A cor da devoção: Africanidade e religiosidade na cultura romeira no cariri
contemporâneo – a problemática da identidade racial
MARIA TELVIRA DA CONCEIÇÃO1
INGRID SÂMARA FÉLIX DOS SANTOS2
JADE LUIZA ANDRADE FERRAZ3
1. Os contextos e cenários da tradição romeira em Juazeiro do Norte contemporâneo4
A riqueza do campo religioso no Cariri cearense compõe-se de uma diversidade significativa
de expressões e práticas, entre as quais, as irmandades de penitentes (Carvalho, 2011), as renovações
(Souza, 2000), as festas em homenagem aos santos católicos, os terreiros de candomblé (Domingos,
2011), a devoção ao Pe. Cícero (Ramos, 1996, 2012), dentre outras. Nesse cenário, a cidade de
Juazeiro do Norte se constituiu ao longo do século XIX e XX como o principal centro desse amalgama
religioso.
Atualmente, estima-se que Juazeiro do Norte recebe, por ano, mais de dois milhões de
peregrinos. O ciclo das peregrinações que Juazeiro vivencia é composto de várias romarias: a Romaria
de Nossa senhora das Dores, padroeira da Cidade de Juazeiro do Norte, que tem seu auge entre os
dias 12 e 15 de setembro; a Romaria de Finados ou da Esperança, nos dias 1 e 2 de novembro; e
fechando o ciclo das grandes romarias, a de Nossa Senhora das Candeias, cujo auge é nos dias 1 e 2
de fevereiro.
Além dessas grandes romarias que atraem (cada uma) cerca de 300 mil romeiros a Juazeiro
do Norte, pode-se destacar também outros momentos que atraem milhares de peregrinos: Natal e
Festa de Reis (24 de dezembro a 06 de janeiro); São Sebastião (20 de janeiro); Nascimento do Padre
Cícero (24 de março); Morte / Passagem do Padre Cícero (20 de julho) e São Francisco (04 de
outubro).
1 Universidade Regional do Cariri/URCA. Doutora em História Social. Apoio PBI/Funcap
2 Universidade Regional do Cariri/URCA. Graduanda em Pedagogia. Bolsista;
3 Universidade Regional do Cariri/URCA. Graduanda em História. Bolsista;
4 Texto parcial do projeto A cor da Devoção: Africanidade e religiosidade na cultura romeira no Cariri contemporâneo,
aprovado pelo Edital Funcap 09/2015- BPI.
A tradição que se reinventa e consolida o que o historiador Regis Lopes (2012) denomina de
“território do sagrado” em Juazeiro do Norte no presente, é fruto de um processo de construção
histórico-social que remonta ao século XIX. Ou seja, a matriz dessa tradição romeira emergente no
final do referido século, em torno da figura do Padre Cícero Romão Baptista5, constitui sem dúvida
uma das maiores tradições religiosas de base católica no Brasil contemporâneo, por sua vez no
nordeste brasileiro.
A atuação política e religiosa do Padre Cícero no povoado de Juazeiro no contexto em questão
também encontra-se na base de um processo de crescimento material inquestionável6. O carisma do
religioso, sua atenção e dedicação aos alijados dos cuidados do Estado e sua atuação enquanto
conselheiro atraiam para o povoado do Joaseiro, pessoas das cidades e vilarejos vizinhos. Como
postula Luitigarde Oliveira Cavalcanti Barros (2008), “o Padre Cícero foi o padrinho de milhares de
sertanejos, ‘meu padrinho’ para milhões de nordestinos. Antes de tudo ele foi o sertanejo que viveu
os códigos de sua cultura, encarnou o protótipo, o modelo de padrinho protetor, reivindicando até a
interferência divina para sê-lo.” (Barros, 2008, p. 187).
No entanto, esse afluxo de pessoas seja na condição de migrante para os que vieram e ficaram
na cidade de Juazeiro ou no entorno, seja na condição de romeiro, mais do que dobrou a partir da
divulgação do milagre da hóstia7. Este talvez seja o ponto de corte mais polêmico em se tratando da
complexidade desta tradição romeira em Juazeiro do Norte.
5 Nesse contexto e sob a égide do Padre Cícero Romão Batista, o município de Juazeiro do Norte, completou, em 2011,
seu primeiro centenário de emancipação política. Antes de receber o nome de Juazeiro, o povoado, que pertencia ao
município de Crato, era chamado de Tabuleiro Grande. Seu marco inicial é o ano de 1827, quando foi iniciada a construção
da Capela de Nossa Senhora das Dores, padroeira do lugar. Em 1872, o povoado de Tabuleiro Grande, possuía cerca de
20 casas de taipa e servia como rancho para os viajantes e transportadores de gado. Em 11 de abril desse ano, o Padre
Cícero, que visitara o lugarejo no natal do ano anterior, fixou residência no povoado, acompanhado de sua mãe, suas duas
irmãs e uma criada. A motivação para essa decisão, segundo o próprio Padre Cícero, foi um sonho no qual Jesus
encontrava-se reunido com os doze apóstolos. Enquanto Jesus conversava com seus apóstolos, uma multidão de pessoas,
pobres, famintas e esfarrapadas, adentra ao local. Jesus então se vira para o jovem padre e diz: “E você, Padre Cícero,
tome conta deles”.
6 Ao longo desses 104 anos de existência autônoma Juazeiro do Norte cresceu de forma vertiginosa contando, atualmente,
com cerca de 250 mil habitantes, sendo a maior cidade do interior cearense. Sua economia é pujante e tem cada vez mais
se diversificado, destacando-se o comércio, atacado e varejista, e a indústria (calçados, refrigerantes, alumínio, alimentos,
confecções, moveis, joias e folheados). Juazeiro é reconhecido também como um grande polo de ensino superior: são
cerca de 40 cursos ofertados em diversas instituições acadêmicas e distribuídos nas diversas áreas do conhecimento.
Possui ainda uma ativa vida cultural, com cinemas, teatros, centros culturais e, sobretudo, uma rica cultura popular
tradicional com grupos de reisados, bandas cabaçais e folguedos diversos.
7 Sobre o processo e suas tensões com a Igreja local e de Roma em torno do milagre da hóstia, ver a tese de Edianne dos
Santos Nobre, Incêndios da alma: A beata Maria de Araújo e a experiência mística no Brasil dos oitocentos. Programa
de História Social-UFRJ, 2014.
Em primeiro de março de 1889, um fato incomum transformou a rotina da pacata povoação,
bem como a trajetória da vida do Padre Cícero Romão Batista e da Beata Maria de Araújo. Naquela
data, ao participar de uma comunhão geral, oficiada pelo Padre Cícero, na capela de Nossa Senhora
das Dores, a Beata, ao receber a hóstia consagrada, não pôde degluti-la, pois a mesma transformara-
se em sangue. Embora, o Padre Cícero tenha procurado evitar a divulgação do fato, a notícia logo se
espalhou pelos demais municípios do Cariri e dos estados vizinhos de Pernambuco, Piauí e Paraíba.
Todos queriam conhecer o Padre Cícero8 e o suposto milagre da hóstia.
O fenômeno, que se repetiu outras vezes, marcou profundamente a religiosidade popular não
só na vila do Joaseiro, mas em todo o Nordeste brasileiro. O fato, no entanto, foi condenado pela
autoridade maior da Igreja Católica no Ceará, o bispo Dom Joaquim José Vieira.
A fé do povo no que se convencionou chamar de “milagre da hóstia”9 e sua tenaz resistência
às sucessivas condenações da hierarquia da Igreja Católica, se alastrou pelo nordeste inteiro,
transformando a cidade de Juazeiro do Norte num dos maiores centros de romarias do país e, portanto,
um grande centro de religiosidade popular, para onde convergem, anualmente, cerca de dois milhões
de romeiros. São devotos que vêm renovar sua fé e esperança em dias melhores e buscar conforto
junto ao Padrinho Cícero e à Mãe das Dores.10
Dentro desse cenário, profundamente marcado pela dimensão religiosa, sob a alcunha do
catolicismo popular, onde se entrelaçam, dialogam e se produz confluências, geográficas, históricas
e culturais, certamente confluem performances identitárias e percepções sociais. Entre as quais,
aquelas que carregam e se configuram a partir de substratos étnico-raciais. Neste sentido, a cultura
romeira tão expressiva e efervescente neste espaço geopolítico que é o Juazeiro do Norte, capaz que
8 Embora perseguidos pela Igreja, Padre Cícero e o povoado continuaram atraindo milhares de devotos e romeiros. Muitos
desses começaram a fixar moradia no lugar, que no início do século passado, já contava com quase cinquenta mil
habitantes, rivalizando com a sede do município de Crato. Essa situação incomodava os habitantes de Juazeiro que viam
suas riquezas sendo drenadas para o Crato sem receber nada em troca. Tem início então o movimento pela autonomia do
povoado. Em 1909, é fundado pelo Padre Alencar Peixoto o jornal “O Rebate”, que passa a ser o porta voz do movimento
emancipacionista. Com o apoio do Padre Cícero e do médico Floro Bartolomeu, o movimento ganha corpo e em 22 de
julho de 1911 é assinada a Lei de nº 1028, elevando o povoado à categoria de Vila e sede do novo município, denominado
então de Joaseiro. Em 4 de outubro do mesmo ano, a Vila de Joaseiro foi instalada oficialmente e o Padre Cícero
empossado como seu primeiro prefeito, à época Intendente.
9 Dom Joaquim realizara estudos sobre o fenômeno. A primeira comissão chegou à conclusão de que não havia explicação
natural para o fato. Insatisfeito, o bispo formou nova comissão tendo esta chegado à conclusão de que a transformação da
hóstia em sangue era uma farsa. Pensava-se, com este veredicto, dar por encerrada toda a questão referente aos “factos
extraordinários do Joaseiro”. O que ocorreu, entretanto, foi exatamente o contrário: Juazeiro passou a atrair, cada vez
mais, fiéis e devotos de todo o nordeste brasileiro que buscavam conselhos e consolo junto ao Padre Cícero. 10 Autores consultados: Ralph Della Cava. Milagre em Joaseiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976. Daniel Walker. Padre
Cícero e Juazeiro do Norte. Juazeiro do Norte: PMJN, 2009.
tem sido de reunir um contingente de sujeitos e camadas sociais tão diversificadas em um só território
simbólico, se apresenta para esta proposta de pesquisa como um campo privilegiado de indagações e
reflexões sobre a problemática afro-brasileira contemporânea.
Como terreno de inquietações, diríamos que no intrincado topo dessas confluências, que é a
cultura romeira no Cariri Cearense, certamente se movimenta performances cujo substrato é étnico-
racial. Mas em que medida essa performance se dá? Qual é a dimensão do substrato afro-brasileiro
imiscuído nessa tradição? Em que medida há uma percepção social acerca da presença dos afro-
brasileiros e de elementos das suas pertenças identitárias e culturais nas configurações contemporânea
da cultura romeira em questão? Em que medida esses elementos permeiam essa tradição religioso-
cultural inegavelmente tão marcante nesta região?
Com base nestas preocupações é que nasceu a proposta desta pesquisa, cujo principal pleito
é adentrar nessa tradição histórica, que são as romarias devocionais ao Pe. Cícero em Juazeiro do
Norte.
As atividades de campo da pesquisa A cor da devoção: africanidade e Religiosidade na
cultura romeira contemporânea, tiveram início no mês de junho de 2016. Os primeiros passos,
conforme cronograma previamente aprovado juntamente com o projeto, voltaram-se para a seleção e
preparação técnica dos bolsistas, leitura e discussão do projeto. Concretizada essa etapa, começou-se
as reuniões de formação teórica dos bolsistas, levando em conta os propósitos do estudo, e demandas
que foram pautadas nas discussões de textos, artigos e livros. Nesta etapa também foram realizadas
várias reuniões de formação com a participação dos colaboradores da pesquisa11.
O reconhecimento do campo da pesquisa. A interação com qualquer campo de investigação
exige, no contexto de uma pesquisa científica, a identificação prévia da dimensão deste campo, e a
proposição de procedimentos metodológicos. Esta por assim dizer, constituiu uma das principais
etapas da investigação, a qual se seguiu as etapas já mencionadas.
Tendo em vista a natureza da pesquisa, levamos em conta a importância de uma metodologia
que transite entre a pesquisa social e histórica, com enfoques e acento no aspecto cultural e étnico.
Isto implica respeitar as orientações da pesquisa com procedimentos orais (Amado, 1998), guardando
as devidas peculiaridades da pesquisa com oralidades e/ou dentro desta perspectiva (Connerton,
1993), Lopes (2004), da História oral como metodologia. Neste caso, situamos nosso estudo dentro
11 Os colaboradores dessa pesquisa, são os professores doutores: Cícera Nunes/DE Urca, Darlan Reis Junior/DH Urca e
Nirlene Nepomuceno/CECAFRO/Puc/SP
da perspectiva da oralidade, posto que a imersão no universo das romarias tem como interlocutores
pessoas em sua maioria portadoras de um grande legado oral, olhando e falando das suas próprias
vivencias e percepções, do ponto de vista da devoção, seja do universo de pertencimento étnico.
Nesse sentido, os principais interlocutores do estudo são romeiros ou nesta condição auto-
identificados, em práticas de romarias em devoção ao Pe. Cícero, por ocasião das principais
festividades anuais ocorridas na cidade de Juazeiro do Norte.
No que respeita o trabalho com as fontes escritas, também importantes no conjunto da
investigação, o trabalho de coleta está sendo realizado nos seguintes arquivos: Departamento
Histórico Pe. Antônio Gomes, no Crato, e nos arquivos Pe. Cícero, dos Padres Salesianos, no Centro
de Psicologia da Religião, arquivos da Sala de informação dos romeiros; acervo digital da basílica de
nossa senhora das dores e do acervo digital da TV Verdes Mares.
Com relação os principais procedimentos metodológicos propostos no projeto e que estão
sendo utilizados na execução do estudo, foram até a presente etapa da pesquisa: Realização de
entrevista com os romeiros, por ocasião das festividades anuais; Coleta de depoimentos e relatos
autorizados pelos interlocutores; Captação de imagens visuais de atividades da romaria no cenário da
cidade de Juazeiro do Norte, bem como do acervo imagético que compõe a vida cotidiana local,
alusivo a estas práticas de romarias; Consulta de arquivos para coleta de fontes escritas alusivas as
atividades de romaria no recorte temporal do estudo; Transcrição dos registros orais; Organização de
um banco de imagens relacionadas às atividades de devoção, no período recortado para este estudo;
Sistematização do conjunto dos dados em diferentes modalidades: estatísticos, sobretudo no que
respeita o propósito de traçar um panorama acerca das percepções identitárias de cunho étnico-racial
dos romeiros; imagéticos, sobretudo através do trabalho com iconografias dessas práticas de devoção;
orais, através dos relatos de vivencias do sagrado conectados ou não com suas identidades étnico-
raciais; e escritos. E por último a construção de uma exposição audiovisual e a organização de um
acervo digital, a partir do material coletado e produzido pela pesquisa.
2. A problemática racial no âmbito da cultura romeira no Cariri cearense
O debate epistemológico sobre cultura pleiteado pelas ciências sociais constitui sem dúvida,
um universo dimensionado e complexo de problemáticas no tratamento da cultura como diversidade.
Conforme nos lembra Muniz Sodré (2005) acerca do levantamento de Kroeber. Este antropológico
catalogou mais de 150 definições do conceito de cultura. E isto, segundo Sodré, “só faz atestar a
natureza, ao mesmo tempo, movediça e tática, do conceito.
Cultura é uma dessas palavras metafóricas (como, por exemplo, liberdade) que
deslizam de um contexto para outro, com significações diversas. É justamente esse
‘passe livre’ conceitual que universaliza discursivamente o termo, fazendo de sua
significação social a classe de todos os significados. A partir dessa operação, cultura
passa a demarcar fronteiras, estabelecer categorias de pensamento, a justificar as
mais diversas ações e atitudes, a instaurar doutrinariamente e a se substancializar,
ocultando arbitrariedade histórica da sua invenção. É preciso não esquecer, assim,
que os instáveis significados de cultura atuam concretamente como instrumentos de
modernas relações de poder imbricadas na ordem tecno-econômica e nos regimes
políticos, e de tal maneira que o domínio dito ‘cultural’ pode ser hoje
sociologicamente avaliado como o mais dinâmico da civilização ocidental (Sodré,
2005 p. 8).
Como podemos observar, não são poucas nem simples de resolver e até de conduzir um debate
sobre o assunto. Portanto, as questões que o tema da diversidade cultural brasileira nos coloca, se
configuram com a mesma complexidade. Nesse sentido, a opção de trabalhar com a noção de cultura
nesta investigação, focará três recortes centrais: a diversidade cultural com viés na diversidade étnica,
especificamente trazendo o exemplo da experiência dos afro-brasileiros, as implicações epistêmicas
desse paradigma, e a dimensão da significação social que atravessa uma perspectiva étnica dentro do
universo cultural.
Mas, o que é o pensamento ocidental como matriz de interpretação e conhecimento na
produção desse olhar sócio-cultural? No primeiro momento creio que seja importante retomar aqui a
definição de Anibal Quijano (2005) sobre o eurocentrismo como elemento fundamental na
constituição do pensamento colonial:
eurocentrismo é, aqui, o nome de uma perspectiva de conhecimento cuja elaboração
sistemática começou na Europa Ocidental antes de meados do século XVII e que nos
séculos seguintes se tornou mundialmente hegemônica, percorrendo o mesmo fluxo
do domínio da Europa burguesa. (Quijano, 2005, p. 247).
Portanto, há um alcance geográfico além de um domínio epistemológico no eurocentrismo,
como perspectiva de conhecimento, representativo de um movimento histórico. E é este movimento
que se encontra na base da elaboração de um pensamento e de um saber que também se pretende
histórico e assim se define.
Neste sentido, afirma Ramón Grosfoguel (2005), “a epistemologia eurocêntrica e hegemônica
assume um ponto de vista auniversalista, natural e objetivo”. E, portanto compreender essa dimensão
epistemológica, no que diz respeito a elaboração das ciências sociais e de seus correlatos saberes,
torna-se uma condição imprescindível para pensarmos como se processou e materializou as
percepções acerca da cultura e das relações étnicas no âmbito desses saberes. E, é por sua vez, uma
chave de leitura fundamental para sua problematização. Mas qual é a contribuição que essa
perspectiva traz para pensarmos as questões em torno da diversidade étnica, como experiência
histórica?
Ora, entre outras questões que não podemos perder de vista no enfrentamento dessa discussão,
está sem dúvida a questão da dominação. A dominação está na base de uma trágica experiência que
moldou um conjunto de percepções sobre esses sujeitos nas Américas, no Brasil. E talvez o mais
trágico dessa experiência seja o seu princípio, a unicidade.
A unicidade, segundo Glissant “está no princípio das dominações” (Glissant, 2005, p. 127).
Essa é condição histórica na qual se construíram as percepções sobre a cultura do negro, naquilo que
o autor denomina de culturas atávicas, conforme afirma,
Esse é um dos fundamentos da expansão colonial que surge estreitamente atada à
idéia de universal, ou seja, associada antes de tudo à legitimação generalizada de um
absoluto que, primeiramente, fundamentava-se sobre um particular eleito. Assim,
compreendemos por que é importante que o mito fundador se fundamente em uma
Gênese e contenha dois motores, a filiação e a legitimidade, que garantem a força e
supõem o objetivo do mito: a legitimação universal da presença da comunidade.
(Glissant, 2005, p. 75).
Além desse aspecto, é preciso recuperar nesse processo, a perspectiva do estado de natureza,
constitutiva desse pensamento ocidental. Pois como afirma Quijano, esse “mito fundacional da versão
eurocêntrica da modernidade como estado de natureza como ponto de partida do curso civilizatório
da Europa” (p.248) associado a “classificação racial da população do mundo”, demarcam uma
condição histórica para o tratamento, e para o estabelecimento das relações e das percepções sobre a
alteridade.
Como podemos observar, não são poucas nem simples de resolver e até de conduzir um debate
sobre o assunto. Portanto, as questões que o tema da diversidade cultural brasileira nos coloca, se
configuram com a mesma complexidade. Nesse sentido, a opção de trabalhar com a noção de cultura
nesta investigação, focará três recortes centrais: a diversidade cultural com viés na diversidade étnica,
especificamente trazendo o exemplo da experiência dos afro-brasileiros, as implicações epistêmicas
desse paradigma, e a dimensão da significação social que atravessa uma perspectiva étnica dentro do
universo cultural.
Somente nessa perspectiva é que podemos entender a concepção de cultura de Muniz Sodré
ao problematizar sobre a cultura negra no Brasil nesse processo de construção das relações étnicas.
Lendo na contramão, o autor vai afirmar que, “cultura designará o modo de relacionamento como o
real, com a possibilidade de esvaziar paradigmas de estabilidade do sentido, de abolir a
universalização das verdades, de indeterminar, insinuando novas regras para o jogo humano” (Sodré,
2005 p. 10).
Outro conceito central para o entendimento da problemática postulada por esta investigação é
o de identidade. No contexto brasileiro, a questão da identidade, em particular no aspecto étnico,
demarca um campo atravessado por ambiguidades e ideologias. Sobretudo em razão da sua
associação com o processo de instauração do Estado-Nação, e de um processo ideológico de
construção da mestiçagem como mecanismo de apagamento da identidade afro-brasileira e da
exaltação do discurso do branqueamento, conforme defende Munanga, (1999).
A mestiçagem tanto biológica quanto cultural teria entre outras conseqüências a
destruição da identidade racial étnica dos grupos dominados, ou seja, o etnocídio.
Por isso, a mestiçagem como etapa transitória no processo de branqueamento,
constitui peça central da ideologia racial brasileira (Munanga, 1999, p. 110).
O campo identitário, como denomina Sodré (2000), culminante da alteridade cultural em
termos de Nação, etnia ou religião, tem concorrido no Brasil, segundo o autor, para um complexo
processo de construção da alteridade. Dentro desse processo que fomentou as alteridades, me parece
que pautar o reconhecimento das identidades afro-brasileiras, suas percepções e demarcações, requer
compreender também a diversidade desses territórios e de suas dimensões: epistêmicas, simbólicas,
materiais.
O território da religiosidade é certamente um deles. Mesmo quando se trata de um território
ambivalente, como é o caso da religiosidade de matriz católica, pois, como sabemos, historicamente
foi um campo de disputas e resistência por parte dos seguidores da religiosidade afro-brasileira, bem
como um instrumento de construção de alteridades. Nesse sentido, o território da religiosidade
também se apresenta como um lugar de desconstrução, ou como chama atenção Sodré (2005) “de
esvaziamento de paradigmas”, por isto mesmo, de múltiplas perspectivas para adentrar na
problemática afro-brasileira contemporânea.
Porém, transitar por este “território sagrado” (Ramos, 2012) e ao mesmo tempo amalgamado,
certamente não será da mesma forma e nem sob as mesmas performances. Como pensar esse trânsito
em se tratando das africanidades, se entendermos o termo como na definição de Petronilha Gonçalves
(2011),
a expressão africanidades brasileiras refere-se às raízes da cultura brasileira que têm
origem africana. Dizendo de outra forma, queremos nos reportar ao modo de ser, de
viver, de organizar suas lutas, próprio dos negros brasileiros e, de outro lado, às marcas da cultura africana que, independentemente da origem étnica de cada
brasileiro, fazem parte do seu dia-a-dia (Gonçalves e Silva, 2003, p. 26).
Deste ponto de vista, entendo que um dos principais aspectos para problematizar a questão
racial na sociedade brasileira é a performance do reconhecimento e do pertencimento racial que no
primeiro plano seria individual, porém, nunca individualizado, sobretudo porque este reconhecimento
será sempre o resultado de artifícios e de processos sociais, culturais, políticos, cognitivos e
epistêmicos, que reverberam no coletivo. E um coletivo racial no Brasil, tem a soma de 56,3% de
brasileiros que se auto-declaram pardos e pretos, segundo o último PNAD/2015. Já com um ligeiro
aumento em relação a contagem do último censo do IBGE realizado em 2010, que era de 50.7%.
Portanto, trata-se numericamente de um coletivo significativamente expressivo. Porém em se tratando
desse contingente na tradição romeira no Juazeiro do Norte, como se configura esse grupo racial?
2.1. A questão da auto-identificação racial: romeiros, devotos e também negros
O contingente de romeiros em Juazeiro do Norte, como já mencionado anteriormente, é tão
impressionante como tem sido o silencio em torno da cor/pertencimento racial desses protagonistas
nos meandros dessa tradição. Mesmo como tema e objeto de pesquisa no tocante as romarias12.
Como os dados são parciais, tomarei como base a amostra que realizamos na romaria de
setembro/2016, a partir dos dados produzidos pela sala de informação do Romeiro. De acordo com o
referido levantamento do ano de 2015, referência base para as amostras estatísticas que estamos
tomando como base, conforme gráfico subsequente:
12 A pesquisa a A cor da devoção, será a primeira tratando da problemática racial no contexto das práticas de romaria no
Cariri cearense, em particular no Juazeiro do Norte. Ainda que haja um conjunto de pesquisas significativas, incluindo
teses e dissertações sobre esse campo de devoção romeira no Cariri, assim como algumas pesquisas sobre temáticas que
perpassam o universo afro-brasileiro no Cariri, em particular tratando de aspectos educacionais, culturais e históricos.
Gráfico 01: Contingente de romeiros na Romaria de N. S. das Dores – Juazeiro do Norte - 2015
Fonte: Dados da pesquisa A cor da devoção – setembro de 2016
Para este texto tomaremos como base apenas os dados levantados na Romaria de Nossa
Senhora das Dores, em 2016. Por ocasião da referida romaria tivemos a oportunidade de abordar 473
(quatrocentos e setenta e três) romeiros de um total de interlocutores 692 (seiscentos e noventa e dois)
entrevistados na nossa pesquisa até a presente etapa.
Podemos observar pelas informações coletadas através dos questionários e entrevistas, que o
perfil dos afro-brasileiros que se inserem na tradição da cultura romeira no Cariri cearense tem o
seguinte perfil: majoritariamente tem uma média de idade em torno de 40 a 69 anos, representando
um contingente de 52%, residentes em sua maioria na zona urbana, totalizando 60%, e 26% na zona
rural do nordeste. Assim como trata-se de uma tradição de feições marcadamente feminina já que
55% são mulheres.
Romariade NossaSenhora
das Dores(12 a 15
deSetembro
)
Romariade
Finadosou de
Esperança(1 e 2 deNovembr
o)
Romariade NossaSenhora
dasCandeias(1 e 2 de
Fevereiro)
SãoSebastião
(20 deJaneiro)
Nascimento do Pe.
Cícero (24de Março)
Morte/Passagemdo Pe.
Cícero (20de Julho)
SãoFrancisco
(04 deOutubro)
Contingente de romeiros 39.487 30.024 28.152 41.816 1.371 7.052 21.024
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
45.000
TOTA
L: 2
1.0
24
Contingente de Romeiros em Juazeiro do Norte segundo dados da Sala de Informação do Romeiro -
Paróquia de N.S. das Dores (Ano de 2015)
Outro dado importante do perfil sócio-cultural dos romeiros e sujeitos dessa tradição no Cariri,
é quanto o lugar que ocupa no universo escolar e profissional. Neste sentido, apesar de 81% dos
entrevistados terem afirmado possuir algum nível de escolarização, é significativo a porcentagem dos
que concluíram apenas os dois primeiros anos de estudo do antigo 1º grau atualmente denominado de
Ensino Fundamental 1, são 43% dos ouvidos na pesquisa até aqui. O lugar da profissão da mesma
forma, se configura majoritariamente de aposentados, 25%, e de agricultores,13%, com renda familiar
de até um salário mínimo para 52% e de até 2 salários mínimos, para 24% dos entrevistados.
De acordo com os dados coletados até agora, 50% afirma proceder de uma família ligada ao
catolicismo, contra 48% que reconhece no entanto, que sua família já foi e/ou ligada a outros credos
e expressões religiosas. No entanto, nesse universo praticamente equivalente quanto os vínculos com
outras religiões fora do catolicismo, e em que 20% afirma já ter recorrido a outras religiões, apenas
2% afirma ser e ou ter vínculos com religiões de matriz africana, sendo a umbanda e o candomblé as
religiões citadas.
No entanto, trabalhamos com a perspectiva que esse trânsito religioso no que se refere as
religiões de matriz africana em contextos majoritariamente cristão, como é o caso da tradição
devocional ao Pe. Cícero no Juazeiro do Norte, constitui um recanto oculto.
A presença física dos afro-brasileiros nas romarias de juazeiro, conforme os dados já coletados
até agora, é majoritária, já que 55% dos entrevistados se auto-reconhecem como pardos/morenos e
20% como pretos. Um universo que totaliza 75% e ultrapassa os dados oficiais do IBGE tanto para o
Brasil quanto para o Ceará. Esse recorte racial em se tratando da presença física dos afro-brasileiros
nessa tradição romeira, além de significativa como dado numérico para pensar esse grupo racial,
representa, a partir dos deslocamentos de procedência geográfica que majoritariamente são de todos
os estados nordestinos, sobremaneira dos Estados de Alagoas, Pernambuco e Bahia, um nicho de
atuação desse grupo racial.
Gráfico 02 – Identificação racial dos romeiros – Romaria de N.S das Dores
Fonte: Dados da Pesquisa A cor da devoção - Setembro de 2016.
Esse contingente de 75% de romeiros que se auto-declaram pardos e pretos, não são nativos
do Cariri. Isto significa pensar que esse caleidoscópio de culturas étnico-religiosas que se encontra
em Juazeiro do Norte, em particular no tocante as religiões de matriz africanas, constitui um universo
a ser rigorosamente explorado. O pleito dessa pesquisa tem caminhado nessa direção.
Neste sentido, poderíamos sem dúvida afirmar que a cor da devoção em Juazeiro do Norte é
preta. No entanto, pensar a cor enquanto elemento racial (Guimaraes, 1999), seja na sociedade
brasileira como um todo, seja no contexto da tradição das romarias em particular, constitui uma seara
atravessada de ambiguidades. A primeira delas é sem dúvida de natureza histórica ou da singularidade
do nosso processo histórico no que diz respeito ao que o historiador José de Assunção Barros (2009)
denomina de “construção social da cor”.
Se a cor “não se presta à duvidas” como adverte Carlos Moore (2012), na sua história de
construção no Brasil, sem sombra de dúvida tem capitaneado a história da principal exclusão do maior
grupo racial que compõe o Brasil de ontem e de hoje: somos segundo o último PNAD/IBGE realizado
em 2015, 53,6%, sendo a Região Nordeste a que concentra o maior contingente de pretos e pardos.
Gráfico 03 – Distribuição da população brasileira por cor segundo as Regiões
77
97
261
16
20
4
475
16%
20%
55%
3%
4%
1%
100%
100% 100% 100%
BRANCO
PRETO
MORENO / PARDO
AMARELO
OUTRAS RESPOSTAS
NÃO RESPONDEU
TOTAL
Identificação Racial dos Romeiros
Série1 Série2
A questão desse formato de auto-identificação racial na sociedade brasileira ao longo da
história da nossa sociedade tem se mantido como uma dimensão bastante tensa e problemática tanto
para esse grupo racial, quanto para os demais que não se enquadram nesse grupo. Porém, ao mesmo
tempo em que construir estratégias de enfretamento a uma sociedade que apostou esforços
incalculáveis na engrenagem de um Estado-Nação hegemônico em termos cultural e racial, também
coloca em situação de tensão os sujeitos desse grupo racial que se encontram bifurcados entre se
considerar pardos ou pretos. Nesse sentido, a tarefa de construir uma identidade negra no Brasil tem
revelado as estranhas das ambuiguidades que atravessaram o processo de engendramento ideológico
e histórico em torno de uma suposta identidade nacional. Por tal razão tem exigido uma verdadeira
depuração para pensá-la enquanto tarefa individual, social e política, como afirma Nilma Lino
Gomes,
assim, como em outros processos identitários, a identidade negra se constrói
gradativamente, num movimento que envolve inúmeras variáveis, causas e
efeitos, desde as primeiras relações estabelecidas no grupo social mais íntimo,
no qual os contatos pessoais se estabelecem permeados de sanções e
afetividades e onde se elaboram os primeiros ensaios de uma futura visão de
mundo. Geralmente este processo se inicia na família e vai criando
ramificações” (Gomes, 2005, p. 43).
Dessa forma, será sempre inviável pleitear uma análise da problemática racial na sociedade
brasileira sem levar em conta que “a realidade das raças limita-se ao mundo social” (Guimarães,
1999), e no caso da nossa história em particular, a cor continua um demarcador racial. Nesta
perspectiva, nossa inteira concordância com o argumento de Nilma Lino que as “raças são, na
realidade, construções sociais, políticas e culturais produzidas nas relações sociais e de poder ao longo
do processo histórico” (Gomes, 2005, p.49).
Considerações finais
A tradição romeira motivada pela devoção ao Pe. Cícero em Juazeiro do Norte, cujo berço
temporal de emergência nos remete ao século XIX, constitui no século em andamento, um
significativo espaço geo-cultural e étnico-racial. Contudo, pensar essas interseções, melhor dizendo,
compreender como tem comparecido cada uma dessas dimensões nas interlocuções nesse universo,
constitui para esta pesquisa uma interpelação.
A cultura romeira e devocional ao Pe. Cícero tem cores. Sim. Mas quando ousamos
transcender o nível meramente cromático desses devotos, nos deparamos com o primeiro dado: a
presença física dos afro-brasileiros na referida tradição de 75% conforme o pressuposto da auto-
declaração, é majoritária. Desse ponto de vista, entendemos que o recorte racial dimensiona um dos
elementos centrais dessa tradição – ainda que silenciado. O desafio de abordar tal problemática,
portanto, tira do conforto uma quase obrigação moral de olhar a tradição romeira que acontece em
torno do Pe. Cícero em suas feições e configurações apenas sócio-religiosa.
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