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A influência da célula programadora do Método de
Reprogramação Músculo-Articular no ângulo de extensão do
joelho após colecistectomia:estudo de caso.
Jorge Carlos Menezes Nascimento Júnior
Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em terapia manual – Faculdade Ávila
Resumo
A célula programadora do Método de Reprogramação Músculo - Articular se propõe a
combater a origem e sintomatologia das lesões músculo – esqueléticas, através da
reprogramação das cadeias musculares e articulares, com o objetivo de fazer uma
reprogramação biomecânica e metabólica, reequilíbrio energético e normalização do tônus
muscular e amplitude de movimento.Objetivos: Esta pesquisa objetiva verificar a influência
da célula programadora do Método de Reprogramação Músculo – Articular no ângulo de
extensão do joelho em indivíduo submetido à colecistectomia convencional. Métodos:Trata-
se de um estudo de caso em que foi analisado, através da biofotogrametria do ângulo de
extensão do joelho. O protocolo foi dividido em duas etapas: antes e após a colocação da
célula programadora. Resultados: De acordo com o teste estatístico t de Student houve
variação significativa entre as variáveis biofotogramétricas na exten~sao de joelho antes e
após a colocação da célula programadora. Assim conclui-se que a célula programadora do
Método de Reprogramação Músculo-Articular influenciou positivamente no aumento do
ângulo de extensão do joelho.
Palavras-chave: Célula Programadora; Cicatrização; Tecido Conjuntivo; Amplitude de
Movimento; Colecistectomia.
1. Introdução
O Método de Reprogramação Músculo – Articular possui seus alicerces na medicina
tradicional chinesa e nos princípios de biomecânica. É terapia inovadora que utiliza células
programadoras para combater a origem e sintomatologia das lesões músculo – esqueléticas.
Uma das lesões tratadas pelo método é a cicatriz, a qual provoca alterações no organismo,
desequilibrando o sistema músculo – esquelético (YASUNAGA JUNIOR, 2007).
A cicatriz tratada no estudo é decorrente de uma colecistectomia. A colecistectomia
convencional é um procedimento cirúrgico em que é realizada a retirada da vesícula biliar
através da laparotomia, na qual é feita uma incisão da pele e tela subcutânea e, depois de
secção de alguns músculos abdominais como o músculo reto abdominal (GOFFI, 2004). Após
o procedimento cirúrgico, o tecido lesionado entra na fase de cicatrização, onde ocorre um
complexo processo para que haja a recuperação tissular.
A cicatrização pode ser divida em três fases: inflamatória, proliferativa e de moldagem
(PITREZ, PIONER, 2003). O colágeno que forma a cicatriz é imaturo e depende da força de
tração dos tecidos subjacentes, dessa forma ocorrerá encurtamento da cicatriz em resposta as
forças contráteis e de tração do tecido cicatricial, com conseqüente limitação da amplitude de
movimento e prejuízo das funções (SULLIVAN, SCHIMITZ, 2004). O processo de
cicatrização compreende a recuperação de todo o tecido conjuntivo durante suas fases.
Os tecidos conjuntivos são estruturas tissulares compostas por elementos extracelulares,
colágeno, elastina, fibras reticulares, elementos celulares, fibroblastos e condrócitos. Eles
compreendem a pele, ligamentos, tendões, cápsulas articulares e fáscias (GEMELLI, 2004).
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A fáscia é o tecido mais penetrante e representa uma rede tridimensional que envolve todo o
corpo (MANHEIN apud BIANCHINI, MOREIRA, 2003, p. 60). Pode influenciar diretamente
na amplitude de movimento (PAOLETTI apud BIANCHINI, MOREIRA, 2003, p. 62). Desta
forma, cicatriz de um procedimento cirúrgico, como a colecistectomia, poderá ter influência
na amplitude de movimento do joelho. Com esse pensamento elegemos para a análise apenas
o ângulo de extensão do joelho, já que a lesão fascial atinge de maneira global, podendo,
então, ter influência em qualquer articulação.
A amplitude de movimento normal é influenciada pela mobilidade articular e flexibilidade
dos tecidos moles (músculos, tecido conectivo e pele) que envolvem a articulação (BRANDY,
2003; FOSS, KETEYIAN, 2000; KISNER, COLBY, 1998).
O objetivo desta pesquisa é verificar a influência da célula programadora do Método de
Reprogramação Músculo – Articular no ângulo de extensão do joelho em paciente submetido
à colecistectomia. Para tal, o método de escolha para a análise dos ângulos foi a
biofotogrametria.
A biofotogrametria é um método que possui princípios fotogramétricos utilizando-se de
imagens obtidas dos movimentos corporais (RICIERI, 2000).
Há uma escassez de estudos a respeito da utilização da célula programadora do Método de
Reprogramação Músculo - Articular. Tendo em vista tal situação faz-se necessário a
realização de pesquisas na área, com o intuito de trazer maiores conhecimentos sobre a
técnica estudada.
2. Marco Teórico
2.1. Reprogramação músculo – articular
O Método de Reprogramação Músculo - Articular é uma terapia nova, desenvolvida a partir
de estudos de um médico japonês, Matsubara Eita. Esses estudos uniram o conhecimento da
Medicina Tradicional Chinesa e os princípios da Biomecânica. O método baseia-se em
técnicas de Acupuntura, Cinesiologia Aplicada, Kinethio Tape, Kabat, RPG, Cadeias
Musculares, Osteopatia, Posturologia e outras (YASUNAGA JUNIOR, 2007).
O método propõe-se a fazer uma reprogramação das cadeias musculares e articulares,
procurando eliminar a causa e não apenas os sintomas da lesão. É uma forma de tratamento
inovadora que utiliza Células Programadoras (adesivos com formatos especiais), colocados no
sentido e locais adequados no paciente. As Células Programadoras possuem características
inelásticas, são hidrófobas e hipoalérgicas. Além da reprogramação das cadeias musculares e
articulares, essa terapia também age com o objetivo de fazer uma reprogramação
biomecânica, metabólica, reequilíbrio energético, normalização do tônus muscular e
amplitude de movimento (YASUNAGA JUNIOR, 2007).
A Reprogramação Músculo - Articular é utilizada em lesões do sistema músculo – esquelético
como, por exemplo, nas cicatrizes. No caso da cicatriz, o organismo humano pode encontar-se
desregulado em três níveis: postural, energético e metabólico. A cicatriz provoca um
estiramento dos exteroceptores, desorganiza o fluxo energético e aumenta a produção de
adrenalina, alteração esta que provoca um aumento da freqüência cardíaca, aumentando a
circulação no local da cicatriz. Essas alterações decorrentes da cicatriz provocam um
desequilíbrio no organismo, alterando o sistema músculo – esquelético (YASUNAGA
JUNIOR, 2007).
A aplicação da Célula Programadora será sobre o ponto de tensão e o sentido, longitudinal
(em forma de cruz) ou diagonal (em forma de “x”), dependerá da origem e inserção, caso seja
no músculo, e posição anatômica, caso seja no osso. Na cicatriz, a célula deve ser colocada
longitudinalmente em toda a extensão da mesma. O tempo de aplicação varia de 48 a 72 horas
(YASUNAGA JUNIOR, 2007).
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2.2. Exteroceptores
Exteroceptores são receptores que se localizam na superfície externa do corpo e recebem
estímulos do ambiente através da pele e do tecido subcutâneo, sendo os responsáveis pelas
sensações de dor, temperatura, toque leve e pressão (MACHADO, 2000; SULLIVAN, 2004).
Os exteroceptores mais importantes são corpúsculos de Meissner, responsáveis por tato e
pressão; corpúsculos de Ruffini, responsáveis também por tato e pressão e corpúsculos de
Vater-Paccini, responsáveis pela sensibilidade vibratória. Além desses receptores existem as
terminações nervosas livres que também acumulam as sensações de tato, temperatura e dor
(MACHADO, 2000).
Os estímulos externos afetam todos os sentidos do corpo humano, assim quanto mais
estímulos um individuo receber, mais treinados estarão seus receptores e a sua musculatura
(KNUDSON e MORRISON,2001 apud GONZALEZ, 2005).
2.3. Cicatriz e cicatrização
A cicatrização consiste em um conjunto de eventos celulares e moleculares, no qual ocorrem
fenômenos bioquímicos e fisiológicos que interagem de maneira harmoniosa na recuperação
tissular (ORTONNE apud MANDELBAUM, S., MANDELBAUM, M., SANTIS, 2003, p.
393).
Existem três formas de cicatrização: por primeira intenção, por segunda intenção e por
terceira intenção (PITREZ, PIONER, 2003).
Na cicatrização por primeira intenção as bordas cicatriciais são aproximadas como nas feridas
limpas que são suturadas imediatamente. Já na cicatrização por segunda intenção as bordas
não são aproximadas o que resulta na produção de tecido de granulação, ocupando o intervalo
entre as bordas. E na cicatrização por terceira intenção a ferida permanece aberta, ocorrendo à
aproximação das bordas alguns dias depois, quando solucionado o quadro infeccioso
(PITREZ, PIONER, 2003).
As feridas cirúrgicas geralmente cicatrizam por primeira intenção, envolvem pouca perda
tecidual e apresentam um risco menor de infecção, gerando cicatrizes mínimas em quatro a
quatorze dias após a cirurgia. Entretanto, essas lesões cirúrgicas podem cicatrizar por terceira
intenção, caso precisem permanecer abertas para que ocorra a redução da infecção e
drenagem local de exudato. Em lesões crônicas a cicatrização ocorre por segunda intenção
(HESS, 2002).
O colágeno que forma a cicatriz é imaturo e depende da força de tração dos tecidos
subjacentes, dessa forma ocorrerá encurtamento da cicatriz em resposta as forças contráteis e
de tração do tecido cicatricial, com conseqüente limitação da amplitude de movimento e
prejuízo das funções (SULLIVAN, SCHIMITZ, 2004). No tecido cicatricial não há formação
de elastina, o que faz com que o tecido perca sua elasticidade (BIENFAIT apud PEGORARO,
2004).
2.4. Amplitude de movimento
Amplitude de movimento é o grau de movimento de uma articulação (PASSOS, HUBINGER
2001).
A amplitude de movimento pode ser dividida em ativa e passiva. Amplitude ativa é aquela em
que o movimento articular é voluntário e sem resistência. Amplitude passiva é realizada
através do movimento passivo, involuntário. Em geral, a amplitude ativa é menor que a
passiva, uma vez que a articulação possui um pequeno grau de movimento em sua amplitude
final, que não está a cargo do controle voluntário (SULLIVAN, SCHIMITZ, 2004).
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A amplitude de movimento normal é influenciada pela mobilidade articular e flexibilidade
dos tecidos moles (músculos, tecido conectivo e pele) que envolvem a articulação (BRANDY,
2003; FOSS, KETEYIAN, 2000; KISNER, COLBY, 1998).
2.5. Tecido conjuntivo
Os tecidos conjuntivos são estruturas tissulares compostas por elementos extracelulares,
colágeno, elastina e fibras reticulares e elementos celulares, fibroblastos e condrócitos. Eles
compreendem a pele, ligamentos, tendões, cápsulas articulares e fáscias (GEMELLI, 2004).
O colágeno é o principal componente do tecido conjuntivo e é sintetizado pelos fibroblastos
(HALL apud GEMELLI, 2004). Segundo BIENFAIT (1995 apud GEMELLI, 2004) as
moléculas de colágeno são unidas por ligações intramoleculares (pontes cruzadas) que
conferem às mesmas força e estabilidade sob tensão mecânica.
Na formação do tecido conectivo o colágeno posiciona-se em paralelo para formar as
microfibrilas, passando a fibrilas e finalmente a feixes de tecido conectivo representando
cerca de 80 a 90 % de sua estrutura, resultando em muita força e pouca extensibilidade devido
à consistência das ligações cruzadas do colágeno. (ACHOUR JR apud GEMELLI, 2004).
A fáscia é o tecido mais penetrante e representa uma rede tridimensional que envolve todo o
corpo (MANHEIN apud BIANCHINI, MOREIRA, 2003, p. 60). ACHOUR (2002 apud
GEMELLI, 2004) complementa, afirmando que a fáscia possui também elasticidade
tridimensional.
Nenhuma atividade metabólica é apresentada pelas fáscias, tendo sua fisiologia encontrada
unicamente na produção de colágeno e elastina. Por ser uma proteína que sofre constantes
modificações, acredita-se que a maior parte das patologias do tecido conjuntivo encontra-se
no colágeno, pois sua secreção vai depender da tensão exercida no tecido. Se a tensão for
contínua e prolongada, as fibras colágenas se instalam em série e alongam-se, mas se for curta
e recorrente, ficam em paralelo e tornam-se densas, mais resistentes e perdem elasticidade
progressivamente (BIENFAIT, 2000).
Conclui-se então que fáscia influencia diretamente a amplitude de movimento (PAOLETTI
apud BIANCHINI, MOREIRA, 2003, p. 62). Em pesquisa realizada em animais na
Universidade de Tiradentes, RODRIGUES (1998 apud VIEIRA et al., 2000) ressalta que o
tecido conjuntivo influencia na limitação da amplitude de movimento.
Alguns fatores são determinantes para uma maior ou menor amplitude de movimento, como a
forma do osso e cartilagem, força, tônus e volume musculares, frouxidão ligamentar e
capsulares, extensibilidade da pele e tecido subcutâneo, raça, sexo, idade, fatores genéticos,
dominância de membros (o membro dominante tende a ser menos móvel que o não
dominante) e a sobrecarga sobre as articulações (MAGEE, 2002).
2.6. Músculo esquelético
O músculo é formado por fibras musculares, que se organizam em fascículos. As fibras
musculares são formadas por feixes menores, as miofibrilas. Nas miofibrilas estão contidos os
sarcômeros, que são formados por miofilamentos de actina (faixas claras e finas) e miosina
(faixas escuras e espessas). No sarcolema, membrana que envolve a fibra muscular, está
contido o sarcoplasma, no qual existem estruturas significantes como a mitocôndria e o
retículo sarcoplasmático. O limite do sarcômero começa em uma linha Z e termina em outra
linha Z. A faixa escura presente no músculo corresponde à faixa A ou anisotrópica, composta
por filamentos de actina e miosina. A faixa A é dividida por uma zona intermediária, a faixa
H, formada por filamentos de miosina exclusivamente. A faixa clara do músculo representa a
faixa I ou isotrópica, onde contém apenas actina e localiza-se a linha Z. Enquanto os
filamentos de miosina são formados apenas por miosina, os filamentos de actina da faixa I são
compostos por actina, tropomiosina e troponina (SMITH, WEISS, LEHMKUH, 1997).
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Os músculos possuem uma característica muito importante chamada plasticidade, propriedade
que lhe dá a capacidade de adaptarem-se aos mais diversos estímulos (SALVINI in
MARQUES, 2000). Para Willians e Goldspink citado por Salvini (2000 apud MARQUES,
2000) estudos demonstraram que ao sofrer um estímulo o músculo adapta-se às alterações de
comprimento através da regulação no número de sarcômeros em série, sendo que na posição
alongada há um aumento de 20% e no encurtamento ocorre um redução de 40%.
Segundo Willians e Goldspink citado por Salvini (2000 apud MARQUES, 2000) o tecido
conjuntivo apresenta-se mais abundante e sofre um maior remodelamento quando os
músculos estão imobilizados em posição encurtada e isso acontece principalmente com as
fibras de colágeno do perimísio, acarretando diminuição da elasticidade e aumento da tensão.
2.7. Anatomia da vesícula biliar
A vesícula biliar tem o aspecto piriforme, mede aproximadamente 10 centímetros de
comprimento por 3,5 centímetros de largura e suporta em média 30 mililitros de bile. Tem
como função básica armazenar e concentrar a bile (DIDIO, 2002).
Para uma melhor compreensão, a vesícula biliar pode ser dividida em quatro partes: fundo,
corpo, infundíbulo e colo. Está localizada na face inferior do lobo direito do fígado
(MICMINN, HUTCHINGS, LOGAN, 2000).
2.8. Colecistectomia
A colecistectomia é o procedimento cirúrgico que permite a retirada da vesícula biliar e a
principal intervenção do trato digestivo, em virtude ao alto índice de litíase vesicular. Está
indicada na calculose biliar, colecistite aguda ou crônica, calculosa ou alitiásica, em
malformações da vesícula biliar, fístula pós – colecistotomia, ruptura traumática da vesícula
biliar ou ducto cístico, peritonite biliar e neoplasias (GOFFI, 2004).
Em estudo realizado na Santa Casa de Misericórdia em São Paulo no período de janeiro de
1997 a janeiro de 2001, 1123 pessoas foram submetidas à cirurgia de colecistectomia, dentre
os quais 39 evoluíram com complicações. Dentre elas fístula biliar em 20,5%, pancreatite
aguda em 15,4%, broncopneumonia em 10,3%, perda do dreno em 7,7%, evisceração em
7,7%, íleo prolongado em 7,7%, coleção intra-abdominal em 7,7%, acidente vascular cerebral
em 5,1%. No número total de pacientes apenas 0,4% evoluíram a óbito (HANGUI et al, 2004,
p.60).
2.9. Biofotogrametria
A biofotogrametria é um método que possui princípios fotogramétricos utilizando-se de
imagens obtidas dos movimentos corporais. Conceitos de fotointerpretação foram aplicados às
imagens constituindo uma poderosa ferramenta para o estudo da cinemática (RICIERI, 2000).
Um dos principais programas para a análise de imagens através da biofotogrametria é o AL
Cimage 2.1, desenvolvido pelo Dr. Mário Antônio Baraúna. Este programa é um algoritmo
matemático que quantifica pontos de imagem transformando-os em eixos coordenados
cartesianos. O programa realiza cálculos de ângulos formados através da marcação de três
pontos seqüenciais, tendo o resultado a precisão de três casas decimais (MAGAZONI apud
BARAÚNA et al, 2003, p. 29).
3. Metodologia
O estudo foi realizado no ambulatório de Fisioterapia da UEPA /Campus XII/Santarém com o
paciente N.S.S., sexo masculino, 34 anos de idade, policial militar, natural de Santarém/Pará e
submetido à cirurgia de colecistectomia em 4 de novembro de 2010. O paciente da presente
pesquisa foi estudado segundo as Normas de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (Res. CNS
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196/96) do Conselho Nacional de Saúde e de acordo com o Código de Ética do Fisioterapeuta
(Resolução COFFITO 10/78).
Esta pesquisa é experimental, há um controle sobre os fatores; constituindo uma relação de
causa e efeito. Descritiva, pois aborda descrição, registro, análise e interpretação dos
fenômenos. Aplicada, pois objetiva a aplicação prática dos dados teóricos (MARCONI,
LAKATOS, 1999).
A pesquisa trata-se de um estudo de caso e foi dividida em duas etapas, antes da colocação da
célula programadora e após a colocação. A primeira etapa teve duração de três dias
consecutivos, com intervalo de 24 horas entre uma coleta e outra das imagens. Houve um
intervalo de uma semana entre a primeira e a segunda etapa. A segunda etapa também teve
duração de três dias consecutivos com intervalo de 24 horas entre a coleta das imagens.
A variável analisada foi o ângulo de extensão do joelho, através da biofotogrametria com o
software AlCimage 2.1, antes e após a colocação da célula programadora do Método de
Reprogramação Músculo-Articular.
Antes do início da pesquisa, o paciente foi informado sobre os objetivos do trabalho e de sua
participação no mesmo. Foi enfatizado ao voluntário o tipo de vestimenta que deveria usar e
todos os procedimentos que seriam utilizados para a coleta de dados.
O cenário para coleta de dados foi montado no ambulatório de Fisioterapia da UEPA Campus
XII. O suporte metálico com regulagem de altura foi fixado a uma maca posicionada junto à
parede (figura 1). O tripé regulável (figura 2) foi posicionado a uma distância de 2,5 metros
da maca e regulado à mesma altura do membro do paciente sobre o suporte, 1,2 metros. A
câmera foi acoplada ao tripé. Foram feitas marcações no chão com esparadrapo para que,
tanto a maca quanto o tripé, ficassem sempre nas posições iniciais.
Figura 01 – Maca com suporte
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Figura 02 – Tripé Regulável
No primeiro dia, durante a primeira etapa, o paciente foi posicionado em decúbito dorsal na
maca, com o membro inferior direito sobre o suporte, de modo que a articulação coxo-femoral
ficou em um ângulo de 90° em relação ao tronco, e a articulação do joelho em um ângulo de
90° em relação à coxa. O paciente foi estabilizado à maca com faixas inelásticas no quadril e
membro inferior esquerdo e no suporte, com faixa inelástica na coxa direita (figura 3). O
mesmo procedimento foi repetido no segundo e terceiro dias desta primeira etapa.
Figura 3 – Posicionamento do paciente antes da execução do movimento
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Com base no livro de anatomia palpatória Atlas de Anatomia Palpatória do Membro Inferior
(TIXA, 2000), foram localizados os pontos anatômicos sobre os quais foram colados os
adesivos. Os pontos escolhidos foram no quadril o trocânter maior do fêmur, no joelho o
epicôndilo lateral do fêmur e no tornozelo o ápice do maléolo lateral.
O paciente foi fotografado inicialmente com o membro relaxado sobre o suporte metálico e
em seguida foi dado o comando verbal: “Estique a perna até o seu limite e mantenha nesta
posição”. Três segundos após o comando verbal o paciente foi novamente fotografado. Após
a fotografia foi solicitado ao paciente que baixasse o membro (figura 4).
Figura 4 – Paciente com a perna estendida
De acordo com estudos realizados em indivíduos durante seis semanas, o alongamento do
músculo durante trinta segundos aumentou a amplitude de movimento muito mais que o
alongamento realizado por quinze segundos, sendo que os resultados obtidos com o último
não foram estatisticamente significantes (BANDY et al, 1994 apud Gemelli).
Durante a segunda etapa de testes o paciente foi orientado quanto à célula programadora, para
que tomasse cuidado durante o banho e a troca de roupas. Caso ocorresse descolamento ou
queda das mesmas, estas seriam recolocadas pelos pesquisadores.
No primeiro dia o paciente foi posicionado à maca e estabilizado como na etapa anterior. Na
sequência, as células programadoras foram colocadas longitudinalmente sobre toda a extensão
da cicatriz (figuras 5 e 6). Em seguida foram localizados os pontos anatômicos e colocado os
adesivos. Como na primeira etapa o paciente foi fotografado antes e depois do movimento de
extensão da perna. Após a fotografia foi solicitado ao paciente que baixasse o membro.
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Figura 5 – Cicatriz sem a célula
Figura 6 – Célula programadora sobre a cicatriz
No segundo e terceiro dias o paciente foi posicionado, estabilizado e fotografado como nos
dias anteriores. Ao final do último dia, as células programadoras foram retiradas da cicatriz do
paciente.
Os dados foram obtidos e catalogados em graus de acordo com a tabela 1.
Antes Após
1º dia 153,35° 158,33°
2º dia 152,85º 156,59°
3º dia 154,82º 157,57°
Tabela 1 – Dados obtidos em graus do ângulo de extensão do joelho antes e após a utilização da célula programadora
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A análise estatística se procedeu com o teste de contraste de médias, comparando-se os graus
de cada variável entre as diferentes etapas. Após este, foi utilizado o teste “t de student” com
o nível de significância α de 5% (α=0,05). Para níveis de significância entre 0.05 e 0.01 os
resultados são considerados significantes, para valores entre 0.01 e 0.001 são considerados
muito significantes, e para valores menores que 0.001, extremamente significantes.
4. Resultados
De acordo com o Teste t de Student, que apresentou o resultado t = 4,92 e comparação com a
tabela para valores de t (anexo 1), chega-se a conclusão que houve diferença estatisticamente
significativa entre as etapas.
Tabela 2 – Análise estatística, média e desvio padrão de acordo com o resultado t=4,92
5. Discussão
O voluntário submetido à pesquisa foi selecionado por se tratar de um indivíduo que obedece
aos critérios de inclusão e exclusão, por ter sido submetido à colecistectomia convencional,
estando na faixa etária entre 25 e 45 anos, sendo do sexo masculino e não apresentando
distúrbios articulares, neurológicos, circulatórios ou metabólicos, que possam influenciar no
ângulo de extensão do joelho.
O Método de Reprogramação Músculo - Articular, terapia eleita por que se propor a tratar
lesões músculo - esqueléticas, dentre as quais as cicatrizes. O método, através de Células
Programadoras (adesivos com formatos especiais), atua no sentido de reprogramar as cadeias
musculares e articulares e justamente um dos seus objetivos é a normalização da amplitude de
movimento. Além da reprogramação das cadeias musculares e articulares, essa terapia
também age com o objetivo de fazer uma reprogramação biomecânica e metabólica,
reequilíbrio energético e normalização do tônus muscular e amplitude de movimento
(YASUNAGA JUNIOR, 2007).
A colecistectomia convencional foi o procedimento cirúrgico eleito por ser uma técnica em
que é realizada a retirada da vesícula biliar através da laparotomia, na qual é feita uma incisão
da pele e tela subcutânea e, depois de secção de alguns músculos abdominais como o músculo
reto abdominal (GOFFI, 2004). Após o procedimento cirúrgico, o tecido lesionado entra na
fase de cicatrização, na qual é formado o tecido cicatricial.
A escolha da cicatriz para o tratamento com as células programadoras deve-se ao fato que esta
provoca um estiramento dos exteroceptores, desorganiza o fluxo energético e aumenta a
produção de adrenalina, alteração esta que provoca um aumento da freqüência cardíaca,
aumentando a circulação no local da cicatriz. Essas alterações decorrentes da cicatriz
provocam um desequilíbrio no organismo, alterando o sistema músculo – esquelético
(YASUNAGA JUNIOR, 2007).
Segundo alguns estudiosos, em uma cicatrização normal o tecido cicatricial perde 20% da
força de tensão de uma pele sem lesão, devido aos próprios eventos celulares e moleculares
responsáveis pela restauração tissular (MANDELBAUM, S., MANDELBAUM, M.,
SANTIS, 2003).
Exteroceptores são receptores que se localizam na superfície externa do corpo e recebem
estímulos do ambiente através da pele e do tecido subcutâneo, sendo os responsáveis pelas
sensações de dor, temperatura, toque leve (MACHADO, 2000; SULLIVAN, 2004). Os
Sem a célula Com a célula t-valor<0,05
Média Desvio padrão Média Desvio Padrão t = 4,92
153,67 1,024 157,50 0,87
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receptores responsáveis pela captação de sinais que determinam o toque contínuo de objetos
sobre a pele são os Discos de Merkel (GUYNTON E HALL apud GONZALEZ, 2005).
A fáscia é o tecido mais penetrante e representa uma rede tridimensional que envolve todo o
corpo (MANHEIN apud BIANCHINI, MOREIRA, 2003, p. 60). ACHOUR (2002 apud
GEMELLI, 2004) complementa, afirmando que a fáscia possui também elasticidade
tridimensional.
Os autores supracitados sugerem que lesões cicatriciais podem afetá-la, o que pode ser
verificado no local da lesão através de exame físico, promovam alterações músculo –
esqueléticas em qualquer parte do corpo, mesmo àquelas distantes da lesão inicial. Desta
forma, cicatriz de um procedimento cirúrgico em tronco, como a colecistectomia, poderá ter
influência na amplitude de movimento do joelho. Com esse pensamento foi escolhido para a
análise apenas o ângulo de extensão do joelho, já que a lesão fascial atinge de maneira global,
podendo, então, ter influência em qualquer articulação.
Na comparação entre o ângulo de extensão do joelho antes e após a colocação da célula
programadora do Método de Reprogramação Músculo-Articular, houve ganho
estatisticamente significativo neste ângulo, evidenciando a influência do método sobre a
amplitude de movimento da extensão de joelho.
6. Conclusão
O estudo sugere que a célula programadora do Método de Reprogramação Músculo-Articular
influencia na amplitude de movimento, uma vez que a pesquisa demonstrou alterações no
ângulo de extensão do joelho na comparação entre as fases do trabalho, como demonstrado no
valor encontrado estatisticamente com t=4,92 no teste estatístico t de Student.
Toda terapia, antes de receber o reconhecimento no mundo acadêmico e científico, precisa
passar por uma fase de constantes estudos, o que irá dizer se a mesma tem aplicabilidade
prática e embasamento teórico condizentes com seus objetivos terapêuticos.
O fato acima descrito dá ao Método de Reprogramação Músculo - Articular pouco
reconhecimento, pois se trata de uma técnica nova e com poucas pesquisas a seu respeito.
Infelizmente, não é possível a comparação deste estudo a outros, pela escassez de trabalhos
científicos a respeito do método proposto, por se tratar de uma terapia relativamente recente.
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Referências
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cicatrização: uma revisão. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v.41, n.1 jan/mar 2005. Disponível em
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BANDY, William D.; SANDERS, Bárbara. Exercício Terapêutico: Técnicas para Intervenção. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2003.
BARAÚNA, Mário Antônio et al. Avaliação da Amplitude de Movimento do Ombro em Mulheres
Mastectomizadas Pela Biofotogrametria Computadorizada. Revista Brasileira de Cancerologia, dez 2003.
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ANEXO
ANEXO A – Tabela t de Student
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