A Formação Médica para o Enfrentamento das Iniquidades Sociais
Prof. Maria Inês AzambujaAcad. Gabriel Muller
COBEM 2017, Porto Alegre
DESIGUALDADE / INIQUIDADE
Distribuição dos bairros segundo a média de anos de estudo das pessoas responsáveis pelos domicílios permanentes*, Porto Alegre, 2000.Fonte: IBGE * Pós suavização bayesiana
EDUCAÇÃO
Média de anos de estudo
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Moinhos
Rubem Berta
Ilhas
Partenon
Desigualdades Sociodemográficas
Censo 2000
Porto Alegre
Fonte: Bassanesi, Azambuja, Achutti 2009
Esperança de vida segundo o estrato
* Análise de Variância: p<0,001; Post Hoc (LSD e Duncan): Todos estratos diferenciam-se entre si ** Kruskal Wallis p<0,0001
*** Análise de Variância: p<0,001; Post Hoc (LSD e Duncan): Estratos 3 e 4 não se diferenciam entre si.
ESPERANÇA DE VIDA AO
NASCER
ESPERANÇA DE VIDA
AOS 60 ANOS
ESTRATOTodos
*
Homens
*
Mulheres
*
Todos
**
Homens
**
Mulheres
***
1. ALTO 78,3 74,4 81,3 22,9 20,0 24,9
2. MÉDIO
ALTO74,1 69,2 78,4 20,4 17,3 22,6
3. MEDIO
BAIXO70,8 66,2 75,3 18,5 15,7 20,7
4. BAIXO 68,6 64,0 73,4 18,0 15,4 20,1
Todos 73,3 68,7 77,3 20,1 17,2 22,2
Bassanesi SL, 2009
Desigualdade social em Porto Alegre
0
1000
2000
3000
4000
5000
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Renda per capita média em 335 microáreas (UDHs) de Porto Alegre em2010
Fonte: PNUD, Censo 2010 - Azambuja, Rosa 2015, www.ufrgs.br/saudeurbana
Desigualdade social, mortalidade infantil e longevidade em Porto Alegre
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72
74
76
78
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82
84
0
5
10
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Longevidade (verde) e Mortalidade infantil (azul) X médias de Renda per capita nas 335 UDHs de Porto
Alegre, 2010
Fonte: PNUD. Censo 2010 - Azambuja, Rosa, 2015. www.ufrgs.br/saudeurbana
Determinantes Sociais da Saúde
– BLACKWELL: A primeira coisa necessária é reconhecer que onde você vive impacta na sua saúde. Que o ambiente na comunidade, o ambiente social, o físico e o econômico juntos determinam se teremos ou não uma existência saudável.
– WILLIAMS: Isto significa que política de habitação é política de saúde, educação é política de saúde, política antiviolência é política de saúde, políticas de melhorias nos bairros são políticas de saúde. Tudo que nós fizermos para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos na sociedade tem um impacto na sua saúde e é política de saúde.
• (diálogo final do vídeo “O lugar importa”, da séria “Unnatural causes: ... is inequalities making us sick?”, lançada pelaPBS em 2008).
Por onde começar?
Decisão política – Paradigmas dominantes
Por onde começar?Entender o Contexto Global
Financeirização da Economia
Divisão Internacional do Trabalho
Agendas Globais
- Global Health 1990s
- Objetivos do Milênio – agenda macroeconômica- 2000
- Determinantes Sociais da Saúde - 2000
- Cobertura Universal 2000
- Objetivos do Desenvolvimento Sustentável 2015
Por onde começar?
• Buscar mais informação
• Aproximar-se do problema
• Com relação ao paciente individual
• trabalhar a Escuta e a Empatia
• Aprender... Só se reconhece o que
se conhece...
Modelos conceituais
Determinantes da SaúdeDeterminantes da Saúde no
Contexto Urbano
Ares, Águas e Lugares - CONTEXTO
(Hipócrates)
Desocupação Pinheirinho 2012
Trabalho
Gênero e sexo
Raça/cor
Em comum a todos estes cenários:
A Variabilidade
o contrário da
Padronização necessária para a
protocolização do cuidado
O que escolher? Decisão política!
Por onde começar?
•Com relação ao paciente individual
• trabalhar a Escuta e a Empatia
• Aprender... Só se reconhece o que
se conhece...
Dar visibilidade ao problema
Pesquisar riscos aumentados, decorrentes de determinantes sociais, na história clínica, e registrá-los
- para auxiliar no manejo do caso individual (upstream medicine) e
- para produzir indicadores de saúde com base nestes determinantes (mobilização social)
Jason Corburn, Alison K. Cohen. Why We Need Urban Health Equity Indicators: Integrating Science, Policy, and Community. PLOS Med 2012
Identificar, valorizar e relatar iniquidades
QUE EXISTEM ENTRE OS NOSSOS PACIENTES
• “Pacientes cardíacos ricos tem uma vida longa e
relativamente tranquila. Os pobres desenvolvem
rápida e recorrentemente insuficiência cardíaca;
suas vidas são curtas e dolorosas.” (Prof. Álvaro
Barcelos Ferreira, FAMED/UFRGS,1943)
• Fonte: Panteão Medico Riograndense. Síntese Cultural e Histórica: Progresso e evolução da
Medicina no Estado do Rio Grande do Sul, 1943.
• “ Repouso e exercício adequado, horas apropriadas de trabalho e lazer, habitação higiênica e assim por diante, são condições que estão fora do alcance dos pobres. É atédoloroso prescrever-lhes cuidados, boa vida e tratamentosque eles não podem seguir ou pagar. Logo depois de compensarem uma insufuiciência cardíaca, eles sãoobrigados a voltar ao trabalho – quase invariavelmenteinadequado para as suas condições, para a luta pela vidaque os joga novamente na insuficiência de seu orgãocirculatório central.” (Prof. Thomaz Mariante, 1943)
Fonte: Panteão Medico Riograndense. Síntese Cultural e Histórica: Progresso e evolução da Medicinano Estado do Rio Grande do Sul, 1943.
E discutir sobre desigualdades sociais e suas
repercussões sobre a saúde, e da má saúde
sobre a economia..
Funções da MEDICINA
• Promover a saúde
• Prevenir a enfermidade
• Recuperar o enfermo
• Reabilitá-lo
H. Sigerist , 1935
“ Promove-se a saúde proporcionando um
nível de vida decente, boas condições
de trabalho, educação, cultura
física, meios de descanso e
recreação.
Para tanto são necessários esforços
coordenados de grandes grupos, do
homem de Estado, do trabalho e da
indústria, do educador e do médico,
que como um expert em saúde deve
definir normas e fixar padrões.”
H. Sigerist, 1935.
“ Retomada do Papel político da Medicina e do Médico
Virchow, 1848
: "A medicina é uma ciência social e a política nada mais é do que a medicina em grande escala”.
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