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A CONTRIBUIÇÃO DA DRAMATIZAÇÃO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA
Profª Ana Maria Sampietro
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Profª Orientadora: Cecilia Hauresko 2
Resumo
Este artigo é resultado do trabalho realizado no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Educação do Estado do Paraná. A proposta de trabalho que foi desenvolvida baseia-se no uso da dramatização no ensino de Geografia. Neste sentido, propõe-se uma reflexão sobre a utilização da dramatização, como uma das linguagens alternativas no ensino de conteúdos geográficos em sala de aula, com base no trabalho desenvolvido. O uso desta linguagem indica que se trata de uma importante ferramenta que pode auxiliar o professor no aprofundamento dos conteúdos programáticos correspondentes à todas as series do ensino fundamental e médio. A implementação com base na qual este artigo foi produzido, foi desenvolvida no Colégio Estadual Procópio Ferreira Caldas – Pinhão-PR, enfocando os aspectos físicos e sociais e o processo de formação desse ambiente local, ou seja, o município de origem dos alunos deste colégio. Deu-se espaço para à criatividade dos alunos, onde após todo o trabalho desenvolvido em sala de aula e entrevistas realizadas junto à funcionários mais antigos do Colégio e da comunidade, com o objetivo de retratar o processo de formação do ambiente local, ou seja, o município do Pinhão – PR, os alunos produziram o roteiro da dramatização e o cenário para, via atividade lúdica, mostrar as características mais importantes do município em questão. Palavras-chave: linguagem, dramatização, ensino, Geografia Abstract
This article is the result of work done in the Educational Development Program (EDP)
of the Education Department of the State of Paraná. The proposed work was based
on the use of dramatization in Geography teaching. In this direction, it is proposed a
reflection about the use of dramatization, as one of the alternative languages in the
teaching of geographic content in classroom. The use of this language indicates that
it is an important tool that can help teachers in the teaching of programmatic contents
1 Professora Especialista em Geografia Rural. Atua como professora no Colégio Estadual
Procópio Ferreira Caldas – E.F. M - Pinhão - PR 2 Professora Doutora do Departamento de Geografia da UNICENTRO – Guarapuava - PR
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corresponding to all series of the elementary and high school. The implementation
based on which this article was produced, was developed in the State College
Procopio Ferreira Caldas - Pinhão-PR, focusing on the physical and social aspects
and the process of formation of this local environment, other words, the municipality
of origin of students of this school. It was given space for the creativity of students,
where after all the work developed in classroom and interviews conducted with the
senior employees of the college and community, with the aim of portray the process
of formation of the local environment, i.e., the municipality of Pinhão - PR, the
students produced the script of dramatization and the stage for, via ludic activity,
show the most important features of the municipality in question.
1 Introdução
Este trabalho foi gestado quando do ingresso no Programa de
Desenvolvimento Educacional - PDE, proposto pela SEED/PR, em 2010, momento
que resultou em reflexões acerca da prática docente e que levaram à buscar estudar
as metodologias e recursos motivadores para o ensino de Geografia.
O projeto proposto para construção e implementação da proposta, num
período de aproximadamente dois anos, teve como objetivo enriquecer a
compreensão dos conteúdos de Geografia através de uma metodologia que utiliza a
dramatização como elemento facilitador na construção do conhecimento geográfico.
A dramatização é uma ferramenta didática para o ensino de Geografia e se
apresenta como uma auxiliar às práticas escolares. Trata-se de uma atividade de
montagem bastante simples e, por isso mesmo é de fácil aplicação na sala de aula,
facilitando o trabalho do professor na discussão de diferentes temas.
Dramatizar, significa criar possibilidades para o professor e alunos
trabalharem conteúdos científicos se utilizando da linguagem teatral. Trata-se de
uma linguagem que estabelece maior dinamicidade ao processo de ensino-
aprendizagem, em sala de aula.
Para a discussão sobre o ambiente local, ou melhor, sobre a formação do
município de origem dos alunos do Colégio Estadual Procópio Ferreira Caldas – E.F.
M - Pinhão – PR, foi utilizada a dramatização como ferramenta de ensino-
aprendizagem por entender-se que se trata de uma estratégia que colabora na
construção da compreensão da realidade por parte do aluno, neste caso o debate do
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conteúdo sobre os principais aspectos naturais e sociais do município do Pinhão. A
atividade foi desenvolvida junto aos alunos das series do ensino fundamental, sendo
6 ª A e 8ª A series do colégio. O objetivo geral do projeto foi mostrar como o uso da
dramatização em sala de aula pode tornar mais dinâmico o trabalho do professor na
escola e facilitar o aprofundamento de conteúdos de forma mais lúdica.
A proposta foi desenvolvida no referido colégio e o trabalho realizado
culminou neste texto, que aborda todas as etapas cumpridas e os resultados obtidos
com o uso da dramatização em sala de aula, no ensino de Geografia.
Especificamente, optou-se pela dramatização enfocando o ambiente local, haja
vista, que os alunos têm pouco conhecimento sobre o município de origem, sua
história, aspectos físicos e sociais.
Importante observar, que o trabalho foi concluído com o apoio e a
colaboração de todos os envolvidos, sendo eles: professor PDE, alunos, familiares e
demais pessoas participantes da atividade, de maneira que os alunos pudessem
através da relação teoria-prática, conhecer a real situação do Município em que
vivem.
A proposta integrou o material histórico existente sobre o município, e aquele
material que foi produzido pelos alunos com a contribuição de seus familiares,
professores e servidores da Escola, nascidos e moradores do município do Pinhão.
Portanto, o trabalho aqui sistematizado é resultado da soma de esforços para
a produção do material que foi posteriormente dramatizado pelos alunos,
socializando todo o conhecimento produzido no período de implementação.
Vale destacar que a preocupação do professor PDE foi utilizar as técnicas da
dramatização para atender ao objetivo central do trabalho que é ensinar Geografia
voltando-se ao conhecimento da realidade dos alunos, do ambiente local, por eles
cotidianamente vivenciado, via utilização da dramatização.
Especificamente, buscou-se: elaborar textos a partir de leituras que
abordavam o município do Pinhão; desenvolver um trabalho de pesquisa sobre os
principais aspectos sociais e naturais do município enfocando o olhar de alunos e
seus familiares; dramatizar os textos produzidos, respeitando a espontaneidade e a
criatividade dos alunos participantes das atividades e trazer a realidade local para a
discussão em sala de aula e para o contexto escolar.
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2 Referencial teórico que orientou o trabalho
A unidade didática proposta esteve fundamentada na pesquisa bibliográfica
apoiada em autores como Lemos (1970), Reverbel (1989), Reyzábal (1999),
Cavalcanti (2002), Dohme (2009), Moraes (2011) que serviram como importante
referencial teórico para estruturação do projeto e seu desenvolvimento. Importante
dizer, que a fundamentação teórica permeou todas as etapas do trabalho na escola
e a sistematização dos resultados alcançados com a dramatização.
Entende-se que a Geografia, assim como as demais ciências, tem papel
fundamental para qualificar cada vez mais o processo de ensino-aprendizagem, e
nesse sentido, buscou-se propor estas atividades visando contribuir para a melhoria
do ensino na Educação Básica.
De acordo com Moraes (2011, p. 45 )
A partir de um padrão de transmissão de saber, a escola, muitas vezes, considera fundamental a quietude corporal para certo tipo de aprendizagem. Restrições em carteiras e o “sentar ereto” observando o quadro são exigências comuns para o processo ensino-aprendizagem na escola. Já a pedagogia teatral preza por uma educação que se dá mediante dinâmicas corporais entre alunos-alunos e alunos-professor. Pelo trabalho do aluno com seu próprio corpo, com sua imaginação e emoções, é estabelecida uma espécie de enfrentamento com o espaço do entorno. Esse espaço vai sendo preenchido e construído à medida que o aluno se relaciona consigo mesmo e com o outro no ambiente escolar de forma participativa e criativa.
Trabalhamos também com a proposta de Reyzábal (1990), na qual a
dramatização do ponto de vista didático tem sentido como improvisação ou como
representação de um texto. Segundo o autor, a técnica da dramatização pode ser
praticada mais livremente e, com maior espontaneidade, colaborando de um modo
equivalente na realização dos objetivos. A proposta de utilização da dramatização
permite também desenvolver no aluno o poder da expressão oral, a qualidade, o
gosto harmonioso, a manifestação pessoal, a atuação diante de outros, colaboração
com os colegas, a responsabilidade e disciplina, além da aquisição, no caso
específico, de conteúdos geográficos.
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As dramatizações também podem ser mais ou menos espontâneas, embora
possam ser realizadas quando forem bem conhecidas e os alunos dominarem as
principais técnicas de dramatização, salvo no caso das crianças menores, que assim
podem fazer imitações, de pessoas, animais, personagens e outros (Sanches, 1992;
apud Reyzábal, 1999, p. 191).
Por prazer a criança dramatiza desde os primeiros anos de idade, isso logo
que consegue ter consciência do meio, traduz experiências e sentimentos em sons e
palavras. Mais tarde, se não for tolhida cria verdadeiras composições e grandes
interpretações (LEMOS, 1970).
Segundo Lemos (1970), várias são as modalidades para representação
dramática: Jogos dramáticos, brinquedos (brincadeiras) dramatizados ou de modo
geral, dramatização espontânea, expressão rítmica ou mímicas, também chamadas
pantomimas.
As danças populares também são representações dramáticas, teatro infantil
(tema definido). Fantoches, marionetes, teatro de varas, de sombras e mascaras são
muito recomendáveis para desembaraçar as crianças ou adolescentes tímidos.
Essas modalidades levam as crianças e adolescentes a se identificarem com os
bonecos (LEMOS, 1970).
Na escola a representação dramática não é, um fim em si mesma: é um
recurso educativo. É uma atividade educativa das mais completas e ricas, e assim
proporciona incentivo e observação, cultiva a sensibilidade artística, liberta
sentimentos, desenvolve os bons hábitos e atitudes, a reflexão do pensamento,
promove aprendizagem real através da pesquisa. Possibilita novos interesses e
ainda esclarece e amplia conceitos.
Esta atividade contribuiu com o aluno da seguinte forma: a) A criança ou
jovem torna-se mais observador, enfrenta e resolve melhor os problemas; b) Ajuda
no desenvolvimento emocional, desinibindo, criando personagem para si. c) Faz
com que o aluno, avalie o resultado de si e dos colegas; d) Aprende a trabalhar em
grupo e a ouvir, passa a ser mais tolerante e faz critica com objetividade; e) Melhora
certos hábitos de aprendizagem valoriza mais os seus professores.
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Para Lemos (1970), a investigação que a criança é levada para resolver, as
situações decorrentes de uma dramatização, adquire as características
metodológicas de uma verdadeira pesquisa científica.
O trabalho com dramatização possibilitará a aquisição de novas formas de
expressão e vocabulário, a visão de sentimentos e situações e de experiência
estética e cultural (DOHME, 2003).
Para Chancerel (1948) apud Reverbel (1989), o ensino de teatro, como uma
técnica de dramatização, a uma certa altura, transforma-se em terapia. Existem dois
tipos de teatro: O teatro, arte milenar desenvolvida pelos gregos, e o teatro na
educação, que é ainda mais antigo, pois o homem primitivo para compreender
melhor os fenômenos e fatos da natureza ele os dramatizava.
São trabalhos sérios, os jogos infantis tanto quanto o de um ator, pois quando
a criança faz imitações ela acredita o que representa. O adulto e a criança estão
fazendo teatro a seu modo. A criança merece educar-se através de uma arte
universal que se chama teatro. Chancerel (1948 apud Reverbel (1989) define o
teatro na Educação e o papel do professor:
Nós tomamos um tema simples, tema da História, de observações locais, de profissão e o propomos as crianças. Eles passam então uma folha de exercícios preparatórios; assim se cria um repertório de jogos dramáticos, de peças feitas pelas próprias crianças. Basta continuar o que eles começaram, seguindo o seu gênio criador. Nosso papel de educadores é o de colocar as crianças em estado de criação dramática. Num simples jogo dramático, concebido e executado sem público, numa sala de aula, em plena natureza, ou em salas de reuniões, muitas vezes tão sórdidas que parecem votadas para sempre a uma triste rotina e à mediocridade, acontecem pura criações dramáticas, de uma autenticidade, e uma emoção, de valor artístico, de uma elevação espiritual e social, pelas as quais os profissionais do teatro têm o maior respeito (CHANCEREL 1948, apud REVERBEL, 1989, p.166).
Nota-se que a dramatização reveste-se de grande interesse, tanto por parte
de quem assiste como por parte de quem a produz e de quem apresenta. È um
importante agente de formação cultural. È um momento de encontro onde se
exercita a sociabilidade, seja do ponto de vista do publico, seja pelo ponto de vista
dos atores.
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Embora nos preocupemos com a montagem da peça, o cenário que retrate o
nosso foco, que chame atenção da platéia:
Teatro não precisa de palco, cortina, iluminação ou maquiagem. Se uma pessoa conta uma história para outra, que se envolve e se emociona, temos a essência do teatro. Teatro é símbólico e com pouco pode-se muito, pois basta dizer que é assim e a platéia acredita. Se Édipo realmente furasse os olhos ao final da peça, o caos reinaria no público (e o coitado do diretor precisaria ensaiar um novo ator para cada apresentação): basta tinta vermelha escorrendo ou uma venda nos olhos e pronto: está firmado o pacto de confiança. Funciona mais ou menos como “você finge que morre e eu acredito que você morreu”, como crianças brincando. (BURLA, 2009, p. 04).
Moratori (2003) afirma que o professor deve propor as regras, orientar o
processo, mas permitir que os alunos criem os limites a fim de motivá-los quanto à
agilidade, iniciativa e autonomia.
Na opinião do autor, as atividades lúdicas resgatam o gosto pelo aprender,
pois ocasionam momentos de afetividade entre o indivíduo e o aprender, tornando a
aprendizagem formal mais prazerosa. Para isso, o educador deve repensar sua
prática pedagógica, visando inserir atitudes que busquem maneiras de perceber e
compreender o conhecimento, cabendo ao professor, o compromisso de
modificação e transformação do processo ensino-aprendizagem, por meio da
interação com os alunos.
Acredita-se que a partir do momento que a escola valoriza a ludicidade,
auxilia na criação de um bom conceito de educação escolar, de construção do
conhecimento, de aprendizagem, em que a criatividade é estimulada..
3 Desenvolvimento metodológico e a construção da atividade de dramatização
Este trabalho foi direcionado aos profissionais da educação, porém, foi
estruturado pensando especialmente nos conteúdos ministrados pelos professores
de Geografia. Entretanto, sem dúvida, poderá ser útil também para as outras áreas
do conhecimento, dado que a dramatização é uma ferramenta importante para a
dinamização do trabalho em sala de aula, independente da disciplina trabalhada.
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A abordagem metodológica envolveu o contexto da realidade do aluno assim
como, as suas intermediações e relações em âmbito mais abrangente, possibilitando
à este o entendimento das complexidades do seu espaço de vivência.
Na primeira fase da proposta de implementação na escola, trabalhou-se com
os textos elaborados com base na bibliografia que aborda o município do Pinhão –
PR (Quadro 01). Os textos foram selecionados, com o intuito de ler e discutir os
principais aspectos sociais e naturais do município do Pinhão, juntamente com os
alunos envolvidos na proposta.
Iniciamos o trabalho na escola desenvolvendo uma atividade que questionava
os alunos participantes do projeto sobre: Como se formou o município (Figura 01)
onde nós moramos e onde nossos familiares vivem e trabalham? Você conhece o
município onde você nasceu e mora? Como será que este município surgiu?
Na seqüência, foram trabalhados com os alunos participantes da proposta os
textos abaixo especificados:
Seqüência dos textos trabalhados
em sala
Título do texto
Texto 1 História e origem do município de Pinhão
Texto 2 Colonização, Território e População.
Texto 3 Distrito de Pinhão e Reserva
Texto 4 Marcos históricos importantes e
características específicas da população
pinhãoense
Texto 5 Aspectos naturais, Produção
agropecuária, economia e outros
aspectos econômico-sociais do
município.
Texto 6 Organização, administração, símbolos
pátrios e curiosidades.
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Quadro 1 – Relação dos textos produzidos e trabalhados para a dramatização Org: A autora, 2011
Figura 01 - Foto panorâmica da sede administrativa do Pinhão – PR Fonte: www.google.com.br/imagens. Acesso em 12 de maio de 2011.
A Unidade Didática foi desenvolvida com a realização das atividades abaixo
descritas.
A atividade 1 - Foi desenvolvida da seguinte forma. Foram levados textos
produzidos pela professora com base na literatura existente sobre o município do
Pinhão. Os textos abordavam os principais aspectos sociais e naturais do município
do Pinhão no passado. Explorou-se via leitura, a compreensão e discussão dos
textos e o entendimento do surgimento do município e suas principais características
sociais e naturais. Portanto, com essas atividades esperava-se que o aluno ao fazer
a leitura de textos e após discuti-los, identificasse os aspectos sociais e naturais do
município onde ele reside.
A atividade 2 - Consistiu na produção de textos pelos alunos participantes da
Unidade Didática com o apoio de seus familiares e funcionários da escola. Nessa
atividade os alunos foram orientados à conversar com seus familiares, para colher
informações sobre como essas pessoas mais idosas descrevem o município e, que
mudanças essas pessoas observaram até os dias de hoje. Nesta atividade, também
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foram entrevistados funcionários mais antigos da escola e pessoas do município,
sendo questionados sobre: a) O você lembra sobre o município de Pinhão em
tempos passados? b) Como era o ambiente natural? c) Como viviam seus
moradores? d) Como era a vida das pessoas do passado? O que o senhor (a)
lembra que existia no município e não existe mais nos dias de hoje? e) Gostaríamos
que o (a) senhor (a) falasse sobre o que existia de mais importante no município, na
sua opinião. f) Que mudanças aconteceram no município, que o senhor (a)
considera as mais importantes?
Importante ressaltar, que os alunos entrevistadores receberam todas as
orientações necessárias sobre o procedimento de coleta de informações e dados,
via técnica da entrevista: como deveriam comportar-se e que postura e atitudes
deveriam ter quando chegassem na casa dos entrevistados. Os alunos foram
orientados à: Perguntar, educadamente, se essas pessoas teriam tempo disponível
para responder algumas perguntas sobre o município do Pinhão, antecipando o
tempo previsto para a entrevista, que seria de mais ou menos 30 minutos; Contariam
ao entrevistado, o objetivo do trabalho do qual eles estavam participando. Caso a
pessoa não pudesse responder a entrevista naquele momento, poderiam agendar
para outro dia, pois era muito importante a colaboração desta. Os alunos também
foram Instruídos a ter paciência e repetirem as perguntas quantas vezes fosse
necessário, pois as pessoas com mais idade tem dificuldade, muitas vezes, para
entender. Após terminarem a entrevista agradecessem pela colaboração.
O cumprimento dessas entrevistas, foi programado para aproximadamente
14 dias. Entretanto, diariamente a professora proponente, acompanhava o
andamento das entrevistas.
Atividade 3 – Correção dos textos produzidos pelos alunos organizados em
grupos, com base nos relatos das famílias e também nas entrevistas realizadas com
as pessoas da escola e da comunidade em geral.
Atividade 4 - Consistiu na escolha dos temas a serem dramatizados. Essa
escolha, embora realizada pelos professores junto aos alunos participantes,
respeitou o tema sugerido pelos alunos. Nessa fase, os alunos também fizeram a
escolha dos personagens e do cenário.
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Atividade 5 – Este momento foi destinado para o fechamento da implementação da
proposta, programando a apresentação da atividade, ou melhor, a socialização com
todos os alunos do Colégio, os resultados alcançados com o desenvolvimento da
proposta.
4 Resultados e Discussão
Mencionou-se, que o objetivo é o de apresentar os resultados alcançados
com a prática da dramatização realizada com alunos participantes, das 6 e 8 séries,
cuja intenção foi verificar de que forma tais práticas favorecem e dinamizam o
desenvolvimento de conteúdos de Geografia. Além disso, foi possível verificar que a
atividade desenvolve e estimula a capacidade comunicativa dos alunos, bem como
os torna protagonistas da atividade. Após todo o trabalho de construção do texto e a
definição do tema a ser explorado e dramatizado, os alunos assumiram totalmente a
condução da proposta, sendo quando necessário auxiliados e orientados pela
professora.
Com base em Lemos (1970), na escola a representação dramática não é, um
fim em si mesma: é um recurso educativo. Desse modo, todas as atividades
desenvolvidas com os alunos proporcionou à estes momentos que estimularam a
observação, o cultivo da sensibilidade artística, a liberdade de expor sentimentos,
desenvolver os bons hábitos e atitudes e acima de tudo, promover a aprendizagem
através da pesquisa. A entrevista possibilitou novos interesses e ainda esclareceu e
ampliou os conceitos, de modo que os alunos participantes manifestavam interesse
em fazer novas entrevistas com pessoas da comunidade para saber sobre os outros
temas.
O despertar dos alunos para a eleição do tema a ser dramatizado (a partir das
entrevistas realizadas e textos produzidos e discutidos), a escolha dos personagens
e a montagem do cenário foi definida pelos próprios autores(alunos) que o faziam
com bastante dedicação e fidelidade ao o que aprenderam durante a
implementação.
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A eleição do tema para a dramatização? Foi feita pelos alunos que decidiram
dramatizar a formação do município do Pinhão, enfocando tempos passados. A
decisão foi tomada após o grupo participante elencar as seguintes frases ou idéias:
Como o município foi formado? Por que o nome de Pinhão? Aqui no nosso
município tinha índios? E quais tribos? Para onde eles foram, pois não tem mais
nenhum índio aqui? O que era o Marco Régio? Quem mandou fazer? Ele existe até
hoje? As terras foram distribuídas em fazendas e doadas a algumas famílias ricas?
A “casa de pedra”, quem a fez e por quê fez? Ainda tem vestígios dela? Como foram
distribuídas as terras do Pinhão? Quem foram os primeiros imigrantes de Pinhão?
Como que as pessoas conciliavam as plantações com as criações de animais que
eram criados soltos? E o comércio? E o transporte? Tinha estradas? Como elas
eram? As tradições do povo do município, como as festas, bailes, corridas de
cancha reta, mesadas de anjo, São Gonçalo etc.? Tinha escolas? Como eram os
professores? O Pinhão pertencia a Guarapuava? Quando foi emancipado? Como foi
a emancipação? Quem foi o primeiro prefeito de Pinhão? Quem foram os primeiros
imigrantes do Pinhão? Hoje, como são as lavouras e a pecuária de Pinhão? Por que
os nomes dos distritos de Pinhão? Antigamente o Pinhão tinha muitos pinheiros. Por
que eles acabaram?
E a apresentação, como seria? Em comum acordo, os alunos decidiram que
usaríamos fantoches e biombo, para apresentação. Com o tempo reduzido, os
alunos apressaram-se nas digitações dos textos, dividiram os papeis para cada
componente, para que assim pudessem dar andamento a dramatização de maneira
que não tivessem duvidas do que fariam. Notou-se que, nem todos os alunos
ficaram satisfeitos, com os personagens, e começaram a trocar de papeis entre eles,
mas com longas conversas tudo foi esclarecido e seguiu-se com a proposta.
O cenário seria uma sala de aula. O papel de professora foi atribuído pelos
alunos à uma das alunas participante do projeto, a qual faria o papel da professora,
e os demais personagens seriam os seus alunos. Todo o trabalho seria
desenvolvido com os bonecos já existentes no Colégio, sendo estes sempre
disponibilizados para quaisquer atividades pedagógicas no referido colégio.
Durante os encontros, escolheram os bonecos, um para cada um, e
ensaiaram muitas vezes, definindo cada fala, de maneira organizada. Os alunos
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ficaram bastante satisfeitos com o trabalho que estavam desenvolvendo, e os papeis
que estavam atuando, referente à história de Pinhão, e toda essa motivação, levou-
os a aprender mais sobre suas origens, entregando-se aos papeis.
Além dessa organização, os alunos e as professoras, tiveram a preocupação
em enviar convites (figura 02) aos pais dos alunos e para um dos autores do livro, do
qual se apropriaram de alguns fatos da história narrada.
Figura
Figura 02 – Modelo do Convite enviado aos pais, alunos e comunidade em geral para participarem da atividade de dramatização Fonte: Equipe pedagógica do Colégio Procópio Ferreira Caldas – Pinhão- PR
O dia chegou. Enfim o dia da à apresentação (vinte um de outubro as sete
horas da manha), chegou. Lá estavam, a professora e todos alunos participantes,
todos se ajudando para que saísse tudo como o esperado, fixando os cartazes nas
paredes do pavilhão do colégio, arrumando as cadeiras e o biombo e organizando
os fantoches de cada um dos personagens. Passados alguns minutos e tudo estava
pronto para à apresentação.
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Inicialmente, foi a realizada à apresentação, referente ao trabalho da
professora de português, em seguida a apresentação da disciplina de geografia, a
qual se refere o presente artigo.
O projeto foi apresentado a uma plateia composta de cinco turmas de
alunos, para as representantes do Núcleo Regional de Educação - NRE, para o
diretor auxiliar, para pedagoga e um funcionário do colégio que estava responsável
pela parte técnica.
Os alunos apresentaram a dramatização (implementação), sobre a história
do município, de forma bastante criativa, fazendo com que toda a platéia
compreendesse os fatos narrados por eles, ou seja das origens do lugar de onde
vieram.
A apresentação dos alunos, ou seja, a dramatização do texto sobre a história
do Pinhão, foi gravada e fotografada para fins de registro e documentação das
atividades realizadas no Colégio.
A dramatização foi de grande relevância, proporcionando aos alunos a
compreensão do contexto histórico e o entendimento das origens do Município que
se tem hoje. Os alunos, além de poderem participar de atividades lúdicas, e trabalho
em equipe, puderam, a partir da dramatização, estar superando suas limitações,
desenvolvendo a partir daí, novas habilidades.
O que antes, era um desafio, pelo fato de serem um pouco timidos, ou pela
ausência de trabalhos nesse sentido, circunstancias que não permitiam aos mesmos
expressarem seus talentos e seu potencial artístico.
Porém a partir dessa implementação, acredita-se que foi possível provocar
mudanças significativas na desenvoltura dos alunos além da construção de um elo
de amizade e confiança entre os alunos participantes da atividade. Sendo assim, se
pode assegurar que, a técnica da dramatização alem de possibilitar aprofundamento
de conteúdos de forma descontraída e divertida, contribuiu provocando mudanças
positivas no comportamento, postura dos alunos e no relacionamento entre os
alunos na escola e na sala de aula
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5 Considerações finais
Inicialmente é importante destacar o valor da dramatização dos conteúdos
geográficos para o aprimoramento e fortalecimento do ensino de Geografia nas
escolas de ensino fundamental e médio. A atividade desenvolvida teve como
objetivo mostrar a importância do uso da dramatização como uma ferramenta para o
processo ensino-aprendizagem. E por isso, todas as atividades foram sendo
desenvolvidas tendo como objetivo final a dramatização dos conteúdos trabalhados
durante todo o período de implementação da proposta na escola.
A exploração da técnica da dramatização com representação de conteúdos
trazidos nos textos elaborados pelos alunos se revelou uma técnica bastante útil e
atrativa para a prática do professor em sala de aula, dado que os alunos ficavam o
tempo todo criando e discutindo formas para melhor desenvolver a dramatização
que seria desenvolvida na escola.
A oportunidade da implementação do projeto no ensino de geografia, foi
gratificante, no entanto, exigiu, assim como em outros trabalhos, a dedicação de
todos os envolvidos e a busca por materiais, que conduzisse a pesquisa, da melhor
maneira possível, ou seja, foram realizados encontros periódicos, leituras de vários
livros e artigos da internet, para definição do projeto e posteriormente à sua
implementação, pois a preocupação era de que esta realmente permitisse trazer
resultados satisfatórios.
Primeiramente a implementação exigiu, tempo e paciência, para a
elaboração, passo a passo para a formulação das perguntas, definição dos papeis e
análise dos dados obtido, informações, essas que foram sendo elaboradas durante
os encontros e também obtidas por meio de entrevistas, para assim, poder
implementá-lo dentro da dramatização de histórias. Nesse sentido, a colaboração
dos envolvidos foi essencial, e a participação em equipe permitiu os alunos também
entender que trabalhos, demandam uma pesquisa profunda sobre o assunto
proposto, além de leituras de textos a sua interpretação criteriosa, sempre
vislumbrando o texto que seria dramatizado.
Assim, conseqüentemente, ficou claro, e permitiu entender o porquê de
alguns alunos convidados a participar, disseram não ao convite, porque não se
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sentirem preparados para participação na atividade. De fato o trabalho pronto mostra
não um trabalho individual, mas coletivo, envolvendo a participação de várias
pessoas, já nominadas.
Importante dizer, que é um trabalho que pode ser mais explorado, que
outros professoram possam envolver mais os alunos, levando-os a participar mais
de atividades nesse âmbito. Práticas como essa trazem o aluno para mais perto da
sua realidade e o aproximam da escola. Essa aproximação faz com que o aluno
entenda essas atividades, não como uma cobrança, mas como aprendizado para
sua vida futura, pois são dificuldades necessárias e condizente com a sua realidade.
Conclui-se que o trabalho desenvolvido, trouxe pontos positivos,
possibilitando, conhecimento do assunto abordado, interesse, dedicação,
criatividade, paciência e principalmente espírito colaborativo por parte dos alunos.
Destaca-se o companheirismo e confiança entre professor/aluno, permitindo enfim
aos alunos desenvolverem suas habilidades.
Quanto aos pontos negativos, esses foram insignificantes, quando
comparados ao resultado obtido, pois a atividade lúdica permitiu reconhecer e
entender as limitações que os alunos e mesmos professores têm, e que necessitam
superá-las, para poder assim pôr em prática atividades que tragam melhoria para o
ensino.
Esta atividade mostrou que, realmente, a dramatização na escola é um
excelente método de ensino e educação. Ela pode favorecer e contribuir para o
aprofundamento de conteúdos geográficos e para uma série de itens essenciais ao
desenvolvimento dos alunos, principalmente em termos, de comportamento,
disciplina, postura e respeito para com pessoas mais idosas, como no caso dos
entrevistados e, pode-se dizer, sem nenhuma dúvida que, o objetivo deste projeto foi
alcançado. Os alunos se envolveram, motivados e curiosos para o desenvolvimento
das atividades propostas pela professora proponente.
A dramatização fez observar e ouvir dos alunos que vivenciaram situações
que os fizeram ter curiosidades sobre como era o município do Pinhão há tempos
atrás. Isso mostra que o trabalho instigou nos alunos a vontade de conhecer e saber
mais sobre o seu município, sobre as suas origens que são ainda pouco discutidas
na escola.
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Observou-se que a dramatização estimula o interesse do aluno pelo
conhecimento e análise da realidade, bem como possibilita o exercício do trabalho
em equipe, a resolução de pequenos problemas e dificuldades que vão aparecendo
no decorrer do processo.
Por fim, é importante reforçar que a dramatização seja feita com textos
baseados em fatos e narrativas reais que tratam de assuntos relacionados com o
conteúdo programático da disciplina de geografia e que estejam ligados a vivencia e
ao meio do aluno. Portanto, é fundamental que o objetivo seja focado no conteúdo a
ser estudado e a dramatização passe a ocupar o lugar de estratégia para dinamizar
a construção do conhecimento e melhorar o processo de ensino-aprendizagem.
6 Referências
BURLA, G.; AGUIAR, V. T. B. de. O teatro e o ensino de geografia. In: Anais X Enpeg. Porto Alegre, 2009
CAVALCANTI, L. de Souza. Geografia e Práticas de Ensino. Goiânia: Alternativa,
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