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INTRODUÇÃO
As recentes altas registradas na cotação do dólar passaram
a ligar o sinal de alerta nos agentes da economia brasileira, que,
segundo Castro e Ribeiro (2019) viram na última semana de Novembro
de 2019 a moeda americana bater relação de US$1,00 = R$4,27,
tratando-se de um recorde histórico desde a criação do Plano Real, em
1994. O presente artigo busca contextualizar o leitor a respeito do que
se relaciona ao quadro das principais questões que tangem a variação
da cotação do dólar, quais os tipos de dólar existentes e quais os
efeitos que podem ser gerados em diferentes cenários comumente
observados no cotidiano.
HISTÓRIA
Antes de entrar no mérito das cotações de uma moeda ou
outra, entenderemos o porquê de a moeda americana ser dotada de
tanto poder internacionalmente, a ponto de ser utilizada como padrão
para a economia mundial. Voltando brevemente ao século XX, segundo
Câmbio (2019), o mundo dos negócios internacionais sempre buscou
meios para facilitar transações entre países que possuíssem moedas
distintas. Houveram países determinando as proporções de valor de
sua moeda para outra de foram arbitrária e até o padrão-ouro como
meios para estes fins, porém, todos foram abandonados.
A busca então se firmou na escolha de uma taxa de câmbio
fixa para uma moeda forte que seria tomada como base para que
A cotação do dólar e as causas de suas variações
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outras moedas tivessem seu valor proporcionalmente determinado. A
escolha pela moeda americana então se deu após a segunda metade
do século, quando os Estados Unidos da América (EUA) se
encontravam em uma crescente exponencial de influência econômica
no mundo pela sua vitória na segunda guerra mundial. Com os países
europeus destruídos estrutural e economicamente, os EUA passaram a
emprestar dólares para estas nações por meio do Plano Marshall, fato
este que espalhou a moeda americana por toda Europa e aumentou
seu poderio de influência mundial.
TIPOS DE DÓLARES
Ao contrário do que é de conhecimento comum, segundo
Online (2018), existem três tipos diferentes de classificações de
dólares, variando entre si conforme a sua finalidade, uso e até
legalidade. Cada uma das categorias apresenta uma cotação própria,
sendo elas o dólar comercial, o dólar turismo e o dólar paralelo.
O dólar comercial possui sua cotação mais conhecida
popularmente. Trata-se da cotação dos fechamentos diários, sendo
apresentada nos jornais e programas de televisão com maior
frequência. Este está relacionado às cotações observadas nas bolsas
de valores e às transações realizadas no exterior entre empresas e
também pelo governo – pode-se entender como uma categoria mais
voltada a pessoas jurídicas. Seu valor atualmente ainda se encontra
entre os valores mais altos já registrados desde o início das novas
políticas de livre flutuação cambial que sucederam o Plano Real. De
acordo com Câmbio (2019), a cotação de hoje (04 de fevereiro de
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2020) está em R$4,25.
Passando à segunda categoria de classificação de divisa
(sinônimo de moeda estrangeira) americana, têm-se o dólar turismo.
Esta categoria é encontrada facilmente em casas de câmbio e sua
determinação se baseia na utilização – majoritariamente por pessoas
físicas – da moeda para viagens ao exterior, nas quais se fazem
operações de câmbio em espécie, e pagamento de fatura de cartão de
crédito internacional, quando é utilizado para compras também no
exterior. A cotação do dólar turismo costuma ser maior que a do dólar
comercial, e os economistas divergem nas diversas explicações para
este fenômeno.
Entre estas teses, têm-se o fato de que as casas de câmbio
precisam ter este dinheiro em espécie para atender seus clientes, o que
demanda custos como transporte da moeda, seguro de proteção, entre
outros custos operacionais e administrativos que são repassados ao
consumidor em forma de uma cotação mais elevada. Outra visão
discorre sobre a questão de o dólar comercial, por envolver transações
com grande volume financeiro, acaba tendo uma cotação mais modesta
afim de favorecer estas relações. A cotação varia de cidade para
cidade. Para São Paulo, no dia 04 de fevereiro de 2020, segundo
Câmbio (2019), a cotação encontra-se em R$4,43.
Existe também o dólar paralelo, que se trata do dólar
comercializado por agentes não autorizados, tendo uma cotação
diferente das demais e com um caráter ilegal. Pela questão da não
legalidade dita para esta cotação, não tivemos acesso à informação
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para tais valores. A figura 1 abaixo representa um gráfico com as
variações na cotação da moeda estadunidense em suas categorias
comercial e turismo durante o ano de 2019.
Figura 1: Variação na cotação do dólar comercial e dólar turismo durante o ano de
2019.
Fonte: (Adaptado de G1, 2020)
FATORES QUE INFLUENCIAM A COTAÇÃO DO DÓLAR
Inúmeros fatores têm o poder de influência sobre as
cotações do dólar, como cenário político e econômico interno, questões
geopolíticas externas, políticas cambiais, reservas cambiais, situação
econômica dos Estados Unidos e do mundo e as expectativas dos
agentes da economia. Entretanto, a norma econômica que volta a
aparecer com a ação de quase todos estes fatores é a lei da oferta e da
demanda. Vale ressaltar que, ao se tratar de economia, são incontáveis
os fatores que oscilam concomitantemente e que oferecem pressões
distintas para as diferentes variáveis econômicas. Assim, não é
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possível determinar que um fenômeno específico levará fatalmente à
um determinado fim, justamente pela existência das demais variáveis
que podem oferecer influências sobre os resultados. Serão
apresentadas as pressões que algumas variáveis oferecem.
O cenário político interno de um país pode ser atrelado ao
Risco País, um indicador, segundo Retorno (s.d.), criado pelo banco
americano JP Morgan que visa apresentar aos investidores uma
ferramenta que mede as possibilidades de crises de determinado país
no qual se pretende investir. Em casos de cenário político interno com
crises, como os problemas da população brasileira em relação ao
reconhecimento e aprovação dos governos. Essa situação já se
intensificava desde os protestos generalizados pelo país em 2013, e foi
principalmente agravada após o processo de impedimento da então
presidente Dilma Rousseff (em agosto de 2016). Esses são fatores que
podem afastar o capital estrangeiro do Brasil. Com a progressão deste
cenário no longo prazo, projeta-se uma fuga de divisas do país, o que
tende a levar ao aumento de suas cotações pela diminuição da oferta
desta circulando internamente.
Já no campo das questões geopolíticas externas, têm-se
dois grandes acontecimentos recentes que são ideias para exemplificar
a influência destes fatores: a guerra comercial iniciada entre Estados
Unidos e China e o recente ataque (também) dos Estados Unidos que
matou um importante general Iraniano. Os dois fatos supracitados têm
grande relevância para o assunto, principalmente pelos países neles
envolvidos: Estados Unidos (maior economia do mundo e país detentor
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do dólar), China (segunda maior economia do mundo e detentora de
um crescimento médio incrivelmente alto pelo menos desde 1992,
segundo BBC (2019) atingindo média de 10% ao ano) e Irã (localizado
em uma importante região de tensão no mundo, o Oriente médio, e
membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, ou
OPEP).
A primeira situação envolveu, segundo Trevizan (2019),
embargos comerciais impostos pelos norte-americanos aos chineses e
que foram respondidos da mesma forma como retaliação e gerou
grandes instabilidades no contexto do comércio internacional. Já a
segunda tensão foi fruto de um desentendimento vindo de muito tempo
entre os dois países e, de acordo com Almeida e Capetti (2020), já são
observados impactos na economia global, sobretudo a respeito do
preço dos barris de petróleo. Pelo fato desta mercadoria ser a base das
matrizes energéticas dominantes no mundo, as abrangências dos
impactos que podem vir a se materializar são incontáveis. As
influências na cotação do dólar podem vir pelos impactos nos preços
dos produtos mais relacionados ao petróleo, inicialmente. A
transformação destas tensões em confrontos armados pode ter
resultados catastróficos na economia mundial.
Quanto às políticas cambiais, Segundo Reis (2018), desde
1999 o Brasil adota o regime de câmbio flutuante, que consiste no
sistema de deixar o câmbio sujeito às oscilações de oferta e demanda
de divisas no mercado interno, bem como às transações entre os
agentes da economia que trabalham com esta moeda. As reservas
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cambiais consistem em uma reserva de divisas possuída pelo governo
brasileiro – representado pelo Banco Central - para controlar a
quantidade de dólares na economia, de modo a evitar variações
bruscas nas taxas cambiais. Esta se associa às políticas cambiais por
ser uma ferramenta utilizada pelo governo justamente para ter este
controle cambial, realizando operações de compra e venda de divisas
quando julgar necessário, afetando a economia de uma forma que se
assemelha às regras de livre flutuação de câmbio.
As taxas de juros básicas da economia identificadas no
País – que, de acordo com Quintino (2019), a chegou à mínima
histórica de 4,5% - bem como as taxas de inflação, também são fatores
econômicos que estão intrinsecamente ligados às taxas cambiais de
um país. De modo a exemplificar políticas cambiais focadas no controle
da cotação do dólar, têm-se a busca pela manutenção do real
desvalorizado em relação ao dólar justamente pela posição na qual o
Brasil se encontra frente ao mercado internacional, como país
exportador de commodities em relação à soja e ao minério de ferro. A
realização destas operações tem a finalidade de tornar negociações de
investidores externos para com produtores internos mais atrativas,
mantendo a saúde da balança comercial nacional e garantindo o fluxo
de mercadorias constantes e rentáveis aos agentes locais.
Mudando de questão para as expectativas dos agentes da
economia, nelas identificam-se um fator de extrema relevância para o
tema. Os membros atuantes da economia estão sempre focados em
seguir as regras do capitalismo, e a regra majoritária deste sistema de
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produção é conhecido mundialmente como lucro. Afim de garantirem
seus ganhos, ou diminuírem eventuais perdas, os agentes estão
constantemente fazendo planejamentos e projeções do futuro dos
países nos quais estes possuem capital aplicado. Assim, é comum que
em cenários que apresentem perspectivas futuras de perdas ou
ganhos, estes investidores estrangeiros apliquem mais capital ou retire
seu dinheiro de determinado país.
O fenômeno supracitado leva a variações na quantidade de divisas
dentro de um país, o que afeta a relação entre oferta e demanda local,
podendo desaguar em mudanças nas cotações do preço da compra
destas divisas. A exemplo destes efeitos, pode-se discorrer, de acordo
com Candiota (2019), sobre as declarações do atual Ministro da
Economia Paulo Guedes a respeito do câmbio. Com os dizeres “É bom
se acostumar com o câmbio alto por um bom tempo”, Guedes afetou
diretamente as expectativas dos agentes externos a respeito dos rumos
da economia brasileira.
Como último ponto relacionado às variações na cotação de dólares
dentro do país, está a situação econômica dos Estados Unidos da
América e do contexto da economia mundial. Imaginando uma possível
(porém, muito distante da realidade atual), crise na economia
americana semelhante à crise de 1929, haveriam impactos gigantescos
quanto ao valor da moeda estadunidense, afetando as taxas de câmbio
em todos os países do globo, sem entrar no mérito dos demais
resultados deste cenário hipotético. Isso vale para grandes oscilações
nas grandes economias do mundo, mesmo que estas não tenham o
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dólar americano como moeda oficial, como França,
Alemanha, Japão, Índia e China.
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Vitor LimaDiretor de negócios
Ciências Economicas
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ALMEIDA, Cássia; CAPETTI, Pedro. Tensão EUA-Irã deixa cenário
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63560379&loc_interest_ms=&loc_physical_ms=9074156&network=g&ta
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