EDUCAÇÃO PATRIMONIAL X
COLONIZAÇÃO DA MEMÓRIA
Natania A. Silva NogueiraMestranda em História do BrasilEspecialista em História Regional
A construção da memória
• A memória é uma construção.• Quando recorremos a ela para lançar as bases
da nossa história estamos trabalhando com algo fluído, passível de interpretações e reinterpretações.
• A memória também é seletiva: escolhemos o que queremos lembrar, deixamos o restante para o esquecimento.
Chegada de Getúlio Vargas a Leopoldina, em 1939 (Fonte: O Leopoldinenese. Disponível em http://www.leopoldinense.com.br/base.asp?area=memoria&id=291, acesso em 26/03/2014)
O passado coloniza o presente• Da mesma forma que selecionamos nossas
lembranças, selecionamos também aquilo que vai representá-las.
• Nosso patrimônio histórico é selecionado com base em critérios fundamentados pela elite (econômica, política e cultural) ao longo dos anos.
• Preservamos os monumentos, porque eles representam a grandeza, a era de ouro que não pode ser esquecida.
Escola Estadual Professor Botelho Reis – Foto cedida por Júlio Monerat
• Tal como aquela história que valoriza os grandes heróis e os grandes feitos, essa forma de enxergar o patrimônio histórico e cultural, a cultura material de uma comunidade fica condicionada a um discurso dominante onde só se dá voz a uma memória que se remete ao monumento.
Outros espaços da memória• Os espaços da memória podem ser
encontrados nos campinhos de futebol frequentados por gerações e gerações de crianças; na casa onde a dona Francisca benzeu ao lado de seu fogão de lenha, com galhos de arruda, os filhos dos vizinhos e de pessoas das quais ela mal sabia o primeiro nome.
Benzedeira – imagem retirada do facebook
A educação patrimonial a partir da realidade da escola
• O professor pode trabalhar educação patrimonial a partir da realidade dos seus alunos.
• Podem ser utilizadas fotos que remetam a lembranças e a lugares: a igreja onde o/a estudante foi batizado, o sítio onde passava as férias, a praça onde brincava com os irmãos.
• A escola e as ruas da cidade podem ser o seu museu, seu espaço de visitação.
Entrada do sítio onde morei até os 05 anos, que ficava ao lado da linha férrea, na zona rual de Ribeiro Junqieora - 1971
• Pode trabalhar educação patrimonial dentro usando a própria escola, identificando suas mudanças estruturais durante os anos, levantando sua história, redescobrindo seus arquivos, identificando entre os alunos práticas culturais do seu passado e seu presente.
Desfile de charretes em Piacatuba - 2012
Preservação não atrapalha o progresso
• É preciso romper com a ideia de que preservar o antigo impede o surgimento do novo.
• Passado e presente podem conviver em harmonia.
• Podemos manter a memória e o patrimônio sem que isso seja um obstáculo para o desenvolvimento do município.
Trilhos de bonde achados em escavações foram expostos em vitrine na estação Adolfo Pinheiro, em São Paulo (Disponível em: http://goo.gl/7NrUVq, acesso em 26/03/2014)
Formação de uma identidade
• A educação patrimonial e a construção de uma memória regional, fundada na história e nas práticas culturais, valoriza o indivíduo possibilitando que ele forme uma identidade local, que ele desenvolva um sentimento de pertencimento.
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