de Montigny que chegou ao Brasil em 1816 como integrante da chamada ldquoMissatildeo Artiacutestica France-
sardquo e foi responsaacutevel pela criaccedilatildeo do curso de arquitetura e formaccedilatildeo de novos arquitetos que seguiram
seus ensinamentos
Por ter atuado na Franccedila Itaacutelia Westfaacutelia e Brasil seus desenhos estatildeo espalhados em distintas institui-
ccedilotildees nacionais e estrangeiras sendo relevante portanto a sistematizaccedilatildeo da sua obra em uma platafor-
ma digital documental que reuacutena as imagens das plantas e informaccedilotildees sobre sua produccedilatildeo intelectual
com o propoacutesito de possibilitar futuros estudos
A partir disso a primeira etapa da pesquisa consistiu em um levantamento dos desenhos de Grandjean
disponiacuteveis nos arquivos e na internet Com o apoio financeiro da FAPERJ foram produzidos registros
digitais de plantas e desenhos que se encontram no Museu D Joatildeo VI Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacio-
nal Arquivo Nacional Museu do Primeiro Reinado e no Museu Nacional de Belas Artes Aleacutem disso
Bolsista Katherine Nunes de AzevedoCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoGosto neoclaacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850)Agecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
reunimos tambeacutem as imagens que estavam digitalizadas nos arquivos Technische Universitaumlt Berlin ndash
Architekturmuseum (Universidade Teacutecnica de Berlim ndash Museu de Arquitetura)[1] Museumslandschaft
Hessen Kassel (Museu Hessen de Kassel)[2] Palaacutecio Nacional da Ajuda e Eacutecole Supeacuterieure National des
Beaux-Arts (Escola Superior Nacional de Belas Artes)[3]
Mesmo natildeo sendo desenhos de autoria de Grandjean de Montigny tambeacutem reproduzimos algumas
plantas que estatildeo no acervo do Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tra-
zem informaccedilotildees sobre sua residecircncia localizada na Gaacutevea[4] e a antiga Praccedila do Comeacutercio[5] Apesar de
natildeo serem pranchas formuladas pelo arquiteto elas satildeo relevantes na medida em que trazem detalhes
dos interiores de preacutedios idealizados por ele enquanto professor de arquitetura
Nesse uacuteltimo ano de pesquisa privilegiamos o aperfeiccediloamento dos campos da base de dados que
passou do formato Access para uma versatildeo on line com a sistematizaccedilatildeo de termos e nomenclaturas
anaacutelise das fontes de distintas tipologias que trouxessem informaccedilotildees sobre as plantas e a atuaccedilatildeo de
Grandjean de Montigny como arquiteto revisatildeo dos 325 itens da base de dados para corrigir equiacutevocos
de datas Aleacutem disso foi possiacutevel inferir hipoacuteteses sobre alguns desenhos que estatildeo na condiccedilatildeo de ldquosem
localizaccedilatildeordquo na base de dados
1 Traduccedilatildeo livre
2 Idem
3 Idem
4 Atual Solar Grandjean de Montigny
5 Atual Casa Franccedila-Brasil
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em relaccedilatildeo aos desafios da pesquisa eacute importante destacar as dificuldades que encontramos em formular
esse inventaacuterio tendo na maioria das vezes a necessidade de adiar a pesquisa devido agraves burocracias e em-
pecilhos impostos pelos arquivos puacuteblicos dificultando em alguns casos o acesso aos documentos Ape-
sar das adversidades conseguimos realizar um trabalho ineacutedito que traraacute avanccedilos em anaacutelises futuras
Referecircncias bibliograacuteficas
ACADEMIA IMPERIAL DE BELAS ARTESCataacutelogos das exposiccedilotildees gerais das Bellas Artes 1841-1843 1845
e 1850 e precircmios outorgados Rio de Janeiro [sn] 1843 25 p
MONTIGNY Grandjean A Famin Architectures toscane ou palais maisons et autres edifices de la Tos-
cane mensureacutes et dessineacutes Paris Denovilliers1837 Disponiacutevel em httpgallicabnffrark12148bp-
t6k5429296wr=Grandjean+de+Montigny2C+Auguste-Henri-VictorlangPT Acesso em 20 jun 2014
TELLES Angela Grandjean de Montignyda arquitetura revolucionaacuteria agrave civilizaccedilatildeo nos troacutepicos Rio de Janei-
ro Ed Arquivo Nacional 2008
FILHO Adolfo Morales de Los Rios Grandjean de Montigny e a evoluccedilatildeo da arte brasileira Empresa A
Noite [1946]
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa
Introduccedilatildeo
A fim de monitorar as condiccedilotildees climaacuteticas das suas aacutereas de guarda de acervo bibliograacutefico e museoloacute-
gico a Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa conta com 21 aparelhos denominados dataloggers distribuiacutedos por
toda a Fundaccedilatildeo Tais aparelhos mensuram a umidade relativa e a temperatura ambiente
Os dataloggers da Fundaccedilatildeo foram instalados em duas fases Os primeiros 14 entraram em operaccedilatildeo em
7 de abril de 2011 em 11 cocircmodos diferentes em todos os edifiacutecios da Fundaccedilatildeo Museu edifiacutecio sede
garagem e LAMIC (Laboratoacuterio de Microfilmagem) Jaacute os demais foram instalados em 26 de marccedilo de
2013 em diversas salas do museu
No entanto os uacutenicos ambientes que possuem condiccedilotildees climaacuteticas controladas totalmente por apare-
lhos ou seja isentos de influecircncias do meio externo satildeo os trecircs locais de guarda localizados no edifiacutecio
sede Biblioteca Arquivo e AMLB (Arquivo-Museu de Literatura Brasileira)
Objetivos
Este trabalho se propotildee a analisar as condiccedilotildees de temperatura ambiente e umidade relativa dos locais
de guarda do acervo bibliograacutefico da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa para poder identificar quais locais
BolsistaRodrigo Porto Bozzetti CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorEdmar Moraes Gonccedilalves ProjetoConservaccedilatildeo Integrada implantaccedilatildeo de programa de pesquisa no campo da deterioraccedilatildeo dos acervos documentaisAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
CALLOLMilagros Vaillant CARBOacute Mariacutea Teresa Domeacutenech RODRIGO Nieves Valentiacuten Uma mirada
hacia la conservacioacuten preventiva del patrimocircnio cultural Valencia Universidad Politeacutecnica de Valencia 2003
CARVALHO Claacuteudia SRodrigues de O espaccedilo como elemento de preservaccedilatildeo dos acervos com suporte em
papel Rio de Janeiro Centro de Memoacuteria da Academia Brasileira de Letras 1998 Disponiacutevel em lthttp
wwwcasaruibarbosagovbrdadosDOCartigosa-jFCRB_ClaudiaCarvalho_OEspaco_como_elemen-
to_representacao_dosacervos_com_suporte_em_papelpdfgt Acesso em 17 fev 2013
MAEKAWA Shin BELTRAN Vincent Collections care human comfort and Cimate control a case stu-
dy at the Casa de Rui Babosa Museum Conservation The GCI Newsletter v22 n1 2007 Disponiacutevel em
lthttpswwwgettyeduconservationpublications_resourcesnewsletters22_1news_in_cons1htmlgt
Acesso em 13 fev 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BELLOTTO Heloiacutesa Liberalli Arquivos permanentes tratamento documental 2 ed reve ampl Rio de Ja-
neiro Ed FGV 2004
______ Como fazer anaacutelise diplomaacutetica e anaacutelise tipoloacutegica de documento de arquivo Satildeo Paulo Arquivo do
Estado Imprensa Oficial do Estado 2002 (Projeto como Fazer 8)
CAMARGO Ana Maria de Almeida Sobre arquivos pessoais Arquivo ampAdministraccedilatildeo Rio de Janeiro
AAB v7 n2 p 5- 10 juldez 2008
______ Arquivos pessoais e arquivos institucionais para um entendimento arquiviacutestico comum da
formaccedilatildeo da memoacuteria em um mundo poacutes-moderno Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v11 n21 p129-
149 1998
DURANTI Luciana Diplomaacutetica usos nuevos para una antigua ciencia Traduccedilatildeo de Manuel Vaacutezquez
Coacuterdoba Argentina Associacioacuten de Archiveros de Andalucia 1995
OLIVEIRA Lucia Maria Velloso de Descriccedilatildeo e pesquisa reflexotildees em torno dos arquivos pessoais Rio
de Janeiro Moacutebile 2012
______ A descriccedilatildeo arquiviacutestica o arquivista e a reinvenccedilatildeo dos arquivos In OLIVEIRA Lucia Maria
Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
1 p 327-332
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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nal Publicaccedilotildees teacutecnicas n 51 p 232 2005
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mia Publishers v11 p 213-218 1997
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Lucinha Sansom OSBMaria Luiacutesa Campos de Carvalho Disponiacutevel em httpwwwmuseu-emigran-
tesorgAntonio_MOC1htm
THOMASSEN Theo A first introduction to Archival Science Arquivo e Administraccedilatildeo Rio de Janeiro
Associaccedilatildeo dos Arquivistas Brasileiros v5 n1 p5-16 janjun 2006
YEO Geoffrey Concepts of Record (1) evidence information and persistent representations The Ame-
rican Archivist Chicago The American Archivist v 70 n2 p 315-343 2007
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
bosa 2005
COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
Cultural 2012
FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
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LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
8
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
FRANCO Afonso Arinos de Melo O palacete do caminho novo Solar da Marquesa de Santos Rio de Janeiro
UEG 1975
MUSEU DA REPUacuteBLICA Guia do Visitante Rio de Janeiro Museu da Repuacuteblica 1994
MUSEU CASA DE RUI BARBOSA Satildeo Paulo Banco Safra 2013
MUSEU IMPERIAL Satildeo Paulo Banco Safra 1992
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Bolsista Barbara Ribeiro Gonccedilalves CursoInstituiccedilatildeoLetras (PortuguecircsLiteraturas) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoA casa senhorial entre Lisboa e o Rio de Janeiro (seacuteculos XVII XVIII e XIX) Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siteAgecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Ediccedilatildeo textual do site ldquoA casa senhorialrdquo
Introduccedilatildeo
O projeto binacional ldquoA casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro (nos seacuteculos XVII XVIII e XIX)
Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siterdquo foi fomentado sob as diretrizes da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Bar-
bosa em parceria com a Universidade Nova de Lisboa (IHAFCSH da UNL) e associaccedilatildeo da Fundaccedilatildeo
Ricardo do Espiacuterito Santo Silva (ESADFRESS) elaborado no periacuteodo de 2011 a 2014
Objetivos
O projeto pauta-se no estudo das casas senhoriais por meio da sua perspectiva valorativa representa-
tiva histoacuterico-social e material Nele reuacutenem-se os resultados levantados dos espaccedilos interiores de dez
casas brasileiras vinte e cinco casas lisboetas e a influecircncia portuguesa existente nesses ambientes
Como o projeto abrange textos informativos e descritivos dados fotografias inventaacuterios e artigos de
acircmbito binacional percebeu-se a necessidade da elaboraccedilatildeo de um local em que se pudesse reunir com-
parar e preservar as informaccedilotildees obtidas tanto pela pesquisa brasileira quanto pela portuguesa
Desta forma o Centro de Memoacuteria e Informaccedilatildeo (CMI) da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa (FCRB) ini-
ciou o trabalho pioneiro de sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees obtidas atraveacutes da criaccedilatildeo de um site que
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
agregasse a organizaccedilatildeo do material pesquisado a integraccedilatildeo cultural entre os dois paiacuteses assim como
fosse um suporte que servisse de apoio e utilizaccedilatildeo para consultas abertas agrave sociedade
Metodologia
Para a elaboraccedilatildeo de todo o conteuacutedo textual anexado ao site adotou-se uma metodologia uniforme
atraveacutes da elaboraccedilatildeo e preenchimento de fichas com os dados das casas e com a construccedilatildeo de um ma-
nual de normas descritivas a fim de padronizar linguisticamente e esteticamente todas as informaccedilotildees
arquitetocircnicas dos interiores das casas senhoriais
Deste modo toda atividade de inserccedilatildeo de materialdocumentaccedilatildeo artigos e textos incorporados agrave pla-
taforma tal como a formataccedilatildeo transformaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo dos dados levantados em formato de textos
online contribuem para a aparecircncia padronizaccedilatildeo organizaccedilatildeo compreensatildeo informacional sempre
objetivando a facilitaccedilatildeo de leitura dos conteuacutedos abordados
Assim as funccedilotildees do bolsista atuam na produccedilatildeo revisatildeo ortograacutefica descriccedilatildeo e divisatildeo de todo
o conteuacutedo textual tal como a padronizaccedilatildeo e formataccedilatildeo estiliacutestica do site Essas tarefas devem ser
pensadas de forma a ser compreensiacutevel por todos os tipos de leitores atentando para uma organizaccedilatildeo
esteacutetica e hieraacuterquica
Diante disso o trabalho de ediccedilatildeo busca proporcionar a apreensatildeo entendimento captaccedilatildeo e inclusatildeo
das informaccedilotildees e dados apurados veiculando-os da forma mais clara e plausiacutevel possiacutevel dentro de
uma fonte uacutenica e pioneira de pesquisa
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Referecircncias bibliograacuteficas
Bases de dados
Base IconografiaArquivo histoacuterico e InstitucionalFCRB
Base MuseuMuseu Casa de Rui BarbosaFCRB
Museu Casa de Rui Barbosa Satildeo Paulo Banco Safra 2013
CONSERVACcedilAtildeO PreventivaFCRB Disponiacutevel em httpacervoscasaruibarbosagovbr
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A elaboraccedilatildeo de um inventaacuterio da obra de Grandjean de Montigny avanccedilos e desafios
Essa comunicaccedilatildeo tem como finalidade apresentar os resultados finais do projeto intitulado Gosto neo-
claacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850) desenvolvido pelo grupo de pesquisa
Museu-casa memoacuteria espaccedilo e representaccedilotildees O projeto tem como objetivo criar um inventaacuterio na
forma de base de dados dos desenhos do arquiteto de formaccedilatildeo francesa Auguste Henri Victor Grand-
jean de Montigny que chegou ao Brasil em 1816 como integrante da chamada ldquoMissatildeo Artiacutestica France-
sardquo e foi responsaacutevel pela criaccedilatildeo do curso de arquitetura e formaccedilatildeo de novos arquitetos que seguiram
seus ensinamentos
Por ter atuado na Franccedila Itaacutelia Westfaacutelia e Brasil seus desenhos estatildeo espalhados em distintas institui-
ccedilotildees nacionais e estrangeiras sendo relevante portanto a sistematizaccedilatildeo da sua obra em uma platafor-
ma digital documental que reuacutena as imagens das plantas e informaccedilotildees sobre sua produccedilatildeo intelectual
com o propoacutesito de possibilitar futuros estudos
A partir disso a primeira etapa da pesquisa consistiu em um levantamento dos desenhos de Grandjean
disponiacuteveis nos arquivos e na internet Com o apoio financeiro da FAPERJ foram produzidos registros
digitais de plantas e desenhos que se encontram no Museu D Joatildeo VI Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacio-
nal Arquivo Nacional Museu do Primeiro Reinado e no Museu Nacional de Belas Artes Aleacutem disso
Bolsista Katherine Nunes de AzevedoCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoGosto neoclaacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850)Agecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
reunimos tambeacutem as imagens que estavam digitalizadas nos arquivos Technische Universitaumlt Berlin ndash
Architekturmuseum (Universidade Teacutecnica de Berlim ndash Museu de Arquitetura)[1] Museumslandschaft
Hessen Kassel (Museu Hessen de Kassel)[2] Palaacutecio Nacional da Ajuda e Eacutecole Supeacuterieure National des
Beaux-Arts (Escola Superior Nacional de Belas Artes)[3]
Mesmo natildeo sendo desenhos de autoria de Grandjean de Montigny tambeacutem reproduzimos algumas
plantas que estatildeo no acervo do Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tra-
zem informaccedilotildees sobre sua residecircncia localizada na Gaacutevea[4] e a antiga Praccedila do Comeacutercio[5] Apesar de
natildeo serem pranchas formuladas pelo arquiteto elas satildeo relevantes na medida em que trazem detalhes
dos interiores de preacutedios idealizados por ele enquanto professor de arquitetura
Nesse uacuteltimo ano de pesquisa privilegiamos o aperfeiccediloamento dos campos da base de dados que
passou do formato Access para uma versatildeo on line com a sistematizaccedilatildeo de termos e nomenclaturas
anaacutelise das fontes de distintas tipologias que trouxessem informaccedilotildees sobre as plantas e a atuaccedilatildeo de
Grandjean de Montigny como arquiteto revisatildeo dos 325 itens da base de dados para corrigir equiacutevocos
de datas Aleacutem disso foi possiacutevel inferir hipoacuteteses sobre alguns desenhos que estatildeo na condiccedilatildeo de ldquosem
localizaccedilatildeordquo na base de dados
1 Traduccedilatildeo livre
2 Idem
3 Idem
4 Atual Solar Grandjean de Montigny
5 Atual Casa Franccedila-Brasil
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em relaccedilatildeo aos desafios da pesquisa eacute importante destacar as dificuldades que encontramos em formular
esse inventaacuterio tendo na maioria das vezes a necessidade de adiar a pesquisa devido agraves burocracias e em-
pecilhos impostos pelos arquivos puacuteblicos dificultando em alguns casos o acesso aos documentos Ape-
sar das adversidades conseguimos realizar um trabalho ineacutedito que traraacute avanccedilos em anaacutelises futuras
Referecircncias bibliograacuteficas
ACADEMIA IMPERIAL DE BELAS ARTESCataacutelogos das exposiccedilotildees gerais das Bellas Artes 1841-1843 1845
e 1850 e precircmios outorgados Rio de Janeiro [sn] 1843 25 p
MONTIGNY Grandjean A Famin Architectures toscane ou palais maisons et autres edifices de la Tos-
cane mensureacutes et dessineacutes Paris Denovilliers1837 Disponiacutevel em httpgallicabnffrark12148bp-
t6k5429296wr=Grandjean+de+Montigny2C+Auguste-Henri-VictorlangPT Acesso em 20 jun 2014
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ro Ed Arquivo Nacional 2008
FILHO Adolfo Morales de Los Rios Grandjean de Montigny e a evoluccedilatildeo da arte brasileira Empresa A
Noite [1946]
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa
Introduccedilatildeo
A fim de monitorar as condiccedilotildees climaacuteticas das suas aacutereas de guarda de acervo bibliograacutefico e museoloacute-
gico a Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa conta com 21 aparelhos denominados dataloggers distribuiacutedos por
toda a Fundaccedilatildeo Tais aparelhos mensuram a umidade relativa e a temperatura ambiente
Os dataloggers da Fundaccedilatildeo foram instalados em duas fases Os primeiros 14 entraram em operaccedilatildeo em
7 de abril de 2011 em 11 cocircmodos diferentes em todos os edifiacutecios da Fundaccedilatildeo Museu edifiacutecio sede
garagem e LAMIC (Laboratoacuterio de Microfilmagem) Jaacute os demais foram instalados em 26 de marccedilo de
2013 em diversas salas do museu
No entanto os uacutenicos ambientes que possuem condiccedilotildees climaacuteticas controladas totalmente por apare-
lhos ou seja isentos de influecircncias do meio externo satildeo os trecircs locais de guarda localizados no edifiacutecio
sede Biblioteca Arquivo e AMLB (Arquivo-Museu de Literatura Brasileira)
Objetivos
Este trabalho se propotildee a analisar as condiccedilotildees de temperatura ambiente e umidade relativa dos locais
de guarda do acervo bibliograacutefico da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa para poder identificar quais locais
BolsistaRodrigo Porto Bozzetti CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorEdmar Moraes Gonccedilalves ProjetoConservaccedilatildeo Integrada implantaccedilatildeo de programa de pesquisa no campo da deterioraccedilatildeo dos acervos documentaisAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
CALLOLMilagros Vaillant CARBOacute Mariacutea Teresa Domeacutenech RODRIGO Nieves Valentiacuten Uma mirada
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CARVALHO Claacuteudia SRodrigues de O espaccedilo como elemento de preservaccedilatildeo dos acervos com suporte em
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MAEKAWA Shin BELTRAN Vincent Collections care human comfort and Cimate control a case stu-
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lthttpswwwgettyeduconservationpublications_resourcesnewsletters22_1news_in_cons1htmlgt
Acesso em 13 fev 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BELLOTTO Heloiacutesa Liberalli Arquivos permanentes tratamento documental 2 ed reve ampl Rio de Ja-
neiro Ed FGV 2004
______ Como fazer anaacutelise diplomaacutetica e anaacutelise tipoloacutegica de documento de arquivo Satildeo Paulo Arquivo do
Estado Imprensa Oficial do Estado 2002 (Projeto como Fazer 8)
CAMARGO Ana Maria de Almeida Sobre arquivos pessoais Arquivo ampAdministraccedilatildeo Rio de Janeiro
AAB v7 n2 p 5- 10 juldez 2008
______ Arquivos pessoais e arquivos institucionais para um entendimento arquiviacutestico comum da
formaccedilatildeo da memoacuteria em um mundo poacutes-moderno Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v11 n21 p129-
149 1998
DURANTI Luciana Diplomaacutetica usos nuevos para una antigua ciencia Traduccedilatildeo de Manuel Vaacutezquez
Coacuterdoba Argentina Associacioacuten de Archiveros de Andalucia 1995
OLIVEIRA Lucia Maria Velloso de Descriccedilatildeo e pesquisa reflexotildees em torno dos arquivos pessoais Rio
de Janeiro Moacutebile 2012
______ A descriccedilatildeo arquiviacutestica o arquivista e a reinvenccedilatildeo dos arquivos In OLIVEIRA Lucia Maria
Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
1 p 327-332
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal Publicaccedilotildees teacutecnicas n 51 p 232 2005
DURANTI Luciana The archival bond Archives and Museum Informatics Netherlands Kluwer Acade-
mia Publishers v11 p 213-218 1997
DUCROT Ariane A Classificaccedilatildeo dos arquivos pessoais e familiares Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro
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GENEALOGIA da Famiacutelia Oliveira Castro disponibilizada por Antoacutenio Mendes de Oliveira e Castro
Lucinha Sansom OSBMaria Luiacutesa Campos de Carvalho Disponiacutevel em httpwwwmuseu-emigran-
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THOMASSEN Theo A first introduction to Archival Science Arquivo e Administraccedilatildeo Rio de Janeiro
Associaccedilatildeo dos Arquivistas Brasileiros v5 n1 p5-16 janjun 2006
YEO Geoffrey Concepts of Record (1) evidence information and persistent representations The Ame-
rican Archivist Chicago The American Archivist v 70 n2 p 315-343 2007
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
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CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
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FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Bolsista Barbara Ribeiro Gonccedilalves CursoInstituiccedilatildeoLetras (PortuguecircsLiteraturas) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoA casa senhorial entre Lisboa e o Rio de Janeiro (seacuteculos XVII XVIII e XIX) Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siteAgecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Ediccedilatildeo textual do site ldquoA casa senhorialrdquo
Introduccedilatildeo
O projeto binacional ldquoA casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro (nos seacuteculos XVII XVIII e XIX)
Anatomia de interiores ndash Ediccedilatildeo de siterdquo foi fomentado sob as diretrizes da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Bar-
bosa em parceria com a Universidade Nova de Lisboa (IHAFCSH da UNL) e associaccedilatildeo da Fundaccedilatildeo
Ricardo do Espiacuterito Santo Silva (ESADFRESS) elaborado no periacuteodo de 2011 a 2014
Objetivos
O projeto pauta-se no estudo das casas senhoriais por meio da sua perspectiva valorativa representa-
tiva histoacuterico-social e material Nele reuacutenem-se os resultados levantados dos espaccedilos interiores de dez
casas brasileiras vinte e cinco casas lisboetas e a influecircncia portuguesa existente nesses ambientes
Como o projeto abrange textos informativos e descritivos dados fotografias inventaacuterios e artigos de
acircmbito binacional percebeu-se a necessidade da elaboraccedilatildeo de um local em que se pudesse reunir com-
parar e preservar as informaccedilotildees obtidas tanto pela pesquisa brasileira quanto pela portuguesa
Desta forma o Centro de Memoacuteria e Informaccedilatildeo (CMI) da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa (FCRB) ini-
ciou o trabalho pioneiro de sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees obtidas atraveacutes da criaccedilatildeo de um site que
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
agregasse a organizaccedilatildeo do material pesquisado a integraccedilatildeo cultural entre os dois paiacuteses assim como
fosse um suporte que servisse de apoio e utilizaccedilatildeo para consultas abertas agrave sociedade
Metodologia
Para a elaboraccedilatildeo de todo o conteuacutedo textual anexado ao site adotou-se uma metodologia uniforme
atraveacutes da elaboraccedilatildeo e preenchimento de fichas com os dados das casas e com a construccedilatildeo de um ma-
nual de normas descritivas a fim de padronizar linguisticamente e esteticamente todas as informaccedilotildees
arquitetocircnicas dos interiores das casas senhoriais
Deste modo toda atividade de inserccedilatildeo de materialdocumentaccedilatildeo artigos e textos incorporados agrave pla-
taforma tal como a formataccedilatildeo transformaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo dos dados levantados em formato de textos
online contribuem para a aparecircncia padronizaccedilatildeo organizaccedilatildeo compreensatildeo informacional sempre
objetivando a facilitaccedilatildeo de leitura dos conteuacutedos abordados
Assim as funccedilotildees do bolsista atuam na produccedilatildeo revisatildeo ortograacutefica descriccedilatildeo e divisatildeo de todo
o conteuacutedo textual tal como a padronizaccedilatildeo e formataccedilatildeo estiliacutestica do site Essas tarefas devem ser
pensadas de forma a ser compreensiacutevel por todos os tipos de leitores atentando para uma organizaccedilatildeo
esteacutetica e hieraacuterquica
Diante disso o trabalho de ediccedilatildeo busca proporcionar a apreensatildeo entendimento captaccedilatildeo e inclusatildeo
das informaccedilotildees e dados apurados veiculando-os da forma mais clara e plausiacutevel possiacutevel dentro de
uma fonte uacutenica e pioneira de pesquisa
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
Bases de dados
Base IconografiaArquivo histoacuterico e InstitucionalFCRB
Base MuseuMuseu Casa de Rui BarbosaFCRB
Museu Casa de Rui Barbosa Satildeo Paulo Banco Safra 2013
CONSERVACcedilAtildeO PreventivaFCRB Disponiacutevel em httpacervoscasaruibarbosagovbr
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A elaboraccedilatildeo de um inventaacuterio da obra de Grandjean de Montigny avanccedilos e desafios
Essa comunicaccedilatildeo tem como finalidade apresentar os resultados finais do projeto intitulado Gosto neo-
claacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850) desenvolvido pelo grupo de pesquisa
Museu-casa memoacuteria espaccedilo e representaccedilotildees O projeto tem como objetivo criar um inventaacuterio na
forma de base de dados dos desenhos do arquiteto de formaccedilatildeo francesa Auguste Henri Victor Grand-
jean de Montigny que chegou ao Brasil em 1816 como integrante da chamada ldquoMissatildeo Artiacutestica France-
sardquo e foi responsaacutevel pela criaccedilatildeo do curso de arquitetura e formaccedilatildeo de novos arquitetos que seguiram
seus ensinamentos
Por ter atuado na Franccedila Itaacutelia Westfaacutelia e Brasil seus desenhos estatildeo espalhados em distintas institui-
ccedilotildees nacionais e estrangeiras sendo relevante portanto a sistematizaccedilatildeo da sua obra em uma platafor-
ma digital documental que reuacutena as imagens das plantas e informaccedilotildees sobre sua produccedilatildeo intelectual
com o propoacutesito de possibilitar futuros estudos
A partir disso a primeira etapa da pesquisa consistiu em um levantamento dos desenhos de Grandjean
disponiacuteveis nos arquivos e na internet Com o apoio financeiro da FAPERJ foram produzidos registros
digitais de plantas e desenhos que se encontram no Museu D Joatildeo VI Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacio-
nal Arquivo Nacional Museu do Primeiro Reinado e no Museu Nacional de Belas Artes Aleacutem disso
Bolsista Katherine Nunes de AzevedoCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoGosto neoclaacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850)Agecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
reunimos tambeacutem as imagens que estavam digitalizadas nos arquivos Technische Universitaumlt Berlin ndash
Architekturmuseum (Universidade Teacutecnica de Berlim ndash Museu de Arquitetura)[1] Museumslandschaft
Hessen Kassel (Museu Hessen de Kassel)[2] Palaacutecio Nacional da Ajuda e Eacutecole Supeacuterieure National des
Beaux-Arts (Escola Superior Nacional de Belas Artes)[3]
Mesmo natildeo sendo desenhos de autoria de Grandjean de Montigny tambeacutem reproduzimos algumas
plantas que estatildeo no acervo do Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tra-
zem informaccedilotildees sobre sua residecircncia localizada na Gaacutevea[4] e a antiga Praccedila do Comeacutercio[5] Apesar de
natildeo serem pranchas formuladas pelo arquiteto elas satildeo relevantes na medida em que trazem detalhes
dos interiores de preacutedios idealizados por ele enquanto professor de arquitetura
Nesse uacuteltimo ano de pesquisa privilegiamos o aperfeiccediloamento dos campos da base de dados que
passou do formato Access para uma versatildeo on line com a sistematizaccedilatildeo de termos e nomenclaturas
anaacutelise das fontes de distintas tipologias que trouxessem informaccedilotildees sobre as plantas e a atuaccedilatildeo de
Grandjean de Montigny como arquiteto revisatildeo dos 325 itens da base de dados para corrigir equiacutevocos
de datas Aleacutem disso foi possiacutevel inferir hipoacuteteses sobre alguns desenhos que estatildeo na condiccedilatildeo de ldquosem
localizaccedilatildeordquo na base de dados
1 Traduccedilatildeo livre
2 Idem
3 Idem
4 Atual Solar Grandjean de Montigny
5 Atual Casa Franccedila-Brasil
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em relaccedilatildeo aos desafios da pesquisa eacute importante destacar as dificuldades que encontramos em formular
esse inventaacuterio tendo na maioria das vezes a necessidade de adiar a pesquisa devido agraves burocracias e em-
pecilhos impostos pelos arquivos puacuteblicos dificultando em alguns casos o acesso aos documentos Ape-
sar das adversidades conseguimos realizar um trabalho ineacutedito que traraacute avanccedilos em anaacutelises futuras
Referecircncias bibliograacuteficas
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FILHO Adolfo Morales de Los Rios Grandjean de Montigny e a evoluccedilatildeo da arte brasileira Empresa A
Noite [1946]
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa
Introduccedilatildeo
A fim de monitorar as condiccedilotildees climaacuteticas das suas aacutereas de guarda de acervo bibliograacutefico e museoloacute-
gico a Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa conta com 21 aparelhos denominados dataloggers distribuiacutedos por
toda a Fundaccedilatildeo Tais aparelhos mensuram a umidade relativa e a temperatura ambiente
Os dataloggers da Fundaccedilatildeo foram instalados em duas fases Os primeiros 14 entraram em operaccedilatildeo em
7 de abril de 2011 em 11 cocircmodos diferentes em todos os edifiacutecios da Fundaccedilatildeo Museu edifiacutecio sede
garagem e LAMIC (Laboratoacuterio de Microfilmagem) Jaacute os demais foram instalados em 26 de marccedilo de
2013 em diversas salas do museu
No entanto os uacutenicos ambientes que possuem condiccedilotildees climaacuteticas controladas totalmente por apare-
lhos ou seja isentos de influecircncias do meio externo satildeo os trecircs locais de guarda localizados no edifiacutecio
sede Biblioteca Arquivo e AMLB (Arquivo-Museu de Literatura Brasileira)
Objetivos
Este trabalho se propotildee a analisar as condiccedilotildees de temperatura ambiente e umidade relativa dos locais
de guarda do acervo bibliograacutefico da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa para poder identificar quais locais
BolsistaRodrigo Porto Bozzetti CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorEdmar Moraes Gonccedilalves ProjetoConservaccedilatildeo Integrada implantaccedilatildeo de programa de pesquisa no campo da deterioraccedilatildeo dos acervos documentaisAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
CALLOLMilagros Vaillant CARBOacute Mariacutea Teresa Domeacutenech RODRIGO Nieves Valentiacuten Uma mirada
hacia la conservacioacuten preventiva del patrimocircnio cultural Valencia Universidad Politeacutecnica de Valencia 2003
CARVALHO Claacuteudia SRodrigues de O espaccedilo como elemento de preservaccedilatildeo dos acervos com suporte em
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wwwcasaruibarbosagovbrdadosDOCartigosa-jFCRB_ClaudiaCarvalho_OEspaco_como_elemen-
to_representacao_dosacervos_com_suporte_em_papelpdfgt Acesso em 17 fev 2013
MAEKAWA Shin BELTRAN Vincent Collections care human comfort and Cimate control a case stu-
dy at the Casa de Rui Babosa Museum Conservation The GCI Newsletter v22 n1 2007 Disponiacutevel em
lthttpswwwgettyeduconservationpublications_resourcesnewsletters22_1news_in_cons1htmlgt
Acesso em 13 fev 2012
18
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BELLOTTO Heloiacutesa Liberalli Arquivos permanentes tratamento documental 2 ed reve ampl Rio de Ja-
neiro Ed FGV 2004
______ Como fazer anaacutelise diplomaacutetica e anaacutelise tipoloacutegica de documento de arquivo Satildeo Paulo Arquivo do
Estado Imprensa Oficial do Estado 2002 (Projeto como Fazer 8)
CAMARGO Ana Maria de Almeida Sobre arquivos pessoais Arquivo ampAdministraccedilatildeo Rio de Janeiro
AAB v7 n2 p 5- 10 juldez 2008
______ Arquivos pessoais e arquivos institucionais para um entendimento arquiviacutestico comum da
formaccedilatildeo da memoacuteria em um mundo poacutes-moderno Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v11 n21 p129-
149 1998
DURANTI Luciana Diplomaacutetica usos nuevos para una antigua ciencia Traduccedilatildeo de Manuel Vaacutezquez
Coacuterdoba Argentina Associacioacuten de Archiveros de Andalucia 1995
OLIVEIRA Lucia Maria Velloso de Descriccedilatildeo e pesquisa reflexotildees em torno dos arquivos pessoais Rio
de Janeiro Moacutebile 2012
______ A descriccedilatildeo arquiviacutestica o arquivista e a reinvenccedilatildeo dos arquivos In OLIVEIRA Lucia Maria
Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
1 p 327-332
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal Publicaccedilotildees teacutecnicas n 51 p 232 2005
DURANTI Luciana The archival bond Archives and Museum Informatics Netherlands Kluwer Acade-
mia Publishers v11 p 213-218 1997
DUCROT Ariane A Classificaccedilatildeo dos arquivos pessoais e familiares Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro
v 11 n21 p 151-168 1998
GENEALOGIA da Famiacutelia Oliveira Castro disponibilizada por Antoacutenio Mendes de Oliveira e Castro
Lucinha Sansom OSBMaria Luiacutesa Campos de Carvalho Disponiacutevel em httpwwwmuseu-emigran-
tesorgAntonio_MOC1htm
THOMASSEN Theo A first introduction to Archival Science Arquivo e Administraccedilatildeo Rio de Janeiro
Associaccedilatildeo dos Arquivistas Brasileiros v5 n1 p5-16 janjun 2006
YEO Geoffrey Concepts of Record (1) evidence information and persistent representations The Ame-
rican Archivist Chicago The American Archivist v 70 n2 p 315-343 2007
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
bosa 2005
COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
Cultural 2012
FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
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UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
agregasse a organizaccedilatildeo do material pesquisado a integraccedilatildeo cultural entre os dois paiacuteses assim como
fosse um suporte que servisse de apoio e utilizaccedilatildeo para consultas abertas agrave sociedade
Metodologia
Para a elaboraccedilatildeo de todo o conteuacutedo textual anexado ao site adotou-se uma metodologia uniforme
atraveacutes da elaboraccedilatildeo e preenchimento de fichas com os dados das casas e com a construccedilatildeo de um ma-
nual de normas descritivas a fim de padronizar linguisticamente e esteticamente todas as informaccedilotildees
arquitetocircnicas dos interiores das casas senhoriais
Deste modo toda atividade de inserccedilatildeo de materialdocumentaccedilatildeo artigos e textos incorporados agrave pla-
taforma tal como a formataccedilatildeo transformaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo dos dados levantados em formato de textos
online contribuem para a aparecircncia padronizaccedilatildeo organizaccedilatildeo compreensatildeo informacional sempre
objetivando a facilitaccedilatildeo de leitura dos conteuacutedos abordados
Assim as funccedilotildees do bolsista atuam na produccedilatildeo revisatildeo ortograacutefica descriccedilatildeo e divisatildeo de todo
o conteuacutedo textual tal como a padronizaccedilatildeo e formataccedilatildeo estiliacutestica do site Essas tarefas devem ser
pensadas de forma a ser compreensiacutevel por todos os tipos de leitores atentando para uma organizaccedilatildeo
esteacutetica e hieraacuterquica
Diante disso o trabalho de ediccedilatildeo busca proporcionar a apreensatildeo entendimento captaccedilatildeo e inclusatildeo
das informaccedilotildees e dados apurados veiculando-os da forma mais clara e plausiacutevel possiacutevel dentro de
uma fonte uacutenica e pioneira de pesquisa
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
Bases de dados
Base IconografiaArquivo histoacuterico e InstitucionalFCRB
Base MuseuMuseu Casa de Rui BarbosaFCRB
Museu Casa de Rui Barbosa Satildeo Paulo Banco Safra 2013
CONSERVACcedilAtildeO PreventivaFCRB Disponiacutevel em httpacervoscasaruibarbosagovbr
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A elaboraccedilatildeo de um inventaacuterio da obra de Grandjean de Montigny avanccedilos e desafios
Essa comunicaccedilatildeo tem como finalidade apresentar os resultados finais do projeto intitulado Gosto neo-
claacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850) desenvolvido pelo grupo de pesquisa
Museu-casa memoacuteria espaccedilo e representaccedilotildees O projeto tem como objetivo criar um inventaacuterio na
forma de base de dados dos desenhos do arquiteto de formaccedilatildeo francesa Auguste Henri Victor Grand-
jean de Montigny que chegou ao Brasil em 1816 como integrante da chamada ldquoMissatildeo Artiacutestica France-
sardquo e foi responsaacutevel pela criaccedilatildeo do curso de arquitetura e formaccedilatildeo de novos arquitetos que seguiram
seus ensinamentos
Por ter atuado na Franccedila Itaacutelia Westfaacutelia e Brasil seus desenhos estatildeo espalhados em distintas institui-
ccedilotildees nacionais e estrangeiras sendo relevante portanto a sistematizaccedilatildeo da sua obra em uma platafor-
ma digital documental que reuacutena as imagens das plantas e informaccedilotildees sobre sua produccedilatildeo intelectual
com o propoacutesito de possibilitar futuros estudos
A partir disso a primeira etapa da pesquisa consistiu em um levantamento dos desenhos de Grandjean
disponiacuteveis nos arquivos e na internet Com o apoio financeiro da FAPERJ foram produzidos registros
digitais de plantas e desenhos que se encontram no Museu D Joatildeo VI Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacio-
nal Arquivo Nacional Museu do Primeiro Reinado e no Museu Nacional de Belas Artes Aleacutem disso
Bolsista Katherine Nunes de AzevedoCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoGosto neoclaacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850)Agecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
reunimos tambeacutem as imagens que estavam digitalizadas nos arquivos Technische Universitaumlt Berlin ndash
Architekturmuseum (Universidade Teacutecnica de Berlim ndash Museu de Arquitetura)[1] Museumslandschaft
Hessen Kassel (Museu Hessen de Kassel)[2] Palaacutecio Nacional da Ajuda e Eacutecole Supeacuterieure National des
Beaux-Arts (Escola Superior Nacional de Belas Artes)[3]
Mesmo natildeo sendo desenhos de autoria de Grandjean de Montigny tambeacutem reproduzimos algumas
plantas que estatildeo no acervo do Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tra-
zem informaccedilotildees sobre sua residecircncia localizada na Gaacutevea[4] e a antiga Praccedila do Comeacutercio[5] Apesar de
natildeo serem pranchas formuladas pelo arquiteto elas satildeo relevantes na medida em que trazem detalhes
dos interiores de preacutedios idealizados por ele enquanto professor de arquitetura
Nesse uacuteltimo ano de pesquisa privilegiamos o aperfeiccediloamento dos campos da base de dados que
passou do formato Access para uma versatildeo on line com a sistematizaccedilatildeo de termos e nomenclaturas
anaacutelise das fontes de distintas tipologias que trouxessem informaccedilotildees sobre as plantas e a atuaccedilatildeo de
Grandjean de Montigny como arquiteto revisatildeo dos 325 itens da base de dados para corrigir equiacutevocos
de datas Aleacutem disso foi possiacutevel inferir hipoacuteteses sobre alguns desenhos que estatildeo na condiccedilatildeo de ldquosem
localizaccedilatildeordquo na base de dados
1 Traduccedilatildeo livre
2 Idem
3 Idem
4 Atual Solar Grandjean de Montigny
5 Atual Casa Franccedila-Brasil
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em relaccedilatildeo aos desafios da pesquisa eacute importante destacar as dificuldades que encontramos em formular
esse inventaacuterio tendo na maioria das vezes a necessidade de adiar a pesquisa devido agraves burocracias e em-
pecilhos impostos pelos arquivos puacuteblicos dificultando em alguns casos o acesso aos documentos Ape-
sar das adversidades conseguimos realizar um trabalho ineacutedito que traraacute avanccedilos em anaacutelises futuras
Referecircncias bibliograacuteficas
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FILHO Adolfo Morales de Los Rios Grandjean de Montigny e a evoluccedilatildeo da arte brasileira Empresa A
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa
Introduccedilatildeo
A fim de monitorar as condiccedilotildees climaacuteticas das suas aacutereas de guarda de acervo bibliograacutefico e museoloacute-
gico a Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa conta com 21 aparelhos denominados dataloggers distribuiacutedos por
toda a Fundaccedilatildeo Tais aparelhos mensuram a umidade relativa e a temperatura ambiente
Os dataloggers da Fundaccedilatildeo foram instalados em duas fases Os primeiros 14 entraram em operaccedilatildeo em
7 de abril de 2011 em 11 cocircmodos diferentes em todos os edifiacutecios da Fundaccedilatildeo Museu edifiacutecio sede
garagem e LAMIC (Laboratoacuterio de Microfilmagem) Jaacute os demais foram instalados em 26 de marccedilo de
2013 em diversas salas do museu
No entanto os uacutenicos ambientes que possuem condiccedilotildees climaacuteticas controladas totalmente por apare-
lhos ou seja isentos de influecircncias do meio externo satildeo os trecircs locais de guarda localizados no edifiacutecio
sede Biblioteca Arquivo e AMLB (Arquivo-Museu de Literatura Brasileira)
Objetivos
Este trabalho se propotildee a analisar as condiccedilotildees de temperatura ambiente e umidade relativa dos locais
de guarda do acervo bibliograacutefico da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa para poder identificar quais locais
BolsistaRodrigo Porto Bozzetti CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorEdmar Moraes Gonccedilalves ProjetoConservaccedilatildeo Integrada implantaccedilatildeo de programa de pesquisa no campo da deterioraccedilatildeo dos acervos documentaisAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
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lthttpswwwgettyeduconservationpublications_resourcesnewsletters22_1news_in_cons1htmlgt
Acesso em 13 fev 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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1 p 327-332
24
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
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rican Archivist Chicago The American Archivist v 70 n2 p 315-343 2007
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
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MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
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41
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
11
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
Bases de dados
Base IconografiaArquivo histoacuterico e InstitucionalFCRB
Base MuseuMuseu Casa de Rui BarbosaFCRB
Museu Casa de Rui Barbosa Satildeo Paulo Banco Safra 2013
CONSERVACcedilAtildeO PreventivaFCRB Disponiacutevel em httpacervoscasaruibarbosagovbr
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A elaboraccedilatildeo de um inventaacuterio da obra de Grandjean de Montigny avanccedilos e desafios
Essa comunicaccedilatildeo tem como finalidade apresentar os resultados finais do projeto intitulado Gosto neo-
claacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850) desenvolvido pelo grupo de pesquisa
Museu-casa memoacuteria espaccedilo e representaccedilotildees O projeto tem como objetivo criar um inventaacuterio na
forma de base de dados dos desenhos do arquiteto de formaccedilatildeo francesa Auguste Henri Victor Grand-
jean de Montigny que chegou ao Brasil em 1816 como integrante da chamada ldquoMissatildeo Artiacutestica France-
sardquo e foi responsaacutevel pela criaccedilatildeo do curso de arquitetura e formaccedilatildeo de novos arquitetos que seguiram
seus ensinamentos
Por ter atuado na Franccedila Itaacutelia Westfaacutelia e Brasil seus desenhos estatildeo espalhados em distintas institui-
ccedilotildees nacionais e estrangeiras sendo relevante portanto a sistematizaccedilatildeo da sua obra em uma platafor-
ma digital documental que reuacutena as imagens das plantas e informaccedilotildees sobre sua produccedilatildeo intelectual
com o propoacutesito de possibilitar futuros estudos
A partir disso a primeira etapa da pesquisa consistiu em um levantamento dos desenhos de Grandjean
disponiacuteveis nos arquivos e na internet Com o apoio financeiro da FAPERJ foram produzidos registros
digitais de plantas e desenhos que se encontram no Museu D Joatildeo VI Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacio-
nal Arquivo Nacional Museu do Primeiro Reinado e no Museu Nacional de Belas Artes Aleacutem disso
Bolsista Katherine Nunes de AzevedoCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoGosto neoclaacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850)Agecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
reunimos tambeacutem as imagens que estavam digitalizadas nos arquivos Technische Universitaumlt Berlin ndash
Architekturmuseum (Universidade Teacutecnica de Berlim ndash Museu de Arquitetura)[1] Museumslandschaft
Hessen Kassel (Museu Hessen de Kassel)[2] Palaacutecio Nacional da Ajuda e Eacutecole Supeacuterieure National des
Beaux-Arts (Escola Superior Nacional de Belas Artes)[3]
Mesmo natildeo sendo desenhos de autoria de Grandjean de Montigny tambeacutem reproduzimos algumas
plantas que estatildeo no acervo do Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tra-
zem informaccedilotildees sobre sua residecircncia localizada na Gaacutevea[4] e a antiga Praccedila do Comeacutercio[5] Apesar de
natildeo serem pranchas formuladas pelo arquiteto elas satildeo relevantes na medida em que trazem detalhes
dos interiores de preacutedios idealizados por ele enquanto professor de arquitetura
Nesse uacuteltimo ano de pesquisa privilegiamos o aperfeiccediloamento dos campos da base de dados que
passou do formato Access para uma versatildeo on line com a sistematizaccedilatildeo de termos e nomenclaturas
anaacutelise das fontes de distintas tipologias que trouxessem informaccedilotildees sobre as plantas e a atuaccedilatildeo de
Grandjean de Montigny como arquiteto revisatildeo dos 325 itens da base de dados para corrigir equiacutevocos
de datas Aleacutem disso foi possiacutevel inferir hipoacuteteses sobre alguns desenhos que estatildeo na condiccedilatildeo de ldquosem
localizaccedilatildeordquo na base de dados
1 Traduccedilatildeo livre
2 Idem
3 Idem
4 Atual Solar Grandjean de Montigny
5 Atual Casa Franccedila-Brasil
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em relaccedilatildeo aos desafios da pesquisa eacute importante destacar as dificuldades que encontramos em formular
esse inventaacuterio tendo na maioria das vezes a necessidade de adiar a pesquisa devido agraves burocracias e em-
pecilhos impostos pelos arquivos puacuteblicos dificultando em alguns casos o acesso aos documentos Ape-
sar das adversidades conseguimos realizar um trabalho ineacutedito que traraacute avanccedilos em anaacutelises futuras
Referecircncias bibliograacuteficas
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FILHO Adolfo Morales de Los Rios Grandjean de Montigny e a evoluccedilatildeo da arte brasileira Empresa A
Noite [1946]
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa
Introduccedilatildeo
A fim de monitorar as condiccedilotildees climaacuteticas das suas aacutereas de guarda de acervo bibliograacutefico e museoloacute-
gico a Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa conta com 21 aparelhos denominados dataloggers distribuiacutedos por
toda a Fundaccedilatildeo Tais aparelhos mensuram a umidade relativa e a temperatura ambiente
Os dataloggers da Fundaccedilatildeo foram instalados em duas fases Os primeiros 14 entraram em operaccedilatildeo em
7 de abril de 2011 em 11 cocircmodos diferentes em todos os edifiacutecios da Fundaccedilatildeo Museu edifiacutecio sede
garagem e LAMIC (Laboratoacuterio de Microfilmagem) Jaacute os demais foram instalados em 26 de marccedilo de
2013 em diversas salas do museu
No entanto os uacutenicos ambientes que possuem condiccedilotildees climaacuteticas controladas totalmente por apare-
lhos ou seja isentos de influecircncias do meio externo satildeo os trecircs locais de guarda localizados no edifiacutecio
sede Biblioteca Arquivo e AMLB (Arquivo-Museu de Literatura Brasileira)
Objetivos
Este trabalho se propotildee a analisar as condiccedilotildees de temperatura ambiente e umidade relativa dos locais
de guarda do acervo bibliograacutefico da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa para poder identificar quais locais
BolsistaRodrigo Porto Bozzetti CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorEdmar Moraes Gonccedilalves ProjetoConservaccedilatildeo Integrada implantaccedilatildeo de programa de pesquisa no campo da deterioraccedilatildeo dos acervos documentaisAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
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lthttpswwwgettyeduconservationpublications_resourcesnewsletters22_1news_in_cons1htmlgt
Acesso em 13 fev 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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OLIVEIRA Lucia Maria Velloso de Descriccedilatildeo e pesquisa reflexotildees em torno dos arquivos pessoais Rio
de Janeiro Moacutebile 2012
______ A descriccedilatildeo arquiviacutestica o arquivista e a reinvenccedilatildeo dos arquivos In OLIVEIRA Lucia Maria
Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
bosa 2005
COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
Cultural 2012
FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
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KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
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LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
60
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A elaboraccedilatildeo de um inventaacuterio da obra de Grandjean de Montigny avanccedilos e desafios
Essa comunicaccedilatildeo tem como finalidade apresentar os resultados finais do projeto intitulado Gosto neo-
claacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850) desenvolvido pelo grupo de pesquisa
Museu-casa memoacuteria espaccedilo e representaccedilotildees O projeto tem como objetivo criar um inventaacuterio na
forma de base de dados dos desenhos do arquiteto de formaccedilatildeo francesa Auguste Henri Victor Grand-
jean de Montigny que chegou ao Brasil em 1816 como integrante da chamada ldquoMissatildeo Artiacutestica France-
sardquo e foi responsaacutevel pela criaccedilatildeo do curso de arquitetura e formaccedilatildeo de novos arquitetos que seguiram
seus ensinamentos
Por ter atuado na Franccedila Itaacutelia Westfaacutelia e Brasil seus desenhos estatildeo espalhados em distintas institui-
ccedilotildees nacionais e estrangeiras sendo relevante portanto a sistematizaccedilatildeo da sua obra em uma platafor-
ma digital documental que reuacutena as imagens das plantas e informaccedilotildees sobre sua produccedilatildeo intelectual
com o propoacutesito de possibilitar futuros estudos
A partir disso a primeira etapa da pesquisa consistiu em um levantamento dos desenhos de Grandjean
disponiacuteveis nos arquivos e na internet Com o apoio financeiro da FAPERJ foram produzidos registros
digitais de plantas e desenhos que se encontram no Museu D Joatildeo VI Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacio-
nal Arquivo Nacional Museu do Primeiro Reinado e no Museu Nacional de Belas Artes Aleacutem disso
Bolsista Katherine Nunes de AzevedoCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Orientador Ana Pessoa dos SantosProjetoGosto neoclaacutessico Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850)Agecircncia de financiamento CNPqPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
reunimos tambeacutem as imagens que estavam digitalizadas nos arquivos Technische Universitaumlt Berlin ndash
Architekturmuseum (Universidade Teacutecnica de Berlim ndash Museu de Arquitetura)[1] Museumslandschaft
Hessen Kassel (Museu Hessen de Kassel)[2] Palaacutecio Nacional da Ajuda e Eacutecole Supeacuterieure National des
Beaux-Arts (Escola Superior Nacional de Belas Artes)[3]
Mesmo natildeo sendo desenhos de autoria de Grandjean de Montigny tambeacutem reproduzimos algumas
plantas que estatildeo no acervo do Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tra-
zem informaccedilotildees sobre sua residecircncia localizada na Gaacutevea[4] e a antiga Praccedila do Comeacutercio[5] Apesar de
natildeo serem pranchas formuladas pelo arquiteto elas satildeo relevantes na medida em que trazem detalhes
dos interiores de preacutedios idealizados por ele enquanto professor de arquitetura
Nesse uacuteltimo ano de pesquisa privilegiamos o aperfeiccediloamento dos campos da base de dados que
passou do formato Access para uma versatildeo on line com a sistematizaccedilatildeo de termos e nomenclaturas
anaacutelise das fontes de distintas tipologias que trouxessem informaccedilotildees sobre as plantas e a atuaccedilatildeo de
Grandjean de Montigny como arquiteto revisatildeo dos 325 itens da base de dados para corrigir equiacutevocos
de datas Aleacutem disso foi possiacutevel inferir hipoacuteteses sobre alguns desenhos que estatildeo na condiccedilatildeo de ldquosem
localizaccedilatildeordquo na base de dados
1 Traduccedilatildeo livre
2 Idem
3 Idem
4 Atual Solar Grandjean de Montigny
5 Atual Casa Franccedila-Brasil
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em relaccedilatildeo aos desafios da pesquisa eacute importante destacar as dificuldades que encontramos em formular
esse inventaacuterio tendo na maioria das vezes a necessidade de adiar a pesquisa devido agraves burocracias e em-
pecilhos impostos pelos arquivos puacuteblicos dificultando em alguns casos o acesso aos documentos Ape-
sar das adversidades conseguimos realizar um trabalho ineacutedito que traraacute avanccedilos em anaacutelises futuras
Referecircncias bibliograacuteficas
ACADEMIA IMPERIAL DE BELAS ARTESCataacutelogos das exposiccedilotildees gerais das Bellas Artes 1841-1843 1845
e 1850 e precircmios outorgados Rio de Janeiro [sn] 1843 25 p
MONTIGNY Grandjean A Famin Architectures toscane ou palais maisons et autres edifices de la Tos-
cane mensureacutes et dessineacutes Paris Denovilliers1837 Disponiacutevel em httpgallicabnffrark12148bp-
t6k5429296wr=Grandjean+de+Montigny2C+Auguste-Henri-VictorlangPT Acesso em 20 jun 2014
TELLES Angela Grandjean de Montignyda arquitetura revolucionaacuteria agrave civilizaccedilatildeo nos troacutepicos Rio de Janei-
ro Ed Arquivo Nacional 2008
FILHO Adolfo Morales de Los Rios Grandjean de Montigny e a evoluccedilatildeo da arte brasileira Empresa A
Noite [1946]
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa
Introduccedilatildeo
A fim de monitorar as condiccedilotildees climaacuteticas das suas aacutereas de guarda de acervo bibliograacutefico e museoloacute-
gico a Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa conta com 21 aparelhos denominados dataloggers distribuiacutedos por
toda a Fundaccedilatildeo Tais aparelhos mensuram a umidade relativa e a temperatura ambiente
Os dataloggers da Fundaccedilatildeo foram instalados em duas fases Os primeiros 14 entraram em operaccedilatildeo em
7 de abril de 2011 em 11 cocircmodos diferentes em todos os edifiacutecios da Fundaccedilatildeo Museu edifiacutecio sede
garagem e LAMIC (Laboratoacuterio de Microfilmagem) Jaacute os demais foram instalados em 26 de marccedilo de
2013 em diversas salas do museu
No entanto os uacutenicos ambientes que possuem condiccedilotildees climaacuteticas controladas totalmente por apare-
lhos ou seja isentos de influecircncias do meio externo satildeo os trecircs locais de guarda localizados no edifiacutecio
sede Biblioteca Arquivo e AMLB (Arquivo-Museu de Literatura Brasileira)
Objetivos
Este trabalho se propotildee a analisar as condiccedilotildees de temperatura ambiente e umidade relativa dos locais
de guarda do acervo bibliograacutefico da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa para poder identificar quais locais
BolsistaRodrigo Porto Bozzetti CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorEdmar Moraes Gonccedilalves ProjetoConservaccedilatildeo Integrada implantaccedilatildeo de programa de pesquisa no campo da deterioraccedilatildeo dos acervos documentaisAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
CALLOLMilagros Vaillant CARBOacute Mariacutea Teresa Domeacutenech RODRIGO Nieves Valentiacuten Uma mirada
hacia la conservacioacuten preventiva del patrimocircnio cultural Valencia Universidad Politeacutecnica de Valencia 2003
CARVALHO Claacuteudia SRodrigues de O espaccedilo como elemento de preservaccedilatildeo dos acervos com suporte em
papel Rio de Janeiro Centro de Memoacuteria da Academia Brasileira de Letras 1998 Disponiacutevel em lthttp
wwwcasaruibarbosagovbrdadosDOCartigosa-jFCRB_ClaudiaCarvalho_OEspaco_como_elemen-
to_representacao_dosacervos_com_suporte_em_papelpdfgt Acesso em 17 fev 2013
MAEKAWA Shin BELTRAN Vincent Collections care human comfort and Cimate control a case stu-
dy at the Casa de Rui Babosa Museum Conservation The GCI Newsletter v22 n1 2007 Disponiacutevel em
lthttpswwwgettyeduconservationpublications_resourcesnewsletters22_1news_in_cons1htmlgt
Acesso em 13 fev 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BELLOTTO Heloiacutesa Liberalli Arquivos permanentes tratamento documental 2 ed reve ampl Rio de Ja-
neiro Ed FGV 2004
______ Como fazer anaacutelise diplomaacutetica e anaacutelise tipoloacutegica de documento de arquivo Satildeo Paulo Arquivo do
Estado Imprensa Oficial do Estado 2002 (Projeto como Fazer 8)
CAMARGO Ana Maria de Almeida Sobre arquivos pessoais Arquivo ampAdministraccedilatildeo Rio de Janeiro
AAB v7 n2 p 5- 10 juldez 2008
______ Arquivos pessoais e arquivos institucionais para um entendimento arquiviacutestico comum da
formaccedilatildeo da memoacuteria em um mundo poacutes-moderno Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v11 n21 p129-
149 1998
DURANTI Luciana Diplomaacutetica usos nuevos para una antigua ciencia Traduccedilatildeo de Manuel Vaacutezquez
Coacuterdoba Argentina Associacioacuten de Archiveros de Andalucia 1995
OLIVEIRA Lucia Maria Velloso de Descriccedilatildeo e pesquisa reflexotildees em torno dos arquivos pessoais Rio
de Janeiro Moacutebile 2012
______ A descriccedilatildeo arquiviacutestica o arquivista e a reinvenccedilatildeo dos arquivos In OLIVEIRA Lucia Maria
Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
1 p 327-332
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal Publicaccedilotildees teacutecnicas n 51 p 232 2005
DURANTI Luciana The archival bond Archives and Museum Informatics Netherlands Kluwer Acade-
mia Publishers v11 p 213-218 1997
DUCROT Ariane A Classificaccedilatildeo dos arquivos pessoais e familiares Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro
v 11 n21 p 151-168 1998
GENEALOGIA da Famiacutelia Oliveira Castro disponibilizada por Antoacutenio Mendes de Oliveira e Castro
Lucinha Sansom OSBMaria Luiacutesa Campos de Carvalho Disponiacutevel em httpwwwmuseu-emigran-
tesorgAntonio_MOC1htm
THOMASSEN Theo A first introduction to Archival Science Arquivo e Administraccedilatildeo Rio de Janeiro
Associaccedilatildeo dos Arquivistas Brasileiros v5 n1 p5-16 janjun 2006
YEO Geoffrey Concepts of Record (1) evidence information and persistent representations The Ame-
rican Archivist Chicago The American Archivist v 70 n2 p 315-343 2007
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
bosa 2005
COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
Cultural 2012
FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
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BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
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______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
reunimos tambeacutem as imagens que estavam digitalizadas nos arquivos Technische Universitaumlt Berlin ndash
Architekturmuseum (Universidade Teacutecnica de Berlim ndash Museu de Arquitetura)[1] Museumslandschaft
Hessen Kassel (Museu Hessen de Kassel)[2] Palaacutecio Nacional da Ajuda e Eacutecole Supeacuterieure National des
Beaux-Arts (Escola Superior Nacional de Belas Artes)[3]
Mesmo natildeo sendo desenhos de autoria de Grandjean de Montigny tambeacutem reproduzimos algumas
plantas que estatildeo no acervo do Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tra-
zem informaccedilotildees sobre sua residecircncia localizada na Gaacutevea[4] e a antiga Praccedila do Comeacutercio[5] Apesar de
natildeo serem pranchas formuladas pelo arquiteto elas satildeo relevantes na medida em que trazem detalhes
dos interiores de preacutedios idealizados por ele enquanto professor de arquitetura
Nesse uacuteltimo ano de pesquisa privilegiamos o aperfeiccediloamento dos campos da base de dados que
passou do formato Access para uma versatildeo on line com a sistematizaccedilatildeo de termos e nomenclaturas
anaacutelise das fontes de distintas tipologias que trouxessem informaccedilotildees sobre as plantas e a atuaccedilatildeo de
Grandjean de Montigny como arquiteto revisatildeo dos 325 itens da base de dados para corrigir equiacutevocos
de datas Aleacutem disso foi possiacutevel inferir hipoacuteteses sobre alguns desenhos que estatildeo na condiccedilatildeo de ldquosem
localizaccedilatildeordquo na base de dados
1 Traduccedilatildeo livre
2 Idem
3 Idem
4 Atual Solar Grandjean de Montigny
5 Atual Casa Franccedila-Brasil
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em relaccedilatildeo aos desafios da pesquisa eacute importante destacar as dificuldades que encontramos em formular
esse inventaacuterio tendo na maioria das vezes a necessidade de adiar a pesquisa devido agraves burocracias e em-
pecilhos impostos pelos arquivos puacuteblicos dificultando em alguns casos o acesso aos documentos Ape-
sar das adversidades conseguimos realizar um trabalho ineacutedito que traraacute avanccedilos em anaacutelises futuras
Referecircncias bibliograacuteficas
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ro Ed Arquivo Nacional 2008
FILHO Adolfo Morales de Los Rios Grandjean de Montigny e a evoluccedilatildeo da arte brasileira Empresa A
Noite [1946]
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa
Introduccedilatildeo
A fim de monitorar as condiccedilotildees climaacuteticas das suas aacutereas de guarda de acervo bibliograacutefico e museoloacute-
gico a Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa conta com 21 aparelhos denominados dataloggers distribuiacutedos por
toda a Fundaccedilatildeo Tais aparelhos mensuram a umidade relativa e a temperatura ambiente
Os dataloggers da Fundaccedilatildeo foram instalados em duas fases Os primeiros 14 entraram em operaccedilatildeo em
7 de abril de 2011 em 11 cocircmodos diferentes em todos os edifiacutecios da Fundaccedilatildeo Museu edifiacutecio sede
garagem e LAMIC (Laboratoacuterio de Microfilmagem) Jaacute os demais foram instalados em 26 de marccedilo de
2013 em diversas salas do museu
No entanto os uacutenicos ambientes que possuem condiccedilotildees climaacuteticas controladas totalmente por apare-
lhos ou seja isentos de influecircncias do meio externo satildeo os trecircs locais de guarda localizados no edifiacutecio
sede Biblioteca Arquivo e AMLB (Arquivo-Museu de Literatura Brasileira)
Objetivos
Este trabalho se propotildee a analisar as condiccedilotildees de temperatura ambiente e umidade relativa dos locais
de guarda do acervo bibliograacutefico da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa para poder identificar quais locais
BolsistaRodrigo Porto Bozzetti CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorEdmar Moraes Gonccedilalves ProjetoConservaccedilatildeo Integrada implantaccedilatildeo de programa de pesquisa no campo da deterioraccedilatildeo dos acervos documentaisAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
CALLOLMilagros Vaillant CARBOacute Mariacutea Teresa Domeacutenech RODRIGO Nieves Valentiacuten Uma mirada
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MAEKAWA Shin BELTRAN Vincent Collections care human comfort and Cimate control a case stu-
dy at the Casa de Rui Babosa Museum Conservation The GCI Newsletter v22 n1 2007 Disponiacutevel em
lthttpswwwgettyeduconservationpublications_resourcesnewsletters22_1news_in_cons1htmlgt
Acesso em 13 fev 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
21
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
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CAMARGO Ana Maria de Almeida Sobre arquivos pessoais Arquivo ampAdministraccedilatildeo Rio de Janeiro
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Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
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RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal Publicaccedilotildees teacutecnicas n 51 p 232 2005
DURANTI Luciana The archival bond Archives and Museum Informatics Netherlands Kluwer Acade-
mia Publishers v11 p 213-218 1997
DUCROT Ariane A Classificaccedilatildeo dos arquivos pessoais e familiares Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro
v 11 n21 p 151-168 1998
GENEALOGIA da Famiacutelia Oliveira Castro disponibilizada por Antoacutenio Mendes de Oliveira e Castro
Lucinha Sansom OSBMaria Luiacutesa Campos de Carvalho Disponiacutevel em httpwwwmuseu-emigran-
tesorgAntonio_MOC1htm
THOMASSEN Theo A first introduction to Archival Science Arquivo e Administraccedilatildeo Rio de Janeiro
Associaccedilatildeo dos Arquivistas Brasileiros v5 n1 p5-16 janjun 2006
YEO Geoffrey Concepts of Record (1) evidence information and persistent representations The Ame-
rican Archivist Chicago The American Archivist v 70 n2 p 315-343 2007
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
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COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
Cultural 2012
FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
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2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
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PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
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SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
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LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
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SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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Em relaccedilatildeo aos desafios da pesquisa eacute importante destacar as dificuldades que encontramos em formular
esse inventaacuterio tendo na maioria das vezes a necessidade de adiar a pesquisa devido agraves burocracias e em-
pecilhos impostos pelos arquivos puacuteblicos dificultando em alguns casos o acesso aos documentos Ape-
sar das adversidades conseguimos realizar um trabalho ineacutedito que traraacute avanccedilos em anaacutelises futuras
Referecircncias bibliograacuteficas
ACADEMIA IMPERIAL DE BELAS ARTESCataacutelogos das exposiccedilotildees gerais das Bellas Artes 1841-1843 1845
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FILHO Adolfo Morales de Los Rios Grandjean de Montigny e a evoluccedilatildeo da arte brasileira Empresa A
Noite [1946]
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa
Introduccedilatildeo
A fim de monitorar as condiccedilotildees climaacuteticas das suas aacutereas de guarda de acervo bibliograacutefico e museoloacute-
gico a Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa conta com 21 aparelhos denominados dataloggers distribuiacutedos por
toda a Fundaccedilatildeo Tais aparelhos mensuram a umidade relativa e a temperatura ambiente
Os dataloggers da Fundaccedilatildeo foram instalados em duas fases Os primeiros 14 entraram em operaccedilatildeo em
7 de abril de 2011 em 11 cocircmodos diferentes em todos os edifiacutecios da Fundaccedilatildeo Museu edifiacutecio sede
garagem e LAMIC (Laboratoacuterio de Microfilmagem) Jaacute os demais foram instalados em 26 de marccedilo de
2013 em diversas salas do museu
No entanto os uacutenicos ambientes que possuem condiccedilotildees climaacuteticas controladas totalmente por apare-
lhos ou seja isentos de influecircncias do meio externo satildeo os trecircs locais de guarda localizados no edifiacutecio
sede Biblioteca Arquivo e AMLB (Arquivo-Museu de Literatura Brasileira)
Objetivos
Este trabalho se propotildee a analisar as condiccedilotildees de temperatura ambiente e umidade relativa dos locais
de guarda do acervo bibliograacutefico da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa para poder identificar quais locais
BolsistaRodrigo Porto Bozzetti CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorEdmar Moraes Gonccedilalves ProjetoConservaccedilatildeo Integrada implantaccedilatildeo de programa de pesquisa no campo da deterioraccedilatildeo dos acervos documentaisAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
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Acesso em 13 fev 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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CAMARGO Ana Maria de Almeida Sobre arquivos pessoais Arquivo ampAdministraccedilatildeo Rio de Janeiro
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de Janeiro Moacutebile 2012
______ A descriccedilatildeo arquiviacutestica o arquivista e a reinvenccedilatildeo dos arquivos In OLIVEIRA Lucia Maria
Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
1 p 327-332
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
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HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
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DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
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literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Anaacutelise das condiccedilotildees climaacuteticas dos locais de guarda de acervo da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa
Introduccedilatildeo
A fim de monitorar as condiccedilotildees climaacuteticas das suas aacutereas de guarda de acervo bibliograacutefico e museoloacute-
gico a Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa conta com 21 aparelhos denominados dataloggers distribuiacutedos por
toda a Fundaccedilatildeo Tais aparelhos mensuram a umidade relativa e a temperatura ambiente
Os dataloggers da Fundaccedilatildeo foram instalados em duas fases Os primeiros 14 entraram em operaccedilatildeo em
7 de abril de 2011 em 11 cocircmodos diferentes em todos os edifiacutecios da Fundaccedilatildeo Museu edifiacutecio sede
garagem e LAMIC (Laboratoacuterio de Microfilmagem) Jaacute os demais foram instalados em 26 de marccedilo de
2013 em diversas salas do museu
No entanto os uacutenicos ambientes que possuem condiccedilotildees climaacuteticas controladas totalmente por apare-
lhos ou seja isentos de influecircncias do meio externo satildeo os trecircs locais de guarda localizados no edifiacutecio
sede Biblioteca Arquivo e AMLB (Arquivo-Museu de Literatura Brasileira)
Objetivos
Este trabalho se propotildee a analisar as condiccedilotildees de temperatura ambiente e umidade relativa dos locais
de guarda do acervo bibliograacutefico da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa para poder identificar quais locais
BolsistaRodrigo Porto Bozzetti CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorEdmar Moraes Gonccedilalves ProjetoConservaccedilatildeo Integrada implantaccedilatildeo de programa de pesquisa no campo da deterioraccedilatildeo dos acervos documentaisAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2012 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
CALLOLMilagros Vaillant CARBOacute Mariacutea Teresa Domeacutenech RODRIGO Nieves Valentiacuten Uma mirada
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MAEKAWA Shin BELTRAN Vincent Collections care human comfort and Cimate control a case stu-
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lthttpswwwgettyeduconservationpublications_resourcesnewsletters22_1news_in_cons1htmlgt
Acesso em 13 fev 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BELLOTTO Heloiacutesa Liberalli Arquivos permanentes tratamento documental 2 ed reve ampl Rio de Ja-
neiro Ed FGV 2004
______ Como fazer anaacutelise diplomaacutetica e anaacutelise tipoloacutegica de documento de arquivo Satildeo Paulo Arquivo do
Estado Imprensa Oficial do Estado 2002 (Projeto como Fazer 8)
CAMARGO Ana Maria de Almeida Sobre arquivos pessoais Arquivo ampAdministraccedilatildeo Rio de Janeiro
AAB v7 n2 p 5- 10 juldez 2008
______ Arquivos pessoais e arquivos institucionais para um entendimento arquiviacutestico comum da
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Coacuterdoba Argentina Associacioacuten de Archiveros de Andalucia 1995
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______ A descriccedilatildeo arquiviacutestica o arquivista e a reinvenccedilatildeo dos arquivos In OLIVEIRA Lucia Maria
Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
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24
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal Publicaccedilotildees teacutecnicas n 51 p 232 2005
DURANTI Luciana The archival bond Archives and Museum Informatics Netherlands Kluwer Acade-
mia Publishers v11 p 213-218 1997
DUCROT Ariane A Classificaccedilatildeo dos arquivos pessoais e familiares Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro
v 11 n21 p 151-168 1998
GENEALOGIA da Famiacutelia Oliveira Castro disponibilizada por Antoacutenio Mendes de Oliveira e Castro
Lucinha Sansom OSBMaria Luiacutesa Campos de Carvalho Disponiacutevel em httpwwwmuseu-emigran-
tesorgAntonio_MOC1htm
THOMASSEN Theo A first introduction to Archival Science Arquivo e Administraccedilatildeo Rio de Janeiro
Associaccedilatildeo dos Arquivistas Brasileiros v5 n1 p5-16 janjun 2006
YEO Geoffrey Concepts of Record (1) evidence information and persistent representations The Ame-
rican Archivist Chicago The American Archivist v 70 n2 p 315-343 2007
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
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COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
Cultural 2012
FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
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PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
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POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
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SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
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LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
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SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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de guarda estatildeo ou natildeo de acordo com os valores de temperatura ambiente e umidade relativa recomen-
dados pela literatura de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
Metodologia
Atraveacutes dos valores registrados pelos dataloggers entre 7 de abril de 2011 e 28 de junho de 2013 foram
realizadas meacutedias mensais a fim de comparaacute-las com as meacutedias destas variaacuteveis recomendadas pelos
principais autores e instituiccedilotildees da aacuterea de conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo Os dados foram extraiacutedos dos
dataloggers e exportados para o software Microsoft Excel onde satildeo gerados graacuteficos e tabelas referentes a
cada ambiente monitorado Sendo assim atraveacutes destes dados eacute possiacutevel comparaacute-los com os valores re-
comendados pela literatura para temperatura ambiente e umidade relativa Para identificar quais satildeo tais
valores foi realizada uma revisatildeo de literatura tendo por base autores consagrados na aacuterea onde se en-
controu um intervalo entre 20deg e 25degC para temperatura ambiente e entre 40 e 55 para umidade relativa
Conclusatildeo
Atraveacutes da leitura perioacutedica dos dados fornecidos pelos dataloggers foi possiacutevel concluir que dada a
importacircncia do controle ambiental para evitar a proliferaccedilatildeo de microrganismos e a consequente dete-
rioraccedilatildeo de acervos o sistema de controle climaacutetico da Fundaccedilatildeo tem se mostrado eficiente de maneira a
garantir niacuteveis de paracircmetros meteoroloacutegicos estaacuteveis e adequados agrave literatura de conservaccedilatildeo preven-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
CALLOLMilagros Vaillant CARBOacute Mariacutea Teresa Domeacutenech RODRIGO Nieves Valentiacuten Uma mirada
hacia la conservacioacuten preventiva del patrimocircnio cultural Valencia Universidad Politeacutecnica de Valencia 2003
CARVALHO Claacuteudia SRodrigues de O espaccedilo como elemento de preservaccedilatildeo dos acervos com suporte em
papel Rio de Janeiro Centro de Memoacuteria da Academia Brasileira de Letras 1998 Disponiacutevel em lthttp
wwwcasaruibarbosagovbrdadosDOCartigosa-jFCRB_ClaudiaCarvalho_OEspaco_como_elemen-
to_representacao_dosacervos_com_suporte_em_papelpdfgt Acesso em 17 fev 2013
MAEKAWA Shin BELTRAN Vincent Collections care human comfort and Cimate control a case stu-
dy at the Casa de Rui Babosa Museum Conservation The GCI Newsletter v22 n1 2007 Disponiacutevel em
lthttpswwwgettyeduconservationpublications_resourcesnewsletters22_1news_in_cons1htmlgt
Acesso em 13 fev 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BELLOTTO Heloiacutesa Liberalli Arquivos permanentes tratamento documental 2 ed reve ampl Rio de Ja-
neiro Ed FGV 2004
______ Como fazer anaacutelise diplomaacutetica e anaacutelise tipoloacutegica de documento de arquivo Satildeo Paulo Arquivo do
Estado Imprensa Oficial do Estado 2002 (Projeto como Fazer 8)
CAMARGO Ana Maria de Almeida Sobre arquivos pessoais Arquivo ampAdministraccedilatildeo Rio de Janeiro
AAB v7 n2 p 5- 10 juldez 2008
______ Arquivos pessoais e arquivos institucionais para um entendimento arquiviacutestico comum da
formaccedilatildeo da memoacuteria em um mundo poacutes-moderno Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v11 n21 p129-
149 1998
DURANTI Luciana Diplomaacutetica usos nuevos para una antigua ciencia Traduccedilatildeo de Manuel Vaacutezquez
Coacuterdoba Argentina Associacioacuten de Archiveros de Andalucia 1995
OLIVEIRA Lucia Maria Velloso de Descriccedilatildeo e pesquisa reflexotildees em torno dos arquivos pessoais Rio
de Janeiro Moacutebile 2012
______ A descriccedilatildeo arquiviacutestica o arquivista e a reinvenccedilatildeo dos arquivos In OLIVEIRA Lucia Maria
Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
1 p 327-332
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal Publicaccedilotildees teacutecnicas n 51 p 232 2005
DURANTI Luciana The archival bond Archives and Museum Informatics Netherlands Kluwer Acade-
mia Publishers v11 p 213-218 1997
DUCROT Ariane A Classificaccedilatildeo dos arquivos pessoais e familiares Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro
v 11 n21 p 151-168 1998
GENEALOGIA da Famiacutelia Oliveira Castro disponibilizada por Antoacutenio Mendes de Oliveira e Castro
Lucinha Sansom OSBMaria Luiacutesa Campos de Carvalho Disponiacutevel em httpwwwmuseu-emigran-
tesorgAntonio_MOC1htm
THOMASSEN Theo A first introduction to Archival Science Arquivo e Administraccedilatildeo Rio de Janeiro
Associaccedilatildeo dos Arquivistas Brasileiros v5 n1 p5-16 janjun 2006
YEO Geoffrey Concepts of Record (1) evidence information and persistent representations The Ame-
rican Archivist Chicago The American Archivist v 70 n2 p 315-343 2007
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
bosa 2005
COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
Cultural 2012
FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
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BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
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(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
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literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
tiva garantindo nos trecircs ambientes de guarda de acervo do edifiacutecio sede uma ausecircncia de deterioraccedilatildeo
do acervo por fatores de ordem bioloacutegica como fungos e diversos tipos de microorganismos Jaacute nos
ambientes do museu da Fundaccedilatildeo bem como no LAMIC e na garagem embora as condiccedilotildees climaacuteticas
nem sempre estejam dentro dos padrotildees desejaacuteveis essas variaacuteveis se mantecircm estaacuteveis dificultando
desta forma o surgimento e a atuaccedilatildeo de agentes biodeteriorantes
Referecircncias Bibliograacuteficas
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Acesso em 13 fev 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BELLOTTO Heloiacutesa Liberalli Arquivos permanentes tratamento documental 2 ed reve ampl Rio de Ja-
neiro Ed FGV 2004
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Estado Imprensa Oficial do Estado 2002 (Projeto como Fazer 8)
CAMARGO Ana Maria de Almeida Sobre arquivos pessoais Arquivo ampAdministraccedilatildeo Rio de Janeiro
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______ Arquivos pessoais e arquivos institucionais para um entendimento arquiviacutestico comum da
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DURANTI Luciana Diplomaacutetica usos nuevos para una antigua ciencia Traduccedilatildeo de Manuel Vaacutezquez
Coacuterdoba Argentina Associacioacuten de Archiveros de Andalucia 1995
OLIVEIRA Lucia Maria Velloso de Descriccedilatildeo e pesquisa reflexotildees em torno dos arquivos pessoais Rio
de Janeiro Moacutebile 2012
______ A descriccedilatildeo arquiviacutestica o arquivista e a reinvenccedilatildeo dos arquivos In OLIVEIRA Lucia Maria
Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
1 p 327-332
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal Publicaccedilotildees teacutecnicas n 51 p 232 2005
DURANTI Luciana The archival bond Archives and Museum Informatics Netherlands Kluwer Acade-
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DUCROT Ariane A Classificaccedilatildeo dos arquivos pessoais e familiares Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro
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GENEALOGIA da Famiacutelia Oliveira Castro disponibilizada por Antoacutenio Mendes de Oliveira e Castro
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tesorgAntonio_MOC1htm
THOMASSEN Theo A first introduction to Archival Science Arquivo e Administraccedilatildeo Rio de Janeiro
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rican Archivist Chicago The American Archivist v 70 n2 p 315-343 2007
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
bosa 2005
COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
Cultural 2012
FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
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KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Superfiacutecies arquitetocircnicas cor e textura
A pesquisa intitulada Plano de Conservaccedilatildeo Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa Conservaccedilatildeo
das Superfiacutecies Arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa foi iniciada em agosto de 2010 tendo
como principal objetivo definir paracircmetros para a conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas alinhando
a correta definiccedilatildeo de princiacutepios e diretrizes ao aumento da qualidade da execuccedilatildeo como tambeacutem ao
controle de contratos e de gestatildeo de obras deste tipo
No seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas arquiviacutestica e bibliograacutefica o registro das interven-
ccedilotildees anteriores o estudo da envolvente do edifiacutecio a anaacutelise tipoloacutegica inspeccedilotildees visuais e anaacutelise estra-
tigraacutefica de alguns trechos da fachada bem como mapeamento de danos e diagnoacutestico de conservaccedilatildeo
Foi realizada tambeacutem uma primeira etapa experimental utilizando uma variaccedilatildeo de argamassas de em-
boccedilo e reboco diversos tipos de acabamento e texturas bem como diversas pinturas com a intenccedilatildeo de
conhecer melhor o comportamento dos revestimentos exteriores a base em cal verificar a sua eficaacutecia e
estabelecer especificaccedilotildees para as argamassas de substituiccedilatildeo que seratildeo empregadas para a conservaccedilatildeo
das superfiacutecies do conjunto arquitetocircnico tombado
No decorrer do trabalho foi verificada a necessidade de aprofundar conhecimento relacionado a cores
e texturas tendo em vista que a cor as superfiacutecies as texturas e os materiais satildeo determinantes para a
definiccedilatildeo da apresentaccedilatildeo visual dos edifiacutecios antigos assim como para interpretaccedilatildeo criacutetica dos textos
originais e dos textos acrescentados pelo tempo
BolsistaVitor Kibaltchich CoelhoCursoInstituiccedilatildeoArquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorClaudia CarvalhoProjetoPlano de conservaccedilatildeo preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa conservaccedilatildeo das superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui Barbosa ndash cor e textura Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
siacutelia DF Iphan Programa Monumenta Cadernos Teacutecnicos n 8 2008
KUHL Beatriz MugayarO tratamento das superfiacutecies arquitetocircnicas como problema teoacuterico da restauraccedilatildeo Satildeo
Paulo Anais do Museu Paulista v 12 n1 2004 p 309-330
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BELLOTTO Heloiacutesa Liberalli Arquivos permanentes tratamento documental 2 ed reve ampl Rio de Ja-
neiro Ed FGV 2004
______ Como fazer anaacutelise diplomaacutetica e anaacutelise tipoloacutegica de documento de arquivo Satildeo Paulo Arquivo do
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CAMARGO Ana Maria de Almeida Sobre arquivos pessoais Arquivo ampAdministraccedilatildeo Rio de Janeiro
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instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
1 p 327-332
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal Publicaccedilotildees teacutecnicas n 51 p 232 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
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FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
19
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O cromatismo dos revestimentos arquitetocircnicos reveste-se de grande importacircncia tambeacutem pelo impac-
to que provocam no meio ambiente envolvente
Este trabalho eacute o resultado de levantamento bibliograacutefico sobre estudos cromaacuteticos nas intervenccedilotildees de
conservaccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio arquitetocircnico O tema tem desenvolvimento recente e no Brasil
constituem um campo de investigaccedilatildeo pouco explorado
O levantamento bibliograacutefico revelou um nuacutemero razoaacutevel de trabalhos realizados em Portugal com
destaque para a obra do arquiteto Joseacute Aguiar ldquoCor e cidade histoacuterica Estudos cromaacuteticos e conserva-
ccedilatildeo do patrimocircniordquo Este trabalho pela sua dimensatildeo e profundidade foi objeto de estudo e serviu de
base para o texto que apresentamos que versa sobre a elaboraccedilatildeo de modelos tridimensionais para estu-
do das propostas que vem sendo elaboradas para intervenccedilatildeo nas fachadas do Museu Casa Rui Barbosa
Referecircncias Bibliograacuteficas
KANAN Maria Isabel Manual de conservaccedilatildeo e intervenccedilatildeo em argamassas e revestimentos agrave base de cal Bra-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
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AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
1 p 327-332
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
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BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
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FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
CARVALHO Claudia S R A pesquisa para conservaccedilatildeo de superfiacutecies arquitetocircnicas do Museu Casa de Rui
Barbosa Satildeo Paulo Poacutes v 19 n 31 2012 p 238-250
AGUIAR Joseacute Cor e cidade histoacuterica estudos cromaacuteticos e conservaccedilatildeo do patrimocircnio Porto FAUP 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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CAMARGO Ana Maria de Almeida Sobre arquivos pessoais Arquivo ampAdministraccedilatildeo Rio de Janeiro
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Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
1 p 327-332
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
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FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
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co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
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FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
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Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arquivos pessoais amp tipologia documental primeiros passos para a representaccedilatildeo e acesso
Introduccedilatildeo
A anaacutelise tipoloacutegica eacute um meacutetodo utilizado na arquiviacutestica que permite aprofundar o conhecimento das
accedilotildees e atividades que datildeo origem ao documento em si Quando nos direcionamos para os arquivos
que satildeo produzidos na vida privada as convenccedilotildees sociais vigentes satildeo os elementos reguladores que
fornecem os indicadores da produccedilatildeo de documentos Nesse caso outras seratildeo as formas de se entender
a organicidade dos documentos de arquivo
Neste projeto pretendemos usar a Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira como campo empiacuterico porque
aleacutem de natildeo existir a figura do produtor de arquivo trazendo para a documentaccedilatildeo reunida por seu co-
lecionador um conjunto muito variado de documentos temaacuteticas e tipos documentais trata-se de uma
coleccedilatildeo com um conjunto documental significativo nos dando a expectativa de identificar um nuacutemero
variado de tipos documentais
Objetivos
Temos como objetivos identificar as tipologias e espeacutecies documentais produzidas nos seacuteculos XVIII e
XIX no Brasil dentro do contexto histoacuterico e social representado na Coleccedilatildeo Famiacutelia Barbosa de Oliveira
BolsistaDaybes Antocircnio Pereira Paulo Gomes CursoInstituiccedilatildeoArquivologia Universidade Federal Fluminense (UFF) OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoTipologia documental na Famiacutelia Barbosa de OliveiraAgecircncia de financiamentoFCRBPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
nal 2005 232 p (Publicaccedilotildees Teacutecnicas 51)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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OLIVEIRA Lucia Maria Velloso de Descriccedilatildeo e pesquisa reflexotildees em torno dos arquivos pessoais Rio
de Janeiro Moacutebile 2012
______ A descriccedilatildeo arquiviacutestica o arquivista e a reinvenccedilatildeo dos arquivos In OLIVEIRA Lucia Maria
Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
1 p 327-332
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
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FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
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co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
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boa Bertrand 1898
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
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FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
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NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
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SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
elaborar bibliografia de referecircncia para a questatildeo da tipologia documental contribuindo para a produ-
ccedilatildeo de conhecimento na aacuterea referente a Tipologia documental aplicada aos arquivos pessoais
Metodologia
A princiacutepio realizou-se uma leitura de bibliografia referente agrave arquiviacutestica ao contexto histoacuterico da
FCRB e agrave Famiacutelia Barbosa de Oliveira em seguida um levantamento seleccedilatildeo e anaacutelise de bibliografia
sobre arquivos pessoais tipologia documental e manuais de postura e etiqueta o proacuteximo passo foi
analisar documento a documento a fim de identificar se a denominaccedilatildeo dada agrave eacutepoca do tratamento da
coleccedilatildeo refletia de fato agraves atividades ou accedilotildees que deram origem aos referidos documentos Ao final foi
elaborada para cada seacuterie uma tabela com suas respectivas espeacutecies atividades e tipologias resultantes
Conclusatildeo
Esperamos contribuir para o reconhecimento da tipologia documental como importante mecanismo
para a compreensatildeo da formaccedilatildeo dos arquivos ampliando assim o conhecimento sobre os tipos docu-
mentais encontrados nos arquivos pessoais aleacutem de ver refletida em proacuteximas pesquisas de usuaacuterios o
aumento das buscas por essa forma de entrada
Referecircncias bibliograacuteficas
ARQUIVO NACIONAL Dicionaacuterio brasileiro de terminologia arquiviacutestica Rio de Janeiro Arquivo Nacio-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
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COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
Cultural 2012
FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
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HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
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PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
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sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
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KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
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co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
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LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
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PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
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Coacuterdoba Argentina Associacioacuten de Archiveros de Andalucia 1995
OLIVEIRA Lucia Maria Velloso de Descriccedilatildeo e pesquisa reflexotildees em torno dos arquivos pessoais Rio
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______ A descriccedilatildeo arquiviacutestica o arquivista e a reinvenccedilatildeo dos arquivos In OLIVEIRA Lucia Maria
Velloso de OLIVEIRA Isabel Cristina Borges de (Orgs) Preservaccedilatildeo acesso difusatildeo desafios para as
instituiccedilotildees arquiviacutesticas no seacuteculo XXI Rio de Janeiro Associaccedilatildeo dos Arquivistas Braisileiros 2013 v
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RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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28
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
bosa 2005
COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
Cultural 2012
FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
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co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
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boa Bertrand 1898
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
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NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
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PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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RODRIGUES Ana Ceacutelia Diplomaacutetica contemporacircnea como fundamento metodoloacutegico da identificaccedilatildeo de tipo-
logia documental em arquivos Satildeo Paulo 2008 Tese (Doutorado em Histoacuteria Social) ndash Departamento de
Histoacuteria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
bosa 2005
COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
Cultural 2012
FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
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Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
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NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
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SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Oliveira Castro e Pontes Cacircmara conclusotildees e perspectivas
Introduccedilatildeo
O presente trabalho tem por objetivo mostrar o que jaacute foi realizado dentro do projeto ldquoOs Oliveira Castro
e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisrdquo no periacuteodo de marccedilo de 2014 ateacute julho de 2014
bem como elucidar os objetivos a serem ainda alcanccedilados
Os Oliveira Castro e Pontes Cacircmara satildeo famiacutelias tradicionais do Rio de Janeiro que desempenharam
um papel de grande atuaccedilatildeo no periacuteodo que vivenciaram Joseacute Mendes de Oliveira Castro foi importan-
te comerciante que dentre diversos frutos de sua influecircncia recebeu o tiacutetulo de Baratildeo de Oliveira Cas-
tro na anteveacutespera da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica dia 13 de novembro de 1889 uacuteltimo tiacutetulo de nobreza
conferido no Brasil Seu filho homocircnimo veio a ser o II Baratildeo de Oliveira Castro em Portugal sendo o
uacuteltimo a receber um tiacutetulo de nobreza pela hereditariedade
As famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara se cruzam institucionalmente quando do casamento entre
Joseacute Mendes de Oliveira Castro (filho) com Maria Estephacircnia Pontes Cacircmara filha do Comendador
Manuel Pontes Cacircmara Tal famiacutelia tinha negoacutecios bem-sucedidos no ramo cafeeiro que vieram a ser
potencializados a partir do momento que se estreitaram os laccedilos com a famiacutelia Oliveira Castro O Cafeacute
Cacircmara produzido pela Castro Silva amp Cia eacute um exemplo dessa forte alianccedila construiacuteda na virada do
seacuteculo XIX
BolsistaAna Carolina Monay dos Santos CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorLucia Maria Velloso de OliveiraProjetoOs Oliveira Castro e os Pontes Cacircmara as conexotildees nos arquivos pessoaisAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
27
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
bosa 2005
COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
Cultural 2012
FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
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literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Objetivos
O projeto tem por objetivo geral a reuniatildeo e a organizaccedilatildeo do conjunto documental dos arquivos pesso-
ais das famiacutelias Oliveira Castro e Pontes Cacircmara a fim de que a memoacuteria de tais famiacutelias seja preservada
e que os documentos possam servir de instrumento para a pesquisa com fins de reconstruccedilatildeo historio-
graacutefica de determinado periacuteodo da Histoacuteria do Brasil e mais especificamente da Histoacuteria do Rio de Ja-
neiro no que tange por exemplo a assuntos ligados agrave economia agrave poliacutetica agraves tradiccedilotildees e aos costumes
Metodologia
Para cumprimento do objetivo do projeto foi feita a organizaccedilatildeo dos documentos que resultou em um
determinado arranjo com base nos princiacutepios da Arquivologia A partir desse momento foram utiliza-
das teacutecnicas de preservaccedilatildeo dos documentos a fim de recuperar os que se encontravam danificados Foi
feito tambeacutem o acondicionamento dos documentos seguidos de notaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem o papel fundamental da digitalizaccedilatildeo dos documentos e da inserccedilatildeo na base de
dados da Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa uma vez que atraveacutes desse suporte eacute que se faz a descriccedilatildeo dos
documentos que posteriormente estatildeo disponiacuteveis para pesquisadores
O projeto encontra-se em fase de digitalizaccedilatildeo dos documentos restantes e de finalizaccedilatildeo da padroniza-
ccedilatildeo dos documentos jaacute inseridos na internet com base nos documentos fiacutesicos
27
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
bosa 2005
COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
Cultural 2012
FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
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KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
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co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
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LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
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FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
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NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
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SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
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JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
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LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
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literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Arena intelectual o Conselho Federal de Cultura como espaccedilo de disputa de ideias
Introduccedilatildeo
O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi um oacutergatildeo criado pelo entatildeo presidente Castello Branco em 21
de novembro de 1966 atraveacutes do Decreto-lei nordm 74 com o objetivo de gerenciar as questotildees relacionadas agrave
poliacutetica cultural brasileira O CFC era composto por 24 (vinte e quatro) conselheiros referecircncias em uma
das quatro aacutereas de conhecimento que compunham o Conselho Satildeo essas aacutereas Artes Ciecircncias Huma-
nas Letras e Patrimocircnio Histoacuterico e Artiacutestico Nacional
Entre outras competecircncias cabia ao CFC ldquodecidir sobre a concessatildeo de auxiacutelios agraves instituiccedilotildees cultu-
rais oficiais e particulares de utilidade puacuteblica tendo em vista a conservaccedilatildeo e guarda de seu patrimocirc-
nio artiacutestico ou bibliograacutefico e a execuccedilatildeo de projetos especiacuteficos para a difusatildeo culturalrdquo[6]
Quando solicitado por uma instituiccedilatildeo cultural e aprovado por uma das cacircmaras que compotildeem o
Conselho a solicitaccedilatildeo evoluiu para um Termo de Convecircnio Esse termo era uma espeacutecie de contrato
que definia qual era a instituiccedilatildeo beneficiada seu objetivo com o pedido de auxiacutelio e o valor concedi-
do O Termo de Convecircnio deveria ser assinado por um representante da instituiccedilatildeo beneficiada e pelo
6 REGIMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA In Boletim Rio de Janeiro MEC Ano I n 2 p 67-76 Abril-Junho 1971
BolsistaGabriela Monteiro da Costa CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil a accedilatildeo do Conselho Federal de Cultura na primeira metade da deacutecada de 1970Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
BOURDIEU Pierre Coisas ditas Satildeo Paulo Brasiliense 1990
CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
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COELHO Teixeira Cultura e Estado a poliacutetica cultural da Franccedila 1955-2005 Satildeo Paulo Iluminuras Itauacute
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FREYRE Gilberto Casa grande e senzala Satildeo Paulo Global 2013
JUacuteNIOR Feacutelix Lima A escravidatildeo em Alagoas 1974
MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
civil-militar (1967-1975) Satildeo Paulo Itauacute Cultural Iluminuras 2012
MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
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KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
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LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
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LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
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NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
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literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
presidente do CFC Apoacutes um periacuteodo estipulado no Termo de Convecircnio a instituiccedilatildeo deveria prestar
contas da aplicaccedilatildeo do benefiacutecio para aquilo que fora destinado Todo esse processo reunido deu origem
agrave documentaccedilatildeo de aacuterea fim presente no arquivo do Conselho sediado no deacutecimo andar do palaacutecio
Gustavo Capanema
Objetivos
Analisar atraveacutes da documentaccedilatildeo referente aos Convecircnios as posiccedilotildees em disputa dentro do Conselho
Federal de Cultura pois mesmo com a implantaccedilatildeo do Regime Civil-Militar em 1964 ainda existiam
disputas natildeo soacute poliacuteticas mas tambeacutem intelectuais
Questionar a neutralidade do Conselho Federal de Cultura frente agrave situaccedilatildeo sociopoliacutetica do Brasil de
entatildeo jaacute que os intelectuais nomeados como conselheiros deixavam transparecer atraveacutes de seus dis-
cursos diferentes posicionamentos e opiniotildees
Metodologia
Segundo Pierre Bourdieu (1990 p159) nada classifica mais uma pessoa do que suas classificaccedilotildees Sen-
do assim utilizaremos como metodologia anaacutelise de discursos Discursos de conselheiros como Gilberto
Freyre Manuel Dieacutegues Juacutenior Ariano Suassuna Irmatildeo Joseacute Otatildeo entre outros publicados nos princi-
pais veiacuteculos de divulgaccedilatildeo do CFC ndash a revista Cultura e o Boletim
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
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CALABRE Lia (Org) Poliacuteticas Culturais diaacutelogo indispensaacutevel Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Bar-
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MAIA Tatyana de Amaral Os cardeais da cultura nacional o Conselho Federal de Cultura na ditadura
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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
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FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
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debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
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SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
30
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Conclusatildeo
Por se tratar de uma pesquisa em fase embrionaacuteria natildeo foi possiacutevel chegar a algum tipo de conclusatildeo
ateacute o presente momento Poreacutem como jaacute explicitado nos objetivos temos condiccedilotildees de comprovar por
via documental as disputas de campo que ocorriam dentro do Conselho Federal de Cultura
Referecircncias bibliograacuteficas
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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Legislaccedilatildeo do Conselho Federal de Cultura 1976
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
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LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
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LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
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A estruturaccedilatildeo dos conselhos de cultura federais como elemento revelador de avanccedilos para as poliacuteticas culturais contemporacircneas uma anaacutelise comparativa do CFC e do CNPC
A construccedilatildeo do que se intitula hoje poliacutetica cultural governamental no Brasil tem iniacutecio no primeiro
governo de Getuacutelio Vargas Com o advento do Decreto nordm 74 de 21 de novembro de 1966 periacuteodo de
governo da ditadura civil-militar foi extinto o Conselho Nacional de Cultura ndash CNC (criado em 1938
e reativado em 1961) e instituiacutedo o Conselho Federal de Cultura O princiacutepio condutor das accedilotildees do
CFC era institucionalizar a aacuterea da cultura no campo da administraccedilatildeo puacuteblica ambicionando exercer
projeccedilatildeo nas esferas estadual e municipal como forma de coordenar e assegurar programas culturais
nacionais O regimento interno do CFC inicialmente instituiacutea 24 membros os quais eram diretamente
nomeados pelo presidente da Repuacuteblica distribuiacutedos em quatro cacircmaras de artes de letras de ciecircncias
humanas de patrimocircnio histoacuterico e artiacutestico nacional Possuiacutea aleacutem disso uma comissatildeo de legislaccedilatildeo
e normas que funcionava como uma quinta cacircmara com o objetivo de analisar as demandas financeiras
que se dirigiam ao Conselho para apreciaccedilatildeo
O golpe militar de 1964 foi um periacuteodo de repressatildeo e censura e dele resultou o desfazimento de boa
parte dos projetos culturais em curso ateacute entatildeo Como reflexo natural desse processo nota-se o caraacuteter
elitista e autoritaacuterio que conforma esse Conselho cuja composiccedilatildeo demarca sua existecircncia como exten-
satildeo de um Estado autoritaacuterio inclusive terminando por conferir certa legitimidade ao regime
BolsistaBianca Kremer Nogueira Correcirca CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil de 1964 aos dias de hoje Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
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Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
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co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
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LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
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literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jaacute o atual Conselho Nacional de Poliacuteticas Culturais ndash CNPC instituiacutedo em 2007 (reativando o oacutergatildeo
originalmente criado em 1991) pode ser considerado um instrumento de participaccedilatildeo da sociedade civil
e de organizaccedilatildeo institucional na aacuterea cultural O atual plenaacuterio do CNPC eacute composto por 52 represen-
tantes do Poder Puacuteblico (Uniatildeo estados e municiacutepios) da sociedade civil de entidades empresariais
fundaccedilotildees e institutos vinculados ao meio cultural e de personalidades de notoacuterio saber na aacuterea cultural
Enquanto o princiacutepio norteador do CFC era institucionalizar as poliacuteticas puacuteblicas culturais na seara
administrativa como forma centralizadora de poder a partir da decisatildeo de um conjunto de especialistas
escolhidos de maneira centralizada e autoritaacuteria o CNPC se mostrou um instrumento de diaacutelogo en-
tre o Estado e a sociedade com maioria de representantes da sociedade civil eleitos diretamente pelos
diversos segmentos Esse formato possibilita que seus membros sejam portadores das demandas prio-
ridades e objetivos da sociedade civil sendo esses os elementos essenciais para formulaccedilatildeo por parte
do governo de poliacuteticas que atendam efetivamente os interesses da populaccedilatildeo obviamente nos limites
orccedilamentaacuterios e circunstanciais existentes
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa ateacute entatildeo embrionaacuteria mas com o objetivo geral de analisar os avanccedilos no
papel dos conselhos de cultura no Brasil quanto ao atendimento das demandas e interesses sociais sem
deixar de considerar as transformaccedilotildees ocorridas na esfera poliacutetica
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
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LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
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NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metodologia
A metodologia aplicada no presente trabalho seraacute empreendida por meio de uma pesquisa exploratoacuteria
nos documentos reguladores dos conselhos (regimentos portarias normativas) e anaacutelise das formas de
composiccedilatildeo dos mesmos
Conclusatildeo
Verifica-se que o CFC tinha por princiacutepio de seu trabalho a construccedilatildeo da institucionalizaccedilatildeo da cultura
pela Administraccedilatildeo Puacuteblica por compreendecirc-la enquanto um elemento de unificaccedilatildeo que contribuiacutea
para a criaccedilatildeo de uma ldquoconsciecircncia ciacutevica nacionalrdquo apreciada pelo regime autoritaacuterio em vigor O caraacute-
ter elitista e natildeo democraacutetico conforma esse Conselho sob o falso envoltoacuterio do discurso de autoridade
e o notoacuterio saber de seus membros afastando a sociedade de decidir sobre um elemento fundamental e
essencial para a configuraccedilatildeo de sua identidade que eacute a cultura Enquanto isso sob a eacutegide da Constitui-
ccedilatildeo Cidadatilde de 1988 o CNPC busca desde 2007 democratizar a representaccedilatildeo popular no que concerne
agraves demandas culturais em acircmbito nacional o que se pode perceber facilmente com a simples descriccedilatildeo
de sua estruturaccedilatildeo contida no Regimento
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacutetica cultural no Brasil Rio de Janeiro Ediccedilotildees Casa de Rui Barbosa 2005
MAIA Tatyana de A Os cardeais da cultura nacional Satildeo Paulo Itauacute Cultural 2012
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
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HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
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SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
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LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
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NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
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PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
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SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaRenata DuarteCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorLia Calabre de AzevedoProjetoHistoacuteria da poliacutetica cultural no Brasil 1964 aos anos 2000Agecircncia de financiamentoCNPq Periacuteodoagosto 2012 a julho 2013
O espiacuterito da lei perspectivas sobre a Lei Sarney
O Brasil da deacutecada de 1960 era um paiacutes que vivia em plena efervescecircncia cultural e poliacutetica As mobiliza-
ccedilotildees em torno das chamadas ldquoreformas de baserdquo se intensificavam reunindo em suas fileiras um amplo
espectro da sociedade Dos outros paiacuteses do terceiro mundo surgiam notiacutecias inspiradoras A revoluccedilatildeo
cubana e as lutas pela independecircncia na Argeacutelia pareciam demonstrar na praacutetica que os paiacuteses perifeacuteri-
cos poderiam criar uma terceira via que fugisse aos modelos capitalista e comunista algo novo
O caminho para essa transformaccedilatildeo era a conscientizaccedilatildeo do povo e perseguindo esse objetivo surgiram
vaacuterias iniciativas Nascido ldquoda miseacuteria do povo de Recife De suas paisagens mutiladasrdquo o Movimento
de Cultura Popular foi o berccedilo do Meacutetodo Paulo Freire de alfabetizaccedilatildeo Com uma concepccedilatildeo multidis-
ciplinar de aprendizado o MCP estimulava a ocupaccedilatildeo das praccedilas da cidade com accedilotildees culturais pro-
movia a formaccedilatildeo de grupos de teatro operaacuterios entre diversas outras accedilotildees Durante um contato entre
membros da UNE e do MCP germinou a ideia de fundar Centros Populares de Cultura em todo o Brasil
Na esfera governamental tambeacutem surgiam experiecircncias similares Em 1961 foi criado o Conselho Na-
cional de Cultura cujas cadeiras eram compostas por representantes da classe artiacutestica como Jorge Ama-
do Seacutergio Buarque de Holanda e Maacuterio Pedrosa Em sua ata de abertura o Presidente da Repuacuteblica
definiu como principal tarefa ldquocoordenar disciplinar e traccedilar a vitalizaccedilatildeo da culturardquo atraveacutes ldquode sua
popularizaccedilatildeo e democratizaccedilatildeordquo Em sintonia com essas prerrogativas o CNC desenvolveu seus pro-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
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SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
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SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
jetos de accedilatildeo como as Caravanas Culturais que objetivavam levar diversas formas de expressotildees artiacutes-
ticas ao interior Para o ano de 1964 aleacutem de mais uma ediccedilatildeo das caravanas aconteceria a construccedilatildeo
de um ldquotrem da culturardquo Esse projeto poreacutem nunca veio a acontecer foi interrompido assim como as
atividades do MCP e do CPCs pelo golpe militar
Instalado o regime autoritaacuterio foi criado o Conselho Federal de Cultura cujos membros eram com-
postos por pessoas de ldquoreconhecida idoneidaderdquo recrutadas sobretudo no IHGB e na ABL Entre seus
membros estavam personalidades como Miguel Reale Heacutelio Vianna e Adonias Filho Em consonacircncia
com seu aspecto majoritariamente conservador o foco do CFC voltou-se predominantemente para a
defesa do patrimocircnio e das manifestaccedilotildees tradicionais fontes da verdadeira identidade nacional Seu
projeto de maior vulto foram as ldquocasas da culturardquo Em oposiccedilatildeo agraves caravanas que invadiam as ruas
em busca do povo as casas eram ambientes fechados restritos a algumas localidades e o povo eacute quem
deveria buscaacute-las
Com o princiacutepio do processo de abertura a linha governamental para as poliacuteticas culturais muda A ges-
tatildeo Ney Braga no MEC marca a retomada da vertente de democratizaccedilatildeo cultural Novas instituiccedilotildees satildeo
criadas e paulatinamente o CFC vai sendo esvaziado de seu poder poliacutetico
Com o advento da redemocratizaccedilatildeo surgiu um movimento que natildeo buscava apenas democratizar as
eleiccedilotildees mas tambeacutem a cultura que acabara de ganhar seu proacuteprio ministeacuterio Uma das principais accedilotildees
do periacuteodo foi protagonizada pelo ministro Celso Furtado a criaccedilatildeo da Lei Sarney a primeira lei de
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
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SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
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BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
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LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
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NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
incentivos fiscais do paiacutes Seu principal objetivo apontados nos discursos oficiais era descentralizar o
poder decisoacuterio do financiamento agrave cultura antes restrito apenas ao Estado atraveacutes de suas instituiccedilotildees
Era um passo importante para um paiacutes que buscava ldquolibertar-serdquo libertar suas ideias sua cultura Com
um meacutetodo bem abrangente de atuaccedilatildeo a lei previa que o financiamento deveria ser acordado entre a
entidade o artista sendo proibido qualquer tipo de mediaccedilatildeo entre ambos Convocando a populaccedilatildeo a
se organizar o ministro evocava o ldquoespiacuterito da leirdquo para declarar que agora a sociedade civil podia recu-
perar sua autonomia desde que mobilizada
Durante a aprovaccedilatildeo da lei no Congresso um artigo altera substancialmente a histoacuteria Graccedilas ao seu
prestiacutegio poliacutetico foi dado ao CFC a incumbecircncia de supervisionar os recursos destinados agrave Lei Sarney
com poderes de suspensatildeo da verba oferecida Comeccedilava entatildeo uma disputa de cunho ideoloacutegico onde
de um lado estava o ministro Celso Furtado e seu ldquoempoderamento socialrdquo e de outro o CFC e sua ldquofor-
maccedilatildeo pedagoacutegica-institucional das massasrdquo
A pesquisa objetiva investigar tais concepccedilotildees de cultura e poliacutetica buscando demonstrar como ambos
os projetos apesar de coerentes natildeo possuiacuteam mais efetividade na sociedade brasileira dos anos 80
Enquanto os membros do CFC clamavam pelo direito de proteger a verdadeira cultura nacional calcada
na tradiccedilatildeo das deturpaccedilotildees da modernidade Celso Furtado em um movimento similar ao descrito por
Roberto Schwarz em sua resenha sobre o filme-documentaacuterio ldquoCabra marcado para morrerrdquo tentava
ldquoretomar o fio da meadardquo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Referecircncias bibliograacuteficas
CALABRE Lia Poliacuteticas Culturais no governo militar O Conselho Federal de Cultura In IDENTIDA-
DES XVIII Encontro Nacional da Ampuh-Rio Rio de Janeiro Ampuh 2008 p 1-10
ORTIZ Renato (2012) Cultura brasileira e identidade nacional Satildeo Paulo Brasiliense
2012 RIDENTI Marcelo Em busca do povo brasileiro artistas da revoluccedilatildeo do CPC a era da TV 2 ed Satildeo
Paulo Ed UNESP 2014
SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
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LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
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KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
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SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
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CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
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co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
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Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
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LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
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SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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SCHWARZ Roberto Cultura e poliacutetica Satildeo Paulo Paz e Terra 2001
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
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HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
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PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
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SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
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LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
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KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
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SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
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CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
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BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
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______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
BolsistaMatheus Abreu Lopes de Andrade CursoInstituiccedilatildeoDireito Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorMargarida Lacombe ProjetoPrevisibilidade das decisotildees judiciais o problema da seguranccedila juriacutedicaAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
Os superprecedentes e o Supremo Tribunal Federal um ensaio sobre as possiacuteveis mudanccedilas na cultura judicial brasileira
Introduccedilatildeo
A categoria chamada pela literatura norte-americana de superprecedente ainda natildeo foi suficientemente
apresentada ou discutida no Brasil Seratildeo abordadas suas caracteriacutesticas diferenciando-as de decisotildees em
outros precedentes Tudo indica que satildeo decisotildees judiciais cuja vinculaccedilatildeo transcende as fronteiras do tra-
dicional espaccedilo do direito e suas instituiccedilotildees projetando-se para os campos poliacutetico econocircmico e social
Objetivos
O plano de trabalho para refletir sobre essa hipoacutetese desdobra-se em trecircs partes essencialmente A pri-
meira parte verifica o processo de jurisprudencializaccedilatildeo do direito no Brasil e um verdadeiro diaacutelogo
entre civil law e common law diluindo as suas fronteiras A segunda parte traz alguns pressupostos con-
ceituais sobre a temaacutetica como elementos e espeacutecies de precedentes Procura-se entender por exemplo
as noccedilotildees de ratio decidendi e a de obiter dictum bem como as relaccedilotildees verticais e horizontais preceden-
tes entre os tribunais (SCHAUER) e as espeacutecies de precedente vinculantes de eficaacutecia intermediaacuteria e
persuasivos (PERRONE) A terceira parte aborda a categoria propriamente dita dos superprecedentes
a partir da literatura norte-americana sobre o tema Percebem-se algumas caracteriacutesticas (i) satildeo amplos
e muito citados (POSNER e LANDER) (ii) pacificam disputas poliacuteticas ou sociais (HAYWARD) e (iii)
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
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PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
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SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
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KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
46
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
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BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
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LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
possuem uma vinculaccedilatildeo juriacutedica e social que se relaciona com a constituiccedilatildeo viva o que dificulta a sua
superaccedilatildeo (ACKERMAN) Estatildeo presentes nos casos Marbury vs Madison Brown vs Board of Education
e Roe vs wade
Mais do que adicionar um item na tipologia dos precedentes ou propor aplicaccedilatildeo simplista de um de-
bate norte-americano para o Brasil o presente trabalho pretende investigar mudanccedilas na cultura de
precedentes brasileiros que vecircm acontecendo mais recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) em
certos casos que podemos chamar de emblemaacuteticos
A pesquisa parte do ponto de vista teoacuterico em essecircncia obras de Teoria do Direito e Direito Constitucio-
nal Mas tambeacutem empiacuterico Atento a alguns casos no Superior Tribunal Federal que tecircm se diferenciado
dos demais por diversos aspectos como por exemplo pela repercussatildeo na miacutedia e na sociedade pela
existecircncia de um nuacutemero de paacuteginas enorme e debates prolongados na corte e ainda pelo crescente
nuacutemero de citaccedilotildees
Conclusatildeo
A novidade intrigante eacute que assim como certas leis ldquopegamrdquo e outras satildeo ineficazes tambeacutem certos pre-
cedentes caem nas graccedilas dos legisladores e dos diversos segmentos sociais e resistindo ao tempo ad-
quirem algum grau de vinculaccedilatildeo natildeo apenas juriacutedica A judicializaccedilatildeo da poliacutetica e da vida somada agrave
publicidade ostensiva e agrave leitura cada vez maior das decisotildees judiciais contribuiacuteram para essa mudanccedila
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da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
ACKERMAN Bruce The living Constitution Harvard Law Review v 120 n 7 p 1738-1812 maio 2007
HAYWARD Allison R The per Curiam Opinion of Steel Buckley v Valeo as Superprecedent Clues from
Wisconsin and Vermont Cato Supreme Court Review 2005-2006 p 195-216
PERRONE Patriacutecia Precedentes o desenvolvimento judicial do direito no constitucionalismo contempo-
racircneo Rio de Janeiro Renovar 2008
POSNER Richard A Law and economics in common-law civil-law and developing nations Ratio Juris
v 17 n 1 mar 2004
______ POSNER Richard A LANDER William M Legal precedent a theoretical and empirical analy-
sis Journal of Law and Economics vol 19 n 2 1976
SCHAUER Frederick Precedent Stanford Law Review v 39 n 3 p 571-605 fev 1987
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
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LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
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LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
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LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
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debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
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SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
da cultura de precedentes no Brasil que se natildeo fizeram surgir superprecedentes por aqui pelo menos
ensejaram precedentes com mais ldquopegadardquo como nos casos Ellwanger Mensalatildeo ou Uniatildeo homoafe-
tiva Natildeo que sejam iguais aos casos norte-americanos em Madison ou nos dos diretores das escolas
que praticavam a segregaccedilatildeo racial As realidades e culturas juriacutedicas satildeo distintas mas mobilizamos a
categoria ldquosuperprecedenterdquo para que percebamos nossos traccedilos em transformaccedilatildeo
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
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LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
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BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
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casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
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co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
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Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
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FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
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LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
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NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Metaacuteforas de amor e guerra na ficccedilatildeo de Machado de Assis
Meu trabalho no projeto Ediccedilatildeo eletrocircnica dos contos de Machado de Assis como hipertexto me forneceu uma
profunda aproximaccedilatildeo com a literatura machadiana Apesar do caraacuteter editorial o trabalho sobre o texto
natildeo ofuscou o prazer da leitura e dessa forma me tornei um pouco mais iacutentima da ficccedilatildeo de Machado
de Assis e me familiarizei com o seu fazer literaacuterio
No decorrer do projeto tropecei em um recurso estiliacutestico muito frequente que me despertou a curiosi-
dade de estudiosa Falo do costume que o autor tem de comparar os ardis do amor com os da guerra A
comum troca de cartas entre namorados que tem seu espaccedilo na literatura machadiana (mas tambeacutem na
de outros autores da eacutepoca) recebe do autor a alcunha de ldquoduelo epistolarrdquo no conto ldquoAntes que casesrdquo
Nas narrativas satildeo muitos os momentos que trazem palavras do campo semacircntico da guerra aplicadas
a situaccedilotildees amorosas ndash a metaacutefora sustentando dessa forma a comparaccedilatildeo
Por exemplo consideremos uma passagem do conto ldquoTrina e umardquo O personagem Severiano assume
o lugar de derrotado O amigo Matias estava firmemente decidido a uni-lo a Clara organizando saraus
e convidando a ambos para provocar o encontro A sequecircncia da investida de Matias e o nascente sen-
timento em Severiano satildeo narrados da seguinte forma ldquoSeveriano resistiu mas resistiu pouco estava
ferido e caiurdquo O uacuteltimo verbo eacute o da fatalidade um homem caiacutedo estaacute morto ou invaacutelido para a accedilatildeo
Se Matias caiu eacute porque estava apaixonado ndash ou seja invalidado
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
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KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
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infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
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SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
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NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
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PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
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______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Em outro conto ldquoViagem agrave roda de mim mesmordquo o jovem apaixonado encontra-se em conversa com a
pretendida mas por acanhamento hesita em falar-lhe de seus sentimentos O personagem masculino
que eacute tambeacutem o narrador expotildee sua indecisatildeo em termos militares ldquoEu certo da vitoacuteria pensava em
ferir a batalha principalmente quando ela parecia expansiva mas natildeo me atrevia a marcharrdquo
No conto ldquoTo be or not to berdquo a relaccedilatildeo entre Andreacute Soares e o homem que seduz sua namorada isto eacute
seu rival no amor eacute nitidamente exposta em termos de guerra ldquoOito dias depois tinha Andreacute Soares
toda a certeza de que a bela passara com armas e bagagens ao campo inimigordquo
A Teoria da Metaacutefora Conceitual da Linguiacutestica Cognitiva eacute um estudo que considera a metaacutefora natildeo
como fenocircmeno linguiacutestico mas como forma de criar conceitos sobre as coisas com as quais convivemos
Por exemplo a fim de compreendermos o tempo falamos sobre ele em termos de espaccedilo como em ldquodias
atraacutesrdquo ldquodaqui para frenterdquo e ldquoestamos perto do fim do anordquo Criamos metaacuteforas para aproximar abstra-
ccedilotildees como o amor de algum conceito Quando dizemos que um namoro ldquonatildeo estaacute indo a lugar algumrdquo
ou que ldquodecidiram tomar cada um seu caminhordquo natildeo estamos usando a metaacutefora de amor como jornada
por mero capricho linguiacutestico ndash estamos expressando uma ideia que construiacutemos sobre o conceito de
amor que um relacionamento eacute uma jornada a dois Entretanto o amor como o fenocircmeno complexo
que eacute natildeo se restringe a jornada
Aceitando que Machado constroacutei um conceito de amor a partir de suas metaacuteforas tal conceito um tanto
sombrio determina que o amor romacircntico seria mais conflituoso e penoso (como a guerra) que o celiba-
to (um tratado de paz) Machado portanto estaria sugerindo que feliz eacute quem natildeo ama
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
texto 2011
LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
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LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
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BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
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LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
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MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
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literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
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RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Com certeza se a ideia fosse posta em termos diretos sem os recursos literaacuterios seria um tanto polecircmico
assumi-la em uma sociedade como a oitocentista Mas estamos no universo de Machado de Assis eacute atra-
veacutes do humor que o autor combina amor e guerra e para o leitor fica a imagem cocircmica de namorados
em batalha ndash para as imaginaccedilotildees mais arrojadas talvez se vislumbre um casal fardado portando armas
Ou moccedilas que valem por exeacutercitos inteiros como Helena personagem do romance homocircnimo sugere
ldquoUma moccedila que quer ser noiva vale por um exeacutercito eu sou um exeacutercitordquo
Referecircncias bibliograacuteficas
FERRARI Lilian ldquoMetaacuteforas e metoniacutemiasrdquo In ______ Introduccedilatildeo agrave linguiacutestica cognitiva Satildeo Paulo Con-
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LAKOFF George JOHNSEN Mark Metaphors we live by London The University of Chicago Press
2003 Disponiacutevel em lthttpshubgtadminuploadstorage161pdfgt Acesso em 15 jul de 2014
BolsistaMaira Moreira de MouraCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
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KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
55
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
57
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
58
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
60
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
44
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
A quebra de expectativa em alguns contos de Machado de Assis
Eacute lugar-comum na criacutetica machadiana a ideia de que Machado de Assis tem uma obra evolutiva ou seja
a produccedilatildeo do escritor vai ficando cada vez melhor com o tempo Foi Joseacute Veriacutessimo o criacutetico a consoli-
dar a teoria da separaccedilatildeo da obra de Machado de Assis em duas fases a primeira romacircntica a segunda
realista Tal teoria natildeo eacute despreziacutevel mas a anaacutelise sequencial dos contos de Machado publicados so-
mente na imprensa nos traz alguns exemplos que de certo modo a desmentem
No que escolhemos denominar ldquoContos avulsos ndash fase 1rdquo no portal machadodeassisnet haacute um exemplo
que natildeo se encaixa na anaacutelise evolutiva da obra de Machado O primeiro conto desse grupo chama-se
ldquoTrecircs tesouros perdidosrdquo publicado em 1858 em A Marmota Trata-se de uma peccedila curta cuja ironia jaacute se
manifesta no tiacutetulo que trata com isonomia trecircs itens de valores incongruentes (a mulher o amigo com
quem ela foge e o dinheiro que os dois levam consigo) A qualidade da peccedila talvez natildeo seja comparaacutevel
agrave de ldquoA cartomanterdquo (a que voltaremos) mas certamente esse primeiro conto do jovem Machado tem
mais sabor e estilo que outro da mesma ldquofaserdquo de nome ldquoA pianistardquo Aleacutem de ser um conto longo nove
vezes maior que o primeiro eacute tambeacutem um exemplo de romantismo de mau gosto com tom edificante e
final explicitamente moralizante
Pode-se dizer que alguns dos melhores contos de Machado apresentam um fim imprevisiacutevel que quebra
as expectativas que o autor-narrador leva o leitor a ter ndash o que provoca um efeito cocircmico Esse efeito cocirc-
mico pode ser explicado por uma das teorias do riso proposta por Kant e retomada por Schopenhauer a
BolsistaLaiacuteza Steacutefane Verccedilosa do NascimentoCursoInstituiccedilatildeoLetras Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)OrientadorMarta de Senna ProjetoEdiccedilatildeo dos contos de Machado de Assis como hipertextoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodomarccedilo 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
46
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
48
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
49
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
51
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
57
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
60
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
45
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
teoria da incongruecircncia O expediente da incongruecircncia eacute uma das especialidades de Machado e revela
o total domiacutenio das teacutecnicas da ironia e da recepccedilatildeo do leitor
Entretanto o escritor maduro aparece contemporacircneo ao escritor em processo de amadurecimento Para
comprovar tal constataccedilatildeo examinamos trecircs contos contemporacircneos entre si ldquoA carteirardquo ldquoUma cartardquo
e ldquoA cartomanterdquo Ao lado de ldquoA cartomanterdquo e ldquoUma carteirardquo o conto ldquoUma cartardquo parece ficar des-
locado Como dois contos econocircmicos inteligentes e de final surpreendente podem conviver com um
conto piegas com uma personagem estereotipada e um enredo fraco Aleacutem disso outra questatildeo que
surge ao final das leituras comparativas eacute os finais surpreendentes de ldquoA cartomanterdquo e ldquoA carteirardquo satildeo
bons pelo efeito do riso do susto ou da perplexidade dele decorrente Acreditamos que a quebra de ex-
pectativa leva tambeacutem a um segundo efeito de maior alcance quase sempre propicia ao leitor o ensejo
de fazer uma reflexatildeo de caraacuteter moral
Referecircncias bibliograacuteficas
ASSIS Machado de Contos em hipertexto Disponiacutevel em wwwmachadodeassisnet Acesso em jul 2014
KANT Immanuel Criacutetica do juiacutezo Trad Valeacuterio Rohden e Antocircnio Marques Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria [19]
SCHOPENHAUER Arthur O mundo como vontade e representaccedilatildeo Trad Jair Barboza Satildeo Paulo Ed
Unesp 2005
VERIacuteSSIMO Joseacute Histoacuteria da literatura brasileira Rio de Janeiro J Olympio 1969 p 286
46
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
60
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
46
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Uma ediccedilatildeo anotada pesquisa e elaboraccedilatildeo de notas
O projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo dedica-se ao estabelecimento do texto criacutetico de crocircnicas
escritas pela jornalista Corina Coaraci Esta eacute acatada desde o iniacutecio das pesquisas como escritora de
papel fundamental tanto para literatura de autoria feminina quanto para o jornalismo da eacutepoca Corina
registrou em seus textos importantes criacuteticas referentes a obras artiacutesticas teatros circos questotildees poliacuteti-
cas e outras que merecem um olhar minucioso
Inicialmente o projeto se manteve em fase de digitaccedilatildeo dos textos fornecidos na Biblioteca Nacional em
microfilme ndash atualmente acessados no site da hemeroteca digital Apoacutes a digitaccedilatildeo foi feito um cotejo
entre os textos digitados e os textos em microfilme Atualmente o trabalho eacute dedicado agrave elaboraccedilatildeo de
notas a esses textos O registro de tais notas visa a esclarecer questotildees semacircnticas e questotildees relaciona-
das ao contexto histoacuterico-cultural-social da eacutepoca
A elaboraccedilatildeo de notas foi um processo subdividido em etapas tais como verificaccedilatildeo de palavras que
necessitavam de esclarecimento semacircntico consulta a outros perioacutedicos para contextualizaccedilatildeo de si-
tuaccedilotildees agraves quais a jornalista faz referecircncias e pesquisas em enciclopeacutedias e paacuteginas da internet para a
elaboraccedilatildeo de notas diversas e consultas a dicionaacuterios para explicitaccedilatildeo de vocaacutebulos especiacuteficos
Por exemplo foi consultado o livro O teatro no Brasil de Joseacute Galante de Sousa para as notas referentes
a encenaccedilotildees teatrais a atores e artistas Para alusotildees a quadros ndash como o do artista Francisco Aureacutelio de
BolsistaLarissa Santos de Lira CursoInstituiccedilatildeoLetras (Portugecircs-Alematildeo) Universidade Federal Fluminense (UFF)OrientadorEliane VasconcelosProjetoModos e modas usos e costumes Agecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodojaneiro 2014 a julho 2014
47
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
48
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
49
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
51
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
52
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Figueiredo ndash foi consultado o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e dicionaacuterios de artes plaacutesticas
A consulta a enciclopeacutedias e dicionaacuterios permaneceraacute como recurso enquanto houver necessidade de
esclarecer palavras e contextos selecionados para notas Terei de recorrer a esse meacutetodo para identificar
um circo mencionado por Corina na crocircnica de 6 de junho de 1891
Aleacutem de retomar alguns jornais da eacutepoca para esclarecer acontecimentos poliacuteticos continuaremos a le-
vantar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de outras notas como as que se referem ao campo da moda uma vez
que esta eacute a temaacutetica da coluna ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo Seraacute necessaacuterio tambeacutem voltar a
consultar o Jornal do Commercio (no acervo da Biblioteca Nacional) no caso de acontecimentos poliacuteticos
em que se envolveram figuras conhecidas da eacutepoca e mencionadas por Corina
Resta portanto enfatizar que em todas as etapas do projeto ldquoModos e Modas Usos e Costumesrdquo a
autora Corina Coaraci foi contemplada como uma figura de grande contribuiccedilatildeo para a literatura brasi-
leira sobretudo para o jornalismo Com este projeto procuramos elaborar um material que ofereccedila aos
leitores um texto fiel segundo os criteacuterios da criacutetica textual
Referecircncias bibliograacuteficas
COUTINHO Afracircnio SOUSA Joseacute Galante Enciclopeacutedia de literatura brasileira 2 ed [Sl] Global 2001
CARVALHO E SILVA Maximiano de Criacutetica Textual conceito ndash objeto ndash finalidades Confluecircncia Re-
vista do Instituto de Liacutengua Portuguesa n 7 1 semestre 1994 Disponiacutevel em httpllpbibliopolis
infoconfluencia
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
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LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
60
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PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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VASCONCELLOS Eliane Corina Coaraci Fundaccedilatildeo Casa de Rui Barbosa Disponiacutevel em httpwww
casaruibarbosagovbr
Dicionaacuterios e acervo online
Dicionaacuterio Aureacutelio da liacutengua portuguesa Disponiacutevel em lthttpwwwdicionariodoaureliocomgt
Dicionaacuterio Caldas Aulete Disponiacutevel em lthttpwwwauletecombrgt
Hemeroteca Digital Brasileira ndash Biblioteca Nacional Digital Brasil Disponiacutevel em lthttphemerotecadigital
bnbrgt
Biblioteca Brasiliana Guita e Joseacute Mindlin Disponiacutevel em lthttpwwwbbmuspbrgt
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Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
57
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
58
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
60
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
49
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Jesuiacutetas angolanos e a liacutengua de Angola no Brasil
O projeto de pesquisa Africanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo Atlacircntico tem
como objetivo discutir a circulaccedilatildeo e o uso de liacutenguas africanas no Brasil Para tanto procura analisar a
problemaacutetica da publicaccedilatildeo da obra Arte da liacutengua de Angola do padre jesuiacuteta Pedro Dias em 1697 Meu
objetivo especiacutefico no projeto foi contribuir para entender melhor a relaccedilatildeo dessa obra com um conjunto
de padres angolanos que se estabeleceu no Brasil naquele periacuteodo Considerando a experiecircncia do traacute-
fico negreiro entre os seacuteculos XVII e XVIII que canalizou um grande contingente de africanos para as
Ameacutericas percebemos que foi a partir dessa realidade que o trabalho missionaacuterio dos jesuiacutetas com as
populaccedilotildees nativas envolveu o domiacutenio da liacutengua no mundo Atlacircntico
Umas das obras que nos mostra o trabalho missionaacuterio de nove padres angolanos no Brasil e sua trajetoacute-
ria na Companhia de Jesus eacute o artigo do tambeacutem padre jesuiacuteta Serafim Leite Jesuiacutetas do Brasil naturais de
Angola Ao tratar da obra de Serafim Leite procurei estar atenta ao seu comprometimento com a proacutepria
Companhia de Jesus pois se tratava da abordagem de um padre da ordem Ao mesmo tempo a essa obra
deve-se atribuir o seu imenso valor arquiviacutestico uma vez que o trabalho de pesquisa teve como fontes os
vaacuterios arquivos e bibliotecas da Europa e do Brasil principalmente o grande fundo da histoacuteria da Compa-
nhia o Archivum Societatis Iesu Romanum
Em seu artigo Serafim Leite nos traz algumas informaccedilotildees de nove padres designados com o qualifi-
cativo de ldquoangolanosrdquo que ingressaram na Companhia de Jesus entre os anos de 1620 e 1712 como P
BolsistaJaqueline Cavalcante Correia CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodonovembro 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
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LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
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LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
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LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
60
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PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
50
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Antocircnio de Passos que segundo Serafim Leite ldquose dedicou ao ensino dos negrosrdquo P Antocircnio Cardoso
que fez os mais altos estudos na Companhia de Jesus percorrendo em seu trabalho missionaacuterio os
engenhos de Pernambuco em 1689 P Francisco de Lima que no Coleacutegio da Bahia cursou os estudos
superiores e empreendeu excursatildeo apostoacutelica pelos engenhos do Recocircncavo baiano entre 1701 e1702 P
Francisco da Vide que atuou sobretudo na regiatildeo do Rio de Janeiro percorrendo os engenhos e fazendas
em diversas excursotildees apostoacutelicas e se fixando na Fazenda de Santa Cruz com grande concentraccedilatildeo de
escravos P Joatildeo de Arauacutejo que em 1683 fez missatildeo pelas fazendas do Rio de Janeiro na companhia de
Jorge Becircncio P Joatildeo da Cunha que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros ocupou-se tambeacutem com
o ensino de meninos brancos P Luiz de Siqueira que sabia a liacutengua dos negros e no Brasil aprendeu
o tupi sendo professor solene e seguindo mais os cargos de governo do que os de catequese P Manuel
de Lima que era apoacutestolo dos ardas (negros) e a quem se faz referecircncia pelo catecismo na liacutengua desse
povo P Miguel Cardoso que aleacutem de se dedicar agrave catequese dos negros foi procurador das missotildees e
ocupou altos cargos da proviacutencia
A importacircncia de saber a liacutengua de Angola no contexto da catequizaccedilatildeo dos negros africanos ganha uma
dimensatildeo maior com a obra do P Pedro Dias a Arte da liacutengua de Angola considerada como o primeiro
documento que prova historicamente o emprego de uma liacutengua africana no seacuteculo XVII conforme se
verifica pela descriccedilatildeo gramatical do quimbundo P Dias ao elaboraacute-la contou com a participaccedilatildeo dos
jaacute citados padres angolanos Francisco de Lima Miguel Cardoso e Antocircnio Cardoso fazendo a revisatildeo
da obra
51
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
lizaccedilatildeo Brasileira 1938 v8
______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
52
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
53
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
54
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
55
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
57
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
58
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
60
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
51
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contato com obras como as de Serafim Leite e Pedro Dias me permitiu observar como o trabalho
missionaacuterio da Companhia de Jesus estava voltado para a produccedilatildeo de instrumentos como gramaacuteticas
catecismos e dicionaacuterios na liacutengua nativa para auxiliarem na conversatildeo dos escravos A questatildeo natildeo
era somente entender outra liacutengua mas sobretudo penetrar em um novo universo linguiacutestico presente
naquele contexto
Referecircncias bibliograacutefica
DIAS Pedro Arte da liacutengua de Angola Ed fac-similar Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Biblioteca Nacional 2006
LEITE Serafim Histoacuteria da Companhia de Jesus no Brasil Lisboa Rio de Janeiro Livraria Portugaacutelia Civi-
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______ Jesuiacutetas do Brasil naturais de Angola Broteacuteria v 31 p 254-261 1940
LIMA Ivana Stolze Na Bahia a arte da liacutengua de Angola comunidades linguiacutesticas no mundo Atlacircnti-
co In XXVII Simpoacutesio Nacional da Histoacuteria ANPUH Natal 22 a 26 de junho de 2013
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
54
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
56
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
57
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
60
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
52
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
O contexto atlacircntico da produccedilatildeo da Arte da liacutengua de Angola seacuteculos XVI e XVII
O objetivo do projeto eacute investigar o uso das liacutenguas africanas no Brasil como parte do mundo atlacircnti-
co a partir dos registros documentais disponiacuteveis O projeto propotildee uma reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo de
viacutenculos comunitaacuterios e relaccedilotildees sociais de africanos e descendentes com os demais grupos formulados
por meio de seus domiacutenios linguiacutesticos estabelecidos tanto nas liacutenguas africanas como no portuguecircs
Exploramos uma compilaccedilatildeo intitulada Monumenta Missionaria Africana organizada pelo padre Antocircnio
Braacutesio que traz publicaccedilotildees de documentos dos seacuteculos XVI e XVII referentes agraves relaccedilotildees poliacuteticas entre
Portugal e os Reinos de Aacutefrica e sobretudo aos trabalhos missionaacuterios O nosso criteacuterio de seleccedilatildeo dos
documentos foi constituiacutedo por indiacutecios e informaccedilotildees que dissessem respeito agrave questatildeo dos contatos
linguiacutesticos da circulaccedilatildeo de liacutenguas africanas no mundo atlacircntico bem como de poliacuteticas linguiacutesticas
e das accedilotildees dos missionaacuterios e outras autoridades em relaccedilatildeo agrave doutrinaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo das liacutenguas
das populaccedilotildees com que travaram contato
Com base em alguns documentos como Carta de Paulo Dias de Novais (1578) Carta de frei Jacinto de Vetralla
ao prefeito da Propaganda Fide (1650) Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal (1658) e Carta
dos Padres da Companhia ao Governador de Angola (1678) foi possiacutevel compreender um pouco mais da dinacirc-
mica linguiacutestica entre os grupos envolvidos A carta de Paulo Dias de Novais nos apresenta a menina de
sua famiacutelia Caterina que segundo a descriccedilatildeo teria aprendido a falar muito bem ambundo permitin-
BolsistaCristiane da Rosa EliasCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorIvana Stolze Lima ProjetoAfricanos descendentes e comunidades linguiacutesticas no Brasil e no mundo AtlacircnticoAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
53
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
54
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
garida (Org) Aacutefrica no Brasil a formaccedilatildeo da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Contexto 2008
BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
55
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
do-nos pensar as formas de tracircnsito linguiacutestico que existiam entre os portugueses e os africanos Jaacute com
a carta de Vetralla nos eacute dada a dimensatildeo das publicaccedilotildees de impressos de doutrinaccedilatildeo cristatilde feitas para
a conversatildeo dos povos natildeo cristatildeos
A Carta do Governador Geral de Angola a El-Rei de Portugal nos apresenta a informaccedilatildeo de que para as
autoridades de Angola o trabalho dos jesuiacutetas natildeo estava sendo satisfatoacuterio A essas criacuteticas os missio-
naacuterios respondem com a Carta dos Padres da Companhia ao Governador de Angola defendendo suas obras
e mostrando os percalccedilos vividos Um dos motivos expostos por eles para explicar a necessidade de sua
presenccedila era a de evitar o perigo do domiacutenio das liacutenguas locais pelas famiacutelias portuguesas em Aacutefrica ndash
como pudemos notar na primeira carta citada sobre a menina Caterina
O uso de gramaacuteticas catecismos e vocabulaacuterios facilitava a accedilatildeo dos projetos missionaacuterios nas regiotildees
em que esses padres atuavam No Brasil a elaboraccedilatildeo da Arte da Liacutengua Angola publicada em 1697
formulada por Pedro Dias da Companhia de Jesus representa um ponto importante desse domiacutenio
linguiacutestico necessaacuterio agrave sua atuaccedilatildeo O objetivo dessa obra seria o de outros jesuiacutetas construiacuterem alguma
noccedilatildeo da liacutengua quimbundo para que pudessem catequizar e confessar os africanos jaacute que existia a ne-
cessidade tambeacutem de controlar as muitas liacutenguas existentes no territoacuterio e os africanos que procuravam
por meio delas resistir agrave imposiccedilatildeo da escravidatildeo
Com isso podemos notar que o portuguecircs natildeo foi sempre a liacutengua principal do Brasil e que sofreu mui-
tas contribuiccedilotildees e alteraccedilotildees ateacute os dias de hoje natildeo sendo o uacutenico idioma que serviu de instrumento de
comunicaccedilatildeo dentro das muacuteltiplas relaccedilotildees existentes na sociedade Tais questotildees levantadas na pesqui-
54
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
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BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
60
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
sa contribuem para o projeto em geral pois nos permitem enxergar que as relaccedilotildees entre Brasil Portugal
e Aacutefrica foram profundas intensas politicamente bem estruturadas natildeo se marcando apenas pela vio-
lecircncia Ademais por meio das gramaacuteticas e vocabulaacuterios produzidos era possiacutevel doutrinar e enquadrar
os referidos africanos e descendentes na condiccedilatildeo de escravos como base da estrutura escravista
Referecircncias bibliograacuteficas
BONVINI Emilio Liacutenguas africanas e portuguecircs falado no Brasil In FIORIN e Jose Luis PETTER Mar-
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BRAacuteSIO Antocircnio Monumenta Missionaria Africana Aacutefrica Ocidental Lisboa Agecircncia Geral do Ultra-
mar 1954 1965 1981 e 1982 v 4 1012 e 13
DIAS Pedro Arte da Lingua de Angola Lisboa 1697 Disponiacutevel em httpsarchiveorg
LIMA Ivana Stolze A liacutengua nacional no impeacuterio do Brasil In GRINBERG Keila SALLES Ricardo
(Orgs) O Brasil imperial volume II 1831-1870 Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2009 p 469-497
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
58
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Entre Mingote e Eloy Artur Azevedo e os empresaacuterios teatrais
No dia 15 de maio de 1907 foi publicado em O Paiz uma crocircnica em forma de verso de Artur Azevedo in-
titulada ldquoMingoterdquo O texto narra o lamento de Mingote por natildeo possuir o reconhecimento necessaacuterio no
meio teatral para levar agrave cena suas obras e sua crescente antipatia por Eloy um teatroacutelogo de prestiacutegio
O roteiro da histoacuteria natildeo seria tatildeo significativo se natildeo soubeacutessemos que Eloy eacute um dos pseudocircnimos de
Artur e que Mingote significa ldquocigarro de maconhardquo Na crocircnica o autor parece representar um conflito
teatral da eacutepoca onde a inserccedilatildeo de elementos tidos como vulgares em cena foram amplamente critica-
dos Nesse caso entendemos que a crocircnica possa fazer alusatildeo ao embate entre oportunistas sem talento
e produtores de valor personificados nas figuras de Mingote e de Eloy
Utilizando a crocircnica como objeto de anaacutelise podemos ressaltar a dupla inserccedilatildeo de Artur no mundo das
revistas e junto aos intelectuais de sua eacutepoca pois ao passo que demonstrava a preocupaccedilatildeo em agradar
o grande puacuteblico visando agrave demanda empresarial do gecircnero revista tambeacutem se preocupava em atingir
boas criacuteticas no meio literaacuterio ao qual pertencia Ademais ao citar diversos empresaacuterios podemos obter
um estudo a respeito desses homens que foram figuras de grande importacircncia no meio teatral tais como
Francisco de Sousa Francisco Mesquita Dias Braga e Joatildeo Antonio da Silva Pinto
BolsistaNataacutelia Cristina Rezende da Silva CursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Na busca pelo reconhecimento desses empresaacuterios pudemos constatar que a grande maioria era por-
tugueses o que nos leva a refletir sobre o papel desempenhado pela comunidade portuguesa no meio
teatral Foram eles proacuteprios que trouxeram a tradiccedilatildeo do teatro que foi aos poucos se tornando parte
indispensaacutevel da vida social dos brasileiros A princiacutepio esse teatro foi estabelecido para atender a um
puacuteblico em grande parte portuguecircs e essa situaccedilatildeo estendeu-se por longos anos
Eacute a importacircncia da comunidade de portugueses no Brasil que tambeacutem nos leva a refletir sobre o relacio-
namento de Artur com ela seja em suas tensotildees como em sua peccedila A fantasia (1896) como a parceria de
Artur com o caricaturista portuguecircs Juliatildeo Machado em O anno que passa (1907)
Referecircncias Bibliograacuteficas
BASTOS Souza Carteira do artista apontamentos para a histoacuteria do theatro portuguez e brazileiro Lis-
boa Bertrand 1898
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais ndash o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
LIMA Herman Histoacuteria da caricatura no Brasil Rio de Janeiro J Olympio 1963
LUSTOSA Isabel O portuguecircs da anedota In LUSTOSA Isabel (Org) Imprensa humor e caricatura Belo
Horizonte UFMG 2011 p 251-269
MAGALHAtildeES Raymundo Arthur Azevedo e sua eacutepoca Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1966
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
59
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
60
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
SILVA Lafayette Histoacuteria do theatro brasileiro Rio de Janeiro Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Sauacutede 1938
SOUSA Galante de O theatro no Brasil Rio de Janeiro Instituto Nacional do Livro 1960
SUSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
59
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
60
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
Artur Azevedo o paladino da modernidade
O presente trabalho busca compreender Artur Azevedo como homem de teatro e intelectual comprome-
tido com uma missatildeo civilizatoacuteria Nisto incluem-se diversas pautas como a defesa da reforma urbana o
fim dos corticcedilos a derrubada dos barracos do morro de Santo Antocircnio e a pintura da fachada do Teatro
Satildeo Pedro de Alcacircntara que eram pautas das suas afinadas quadrinhas assinadas como Gavroche em
1898 Na virada do seacuteculo Artur viu seus anseios por uma transformaccedilatildeo do Rio de Janeiro concretizados
na reforma urbana de Pereira Passos tanto em seu caraacuteter simboacutelico como na avalanche moderna que
invadiu as ruas da cidade remodelada
A partir da anaacutelise das percepccedilotildees do moderno em seus escritos e de elementos presentes em algumas
de suas obras para o teatro ndash a burleta A Capital Federal (1898) e as revistas de ano Guanabarina (1905) e
O ano que passa (1907) ndash este trabalho busca captar um olhar sobre as representaccedilotildees que Artur faz da
agenda de reformas e da incorporaccedilatildeo de uma acelerada modernidade ao dia a dia da cidade A partir
dessas representaccedilotildees pretendo focar a anaacutelise em dois aspectos expectativa e concretude A expectativa
centra-se nos anseios de Artur por um Rio civilizado ainda que seja acompanhada de criacuteticas a aspectos
da modernidade como quando caracteriza a cidade como local da perdiccedilatildeo do homem do campo e a
inabilidade deste em lidar com as suas artimanhas Mas eacute o caraacuteter de atraso e de ldquocarrancismordquo que
pretende ver superado Jaacute a concretude busca a representaccedilatildeo das accedilotildees reais que modificaram a urbe
e suas consequecircncias que muitas vezes se afastam do ideal aos olhos do comedioacutegrafo Se a reforma
BolsistaCamilla Campoi de SobralCursoInstituiccedilatildeoHistoacuteria Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)OrientadorAntonio Herculano Lopes ProjetoO moderno o nacional e o popular no teatro oitocentista fluminenseAgecircncia de financiamentoCNPqPeriacuteodoagosto 2013 a julho 2014
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
60
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
promove ganhos de civilidade elevaccedilatildeo de costumes e da proacutepria modernidade tambeacutem traz novos
problemas para os seus habitantes
Referecircncias bibliograacuteficas
CHARTIER Roger A histoacuteria cultural entre praacuteticas e representaccedilotildees Lisboa Difel 1990
FARIA Joatildeo Roberto Ideacuteias teatrais o seacuteculo XIX no Brasil Rio de Janeiro [sn] 2001
GRUZINSKI Serge Por uma histoacuteria das sensibilidades In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE
Frederique (Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais Porto Alegre
UFRGS 2007
LOPES Antonio Herculano LIMA Niacutesia Trindade Memoacuteria histoacuteria e sensibilidade notas para um
debate Anais do XIV Encontro regional de histoacuteria da Anpuh-Rio Rio de Janeiro 2010
LOPES Antonio Herculano Entre Rio e Paris meu coraccedilatildeo balanccedila In PAISAGENS subjetivas paisa-
gens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
NEEDELL Jeffrey D Belle eacutepoque tropical sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do
seacuteculo Satildeo Paulo Companhia das Letras 1993
NEVES Margarida de Souza As vitrines do progresso Rio de Janeiro PUC 1986
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9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
60
9ordf Jornada de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica
PESAVENTO Sandra Jatahy Histoacuteria amp histoacuteria cultural 2ed Belo Horizonte Autecircntica 2004
______ Sensibilidades escrita e leitura da alma In PESAVENTO Sandra Jatahy LANGUE Frederique
(Orgs) Sensibilidades na histoacuteria memoacuterias singulares e identidades sociais UFRGS Porto Alegre 2007
______ Rio de Janeiro Uma cidade no Espelho (1890 ndash 1910) In O IMAGINAacuteRIO da cidade visotildees
literaacuterias do urbano Paris Rio de Janeiro Porto Alegre Porto Alegre Ed da UFRGS 2002
PRADO Deacutecio de Almeida Histoacuteria concisa do teatro brasileiro (1570-1908) Satildeo Paulo Edusp 1999
RODRIGUES Antonio Edmilson Martins Peripeacutecias da modernidade cultura urbana e ideacuteia de naccedilatildeo
In PAISAGENS subjetivas paisagens sociais Satildeo Paulo Hucitec 2012
SUumlSSEKIND Flora As revistas de ano e a invenccedilatildeo do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986
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