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  • 7/24/2019 A Frana e a Proibio Do Vu

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    A Frana e a proibio do vu

    O Senado francs providenciou para que imediatamente antes do DiaInternacional da Mulher fosse aprovada uma lei que probe as jovens deusarem vus islmicos nas escolas. Muito poucas mulheres mu!ulmanas em

    "ran!a cobrem as suas caras.# $mbora um %rande n&mero de francesesradicais e pro%ressistas se oponham a esta lei' outros ficaram desorientadospelo confronto entre duas for!as reaccion(rias' o $stado francs e osfundamentalistas islmicos. Isso levou al%umas feministas e jovenspro%ressistas franceses a apoiar o %overno em ve) de tentar achar formas deunidade contra o sistema com os jovens de ori%em (rabe dos %uetos' que s*oe+tremamente anti,sistema.- "ran!a n*o diferente de qualquer outro pas imperialista avan!ado nosentido que' apesar da i%ualdade le%al' as mulheres s*o de se%unda classe em

    qualquer estatstica que reflicta as suas reais condi!/es empre%o'rendimentos' cuidados infantis' viola!*o e outros abusos fsicos' etc.# eespecialmente em termos da sua reali)a!*o como seres humanos. -lm disso' uma sociedade onde os trabalhadores imi%rantes e especialmente os (rabesest*o no fundo de uma pirmide social muito cruel e altamente estruturada. -"ran!a tem de lon%e a percenta%em mais elevada de imi%rantes da $uropa' com0'1 por cento da popula!*o do pas identificada como mu!ulmana. - maioria vemda -r%lia' Marrocos' 2unsia e outras e+,col3nias francesas de ln%ua (rabedo 4orte de 5frica. Outros vm das anti%as col3nias de "ran!a na 5frica

    ne%ra e da 2urquia.# $ n*o ficam menos sujeitos a discrimina!*o ap3s duas outrs %era!/es.6uando o $stado francs que diri%iu toda esta tram3ia declarou ir votar essalei para prote%er as adolescentes de ori%em (rabe da possvel press*o socialdos seus pais e irm*os' a maioria dos mu!ulmanos residentes em "ran!a viu issocomo uma deliberada bofetada racista na sua face. Os estridentes %ritosoficiais de que a 7ep&blica est( em peri%o porque al%umas jovens levamlen!os na cabe!a para a escola , e o facto que essa lei atin%e essas jovens queser*o e+pulsas e em termos pr(ticos proibidas de ter uma educa!*o , revelaque isto uma crise fabricada e uma manobra poltica reaccion(ria. -pareceem conjunto com recentes leis que d*o poderes crescentes 8 polcia erestrin%em os direitos dos presos e com vis processos judiciais contra %ruposrap que ousaram escarnecer da polcia e do %overno.O se%uinte arti%o li%eiramente abreviado# do 9a%hi%hat' uma publica!*o do:artido ;omunista do Ir*o Mar+ista,

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    - lei proposta pelo :residente francs >acques ;hirac para proibir o uso emescolas p&blicas de vus islmicos na cabe!a lan!ou um violento debate na$uropa' especialmente entre as mulheres. ;omo resultado do debate polticoem redor deste assunto' posi!/es diferentes' opostas e por ve)es confusas

    foram levantadas tanto pelos que eram a favor como pelos que eram contra.- maior parte das for!as revolucion(rias e pro%ressistas em "ran!a e nomundo op?s,se a esta lei e e+p?s os seus objectivos. ;laro que no meio de tudoisto' os %overnantes da 7ep&blica Islmica do Ir*o' o mais medieval e anti,mulher re%ime do mundo' declararam,se de repente defensores da liberdadedas mulheres usarem o que quisessem' defensores da liberdade de e+press*o eopini*o e defensores da liberdade de reli%i*o. :ediram que ;hirac arquivasseessa lei. $stes s*o os mesmos homens cujas lminas de barbear cortaram asfaces de milhares de mulheres por n*o usarem o vu islmico ou por n*o o

    usarem correctamente. -s suas vestes e turbantes tambm est*o cobertoscom o san%ue de milhares e milhares de ateus e outras pessoas' mortas por n*oacreditarem no Isl*o.-s mulheres iranianas que conheceram em primeira m*o o re%ime reli%ioso esofreram o uso obri%at3rio do vu entendem por que que ele um smbolo euma ferramenta da escravi)a!*o das mulheres e a completa ne%a!*o dos seusdireitos. O vu uma %rilheta em redor do pesco!o da sociedade. 4o Ir*odurante os &ltimos @1 anos representou um importante papel na repress*o dasmulheres e na pris*o do seu esprito rebelde pelo %overno reli%ioso bem como

    pelos homens. -l%umas das quest/es que o movimento das mulheres enfrentano Ir*o s*o como quebrar essa corrente medieval e como se libertar do $stadoreli%ioso. $ssas duas quest/es est*o li%adas de perto 8 liberta!*o das mulheres, a perspectiva poltica' objectivos e formas de luta de que as mulheresnecessitam para se livrarem da supremacia masculina e libertar o mundo daopress*o e e+plora!*o.-p3s al%um debate e discuss*o dentro da classe dominante francesa' umprojecto,lei foi finalmente apresentado ao parlamento a A0 de De)embro' paraproibir o uso pelos estudantes de todos os smbolos reli%iosos distintivos.;hirac declarou que a 7ep&blica considera as escolas como sa%radas e quedevem ser defendidas como lu%ares de aprendi)a%em tanto para homens comopara mulheres. - escola n*o de modo al%um o lu%ar de promo!*o ou refuta!*ode qualquer reli%i*o. Os estudantes' que s*o livres de e+ecutar os seus rituaisreli%iosos' n*o podem usar as escolas como um lu%ar para os praticar. ;hiracdisse que esta lei se baseava nos princpios da laicidade separa!*o entre ai%reja e o $stado# e nas funda!/es da 7ep&blica francesa. $ra necess(rio'disse ele' %arantir a unidade da "ran!a e asse%urar a harmonia social. Masembora esta lei formalmente tambm proba o uso de %randes cru)es crist*se de BarmulCes coberturas do crnio# judeus em escolas p&blicas' evidente

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    para todos que o seu real objectivo s*o os mu!ulmanos e as jovens que usamvus islmicos nas escolas.- proposta de ;hirac foi acompanhada por uma importante campanha depropa%anda na comunica!*o social francesa. Durante al%um tempo v(rios canais

    de televis*o franceses tornaram,se uma arena de debate entre partid(rios eoponentes dessa lei. :or um lado' a comunica!*o social deu espa!o a mulherescom vu que se opunham 8 lei' enquanto por outro lado n*o permitia que for!aspro%ressivas e feministas tivessem um lu%ar de destaque na oposi!*o a essa lei.- ironia que nos &ltimos anos o %overno francs deu ajuda e apoiou apropa%a!*o do Isl*o entre os jovens (rabes dos %uetos ao redor de :aris.;erca de A1 mesquitas e sociedades islmicas abriram em "ran!a. -pesar deo $stado francs di)er ser laico' fornece E por cento do or!amento dasescolas cat3licas onde estudam dois milh/es de alunos. 4os &ltimos anos' as

    escolas judias tambm cresceram A@ por cento. - escola privada n*o umaop!*o para os mu!ulmanos. S3 h( uma escola mu!ulmana em toda a "ran!a queprecisou de oito anos de ne%ocia!/es com o %overno antes de abrir.# Dos doismilh/es de rapari%as estudantes' s3 A1 levam vus na cabe!a para a escola'de acordo com o relat3rio %overnamental que foi usado para justificar esta lei.Isso representa menos de um por cento dos 1 estudantes de famliasmu!ulmanas.:ara uma mente inquiridora' n*o leva muito tempo a perceber que a lei propostapor ;hirac n*o tem nada a ver com a defesa dos direitos das mulheres e

    crian!as' a defesa do laicismo ou a limita!*o do papel da reli%i*o na vidafrancesa' mas tudo a ver com os objectivos polticos do $stado francs.-o mesmo tempo que probe os vus islmicos nas suas pr3prias escolas' o$stado francs' sob a bandeira do relativismo cultural' apoia o seu uso pelasmulheres do Ir*o e do -fe%anist*o. Os soldados franceses no -fe%anist*o%uardaram a loBa jir%ao conselho islmico patrocinado pelos $F- querecentemente aprovou uma constitui!*o islmica# da 7ep&blica Islmica do-fe%anist*o.Seria le%timo opor,se a esta lei apenas do ponto de vista da liberdade devestu(rio' mas isso n*o suficiente. :ara e+por a hipocrisia do $stadofrancs' precisamos de ter em conta os objectivos polticos desta lei e aparticular situa!*o poltica actual. -penas pode ser analisada e+aminando ascontradi!/es da sociedade francesa em %eral e as rela!/es de classe em"ran!a e no mundo.- "ran!a um pas imperialista. O seu sistema baseia,se na opress*o ee+plora!*o dos povos do mundo e do proletariado francs. - ne%a!*o dedireitos aos trabalhadores imi%rantes e a sua intensa e+plora!*o umacaracterstica proeminente da sociedade francesa. $sses trabalhadoresimi%rantes que vem principalmente dos pases (rabes do 4orte de 5frica tm

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    representado um importante papel no mercado de trabalho francs desde aSe%unda Guerra Mundial. -t h( H anos' esses trabalhadores nem sequertinham o direito de tra)er as suas famlias para "ran!a. ;omo qualquer outropas imperialista' a sua relativa estabilidade e conforto devida 8 pilha%em e

    e+plora!*o dos povos oprimidos de 5frica' da 5sia e da -mrica

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    - divis*o entre os pases imperialistas e as na!/es oprimidas tomou dimens/esmonstruosas e isso al%o contra o qual os jovens nos pases imperialistas seest*o crescentemente a rebelar. $ssa jovem %era!*o potencialmenterevolucion(ria a base principal do movimento anti%lobali)a!*o. -%itando os

    sentimentos contra os estran%eiros' a bur%uesia francesa quer impedir ae+pans*o dessa tendncia revolucion(ria entre os jovens franceses. 4umasitua!*o em que o imperialismo francs est( a enfrentar uma sria crise e umaintensa rivalidade com outros imperialismos' precisa mais que nunca de a%itarsentimentos chauvinistas. - "ran!a precisa da unidade nacional para podersuperar a presente criseJ por isso' decidiu p?r mais activamente em jo%o ochauvinismo francs' reprimir as camadas de classe mais bai+as e unir asclasses mdias com a classe dominante. - lei de proibi!*o do vu parte dasmanobras ideol3%icas da bur%uesia francesa na actual situa!*o mundial.

    uma quest*o de necessidade ideol3%ica e de justifica!/es ideol3%icas paramobili)ar a sua base social para os mais vastos objectivos da bur%uesiafrancesa no perodo que se avi)inha. 4o tumultuoso mundo de hoje' a classedominante francesa precisa da unidade nacional de forma a que a "ran!apossa cumprir o seu papel na repress*o das massas oprimidas do mundo e queao mesmo tempo possa reali)ar a sua rivalidade com os $F-. - na!*ofrancesa deve estar preparada e tem que se mobili)ar para as %uerrasimperialistas reaccion(rias. Os soldados franceses devem ser convencidos amatar e a serem mortos pelos interesses nacionais de "ran!a' em nome da

    7ep&blica francesa.- bur%uesia francesa precisa de fa)er o que foi feito nos $F- ap3s o ataqueao Korld 2rade ;enter a AA de Setembro de @A. 2al como a bur%uesia dos$F-' precisa de um factor unificador dentro do pas. -s potncias ocidentaisprecisam de aparecer como democracias em conflito com for!asantidemocr(ticas. ;onsiderando os actuais desenvolvimentos no mundo' necess(rio que o sistema poltico ocidental escolha um objectivo de ataque. -lei de proibi!*o do vu' alm de criar uma atmosfera repressiva na sociedadefrancesa' tambm fortalece o chauvinismo imperialista.$stes s*o os objectivos mais fundamentais que a bur%uesia francesa quercumprir com tais leis. $mbora a bur%uesia francesa n*o recorra aofundamentalismo reli%ioso fascista' como fa) a bur%uesia dos $F-' e pelocontr(rio levante a bandeira do secularismo para criar uma opini*o p&blicafavor(vel' isto n*o si%nifica uma diferen!a fundamental na nature)a dochauvinismo imperialista. - diferen!a s3 est( na forma. $stas diferen!as tmque ver com a hist3ria cultural desses pases' com as suas rela!/es internas declasse e principalmente com as suas posi!/es internacionais. - classedominante francesa precisa de lan!ar uma atmosfera de repress*o contra ascamadas mais bai+as. $sse o seu verdadeiro objectivo quando proclamam o

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    seu compromisso para com o laicismo. - proibi!*o do vu pela bur%uesiafrancesa contra os interesses das mulheres e da maioria dos povos do mundo.