CULTURA DA PUPUNHEIRA
(Bactris gasipaes Kunth.)
Elda Bonilha Assis Fonseca*
Maria Aparecida Moreira**
Janice Guedes de Carvalho***
1 Perfil da Cultura
A pupunheira (Bactris gasipaes Kunth.) é uma espécie
tropical originária do continente americano, pertencente à família
das Arecáceas (Palmáceas) e cultivada há séculos pelas popula-
ções indígenas. No Brasil seu habitat natural é a Região Amazô-
nica, e seus frutos fazem parte da dieta alimentar dos povos da
Região Norte.
Esta palmeira possui grande potencial econômico em
virtude dos múltiplos usos de seus frutos e palmito. Plantios ra-
cionais podem produzir 25 t/ha de frutos ou 1 t/ha de palmito.
______________________________________ * Pesquisadora da EMPAER-MT, Cuiabá/MT ** Enga Agra MSc Doutoranda da UFLA, Lavras/MG *** Professora da UFLA- Lavras/MG
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Recentemente a pupunheira tornou-se a principal fonte
de matéria-prima para a exploração racional de palmito, devido
às seguintes características:
» precocidade: o primeiro corte é feito dos 18 aos 24 meses a-
pós o plantio em campo, de acordo com as condições climáti-
cas e tratos culturais.
» perfilhamento: a pupunheira lança perfilhos que garantem co-
lheitas consecutivas, sem necessidade de replantio de
uma mesma área. O perfilhamento pode ocorrer desde seis
meses após o plantio ou somente após o corte da planta-mãe.
» alta produtividade: a mínima produtividade que pode-se espe-
rar de um hectare de pupunha é de 5000 palmitos por ano.
Tratos culturais adequados e irrigação podem dobrar essa
produtividade.
» rusticidade: apesar de sua origem amazônica, a pupunha vem
se desenvolvendo bem em regiões com condições edafoclimá-
ticas diferentes, como a Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
» excelente qualidade de palmito: a qualidade do palmito de pu-
punha é comparável às espécies tradicionais, com a vantagem
de não oxidar (não escurecer) após o corte.
Nesse contexto, a pupunheira desponta como uma ex-
celente alternativa para o empresário rural, pois pode ser cultiva-
da racionalmente em áreas mecanizadas. É através do cultivo da
pupunheira que será possível produzir palmito de uma forma eco-
lógica e rentável.
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1.1 Aspectos Econômicos
Dados oficiais informam que o Brasil produziu, em
1985, 132105 t de palmito, evoluindo até 202440 t em 1989. Em
1990, a produção caiu para 27030 t, diminuindo para 21000 t em
1992 (AGRIANUAL, 2000). Não ocorreram causas naturais nem
variações no mercado que expliquem essa discrepância. É mais
plausível que tenha havido grandes falhas no sistema de infor-
mações da produção e/ou forte sonegação fiscal. Estima-se que
em 1996 a produção tenha sido de 70000 t de palmito de origem
extrativa (Morsbach, 1998).
Os mercados interno e externo têm um histórico de sig-
nificativa instabilidade, principalmente por causa dos inúmeras
deficiências na oferta, pois o fornecimento do produto extrativo é
irregular e de baixa qualidade. O mercado interno consome 90%
da produção nacional. O abastecimento do mercado mundial é
feito principalmente pelo Brasil (51%) e pela Costa Rica (24%). A
França e os Estados Unidos são os principais importadores (60 e
20% das importações mundiais, respectivamente). Excluindo-se
o Brasil, o mercado mundial consome cerca de 20000 t de palmi-
to anualmente. Por conta da baixa qualidade do produto ofertado,
o principal importador tem reduzido as compras do Brasil, que
8
perde mercado para a Costa Rica, pois sua produção é de palmi-
to de pupunha cultivada, de boa qualidade (Morsbach, 1998).
O preço da lata de 400 g do produto envasado tem va-
riado significativamente, oscilando entre US$ 3,01 e US$ 8,43
entre 1992 e 1995, e US$ 7,24 a US$ 4,32 entre 1996 e 2000
(AGRIANUAL, 2000).
Estima-se que o mercado mundial de palmito esteja ao
redor de US$ 500 milhões, com grande potencial de crescimento
(Coser Filho, 1997 citado por Morsbach, 1998). Para se ter uma
avaliação mais precisa deste potencial considere-se que o con-
sumo na França é de 160 g e nos Estados Unidos é de apenas 8
g per capita/ano. No Brasil, o consumo per capita/ano está em
torno de 660 g (Rodrigues et al., 1995 citado por Morsbach,
1998). Prevendo o aumento das restrições (legais, naturais e e-
conômicas) ao extrativismo e à expansão continuada dos merca-
dos internos e externos, produtores e agroindústrias em todo o
País, estão investindo em um número significativo de projetos de
palmito cultivado. As espécies predominantes são pupunha (Bac-
tris gasipaes), plantada comercialmente em quase todo o País, e
a palmeira-real (Archantophoenix alexandrae (F. Mueller) H.
Wendl. & Drude), plantada em menor escala, predominantemen-
te no Estado de Santa Catarina (Morsbach, 1998).
9
1.2 Origem e Dispersão
Ainda não se determinou com exatidão o lugar de ori-
gem da pupunheira, pois nativos de vários países da América
Central e do Sul têm cultivado essa palmeira ao longo de cente-
nas de anos. O cultivo da pupunheira ocorre há vários séculos
por indígenas das Américas do Sul e Central, desconhecendo-se,
porém, a exatidão do local de origem. Como prováveis áreas de
origem, citam-se certas regiões do Panamá, Equador, Peru e
Bolívia.
A pupunheira (Bactris gasipaes) é uma palmeira com
ampla distribuição geográfica, estendendo-se nos trópicos úmi-
dos americanos, entre os paralelos 16º N e 17º S. Atualmente é
encontrada de Honduras até a Bolívia, ao longo da costa do A-
tlântico, na América Central, e do Sul até São Luiz do Maranhão,
no Brasil, e ao longo da costa do Oceano Pacífico no sul da Cos-
ta Rica ao norte do Peru. Na América Central, a pupunha parece
ter sido introduzida, não sendo encontrada no estado silvestre. É
amplamente utilizada na Costa Rica, Trinidad, Jamaica, Porto
Rico, Cuba e Malásia.
No Brasil, a pupunheira é encontrada em toda a Bacia
Amazônica, compreendendo os Estados de Rondônia, Acre, A-
mazonas, Pará, norte do Mato Grosso, Maranhão, Roraima e
Amapá. Foi introduzida nos Estados da Bahia, Espírito Santo e
10
mais recentemente em São Paulo, onde vem se desenvolvendo
com relativo sucesso.
2 Características da Planta
2.1 Taxonomia e Descrição Botânica
Até 1981 foram reconhecidas 187 espécies de Bactris,
14 das quais apareceram com o nome genérico de Guilielma. A
pupunheira (Bactris gasipaes) é uma espécie da Família Areca-
ceae (ou Palmae).
Os estudos sobre as variedades dessa planta ainda não
estão bem definidos. A espécie apresenta grande variação no
número de caules (estipes) por touceira, no tamanho e forma de
sementes e frutos, no teor de fibra e óleo, na coloração dos fru-
tos, assim como em relação à ausência ou presença de espinhos
e ao comprimento destes nos estipes e folhas.
A pupunheira é uma palmeira ereta, chegando a atingir
20 m de altura e 15 a 25 cm de diâmetro. Possui ciclo perene e
perfilhamento abundante, e a partir de uma única planta, forma-
se uma touceira de vários indivíduos e quando adultos, é comum
encontrar de três a cinco indivíduos frutificando simultaneamente
(Figura 1).
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O sistema radicular é fasciculado e superficial, possuin-
do baixa resistência a seca. Cerca de 75% das raízes encontram-
se nos primeiros 20 cm do solo, o que implica em cuidados nos
tratos culturais. Ao redor do estipe, elas distribuem-se num raio
de 40 cm, o que determina a metodologia de distribuição de adu-
bos.
O estipe é cilíndrico e marcado por cicatrizes foliares
transversais deixadas pelas folhas que caem, podendo ser ou
não recoberto de espinhos (Figura 2). A parte terminal do estipe
apresenta um broto (meristema ou gema terminal) protegido por
bainhas de folhas jovens, constituindo o palmito.
As folhas são grandes (2,5 a 4,0 m de comprimento),
com 200 a 300 folíolos, recobertas ou não de espinhos de menor
tamanho. Plantas adultas apresentam 20 folhas em média.
A pupunheira é uma palmácea alógama com alto grau
de incompatibilidade e monóica com flores masculinas e femini-
nas na mesma inflorescência. A inflorescência possui de 50 a 80
cm de comprimento, 20 a 60 espigas que produzem de 50 a
1000 flores femininas e de 10000 a 30000 masculinas, apare-
cendo entre o 3o ao 4o ano após o plantio em campo.
Os frutos são drupas de forma, tamanho e cor variáveis.
Quando jovens, são verdes, quando maduros, são amarelos,
vermelhos e algumas combinações dessas cores. São encontra-
12
dos frutos de 20 a 30 g até cerca de 200 g. Apresentam uma en-
zima que inibe a digestão de proteínas e um ácido (provavelmen-
te oxálico) que causa irritação na mucosa da boca; por isso, de-
vem ser consumidos cozidos. Os frutos podem ou não conter
sementes. As sementes são de cor café ou negra, possuindo
endocarpo duro, endosperma branco e oleaginoso semelhante
ao do coco quanto ao sabor e textura. Cada semente apresenta
três poros, sendo apenas um fértil (Figura 3).
13
Figura 1. Pupunheira (Bactris gasipaes Kunth.).
14
Figura 2. Estipes com e sem espinhos. Figura 3. Cacho de frutos; fruto em corte longitudinal; sementes
em corte transversal. 2.2 Variedades
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Apesar de existirem algumas características marcantes
entre diferentes populações, observam-se variações considerá-
veis dentro de cada população, o que não permite defini-las co-
mo variedades.
Existem basicamente dois tipos de material genético pa-
ra implantação da cultura, os com espinho no estipe e pecíolo, e
os sem espinho. Regiões como Yurimaguas (Peru) e Benjamin
Constant (Brasil) possuem populações nativas sem espinhos que
têm se comportado muito bem em regiões onde vêm sendo estu-
dadas ou cultivadas.
No Brasil tem-se preferido o cultivo de raças sem espi-
nho por causa das facilidades de tratos culturais. Entretanto, na
Costa Rica, foram desenvolvidas populações de características
boas para produção de palmito, mas que possuem espinhos em
maior ou menor quantidade.
Sementes adquiridas diretamente nos locais de origem
devem ser observadas por algum tempo (quarentena) para evitar
a introdução e disseminação de pragas e patógenos a esta e a
outras plantas tropicais. Essas sementes colhidas de plantas na-
tivas, sem nenhum melhoramento, apresentam grande variabili-
dade, necessitando de seleção na sementeira, viveiro e campo.
A maior parte da semente comercializada no Brasil é
importada, pois a produção interna ainda é pequena, não suprin-
16
do o mercado atual. O período de comercialização se dá entre
fevereiro e maio. Em decorrência da dificuldade de aquisição de
sementes, é recomendável obtê-las de fornecedores idôneos que
garantam sua procedência. Material selecionado para produção
de palmito pode ser adquirido por intermédio da Universidade da
Costa Rica, e, no Brasil, pode-se obter sementes, em pequena
quantidade, de material selecionado sem espinho no IAC, CE-
PLAC e INPA.
3 Ecologia
3.1 Clima
A pupunheira é uma espécie que vem sendo implantada
em diversas condições climáticas e apresentando boa adapta-
ção. Entretanto, como uma espécie amazônica requer temperatu-
ra, umidade e luz suficientes, as condições ideais são as regiões
de clima quente e úmido, com temperatura média anual acima de
22°C e precipitação acima de 1700 mm/ano bem distribuídos.
Estresse hídrico acentuado e prolongado causa redução no cres-
cimento das plantas e seca precoce das folhas, com queda na
produção de palmito.
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A pupunheira não tolera geadas, desde a fase de vivei-
ro até completar um ano de campo. Devem-se evitar áreas com
ventos fortes, pois o sistema radicular das plantas é muito super-
ficial, correndo-se o risco de tombamento de plantas. Altitudes
acima de 850 m normalmente apresentam temperaturas noturnas
mais baixas, prejudicando a exploração desta cultura.
3.2 Solos
Os solos preferenciais são os arenosos ou areno-
argilosos, ou seja, leves e bem drenados, pois a pupunheira não
tolera solos encharcados. O cultivo da pupunheira vem tendo
bom comportamento em solos ácidos e de baixa fertilidade, mas
tecnicamente é aconselhável que esses sejam corrigidos e adu-
bados adequadamente.
Quanto à topografia, deve-se preferir áreas planas ou
levemente onduladas, o que facilita o plantio, manejo, colheita e
transporte do palmito.
4 Propagação
A propagação pode ser feita por sementes ou por bro-
tações (perfilhos, filhos ou filhotes) que surgem espontaneamen-
18
te na base do caule da planta-mãe. Este método é trabalhoso e o
número de mudas obtido é pequeno.
4.1 Obtenção de Sementes
As sementes devem ser retiradas de frutos maduros
mas não em estádio avançado de maturação, pois sua polpa
propicia o desenvolvimento de fungos que prejudicam a germina-
ção. Deve-se retirar frutos de plantas matrizes sadias, vigorosas
e com muitos perfilhos. Os frutos são lavados e imersos em água
por 36 a 72 h, trocando-se a água a cada 24 h para evitar fer-
mentação excessiva. Após raspá-los em superfície áspera (pe-
neira grossa), retira-se o resto da polpa e, em seguida, tratam-se
as sementes com solução de hipoclorito de sódio de 1 a 1,5% ou
água sanitária a 50% por 10 a 15 minutos. As sementes devem
secar à sombra por 24 h, antes de serem colocadas para germi-
nar.
As sementes podem ser ainda adquiridas de fornecedo-
res idôneos que garantam sua procedência. Devem ser semea-
das logo após o recebimento, pois, com a armazenagem, perdem
rapidamente sua viabilidade. Caso seja necessário o armazena-
mento durante alguns dias, recomenda-se não abrir os sacos de
ráfia utilizados para o transporte das sementes, mantendo-os em
19
ambiente fresco e úmido, molhando-os superficialmente em dias
alternados.
4.2. Semeadura e Germinação
Para a semeadura de sementes adquiridas, é recomen-
dado primeiramente mergulhá-las em um tanque com água em
abundância. Por essa prática simples, o produtor já tem uma i-
déia da qualidade das sementes que adquiriu, pois aquelas que
sobrenadam são sementes velhas ou danificadas mecanicamen-
te e, via de regra, não germinam. Caso a porcentagem dessas
sementes seja muito alta, recomenda-se contactar o fornecedor e
exigir a troca das sementes ou a devolução do capital. Em segui-
da, as sementes são tratadas por imersão em uma solução de
água sanitária.
O período de germinação das sementes de pupunheira
é longo e irregular e, por isso, não devem ser semeadas direta-
mente nos saquinhos. A escolha do sistema mais adequado para
a semeadura das sementes será função da quantidade de mudas
a serem formadas, das condições locais e do material disponível.
O sistema tradicional utiliza canteiros com 1 m de largu-
ra, 15 a 20 cm de altura e comprimento variável, de acordo com
o volume de sementes. O substrato mais adequado é a serragem
20
curtida que, apesar de requerer irrigações mais freqüentes, per-
mite uma melhor repicagem. A serragem retém água apenas su-
perficialmente e, por isso, no enchimento do canteiro, deve-se
molhar fartamente camadas finas de serragem, até completar-se
20 cm de altura. Pode-se utilizar também um leito de areia ou
terra arenosa ou ainda uma mistura de terra, areia e esterco cur-
tido.
A semeadura é feita espalhando-se cerca de 3 kg de
sementes/m2 de leito da sementeira, a lanço ou em sulcos espa-
çados de 5 cm. As sementes podem ficar próximas umas das
outras, mas não devem se encostar ou sobrepor. Em seguida,
são cobertas com 3 a 5 cm de serragem curtida ou uma mistura
de terra e serragem. Nas regiões de clima mais ameno, com me-
nor temperatura e luminosidade, a sementeira pode ser conduzi-
da a pleno sol. Em regiões mais quentes e com alta luminosida-
de, recomenda-se conduzir a sementeira e o viveiro com som-
breamento de aproximadamente 30 a 50%, que poderá ser feito
com palhas de palmeiras nativas, ripas, tela de sombrite ou qual-
quer outro material disponível.
O controle da umidade dos canteiros deve ser criterioso.
As regas devem ser periódicas, pois não pode faltar água e o
excesso promove o desenvolvimento de fungos que causam o
apodrecimento das sementes. A germinação ocorre entre 30 a
120 dias, devendo-se descartar as plântulas que germinarem
21
após esse período. A porcentagem média de germinação é de 70
a 80 %.
Para a produção de mudas em larga escala, Haack
(1988) descreveu um método prático para promover a germina-
ção de sementes de pupunheira de forma rápida e segura, por
meio do qual pode-se obter 95% de germinação num período de
20 a 30 dias. O método consiste em lavar as sementes e tratá-las
com fungicidas à base de Benomyl, Oxicloreto de Cobre ou água
sanitária. Após o tratamento as sementes não precisam secar,
apenas escorrer antes de serem colocadas sobre uma superfície
lisa, firme e ensolarada pela manhã. Essa superfície deverá estar
forrada com uma lona plástica, de polietileno transparente, bem
esticada, de forma a evitar-se irregularidades no plástico. As se-
mentes são espalhadas numa única camada, em apenas metade
do comprimento da lona, deixando uma borda de 20 cm nos ou-
tros três lados. Regar as sementes com água para deixá-las bem
molhadas, porém sem ter água empossada na lona. Dobrar a
metade vazia da lona sobre as sementes. As bordas também são
dobradas e fixadas com pesos, visando vedar os lados e fechar o
ambiente externo. Por cima desse conjunto coloca-se uma se-
gunda lona plástica, porém de polietileno preto, dessa vez de
forma irregular, sem pressioná-la, deixando uma bolsa de ar en-
tre os dois plásticos. Após 12 dias abre-se a bolsa para verificar a
umidade e germinação. As sementes germinadas são retiradas e
repicadas para sacos plásticos previamente preparados no vivei-
22
ro. Reumedecer as sementes e fechar novamente a bolsa. Repe-
tir esta operação aos 15, 18, 21, 24, 27 e 30 dias, não esquecen-
do de reumedecer a bolsa cada vez que voltar a fechá-la.
Quando o número de mudas a serem formadas for pe-
queno, pode-se utilizar sacos de plástico transparente com capa-
cidade para 3 kg, sem substrato no interior. De posse das se-
mentes tratadas e escorridas por 30 minutos, coloca-se um quilo
de sementes em dois sacos de plástico transparente, sendo um
dentro do outro. Retira-se o ar e amarra-se com barbante. Após a
arrumação homogênea das sementes dentro dos sacos, estes
são dispostos na horizontal sobre superfície lisa, em local que
receba apenas a insolação da manhã. Diariamente, viram-se os
sacos, visando a distribuir a umidade interna, que é o principal
fator a ser controlado, pois não pode ser excessiva nem deficitá-
ria. Uma maneira prática para verificar se o teor de umidade está
correto é observar a formação de gotas de água na parte superi-
or do plástico, antes de virá-lo diariamente. Se não houver essas
gotas, deve-se abrir os sacos, borrifar água e fechá-los novamen-
te. Entretanto, se for observado escorrimento de gotas de água
até a face inferior dos sacos, deve-se abri-los para evaporar um
pouco de água. Caso apareçam sementes com proliferação de
fungos, recomenda-se retirá-las com cuidado para evitar a dis-
seminação, lavá-las em água corrente e colocá-las em sacos se-
parados. As sementes germinadas são retiradas e transferidas
para saquinhos com substrato, sob sombreamento.
23
4.3 Repicagem
Repicagem é a operação de transplantio da muda da
sementeira para sacos plásticos. A repicagem deve ser realizada
quando a parte aérea possuir no mínimo 2 cm e no máximo 2
folhas (Figura 4). É importante não atrasar muito a repicagem, o
que pode causar estresse para as plântulas que, se deixadas por
muito tempo na sementeira, terão o sistema radicular muito de-
senvolvido, prejudicando e reduzindo o pegamento.
As operações de peneiramento e enchimento dos sa-
quinhos são relativamente demoradas, exigindo-se mão-de-obra
eficiente. Recomenda-se o planejamento de um cronograma de
atividades, de forma que, por ocasião da repicagem, os sacos já
estejam devidamente cheios e encanteirados.
Deve-se fazer a seleção das mudas considerando a
presença de espinho e o vigor vegetativo, e colocá-las em cantei-
ros mais homogêneos. Assim, mudas mais desenvolvidas serão
encanteiradas separadamente das menos desenvolvidas. As
mudas que apresentarem espinho também deverão ser agrupa-
das separadamente daquelas sem espinho.
Recomenda-se uma farta irrigação antes da retirada da
muda da sementeira, visando a reduzir a quebra das raízes. De-
24
ve-se dar preferência aos dias mais nublados e sem ventos para
efetuar-se a repicagem.
A utilização de um chucho pressionado verticalmente
sobre a superfície do substrato do saquinho abre o espaço ne-
cessário para o recebimento da muda. A semente deve perma-
necer ligada à muda, e ser coberta por 2 cm de substrato, fican-
do exposta somente a parte aérea. Efetuar uma boa irrigação
logo após a repicagem para retirar o ar nas proximidades das
raízes. Os sacos devem ser de plástico, preto, perfurados e san-
fonados, com dimensões entre 12 a 15 cm de diâmetro e 20 a 25
cm de altura.
A muda também pode ser formada em tubete tipo jum-
bo, de 300 a 350 mL de volume, com ou sem adubo de liberação
lenta. Entretanto, a muda obtida nessas condições é inferior à
obtida em sacos plásticos, que tem desenvolvimento sempre
superior e menor porcentagem de replante.
O substrato mais adequado é terra de boa fertilidade,
peneirada e misturada a esterco de curral curtido ou outra fonte
de matéria orgânica (compostos, tortas, palha de café), numa
proporção de 3:1. Não é necessário utilizar nenhum tipo de adu-
bação química no substrato, mas a matéria orgânica é indispen-
sável, pois é fonte de macro e micronutrientes, além de ajudar na
formação do torrão.
25
Os sacos devem ser colocados em forma de canteiros
com 1 m de largura (10 a 12 sacos) e amparados nas laterais por
madeira, ripas, roletes ou arame liso.
A irrigação é um dos fatores mais importantes nessa fa-
se e deve ser suficiente mas sem exageros, pois o excesso de
água é extremamente prejudicial às mudas. No período seco,
recomendam-se regas diárias ou a cada dois dias.
4.4 Tratos Culturais no Viveiro
A partir da verificação do pegamento das mudas (7 a 10
dias após a repicagem), o produtor poderá iniciar um programa
de adubações nitrogenadas feitas quinzenalmente, regando 200
mudas com uma solução feita com 40 g de uréia dissolvidos em
20 L de água, seguida de irrigação com água pura.
Sessenta dias após a repicagem, recomenda-se utilizar
80 g de uréia + 180 g de superfosfato simples + 20 g de cloreto
de potássio + 20 g de sulfato de magnésio dissolvidos em 20 L
de água, a cada 15 dias. No terceiro mês de viveiro, acrescentar
à solução anterior 10 g de sulfato de cobre, 10 g de sulfato de
zinco e 5 g de ácido bórico. É importante irrigar as plantas logo
após cada adubação para evitar queimaduras nas folhas.
26
As ervas daninhas devem ser retiradas manualmente
visando a reduzir a competição por nutrientes e água. As irriga-
ções deverão ser freqüentes, evitando-se, porém, o encharca-
mento.
A praga mais importante que surge nessa etapa é uma
broca bem pequena, de difícil visualização, que corta o colo das
plântulas, matando-as. Deve-se controlá-la utilizando-se insetici-
das à base de Monocrotofós e Endosulfan. Formigas, gafanhotos
e ácaros também deverão ser controlados com iscas, inseticidas
e acaricidas específicos. Deve-se observar a presença de ratos
ou outros roedores nas imediações da sementeira e viveiro, pois
eles comem as sementes.
As doenças mais comuns, nem sempre presentes, são
a antracnose e a helmintosporiose. Essas doenças deverão ser
combatidas inicialmente pela redução da irrigação e fungicidas
cúpricos. Caso persistam, usar fungicidas à base de Benomyl
(250 g de benlate/200 L de água) e Mancozeb (1 kg de manza-
te/200 L de água) misturados e aplicados a cada 15 dias.
4.5 Seleção de Mudas
As mudas permanecerão no viveiro por oito a dez me-
ses. O transplantio deverá ser feito após estabilização do período
27
chuvoso, quando as mudas deverão apresentar 5 a 6 folhas e 20
a 30 cm de altura. No Esquema 1 é apresentado o fluxograma de
produção de mudas mostrando as épocas de seleção. Entretan-
to, antes do plantio, deve-se proceder a uma última seleção,
considerando as seguintes características:
» Ausência de espinhos no caule ou folhas.
» Maior diâmetro da base da planta (colo ou coleto) e maior
número de folhas vivas, pois estão relacionados diretamente
com a precocidade da planta e, portanto, com a produção de
palmito.
» Classes de tamanhos: mudas maiores deverão ser plantadas
em lotes separados das menores.
» Mal-formação e pigmentação (albinismo): mudas com essas
características deverão ser descartadas.
Esquema 1. Fluxograma de formação de mudas.
Plantas matrizes
↓ Frutos maduros/retirada da polpa (1ª seleção)
↓ Lavagem
↓ Imersão em água (2ª seleção)
↓ Retirada da polpa aderida (atrito)
↓ Tratamento (água sanitária)
↓ Secagem à sombra (1 dia)
↓
28
Germinador ↓
Repicagem (3ª seleção) ↓
Viveiro
Saco Plástico Tubete
Plantio (4ª seleção)
29
5 Plantio
Bovi (1998) não recomenda a cultura da pupunheira em
consórcio com culturas anuais ou perenes, pois pode-se diminuir
a quantidade de luz e prejudicar o sistema radicular em função
de capinas necessárias à outra cultura. Quando sombreada,
mesmo que levemente, a planta cresce em altura e não em diâ-
metro, além de florescer e frutificar pouco. Se o objetivo for a
produção de frutos/sementes, o consórcio pode ser feito desde
que as outras plantas não exijam capinas e não sombreiem a
pupunha.
A pupunheira é uma opção excelente para os sistemas
agroflorestais do pequeno produtor porque é extremamente rústi-
ca, oferece frutos com várias alternativas de uso, além do palmi-
to, e compõe o sistema agroflorestal de forma harmoniosa com
outras espécies de menor porte.
O plantio deverá ser realizado somente após a estabili-
zação do período chuvoso, em dias nublados e sem vento. Quan-
to mais cedo for realizado, maior será a precocidade do corte do
palmito. Caso o viveiro tenha sido conduzido sob sombreamento,
deve-se promover a aclimatação das mudas ao sol, pela retirada
gradativa da cobertura. Um mês antes do plantio em campo, as
mudas deverão estar totalmente a pleno sol, evitando-se, assim,
queimaduras nas folhas e morte de plantas.
30
Três dias antes do plantio deve-se suspender a irriga-
ção no viveiro. As mudas a serem utilizadas deverão ter de 8 a
10 meses de idade ou 20 cm de altura, 5 a 6 folhas e não possuí-
rem espinho no estipe (Figura 5). Deve-se proceder à seleção de
mudas quanto ao tamanho e plantá-las em lotes mais homogê-
neos (talhões). Não é recomendado plantar mudas de idades
diferentes numa mesma área, pois não alcançarão o tamanho
adequado para colheita ao mesmo tempo, e como as lavouras
são adensadas, o desenvolvimento das plantas menores só ocor-
rerá quando forem cortadas as plantas vizinhas.
É importante salientar que no primeiro ano no campo o
crescimento é lento, pois as plantas permanecem de 6 a 8 meses
formando o sistema radicular.
31
Figura 4. Plântulas no ponto de repicagem.
Figura 5. Mudas prontas para o plantio. 5.1 Preparo da Área
32
A escolha do local para plantio definitivo deve conside-
rar a declividade, sendo preferidos os terrenos planos ou com
ondulação suave, e próximos a uma fonte d’água para uma pos-
sível irrigação em épocas muito secas.
Em solos preferenciais, leves e bem drenados, uma a-
ração e uma gradagem normalmente são suficientes para um
bom preparo. Caso a estrutura do solo seja mais pesada ou este-
jam compactados em virtude de muitos anos de cultivos anterio-
res, recomenda-se maior atenção, pois o preparo tradicional tal-
vez não seja suficiente para permitir o desenvolvimento das raí-
zes da pupunha. Nesses casos, deve-se estudar a necessidade
de uma subsolagem. Deve-se lembrar que solos encharcados ou
sujeitos à encharcamento devem ser evitados, pois a cultura não
os tolera.
As covas devem ser abertas com dimensões entre 30 a
40 cm3. A muda deverá ficar de 1 a 3 cm abaixo do nível do ter-
reno original, evitando-se plantios superficiais. Por cauda da alta
densidade de plantas por hectare, recomenda-se o plantio em
sulco, deixando o plantio em covas para áreas que não permitam
o uso de máquinas.
A pupunheira não se desenvolve na presença de mato,
principalmente braquiária. Em áreas que possuam gramíneas ou
em pastagens antigas, recomenda-se um preparo com diversas
33
gradagens, rotação de cultura com alguma leguminosa (puerária,
feijão-de-porco, guandu) e herbicidas.
A pupunheira deve ser plantada a pleno sol, não reque-
rendo sombreamento nem no início de desenvolvimento.
5.2 Espaçamento
Os espaçamentos mais utilizados para produção de
palmito dependem da topografia da área, fertilidade do solo, dis-
posição da plantação, tipo de mecanização, manejo e outras
condições que a propriedade possa ter. Para solos férteis ou
bem adubados, recomenda-se o espaçamento 2 × 1 m (5000
plantas/ha) ou 1,5 × 1,5 m. Em solo pobre ou não adubado, re-
comenda-se 2,0 x 1,5 m (3330 plantas/ha). Para lavouras meca-
nizadas, recomenda-se o 3 × 1 m.
Se o objetivo for a produção de frutos, deve-se utilizar
espaçamentos bem maiores, uma vez que a pupunha atinge até
20 m de altura. Na Costa Rica, recomenda-se para solos pobres,
5 × 5 m (400 plantas/ha). Para solos férteis ou bem adubados, 6
× 6 m (278 plantas/ha) ou plantar em fileiras duplas de 4 × 4 × 8
m (416 plantas/ha).
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5.3 Calagem e Adubação
Os estudos sobre nutrição da pupunheira ainda não es-
tão totalmente concluídos, mas pode-se recomendar uma cala-
gem na área toda, de forma a elevar o pH para 5,0 a 5,5 e a sa-
turação de bases para 60%. Devem ser feitas análises de solo a
cada três anos, aplicando-se calcário sempre que a saturação de
bases for inferior a 50 %.
5.3.1 Adubação de Plantio
Caso haja disponibilidade, pode-se utilizar esterco de
curral curtido (5 a 20 t/ha ou 5 a 10 kg/cova), compostos ou tor-
tas. A adubação química é feita em função da fertilidade do solo
(Tabela 1). Utilizando adubos formulados, recomenda-se dividir
as doses em três vezes. Se optar por adubos simples, parcelar
apenas a uréia e o cloreto de potássio. O superfosfato simples
deve ser aplicado de uma só vez no plantio.
Tabela 1. Adubação de plantio, em g/planta, para pupunha em
função da fertilidade do solo.
Fertilidade do solo Adubo Baixa Média Alta 4-14-8 4-30-10 5-20-5
170 100 150
120 70 100
70 45 60
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U-SS-KCl (1) 10-160-20 10-110-10 10-80-0 (1) U: uréia SS: superfosfato simples KCl: cloreto de potássio
5.3.2 Adubação de Produção
A adubação de produção deverá ser realizada todos os
anos a partir do primeiro ano após o plantio, considerando-se
além dos níveis de fertilidade, a produtividade esperada.
A adubação com nitrogênio e potássio deve ser efetua-
da da mesma forma como o recomendado para adubação de
plantio na área correspondente à projeção da copa.
Se o plantio for irrigado, é conveniente o fracionamento
durante todo o ano. É uma prática que exige gasto com
mão-de- obra, mas que se justifica pelo crescimento contínuo da
planta ao longo do ano, atingindo-se o ponto de corte mais rapi-
damente.
Recomenda-se aplicar 0,2 a 0,4 g/planta de boro (2 a 4
g/planta de bórax) todos os anos junto com a primeira aplicação
dos adubos de produção.
A Tabela 2 apresenta recomendações de adubação,
considerando-se uma produtividade média de 2 a 3 t/ha.
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Tabela 2. Adubação de produção para pupunha, em g/planta, em
função da fertilidade do solo.
Fertilidade do solo
Adubo Baixa Média Alta 20-5-20 20-5-15
U-SS-KCl (1)
210 240
100-70-60
160 180
100-35-35
120 140
100-0-15 (1) U: uréia SS: superfosfato simples KCl: cloreto de potássio
5.4 Tratos Culturais
5.4.1 Controle de Invasoras
O trato cultural mais importante e delicado é o controle
do mato. Em função do sistema radicular da pupunheira ser su-
perficial, a competição com outras plantas é muito grande. A ca-
pina tradicional não é recomendada, pois há corte das raízes e
depauperamento da planta. O uso de roçadeiras é limitado pelo
espaçamento reduzido. Dessa forma, resta a opção de roçadas
periódicas visando à eliminação do mato maior e a recomenda-
ção de manter-se a área sempre coberta por alguma espécie le-
guminosa não-trepadeira, como o amendoim-bravo ou rasteiro
(Arachis pintoi A. Krapovickas & W.C. Gregory), a centrosema ou
caupi. A leguminosa abafa o mato, protege o solo e fornece N
para a pupunheira. Após o primeiro ano de cultivo em campo, a
37
necessidade de controle do mato é menor devido ao sombrea-
mento que a própria cultura produz.
A aplicação de herbicidas ainda está sendo estudada.
Alguns agricultores tem usado Roundup a 0,75 % e 2,4-D a 0,30
% com sucesso. Aplica-se com 'chapéu de Napoleão' adaptado
ao pulverizador, usando-se 0,5 L/ha.
5.4.2 Pragas e Doenças
Há poucos relatos sobre pragas e doenças relevantes
para a pupunheira. Há citações de presença de ácaros e diversos
fungos nas folhas da pupunheira, porém sem causarem danos
significativos.
No campo pode ocorrer o ataque de um coleóptero
grande do gênero Rhyncophorus. O controle é feito através de
iscas feitas com tronco seccionado de bananeira, sobre o qual se
espalha uma mistura de melado de cana e inseticida específico.
Outro besouro que ataca a cultura é o Strategus aloeus Linn,
1658, que penetra na região do coleto formando galerias no esti-
pe. As lagartas das folhas em altas populações podem destruir
totalmente as folhas. Para o controle, pode-se utilizar produtos à
base de Bacilus thuringiensis ou defensivos químicos específicos
(Trichlorfon ou Piretróides).
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Os cupins subterrâneos também podem atacar plantas
mais novas, causando o amarelecimento generalizado e morte
da folha central.
Como principais doenças, incluem-se a antracnose
(causada por fungo do gênero Colletotrichum) e a helmintospori-
ose (causado por Helminthosporium sp), que devem ser controla-
das a partir da formação de mudas no viveiro e no início da flora-
ção com produtos à base de cobre. Outros produtos poderão ser
usados como mancozeb, benomyl, chlorotalonil, ziran, chlorota-
lonil + tiofanato metílico.
5.4.3 Manejo de Perfilhos
Não se recomenda manejo de perfilhos em função da
falta de informações sobre o assunto, exigência de mão-de-obra
habilitada (para não danificar a planta) e transmissão de doen-
ças. Acredita-se que cada planta estabelece sua própria dinâmi-
ca de crescimento, não havendo necessidade de desbaste de
perfilhos. Entretanto, o excesso de perfilhos (mais que 8) pode
prejudicar o desenvolvimento da planta-mãe, e caso resolva-se
pelo desbaste, recomenda-se que, por ocasião da colheita da
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planta-mãe, eliminem-se os mais fracos, deformados e mal loca-
lizados deixando-se 4 a 6 perfilhos, com mais de 25 a 30 cm de
altura e bem distribuídos na touceira.
Quando o objetivo é a produção de frutos ou sementes,
o manejo de perfilhos não é feito. Deixa-se a planta crescer sem
desbaste, cortando-se eventualmente alguns estipes em excesso
e utilizando-os para produção de palmito.
6 Colheita
O clima, fertilidade do solo, adubação e espaçamento
irão determinar o início da colheita do palmito de pupunha. De
uma maneira geral, a colheita ocorre entre 18 e 36 meses após o
plantio em campo.
Por ocasião do primeiro corte, nota-se freqüentemente
o formato cônico tanto do estipe quanto do palmito. Essa ocor-
rência é normal e tende a desaparecer com os cortes
subseqüentes, pois os perfilhos apresentam-se com o formato
mais cilíndrico. O primeiro corte é o menos produtivo.
A produtividade esperada é de 1500 a 1700 kg de pal-
mito inteiro/ha e 2500 kg de picadinho e rodelas/ha. De acordo
40
com o diâmetro desejado para o palmito, efetua-se de 1 a 3 cor-
tes/planta/ano.
Estarão prontas para serem colhidas as plantas que
possuírem diâmetro entre 7 e 9 cm, medido a 80 cm do solo, o
que garante palmitos com o diâmetro ideal (2,5 cm). Estipes mais
grossos normalmente possuem palmitos também mais grossos, o
que dificulta o envasamento do palmito inteiro em vidros peque-
nos, mas não causam problema quando utilizam-se embalagens
destinadas à comercialização no atacado ou quando o palmito for
cortado em rodelas ou picadinho.
A colheita deve ser feita por pessoal treinado, visando
principalmente a não danificar os perfilhos e a aumentar o rendi-
mento. Primeiramente efetua-se um corte abaixo da terceira folha
aberta, contando-se de cima para baixo e retirando-se a copa da
pupunheira. Em seguida, mede-se 70 cm abaixo do ponto corta-
do, secionando-se pela segunda vez, obtendo-se o tolete. Des-
casca-se então o palmito, deixando-se as duas últimas bainhas.
Os toletes devem ser arrumados em feixes e levados à fábrica. O
intervalo entre a colheita do palmito e o seu processamento deve
ser o mais curto possível, sendo o armazenamento feito em local
fresco, seco e arejado.
O resíduo do corte deve, de preferência, permanecer no
próprio local, cobrindo o solo das entrelinhas. Esse material irá se
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decompor naturalmente, protegendo o solo do sol e chuva diretos
e devolvendo os nutrientes para os perfilhos.
A colheita deve ser escalonada com base no diâmetro
da planta (entre 10 e 14 cm, a 50 cm de altura). Em condições
normais, plantas em primeiro corte alcançam esse diâmetro
quando a haste principal está entre 160 a 180 cm. Nos cortes
subseqüentes, o diâmetro de corte será alcançado quando a has-
te do perfilho a ser colhido tiver de 180 a 210 cm de altura. A pe-
riodicidade de colheita por planta é variável, e em nossas condi-
ções e para o tipo de palmito de maior aceitação (acima de 2,5
cm de diâmetro), corta-se um palmito na mesma touceira a cada
8 meses.
7 Custo de Produção
Pela Tabela 3 pode-se verificar o custo de produção pa-
ra pupunha cultivada em área mecanizável, em vários tipos de
solo e com 5 000 plantas por hectare. Considerou-se plantio com
mudas compradas. Os componentes de custo são estimativas
que devem ser ajustadas às condições específicas de cada
região.
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45
46
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hortalizas promisorios de la Amazonia. Lima: Tratado de Cooperacion Amazonica, p.216-226. 1996.
48
Conteúdo
49
1 Perfil da Cultura....................................................................... 05
2 Características da Planta......................................................... 10
3 Ecologia................................................................................... 16
4 Propagação ............................................................................. 18
5 Plantio...................................................................................... 29
6 Colheita .................................................................................. 39
7 Custo de Produção.................................................................. 42
8 Referências Bibliográficas ....................................................... 46