FACULDADE DE LETRAS
UNIVERSIDADE DO PORTO
Laura Inês Vieira de Carvalho Monteiro
2º Ciclo de Estudos em Ensino do
no 3º Ciclo do Ensino Básico e Secundário
A importância do trabalho
ensino autónomo
Orientador: Professor Doutor
Laura Inês Vieira de Carvalho Monteiro
2º Ciclo de Estudos em Ensino do Inglês e da Língua Estrangeira (variante E
no 3º Ciclo do Ensino Básico e Secundário
A importância do trabalho cooperativo para um
ensino autónomo na aula de Espanhol língua
estrangeira
2012
Professor Doutor Rogélio José Ponce de León Romeo
a Língua Estrangeira (variante Espanhol)
para um
na aula de Espanhol língua
Rogélio José Ponce de León Romeo
Versão definitiva
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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Resumo
Este relatório surge no âmbito do Mestrado em Ensino do Espanhol no 3º ciclo e no
Ensino Secundário. É composto por duas partes, nomeadamente, os fundamentos
teóricos e a prática pedagógica.
A primeira parte insere o tema da cooperação e da autonomia no quadro ético e
conceptual da aprendizagem, dividindo-se em três capítulos: o trabalho cooperativo, a
pedagogia para a autonomia e a relação entre as duas metodologias. Todos estes
conceitos envolvem diferentes tipologias e definições, assim como a importância do
papel do aluno e do professor.
A segunda parte refere-se ao relatório de prática pedagógica realizada na Escola
Secundária Eça de Queirós, no concelho da Póvoa do Varzim. Esta prática assenta nos
pressupostos teóricos da primeira parte do trabalho.
Palavras-chave: Trabalho Colaborativo, Autonomia, Interação, Ensino-Aprendizagem,
Responsabilidade
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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Abstract
This study comes within the Master in Teaching Spanish Language in the 3rd cycle and
Secondary Education. It’s divided into two parts, namely, theoretical basis and teaching
practice.
The first part places the subject of cooperation and autonomy in an ethical and
conceptual basis of learning, dividing itself in three chapters: cooperative learning,
pedagogy for autonomy and the connection between the two of them. All of these
concepts involve different types and definitions, as well as the importance of the teacher
and student’s roles.
The second part refers to the teacher training report fulfilled at Escola Secundária Eça
de Queirós, at Póvoa do Varzim. This training bases itself in the theoretical principles of
the first part of the paper.
Keywords: Cooperative Learning, Autonomy, Interaction, Education-Learning,
Responsibility.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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Agradecimentos
Gostaria de agradecer a todos os que me apoiaram e contribuíram de alguma forma para
a realização deste projeto, nomeadamente:
• Ao Professor Doutor Rogélio Ponce de León Romeo pela sua orientação,
sugestões e críticas;
• À minha família pelo apoio incansável e pelas palavras de incentivo;
• Às minhas colegas de Estágio e amigas, Dora Silva e Eunice Silva, pelo apoio,
pela amizade e pelo incentivo nos momentos mais difíceis;
• Às minhas colegas de Mestrado, Palmira Pereira e Ana Isabel Cardoso, pela
amizade, pelo apoio e pela paciência;
• À minha amiga Eliana Silva, pelas palavras de apoio e confiança;
• À orientadora Maria das Dores Silva e à supervisora Mónica Lorenzo, pela
orientação.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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Índice
Índice Geral
Índice 5
Introdução 8
Capítulo I – A aprendizagem cooperativa 10
1. O que se entende por aprendizagem cooperativa 11
2. Características da Aprendizagem Cooperativa 15
3. O papel do aluno 18
4. Tipologia da Aprendizagem Cooperativa 18
4.1. Grupos formais 19
4.2. Grupos informais 19
4.3. Grupos cooperativos de base 20
5. Técnicas de ensino presentes na Aprendizagem Cooperativa 21
5.1.Métodos informais 21
5.2.Métodos formais 21
6. O papel do professor 25
6.1. Professor como mediador 25
6.2. Professor como observador 25
6.3. Professor como facilitador 26
7. Vantagens e desvantagens da Aprendizagem Cooperativa 27
8. Cooperação vs. Colaboração 30
Capítulo II – Autonomia na aprendizagem 33
1. Origem e definição de autonomia 34
1.1. Competências para a autonomia 37
1.1.1. Competências da aprendizagem 38
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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1.1.2. Competências para a autonomia 38
1.1.3. Competências para pensar criticamente 38
2. Autonomia do aluno 40
3. Papel do professor 43
Capítulo III – Autonomia e Aprendizagem Cooperativa 46
1. A autonomia e a cooperação 47
Capítulo IV – Prática Pedagógica 50
1. A escola 51
1.1. Características do espaço 51
1.2. Os alunos 51
2. Prática Pedagógica 52
2.1. Primeira fase – diagnóstico 53
2.2. Segunda fase – implementação das atividades 54
2.2.1. Atividade 1 55
2.2.2. Atividade 2 57
2.2.3. Atividade 3 59
2.2.4. Atividade 4 62
2.3. Terceira fase – avaliação 63
Conclusão 66
Anexos 67
Anexo I 68
Anexo II 70
Anexo III 72
Anexo IV 73
Referências bibliográficas 76
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Índice de Quadros
Quadro I – Síntese das funções do professor 27
Quadro 2 – Pressupostos por detrás da definição de autonomia 37
Quadro 3 – Pedagogia para a autonomia na educação em línguas 39
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0. Introdução
A educação exige os maiores cuidados,
porque influi sobre toda a vida. (Séneca)
Num momento em que o ensino está a viver uma ‘crise existencial’, em que os
professores se encontram frente a frente com alunos que pouco fazem para desenvolver
as suas destrezas e capacidades, torna-se necessário criar estratégias e meios para que o
processo de ensino-aprendizagem se torne aliciante e motivador. Desta forma, é
necessário conciliar diferentes perspetivas e abordagens, de maneira a promover um
ensino eficiente e globalizante.
O paradigma pedagógico deve ser orientado face a metodologias que tornem o aluno um
elemento ativo do processo de aprendizagem, levando-o a adquirir um melhor sentido
de responsabilidade e de empenho nas atividades de sala de aula. É necessário alargar o
conceito de metodologia para além daquela que vê o professor como centro do processo
educativo e como único transmissor de conhecimento, dado que o enfoque da
aprendizagem deve ser dado ao desempenho dos alunos e a tudo aquilo que este seja
capaz de fazer enquanto figura central e autónoma na sala de aula.
A prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico,
dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer. O saber que a prática docente
espontânea ou quase espontânea, ‘desarmada’, indiscutivelmente produz é um saber
ingênuo, um saber de experiência feito, a que falta a rigorosidade metódica que
caracteriza a curiosidade epistemológica do sujeito (Freire, 1996:17).
É necessário refletir sobre as práticas de ensino nas escolas, especificamente na aula de
língua estrangeira, na medida em que tudo o que um professor faz na sala, o que
transmite e a forma como leciona, irá marcar o indivíduo, as relações que irá construir,
assim como o seu percurso de vida. Por isso, é necessário desenvolver instrumentos
pedagógicos que permitam inovar o processo de ensino-aprendizagem e, assim,
corresponder às necessidades e expectativas dos alunos. É necessário estimular a
autonomia, a independência, a criatividade, o empenho e a colaboração entre pares, e,
para tal, torna-se fundamental alterar as metodologias e as perspetivas em relação às
práticas de ensino.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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Nessa perspetiva, considerei importante utilizar estratégias variadas nas aulas que
lecionei ao longo do ano de estágio, de forma a tornar o processo de aprendizagem mais
interessante e aliciante para os alunos. Desta forma, decidi conciliar uma perspetiva
mais orientada para o trabalho colaborativo entre discentes com uma pedagogia que se
encontrasse direcionada para a autonomia dos alunos em sala de aula.
É preciso, sobretudo, e aí já vai um destes saberes indispensáveis, que o formando,
desde o princípio mesmo de sua experiência formadora, assumindo-se como sujeito
também da produção do saber, se convença definitivamente de que ensinar não é
transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua
construção (Freire, 2002:12).
Na primeira parte do relatório (três capítulos iniciais), procurarei mostrar as
características inerentes ao trabalho colaborativo em sala de aula entre alunos, assim
como a perspetiva em que se encontra baseada uma pedagogia para a autonomia. Uma
vez delineadas as características, abordarei a questão da importância destas duas
abordagens para o processo de ensino-aprendizagem.
Na segunda parte do relatório (quarto capítulo), dedicar-me-ei à análise da aplicação
prática do trabalho colaborativo em sala de aula, partindo de pressupostos de um ensino
autónomo. Depois de fazer uma breve referência à minha experiência enquanto
professora noutros contextos educativos, apresentarei os objetivos, a metodologia e a
descrição das atividades aplicadas, assim como os resultados obtidos ao longo e no final
do ano letivo.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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1. O que se entende por aprendizagem cooperativa
A educação tem vindo a ser alvo de mudanças significativas, dado que as aulas se
centram mais no papel dos alunos e não só no trabalho que o professor prepara e
estrutura. Para além disso, a visão do processo de ensino-aprendizagem como simples
meio de transmissão de informação e de conhecimentos deu lugar a uma vertente
construtivista e participativa. De um modo geral, este processo baseia-se em relações
interpessoais que vão definir o tipo de motivação social e os valores que os alunos
pretendem adotar. Segundo Johnson & Johnson (1999), existem três formas de
organizar a aprendizagem na sala de aula, nomeadamente, a cooperação, a competição e
o individualismo, que dependem do contexto e do papel do professor na sala de aula.
Estes métodos vão definir o caminho de cada aluno e a forma como este concebe o
processo educativo.
A versão competitiva apresenta o aluno como indivíduo que trabalha sozinho para
atingir determinado objetivo primeiramente que os restantes colegas. O sucesso que este
atingir depende diretamente do sucesso dos colegas, o que leva a pensar que o objetivo
deste método de ensino não está somente ligado à aprendizagem de determinado
conteúdo, mas principalmente ao sentimento de competição que cada aprendente
desenvolve. Por outro lado, a aprendizagem individualista leva a que este trabalhe
sozinho na tarefa proposta sem que se pressuponha qualquer interação com a restante
turma. Este tipo de estrutura de ensino fomenta a completa independência em relação
aos colegas, desenvolvendo exclusivamente o interesse pessoal em detrimento do
interesse pelos outros. Em último lugar, existe a possibilidade de cada aprendente
trabalhar em conjunto com os seus colegas, de forma a atingir objetivos comuns e
fazendo com os interesses pessoais de cada um se encontrem interligados. O aluno
desenvolve, assim, a necessidade e o interesse em ajudar os colegas, pois tal vai
promover o seu próprio desenvolvimento e influenciar positivamente a sua avaliação.
Por conseguinte, este tipo de trabalho proporciona o progresso social dos indivíduos e o
alargamento das suas motivações.
La capacidad de todos los alumnos de aprender a trabajar cooperativamente con los
demás es la piedra clave para construir y mantener matrimonios, familias, carreras y
amistades estables. (…) La manera más lógica de enfatizar el uso del conocimiento y las
habilidades de los alumnos dentro de un marco cooperativo, tal como deberán hacer
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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cuando sean miembros adultos de la sociedad, es dedicar mucho tiempo al aprendizaje
de estas habilidades en relaciones cooperativas con los demás (Johnson y Johnson,
1997:62-63).
Dado que pretendo mostrar, através deste relatório, que a interação social é fundamental
para o correto e eficaz desenvolvimento dos aprendentes e para a sua aquisição de
conhecimentos, depreendo que o melhor método de ensino seja a cooperação, na medida
em que alarga os horizontes dos alunos e maximiza as suas possibilidades de adaptação
ao meio envolvente.
In the ideal classroom, all students would learn how to work cooperatively with others,
compete for fun and enjoyment, and work autonomously on their own. The teacher
decides which goal structure to implement within each lesson. The most important goal
structure, and the one that should be used the majority of the time in learning situations,
is cooperation (Johnson and Johnson: in An Overview in Cooperative Learning).
O trabalho cooperativo pode ser definido como sendo um processo interativo e de
construção coletiva de saberes e de conhecimentos, que permite a troca de ideias e de
opiniões a partir da interação entre alunos com um objetivo e uma tarefa em comum, e
que se encontra ligado a uma perspetiva sociocultural construtivista do ensino. A sua
dinâmica dá prioridade à inteligência social, ao papel que os sentimentos têm na vida de
cada indivíduo, à criatividade e à tolerância, dando aso a uma constante interpretação
dos ideais e valores das pessoas que o rodeiam. A essência educativa deste tipo de
aprendizagem assenta num conceito de socialização, em oposição ao individualismo e à
competição, em que o aluno se desenvolve a partir de situações de interação com os
seus colegas. Este tipo de aprendizagem tem vindo a ganhar terreno no ensino das
línguas estrangeiras, pois é uma forma muito eficaz de desenvolver todas as
competências e destrezas inerentes a esta área curricular.
Alguns autores apresentam perspetivas similares em relação ao conceito de trabalho
cooperativo. No caso de Johnson & Johnson (in An Overview in Cooperative Learning), estes
defendem que
Cooperation is working together to accomplish shared goals. Within cooperative
situations, individuals seek outcomes that are beneficial to themselves and beneficial to
all other group members.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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Johnson, Johnson & Holubec (1993), citado por Lopes & Silva (2009:3), referem-se à
aprendizagem cooperativa como um método de ensino que contempla o trabalho de
grupo de forma a permitir uma melhoria na aprendizagem de todos.
Fathman & Kessler (1993), citado por Lopes & Silva (2009:3), definem o trabalho
cooperativo como
o trabalho de grupo que se estrutura cuidadosamente para que todos os alunos interajam,
troquem informações e possam ser avaliados de forma individual pelo seu trabalho.
Lopes & Silva (2009:3) também mencionam o autor Balkcom (1992), que se refere à
aprendizagem cooperativa como
uma estratégia de ensino em que grupos pequenos, cada um com alunos de níveis
diferentes de capacidades, usam uma variedade de actividades de aprendizagem para
melhorar a compreensão de um assunto.
Já Elena Landone (2003, in “Aprendizaje cooperativo en la clase de E/LE”) valoriza a
experiência do trabalho coletivo no processo de ensino-aprendizagem, visto que
es necesario ser conscientes de que en grupo aprendemos de una manera diferente.
Concretamente, el AC suple principios y técnicas por la organización de las actividades
didácticas de pequeños grupos de estudio.
Da mesma forma, Iñaki et al. (1999:15) compreendem que, quer seja considerado uma
ferramenta metodológica, uma forma de facilitar a aprendizagem ou uma condição para
o desenvolvimento de capacidades, o trabalho cooperativo está diretamente relacionado
com
el desarrollo de capacidades de relación interpersonal, es decir con capacidades que
desarrollan competencias para relacionarse dentro de los grupos.
Shlomo Sharan (1999), citado por Lopes & Silva (2009:3), refere que o conceito
colaboração é utilizado em diferentes contextos e possui um significado próprio para
diferentes autores, identificando-o como ‘termo guarda-chuva’.
O trabalho colaborativo estrutura-se a partir da criação de pequenos grupos de trabalho
para que os alunos consigam maximizar o seu próprio processo de ensino-
aprendizagem. Mesmo sendo importante o trabalho individualizado que permita ao
aluno concretizar as suas tarefas de forma independente e no seu próprio ritmo, é
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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necessário promover a colaboração entre alunos. Ao longo da minha pesquisa, deparei-
me com estudos realizados à volta do tema que comprovam a eficácia do trabalho
cooperativo, na medida em que o aprendente retém mais informação, estabelecem
relações com os colegas com uma maior facilidade, adquirem competências sociais e
sentem-se mais autónomos.
O ensino que parte de uma perspetiva cooperativa define-se pela aproximação das
competências sociais dos alunos com os conteúdos educativos apresentados pelo
professor, levando a uma conceção global do processo de ensino-aprendizagem e
tornando, assim, o aluno num indivíduo mais ativo, determinado e consciente do seu
papel.
A forma como os alunos interagem em sala de aula não deve ser algo negligenciado
pelo professor, pois influencia todas as atividades nas quais o aluno se encontra
envolvido e todas as relações nas quais se insere. Atualmente, há uma maior
preocupação no que concerne à relação dos alunos com o professor ou na ligação que se
deve fazer entre eles e os materiais a apresentar em aula, do que propriamente na
relação entre alunos. Essa interação terá efeito sobre a forma como estes aprendem, o
que sentem em relação à comunidade escolar e à turma, e também sobre a sua
motivação e autoconfiança.
A aprendizagem e o trabalho cooperativos pressupõem uma perspetiva de ensino não
centrada completamente no professor, mas que coloca o aluno numa posição central e
ativa na sala de aula, quer no que diz respeito aos seus conhecimentos, quer em relação
ao sentido social que possui. Sendo um modelo de aprendizagem interativo, permite que
os alunos partilhem os seus conhecimentos e competências através de uma série de troca
de informação, de conhecimento e de opiniões, possibilitando o livre acesso a variadas
perspetivas e que o aluno se torne mais determinado nas suas ações e consciente do que
está à volta.
A comunicação e cooperação efetivas são deveras importantes para que um aluno atinja
o sucesso escolar. A aprendizagem baseada em atividades cooperativas permite uma
resolução mais rápida de situações e problemas colocados em sala de aula, em oposição
a uma perspetiva mais tradicional, como o trabalho individual. O professor, ao dar
espaço a uma abordagem coletiva do conhecimento, permitirá uma mudança dos papéis
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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protagonizados pelos alunos, o que levará de imediato a um aumento dos níveis de
interesse pelo programa da disciplina.
No entanto, a aprendizagem cooperativa é mais do que uma atividade que envolve a
simples criação de pequenos grupos de trabalho em aula. Esses grupos são formados
depois de os alunos receberem instruções do professor para levar a cabo determinada
tarefa. Em cada grupo, há uma partilha de informação antes da realização do trabalho. A
tarefa só poderá ser dada como terminada no momento em que todos os elementos
tenham compreendido o objetivo da atividade e participado na mesma, fazendo com que
todos trabalhem através de uma perspetiva que seja, ao mesmo tempo, colaborativa,
reflexiva e crítica.
Segundo Slavin (1995), citado por Lopes & Silva (2009:5), há quatro fundamentos
teóricos à volta da explicação dos resultados da aprendizagem cooperativa,
nomeadamente, as perspetivas de:
• Motivação – que remete para a ideia de que o alcance dos objetivos individuais
de cada aluno depende do êxito dos objetivos do grupo;
• Coesão social – que se refere ao sucesso da aprendizagem através da união do
grupo;
• Desenvolvimento cognitivo – que defende que a interação social entre alunos
aumenta o seu domínio em relação a conceitos fundamentais;
• Elaboração – que se fundamenta na ideia de que o aluno se encontra envolvido
num processo de reestruturação cognitiva.
2. Características da aprendizagem cooperativa
O trabalho cooperativo promove a dimensão social de uma língua estrangeira ou de uma
língua segunda, na medida em que a interação é uma condição intrínseca ao processo de
ensino-aprendizagem. Sendo uma perspetiva que fomenta um espaço aberto de diálogo
entre os alunos e, também, entre os alunos e o professor, e a transmissão livre de
conhecimentos, a aprendizagem cooperativa não se pode basear em conceitos como
passividade, competitividade e individualismo. Sendo também um processo de
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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adequação de mentalidades e valores, esta perspetiva baseia-se em elementos que
apoiam a socialização dos alunos.
Além de permitir o desenvolvimento das competências sociais e atitudinais no aluno, o
trabalho cooperativo baseia-se nalgumas características que definem a sua metodologia,
segundo Johnson & Johnson (1999:2), nomeadamente:
� Interdependência positiva – ao contrário da aprendizagem a partir da
competitividade ou do individualismo, a cooperação permite que o aluno
considere o sucesso do seu grupo como o seu próprio sucesso, pois todos os
elementos têm um objetivo em comum e devem ajudar a atingi-lo. Assim sendo,
esta característica baseia-se em dois elementos: (a) o empenho de cada membro
do grupo é fundamental para o sucesso conjunto; (b) a contribuição de cada
aluno é vista como sendo única. De acordo com os autores, há quatro formas de
estruturar a interdependência positiva num grupo de trabalho (Johnson &
Johnson, 1992:2):
� positive reward – celebrate interdependence;
� positive goal interdependence;
� positive resource interdependence;
� positive role interdependence.
� Interação – elemento que resulta diretamente da interdependência positiva, tem
como característica o estímulo entre colegas de trabalho, através de apoio efetivo
e partilha de recursos, materiais, informação e conhecimentos, para que se possa
melhorar o desempenho pessoal e atingir o resultado pretendido. os alunos
devem, antes de mais, entreajudar-se e felicitar-se pelos resultados obtidos.
� Responsabilidade pessoal/individual – o trabalho cooperativo não implica
somente a responsabilidade em termos de grupo. Os alunos são
responsabilizados a nível individual para que compreendam que a participação
de cada um dos elementos é essencial para que haja êxito na atividade proposta
pelo professor. Johnson & Johnson (1994:4) referem formas de controlar o
desempenho individual, nomeadamente:
� Keeping the size of the group small;
� Giving an individual test to each student;
� Randomly examine students orally by calling on one student to present his or
her group’s work to the teacher or to the entire class;
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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� Observing each group and recording the frequency with which each member
contributes to the group’s work;
� Assigning one student in each group the role of checker;
� Having students teach what they learned to someone else.
� Destrezas interpessoais e de grupo – o professor deve promover um espaço
partilha de conhecimentos e de desenvolvimento de competências interpessoais
e sociais, para que os alunos saibam tomar decisões, comunicar entre si e
responder a situações problemáticas e para que se sintam inseridos num clima de
confiança e estabilidade.
� Avaliação – elemento que Cassany (2004:18) menciona como controlo
metacognitivo do grupo, é também uma característica inequívoca da cooperação,
dado que analisar todos os passos do seu trabalho e também quais os pontos
fracos e fortes de cada elemento e do grupo em si.
Já Villardón e Yániz (2003) admitem outros elementos caracterizadores do trabalho
cooperativo para além da interdependência positiva e da responsabilidade individual.
Estes autores referem que a heterogeneidade e a participação pertencem também ao rol
de fatores que advém da cooperação na sala de aula.
� Heterogeneidade – é um fator comum nas turmas de hoje em dia, na medida em
que há cada vez mais diferenças em relação aos níveis de aprendizagem dos
alunos, o que obriga o professor a adotar muitas vezes uma pedagogia
diferenciada. No entanto, o trabalho colaborativo permite que o docente
desenvolva situações de entreajuda entre os alunos, possibilitando a criação de
grupos entre alunos mais fracos e alunos mais fortes em termos de
aprendizagem. Lira (2004:3) refere que Crandall (2000)
considera que para conseguir esta heterogeneidad es importante que sean los
propios profesores quienes formen los equipos «para aumentar al máximo la
contribución de cada alumno en el grupo y para proporcionar a cada individuo
oportunidades de aprender de los otros componentes del grupo»
� Participação igual – este ponto implica que todos os alunos tenham a mesma
oportunidade em participar na tarefa a desenvolver, para que todos possam
contribuir equitativamente.
Uma característica importante do trabalho cooperativo é a flexibilidade, pois as
atividades inerentes a esta perspetiva podem ser realizadas com alunos de diferentes
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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faixas etárias, com qualquer conteúdo programático e com alunos com diferentes níveis
de aprendizagem.
3. O papel do aluno
A aprendizagem cooperativa sugere, muitas vezes, que o aluno desempenhe diferentes
papéis para que seja possível atingir o sucesso pedagógico. Segundo Johnson, Johnson
& Holubec (1999), citado por Lopes & Silva (2009:23), há algumas vantagens na
atribuição de papéis:
• Redução da probabilidade de alguns alunos adotarem uma atitude passiva ou
dominante em grupo;
• Utilização de técnicas básicas de grupo;
• Interdependência entre membros do grupo.
De acordo com Gaudet et al. (1998), citado por Lopes & Silva (2009:24), os alunos
podem assumir os papéis de:
(a) Verificador – que se certifica de que todos os membros do grupo executam
corretamente a tarefa;
(b) Facilitador – que orienta a realização de uma tarefa de grupo;
(c) Harmonizador – que fica atento a situações de conflito entre colegas, propondo
soluções plausíveis;
(d) Intermediário – que faz a ligação entre o grupo e o professor;
(e) Guardião ou controlador do tempo – que se certifica de que a tarefa é realizada
de acordo com o tempo estipulado;
(f) Observador – que observa as atitudes dos colegas e a forma como a tarefa é
executada.
4. Tipologia da aprendizagem cooperativa
Seguindo o que Johnson, Johnson & Holubec (1999), apresentam, ao longo da sua larga
bibliografia sobre trabalho cooperativo, uma tipologia referente ao mesmo que permite
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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compreender de forma mais específica de que forma o professor pode inserir esta
metodologia na sala de aula.
Assim sendo, os autores (1999:4) admitem a presença de três tipos de grupos de
aprendizagem cooperativa, nomeadamente, os formais, os informais e os cooperativos
de base.
4.1. Grupos formais
A aprendizagem cooperativa segundo uma dinâmica formal gira em torno da formação
de grupos que se encontram pelo menos uma vez por período escolar, permitindo que os
alunos se sintam gradualmente confortáveis na utilização de diferentes técnicas de
cooperação em grupo. Esta técnica é devidamente estruturada e monitorizada pelo
professor, sendo que qualquer conteúdo programático pode ser aplicado ou adaptado à
mesma. Aqui, o professor tem tarefas muito específicas, segundo Johnson, Johnson &
Holubec (1999), citado por Lopes & Silva (2009:21), tais como:
(a) Especificar os objetivos da lição;
(b) Tomar uma série de decisões antes de dar a aula;
(c) Explicar a tarefa e a interdependência positiva aos alunos;
(d) Supervisionar a aprendizagem e intervir junto dos grupos para dar apoio à tarefa ou
para melhorar o desempenho interpessoal e grupal dos alunos;
(e) Avaliar a aprendizagem dos alunos e ajudá-los a determinar o nível de eficácia com
que funcionou o grupo.
4.2. Grupos informais
A aprendizagem cooperativa informal envolve o trabalho de um grupo de alunos que
pretende atingir determinado objetivo no espaço de minutos a uma aula completa. Pode
ser feito durante uma atividade que sirva para captar e centrar a atenção dos alunos,
assegurando também que estes processem cognitivamente o conteúdo apresentado.
O trabalho cooperativo informal divide-se em três momentos importantes, segundo
Johnson & Johnson (in An Overview in Cooperative Learning):
(a) discussão introdutória – a qual promove uma organização antecipada da
tarefa a realizar e a definição de expectativas face ao que é proposto;
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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(b) discussões intermitentes – as quais levam o aluno a fazer intervalos em cada
dez ou quinze minutos para trocar impressões relativamente ao que está a fazer
com um dos colegas de grupo;
(c) discussão final – os grupos têm cinco minutos para resumir o que fizeram,
avaliar a sua prestação e verificar de que forma a atividade ajudou no seu
processo de ensino-aprendizagem. Este tipo de trabalho cooperativo permite que
o aluno processe e consolide mais facilmente a informação apresentada e
discutida em aula.
Segundo Johnson, Johnson & Holubec (1999), citado por Lopes & Silva (2009:21), o
professor deve utilizar os grupos formais em atividades de ensino direto, de forma a:
(a) Concentrar a atenção dos alunos na matéria em questão;
(b) Promover um clima propício à aprendizagem;
(c) Criar expectativas acerca do conteúdo da aula;
(d) Se assegurar de que os alunos processam cognitivamente a matéria que se lhes está
a ensinar;
(e) Encerrar uma lição.
4.3. Grupos cooperativos de base
Por outro lado, os autores acima referidos apresentam a perspetiva de grupos
cooperativos de base, os quais se caracterizam pela sua natureza heterogénea, longa e
estável, trabalhando durante uma aula e até mesmo ao longo de todo o ano. Os grupos
são fixos, o que promove a estabilidade e a confiança entre os seus elementos de forma
a atingir o bom rendimento escolar. Por outro lado, a meu ver, tal pode fazer com que os
alunos se tornem impacientes, pouco tolerantes para com as ideias ou valores dos
colegas e necessitem de alguma mudança. O tipo de trabalho destes grupos de carácter
fixo pode englobar tarefas de apoio a nível académico ou pessoal, tarefas de rotina e de
avaliação. A responsabilidade dos elementos do grupo passa por:
(a) ensure all members are making good academic progress (i.e., positive goal
interdependence) (b) hold each other accountable for striving to learn (i.e., individual
accountability), and (c) provide each other with support, encouragement, and assistance
in completing assignments (i.e., promotive interaction) (Johnson & Johnson, in
“Aprendizaje cooperativo en la clase de E/LE”).
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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Ao formar esses grupos heterogéneos, o professor deve definir as datas e os horários em
que os elementos se vão encontrar, definir corretamente os objetivos e as etapas de
determinado grupo, assegurar que cada um segue os elementos intrínsecos ao trabalho
cooperativo, e proporcionar autoavaliações periódicas. Este tipo de trabalho possibilita e
intensifica o compromisso que existe entre os elementos de cada grupo.
5. Técnicas de ensino presentes na aprendizagem cooperativa
Existem diferentes técnicas utilizadas no trabalho cooperativo, que admitem desde
trabalho de pares até à formação de pequenos grupos (Serrano, 1996; Iñaki, 1999;
Maset, 2003, Crandall, 1999; Lopes & Silva, 2009). Essas técnicas dividem-se em de
acordo com métodos informais e formais.
5.1. Métodos informais
(a) Mesa Redonda
De acordo com Lopes & Silva (2009:85)
Este método cooperativo permite que os alunos aprendam e consolidem
conhecimentos através da partilha, realizem experiências de aprendizagem em
grupos de 3 ou 4 elementos e que requeiram várias respostas ou opiniões (…).
Um aluno escreve a sua ideia ou opinião na folha, respeitando o tempo
disponibilizado para isso e passa a folha e o lápis ao colega do lado. (…) No
final, cada grupo partilha o trabalho realizado com toda a turma.
5.2. Métodos formais
(b) Jigsaw ou Quebra-cabeças ou método dos puzzles – Aronson (1978)
Um dos primeiros estudos ligados a esta técnica surgiu com Aronson (1978),
que apresenta como objetivo criar uma certa dependência entre os elementos do
grupo. A ideia é fazer com que seja possível chegar ao resultado pretendido
somente depois de todos os elementos apresentarem a sua parte da tarefa, o que
faz com que cada aluno se torne imprescindível para a execução da atividade.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
22
Chegado o final da tarefa, todos os elementos devem ser avaliados e
questionados, não só pelo trabalho que realizaram individualmente, como
também pelo resultado final do grupo. Durante a concretização deste método, os
alunos terão de trocar de grupo de maneira a aceder a um maior número de
informação sobre o tópico que aborda individualmente. Assim, existe interação,
não só entre colegas do mesmo grupo, mas também entre os próprios grupos de
trabalho.
(c) Método dos torneios por equipas - TGT – Slavin (1978, 1995, 1996, 1999) e
DeVries & Slavin (1978)
Esta técnica baseia-se em competições ativas e dinâmicas entre grupos de
trabalho sobre os conteúdos que o professor lecionar em aula, apoiando-se em
três componentes importantes, nomeadamente, apresentação à turma pelo
professor; trabalho do grupo; e torneios.
(d) Divisão dos alunos por equipas para o sucesso - STAD (Student-Teams-
Achievement Divisions) – Slavin (1986, 1995, 1999) e Stevens, Slavin &
Farnish (1991)
O professor faculta um determinado tema que os alunos devem analisar em
grupo, sendo esta a fase de identificação. Em seguida, na fase de planificação,
cada grupo deve eleger os subtemas que deseja tratar e os objetivos que deseja
cumprir, assim como a forma como irá dividir o trabalho pelos elementos. Por
conseguinte, os alunos terão de analisar os dados e elaborar as conclusões – fase
de realização. Numa fase seguinte – de finalização – cada grupo deve elaborar
uma síntese do que fez e perceber de que forma cada indivíduo ajudou na
execução do trabalho. A fase de exposição do trabalho é a fase final desta
técnica.
Segundo os autores referidos acima, em Lopes & Silva (2009:101), o STAD
engloba cinco componentes importantes para o desenvolvimento de uma
aprendizagem cooperativa, nomeadamente: apresentações à turma pelo
professor; trabalho de grupo; questionários de avaliação individual; verificação
do progresso dos resultados individuais; e reconhecimento/recompensa da
equipa.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
23
(e) CO-OP – Kagan (1994)
Esta técnica possui semelhanças com a referida anteriormente. No entanto,
concede ao aluno/grupo uma maior liberdade na escolha do tema a apresentar e
na forma como quer orientar a organização e estrutura do seu trabalho. Neste
caso em específico, os alunos decidem quais os temas que pretende desenvolver
e qual será a divisão de grupos.
(f) Cooperação guiada ou estruturada
Neste tipo de abordagem, os alunos colocam-se em pares, tendo acesso a um
artigo de informação. Este deve ser dividido em dois, para que cada aluno leia a
sua parte e transmita o conteúdo ao colega sem ler novamente.
(g) Cabeças Numeradas Juntas (Kagan, 1995)
Esta técnica permite juntar, no mesmo grupo, parceiros de aprendizagem, o que
faz com que os alunos se sintam mais confortáveis em assumir riscos e
responsabilidades e tomar decisões e fomenta o respeito e a congratulação entre
pares.
(h) Pensar – formar pares – partilhar – Lyman (1981)
É um método que permite que os alunos tenham tempo suficiente para pensar na
resposta a uma questão colocada pelo professor, sem que haja interferência dos
colegas. Depois do professor indicar o tempo estipulado para encontrar a
resposta, este junta os alunos em pares para que possam discutir as conclusões a
que chegaram.
(i) Pares pensam em voz alta para resolver problemas – Lochhead & Whimbey
(1987)
Este método tem como objetivo a resolução de problemas em grupo através da
partilha de informações e conhecimentos, assim como da partilha de ideias e
opiniões.
(j) Investigando em grupo – Sharan & Sharan (1992, 1999)
Este método assenta na ideia de que o contexto intelectual e o contexto social
estão intrinsecamente ligados, na medida em que os autores acima referidos, e
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
24
mencionados em Lopes & Silva (2009:149), defendem que os valores de cada
aluno devem ser incorporados no seu processo de ensino-aprendizagem. Tal
método engloba seis etapas distintas, nomeadamente, identificação do tema e
organização dos alunos; planificação da atividade de aprendizagem; realização
da investigação; preparação do trabalho final; apresentação do trabalho; e
avaliação.
(k) Aprendendo juntos – Johnson, Johnson & Holubec (2000)
Este método implica o trabalho em grupo, enfatizando todos os cinco elementos
do trabalho cooperativo numa mesma atividade, nomeadamente, a
interdependência positiva, a responsabilidade individual e grupal, a interação, as
destrezas e a avaliação. Segundo Lopes & Silva (2009:165), este tem-se tornado
um dos métodos mais eficazes da aprendizagem cooperativa.
(l) Controvérsia criativa – Johnson & Johnson (1995)
Os autores decidiram desenvolver este método de aprendizagem como forma de
aproximar os alunos e o professor face à possibilidade de existência de pontos de
vista e opiniões diferentes. A ideia passa por aproveitar essa discrepância de
ideias entre alunos para de forma a criar momentos de interação e discussão
entre os elementos da turma, ou seja, proporcionar algo de positivo em torno de
uma situação problemática.
(m) Verificação em pares
Este método tem como objetivo que os alunos trabalhem alternadamente em
pares e em grupos para resolver problemas propostos em sala de aula pelo
professor. Uma das vantagens deste tipo de atividade é o grau de envolvimento
dos alunos nas tarefas, em que o apoio mútuo entre colegas e a constituição do
espírito de grupo leva à consolidação da aprendizagem.
(n) O ensino recíproco para a compreensão da leitura – Palincsar & Brown (1984,
1989)
Através deste método, o professor promove momentos de diálogo, discussão e
reflexão sobre textos dados nas aulas, de forma a desenvolver as competências
de compreensão de leitura sem necessariamente recorrer a um conjunto de
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
25
questões. Este método engloba cinco estratégias de aprendizagem (Lopes &
Silva, 2009:188), nomeadamente:
• Resumir o conteúdo de uma passagem do texto;
• Colocar uma pergunta sobre o assunto central do mesmo;
• Clarificar as partes difíceis da matéria;
• Visualizar (criar uma imagem mental);
• Predizer os assuntos que virão seguidamente tratados no texto.
6. O papel do professor
Nas atividades características do trabalho cooperativo, o professor não pode basear-se
numa perspetiva tradicional e estruturalista, na medida em que o seu papel deixa de ser
controlador para ser facilitador, observador e mediador. No entanto, este deve planificar
a aula com antecedência, de forma a antecipar qualquer problema de aprendizagem e
decidir qual a melhor dinâmica de aula. Para tal, deve cingir-se aos seguintes aspetos,
nomeadamente, os objetivos linguísticos e cooperativos, a definição clara de uma tarefa,
o tipo de grupo, as instruções cooperativas, a observação do desempenho dos alunos e a
consequente solução de conflitos e, por fim, a avaliação (individual e de grupo).
6.1. Professor como mediador
Todo o processo que envolve o trabalho cooperativo exige uma grande preparação e
empenho do professor, mesmo não sendo ele a figura central neste método. Este deve
ter em conta a pertinência da tarefa que vai apresentar e refletir sobre os objetivos a
atingir. De igual modo, deve organizar o material e os recursos a utilizar, assim como os
grupos e o papel que cada aluno vai desempenhar no processo. Tudo isto vai definir o
professor como mediador da dinâmica cooperativa da aprendizagem, porque, enquanto
favorece o desenvolvimento desta e organiza o contexto em que se insere a atividade a
realizar, vai mediando todo o cenário à sua volta e dinamizando a cooperação entre
alunos. Desta forma, as situações de conflito e as constantes dúvidas que os aprendentes
têm o hábito de colocar vão ser minimizadas através desta preparação e mediação.
6.2. Professor como observador
Em segundo lugar, o professor apresenta-se como observador, característica que se
encontra ligada à mediação, pois, após a preparação de tudo o que envolve a aula, o
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
26
professor poderá adotar uma postura mais passiva e poderá somente observar a
interação entre os alunos e o desenvolvimento gradual das suas destrezas. No entanto,
poderá interagir e intervir caso os aprendentes se encontrem face a uma situação de
conflito ou problema, mas sem se colocar numa posição de destaque perante os
mesmos. De forma a evitar os problemas e as dúvidas, sem existir uma imposição por
parte do professor, este pode recordar os objetivos da tarefa proposta para que os alunos
não percam o fio condutor da aula. A observação é uma importante ferramenta de
avaliação do desempenho individual e em grupo dos aprendentes.
6.3. Professor como facilitador
Uma aula segundo uma perspetiva cooperativa necessita de um professor facilitador da
autonomia da aprendizagem, que procure ceder gradualmente o controlo das atividades.
Para favorecer o desenvolvimento progressivo da autonomia, deve apresentar tarefas
abertas que permitam ao aluno decidir qual o caminho a tomar e de que forma pode
aproveitar as capacidades de todos os elementos do grupo. Este papel adotado pelo
professor permitirá o objetivo da educação, que é possibilitar que o aluno aprenda
sozinho e seja autónomo, mas sobre isto me debruçarei mais tarde.
Para além de todas estas atitudes que devem ser inerentes a um professor no momento
em que implementa o trabalho cooperativo, este deve definir determinadas tarefas a
levar a cabo na sua prática pedagógica e a implementar na sua metodologia, segundo
Johnson, Johnson & Smith (1991), citado por Lopes & Silva (2009:53), para que a
aprendizagem cooperativa seja possível.
(a) Especificar os objetivos de ensino (académicos e sociais);
(b) Determinar o tamanho do grupo e distribuir os alunos pelos grupos;
(c) Atribuir papéis aos elementos do grupo;
(d) Arranjo ou disposição da sala;
(e) Planificar materiais de ensino para promover a interdependência;
(f) Estabelecer os critérios de sucesso;
(g) Estruturar a interdependência positiva e a responsabilidade;
(h) Estabelecer os comportamentos desejados.
Iñaki et. al (1999: 39) apresentam um quadro-síntese referente ao papel do professor no
trabalho cooperativo.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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Quadro I – Síntese das funções do professor
Iñaki, B. S. et al. (1999). El aprendizaje cooperativo. Pamplona: Fondo de Publicaciones del Govierno de Navarra
7. Vantagens e desvantagens da cooperação
Johnson & Johnson (1999) acreditam que o trabalho cooperativo permite elevar o
rendimento dos alunos, estabelecer relações positivas entre eles e proporcionar
experiências que levem à obtenção de um bom desenvolvimento social, psicológico e
cognitivo. Desta forma, as vantagens deste tipo de aprendizagem podem ser definidas
como socioafetivas e cognitivas.
A redução dos níveis de ansiedade é outro fator que abona a favor da cooperação, pois é
um dos sentimentos que condiciona a atuação do aluno na sala de aula. Dado que o
aprendente de uma língua estrangeira está constantemente a ser avaliado pela oralidade,
isto pode levar à desmotivação do mesmo face a atividades que englobem esta destreza,
daí ser tão importante colocar o aluno em situações de interação, de forma a sentir-se no
mesmo patamar dos colegas e não numa posição de destaque. Isto leva diretamente a
um aumento da participação e do empenho nas atividades curriculares. Segundo Oxford
& Ehrman, 1993, citado por Lira (2004:4)
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
28
el aprendizaje cooperativo es uno de los pocos métodos existentes que reducen la
ansiedad en el aula de idiomas, ya que permite que los alumnos se relajen y trabajen en
un entorno tranquilo y nada amenazador que favorece el uso del idioma.
Uma das vantagens intrínsecas a este método é a interação entre aprendentes, pois
possibilita que estes percam a timidez e ganhem confiança para participar nas
atividades, levando, por isso, a uma atitude mais dinâmica e ativa. O facto de se
sentirem mais seguros é um reflexo do apoio que os colegas de grupo proporcionam
durante a execução do trabalho. Este ponto acaba por permitir que o aluno desenvolva
autonomia no seu próprio processo de ensino-aprendizagem. Dado que o trabalho
cooperativo integra o aperfeiçoamento das diferentes competências, o aluno acaba por
desenvolver uma certa confiança na realização das atividades e na sua postura perante
os colegas, levando a um aumento inequívoco da sua autoestima. Tal faz com que este
se empenhe mais e se predisponha a correr riscos para atingir o sucesso escolar. O
desenvolvimento das competências sociais acontece quando se aceita alguém para
cooperar nalguma atividade e para avaliar o seu trabalho. Essa evolução da parte social
liga-se a uma melhoria ao nível cognitivo, pois nos grupos de trabalho heterogéneos, os
melhores alunos tendem a ajudar aqueles que demonstram dificuldades na aquisição de
conhecimento, o que proporciona uma visão diferente do processo de ensino-
aprendizagem.
Todos estes fatores estão ligados à motivação que o aluno possa sentir através deste
fluxo de autoestima e confiança, promovendo um uso e um domínio mais amplos da
língua estrangeira. Para que a turma se encontre imbuída de uma motivação intrínseca –
cuja recompensa é a aprendizagem em si e não em algo exterior à aprendizagem –
Brown, 1994, citado por Lira (2004:6) faz algumas sugestões de trabalho:
(a) Ayudar a los alumnos a desarrollar la autonomía haciendo que aprendan a establecer
metas personales y a utilizar estrategias de aprendizaje;
(b) Más que abrumarles con recompensas, hay que animarles a que encuentren su propia
satisfacción en la tarea bien hecha;
(c) Facilitarles la participación a la hora de establecer algunos aspectos del programa y
darles las oportunidades para realizar un aprendizaje en cooperación;
(d) Implicarles en actividades basadas en el contenido que se relacionen con sus intereses y
que centren su atención en el significado y la intención más que en verbos y en
preposiciones;
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
29
(e) Y, por último, diseñar pruebas que permitan la aportación de los alumnos y que éstos
consideren válidas.
Aumentando a abertura e aproximação entre colegas, a motivação também evolui
positivamente, dada a satisfação que os alunos sentem e o consequente aumento de
produtividade dos mesmos. Esta satisfação não se encontra somente presente nos
trabalhos realizados em conjunto, mas também nos individuais, o que leva o aluno a
sentir-se cada vez mais autoeficiente. O trabalho cooperativo assegura também a
qualidade das ideias e das soluções apresentadas em grupo, através da aquisição de nova
informação e da partilha de diferentes opiniões.
Todas estas estratégias podem ser adotadas pela perspetiva cooperativa, de forma a
promover a dimensão social de uma língua estrangeira. O professor deve demonstrar um
lado multifacetado, pronto a agir de acordo com as situações que se vão apresentando
em aula e dar um seguimento lógico à mesma, nomeadamente, explicar a tarefa,
supervisionar o trabalho de grupo, avaliar o nível de aprendizagem e informar
devidamente os alunos da evolução da sua prestação.
Uma aprendizagem baseada na cooperação promove a construção de conhecimento
através da ativação do pensamento individual ou grupal e da promoção de valores como
a responsabilidade e a comunicação. Partindo deste ponto, permite o aparecimento de
uma linguagem comum entre elementos do grupo, dado que se estabelecem regras
dentro do mesmo. Tal diminui o afastamento dos alunos mais tímidos e o receio de ser
criticado, e pode propiciar a um melhor relacionamento entre pessoas de diferentes
culturas e opiniões. Para além disso, o trabalho cooperativo permite que o aluno ganhe
uma certa sensibilidade relativamente à postura e atitude dos colegas de grupo,
percecionando mais facilmente o sentimento de entreajuda característico deste tipo de
método.
Panitz (1996) e Palmer, Peters & Streetman (2003), citado por Lopes & Silva (2009:49),
apontam a existência de inúmeros benefícios sociais, psicológicos, académicos e de
avaliação na aprendizagem cooperativa.
O trabalho cooperativo, como qualquer outra perspetiva ligada ao ensino, tem as suas
limitações e desvantagens, quer do lado do professor, quer do lado dos alunos. Dado
que a teoria em torno desta aprendizagem é vasta, os professores podem sentir-se
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
30
confusos ou pouco confiantes relativamente à sua total compreensão. Jacobs & Hall
(2002:53) referem que, neste tipo de aprendizagem, os professores veem-se
confrontados com algumas tomadas de decisões, tais como
whether to stress intrinsic or extrinsic motivation (…) how much choice to give
students in such matters as how, about what, and with whom they will collaborate, and
how tightly to structure activities to help encourage effective cooperation.
Por outro lado, os alunos podem demonstrar resistência em relação ao trabalho de grupo
e ao ambiente de interação com os colegas, com receio de se sentirem diminuídos ou
excluídos pelos restantes elementos do grupo. Para além disso, se o aluno estiver
habituado a uma metodologia tradicional e estruturalista, centrada no professor, pode
não sentir-se confortável com um novo método de ensino.
Uma outra situação constrangedora reside na avaliação que os elementos do grupo
devem fazer dos colegas e de si mesmos. Isto porque tal avaliação pode não
corresponder à verdade devido a razões pessoais ou por mera competição entre alunos.
Neste caso, seria proveitoso prosseguir com uma avaliação confidencial.
8. Cooperação vs. Colaboração
Os dois termos acima assinalados são referidos inúmeras vezes por diversos autores
que referem que tanto a cooperação como a colaboração permitem que o processo de
ensino-aprendizagem seja visto como construção social do aprendente. No entanto, será
que os dois conceitos podem ser analisados sob a mesma perspetiva? Ou será que
adotam métodos de ensino diferentes?
Segundo alguns autores como Johnson & Johnson (2001) e Hiltz (1998), citado por
Kemczinski et al, (2007), os termos colaboração e cooperação correspondem ao mesmo
significado, não existido a necessidade de falar sobre os mesmos separadamente. Já
Barros (2001) e Simon (1999), (em Kemczinski et al, 2007), defendem que os dois
conceitos devem ser diferenciados, na medida em que colaboração é visto como um
trabalho em conjunto no qual cada elemento do grupo realiza a sua parte para que
depois todas as partes possam ser interligadas para atingir o objetivo final. Por outro
lado, defendem que a cooperação leva a um processo de interação contínua, no qual os
elementos desenvolvem as suas ideias de forma coletiva. Numa terceira perspetiva,
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
31
Brna (1998), (em Kemczinski et al, 2007), defende que os conceitos colaboração e
cooperação excluem-se mutuamente, não tendo qualquer característica em comum. Em
último lugar, há outros autores que consideram que há elementos similares entre um
conceito e outro, mas o seu significado é diferente.
Há diversas definições em torno da expressão ‘aprendizagem colaborativa’, o que
permite uma visão ampla do impacto que este conceito tem na educação. Em primeiro
lugar, Driscoll e Vergaras (1997:91) referem que o trabalho colaborativo
requiere que los alumnos, no sólo trabajen juntos en grupos, sino que cooperen en el
logro de una meta que no se puede alcanzar en forma individual.
Deve, desta forma, existir um esforço conjunto para alcançar a meta imposta pelo
professor e pelos próprios alunos.
Panitz (1998:1) afirma que todos os intervenientes no trabalho realizado ou a realizar
devem ser responsabilizados pelas suas ações, decisões e escolhas, mas a partir de uma
perspetiva de grupo e não a nível individual, referindo que:
Collaborative learning is a personal philosophy, not just a classroom technique. In all
situations where people come together in groups, it suggests a way of dealing with
people which respects and highlights individual group members' abilities and
contributions.
Em último lugar, Dillenbourg (1999:1) demonstra uma atitude mais informal e
despreocupada relativamente à procura de definição do conceito de aprendizagem
colaborativa, dado que refere que:
The broadest (but unsatisfactory) definition of ‘collaborative learning’ is that it is a
situation in which two or more people learn or attempt to learn something together.
Each element of this definition can be interpreted in different ways…
A colaboração também se pode definir como existindo numa situação em que os
intervenientes trabalham em conjunto e executam as mesmas ações de forma a alcançar
o mesmo objetivo, mesmo utilizando meios ou caminhos diferenciados. A ideia
principal reside na troca de ideias e na partilha de opiniões, para que exista uma
construção colaborativa de saberes. Este é um processo gradual que torna o aluno
responsável, não só pela sua própria aprendizagem, mas também pela dos aprendentes
que trabalham consigo.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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A meu ver, os processos inerentes à colaboração e à cooperação, mesmo não se
concretizando de igual forma, têm o mesmo objetivo – proporcionar ao aluno um ensino
baseada na interação social e na partilha de conhecimentos. A aprendizagem realizada
entre aprendentes, em oposição a um ensino individualista e competitivo, é fundamental
ao desenvolvimento de competências de cooperação, partilha e negociação, permitindo
uma maior responsabilização dos alunos nas tarefas propostas em aula, tornando-os
construtores do seu próprio saber, e respeitando os seus interesses e ritmos de
aprendizagem. É necessário levar a cabo, com maior frequência, aulas que permitam
uma maior interação entre a turma, a fim de auxiliar os nossos alunos, acreditando na
capacidade que estes poderão possuir na criação de condições para a resolução dos
seus problemas e para ultrapassar as suas dificuldades. Desta forma, os professores
irão permitir que os seus aprendentes assumam um papel ativo na construção de
significados. Esta perspetiva baseada na colaboração e interação em grupo coloca-nos
perante os ideais os defensores do construtivismo crítico que
sustentam a noção de que um dos papéis centrais do ensino envolve o
comprometimento dos alunos no processo de produção de conhecimento. (Kincheloe,
2006: 11).
Tanto o trabalho colaborativo como o cooperativo apoiam-se em três conceitos
importantes, nomeadamente, a competência, a cooperação e o individualismo, na
medida em que são todos necessários para que o aluno beneficie das vantagens deste
tipo de paradigma. Todos os trabalhos de grupo baseiam-se nas características
específicas de cada aprendente e naquilo que ele pode oferecer ao grupo de trabalho,
partindo, assim, para a partilha de conhecimentos que leva, consequentemente, à
cooperação entre alunos. Estes adquirem novas competências, tanto a nível social e
comunicativo, como a nível das atitudes, que se juntam às competências que os alunos
possuíam antes do trabalho colaborativo. Desta forma, este tipo de interação não ajuda o
processo de ensino-aprendizagem somente a nível de conhecimentos e informação a
adquirir, mas também ao nível das destrezas e valores que o aluno pode desenvolver e
alcançar, unindo a individualidade à diversidade. A colaboração entre alunos torna-se,
assim, uma mais-valia no contexto de aprendizagem.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
33
CCAAPPÍÍTTUULLOO IIII
AAuuttoonnoommiiaa nnaa aapprreennddiizzaaggeemm
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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1. Origem e definição de autonomia
Segundo Little (2005:1), o conceito de autonomia está presente na educação desde
finais da década de 70, altura em que Henri Holec publicou um livro sobre este tema. O
Conselho da Europa tornava-se, então, interessado nesta nova abordagem, na medida
em que consistia na descentralização do processo de ensino-aprendizagem e num maior
envolvimento do aluno.
Holec (1981), aqui citado por David Little (2005:1), definiu o conceito de autonomia do
aluno como uma característica que, não sendo inata no ser humano, deve ser
desenvolvida e estimulada ao longo da vida e do processo de ensino-aprendizagem,
tanto por condições internas como também por condições externas ao aluno. Para além
disso, o autor afirma que:
the “ability to take charge of one’s own learning”, noting that this ability “is not inborn
but must be acquired either by ‘natural’ means or (as most often happens) by formal
learning, i.e. in a systematic, deliberate way”, and pointing out that “To take charge of
one’s learning is to have […] the responsibility for all the decisions concerning all
aspects of this learning […]”
Freire (1996:41), relativamente à ideia de que a autonomia pode ou não ser uma
característica inata do ser humano, refere que:
Ninguém é autônomo primeiro para depois decidir. A autonomia vai se constituindo na
experiência de várias, inúmeras decisões, que vão sendo tomadas. (…) A autonomia,
enquanto amadurecimento do ser para si, é processo, é vir a ser. Não ocorre em data
marcada.
Este novo termo foi associado a outro, o individualismo, pois os dois destacam a
centralização do aluno na aprendizagem e vão ao encontro das necessidades individuais
de cada um. Assim sendo, o aluno deve aprender a determinar as suas dificuldades e
capacidades para depois ultrapassá-las e desenvolvê-las no seu próprio ritmo. No
entanto, Holec (1981) e Riley (1986), citados por Benson et al. (2001:12), defenderam
que estes dois termos não podem ser associados de forma tão explícita, dado que a
prática individualista não permite que o aluno tome decisões relevantes na sua
aprendizagem. Pelo contrário, o professor continua a determinar os objetivos do aluno
sem intervenção deste e a controlar o seu processo educativo.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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Seguido desta analogia, destacou-se uma outra entre os termos autonomia e
independência. Autores como Dickinson (1987), citado por Benson et al. (2001:13),
acreditavam que um aluno autónomo seria também independente, na medida em que
não necessita de um professor para aprender determinado conteúdo ou para orientar o
seu processo de ensino-aprendizagem, utilizando o exemplo de que alguns indivíduos
encontram-se perante situações em que têm de aprender uma língua estrangeira por eles
próprios, sem a ajuda de uma instituição ou da figura de um professor. No entanto, o
facto de alguns alunos conseguirem tal feito, não implica que desenvolvam a capacidade
de controlar e ‘tomar as rédeas’ da sua aprendizagem, facto muito importante para
Holec (1981). É lógico que, para que o aluno atinja esta capacidade, este necessite de
ser libertado do controlo de outrem, mas tal só pode ser verificado através da
cooperação e do trabalho com o professor e com os colegas de turma aquando a
presença de objetivos em comum. Por esta razão, alguns entendidos na área
mencionaram o conceito de interdependência como quase sinónimo de autonomia,
como é o caso de Kohonen (1992), aqui citado por Benson et al. (2001:14):
Personal decisions are necessarily made with respect to social and moral norms,
traditions and expectations. Autonomy thus includes the notion of interdependence, that
is being responsible for one’s own conduct in the social context: being able to cooperate
with others and solve conflicts in constructive ways.
Kohonen (1992) utilizou a prática do trabalho cooperativo para desenvolver a sua teoria
em torno de uma pedagogia para a autonomia, na medida em que a capacidade de
interação de determinado aluno irá ditar a sua aptidão para controlar o seu processo de
ensino-aprendizagem e para tomar decisões ao longo do mesmo.
Benson (1997), citado por Luz (2009:45), apresenta três conceções de autonomia
associadas ao positivismo, construtivismo e teoria crítica, sendo estas: a técnica, a
psicológica e a política. Tal pode ser explicado pelo facto de o autor acreditar que a
língua pode representar diferentes tipos de conhecimentos para o aluno. A conceção
técnica está ligada às estratégias de aprendizagem e ao desenvolvimento de destrezas
que são utilizados para que o aluno se torne mais independente na aprendizagem, fora
das instituições de ensino. Por outro lado, a conceção psicológica associa a interação
social ao grau de responsabilidade do aluno, na medida em que este vai construir o seu
próprio conhecimento e criar significados sobre a realidade envolvente. Por último, a
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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conceção política encontra-se ligada à perceção e consciencialização do aprendente face
ao contexto social e institucional no qual a aprendizagem se insere.
Raya, Lamb & Vieira (2007:2) afirmam que a autonomia, tanto do aluno, como do
professor podem ser definidas como:
competência para se desenvolver como participante autodeterminado, socialmente
responsável e criticamente consciente em (e para além de) ambientes educativos, por
referência a uma visão da educação como espaço de emancipação (inter)pessoal e
transformação social
Quadro II – Pressupostos por detrás da definição de autonomia
Raya, M. J., Lamb, T. & Vieira, F. (2007) Pedagogia para a autonomia na educação em línguas na Europa. Dublin: Authentik
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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Um aprendente autónomo é aquele que, não só demonstra independência face ao
professor, mas também que tem a capacidade de evoluir ao longo do seu processo de
ensino-aprendizagem e de reconhecer as suas dificuldades de forma a melhorá-las.
Depois de apresentadas algumas definições, é possível verificar que a autonomia do
aluno deve ser entendida como uma capacidade que este vai desenvolvendo de acordo
com as suas experiências sociais e educativas e através da interação com o mundo
envolvente. A partir do processo de socialização, o aluno encontrar-se-á em contacto
com diferentes valores e ideias, permitindo assim um melhor controlo da sua
aprendizagem e uma maior facilidade na tomada de decisões, o que fará com que se
sinta cada vez mais responsável ao longo do processo.
O Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas, aqui referido por Pineda
(2009:8), faz algumas referências ao ensino autónomo, sendo uma delas:
Los alumnos son, naturalmente, las personas finalmente implicadas en los procesos de
adquisición y aprendizaje de lengua. Son ellos los que tienen que desarrollar las
competencias y las estrategias (en la medida en que aún no lo hayan hecho) y realizar
las tareas, las actividades y los procesos necesarios de aprendizaje. La mayoría aprende
reaccionando, siguiendo las instrucciones y realizando las actividades prescritas para
ellos por los profesores y los manuales. Sin embargo, cuando la enseñanza termina, el
aprendizaje posterior tiene que ser autónomo. El aprendizaje autónomo se puede
fomentar si ‘aprender a aprender’ se considera un aspecto principal del aprendizaje de
idiomas, dirigido a que los alumnos se hagan cada vez más conscientes de la forma en
que aprenden, de las opciones de que disponen y de las que más les convienen. Incluso
dentro del sistema institucional dado se puede conseguir que, poco a poco, los alumnos
elijan los objetivos, materiales y métodos de trabajo en función de sus propias
necesidades, motivaciones, características y recursos.
1.1.Competências para a autonomia
Na medida em que há divergências entre autores sobre o que envolve uma pedagogia
para a autonomia, se depende somente da dimensão metacognitiva do aluno, ou da sua
dimensão social, ou se há algo externo ao mesmo que o faça ser autónomo, Raya, Lamb
& Vieira (2007:30) apresentaram três subcompetências da autonomia do aluno, sendo
estas:
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
38
(a) Competência de aprendizagem;
(b) Competência para a automotivação;
(c) Competência para pensar criticamente.
Estes três conceitos aparecem com o objetivo de demonstrar o carácter
multidimensional da autonomia, que leva a uma aprendizagem, neste caso de uma
língua estrangeira, mais significativa e acessível.
1.1.1. Competência de aprendizagem
A competência da aprendizagem refere-se à aplicação do conhecimento metacognitivo
para que o aluno seja capaz de definir os seus próprios objetivos de aprendizagem e
estratégias, de avaliar o seu desempenho e progresso e de fazer as alterações necessárias
à sua evolução. Desta forma, há um processo de autorregulação do aluno face à
aprendizagem que se divide entre o conhecimento cognitivo e as crenças que possui, as
estratégias que utiliza e a sua competência atitudinal. Todos estes fatores ajudam o
aluno a potenciar e a estruturar corretamente o seu processo de ensino-aprendizagem.
1.1.2. Competência para a automotivação
A competência para a automotivação prende-se com a vontade que o aluno demonstra
em aprender a ter êxito em contexto escolar, através de variados fatores, tais como, a
explicação que este dá relativamente ao seu comportamento, as crenças motivacionais, a
motivação intrínseca e a autorregulação motivacional. Como referido na obra destes
autores (2007:35),
Diversos autores estabelecem uma ligação directa entre a autonomia do aluno e a
motivação (Deci & Ryan, 1985; Lamb, 2005; Ushioda, 1996). Spratt et al. (2002)
sustentam que, quando a motivação e a autonomia são consideradas conjuntamente, a
autonomia tende a ser encarada como facilitadora da motivação, em lugar do inverso,
sendo que a motivação, por seu turno, é conducente à aprendizagem bem-sucedida da
língua.
1.1.3. Competência para pensar criticamente
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
39
Em terceiro lugar, a competência para pensar criticamente está ligada á análise e
avaliação que o aluno faz do seu desempenho e da atividade de grupo através da
observação, comunicação e reflexão.
Como pode ser constatado, não há uma abordagem única na pedagogia para a
autonomia, pois esta depende do contexto em que se insere e de influências de tipo
político, social e cultural. A pedagogia para a autonomia é relevante a nível educacional
e social, já que demonstra preferência por um tipo de trabalho que ofereça desafios, que
desenvolva a consciência crítica, que motive, que proporcione prazer e orgulho, que
evoque a cooperação entre indivíduos e que leve a um maior empenho, em oposição a
um ambiente de trabalho controlador que só leva a ansiedade, frustração e baixa
autoestima. Tudo isto promove a transformação e a emancipação do aluno, assim como
a sua preparação para a sociedade. Raya, Lamb & Vieira (2007:62) apresentam um
quadro elucidativo à pedagogia para a autonomia em línguas
Quadro III – Pedagogia para a autonomia na educação em línguas: o quadro de
referência
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
40
Raya, M. J., Lamb, T. & Vieira, F. (2007) Pedagogia para a autonomia na educação em línguas na Europa. Dublin: Authentik
A autonomia é vista como uma responsabilidade pessoal do aluno e uma forma eficaz
de aprender uma língua estrangeira. Reconhecendo o aluno como o eixo principal de
todo o processo de ensino-aprendizagem, a autonomia pretende atender às suas
necessidades e torná-lo consciente dos mecanismos desse processo.
2. Autonomia do aluno
Ao longo dos anos, tornou-se necessária uma mudança no sistema educativo, dado que
os alunos começaram a necessitar de um ensino que fosse mais centrado neles e não
tanto na figura do professor. Tornou-se fundamental desenvolver uma aprendizagem
mais autodirecionada, que permitisse ao aluno compreender melhor tudo o que envolve
a sua formação e levá-lo a aprender a aprender.
De forma a ser considerado um agente autónomo na aprendizagem, o aluno deve ser
capaz de determinar os seus objetivos, as estratégias a utilizar, a estrutura de
determinada atividade, assim como deve ser capaz de determinar as suas dificuldades e
de encontrar soluções apropriadas para as ultrapassar. No entanto, esta capacidade de
controlo que o aluno deve desenvolver, pode ser estimulada pelo professor a partir de
um ambiente favorável ao ensino e da apresentação de materiais motivantes. É preciso
ter em atenção que não se deve levar os aprendentes a adaptar-se a determinada situação
pedagógica, mas sim a integrar-se no processo de ensino, na medida em que este deve
ter o direito e a capacidade de tomar decisões por si só. A responsabilidade é uma
necessidade humana, não existe somente num contexto educativo. É essencial educar
pessoas ativas, autodeterminadas e produtores criativos do saber na sociedade atual e,
para tal, deve existir um envolvimento gradual do aluno no processo de ensino-
aprendizagem, de acordo com o nível de responsabilidade que está disposto e preparado
a assumir em cada etapa desse processo.
Littlewood (1996), em Raya, Lamb e Vieira (2007:26), afirma que um aluno autónomo
é aquele que:
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
41
tem uma capacidade independente de fazer e levar a cabo as escolhas que governam as
suas acções. Esta capacidade depende de duas componentes principais: capacidade e
disposição. A capacidade depende do conhecimento acerca das alternativas a partir das
quais as escolhas têm de ser feitas, assim como das competências necessárias para
concretizar as escolhas que pareçam ser as mais apropriadas. A disposição depende do
facto de se possuir motivação e confiança para assumir a responsabilidade pelas opções
requeridas.
Na perspetiva da pedagogia para a autonomia, o aluno é visto como o agente do seu
próprio processo de ensino-aprendizagem, cujo desenvolvimento acontece através da
associação de dinâmicas individuais e sociais. O aluno tem ao seu dispor recursos
disponibilizados pelo professor, mas deve criar estratégias para a sua própria
aprendizagem, quer seja ao nível da postura adotada e das técnicas utilizadas, quer seja
ao nível de ações que levem à reflexão, ao controlo e à avaliação do processo de ensino-
aprendizagem. As estratégias que tanto o professor como o aluno criam são importantes
elementos que contribuem para a experiência profissional de um e para a formação de
outro. No entanto, não é possível impor a autonomia aos alunos, pois há alguns mais
dependentes ou independentes do que outros, o que leva à necessidade de existir
diferentes níveis de responsabilidade.
O aluno autónomo, segundo Luz (2009:54) deve apresentar-se como pensador e
questionador do seu processo de ensino-aprendizagem, assim como construtor do seu
próprio conhecimento, de forma a conferir-lhe o controlo nas decisões a tomar e no
caminho a seguir para atingir o sucesso. Da mesma maneira, este deve tornar-se
responsável pelo processo em que se vê inserido, pelas decisões que toma, pelas
escolhas que apresenta, pela definição de objetivos, pela seleção de materiais e de
informação, pela procura de soluções e pela monitorização e avaliação da
aprendizagem. Todos estes fatores, que devem estar presentes na figura do aluno
autónomo, são possíveis devido à capacidade de autogestão e pela disposição que este
demonstra ao longo do processo. Esta característica está diretamente ligada ao sentido
crítico e a capacidade de reflexão que o aluno demonstra, pois vai influenciar a tomada
de decisões e a busca por soluções para os seus problemas e dificuldades, afetando
assim todos os aspetos da aprendizagem. Tudo isto vai fazer com que o aluno
desenvolva o seu sentido de responsabilização e controlo pela sua aprendizagem. No
entanto, o conceito de interdependência aparece não é exterior ao de aluno autónomo,
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
42
na medida em que este encontra-se sob influência do contexto em que se insere, da
partilha de ideias com os colegas de turma e com o professor, e do ambiente educativo
que este decide criar. Aliado a tudo o que foi acima referido, encontra-se o conceito de
autorregulação da aprendizagem, que permite que o aluno seja mais ativo e dinâmico e
potencialize a sua capacidade para aprender, a partir da forma como se organiza a aula,
como se definem objetivos e critérios de avaliação e como se criam estratégias de
aprendizagem.
Segundo Oxford (1989), citado por Paiva (1998:73), existem dois tipos de estratégias
inerentes à aprendizagem a partir da autonomia:
(a) Diretas ………de memorização
………Cognitivas
………Compensatórias
(b) Indiretas…….Metacognitivas
…….Afetivas
…….Sociais
Estas estratégias englobam todas as competências ligadas ao processo de ensino-
aprendizagem, desde análise de informação e superação de limitações até à organização
e avaliação de atividades e cooperação com os colegas.
Breen & Mann (1997), em Luz (2009:53), afirmam que um aluno autónomo pode ser
descrito a partir de oito características diferenciadas, nomeadamente, (a) a sua postura
em relação a tudo o que o rodeia; (b) a vontade de aprender; (c) a consciência que tem
de si mesmo e das suas capacidades; (d) a capacidade que possui para refletir sobre a
sua aprendizagem e para tomar decisões importantes; (e) a capacidade de avaliar a sua
evolução e fazer as mudanças corretas; (f) a independência no processo de ensino-
aprendizagem; (g) a escolha de estratégias para melhorar o seu desempenho; e (h) a
capacidade de negociar e trabalhar de forma cooperativa.
Segundo Raya, Lamb e Vieira (2007:27), há alguns pressupostos que estão ligados ao
conceito de autonomia do aluno, nomeadamente, o facto de esta (a) ser encarada como
competência; (b) não ser considerada um conceito absoluto; (c) implicar
autodeterminação; (d) implicar responsabilidade social; (e) implicar consciência crítica;
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
43
(f) implicar um papel próativo e interativo; e (g) ser possível e desejável em ambientes
educativos.
3. Papel do professor
A educação tem de ser vista como uma oportunidade para todos, dentro de “uma visão
emancipatória do ensino e do papel do professor na sociedade” (Raya, Lamb & Vieira,
2007:6).
De forma a compreender melhor a autonomia do aluno, é importante perceber até que
ponto o professor cria as situações apropriadas para que tal seja possível. Este deve
ajudar o aluno a compreender qual o caminho a tomar para atingir novos conhecimentos
e uma melhor perceção do que deve ser o seu processo de ensino-aprendizagem. Para
tal, é necessário que tenha um papel facilitador ao criar um ambiente propício à
consciencialização, responsabilização e participação ativa e ao utilizar estratégias
adequadas a esta abordagem. Se o aluno estiver sempre em contacto com este tipo de
método, em que o professor somente prepara o contexto de ensino e cria estratégias
diversificadas, então o aluno vai ser capaz de continuar a sua aprendizagem mesmo
depois de concluir o estudo formal de uma língua estrangeira. Numan (2000),
mencionado por Moraes & Gardel (2006:7), apresenta quatro estratégias que
proporcionam um ensino baseado na autonomia:
(1) Integrar o conteúdo da linguagem ao processo de aprendizado (deixando claros
os objetivos, promovendo oportunidades para reflexão, autoavaliação, dando
escolha, etc.)
(2) Incentivar aulas reflexivas.
(3) Redigir contratos de aprendizagem.
(4) Montar diários com o aluno.
O professor deve criar um ambiente propício para a aquisição e para a utilização de uma
variedade de estratégias de aprendizagem, no qual seja possível que o aluno desenvolva
competências de autorregulação e autogestão do processo de ensino-aprendizagem. O
primeiro passo para que tudo isto seja fazível é consciencializar os alunos de que devem
participar nas atividades, partilhar as suas ideias e valores e saber avaliar o seu
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
44
desempenho. Desta forma, o professor irá ser capaz de emancipar todos os elementos da
turma através de uma tomada de decisões consciente e conhecedora e da
responsabilização pelas suas ações e atitudes.
Uma língua estrangeira não é só um meio de comunicação e uma ferramenta de
aprendizagem. É também um meio de reflexão de valores, ideais e culturas, ou seja, a
aula de língua estrangeira envolve uma dimensão metacognitiva e linguística, mas
também social e interativa. O metacognitivo e o social possuem uma ligação muito forte
no desenvolvimento da autonomia no aluno, conferindo-lhe uma consciencialização aos
dois níveis.
Little (2005:2) apresenta três princípios lógicos inerentes ao conceito de autonomia,
nomeadamente:
(a) Learner involvement: o professor proporciona situações em que o aluno
tenha de partilhar responsabilidades;
(b) Learner reflection: ao longo do processo de ensino-aprendizagem, nos
momentos em que o aluno tem de planificar, monitorizar e avaliar as suas
atividades, o professor deve ajudá-lo a desenvolver o seu sentido crítico;
(c) Appropriate target language use: a língua-alvo é, assim, o principal meio de
aprendizagem, envolvendo a dimensão comunicativa, metacognitiva,
linguística e social.
O autor refere que o professor deve envolver regular e ativamente os seus alunos, de
forma a proporcionar um ambiente de discussão e de partilha entre todos. Para além
disso, deve ajudá-los a definir os seus objetivos de aprendizagem, quer individuais, quer
de grupo, e as atividades que gostariam de desenvolver em contexto de sala de aula, e
deve incentivá-los a manter todos os seus projetos, ideias e conteúdos registados. É
dever do professor oferecer um leque variado de possibilidades de aprendizagem para
que, a partir daí, o aluno possa assumir a responsabilidade. Depois de tudo isto, o aluno
deve também ser capaz de avaliar o seu progresso, quer a nível individual, quer a nível
da turma.
O professor que defende uma pedagogia para a autonomia apresenta algumas
características semelhantes de um professor que utiliza o trabalho cooperativo na sala de
aula. Deve ser observador e facilitador, mas ao mesmo tempo deve ser capaz de
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
45
organizar as tarefas de aprendizagem, colaborar com os alunos e avaliar o seu
desempenho. Para além disso, deve encorajá-los a melhorar e a procurar novos desafios
e saber negociar conteúdos e metodologias.
A importância da autonomia está a ser gradualmente reconhecida nas instituições
educativas contemporâneas, dado que essa nova pedagogia favorece uma aprendizagem
significativa e livre de preconceitos.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
46
CCAAPPÍÍTTUULLOO IIIIII
AAuuttoonnoommiiaa ee aapprreennddiizzaaggeemm ccooooppeerraattiivvaa
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
47
1. A autonomia e a cooperação
Ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção. (Freire)
Sendo a língua sinónimo de comunicação, então aprender uma língua é aprender a
comunicar. Os conceitos de autonomia e comunicação estão associados através de uma
relação na qual há um cruzamento entre as decisões pessoais do aluno e as decisões dos
outros colegas, apoiando-se nas diferenças entre os membros da comunidade e nas suas
características.
É necessário que o professor identifique a realidade que rodeia o aluno. Para tal, é
importante o diálogo constante entre os dois, de forma a levar o discente a tomar
decisões, interagir e sentir-se confiante no processo de ensino-aprendizagem. Se o
professor tiver a intenção de proporcionar uma pedagogia para a autonomia e fazer com
que o aluno fique favorecido com a mesma, torna-se fundamental dar-lhe a
oportunidade de se apropriar de estratégias e técnicas que o ajudem a reconstruir o
conhecimento e a ativar o seu papel no ensino. O trabalho cooperativo proporciona o
desenvolvimento de uma competência muito importante – a interação – e permite o
aparecimento de diversas qualidades no aluno.
No trabalho cooperativo, estabelece-se uma nova rotina, na qual cada elemento do
grupo partilha as suas expectativas e motivações de forma consciente ou inconsciente.
Nesse momento, coloca outras destrezas em jogo como a comunicação, a flexibilidade e
a negociação, características próprias de uma pedagogia para a autonomia. É possível
tornar o aprendente mais consciente das suas capacidades e competências numa língua
estrangeira, através da criação de estratégias e atividades que permitam que este possua
diferentes papéis na sala de aula. Este processo pode levar a um trabalho mais
cooperativo com o professor e com os colegas de turma.
Ao promover um ambiente de autonomia, o professor ativa o espírito crítico e reflexivo
do aluno, permite que experiencie situações de liberdade para corrigir as suas próprias
tarefas, fomenta a interação com a turma de maneira a que seja possível proporcionar
um trabalho cooperativo, e avalia o seu papel ao longo das aulas. O professor deve
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
48
impulsionar este tipo de pedagogia, já que é uma maneira de responsabilizar o aluno
pelas suas atitudes na aula e de criar uma prática reflexiva.
As técnicas do trabalho cooperativo promovem uma motivação significativa e colabora
com o desenvolvimento de estratégias de aprendizagem em alunos de qualquer contexto
educativo. Segundo Madinabeitia (2002:113),
Los motivos de este aumento en la motivación y el rendimiento del alumnado pueden
encontrase en las estrategias de colaboración y la distribución de roles y tareas que son
característicos del Aprendizaje Cooperativo, lo cual facilita a los alumnos la
oportunidad de socializar y de establecer relaciones constructivas en un contexto real.
Na medida em que a escola é um espaço de dinamismo complexo e de tensões e
desafios constantes, na qual existem intervenientes com expectativas e interesses
diversificados, é necessário definir novas estratégias de modo a que o aluno supere as
suas dificuldades e aproveite ao máximo o seu processo de ensino-aprendizagem. Sendo
a autonomia um procedimento da educação social, que leva os alunos a colocar de parte
uma atitude egocêntrica e a aprender a aceitar e a partilhar as ideias e os valores dos
colegas, é lógico que permite uma ligação próxima às características do trabalho
cooperativo. A criatividade individual leva à motivação; esta, por sua vez, leva à
participação ativa e depois à cooperação. Todas estas características possibilitam a
passagem da responsabilidade individual à responsabilidade coletiva, e todos estes
fatores encontram-se também presentes na pedagogia para a autonomia.
O trabalho cooperativo é uma boa estratégia para desenvolver a autonomia no aluno, na
medida em que vai ajudar a criar as situações adequadas para que o aluno se sinta
confiante e comece a pensar e a atuar por si mesmo depois da partilha de ideias com os
elementos do grupo e da turma. A construção cooperativa de saberes irá levar a um
espaço reflexivo, crítico, comunicativo e autónomo, permitindo enriquecer a “interação
entre a experiência, a tomada de consciência, a discussão e o desenvolvimento em novas
situações” (Perrenoud, 2002:109). A relação cooperativa passa pela triangulação de
dados e de opiniões entre os intervenientes de forma a adequar as estratégias e materiais
relevantes para o contexto em que a turma se insere.
Já que o trabalho cooperativo incentiva o desenvolvimento do pensamento, isto vai
influenciar a evolução da autonomia no aluno e aumentar a motivação no mesmo. Dado
que o desenvolvimento da autonomia passa também por fatores externos ao aluno e pelo
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
49
contexto educativo em que se encontra inserido, é necessário criar oportunidades de
cooperação na sala de aula, de forma a melhorar a proximidade e abertura entre alunos,
a aumentar a aceitação entre eles e as suas capacidades sociais e a diminuir os
sentimentos de alienação e receio pelo desconhecido. Ora todos estes fatores irão
aumentar a satisfação do aluno pelo seu próprio trabalho e ajudá-lo a tornar-se
autónomo.
É importante educar para a autonomia, para que os alunos encontrem o seu próprio
ritmo de aprendizagem, da mesma forma que é fundamental educar pensando no
trabalho cooperativo, para que os mesmos aprendam a partilhar ideias e a aceitar os
diferentes pontos de vista dos seus colegas.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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CCAAPPÍÍTTUULLOO IIVV
PPrrááttiiccaa ppeeddaaggóóggiiccaa
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
51
1. A escola
1.1. Caracterização do espaço
A instituição na qual realizei o estágio foi a Escola Secundária Eça de Queirós (ESEQ),
situada na Póvoa do Varzim, que remonta a sua origem a 1904. É uma escola conhecida
na área pelo seu cariz inovador, pelas suas práticas educativas dinâmicas e pela
preocupação em manter o processo de ensino-aprendizagem constantemente atualizado,
tendo-lhe sido atribuído o carácter de escola autónoma há cinco anos pelo Ministério da
Educação. Para além de apresentar uma ótima localização, pois está numa posição
central na cidade, possui boas infraestruturas, o que permite que os alunos tenham ao
seu dispor atividades e recursos diversificados, de forma a terem acesso a um ensino de
qualidade. Não é só o espaço que beneficia os alunos, mas também o grupo estável de
professores, que se empenham ao máximo para proporcionar uma aprendizagem efetiva
às suas turmas, envolvendo-se também nas variadas atividades e projetos que a escola
acolhe.
Desta forma, a ESEQ apresenta as condições físicas, instrumentais e pedagógicas
necessárias para que os alunos tenham uma aprendizagem adequada e eficaz e uma
equipa de professores ativa e interessada em melhorar o contexto educativo. Todos os
seus educadores têm a preocupação constante de melhorar o desempenho dos alunos e
alertá-los para a responsabilidade cívica, envolvendo regularmente os encarregados de
educação.
No que diz respeito ao núcleo de estágio no qual me encontrei inserida, a escola
recebeu-nos muito bem e colocou todos os seus recursos disponíveis para que fosse
possível realizar um bom trabalho. O ambiente, quer na sala de convívio dos
professores, quer nos corredores da escola, foi visivelmente positivo, motivando tanto
os educadores como os educandos para as aulas.
1.2. Os alunos
De uma maneira geral, os alunos desta escola têm um bom desempenho ao nível da
língua espanhola, quer da parte do terceiro ciclo, quer da parte do ensino secundário. As
três turmas, com as quais trabalhei, mostraram ser dinâmicas, mas nem sempre
empenhadas no seu processo de ensino-aprendizagem. Apresentam características
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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diferentes em termos de atitude, comportamento e desempenho. Irei, de seguida,
apresentá-las.
A turma mais jovem, de 8º ano, constituída por 13 alunos, demonstrava ser dinâmica e
trabalhadora, o que permitiu levar a cabo um conjunto de atividades que implicassem o
desenvolvimento de estratégia de cooperação e ajuda entre alunos. Para além disso, o
nível de espanhol e a idade dos alunos permitiu a produção de materiais diversificados e
a utilização de estratégias variadas. Por estes motivos, tornou-se muito interessante e
motivador lecionar a estes alunos, na medida em que se mostraram participativos,
interessados e ativos em todas as atividades da unidade didática apresentada. No
entanto, esta turma apresentava uma participação desorganizada em contexto de sala de
aula, talvez devido ao facto de os alunos se sentirem largamente motivados na
realização das atividades e de apreciarem a língua espanhola.
A turma de 11º ano, constituída por 20 alunos, caracterizava-se pelo constante
desinteresse e falta de empenho nas atividades propostas em aula e fora dela. Para além
disso, dado que a turma era constituída por dois grupos com áreas diferentes – Artes
Visuais e Línguas e Humanidades –, os alunos não tinham uma boa relação pessoal,
dificultando por vezes as tarefas delineadas para as aulas. A ideia de implementar o
trabalho cooperativo aliado à pedagogia para a autonomia apareceu depois de assistir a
algumas aulas deste grupo e verificar a ausência de responsabilidade e de motivação da
maior parte dos alunos.
A turma de 12º ano, constituída por 16 alunos, caracterizava-se pela participação
positiva nas atividades, mas não de forma tão ativa como o 8º ano. A maioria dos alunos
mostrava-se interessada nas atividades propostas em aula, possibilitando a utilização de
diferentes recursos e a realização de tarefas com estratégias e objetivos diferenciados.
No entanto, esta turma apresentava um cariz heterogéneo, distinguindo-se claramente os
níveis de conhecimento e as competências dos alunos, tornando o trabalho cooperativo
um instrumento necessário e eficaz à aprendizagem.
2. Prática Pedagógica
Dado o carácter do estágio pedagógico, a implementação do meu estudo realizou-se
aquando da lecionação das unidades didáticas a cada uma das turmas inseridas no
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
53
projeto, dividindo-se em duas fases distintas, uma primeira de avaliação de atitudes e
expectativas, e a segunda virada para a ação pedagógica propriamente dita. De forma a
compreender o que os alunos esperavam de uma aula de língua estrangeira, do papel e
atitude do professor na sala de aula, ou mesmo a ideia que eles possuíam das suas
capacidades e competências em contexto escolar, decidi elaborar, numa primeira fase,
um questionário que englobasse essas três questões. Em seguida, num segundo
momento, desenvolvi atividades que promovessem a prática do trabalho cooperativo
e/ou da pedagogia para a autonomia nos alunos.
2.1. Primeira fase – diagnóstico
Antes de apresentar as atividades cooperativas aos alunos, elaborei um questionário de
reflexão que incidia sobre as suas experiências no processo de ensino-aprendizagem.
Segue em anexo o referido questionário e os resultados obtidos (anexos I e II).
A primeira questão, distribuída por seis alíneas, relaciona-se com a atitude que o aluno
demonstra ou tem a sensação de demonstrar ao longo do seu processo de ensino-
aprendizagem, tendo em conta a iniciativa, confiança, responsabilidade, abertura face à
cooperação e dinamismo demonstrados. Os resultados foram positivos e, de alguma
forma, surpreendentes tendo em conta que poucos alunos apresentaram uma resposta
negativa na totalidade dos resultados da primeira questão, que correspondia à iniciativa
demonstrada nas atividades e tarefas de aprendizagem de uma língua estrangeira. A
maioria dos alunos admite ter uma postura ativa e flexível face à sua aprendizagem e
alguns responderam que não se mostravam totalmente predispostos a assumir essa
atitude, embora fosse visível, nas aulas de língua estrangeira, que metade da turma não
apresentava iniciativa a responder às questões colocadas pela professora e a realizar as
atividades propostas, nem tão pouco corriam riscos para melhorar o seu nível de
conhecimento. Somente alguns alunos – sendo que sempre os mesmos – adotaram uma
postura dinâmica, interessada e responsável. É possível concluir que os alunos não são
conscientes das decisões que tomam e da atitude que adotam na sala de aula, ou então
tiveram o mesmo desinteresse na resposta ao questionário que foi demonstrado por eles
ao longo do ano e nas minhas aulas. É de salientar que só alguns alunos realmente
apresentavam estas características, havendo na turma alunos interessados, motivados e
com vontade de aprender.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
54
A segunda questão, distribuída também por diferentes alíneas, tinha como objetivo fazer
com que os alunos refletissem sobre as suas capacidades, ações e tomadas de decisões
em contexto de sala de aula, desde a pertinência das questões colocadas e avaliação do
seu desempenho, até à utilização de diferentes estratégias de aprendizagem e capacidade
de pensar crítica e conscientemente. Os alunos tinham três opções de resposta, entre
‘sim’, ‘mais ou menos’ e ‘não’, e nenhum deles escolheu a última. É possível verificar
que todos os alunos inquiridos sentem que são ativos e participativos no processo de
ensino-aprendizagem e que se veem como alunos conscientes e responsáveis. No
entanto, nem todos demonstraram isso, concluindo assim que apresentam uma ideia
errada da atitude que têm em aula. A maior parte dos alunos apresenta-se confiante das
suas capacidades individuais e satisfeito com a sua postura.
A terceira questão estava relacionada com a preferência dos alunos relativamente à
forma de interação na sala de aula. A maior parte mostrou predileção pelo trabalho de
grupo e pela interação entre professor e alunos, enquanto o trabalho individual foi o
menos escolhido. Isto é um indicador de que os alunos se sentem mais confortáveis em
situações em que não sejam o centro das atenções e que a participação seja partilhada
com outros elementos da turma. Tal facto foi importante e um incentivo para levar a
cabo a minha experiência pedagógica, na medida em que pensei que fosse um prenúncio
de que os alunos iriam sentir-se confortáveis nas atividades propostas.
A quarta e última questão referia-se ao papel que o professor deveria demonstrar em
sala de aula e à importância que teria para os alunos. A maioria mostrou preferência
pelo professor enquanto formador/instrutor, orientador e mediador/moderador, enquanto
os papéis menos escolhidos foram o de facilitador e controlador. Penso que tal
demonstra que os alunos estão à espera que o professor tenha o papel central no
processo de ensino-aprendizagem, servindo de transmissor de conhecimento.
2.2. Segunda fase – implementação de atividades cooperativas
A metodologia prevista nesta experiência educativa orientou-se para a melhoria das
práticas segundo uma mudança nas estratégias de aprendizagem, o que permitiu a
participação de todos e o desenvolvimento dos objetivos e conteúdos numa espiral de
ciclos – planificação, observação e reflexão. Segundo esta pedagogia, o
desenvolvimento da capacidade de observação e de análise crítica do professor é
importante para que haja um progresso significativo na autonomia do aluno. Este
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
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responderá aos estímulos e atitudes do professor e irá transparecê-los no seu
comportamento e na realização de tarefas em sala de aula.
É essencial eleger adequadamente os recursos e materiais didáticos ao estruturar uma
planificação, já que constituem instrumentos fundamentais para o desenvolvimento e
enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem de uma aula. A planificação das
aulas de uma língua estrangeira deve ter em conta atividades e tarefas que permitam aos
alunos ampliar as diferentes competências e destrezas previstas no processo. Logo, os
elementos da planificação de uma aula devem estar relacionados de maneira coerente
para que esta tenha um significado lógico e pertinente e para que o professor consiga
atingir os objetivos definidos previamente.
2.2.1. Atividade 1
Na turma de 8º ano, foi meu intuito implementar atividades que proporcionassem a
interação entre os alunos e a tomada de consciência da importância do trabalho
cooperativo. Uma das atividades foi estruturada de acordo com uma adaptação ao
método informal da Mesa Redonda, indicado por Lopes & Silva (2009:85). Esta
atividade foi dinamizada na aula de 6 de dezembro, no contexto da unidade didática Me
gustan estos vaqueros.
MÉTODO: Mesa Redonda TEMPO: 20 minutos
Conteúdo programático: Peças de roupa.
Competências cooperativas:
• Participar cada um na sua vez;
• Respeitar as ideias dos outros;
• Contribuir para o êxito dos colegas;
• Estabelecer consensos;
• Justificar a sua opinião;
• Exprimir opiniões concordantes;
• Reformular ideias apresentadas pelos outros.
Competências cognitivas:
• Ampliar o vocabulário dos alunos;
• Desenvolver a competência escrita e a oral;
• Refletir sobre as estruturas da língua;
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
56
• Refletir sobre o processo de ensino-aprendizagem.
Interdependência positiva:
Ligada às tarefas.
Objetivos da atividade:
• Combinar a produção escrita e a interação oral;
• Imaginar e elaborar diálogos a partir de imagens dadas pela professora;
Formação de grupos:
Pequenos grupos de 3 e de 4 elementos.
Procedimentos:
Depois da divisão da turma em pequenos grupos, da distribuição de material de escrita
por cada um deles e da indicação do tempo de trabalho, os alunos foram instruídos da
tarefa a desenvolver. A ideia baseava-se na possibilidade de que, depois de verem as
imagens relacionadas com situações de compra e venda em diferentes locais de
comércio, cada aluno – no seu grupo – escrevesse uma ideia no papel e passasse ao
colega para que este continuasse ou apresentasse outra ideia, respeitando o tempo
estipulado para cada um. O objetivo prendia-se com a elaboração de textos a partir de
imagens, em que os alunos tinham de imaginar as conversas que as personagens das
mesmas estavam a ter, utilizando as estruturas aprendidas na aula. Depois de dadas as
ideias iniciais, os elementos tinham de as juntar de forma a criar um diálogo, para
depois representá-los mediante a turma, como se fosse um role-play.
Avaliação e reflexão:
Esta atividade permitiu a combinação da produção escrita e da interação oral entre os
alunos, procurando que estes valorizassem os seus trabalhos mediante a partilha de
informação na aula e a troca de opiniões.
Pude observar que os alunos trabalharam muito bem em grupo, não só nesta atividade,
mas também nas demais que lhes foram apresentadas. A turma sempre se mostrou
muito dinâmica e unida, o que proporcionou bons momentos de cooperação e
interação, e bons resultados a nível da aprendizagem. Estes sempre demostraram
também muito respeito pelo trabalho dos colegas e revelaram ter consciência das suas
dificuldades, o que é importante numa turma tão jovem.
O único aspeto negativo neste tipo de atividade, com a turma em questão, devia-se ao
facto de os alunos apresentarem uma participação desordenada, dado que todos
desejavam participar, mas não respeitavam os colegas na altura de falar.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
57
Relativamente à constituição dos grupos, foi uma opção inicial permitir que os alunos
escolhessem os próprios grupos. Tal poderia ter sido prejudicial para a realização da
atividade, dada a natureza entusiástica dos alunos, mas acabou por resultar de forma
positiva, na medida em que a turma é muito unida e todos têm a consciência das
capacidades e dificuldades de cada um.
Nesta atividade, estiveram presentes dois elementos essenciais ao trabalho cooperativo,
nomeadamente, a responsabilidade individual e de grupo e a interação estimuladora,
fortalecendo não só o indivíduo em si, mas também o grupo.
2.2.2. Atividade 2
A atividade seguinte foi dinamizada na turma do 11º ano, no dia de 17 de dezembro, no
contexto da unidade didática Gente com ideas.
MÉTODO: Mesa Redonda TEMPO: 20 minutos
Conteúdo programático: Publicidade.
Competências cooperativas:
• Participar cada um na sua vez;
• Respeitar as ideias dos outros;
• Contribuir para o êxito dos colegas;
• Estabelecer consensos;
• Justificar a sua opinião;
• Exprimir opiniões concordantes;
• Reformular ideias apresentadas pelos outros.
Competências cognitivas:
• Ampliar o vocabulário dos alunos;
• Desenvolver as destrezas, mobilizando anteriores conhecimentos;
• Desenvolver a competência escrita e a oral;
• Refletir sobre as estruturas da língua;
• Refletir sobre o processo de ensino-aprendizagem.
Interdependência positiva:
Ligada aos fins, aos papéis e às tarefas.
Objetivos da atividade:
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
58
• Combinar a produção escrita e a interação oral;
• Elaborar campanhas publicitárias.
Formação de grupos:
Pequenos grupos de 3 elementos.
Procedimentos:
Depois da divisão da turma em pequenos grupos, da distribuição de material de escrita
por cada um deles e da indicação do tempo de trabalho, os alunos foram instruídos da
tarefa a desenvolver.
Apresentei imagens referentes a diferentes anúncios publicitários, para que os alunos
pudessem, em grupos, elaborar o texto argumentativo e inventar um slogan apropriado,
tudo de acordo com a dinâmica do método Mesa Redonda. Tal tarefa permitiu não só
que os alunos desenvolvessem a sua capacidade de interagir linguisticamente, mas
também a nível cultural, nesta situação de comunicação. Depois de realizada a
atividade, cada grupo teve de apresentar a sua campanha publicitária aos outros grupos,
sendo submetidos a uma pequena observação informal por parte dos mesmos.
Avaliação e reflexão:
No que diz respeito à observação da atitude e do desempenho dos alunos, pude
verificar que estes mostraram algum interesse na realização das tarefas e motivação por
terem papéis diferenciados no mesmo trabalho, talvez por terem demonstrado essa
preferência no questionário inicial. No entanto, mostraram-se reticentes em trabalhar
com os elementos da outra turma, dado o carácter da relação que demonstravam ter.
Esta verificação foi possível através da observação direta das atitudes, competências e
desempenho dos diversos grupos.
Sempre que havia alguma questão a resolver ou alguma dúvida sobre como prosseguir
a tarefa, os alunos tentavam resolver o problema através do diálogo e da cooperação.
No entanto, percebi que um ou outro elemento tentava colocar-se numa posição de
superioridade face aos colegas, em vez de trabalhar de forma cooperativa. De uma
forma geral, nesta turma do 11º ano, este tipo de atividade não teve o mesmo impacto
das outras turmas, talvez pela atitude passiva e pouco interessada de determinados
alunos, que chegavam a influenciar negativamente os restantes.
Relativamente à constituição dos grupos, foi também uma opção inicial permitir que os
alunos escolhessem os próprios grupos. Neste tipo de grupo-turma, poderia ter sido
melhor e mais produtivo fazer isto de outra forma, na medida em que os alunos se
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
59
juntaram por amizade e não por consciência das competências, atributos e dificuldades
dos colegas.
No entanto, verifiquei que o último momento da atividade, que coincidiu com o final
da aula, foi o mais apreciado pelos alunos. Talvez porque os alunos não estão
habituados a situações de heteroavaliação e viram-se num papel novo e motivante, em
que as suas opiniões, mesmo referentes ao trabalho de outros elementos da turma, foi
considerada relevante e parte integrante do processo de ensino-aprendizagem.
Nesta atividade, estiveram presentes dois elementos essenciais ao trabalho cooperativo,
nomeadamente, a responsabilidade individual e de grupo e a interação estimuladora,
fortalecendo não só o indivíduo em si, mas também o grupo.
2.2.3. Atividade 3
Na turma do 12º ano, implementei uma atividade que complementava a cooperação com
a pedagogia para a autonomia. Esta centrava-se na promoção da autonomia dos alunos
através de estratégias específicas, que envolviam o trabalho cooperativo de acordo com
o método Aprendendo Juntos, de Johnson, Johnson & Holubec (1992, 1999), citado por
Lopes & Silva (2009:165). Esta dinâmica apoia-se em cinco etapas, nomeadamente:
• Escolha de uma aula adequada ao trabalho de grupo e que se baseie em objetivos
pertinentes;
• Tomada de decisões relativamente ao tamanho de grupos, aos alunos escolhidos
para cada um, à disposição da sala, ao material e à distribuição de papéis;
• Distribuição e explicação da tarefa, tentando estabelecer uma interdependência
positiva, a responsabilidade e os critérios de sucesso, e explicando os
comportamentos desejados;
• Observação do desenrolar da atividade;
• Avaliação de resultados, tendo em conta o trabalho e o funcionamento do grupo.
A aula foi dinamizada no dia 4 de maio, inserida na unidade didática Las apariencias
engañan.
MÉTODO: Aprendendo juntos TEMPO: 30 minutos
Conteúdo programático: A roupa.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
60
Competências cooperativas:
• Participar cada um na sua vez;
• Respeitar as ideias dos outros;
• Contribuir para o êxito dos colegas;
• Estabelecer consensos;
• Justificar a sua opinião;
• Exprimir opiniões concordantes;
• Reformular ideias apresentadas pelos outros.
Competências cognitivas:
• Desenvolver as diversas destrezas, mobilizando conhecimentos anteriormente
adquiridos;
• Desenvolver a competência de escrita e da oralidade.
Interdependência positiva:
Ligada aos fins e aos papéis.
Objetivos da atividade:
• Combinar a produção escrita e a interação oral;
• Produzir textos escritos.
Formação de grupos:
Pequenos grupos de 3 elementos.
Procedimentos:
A tarefa consistia na apresentação de alguns títulos de notícias relacionados com o
tema da unidade didática, para que os alunos imaginassem o seu conteúdo e
produzissem os respetivos textos informativos. De seguida, dividi a turma em grupos
de três elementos e atribui um título a cada grupo. Para que fosse possível criar um
ambiente mais cooperativo, autónomo e responsável, cada aluno desempenhou uma
função específica: todos tinham de dar ideias para a tarefa, dois deles teriam de
desenvolver o texto e o terceiro teria de rever o conteúdo e corrigir os erros. Desta
forma, todos os alunos participaram na tarefa, independentemente de ter mais
dificuldades na língua espanhola ou não, pois a atividade possibilitava a entreajuda.
Tendo o seu papel especificado em cada grupo, houve uma maior probabilidade de os
alunos se sentirem essenciais para o desenrolar das atividades, ativando também a sua
autoestima e a responsabilidade. Num momento final, de avaliação, cada grupo
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
61
apresentou o seu trabalho à turma, permitindo que existisse não só uma autoavaliação,
mas também uma reflexão entre alunos.
Avaliação e reflexão:
Penso que este momento foi bem-sucedido, na medida que os alunos, na sua
generalidade, foram capazes de identificar os principais problemas de cada
apresentação, mas também as questões mais problemáticas e mais positivas do
funcionamento de cada grupo, incrementando assim o sentido de responsabilidade de
cada um dos indivíduos.
Lopes & Silva (2009:165) indicam que este método é um dos que tem apresentado
melhores resultados na aprendizagem dos alunos pela interação e pela construção
coletiva do conhecimento que são possibilitadas no processo, já que pressupõe uma
organização mais equilibrada da aula e permite que o trabalho individual e o coletivo se
complementem, fazendo com que o professor adote o papel de facilitador e não de
controlador. Tal foi verificado através da observação direta do desempenho e das
competências dos alunos, na medida em que estes sentiram que, depois de uma
conversa informal com os mesmos, existiu realmente uma construção gradual do
conhecimento e uma maior sensibilidade entre os colegas para as diferenças de
aprendizagem de cada um.
Para além disso, foi meu intuito criar uma situação de entreajuda e de responsabilidade
entre os alunos, para que estes pudessem valorizar o trabalho cooperativo e autónomo e
se sentissem encorajados a ajudar e a partilhar informação e conhecimento. Este
método vai de encontro aos cinco elementos do trabalho cooperativo, de acordo com
Johnson & Johnson (1999:2), nomeadamente, a interdependência positiva, a interação,
as destrezas individuais e de grupo, a responsabilidade individual e de grupo e a
avaliação.
Ao observar o trabalho dos alunos, pude verificar uma diferença de empenho entre
grupos. Alguns demonstraram capacidade e interesse em trabalhar de forma
cooperativa, produzindo os textos segundo os critérios estipulados na instrução. No
entanto, alguns grupos – os mais heterogéneos – mostraram uma discrepância no
empenho dos diferentes elementos, tornando visível aqueles que trabalhavam realmente
e os que se aproveitavam dos resultados dos colegas. Para evitar esta situação, adotei o
papel de mediadora, chamando a atenção desses alunos e tentando demonstrar que essa
era a opção errada para ter acesso a um ensino eficaz.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
62
Este tipo de atividade está relacionado com o conceito de pedagogia para a autonomia,
na medida que permite ativar o espírito crítico e reflexivo do aluno, experimentar
situações de liberdade para corrigir as suas próprias tarefas, fomentar a interação com a
turma para que seja possível proporcionar um trabalho cooperativo e, em conclusão,
avaliar o seu desempenho ao longo das aulas. O professor deve impulsionar este tipo de
pedagogia, já que é uma maneira de responsabilizar o aluno pelas suas atitudes e criar
uma prática reflexiva.
2.2.4. Atividade 4
Este tipo de atividade foi realizado nas três turmas.
MÉTODO:
Ensino Recíproco para a compreensão da leitura
TEMPO: indeterminado
(dependendo da turma e da extensão
do texto)
Competências cooperativas:
• Participar cada um na sua vez;
• Respeitar as ideias dos outros;
• Contribuir para o êxito dos colegas;
• Estabelecer consensos;
• Justificar a sua opinião;
• Exprimir opiniões concordantes;
• Reformular ideias apresentadas pelos outros.
Competências cognitivas:
• Desenvolver a competência da leitura.
Interdependência positiva:
Ligada aos fins.
Procedimentos:
Este método foi originalmente desenvolvido por Palincsar & Brown (1997), em Lopes
& Silva (2009:187). Na maior parte das atividades que envolviam a competência da
leitura, nas aulas de língua estrangeira, tive como objetivo implementar estratégias
diversificadas e que permitissem ao aluno compreender melhor o que liam e ter a
oportunidade de refletir e discutir em grupo os assuntos abordados em cada texto, ao
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
63
contrário de simplesmente colocar algumas questões de interpretação para que
respondessem individualmente. Esta atividade caracterizou-se pela reflexão que o
aluno fazia de cada texto lido, através do diálogo sobre o tema abordado entre a
professora e os restantes colegas, da interação que se desenrolava a partir da
intervenção de cada um. As estratégias de compreensão e interpretação da leitura
passavam, segundo Palincsar & Brown (1984), em Lopes & Silva (2009:188):
• Pelo resumo de determinadas passagens do texto lido;
• Pela colocação de perguntas;
• Pela clarificação de ideias;
• Pela criação de uma imagem mental;
• Pela antevisão dos assuntos tratados no texto.
Avaliação e reflexão:
Ao implementar este método nos momentos de leitura, pude verificar que os alunos
reagiram muito bem a esta dinâmica, envolvendo-se gradualmente no diálogo em
conjunto. No decorrer das aulas, os alunos foram-se sentindo cada vez mais confiantes
em utilizar esta estratégia e acabavam por fazê-lo de forma natural, pois tinham
consciência que tal os ajudava a desenvolver mais facilmente as competências de
compreensão da leitura. No entanto, verifiquei que os alunos não progrediam de forma
igual, na medida em que aqueles que demonstravam uma maior facilidade em
compreender os textos numa fase inicial, melhoraram essa destreza mais facilmente do
que aqueles que revelaram dificuldade e relutância no início. No entanto, foi possível
aferir uma evolução na maior parte dos alunos.
Este tipo de atividade também permite desenvolver a autonomia no aluno, na medida
em que aumenta a sua capacidade de interpretação dos textos e o seu sentido crítico,
sem ter de depender de outrem. Pude verificar que alguns alunos mostraram uma certa
evolução no que diz respeito à facilidade em desconstruir conceitos e ideias.
Os alunos devem fazer parte da experiência pedagógica e não ser somente agentes
passivos do processo de ensino-aprendizagem. É fundamental que sintam que os seus
problemas e dificuldades sejam alvo de reflexões e discussão por parte dos professores e
das escolas. É necessário desenvolver uma postura reflexiva, de subjetividade e de
autorregulação dos alunos, assim como moldar as planificações e os programas às
necessidades dos mesmos. De outro modo, estes não vão lucrar com os objetivos
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
64
propostos. É também importante que o professor demonstre vontade em mudar as suas
práticas pedagógicas de acordo com a realidade com que se encontra todos os anos.
2.3. Terceira fase – avaliação do desempenho dos grupos
Depois de implementar a estratégia do trabalho cooperativo, sabia que as anotações que
possuía, referentes ao desempenho dos alunos, não eram suficientes para compreender o
que estes realmente sentiam face à implementação deste tipo de aprendizagem na sala
de aula. Então, percebi que seria importante que a turma respondesse a um questionário
de autoavaliação do trabalho de grupo (anexo III) para que os próprios alunos pudessem
avaliar o seu desempenho, tanto a nível pessoal como ao nível do grupo no qual se
encontravam inseridos. No entanto, esta estratégia não foi implementada somente para
que os alunos avaliassem a sua prestação na tarefa, mas também para que refletissem
sobre a forma como todos os elementos do grupo desenvolveram a atividade proposta
pela professora e de que maneira este tipo de trabalho foi benéfico para o seu processo
de ensino-aprendizagem. Ou seja, o questionário centrou-se na reflexão sobre o
desenvolvimento das competências sociais e não nas competências linguísticas.
O questionário foi implementado na última aula de cada unidade didática, a 10 alunos
de cada uma das três turmas, para que estes pudessem refletir sobre a generalidade dos
trabalhos realizados em pares e em grupo. Os resultados (anexo IV) demonstraram que a
maioria dos alunos sente que houve interação, cooperação e partilha de informação nas
dinâmicas de grupo. No entanto, alguns entenderam que houve uma certa disparidade na
forma como determinados colegas desempenharam o seu papel e na abertura que deram
a este tipo de metodologia.
De uma forma geral, houve uma certa equidade nas respostas, na medida em que a
opção ‘às vezes’ foi a mais escolhida na maioria das questões. No entanto, no que diz
respeito aos critérios referentes à atenção que os elementos dos grupos deram aos
colegas e ao consenso na tomada de decisões, houve um maior número de discentes a
responder que as duas situações aconteceram sempre, enquanto apenas dois referiram
que tal nunca aconteceu. As questões referentes ao encorajamento dado entre elementos
dos grupos, ao apoio existente entre eles, à discussão de ideias e opiniões, à atenção
dada a essas mesmas ideias e à postura educada com que os colegas possivelmente
demonstram o seu desacordo foram aquelas que obtiveram respostas negativas –
‘nunca’ – por parte de alguns alunos.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
65
Em conclusão, foi possível verificar que os alunos, de um modo geral, entendem que
este tipo de atividade, que promove a cooperação e autonomia, foi benéfico para o seu
processo de ensino-aprendizagem, tornando-os mais conscientes das dificuldades de
cada um e da importância que exista na partilha de informações e de conhecimento em
sala de aula.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
66
Conclusão
A escola atual representa um lugar multicultural e diversificado, onde as diferenças
culturais, educativas, linguísticas e sociais estão cada vez mais presentes na vida dos
alunos, tendo influência sobre as atitudes dos mesmos. O professor deve valorizar estas
diferenças e utilizá-las para adaptar as estratégias de aprendizagem e implementar
atividades inovadoras e motivadoras na aula de língua estrangeira.
Na minha prática educativa, procurei conceber atividades que se adaptassem aos
contextos e níveis de aprendizagem dos alunos, tentando dar resposta às necessidades
diferenciadas dos mesmos e chamá-los à responsabilidade enquanto centro do processo
educativo. Considero que este procedimento foi benéfico tanto para o aluno como para o
professor, na medida que proporcionou a reflexão sobre a qualidade educativa e sobre a
pertinência dos métodos e das estratégias utilizadas. Nas atividades que implementei em
aula, foi possível envolver o aluno ao máximo e torná-lo um indivíduo ativo,
responsável e consciente do seu processo de ensino-aprendizagem.
O trabalho cooperativo ajudou a sensibilizar os alunos para as diferenças a nível da
aprendizagem, levando a um maior entendimento de valores, opiniões e ideais alheios e
a uma maior tolerância e respeito. Foi possível verificar então que esta metodologia não
envolve somente pressupostos pedagógicos e educativos, mas também pode ser visto
como parte de um processo social que aproxima os alunos. Por outro lado, a pedagogia
para a autonomia complementa a cooperação, pois permite que a essa tolerância e
compreensão, seja adicionada o sentido de responsabilidade e a consciencialização de
todos os fatores que envolvem o processo de ensino-aprendizagem. Assim, foi visível a
valorização de todas as competências inerentes a esse processo a partir de atividades
colaborativas realizadas entre alunos e da introdução de estratégias para implementar
uma pedagogia para a autonomia.
A diversidade de metodologias é importante para que o professor compreenda todas as
vertentes de ensino e todos os recursos que tem ao seu dispor. No entanto, esta vertente
cooperativa e autónoma conferem ao aluno a responsabilidade necessária para
prosseguir com a sua aprendizagem, a consciência de todas as estratégias que estão por
detrás desse processo, a tolerância para aceitar outros pontos de vista, a vontade em
melhorar e em partilhar o conhecimento com os seus colegas.
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
67
AANNEEXXOOSS
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
68
ANEXO I
GRELHA DE AUTOAVALIAÇÃO DE ATITUDES
Proponho que reflitas na tua experiência enquanto aluno, no que diz respeito às atitudes e
valores sustentados no teu processo de ensino-aprendizagem, e respondas ao questionário
seguinte.
A. Sentes que demonstras…
Sim Mais ou
menos
Não
a) … uma atitude ativa em relação à aprendizagem?
b) … iniciativa em termos de atividades e tarefas de aprendizagem da língua e do uso da mesma?
c) … predisposição para assumir responsabilidades?
d) … predisposição para correr riscos?
e) … abertura à cooperação e colaboração?
f) … confiança na capacidade de aprender?
B. Sentes que és capaz de…
Sim Mais ou menos
Não
a) … colocar questões pertinentes?
b) … avaliar afirmações e argumentos?
c) … admitir falta de compreensão ou de informação?
d) … examinar crenças, pressupostos e opiniões e confrontá-los com factos?
e) … entender o pensamento crítico como um processo de (auto)avaliação ao longo da vida?
f) … procurar provas para sustentar crenças e opiniões?
g) … ajustar opiniões quando novos factos são encontrados?
h) … ter consciência dos problemas de aprendizagem?
i) … encontrar estratégias de aprendizagem positivas?
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
69
C. De um a quatro, indica qual o modo de interação que mais te agrada em sala de aula,
sendo que a um corresponde o nível mais negativo e a quatro o nível mais positivo.
Professor - Alunos Trabalho de pares
Trabalho individual Trabalho de grupo
D. De um a dez, indica qual o papel que professor deve demonstrar em sala de aula,
sendo que a um corresponde o nível mais importante e a dez o nível menos
importante.
Mediador/moderador (Co) participante
Informador Formador/instrutor
Orientador Controlador
Observador Avaliador
Renovador Facilitador
Obrigada pela colaboração!
Laura Inês Monteiro
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estran
70
Questão A
Questão B
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
A B
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
A B C
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estran
ANEXO II
C D E F
C D E F G H I
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
Não
M/M
Sim
Não
M/M
Sim
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estran
71
Questão C
Questão D
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Professor -Alunos
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estran
Trabalho individual
Trabalho de pares
Trabalho de grupo
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
4
3
2
1
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
72
ANEXO III
QUESTIONÁRIO DE REFLEXÃO SOBRE O TRABALHO DE GRUPO
No trabalho de grupo:
1. Gerimos o nosso tempo de maneira eficaz e ajudámo-nos uns aos outros para nos concentrarmos na tarefa que tínhamos que realizar.
SEMPRE ÀS VEZES RARAMENTE NUNCA
2. Encorajámo-nos mutuamente. SEMPRE ÀS VEZES RARAMENTE NUNCA
3. Todos contribuímos com ideias e opiniões.
SEMPRE ÀS VEZES RARAMENTE NUNCA
4. Partilhámos as responsabilidades. SEMPRE ÀS VEZES RARAMENTE NUNCA
5. Nós ajudámo-nos mutuamente para estarmos concentrados no trabalho.
SEMPRE ÀS VEZES RARAMENTE NUNCA
6. Escutamos as opiniões e as ideias dos outros elementos do grupo. SEMPRE ÀS VEZES RARAMENTE NUNCA
7. Discutimos os nossos pontos de vista e os nossos sentimentos.
SEMPRE ÀS VEZES RARAMENTE NUNCA
8. Expressamos os nossos desacordos de forma educada. SEMPRE ÀS VEZES RARAMENTE NUNCA
9. Conseguimos chegar a um consenso.
SEMPRE ÀS VEZES RARAMENTE NUNCA
(adaptado de Lopes, J. & Silva, H. S. (2009). A aprendizagem cooperativa na sala de aula: um guia
prático para o professor. Lisboa: Lidel)
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estran
73
Questão 1
Questão 2
Questão 3
Gerir o tempo
Encorajar
Contribuir
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estran
ANEXO IV
Gerir o tempo
Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
Encorajar
Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
Contribuir
Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estran
74
Questão 4
Questão 5
Questão 6
Partilhar
Ajudar
Escutar
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estran
Partilhar
Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
Ajudar
Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
Escutar
Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estran
75
Questão 7
Questão 8
Questão 9
Discutir
Expressar
Existir consenso
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estran
Discutir
Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
Expressar
Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
Existir consenso
Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
76
RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS
BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS
A importância do trabalho cooperativo para um ensino autónomo na aula de Espanhol língua estrangeira
77
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