PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS
Leila Lima Leite
Teresa Izaura Caetano
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS: A EXPERIÊNCIA DO PROJETO "CONTE OUTRA VEZ".
Londrina 2012
Leila Lima Leite Teresa Izaura Caetano
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS: A EXPERIÊNCIA DO PROJETO "CONTE OUTRA VEZ".
Monografia apresentada ao Centro Universitário Filadélfia (Unifil), como parte das exigências do Curso de Pós Graduação Lato Sensu em Educação Infantil e Séries Iniciais, para a obtenção do título de Especialização em Educação Infantil e Séries Iniciais, sob orientação da Profª. Dra. Anilde Tombolato Tavares
Londrina 2012
DEDICATÓRIA Dedicamos este trabalho aos nossos pais e familiares. Por todo apoio que foi dado a nós, toda a torcida, toda a confiança, toda oração, todos os conselhos, simplesmente por estarem ao nosso lado. Sabemos que se tudo foi possível, é porque sabíamos que existiam pessoas que confiavam em nós e que sempre tivemos certeza, que quando necessário, teríamos com quem contar. Dedicamos esse trabalho, a vocês.
AGRADECIMENTOS
Temos consciência que se esse trabalho foi concluído, é porque ao nosso lado houve pessoas maravilhosas que nos apoiaram: Deus, Nosso Senhor e nosso Pai que nos deu nossas vidas maravilhosas e que olha por nós a cada dia, guiando nossos passos. Nossas famílias, Que simplesmente, lá estiveram e nos amaram. Amigos, Que mais uma vez estão conosco nessa conquista, entendendo cada noite de aula sem nos ver, cada dia fazendo trabalho, e principalmente por se alegrarem de nossas lutas. Professora Anilde, Por dispor de seu tempo, e conhecimento.
Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo... (ABRAMOVICH, 1993, p.16).
Sumário
Introdução...................................................................................................................7
Capítulo I: A arte de contar histórias
1.1- A arte de narrar....................................................................................................9
1.2- A criação da literatura para a criança..................................................................11
1.3- A literatura infantil no Brasil.................................................................................12
1.4- A literatura infantil como forma de aquisição da identidade e autonomia..........13
1.5 A importância de contar historias para o desenvolvimento infantil......................16
Capítulo II: O projeto "Conte Outra Vez"
2.1 - Como tudo começou: A história do
projeto.........................................................................................................................21
2.2 - A escolha das histórias......................................................................................22
2.3- Funções das histórias clássicas. ........................................................................24
2.4 – Nossa voz sobre o projeto “Conte Outra Vez”..................................................25.
2.4.1. A voz da Prof. Tereza no C. E.I Menino Deus.................................................26
2.4.2. A voz da Prof. Leila experiência no C. E.I Dom Geraldo Fernandes...............27
Capítulo III: As contribuições do projeto para o desenvolvimento da criança: O
olhar dos professores.
3.1- As ánalises dos professores e coordenadores...................................................29
3.2-O Olhar do Educador...........................................................................................29
Considerações finais...............................................................................................34
Referências bibliográficas......................................................................................36
Anexos.............................................................................................................38
RESUMO
Essa pesquisa tem como objetivo, relatar a experiência do projeto ”Conte Outra Vez” desenvolvido nos CEIS: Menino Deus e Dom Geraldo Fernandes, na Cidade de Londrina. Buscamos assim, contribuir para avaliação do projeto e na sua reformulação, ampliando o espaço da contação de história nas escolas, no trabalho efetivo dos professores, familiares e das criança de 0 a 5 anos. Optou-se pela realização de uma pesquisa bibliográfica sobre a importância da leitura para o desenvolvimento da criança pequena e na pesquisa de campo, que utilizou para coleta de dados, um questionário aplicado aos professores e coordenadoras dos referidos CEIs. É fato que o estímulo à leitura ajuda muito no aprendizado da criança, que precisa de imaginação, para constituir-se com liberdade; por isso, o estudo enfatiza a necessidade de desenvolver a fantasia, a imaginação, como elementos fundamentais no desenvolvimento da criança e que compreender a infância, é defender que cada criança é única e que possui formas de pensar e agir diferentes dos adultos. Ouvir e contar histórias são uma atividade que dentre outras, pode desenvolver o emocional da criança, ajudá-la a se organizar e socializar além de auxiliá-la no processo de alfabetização. Assim a prática de contação de histórias é considerada um instrumento pedagógico prazeroso e de grande auxílio no processo de construção da aprendizagem da criança.
Palavras-chave: Educação Infantil. Literatura infantil. Desenvolvimento infantil
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INTRODUÇÃO
Contar histórias infantis para as crianças pequenas é uma prática estimulada
e valorizada, pela sociedade moderna, como uma exigência para uma formação
futura.
Na escola a literatura é incentivada desde as orientações dos documentos
que regem a educação infantil, como está assegurado nas Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil quando se referem que as práticas pedagógicas:
“ possibilitem as crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação com
a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros textuais
orais e escritos” (art 9º &III) e, dentro desta idéia, a literatura infantil deve fazer parte
da rotina pedagógica da escola. Se o professor incentiva a leitura de seu aluno este
terá grandes chances de tornar-se um leitor futuro, mas se professor não incentivar
ou ler com seus alunos, estes poderão também não gostar de ler.
Partimos do princípio que ler deve estar de mãos dadas com o prazer que
ele proporciona. Ler provoca sua imaginação, ou seja, possibilita criar seu próprio
mundo, alimentar a imaginação e o universo das fantasias. O professor pode
alcançar muitos objetivos por meio dela, pois ler histórias para criança é uma
atividade prazerosa, com a qual possibilitará que a criança expresse suas próprias
percepções de mundo.
Levar o faz de conta até as crianças é sustentar o imaginário, é ter a
curiosidade respondida em relação a muitas perguntas, é encontrar idéias para
solucionar questões, é uma possibilidade de descobrir o mundo intenso de conflitos,
dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos através dos
problemas que de acordo com as possibilidades vão sendo enfrentados e resolvidos
pelos personagens de cada história.
É ouvindo histórias que se podem sentir importantes emoções, como a
tristeza, a raiva, a irritação, o bem estar, o medo, a alegria, a insegurança, vivendo
profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve, com toda a
amplitude, significância e verdade que cada uma delas pode despertar nos
pequenos ouvintes, além de ser um recurso valioso e agradável para a
predisposição à aprendizagem e para sua complementação.
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A criança deve ser estimulada por todos que estão em sua volta, desde
pequena pelo gosto da leitura. Não importa que a criança não saiba ainda fazer a
leitura de um livro, mas os adultos presentes na sua vida, seja a família ou
professores devem ler e assim, dar esta referência de leitura para ela. A literatura
infantil pode ser usada como recurso lúdico desenvolvendo na criança um
comportamento prazeroso. É preciso tornar as crianças familiarizadas com os livros,
orientando-as quanto ao manuseio e à sua conservação, já que com as histórias
elas aprendem brincando a respeitar regras, se divertem, seja através da imitação,
socialização, interação ou dificuldade a ser superada.
O tema principal deste estudo é a literatura infantil, através da análise do
projeto "Conte Outra Vez"desenvolvidas nos centros de educação infantil Menino
Deus, Santo Antonio e Dom Geraldo Fernandes da cidade de Londrina_PR.
Nosso objetivo é relatar a experiência desenvolvida pelo projeto "Conte
Outra Vez" desde seu inicio até as atividades desenvolvidas pelos professores e os
grupos de estudos e orientações que subsidiam o desenvolvimento do projeto em
sala de aula nos CEIs que atuamos: o Menino Deus e CEI Dom Geraldo Fernandes.
Neste sentido, nossa caminhada perpassa a compreensão para o desenvolvimento
da criança, da importância do ato de ler historias e formar leitores para o
desenvolvimento das crianças pequenas. Para tal buscamos auxilio de autores que
estudam e pesquisam na área de literatura infantil para o suporte teórico necessário
e acompanhar o desenvolvimento do Projeto através da aplicação de questionários
buscando as impressões de professores que participam ativamente no projeto e
relatar nossa participação enquanto professoras dos referidos CEIs.
Pretendemos que este estudo contribua na ampliação do espaço da
contação de historia, nas escolas, no trabalho efetivo do professor e no
desenvolvimento livre criativo e imaginativo da criança de 0 á 5 anos, e para sua
provável necessidade de reformulação do projeto “ Conte Outra Vez”.
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Capítulo I
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS
Todos apreciam uma boa história, mas muita pouca gente conhece o valor real dela. Muitos que a usam para diferentes fins, como entreter, despertar a atenção ou descansar a mente, ignoram que, mesmo quando usada com estes objetivos em vista, a história é um elemento poderoso na formação do caráter daqueles que a ouvem. [...] Podemos afirmar que o valor real da história é ser instrumento educativo e deste ponto de vista, atende às necessidades humanas em todos os seus aspectos (CHAVES, 1963, p. 21).
1.1. A arte de narrar.
Como toda arte, contar histórias tem diferentes formas de expressão. Desde a
simples narrativa até as espetaculares dramatizações passando pela narrativa com
auxílio do livro, o uso de gravuras, de flanelógrafo, de desenhos, a narrativa com
interferências do narrador e dos ouvintes, o uso de fantoches e bonecos Contar
histórias é brincar com versos, com rimas ou simplesmente com palavras.
Através da oralidade é possível deslumbrar-se com a riqueza da
comunicação. Contar histórias é uma arte muito linda!
Contar histórias é representar a literatura oral e esta literatura não se
restringe à substituição da literatura grafada para aqueles que não lêem. Ela
precede a literatura escrita. Afirma Samuel (1985):
A literatura oral é mais velha que a escrita. Entretanto, uma cultura cristalizada pelos letrados tende a classificar o cordel, as expressões estéticas e da sabedoria do povo, como algo que faria parte de um mundo ingênuo, “pitoresco”, “típico”, “anônimo”, “Folclórico” (p.172).
Para Carvalho (1975), as histórias são para as crianças o que as parábolas
de Cristo são para os cristãos. A contação de histórias revela-se uma arte antiga,
que se confunde com a história da nossa própria cultura, a cultura humana. Nos diz
Gotilib (2000 , p. 6): “ Enumerar as fases da evolução do conto seria percorrer a
nossa própria história, a história de nossa cultura, detectando os momentos da
escrita que a representam”.
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Se a linguagem falada precede a linguagem escrita, torna-se fácil concluir
que a linguagem escrita surge através da linguagem falada e torna-se seu ponto de
apoio.
A história contada é fundamentada tanto na formação educativa quanto na formação
cultureal da criança. O conto infantil supre a necessidade da curiosidade e
descoberta que a criança possui.
Contar histórias é, acima de tudo, parte do nosso cotidiano, como afirma Gotlib
(2000):
Sob o signo da convivência, a história sempre reuniu pessoas que contam e que ouvem: em sociedades primitivas, sacerdotes e seus discípulos, para a transmissão de mitos e ritos da tribo; nos nossos tempos, em volta da mesa, à hora das refeições, pessoas trazem notícias, trocam idéias e ... contam casos (p.5).
A criança ouve muitas histórias contadas , pelos pais, avós, e por outras
crianças, enfim, por todos aqueles que a cercam. São contos de aventuras, fadas,
fábulas,lendas, princesas e princepes, histórias inventadas ou simplesmente o relato
de um fato ocorrido. Para alguns autores, como por exemplo Coelho (1998), há
quem conte histórias para enfatizar mensagens, transmitir conhecimentos,
disciplinar, até fazer uma espécie de chantagem –“se ficarem quietos conto uma
história” , “se isso”, “se aquilo...” – quando o inverso é que funciona. Através das
histórias é possível trabalhar a socialização, a recreação, a formação, a informação,
a atenção, o enriquecimento da linguagem, o estímulo à imaginação, as emoções, o
desenvolvimento do pensamento crítico, desenvolver o hábito da leitura e ensinar a
escutar.
Para autores como Carvalho (1975), por exemplo, o conto infantil é como se
fosse uma chave mágica que abre as portas da inteligência e da sensibilidade da
criança, para sua formação integral. A escola torna-se um lugar propício para
articular a arte de contar histórias.
Mas, afinal, o que é essa tão comentada arte? É transformar um simples
relato em algo que aguce a imaginação daquele que ouve. Pode ser através de
recursos maiselaborados ou através de uma simples narrativa. Existem autores que,
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dentre todos os recursos e formas de apresentação das histórias, elejam a simples
narrativa como a mais encantadora maneira de contar uma história.
Afirma Coelho (1998, p.31):
Esta é sem dúvida, a mais fascinante de todas as formas, a mais antiga, tradicional, e autêntica expressão do contador de histórias. Não requer nenhum acessório e se processa por meio da voz do narrador, de sua postura. Este, por sua vez, com as mãos livres, concentra toda a sua força na expressão corporal. Contos de fadas, eu sempre conto sob a forma de simples narrativa. Que gravura mostraria o esplendor do baile de Cinderela, ou a emoção da fuga ao soar das badaladas da meia-noite?
Para que esta tal arte atinja os objetivos a que o contador de histórias se
propõe, é necessário que, antes de mais nada, o contador de histórias opte pelo
texto mais adequado e coerente a cada situação. A história na escola é de grande
parceria quando contextualizada.
O bom contador de histórias conhece a sua história de cor e salteado. Tem
linguagem acessível às suas crianças e escolhe suas histórias levando em conta a
faixa etária que pretende atender. Já que contar e ouvir histórias é um momento
especial, o contador de histórias modifica o ambiente físico da sala, tornando-o mais
acolhedor e propiciando um contato mais próximo com as crianças. Sua voz tem
sempre a entonação adequada, transmitindo através da sonorização, a emoção de
cada personagem.
Para que um trabalho cercado de cuidados não se perca, é necessário que
haja bastante cuidado com o espaço de tempo no qual se contará a história, para
que a criança mantenha seu interesse na atividade desenvolvida, evitando projetar
sua atenção a outras situações.
O autor Walter Benjamin, 1994, descreve de uma forma belíssima quem é o
narrador: “O narrador figura ventre os mestres e os sábios. Ele sabe dar conselhos:
não para alguns casos, como o provérbio, mas para muitos casos, como o sábio.
Pois pode recorrer ao acervo de toda uma vida (uma ida que não inclui apenas a
própria experiência, mas em grande parte a experiência alheia.
Pois pode recorrer a um acervo de toda uma vida (uma vida que não
inclui apenas a própria experiência, mas em grande parte a
experiência alheia. O narrador assimila à sua substância mais íntima
aquilo que sabe por ouvir dizer). Seu dom é poder contar sua vida;
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sua dignidade é contá-la inteira. O narrador é o homem que poderia
deixar a luz tênue de sua narração consumir completamente a mecha
de sua vida. Diz Walter Benjamim, 1994, p. (197-221).
Com tudo fica visível que as histórias alimentam a imaginação, promove à
interpretação, o narrador que demonstra disponibilidade e interesse para ouvir as
histórias cotidianas contribui para sua formação de contador, e de um bom ouvinte.
O narrador de histórias deve estar atento a critérios de escolha que variam
de ocasião, fatores físicos, psicológicos à faixa etária. Saber escolher uma história é
o primeiro passo para o sucesso.
1.2. A criação da literatura para as crianças.
A literatura infantil tem seus primórdios nas narrativas populares da Idade
Média. Estas são marcadas pela prosa de caráter exemplar que faz surgir uma
literatura moralizante, de caráter didático, utilizada pela igreja como um instrumento
de civilização e que posteriormente seria destinado à escolas.
Não é por acaso que o gênio literário que mais se divulgou nessa época tenha
sido as fábulas.
A educação dessa época é elitista e aristocrática. Pretendia formar o nobre
cavaleiro, ”aquele que, pelo saber, preparação física, caráter e gosto literário, estaria
apto para participar dinamicamente das instituições sociais e políticas de sua nação”
(COELHO,1991,p.69). Baseava-se na concepção de que a cultura, e principalmente
a literatura , era a condição de humanização para os homens(“litterae humanea”).
Contudo, o que acabou por se confirmar foi um processo de dogmatização da
formação. A leitura dos clássicos se detinha mais nos aspectos “formais”, dando
lugar ao enciclopedismo e ao eruditismo.
É na França de Luis XIV, especialmente na segunda metade do século XVII
que, por sua influência e manifesta preocupação de jovens e crianças, surgem os
primeiros livros infantis. São eles: As Fábulas de La Fontaine, Os Contos da Mãe
Gansa de Perrault, Os Contos de Fadas de Mm, D‟ Aulnoy e Telêmaco de Fénelon.
É, então, no clima de valorização da antigüidade clássica, que as narrativas estarão
imersas. Logo, a literatura infantil que floresceu nessa época traz consigo esses
altos objetivos. As fábulas de La Fontaine dão prova disso:
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Se baseiam em autores gregos, latinos franceses, medievais,
parábolas bíblicas, contos populares, narrativas renascentistas e
medievais. Contudo, a riqueza dos escritos literários desse autor,
como de tantos outros, acabou por se perder nas várias traduções e,
principalmente,pelas adaptações. Diz COELHO (1991, P.107):
Mas a verdade é que as traduções e adaptações torcem a seu bel-prazer a
“moral” dessas fabulas, a ponto de as tornarem o oposto do que pretendia o autor,
originalmente. Como exemplo veja-se a mais conhecida delas, “A Cigarra e a
Formiga”.Enquanto La Fontaine,verdadeiro aristocrata,pretendia valorizar a cigarra
(Valor e a Beleza da Arte), a maioria das versões que chegaram aos nossos dias (e
já adaptadas pela mentalidade pragmática, burguesa) enfatizam a prudência e a
diligencia da ,formiga e não o canto, a função,não utilitária e bela da cigarra,que é
vista,afinal,como uma irresponsável, vagabunda ou preguiçosa.
1.3. A literatura infantil no Brasil
É somente um pouco antes da virada para o século xx que entra em nosso
país a literatura destinada a jovens e crianças.
O Brasil repete o que já havia acontecido na Europa: o desenvolvimento da
literatura atrelado à educação. Os valores que circundavam essa pedagogia, e
consequentemente nossa literatura, tinham como objetivo incentivar o nacionalismo,
valorizar o saber, principalmente através da literatura clássica, além de formar o
caráter através da moral religiosa. Tudo isto visava a preparar o indivíduo para a
vida e para ser cidadão.
Na década de 40, com a decretação da Lei Orgânica do Ensino Primário, que
defendia uma educação que proporcionasse o preparo do cidadão para uma vida útil
a Sociedade e a família, a produção literária se rende ao pragmatismo, refletindo
uma literatura menos “literária” e mais didática. Impulsionado pela tendência
construtivista, surge o livro para a informação( biografias, documentários,
enciclopédias) e para as questões do cotidiano.
A leitura é tida como habilidade formadora básica, sendo, portanto o ponto de
convergência entre os vários saberes. Por isso a matéria literária vai ser amplamente
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utilizada como recurso para o ensino de gramática e da língua em geral, por causa
da demanda escolar.
Desta forma, a literatura infantil brasileira se populariza graças a escola que
consequentemente, passa a ditar a conformação desse gênero literário.
Nos anos 80, o gênero literário infantil brasileiro já havia se firmado em razão
do crescimento do mercado consumidor, amplamente influenciado pela
escolarização da prática de leitura.
Atualmente, nossa literatura, independente de ser realista fantasista ou
mesmo híbrida, procura remeter a criança ao seu cotidiano, para adaptação ao meio
familiar e social. Traz informações sobre todo tipo de conhecimentos. Enfim, busca
preparar as crianças para enfrentar a realidade da vida.
1.4. A literatura infantil como forma de aquisição da identidade e autonomia
Ao ouvir uma história, as crianças vivenciam no plano psicológico as ações,
os problemas, os conflitos dessa história. Essa vivência, por empréstimo, a
experimentação de modelos de ações e soluções apresentadas na história fazem
aumentar consideravelmente o repertório de conhecimento da criança, sobre si e
sobre o mundo. E tudo isso ajuda a formar a personalidade
A criança que desde muito cedo entra em contato com a obra literária escrita
para ela terá uma compreensão maior de si e do outro. Terá a oportunidade de
desenvolver seu potencial criativo e ampliar os horizontes da cultura e do
conhecimento, percebendo o mundo e a realidade que a cerca. Para Bettelheim
(1996),
[...] enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça à multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão à vida da criança (p.20).
Concordando com essas autoras, Cademartori (1994, p.23), afirma que
[...] a literatura infantil se configura não só como instrumento de formação conceitual, mas também de emancipação da manipulação da sociedade. Se a dependência infantil e a ausência de um padrão inato de comportamento são questões
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que se interpenetram, configurando a posição da criança na relação com o adulto, a literatura surge como um meio de superação da dependência e da carência por possibilitar a reformulação de conceitos e a autonomia do pensamento.
Na concepção de Aguiar & Bordini (1993),
[...] a obra literária pode ser entendida como uma tomada de consciência do mundo concreto que se caracteriza pelo sentido humano dado a esse mundo pelo autor. Assim, não é um mero reflexo na mente, que se traduz em palavras, mas o resultado de uma interação ao mesmo tempo receptiva e criadora. Essa interação se processa através da mediação da linguagem verbal, escrita ou falada ... (p.14).
Poucas crianças têm o hábito de ler em nosso país. A maioria tem o primeiro
contato com a literatura apenas quando chega à escola. E a partir daí, vira
obrigação, pois infelizmente muitos de nossos professores não gostam de trabalhar
com a literatura infantil e talvez desconheçam técnicas que ajudem a "dar vida às
histórias" e que, conseqüentemente, produzam conhecimentos. Muitos não levam
em conta o gosto e a faixa etária em que a criança se encontra, sendo que muitas
vezes o livro indicado ou lido pelo professor está além das possibilidades de
compreensão dela em termos de linguagem.
Uma história traz consigo inúmeras possibilidades de aprendizagem. Entre
elas estão os valores apontados no texto, os quais poderão ser objeto de diálogo
com as crianças, possibilitando a troca de opiniões e o desenvolvimento de sua
capacidade de expressão. O estabelecimento de relações entre os comportamentos
dos personagens da história e os comportamentos das próprias crianças em nossa
sociedade possibilita ao professor desenvolver os múltiplos aspectos educativos da
literatura infantil.
Experiências felizes com a literatura infantil em sala de aula são aquelas em
que a criança interage com os diversos textos trabalhados de tal forma que
possibilite o entendimento do mundo em que vivem e que construam, aos poucos,
seu próprio conhecimento. Para alcançarmos um ensino de qualidade, se faz
necessário que o professor descubra critérios e que saiba selecionar as obras
literárias a serem trabalhadas com as crianças. Ele precisa desenvolver recursos
pedagógicos capazes de intensificar a relação da criança com o livro e com seus
próprios colegas. Segundo Bettelheim (1996),
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Para que uma estória realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam... (p.13).
Ao trazer a literatura infantil para a sala de aula, o professor estabelece uma
relação dialógica com o aluno, o livro, sua cultura e a própria realidade. Além de
contar ou ler a história, ele cria condições em que a criança trabalhe com a história a
partir de seu ponto de vista, trocando opiniões sobre ela, assumindo posições frente
aos fatos narrados, defendendo atitudes e personagens, criando novas situações
através das quais as próprias crianças vão construindo uma nova história. Uma
história que retratará alguma vivência da criança, ou seja, sua própria história. De
acordo com Abramovich (1995, p.17),
[...] ler histórias para crianças, sempre, sempre ... É poder sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelas personagens, com a idéia do conto ou com o jeito de escrever dum autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de divertimento... É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras idéias para solucionar questões (como as personagens fizeram...). É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos - dum jeito ou de outro - através dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas personagens de cada história (cada uma a seu modo)... É a cada vez ir se identificando com outra personagem (cada qual no momento que corresponde àquele que está sendo vivido pela criança)... E, assim, esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução delas...
Portanto, a conquista do pequeno leitor se dá através da relação prazerosa
com o livro infantil, onde sonho, fantasia e imaginação se misturam numa realidade
única, e o levam a vivenciar as emoções em parceria com os personagens da
história, introduzindo assim situações da realidade.
[...] é ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve - com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar ... Pois é ouvir,
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sentir e enxergar com os olhos do imaginário! (Abramovich, 1995, p. 17).
A literatura é essencial na vida da criança, porque ajuda no crescimento
intelectual e é fonte de inesgotável divertimento e prazer.
Cabe, pois, ao professor, estimular o gosto pela leitura e prover as crianças
com livros bons, acessíveis ao seu grau de desenvolvimento.
1.5. A importância de contar historias para o desenvolvimento infantil
Ler histórias para crianças é poder sorrir, rir, gargalhar com as situações
vividas pelas personagens, é suscitar o imaginário, é ter curiosidade respondida em
relação a tantas perguntas, é encontrar idéias para solucionar questões. São umas
possibilidades de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das
soluções que todos vivemos e atravessamos. É ouvindo histórias que se podem
sentir emoções importantes como a tristeza, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade
e tantas outras mais.
A partir da década de 70, a Literatura Infantil sofre uma virada temática e
passa a se sustentar em novos dogmas da educação: a valorização da criatividade,
da independência e da emoção infantil, o chamado, pensamento crítico e segundo
Silveira (1997, p.149), "(…) e com ênfase à criança ativa, participante, não-
conformista".
São vários os conceitos que se tem de Literatura Infantil, dentre eles, como o
referido por Cunha, de que "(…) Literatura Infantil são os livros que têm a
capacidade de provocar a emoção, o prazer, o entretenimento, a fantasia, a
identificação e o interesse da criançada". (apud ALVES, 2003).
Abramovich (1997, p16) ressalta "(…) Ah, como é importante para a
formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... escutá-las é o início da
aprendizagem para ser leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de
descoberta e de compreensão do mundo...". Podemos, assim, começar a
compreender a importância da Literatura Infantil no desenvolvimento cognitivo das
crianças. Ser leitor é o meio para conhecer os diferentes tipos de textos, de
vocabulários. É uma forma de ampliar o universo lingüístico. Para o "contador" de
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histórias, cabe o prazer de interagir com a leitura ao mesmo tempo em que
oportuniza este prazer para os seus ouvintes, como reafirma Aroeira (1996, p 141)
"(…) Contar histórias é uma experiência de grande significado para quem conta e
para quem ouve".
Ao observarmos a origem dos chamados "clássicos" da Literatura Infantil, os
Contos de Fada verão que eles surgiram de histórias da tradição oral. São histórias
contadas e recontadas oralmente que fazem parte da cultura e que são depois
registradas na forma escrita. (ALVES, 2003).
Em Coelho (1995, p.31) temos que, "(…) A função pedagógica dos Contos
de Fadas, quase como regra, era afastar os pequenos dos perigos... além disso,
encontra-se em muitos desses contos a defesa de valores como a virtude, o trabalho
e a esperteza". Para Bettelhein, (1990, p.197) "(…) O conto de fadas é a cartilha
onde a criança aprende a ler sua mente na linguagem das imagens, a única
linguagem que permite a compreensão antes de conseguirmos a maturidade
intelectual". Assim, cada criança, particularmente, procurará no conto de fadas, um
significado diferente de acordo com as suas necessidades e interesses em cada
fase de sua vida. Os contos de fadas falam: de medos (Chapeuzinho Vermelho); de
amor (A Pequena Sereia); da dificuldade de ser criança (Peter Pan); de carências
(Joãozinho e Maria); de auto descobertas (O Patinho Feio); e de perdas e buscas (O
Gato de Botas).
Na história, a criança se projeta momentaneamente nos personagens e
penetra no mundo da fantasia, vivenciando um contato mais estreito com seus
sentimentos e elaborando seus conflitos e emoções. Desta maneira, ela cresce e se
desenvolve. A história funciona como uma ponte entre o real e o imaginário. Como
bem o explica Aroeira, (1996, p.141), "(…) Por meio da história, a criança observa
diferentes pontos de vista, vários discursos e registros da língua. Amplia sua
percepção de tempo e espaço e o seu vocabulário". Ela desenvolve a reflexão e o
espírito crítico, pois a partir da leitura, "(…) Ela pode pensar, duvidar, se perguntar,
questionar..." (ABRAM0VICH, 1997, p. 143). Assim sendo, Cagnet (1995, p.23.)
afirma que "(…) A Literatura Infantil é fonte inesgotável de assuntos para melhor
compreender a si e ao mundo". Para tanto, Sawulski, (2002), observa que "(…) Faz-
se necessário que o professor introduza na sua prática pedagógica a literatura de
cunho formativo, que contribui para o crescimento e a identificação pessoal da
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criança, propiciando ao aluno a percepção de diferentes resoluções de problemas,
despertando a criatividade, a autonomia e a criticidade, que são elementos
necessários na formação da criança em nossa sociedade atual".
A Literatura Infantil, nas escolas, deve despertar o gosto pela leitura, pois
"(…) a literatura pode proporcionar fruição, alegria e encanto quando trabalhada de
forma significativa pelo aluno. Além disso, ela pode desenvolver a imaginação, os
sentimentos, a emoção, a expressão e o movimento através de uma aprendizagem
prazerosa". (SAWULSKI, 2002).
(…) Ler não é decifrar palavras. A leitura é um processo em que o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, apoiando-se em diferentes estratégias, como seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor e de tudo o que sabe sobre a linguagem escrita e o gênero em questão. (RCNEI, 1998, p. 144).
Os RCNEI sugerem que:
(...) os professores deverão organizar a sua prática de forma a promover em seus alunos: o interesse pela leitura de histórias; a familiaridade com a escrita por meio da participação em situações de contato cotidiano com livros, revistas, histórias em quadrinhos; escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor; escolher os livros para ler e apreciar. Isto se fará possível trabalhando conteúdos que privilegiem a participação dos alunos em situações de leitura de diferentes gêneros feita pelos adultos, como contos, poemas, par lendas, trava-línguas, etc. propiciar momentos de reconto de histórias conhecidas com aproximação às características da história original no que se refere à descrição de personagens, cenários e objetos, com ou sem a ajuda do professor, (1998, vol.3, p. 117-159).
Atualmente, com os avanços da psicologia do desenvolvimento infantil sabe-
se que, "(…) é preciso entender que a criança é também cheia de conflitos, medos,
dúvidas e contradições, não por desconhecer a realidade, mas por trazer em si a
imagem projetada do adulto". Portanto, "(…) Quanto ao desenvolvimento cognitivo, a
ênfase não pode ser naquilo que a criança ainda não dá conta, mas sim, naquilo que
só ela é capaz de fazer". (ALVES, 2003).
Assim, o texto literário deve levar em conta as habilidades cognitivas da
criança à qual se destina, oferecendo um produto de qualidade, que possibilite um
avanço no seu desenvolvimento bio-psico-social, que ocorrerá, conforme o explica
Frantz (2001 p. 62):
(…) Por meio do processo de identificação, o leitor infantil vive intensamente essas situações na pele das personagens e com elas sofre, luta, se alegra e se sai vitorioso no final. Com esse exercício, ele aprende a reconhecer as suas próprias dificuldades e como lidar com elas também. Ele está
20
aprendendo a se reconhecer melhor e também a conhecer o mundo que o cerca.
Para Pinto :
A Literatura Infantil tem um grande significado no desenvolvimento de crianças de diversas idades, onde se refletem situações emocionais, fantasias, curiosidades e enriquecimento do desenvolvimento perceptivo. Para ele a leitura de histórias influi em todos os aspectos da educação da criança: na afetividade: desperta a sensibilidade e o amor à leitura; na compreensão: desenvolve o automatismo da leitura rápida e a compreensão do texto; na inteligência: desenvolve a aprendizagem de termos e conceitos e a aprendizagem intelectual. (apud RUFINO e GOMES, 1999, p.11).
Coelho explica que:
[...] a literatura infantil vem sendo criada, sempre atenta ao nível do leitor a que se destina... e consciente de que uma das mais fecundas fontes para a formação dos imaturos é a imaginação – espaço ideal da literatura. É pelo imaginário que o eu pode conquistar o verdadeiro conhecimento de si mesmo e do mundo em que lhe cumpre viver. COELHO (2000 p.141).
A mesma autora, afirma:
[...] Descobre-se agora que o verdadeiro conhecimento do eu não se dá por um "mergulho no inconsciente" (por meio de um processo interior, subjetivo, solitário), mas sim por meio do reconhecimento do eu em interação com o outro (por meio de experiências vitais e solitárias que mesclam reações interiores do ser e dados exteriores a ele). COELHO (2000 p. 156).
A Literatura Infantil é importante sob vários aspectos biopsicossociais.
Quanto ao desenvolvimento cognitivo, ela proporciona às crianças meios para
desenvolver habilidades que agem como facilitadores dos processos de
aprendizagem. Estas habilidades podem ser observadas no aumento do
vocabulário, nas referências textuais, na interpretação de textos, na ampliação do
repertório linguístico, na reflexão, na criticidade e na criatividade. Estas habilidades
propiciariam no momento de novas leituras a possibilidade do leitor fazer inferências
e novas releituras, agindo, assim, como facilitadores do processo de ensino-
aprendizagem não só da língua, mas também das outras disciplinas.
21
Capítulo II
O PROJETO “CONTE OUTRA VEZ”
2.1- Como tudo começou: A história do projeto
Como tudo começou profissionais de Londrina, foram convidados a
colaborar nos encontros mensais com os educadores, para discutirem a relação
entre literatura infanto-juvenil e ensino.
Quando Ir Elza, em 2001, assumiu a direção do CEI Menino Deus, uma de
suas formação ética para crianças que vivem em um dos bairros, tido na época,
como um dos mais violentos da cidade, onde a criminalidade, a violência,os abusos
morais e sexuais fazem parte de seu cotidiano. Como ensinar bêbes e crianças até 6
anos a cumprirem regras de convivência e sociabílidade, em uma comunidade onde
a maioria dos adultos tem a transgressão como regra e não como exceção?
Irmã Francisca, apesar de ter sua instituição na região central da cidade,
atendendo famílias de diferentes classes sociais e econômica onde as
transgressões não são tão explicitas, não estava livre das mesmas questões,
mesmo porque nos últimos anos, desconsiderar os princípios éticos, passou a ser
prática comum em nossa sociedade, independente de condição social ou
econômica. O desafio estava instalado , ensinar em Centros de Educação Infantil, as
regras de convivência e sociabilidade e também participar da formação da instância
psíquica necessária para internalizarão de tais regras - superego.
As leituras, e estudos e discussões sobre a constituição do sujeito e as fases
do desenvolvimento infantil.
Um dos grupos de estudo realizado com os educadores dos CEIs Santo
Antônio e Menino Deus tiveram como objetivo articular o desenvolvimento das
estâncias psíquicas com o desenvolvimento das capacidades cognitivas e as leituras
e discussões se baseou no livro Desenvolvimento em Psicologia Psicanalítica, de
Jorge A. Kury e Carlos D. Perez.
As oficinas de cuidados para com os educadores contaram com a
colaboração de pessoas importantes Emiliana Pinheiro, apresentaram os benefícios
da yoga, Denise Barros apresentou sua aula de canto, Vanessa Febrini a psicóloga
que apresentou sua oficina de artes cênicas e literatura dramática.
22
Também duas jovens que fazem parte da historia e assumiu a
responsabilidade pela coordenação CEI Santo Antônio, Rafaela Lucas Gonçalves
Franco e Sueli Guedes da Luz Cavalheiro, aprenderam a escutar e contar historia,
são elas que garantem a continuidade do projeto Conte Outra Vez e cuidam para
que a formação dos educadores seja cada vez mais baseada em uma rede de
cuidado e afeto.
A questão mais forte que mobilizou meu trabalho foi á angústia da irmã Elza.
A creche (Menino Deus) estava inserida em um bairro, o João Turquino, que era o
mais violento da cidade e que também tinha as vivências mais comuns. Como
estabelecer objetivos educacionais, visando valores cristãos e éticos (afinal a creche
ia ser dirigida por uma irmã claretiana) estando inserida nesta realidade? Eu insistia
que não podíamos entrar com um discurso moral sobre certo e errado, bonito e feio,
honesto e desonesto. Como dizer para essa criança não mentir, se ela precisa da
mentira como recurso ético, inclusive? Não a mentira perversa, mas a mentira como
recurso de sobrevivência. Se ela for verdadeira, vai ser devorada por essa realidade.
Daí surge a idéia de contar histórias. O “Era uma vez em um reino distante”
cria o deslocamento no tempo e no espaço necessário para tratarmos dessa
realidade contraditória, paradoxal, trágica, ao mesmo tempo em que abordamos o
dia a dia das crianças, sem entrar diretamente na questão. Sem esse deslocamento,
a criança angustia demais. São crianças realmente abandonadas. E não há
possibilidade de acusramos isso a elas.
2.2 - A escolha das histórias.
As narrativas clássicas, que tratam de questões humanas universais, foram
coletadas da tradição oral a partir do que era vivido naquele momento. Então,
compiladas elas serviam para transmitir os ideais iluministas. Assim, essas
narrativas tratam das angústias que todos têm. É impressionante como ao oferecê-
las às crianças, elas começam a contar sobre suas vidas. Antes, não sabiam contar.
Com as narrativas, têm acesso a essa realidade e podem falar sobre si.Porque se
narrar?
Saber contar é importante porque somos uma narrativa. Quem somos nós
senão uma ficção sobre nós mesmos? Nossa identidade não é algo cristalizado,
23
definido. Nós somos o que narramos. E a nossa narrativa é composta pela nossa
percepção e pela dos outros, que nos rodeiam. Então, se a criança consegue contar
o que está vivendo, ela está se constituindo. Tem um exemplo muito interessante. A
criança está vivendo uma experiência de medo e, às vezes, não sabe que se chama
medo. Você começa a contar histórias, para os pequenininhos, de um ano e pouco,
de lobo mau, três porquinhos, bruxa e eles começam a falar que têm medo. As mães
e os pais em casa interpretam assim: „Começaram a contar história e agora ele ta
com medo.‟ Não! Não é que agora ele está com medo. Ele já experimentava esse
sentimento, só que agora sabe nomear o que está sentindo e consegue comunicar
isso ao pai, à mãe. Então, não entra e estado de angústia.
A narrativa tem a capacidade de antecipar uma interpretação mais geral, que
a criança usa para dar sentido ao que está vivendo. São bonitinhas de ver, as
crianças começam a contar coisas de casa. Agora elas sabem contar que o pai está
em conflito com a mãe, sabem fazer a leitura. Antes, só testemunhavam um negócio
que não sabiam bem o que era.
“Conte Outra Vez tem se revelado uma criação com vida mais longa que as
anteriores, na medida em que tenho conseguido manter minha promessa. Meu
desejo é o que impera e dá direção.”(ElianaLouvison).Alguém que conta a história.
Mesmo que se use a narrativa de uma história infantil bem elaborada, todo o
processo de construção da subjetividade requer mediação. Sujeitos largados na
floresta, criados por animais, vivem e crescem. Mas não falam. Porque a mediação é
um humano outro que antecipa o sentido. O bebê, por exemplo. A mãe fica chutando
(para descobrir o que ele tem): „Está com dor, com cólica, está mal humorado. ‟ Esse
blábláblá vai convocando o aparelho psíquico a funcionar. Senão fizermos isso não
viramos seres humanos.
Mas como convocar um educador, um pai, uma mãe, a ficar narrando às
tramas intrapsíquicas, se isso, geralmente, é feito na base de um recalque?
Ninguém vai ficar se narrando para o filho. Ninguém faz isso. Parece que os
indígenas fazem, porque têm tempo para ficar contando, contando, contando,
narrando o dia inteiro. Nós não fazemos mais isso. Aí entram as histórias nas quais
o autor decidiu falar sobre a nossa existência. Por isso, nós escolhemos as clássicas
e as do Rubem Alves que metaforizam as grandes angústias humanas. Tem uma
história deste autor, „O Medo da Sementinha‟, em que a palavra morte não aparece.
24
Mas trata da morte. É impressionante como quando a contamos, a criança começa a
perguntar: „Meu pai vai morrer? Não sei quem vai morrer? ‟“Assim como um bom
quadro não precisa de título para afetar nossos sentidos, uma boa música não
precisa de tradução para nos fazer rir ou chorar (...),histórias bem contadas e
escritas não precisam ser interpretadas. Histórias bem contadas e escritas não
precisam ser interpretadas. Elas falam por si só.” (ElianaLouvison).
2.3- Funções das histórias clássicas.
As histórias clássicas têm duas grandes funções. Nomeação: oferecer
palavras para que a criança possa dizer de si e do outro. Ensinar a narrar: para que
eu possa narrar a meu respeito, mesmo que eu crie as ficções mais doidas, não
importa. A preocupação não é se de fato você está falando de si tal como é, porque
todas as narrativas que fazemos de nós são provisórias. Quando você
grudanumahistóriaenãoarevê,vocêadoece. Essas narrativas clássicas não
descrevem uma realidade. Elas vão mostrando como a coisa vai mudando, vai se
transformando. O bom vira mal, o mal vira bom, o que estava por baixo fica por cima.
A história dos Três Porquinhos, por exemplo, fala na verdade de um só, que a cada
momento age de uma forma. Nós temos os três porquinhos dentro de nós. Uma
hora, somos o porquinho que está com a casa mais vulnerável, em outra
conseguimos agir bem com as intempéries da vida, em outra nos aliamos e fazemos
cumplicidade para dar conta de algumas coisas. O mal é relativizado. Tem hora que
você tem que ser mauzinho. A história de João e Maria é fantástica. Tem uma hora
que a Maria joga a bruxa no forno
2.4 – Nossa voz sobre o projeto “Conte Outra Vez”.
Vamos contar um pouca da nossa própria participação no projeto “Conte
Outra Vez, por considerarmos parte deste estudo, já que somos pesquisadoras e
pesquisadas ao mesmo tempo. Neste sentido optamos por narrar nossa própria
história, contar nossa vivência e percepções.
No primeiro ano de experiência vivido, as atividades pedagógicas eram
realizadas de acordo com as diretrizes oficiais e desenvolvidas paralelamente ao
25
projeto Conte Outra Vez. As educadoras estavam familiarizadas com a prática
cotidiana de escolher e realizar atividades com objetivos pedagógicos, até mesmo
incluindo entre elas o contar historia. Usar as historia infantis para a criança
identificar e nomear sentimentos e promover a interação de valores éticos exige do
educador uma postura diferente, tanto no momento da escolha das historias como
na forma e intenção de contá-las.
Nos CEI é fácil observar e constatar como o vínculo e os afetos que a mãe
vive com o educador vai determinar a relação do educador com a criança e vice-
versa.
Cada uma das pessoas com quem a criança convive terá papel fundamental
no modo como ela aprenderá a negociar seu espaço no grupo e a criar um estilo de
se relacionar.
Assim com base na experiência primária com a mãe- de reconhecer e ser
reconhecido, principalmente - que se desenvolve o potencial do bebê para
reconhecer os outro significativos (pais,irmãos,avós) como sujeitos com os quais
partilhará a vida e como elos da cadeia que forma no núcleo familiar atual- embora
sua origem seja em cadeias precedentes.
O amadurecimento do bebê é simultâneo á ampliação da estrutura familiar.
A história do sujeito está vinculada necessariamente a história da família, seja a
história passada ou a futura.
2.4.1. A voz da Prof. Tereza no C. E.I Menino Deus
Desde que aprendi a ler e escrever sempre adorei ouvir histórias, sempre fui
encantada com aquele mundo mágico e imaginário.
Pois nunca tive a oportunidade de ter contatos com livros, pois só havia
estado em sala de aula apenas um ano aos meus 9 anos de idade, a oportunidade
que tive foi quando meus filhos começaram a estudar, e o tempo foi passando ,mais
um dia Deus me deu a oportunidade de trabalhar nessa instituição como auxiliar de
serviços gerais, mas para trabalhar nessa instituição havia uma exigência, no qual
era voltar a sala de aula, então aos meus 42 anos entrei novamente em uma sala de
aula.
26
E entre uma vassourada e outra, passando em frente as salas de aula me
encantava ouvindo as professoras contando história, às vezes eu ficava
escondidinha perto da porta ouvindo e viajando dentro daquela história.
Então quando as professoras iam fazer seu horário de almoço era nós do
serviço gerais que ficava na sala, às vezes as crianças estavam muito agitadas e eu
resolvi também contar história, más não querendo mexer no armário da professora
comecei a contar uma história, a da minha própria vida, como o tempo era pouco
cada dia eles pediam para eu terminar a história da menina que não tinha pai e nem
mãe, e o que havia acontecido com ela, e percebi que enquanto eu ia contando a
história às crianças se emocionavam.
E com o tempo percebi que meu dom não era só limpar , mas também ajudar
na formação e crescimento das crianças como cidadão.
Foi quando voltei a estudar, terminei o ensino médio e iniciei minha sonhada
faculdade de pedagogia.
Sem experiência alguma, mas com uma vontade imensa fui convidada pela
Irmã Elza para trabalhar como atendente de sala fiquei feliz, pois meu sonho estava
começando a se realizar.
Cursando pedagogia e trabalhando nesta instituição consegui me formar e
contínuo no mesmo lugar com muito orgulho desta oportunidade de que me foi
concedida.
Hoje estou me especializando e aperfeiçoando os meus conhecimentos na
área educacional.
2.4.2. A voz da Prof. Leila experiência no C. E.I Dom Geraldo Fernandes
Em 2011 , foi o ano em que o projeto “Conte outra vez”, foi apresentado e
aplicado no centro de educação infantil dom geraldo fernandes. Com a chegada da
irmã Marinéia da Silva em 2010.
No começo foi um desafio , pois a instituição aplicava suas atividades com
temas geradores.
27
Nas formações onde comparecia os professores e coordenadores das
instituições Menino Deus e Santo Antônio e a incritora do livro, ouve bastante
debate. Mas elas sempre procuraram convencer as docentes que “aquele era o
melhor projeto”.
Por se tratar de um projeto considerado interdisciplinar, ao ser aplicado não
ouve dificuldade, mas contar o mesmo conto 89 dias, mais ou menos, se tornou
cansativo.
Os clássicos realmente são ótimos, mas estamos deixando de contar
clássicos como “Sitio do Pica-Pau Amarelo ou outros contos, com valores diferentes
como os livros sobre diversidades, trabalhar outros conceitos , preocupar em formar
um cidadão como um todo.
As crianças são exemplos para os adultos, elas estão abertas e dispostas a
mudanças. Aceitam o que lhe é oferecido e sempre tiram aproveito de tudo o que lhe
é apresentado.
O que importa realmente para a formação do indivíduo e se suas
necessidades estão sendo atingidas, ou seja, se os conteúdos e os objetivos estão
sendo alcançada, devida sua faixa etária. Oferecer a elas um ambiente criativo,
imaginativo e mágico, só irá contribuir ainda mais na formação como ser humano.
Independente de qual projeto a ser aplicado, o professor tem que se colocar
no lugar da criança, se possível ainda voltar ao passado e lembrar-se de sua
infância. Procurar fazer seus projetos voltados para todos os eixos, sem esquecer-se
das brincadeiras, das histórias, das cantigas infantis.
Seu projeto só será cem por cento quando o professor for completo.
28
Capítulo III
AS CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA: O OLHAR
DOS PROFESSORES PARA O PROJETO
3.1- As análises dos professores e coordenadores
O OLHAR DO EDUCADOR
Tendo como referência os questionários aplicados aos professores do Centro
de Educação Infantis Menino Deus e Dom Geraldo Fernandes, foi entregue um
questionário com 5 perguntas para 20 professoras, e 1 questionário para
coordenadora do C.E.I Menino Deus , e 12 professores do C.E.I Dom Geraldo
Fernandes, e cada professora respondeu seu questionário, individualmente, que
depois de respondido foram devolvidas as pesquisadoras em um prazo de quatro
dias.
No gráfico abaixo, analisamos a participação efetiva dos entrrevistados
quanto a sua participação e foi possível chegar aos seguintes dados:
Figura1 – Gráfico correspondente á porcentagem de professores que participaram da
pesquisa.
Como é possível observar no gráfico 1, 17 professores e 1 coordenadora do
Centro de Educação infantil Menino Deus ,tiveram o interesse em participar do
projeto, que foi sua maioria.E somente 2 professoras, de uma equipe de 12
0%
5%
10%
15%
20%
Participação
Participação dos Professores
C.E.I Menino Deus
C.E.I Dom Geraldo Fernandes
29
professoras do Centro de educação infantil Dom Geraldo Fernandes , que
prontamente se dispuseram a colaborar com as pesquisadoras, sendo todos os
questionários respondidos integralmente e devolvidos às pesquisadoras.
A pergunta 1: Quanto tempo conhece e participa do projeto, foi aplicada com todas
as professoras como segue abaixo.
Grafico 2.
Em quanto a primeira impressão,ao dar início ao projeto a maioria das
professoras, acharam dificil, acharam ainda que não daria dar certo, que as crianças
não iriam prestar atenção nas histórias, que era chato contar o mesmo conto,
durante o mês , e em algumas turma três meses, não compreendiam o por que de
tanta repetição.
Entenderam como um projeto interdisciplinar, que abordava todos os eixos,
com conteúdos específico para cada faixa etária. Um projeto para substituir o tema
gerador.
Com algumas restrições, que todo final de história não se podia dar moral,
pois as crianças teriam que tirar suas próprias conclusões. Que não poderiamos
responder, as perguntas das mesma, pois elas teriam que formular suas respostas.
Questões que ficaram difícil de por em prática no dia-a-dia.
A contação de história , requer prática, a professora para aplicar o projeto, por
sua vez tem que internalizar, gostar de ler histórias, procurar meios para que o conto
fique comtenha magia para que possa aguçar a imaginaçào das crianças e estimular
o gosto pela leitura.
0%
2%
4%
6%
8%
10%
9 meses á 2 anos
3 anos 7 á 9 anos
Mais de 10 anos
Professores
Quanto tempo conhecem o Projeto"Conte Outra vez".
30
Na prática as docentes relataram que ficou delicado abordar o projeto, pois
elas não estavam preparadas, pois para aplicar tal projeto as docentes teriam que
internalizar a história, para que o mesmo tenha sentido, não ficasse superfial.
Os professores precisando estar atentos, para compreender e valorizar a
interação de cada criança com relação a história, isso requer muita dedicação por
parte dos educadores.
Após alguns meses a maioria das docentes, começaram a gostar pois
alegaram que o projeto estava atendendo as necessidades, e promovendo o
desenvolvimento . O Projeto “Conte Outra Vez” foi entendido como, uma ferramenta
imaginativa, para ajudar as crianças, a lidar com seus medos, frustações,para a
formação de sua personalidade, e na formação de ser humano, com menos
traumas.
Com essa ideia, as professoras começam a ver o projeto de um modo
positivo. Perceberam que as crianças se interagiram com as histórias , e que por
mais que o conto se repitia as mesmas não perdiam o interese. A cada momento
surgia mudanças de comportamento, força por parte de algumas crianças para lidar
com seus medos.
3. As professoras apontaram vários pontos positivos. O projeto “Conte outra
Vez”. Acharam que não só contribuiu para o aprendizado e desenvolvimento das
crianças, mas também para a formação das professoras.
Citaram que ao ouvir histórias as crianças ficam atentos, e que as crianças
do infantil cinco, começam a verbalizar seus sentidos.Elas prestam atenção, e
param para ouvir . Sentiram que em alguns momentos resgataram alguns valores e
um pouco de cultura, e o interesse por livros desde cedo.
Perceberam a identificação das crianças, com os acontecimentos das
histórias, as crianças vão assimilando cada vez mais a história tirando suas próprias
idéias sobre o conto. Com esse projeto, pode se formar nas crianças o hábito da
leitura e resgatar histórias que eram contadas em outras épocas. As histórias
mudaram o comportamento das crianças quando elas, passam a ouvi-lás, acreditam
que ajudaram para o crescimento como pessoa, trabalha a comunicação verbal,
emocional e afetivo, ajudando assim a colocar em ordem nosso mundo interior. A
cada dia que se conta a mesma história as crianças se libertam de alguns traumas e
31
medos que as assombram, ajudando-os a trabalhar valores, sentimentos,
desenvolvendo assim a línguagem oral.
Ficam mais focadas , aparentemente apresentam melhoras por exemplo: na
questão do choro quando contamos a história do joão e maria no começo do ano
letivo, pedem para contar e também já conseguem decorar as partes que mais
gostam.
É uma estratégia para cuidar dos sentimentos das crianças, a acolhida, o
respeito para o enrriquecimento humano da criança para ser sociável, muitas vezes
se identificando com elas, se influenciando com as histórias, se identificando com os
personagens. Cada criança demonstram seu encantamento, a espontaniedade, a
capacidade de expressão da realidade de cada criança através da história.
Sem contar com o mínucioso cuidado que os envolvidos e responsavéis pelo
projeto, apresentam para que haja um real trabalho na aplicação do projeto e seus
respaldos e também enrriquecimento próprio e bagagem formal.
4. Mediante a pergunta feita aos educadores sobre os pontos negativos, 9%,
cita algumas falhas no projeto.
A falta de materiais pedagógicos, e de livros para o manuseio das crianças,
em questão das histórias clássicas, as histórias são longas, e o período de contação
longa de três meses, acabam deixando algumas crianças dispersas outras perdem o
interesse, pois em alguns contos, contém uma linguagem complexa.Eo fato da
professora não poder escolher a história a ser contada.
Outros 11%, responderam que não há pontos negativos, pois o projeto
contribui para o crescimento da criança,que mais instituições deviam adaptar esse
projeto,pois é um projeto interdiciplinar, e muito bom.
5. Mediante as sugestões dadas pelos professores verifica-se que 7% das
professoras responderam: ampliar o repertório de histórias, outras docentes
sugeriram inserindo outros livros de diferentes autores brasileiros para não cair na
rotina como Monteiro Lobato e Rutth Rocha, com sua vasta obra literária.
Oferecendo oficinas nas instituições para a elaboração de fantoches, e outros
materíais, para que o professor não fique só na leitura.
32
Acreditam que assim as histórias, se tornaram de fácil entendimento para
melhor compreensão.
12% das professoras acham que deveria haver mais esclarecimentos e
informações para que o projeto tenha um melhor desenvenvolvimento.
33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conte Outra Vez, histórias infantis para a formação das crianças relata em
linguagem direta a história de um projeto que entrou no cotidiano de crianças e
educadores de duas creches filantrópicas de Londrina, no Paraná, na primeira
década do século XXI. Este projeto mostra uma criatividade no momento de contar
histórias infantis. Assim como contar histórias aciona um “click” em algum lugar da
alma humana, escrever ajuda a elaborar o que a vida nem sempre dá conta de
mostrar.
Conclui-se, portanto no presente trabalho de pesquisa, que o projeto conte
outra vez é um elemento fundamental e de imprescindível valor para o processo de
ensino-aprendizagem, bem como, para a educação, visto que abrange o educador, o
educando e o sistema educacional de forma geral.
Através da pesquisa bibliográfica e mediante os questionários entregues à
docentes e coordenadora constatou-se que em média 20% dos professores que
atuam na educação infantil não atribuem à história a devida importância e que
apesar de várias transformações positivas que tem ocorrido na mentalidade de
muitos professores quanto ao projeto conte outra vez, ainda existem, mesmo que
em uma minoria, aqueles que não aplicam o projeto de forma adequada,
respondendo assim, o problema de pesquisa.
Mediante a pesquisa bibliográfica realizada para a efetuação deste projeto foi
possível também sugerir formas diversificadas de contar histórias de modo a tornar
este ato prazeroso para docentes e discentes, propondo assim ,uma solução para o
problema da pesquisa.
Considerando tais fatores, entende-se que é essencial que seja concedida ao
projeto conte outra vez a devida importância e que o educador, assim como, a
equipe pedagógica ao tratar da mesma, faça-o com muita responsabilidade,
seriedade e compromisso, visando sempre aprimorar o desenvolvimento do aluno e
aperfeiçoamento da qualidade de ensino.
Contar e encantar, dentro do nosso estudo teve como princípio uma proposta
pedagógica para o dia a dia, onde é primordial enfatizar que a fantasia, a
imaginação, tem importância fundamental no desenvolvimento da criança e que
34
compreender a infância, é defender que cada criança é única e que possui formas
de pensar e agir diferentes dos adultos. Ouvir e contar histórias são uma atividade
que dentre outras, pode desenvolver o emocional da criança, ajudá-la a se organizar
e socializar além de auxiliá-la no processo de alfabetização. Assim os contos de
fada são considerados um instrumento pedagógico prazeroso e de grande auxílio no
processo de construção da aprendizagem da criança.
35
REFERÊNCIAS
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In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São
Paulo: Brasiliense, 1994, p. 197-221.
BETTELHEIM, B. A psicanálise dos contos de fadas. 11.ed. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1996. p. 11-43.
BETTELHEIM, B. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
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CAGNETI, S. Livro que te quero Livro. Rio de Janeiro: Nódica, 1996, p. 23.
CARVALHO, Bárbara Vasconcelos de. Literatura Infantil e estudos. São Paulo:Lotus, 1975.
36
COELHO. Bethy. Contar histórias: uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1996.
COELHO, N. Literatura: arte, conhecimento e vida. São Paulo: Peirópolis, 2000. 159p.
COELHO, N. A história da história. In: RIBEIRO, R. O Patinho Feio. São Paulo: Editora Moderna, 1995.p. 53.
FRANTZ, M. O ensino da literatura nas séries iniciais. 3 ed. Ijuí:unijuí, 2001. 111p.
GOTLIB, Nádia Battella. Teoria do conto. São Paulo: Ática, 2000. SAMUEL, Rogel (Org). Manual de teoria literária. Petrópolis: Vozes, 1990. _____ Formando crianças produtoras de textos. Porto Alegre : Artes Médicas, 1994. v.2
38
UNIFIL - CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA
PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E SERES INICIAIS
TERMO DE COMPROMISO
Prezado Educador (a) Infantil
Você esta convidado (a) a participar de enquete para a pesquisa do nosso
trabalho de conclusão de curso intitulada “A arte de contar histórias: A experiência
do Projeto “Conte Outra Vez”.Sua participação é importante e contribuirá com as
análises sobre sua participação no projeto “Conte Outra Vez”.
O objetivo da pesquisa é analisar a experiência do projeto para o
desenvolvimento da criança. Pedimos sua colaboração para que responda ao
questionário em anexo para que possamos mapear e compreender os elementos
que fazem parte deste trabalho.
COMFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: Como pesquisadoras responsáveis pela
pesquisa garantiram o sigilo das informações, asseguradas a privacidade dos
sujeitos quando aos dados, confidenciais na pesquisa, informando que somente
serãodivulgados dados diretamente relacionados aos objetivos da pesquisa.
Certo da sua participação na realização dessa pesquisa, agradecemos e
nos colocamos á disposição para maiores informações.
LEILA LIMA LEITE
CONTATO: 9997-9981
E-MAIL: [email protected]
TERESA IZAURA CAETANO
CONTATO: 91289720
E-MAIL:[email protected]
ESTOU CIENTE:
NOME: ________________________________________________________
___________________________________________
ASSINATURA
39
QUESTIONÁRIO
Nome:
Turma que atua:
Formação:
Tempo de serviço:
1) Quanto tempo conhece e participa do projeto.
2) Fale um pouco sobre suas primeiras impressões quanto ao projeto.
3) Quais os pontos positivos do que você percebe no projeto?
4) Quais os pontos negativos?
5) Você tem sugestões para contribuir para o projeto?
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