. A DIFICULDADE E A
DESEJABILIDADE DA
CONVERSÃO .
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Traduzido do original em Inglês
The Difficulty and Desirableness of Conversion
By R. M. M'Cheyne
Extraído da obra original, em volume único:
The Sermons of the Rev. Robert Murray M'Cheyne
Minister of St. Peter's Church, Dundee.
Via: Books.Google.com.br
Tradução por José Antônio de Araújo Neto
Revisão por Camila Almeida
Capa por William Teixeira
1ª Edição: Setembro de 2015
Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
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A Dificuldade e a Desejabilidade da Conversão
Por Robert Murray M´Cheyne
“Esperei com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu
clamor. Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma
rocha, firmou os meus passos. E pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao
nosso Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no Senhor.” (Salmos 40:1-3)
Não pode haver dúvida de que a verdadeira e principal aplicação deste Salmo seja em
relação ao nosso Senhor Jesus Cristo, pois, embora os versos que lemos possam muito
bem ser aplicados a Davi ou a qualquer outro crente recordando o que Deus fizera, a última
parte do Salmo não pode, certamente, ser a fala de nenhum outro a não ser do Salvador;
e, consequentemente, os versos 6 a 8 são aplicados diretamente a Cristo pelo escritor no
capítulo 10 de Hebreus: “Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste; holo-
caustos e oblações pelo pecado não te agradaram. Então disse: Eis aqui venho (No
princípio do livro está escrito de mim), para fazer, ó Deus, a tua vontade”. Todo este Salmo,
portanto, deve ser considerado como uma piedosa meditação do Messias quando a face
do Pai lhe foi ocultada; pois, como verdadeiramente pôde Aquele que não conheceu
pecado, mas foi feito pecado por nós, Aquele sobre quem aprouve ao Pai colocar as
iniquidades de todos nós, quão verdadeiramente pôde dizer, na linguagem do versículo 12:
“Porque males sem número me têm rodeado; as minhas iniquidades me prenderam de
modo que não posso olhar para cima. São mais numerosas do que os cabelos da minha
cabeça; assim desfalece o meu coração”.
De acordo com esta visão, os versos de 1 a 3 devem ser considerados como a recordação
de um livramento anterior a uma visitação das trevas semelhante a esta, para deste modo
achar consolo para o atual desânimo. E quem pode duvidar de que Ele foi varão de dores,
e experimentado nos sofrimentos, e que experimentou muito mais escuridão e alívio envia-
do dos céus do que o que foi registrado quando esteve no jardim do Getsêmani? Suas mui
frequentes retiradas para orar sozinho parecem comprovar isso. Mas, como é bem evidente
nessa Sua descrição das iniquidades Lhe prendendo, expressa em palavras bem adequa-
das um pecador sobrecarregado e consciente disso, por isso, as palavras do meu texto são
de todo modo adequadas para uma alma convertida recordando o livramento que Deus
operou para ele. “Esperando, esperei por Jeová” (como o versículo 1 pode ser mais literal-
mente interpretado), expressa toda a intensa ansiedade de uma mente despertada para
saber o perigo em que se encontra, e o lugar de onde a ajuda deve vir. “E ele se inclinou
para mim”, expressa o movimento corporal de quem está desejoso de ouvir, inclinando-se
com atenção. “E ele ouviu o meu clamor”.
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“Tirou-me dum lago horrível,
Dum charco de lodo,
Pôs os meus pés sobre uma rocha,
Firmou os meus passos.
E pôs um novo cântico na minha boca,
Um hino ao nosso Deus;
Muitos o verão, e temerão,
E confiarão no Senhor.”
Ele expressa o estado de um homem inconverso sob a imagem impressionante de alguém
que está em um lago horrível, e afundando em um charco de lodo; enquanto que a mudança
da conversão é comparada com o colocar seus pés sobre uma rocha, e firmar os seus
passos, e pôr uma nova canção na sua boca. Considerando, então, o meu texto como uma
figura verdadeira e fiel da mais bendita mudança de estado e caráter, que na linguagem
bíblica é chamada de conversão, prossigo para extrair a partir destas palavras duas
simples, porém importantíssimas, conclusões:
I. A dificuldade da conversão. É tão difícil e sobre-humana a obra do resgate de uma alma
do pecado e de Satanás a Deus, que somente Deus pode fazer isto; e, consequentemente,
no nosso texto, cada parte do processo é atribuída unicamente a ele. “Tirou-me dum lago
horrível, dum charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos,
e pôs um novo cântico na minha boca”. Deus, e somente Deus, então, é o Autor da con-
versão. Aquele que criou o homem, por si só pode criá-lo de novo em Cristo Jesus para as
boas obras. E a razão disto, veremos claramente, examinando cada parte desta obra, aqui
descrita. A primeira libertação nos é apresentada nas seguintes palavras: “Tirou-me dum
lago horrível”; e a contraparte ou bênção correspondente a essa é: “Pôs os meus pés sobre
uma rocha”. Dificilmente se pode imaginar uma situação mais desesperadora do que a que
está sendo colocada, como a de José em um poço, e, especialmente, uma cova ou um
poço horrível, de destruição, como o Salmista chama. Cercado por todos os lados por pare-
des úmidas, lisas e sombrias, com uma escassa saída de ar, em vão você se esforça para
escalar até a luz do dia e o ar puro; você é um prisioneiro nas entranhas da terra, em um
poço de horrores. Esse é o seu estado, se você não for convertido; você jaz em um poço
da perdição; você está morto enquanto vive — enterrado vivo, por assim dizer; morto em
delitos e pecados, enquanto andar neles. Você não pode subir para a luz do dia, para o ar
puro acima de você; pois o poço em que você está é de fato a sua habitação; e a não ser
que você seja retirado dele pelas cordas da graça, você será conduzido para o poço que a
Bíblia diz ser sem fundo. Esse é o seu estado, se não se converter. Você está debaixo da
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maldição; pois “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no
livro da lei, para fazê-las”; e você nunca permaneceu em nenhuma dessas coisas, fazendo-
as de coração, como para o Senhor, que só pode ser invocado quando as praticamos. Você
nunca creu no Filho de Deus para a salvação; e, portanto, você “já está condenado”, você
nunca foi tirado da cova da condenação. “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas
aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece”; ou
seja, nunca é retirada dele. O poço de ira e destruição, em que você está por natureza, só
será trocado por outro pior, o poço da ira eterna. Uma vez que este poço horrível, então,
representa o estado da ira e condenação em que estamos por natureza, quão impossível é
nos livrarmos dele! Escapar do cárcere dos reis terrenos é uma tarefa difícil e ousada; mas
quem pode escapar da prisão do Deus eterno? Quem pode escalar a cova da condenação
na qual a alma está confinada? Ou, quem pode corrigir as ofensas do passado? Quem pode
apagar os pecados do passado? Recordem suas vidas, irmãos, gastas no esquecimento
de Deus, nos desejos e ações contrárias a Deus; e, em seguida, lembrem-se de que Ele é
infinitamente justo, Ele não pode mentir, não pode arrepender-Se, e diga se você acha fácil,
ou possível salvar-se do abismo horrível que está agora reservado para você por Sua ira.
Mas se você não pode salvar-se da cova, e colocar seus pés sobre uma rocha, muito menos
você pode livrar-se do charco de lodo, e firmar seus próprios passos. O poço de destruição
representa a ira sob a qual você está por natureza; o charco de lodo representa a corrupção
que existe em você por natureza. Estar em um poço seco, como José esteve, é ruim o
bastante; mas, ah! quão desesperador e miserável é quando você está num charco de lodo!
Estar sob condenação por pecados do passado, alguém poderia pensar, é miséria sufici-
ente; mas seu caso é ainda mais desesperador, pois você também está afundando dia a
dia sob o poder da corrupção. Toda sua luta para se erguer de sua condição miserável, só
faz você se afundar ainda mais no charco de lodo; e cada hora que você permanecer onde
está, irá afundar ainda mais; sua saída torna-se cada vez mais impossível. O aumento dos
hábitos pecaminosos em você assemelha-se ao aprofundamento de seus pés no charco de
lodo! Qual dos seus maus hábitos não cresce, alimentado pela prática? Como é que o
hábito de blasfemar cresce em homem até que ele se torne absolutamente escravizado? E
assim é com os pecados mais refinados, cuja sede é no coração. Cada dia dá-lhe um novo
poder sobre sua alma, cada nova indulgência liga seus pés mais do que nunca ao mau
caminho; e embora você possa, ou melhor, no curso da natureza você mude sua luxúria,
suas paixões e desejos, toda essa mudança não será mais do que tirar um pé do charco
de lodo, para afundá-lo novamente em seguida. Ah! a ruína de um coração não-convertido;
que imaginação é ousada o suficiente para pintar todos os seus horrores? Olhai para dentro
do vosso próprio coração, vós que não tendes o coração e a vida transformados; e, oh! Se
o Espírito da graça puder utilizar a passagem de que estamos falando para convencê-lo,
neste dia, do seu pecado, você verá como realmente existe dentro de você uma câmara
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escura, uma profunda miséria espiritual, e uma incapacidade ou para se perdoar, ou para
fazer seu coração novo, ou ainda para colocar seus pés sobre uma rocha, ou para firmar
seus passos; o que só pode ser descrito através de imagens, tais como a de um lago hor-
rível ou de um profundo charco de lodo.
Uma terceira etapa da conversão você não pode alcançar por si só, e é a colocação de um
novo cântico na sua boca. Uma canção é um sinal de alegria e descontração e, portanto,
Tiago diz: “Está alguém contente? Cante louvores”. E os invasores de Jerusalém, quando
desejavam escarnecer dos sofrimentos dos israelitas exilados, pediam-lhes que se alegras-
sem, dizendo: “Cantai-nos uma das canções de Sião”. Mas cantar um cântico novo, um
louvor ao nosso Deus, é um privilégio somente para o crente. Ser alegre e ter um coração
contente, com um Deus santo diante do pensamento, isso é um privilégio somente daqueles
cujos pés estão firmados sobre a Rocha, Cristo. É verdade que o mundo não-convertido
tem uma alegria própria; e eles, também, podem cantar uma canção alegre. Mas aqui reside
a diferença: Eles podem ser felizes e alegres somente quando Deus não está diante dos
seus pensamentos, apenas quando um véu de esquecimento é lançado sobre as realidades
da morte e do julgamento. Mantenha longe todo pensamento sobre destas coisas, e então
eles podem se divertir, como Belsazar e seus milhares de senhores, quando beberam vi-
nho, e deram louvores aos deuses de ouro e de prata. Mas, revele a seus olhos as grandes
realidades de um Deus santo e onipresente, da morte à porta, e depois da morte o
julgamento; e então seus semblantes mudaram (como o de Belsazar quando surgiu a mão
misteriosa); seus pensamentos o perturbaram, de modo que as juntas dos seus lombos se
soltaram, e os seus joelhos bateram um contra o outro.
Mas, para o crente, um Deus santo é o próprio tema de sua canção, do louvor ao nosso
Deus; e a visão da morte e do julgamento não interrompe esta melodia Divina. Em seu leito
de morte, ele pode começar a música, que será concluída somente quando ele despertar
na glória. Agora, qual não-convertido tem o poder de colocar esta canção sobrenatural em
sua boca, essa estranha alegria em seu coração? A alegria não pode ser forçada, e menos
ainda a alegria do Cristão. Se tu não és perdoado, se não és justificado, se ainda continuas
em inimizade contra Deus, como podes elevar uma nota de louvor a ele? No capítulo 14 do
Apocalipse, onde os redimidos cantam, por assim dizer, um cântico novo diante do trono, e
diante dos quatro animais e dos anciãos, é adicionado: “E ninguém podia aprender aquele
cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra”. Ninguém,
senão as novas criaturas, podem aprender esta nova canção. Os anjos não podem partici-
par dela, pois é o hino dos redimidos, daqueles que eram pecadores, e foram feitos novos.
E, oh! Se os anjos não podem, quanto menos poderão os pecadores não-convertidos e não
redimidos participar desta eterna harmonia. De todo modo, então, que obra indescritível é
a da conversão! Como é impossível ao homem. Mas para Deus todas as coisas são pos-
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síveis. Ele providenciou a Rocha, Cristo; e Seu ouvido não está agravado para que Ele não
possa ouvir, se clamarmos; Seu braço não está encolhido, para que não possa salvar, basta
apenas invocá-lO quanto a isto. Mas,
II. A partir deste retrato de uma verdadeira conversão, deduzo não somente a dificuldade,
mas também a desejabilidade da conversão.
Se você pode imaginar a alegria de ser retirado da cova, onde a ira nos aguardava, e tendo
os pés firmados sobre a Rocha, onde a nossa base é firme e sólida como os montes eter-
nos, e estamos a salvo do alcance dos inimigos; pois as fortalezas das rochas são nosso
alto refúgio, então, meu amigo, você tem alguma noção do que é ser retirado da ira para a
paz, de ser transportado de sob a maldição para o privilégio da justiça de Cristo, de ser
justificado, de forma que nem homem, nem anjo, nem demônio pode trazer acusação contra
você.
E, outra vez, se você puder imaginar o prazer de ser tirado do charco de lodo, onde seus
pés estavam continuamente afundando mais e mais a cada hora, e de ter seus passos
estabelecidos e um caminho reto posto diante de você, e terra firme abaixo de você, então
você terá alguma noção do que é ser livrado de suas paixões mundanas, e desejos, e cui-
dados, e pensamentos, e ansiedades, e hábitos pecaminosos, em que cada novo dia en-
contrava você afundando mais e mais, e sempre com menos esperança de recuperação; e
ter a possibilidade de amar a Deus e as coisas de Deus: “pensar nas coisas lá do alto”,
“trazer todo pensamento cativo à obediência de Cristo”.
E ainda mais, se você puder imaginar o prazer de trocar o gemido dos presos em aflição e
cadeias, para a canção do cativo que foi libertado, o escravo emancipado, então você terá
alguma noção do que seja trocar a tristeza de um espírito não-renovado pela alegria e pelo
novo cântico de louvor cantado apenas pelos remidos.
Mas quando você tiver imaginado todas essas coisas, você terá uma noção apenas, e nada
mais, da desejabilidade da conversão. As riquezas de Cristo são indescritíveis. Eu poderia
procurar em toda a natureza por figuras. Eu poderia trazer todas as condições de miséria e
paz súbita e felicidade em contraste; ainda assim, eu deixaria de lhe dar uma ideia apenas
das bênçãos recebidas na conversão; pois, de fato, “o olho não viu, e o ouvido não ouviu,
nem subiu ao coração do homem, as coisas que Deus preparou (neste mundo, sim, na hora
de crer) para todos os que o amam”. Mas deixando de imagens emprestadas de natureza,
que podem confundir, deixe-me simplesmente apresentar-lhe as realidades que essas
imagens significam. A primeira coisa a se considerar ter na conversão é a paz com Deus:
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“Justificados pela fé, temos paz com Deus” [Romanos 5:1]. Este é o efeito imediato de estar
sobre a Rocha, Cristo.
Ó pecador, não desejas estar em paz com o Deus a quem tens ofendido, esquecido, des-
prezado? Estás tão iludido pelo horrível poço da inimizade e da condenação, que não tens
desejo de sair dele? Se de fato é assim, então será em vão falar-te de um Salvador: não
verás beleza alguma em Cristo. A segunda coisa a ser considerada na conversão é uma
vida santa: “A todos quantos recebem a Cristo, ele dá o poder de se tornarem filhos de
Deus” [João 1:12]. Ó homem depravado, cujo coração está deformado pelo hábito de pecar,
não tens desejo de uma vida santa? Não te pergunto se seria agradável para ti neste mo-
mento refrear e derrotar todos os teus apetites, e desejos, e paixões indomáveis; sei que te
pareceria intolerável; mas te pergunto se não consideras como desejável ver esses mes-
mos apetites e desejos alterados ou anulados em seu poder, a fim de que a austeridade e
a santidade de vida não te pareçam coisas pesadas, mas agradáveis e cheias de paz. Estás
tão deleitado, não com os objetos que satisfazem tuas paixões, mas com as paixões em si
mesmas, que não tens desejo de seres feito um novo ser? Então, na verdade, será desne-
cessário falar-te do Santificador.
A terceira coisa boa que vem com a conversão é um coração alegre e agradecido: “Nos
gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” [Romanos 5:11]. Esta é a canção dos
redimidos. A alegria dos céus é gratidão e louvor. A alegria do Céu sobre a terra — ou seja,
da mente convertida — é o mesmo, um hino ao nosso Deus. Se, então, a alegria e a
gratidão, que durarão até mesmo em meio a toda a melancolia do leito de morte, e do vale
escuro, e da terrível insígnia do julgamento; se estas são dádivas desejáveis, elas fazem
parte da desejabilidade da conversão.
Mas, para muitos de vocês eu sei que é em vão que eu fale de como é desejável a conver-
são; pois você ainda não sente a miséria de ser inconverso, a miséria de ser um filho da
ira, e um escravo das corrupções. Quando dizemos que os injustificados estão em um lago
horrível, que os não-santificados estão afundando no charco de lodo, então você vem nos
dizer que nunca sentiu qualquer horror sobre sua situação. Você tem muitos prazeres, e
você está confortável e à vontade. Ah! Mais miserável de todos os homens não-convertidos,
você está na cova; mas você está insensível aos seus horrores. Você está no charco de
lodo, afundando a cada passo que você dá; e não percebe. Você sabe que nunca creu em
Cristo como seu Salvador; ainda assim, você não sente horror quando a Bíblia diz que você
“já está condenado”. Você sabe que seu coração nunca foi feito novo — nascido de novo;
e ainda assim você não treme quando a Bíblia lhe diz que “sem a santificação ninguém verá
o Senhor” [Hebreus 12:14]. Você me faz lembrar um homem viajando em uma tempestade
de neve, muito distante de sua casa ou de um abrigo, e a cada passo que ele dá seus pés
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afundam mais na neve; porém uma estranha insensibilidade toma conta da sua mente. A
própria morte perde seus horrores. Enquanto o perigo aumenta, seus medos diminuem. Um
sono profundo desce rapidamente sobre sua consciência, até que ele adormece num sono
silencioso, para nunca mais se levantar.
Da mesma forma, a sua insensibilidade, em vez de ser um sinal de que não há perigo, au-
menta o perigo e o horror de sua situação mil vezes. Como a Bíblia é verdadeira, o estado
de cada homem não-convertido é tão horrível, que você pode vê-lo como Deus o vê. As
palavras “um lago horrível e um charco de lodo” parecem muito fracas para expressar a sua
situação. “As tristezas da morte e as penas do inferno” poderiam, talvez, aproximar a sua
visão da dEle. Ah! Então, esforça-te muito para conhecer a miséria de não ser um conver-
tido. Esteja determinado a conhecer o pior de si mesmo; pois só assim você verá o quanto
é desejável a conversão, a excelência de Cristo.
E agora, então, juntando as duas conclusões que extraí do nosso texto — a dificuldade da
conversão, tão grande que o próprio Deus tem que ser o Autor; e o desejo de conversão,
tão grande que a paz, e a santidade, e a alegria, todas dependem dela — suporte a palavra
de exortação, busque-a da única maneira em que o Salmista a encontrou: “Esperando, eu
esperei por Jeová”, ou seja, esperei ansiosamente, e ele se inclinou para mim, e ouviu o
meu clamor”. Ele está mais pronto para ouvir, do que você para pedir. A Rocha já está
estabelecida. Cristo morreu, e a você é suplicado neste dia cobrir-se com a Sua justiça; e
estando em Cristo, você vai tornar-se cada dia mais uma nova criatura; e sendo uma nova
criatura, você cantará um novo cântico de louvor Àquele que nos amou.
Uma palavra para aqueles que podem recordar-se de uma experiência como a descrita no
meu texto; quem pode dizer que Deus o tirou dum lago horrível e de um charco de lodo, e
colocou seus pés sobre uma rocha, firmou os seus passos, e pôs um novo cântico na sua
boca? Preste atenção que as seguintes palavras também podem ser reais: “Muitos o verão,
e temerão, e confiarão no Senhor”. Quantos ao seu redor ainda não são convertidos, estão
no poço e no lodo! Deixe-os ver, então, quão grandes coisas Deus fez por vocês, para que
temam e não morram sem conversão; para que esta mudança gloriosa chegue a eles; para
que não morram como velhas criaturas, habitantes do lago horrível, para serem removidos
da cova eterna; para que não sejam completamente engolidos pelo charco de lodo; e, as-
sim, movidos pelo temor, eles possam ser persuadidos a confiar em Deus, como você tem
feito — descansar na Rocha, Cristo, para justiça.
“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras
e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” [Mateus 5:16]. Amém.
Dunipace, 2 de agosto de 1835.
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10 Sermões — R. M. M’Cheyne
Adoração — A. W. Pink
Agonia de Cristo — J. Edwards
Batismo, O — John Gill
Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo
Neotestamentário e Batista — William R. Downing
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Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse
Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a
Doutrina da Eleição
Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos
Cessaram — Peter Masters
Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da
Eleição — A. W. Pink
Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer
Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida
pelos Arminianos — J. Owen
Confissão de Fé Batista de 1689
Conversão — John Gill
Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs
Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel
Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon
Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards
Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins
Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink
Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne
Eleição Particular — C. H. Spurgeon
Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —
J. Owen
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Excelência de Cristo, A — J. Edwards
Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon
Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink
Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink
In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah
Spurgeon
Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —
Jeremiah Burroughs
Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação
dos Pecadores, A — A. W. Pink
Jesus! – C. H. Spurgeon
Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon
Livre Graça, A — C. H. Spurgeon
Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield
Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry
Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill
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2 Coríntios 4
1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está
encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;
10 Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
se manifeste também nos nossos corpos; 11
E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
nossa carne mortal. 12
De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13
E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
por isso também falamos. 14
Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15
Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
Deus. 16
Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
interior, contudo, se renova de dia em dia. 17
Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18
Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas.
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