MATERIAL DIDÁTICO COM USO EXCLUSIVO EM SALA DE AULA
APOSTILA DE METODOLOGIA DA
PESQUISA CIENTÍFICA
PROFESSORA: MS. SANDRA CRISTIANA KLEINSCHMITT
TOLEDO 2011
MATERIAL DE USO EXCLUSIVO PARA SALA DE AULA METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
PROF.(A) MS. SANDRA CRISTIANA KLEINSCHMITT [email protected]
APRESENTAÇÃO
Esta apostila não abrange todas as questões envolvidas na disciplina de
“Metodologia da Pesquisa Científica”. A intenção de construí-la foi, somente, como
um recurso facilitador para consulta por parte dos acadêmicos dos cursos de
graduação. Para aprofundamento teórico ou prático deve-se buscar as referências
que estão no final desta apostila.
Procurou-se, na medida do possível, seguir rigorosamente as regras
definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), para elaboração
de trabalhos acadêmicos. Caso alguma regra não esteja sendo cumprida, a
responsabilidade é da desatenção desta autora.
Vale ressaltar que o uso desta apostila é exclusivo para sala de aula, não
sendo permitida a reprodução da mesma para outras finalidades.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 04 1.1 Problema....................................................................................................... 06 1.2 Hipótese ........................................................................................................ 07 1.3 Justificativa................................................................................................... 07 1.4 Objetivos....................................................................................................... 08
1.4.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 09
1.4.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 09
2 EMBASAMENTO TEÓRICO............................................................................. 10 2.1 Teoria de Base.............................................................................................. 10 2.2 Revisão da Bibliografia................................................................................ 10
2.3 Definição dos Termos.................................................................................. 11 2. 4 A Pesquisa Bibliográfica ............................................................................ 11 2.5 Leitura do Material........................................................................................ 12 2.6 Classificação dos Tipos de Leitura............................................................. 12
2.7 Tomada de Apontamentos .......................................................................... 13 3 METODOLOGIA ............................................................................................... 18 3.1 Primeiro Passo: dos objetivos da pesquisa ............................................. 18 3.2 Segundo Passo: procedimentos técnicos ................................................ 19 3.3 Terceiro Passo: população e amostra........................................................ 25
3.3.1 Tipos de Amostragem ................................................................................. 25
3.3.2 Determinação do Tamanho da Amostra...................................................... 27 3.4 Instrumentos de Coleta de Dados............................................................... 28 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES, CONCLUSÃO E REFERÊNCIAS............... 37
4.1 A Análise e a Interpretação ......................................................................... 37 4.2 Conclusão ..................................................................................................... 39 4.3 Referências ................................................................................................... 39 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 41
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1 INTRODUÇÃO
A introdução é a parte do trabalho onde se faz uma breve apresentação do
tema. É a explicação de como se chegou a um questionamento e do motivo pelo
qual há uma inquietação a respeito do tema que se propõe pesquisar.
Segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 220) o tema “É o assunto que se
deseja provar ou desenvolver […] Independente de sua origem, o tema é, nessa
fase, necessariamente amplo, precisando bem o assunto geral sobre o qual se
deseja realizar a pesquisa.”
A introdução pode conter um breve histórico sobre o tema a ser abordado,
assim como as motivações que levaram o aluno a propô-lo. Ao ler a introdução, o
leitor deve ter uma idéia exata do que a pesquisa irá tratar, portanto é importante
captar a atenção desse leitor para a proposta do trabalho. O texto deve fazer com
que até os não-familiarizados com o assunto possam compreender os aspectos
essenciais do tópico que está sendo investigado.
É importante lembrar que o tema não dever ser muito amplo. Expressões
como “O direito constitucional”, “A escravidão”, “A internet”, “A crime mundial” entre
outras, sugerem temas de conteúdo demasiadamente extenso para ser estudado
num único trabalho acadêmico. Uma boa forma de se limitar o tema é circunscrevê-
lo espacial e/ou temporalmente. Além da limitação circunstancial (espaço e/ou
tempo), outras formas de “afunilamento” do tema deverão ser pensadas de acordo
com a especificidade da área escolhida para a pesquisa. Adjetivos restritivos,
adjetivos explicativos e complementos nominais de especificação podem auxiliar
nessa tarefa de delimitar ainda mais o tema. Por exemplo, em vez de se falar da
“Organização do trabalho”, que seria um tema muito amplo, pode-se falar da
“Organização social do trabalho de produção artesanal durante a Idade Média na
Europa Ocidental”.1
Dotado necessariamente de um sujeito e de um objeto, o tema passa por um processo de especificação. O processo de delimitação do tema só é dado por concluído quando se faz a sua limitação geográfica e espacial, com vistas na realização da pesquisa. Muitas vezes as verbas disponíveis
1 As informações deste parágrafo e do anterior foram retiradas, na íntegra, de Goliath e Silva (2008,
p. 07-08). (Obs. Por seu um manual cuja finalidade é facilitar o aprendizado da disciplina de metodologia de pesquisa, me permiti retirar partes na íntegra de vários textos, mas sempre referenciando as obras e seus autores. Porém, em trabalhos acadêmicos, com construção de pesquisa científica, isso não é permitido).
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determinam uma limitação maior do que o desejado pelo coordenador, mas, se se pretende um trabalho científico, é preferível o aprofundamento à extensão. (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 220).
Existem dois fatores principais que interferem na escolha de um tema para o
trabalho de pesquisa. Abaixo estão relacionadas algumas questões que devem ser
levadas em consideração nesta escolha:2
1) Fatores internos: - Afetividade em relação a um tema ou alto grau de interesse pessoal:
para se trabalhar uma pesquisa é preciso ter um mínimo de prazer nesta atividade.
A escolha do tema está vinculada, portanto, ao gosto pelo assunto a ser trabalhado.
Trabalhar um assunto que não seja do seu agrado tornará a pesquisa num exercício
de tortura e sofrimento.
- Tempo disponível para a realização do trabalho de pesquisa: na
escolha do tema temos que levar em consideração a quantidade de atividades que
teremos que cumprir para executar o trabalho e medi-la com o tempo dos trabalhos
que temos que cumprir no nosso cotidiano, não relacionado à pesquisa.
- O limite das capacidades do pesquisador em relação ao tema pretendido: é preciso que o pesquisador tenha consciência de sua limitação de
conhecimentos para não entrar num assunto fora de sua área. Se minha área é a de
ciências sociais, devo procurar me ater aos temas relacionados a esta área.
2) Fatores externos:
- A significação do tema escolhido, sua novidade, sua oportunidade e seus valores acadêmicos e sociais: na escolha do tema devemos tomar cuidado
para não executarmos um trabalho que não interessará a ninguém. Se o trabalho
merece ser feito que ele tenha uma importância qualquer para pessoas, grupos de
pessoas ou para a sociedade em geral.
- O limite de tempo disponível para a conclusão do trabalho: quando a
instituição determina um prazo para a entrega do relatório final da pesquisa, não
podemos nos enveredar por assuntos que não nos permitirão cumprir este prazo. O
tema escolhido deve estar delimitado dentro do tempo possível para a conclusão do
trabalho.
2 A partir deste parágrafo até o final deste item, as informações foram retiradas, na íntegra, de Bello
(2005, p. 18-19).
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- Material de consulta e dados necessários ao pesquisador: um outro
problema na escolha do tema é a disponibilidade de material para consulta. Muitas
vezes o tema escolhido é pouco trabalhado por outros autores e não existem fontes
secundárias para consulta. A falta dessas fontes obriga ao pesquisador buscar
fontes primárias que necessita de um tempo maior para a realização do trabalho.
Este problema não impede a realização da pesquisa, mas deve ser levado em
consideração para que o tempo institucional não seja ultrapassado.
1.1 Problema
De acordo com Marconi e Lakatos (2007, p. 222) “A formulação do
problema prende-se ao tema proposto: ela esclarece a dificuldade específica com a
qual se defronta e que se pretende resolver por intermédio da pesquisa.”
O Problema é a mola propulsora de todo o trabalho de pesquisa. Depois
de definido o tema, levanta-se uma questão para ser respondida através de uma
hipótese, que será confirmada ou negada através do trabalho de pesquisa. O
Problema é criado pelo próprio autor e relacionado ao tema escolhido. O autor, no
caso, criará um questionamento para definir a abrangência de sua pesquisa. Não
há regras para se criar um Problema, mas alguns autores sugerem que ele seja
expresso em forma de pergunta.3
Para ser cientificamente válido, um problema deve passar pelo crivo das
seguintes questões:
- pode o problema ser enunciado em forma de pergunta?
- corresponde a interesses pessoais (capacidade), sociais e científicos, isto
é, de conteúdo e metodológicos? Esses interesses estão harmonizados?
- constitui-se o problema em questão científica, ou seja, relacionam-se entre
si pelo menos duas variáveis?
- pode ser objeto de investigação sistemática, controlada e crítica?
- pode ser empiricamente verificado em suas consequências?
Exemplo:4
Tema: A educação da mulher: a perpetuação da injustiça.
Problema: A mulher é tratada com submissão pela sociedade?
3 Este parágrafo foi retirado, na íntegra, de Bello (2005, p. 20). 4 Este exemplo foi retirado de Bello (2005, p. 20).
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1.2 Hipótese5
Hipótese é sinônimo de suposição. Neste sentido, Hipótese é uma
afirmação categórica (uma suposição), que tenta responder ao Problema levantado
pelo tema escolhido para pesquisa. É uma pré-solução para o Problema levantado. O trabalho de pesquisa, então, irá confirmar ou negar a Hipótese (ou
suposição) levantada, ou seja, a hipótese é uma resposta provável, suposta e
provisória.
Exemplo: Tema: A educação da mulher: a perpetuação da injustiça.
Problema: A mulher é tratada com submissão pela sociedade?
Hipótese: A sociedade patriarcal, representada pela força masculina, exclui
as mulheres dos processos decisórios.
1.3 Justificativa
A Justificativa num trabalho de pesquisa, como o próprio nome indica, é
o convencimento de que o trabalho de pesquisa é fundamental de ser efetivado. É
aqui que o tema escolhido pelo pesquisador e a Hipótese levantada são de suma
importância, para a sociedade ou para alguns indivíduos, de ser comprovada.
Deve-se tomar o cuidado, na elaboração da Justificativa, de não se tentar
justificar a Hipótese levantada, ou seja: tentar responder ou concluir o que vai ser
buscado no trabalho de pesquisa. A Justificativa exalta a importância do tema a
ser estudado, ou justifica a necessidade imperiosa de se levar a efeito tal
empreendimento.6
A justificativa é a exposição do motivo que levou – ou dos motivos que
levaram – à execução da pesquisa, da relevância de se pesquisar o tema escolhido
e da contribuição do trabalho à área de estudos em que o tema está inserido. Ou
seja, a justificativa é a resposta às perguntas:
“Por que se deseja pesquisar este tema?”;
“Qual a importância deste tema?”;
5 Este item foi retirado, na íntegra, de Bello (2005, p. 20). 6 As informações deste parágrafo e do anterior foram retiradas, na íntegra, de Bello (2005, p. 20-21).
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8
“Qual a relevância deste tema para a área de conhecimento à qual o
trabalho está vinculado?”
Respondidas essas perguntas, constrói-se um texto objetivo, onde são
arrolados e explicitados argumentos que indicam que a pesquisa é significativa e
relevante.
1.4 Objetivos
A definição dos Objetivos determina onde o pesquisador quer chegar com
a realização do trabalho de pesquisa. Objetivo é sinônimo de meta, fim. Alguns
autores separam os Objetivos em Objetivos Gerais e Objetivos Específicos, mas
não há regra a ser cumprida quanto a isto e outros autores consideram
desnecessário dividir os Objetivos em categorias. 7
Para se formular um bom projeto de pesquisa, é necessário definir
claramente os objetivos que se deseja alcançar. Eles devem manter coerência com
o tema proposto no projeto e devem estar atrelados aos meios e métodos
disponíveis para a execução da pesquisa.
Os objetivos representam, de forma resumida, a finalidade do trabalho.
Dependendo da amplitude da pesquisa, pode-se subdividir os objetivos em geral (ou
gerais) e específicos. O objetivo geral define explicitamente o propósito do estudo.
Os objetivos específicos são um detalhamento do objetivo geral e não são
obrigatórios. Muitas vezes, basta a caracterização de apenas um único objetivo.
Um macete para se definir os Objetivos é colocá-los começando com o
verbo no infinitivo: esclarecer tal coisa; definir tal assunto; procurar aquilo;
permitir aquilo outro, demonstrar alguma coisa etc...8
Alguns exemplos de como começar o capítulo:
“O objetivo desta pesquisa é avaliar...”
“Pretende-se, ao longo da pesquisa, verificar a relação existente entre...”
“O objetivo deste trabalho será enfocar...”
Os verbos usados na escrita dos objetivos geralmente aparecem no
infinitivo, tais como: apontar, citar, conhecer, definir, relatar, diferenciar, desenvolver,
organizar, traçar, comparar, diferenciar, construir, avaliar, etc.
7 Este item foi retirado, na íntegra, de Bello (2005, p. 21). 8 Este item foi retirado, na íntegra, de Bello (2005, p. 21).
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1.4.1 Objetivo Geral
Está ligado a uma visão global e abrangente do tema. Relaciona-se com o
conteúdo intrínseco (essencial), quer dos fenômenos, quer das idéias estudadas.
Vincula-se diretamente à própria significação da tese proposta pelo projeto.
1.4.2 Objetivos Específicos
Apresentam caráter mais concreto. Têm função intermediária e instrumental,
permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro, aplicar este a situações
particulares.
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2 EMBASAMENTO TEÓRICO9
A pesquisa bibliográfica consiste no exame da literatura científica, para
levantamento e análise do que já se produziu sobre determinado tema. Parte
considerável do trabalho de pesquisa consiste na utilização de recursos fornecidos
pelas bibliotecas. Isto é verdadeiro não apenas para as pesquisas caracterizadas
como bibliográficas, mas também para os demais delineamentos. Qualquer que seja
a pesquisa, a necessidade de consultar material publicado é imperativa.
Primeiramente, há a necessidade de se consultar material adequado à definição do
sistema conceitual da pesquisa e à sua fundamentação teórica. Também se torna
necessária a consulta ao material já publicado tendo em vista identificar o estágio
em que se encontram os conhecimentos acerca do tema que está sendo
investigado, para saber se alguém já publicou as respostas às nossas questões,
para decidir da pertinência de repetir uma investigação com objetivos idênticos.
Além disso, para saber quais os métodos utilizados em investigações similares, para
decidir sobre o melhor método a utilizar.
2.1 Teoria de Base
A finalidade da pesquisa científica não é apenas um relatório ou descrição
de fatos levantados empiricamente, mas o desenvolvimento de um caráter
interpretativo, no que se refere aos dados obtidos. Para tal, é imprescindível
correlacionar a pesquisa com o universo teórico, optando-se por um modelo teórico
que sirva de embasamento à interpretação do significado dos dados e fatos colhidos
ou levantados.
Todo projeto de pesquisa deve conter as premissas ou pressupostos
teóricos sobre os quais o pesquisador fundamentará sua interpretação.
2.2 Revisão da Bibliografia
Pesquisa alguma parte hoje da estaca zero. Mesmo que exploratória, isto é,
de avaliação de uma situação concreta desconhecida, em dado local, alguém ou um
9 Informações disponíveis, na íntegra, de Gil (1999) e Marconi e Lakatos (2007).
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grupo, em algum lugar, deve ter feito pesquisas iguais ou semelhantes, ou mesmo
complementares de certos aspectos da pesquisa pretendida. Uma procura de tais
fontes, documentais ou bibliográficas, torna-se imprescindível para a não-duplicação
de esforços, a não “descoberta” de idéias já expressas, a não-inclusão de “lugares-
comuns” no trabalho.
A citação das principais conclusões a que outros autores chegaram permite
salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar
comportamentos e atitudes. Tanto a confirmação, em dada comunidade, de
resultados obtidos em outra sociedade quanto a enumeração dos discrepâncias são
de grande importância.
2.3 Definição dos Termos
A ciência lida com conceitos, isto é, termos simbólicos que sintetizam as
coisas e os fenômenos perceptíveis na natureza, no mundo psíquico do homem ou
na sociedade, de forma direta ou indireta. Para que se possa esclarecer o fato ou
fenômeno que se está investigando e ter possibilidade de comunicá-lo, de forma não
ambígua, é necessário defini-lo com precisão.
Exemplo: Temperatura elevada, acima de 30º ou de 100º?
Em relação à ciência, por exemplo, o termo “cultura”: conhecimento literário,
popular, espirituais, psicológicos (Sociologia e Antropologia) ou cultivo de bactérias
(Biologia).
2.4 A Pesquisa Bibliográfica
Para o desenvolvimento de uma pesquisa bibliográfica é preciso determinar
seu objetivo: “Qual o motivo da pesquisa bibliográfica?”.
Em seguida elabora-se um plano de trabalho, também conhecido como
sumário da pesquisa. Este plano, muitas vezes, é provisório e passa por
reformulações sucessivas ao longo da pesquisa. O plano de trabalho apresenta uma
esquematização em seções, capítulos ou tópicos correspondentes ao
desenvolvimento que se pretende dar à pesquisa.
Após a elaboração do plano de trabalho, o passo seguinte consiste na
identificação das fontes capazes de fornecer as respostas adequadas à solução do
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problema proposto. Procedimentos: a) Procurar catálogos de livros e outras
publicações, que podem ser publicados pelas editoras ou por bibliotecas; b)
Consultar publicações como Sociological Abstracts que fornecem resumos dos
trabalhos publicados no âmbito dessas ciências em todo o mundo; c) Também é
interessante consultar especialistas ou pessoas que realizaram pesquisas na área.
Após a identificação das obras, procede-se à sua localização. Isto pode ser
feito a partir dos sistemas de busca das bibliotecas, por autor, título da obra,
assunto, palavras chaves…
2.5 Leitura do Material
Primeiramente, há que se conhecer que a leitura de um livro ou qualquer
outro material impresso se faz por razões diversas. Pode ocorrer que a leitura se dê
por simples distração. Não é esse o caso da leitura que se faz neste tipo de trabalho,
que deve seguir os seguintes objetivos: a) identificar as informações e os dados
constantes dos materiais; b) estabelecer relações entre essas informações e dados
e o problema proposto; e c) analisar a consistência das informações e dados
apresentados pelos autores.
2.6 Classificação dos Tipos de Leitura
Leitura Exploratória: leitura rápida do material bibliográfico, que tem por
objetivo verificar em que medida a obra consultada interessa à pesquisa.
Nesta etapa, o que convém é entrar em contato com a obra em sua
totalidade, lendo o sumário, o prefácio, a introdução, as “orelhas”, algumas
passagens esparsas do seu texto.
Leitura Seletiva: procede-se à sua seleção, ou seja, à determinação do
material que de fato interessa à pesquisa e uma leitura mais aprofundada
das partes que realmente interessam. É pouco provável que interesse ler
integralmente um livro, sobretudo se este for muito volumoso.
Leitura Analítica: A finalidade da leitura analítica é a de entender, ordenar e
sumariar as informações contidas nas fontes. Nesta leitura procede-se à
identificação das idéias-chaves do texto, à sua ordenação e finalmente à
sua síntese.
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Leitura Interpretativa: última etapa, que tem por objetivo relacionar o que o
autor afirma com o problema para o qual se propõe uma solução.
2.7 Tomada de Apontamentos
É sabido que apenas parte do que se lê fica retido na memória. Por essa
razão convém que se tomem notas a partir do material lido. A tomada de notas deve
ser sempre realizada levando em consideração o problema da pesquisa, para evitar
o acumulo de informações inúteis.
Procedimentos: só depois de ler integralmente a obra – geralmente na fase
de leitura analítica – é que se está em condições de fazer os apontamentos
pertinentes. Sublinhar os pontos principais ou anotá-los em uma folha, bem como
realizar o fichamento, que tem os seguintes objetivos: a) identificação das obras
consultadas; b) registro do conteúdo das obras; c) registro dos comentários acerca
das obras; d) ordenação dos registros.
O Fichamento é uma parte importante na organização para a efetivação da
pesquisa de documentos. Ele permite um fácil acesso aos dados fundamentais para
a conclusão do trabalho.
Os registros e a organização das fichas dependerá da capacidade de
organização de cada um. Os registros não são feitos necessariamente nas
tradicionais folhas pequenas de cartolina pautada. Podem ser feitos em folhas de
papel comum ou, mais modernamente, em qualquer programa de banco de dados
de um computador. O importante é que elas estejam bem organizadas e de acesso
fácil para que os dados não se percam.
Existem três tipos básicos de fichamentos: o fichamento bibliográfico, o
fichamento de resumo ou conteúdo e o fichamento de citações.
A ficha bibliográfica objetiva registrar os seguintes dados da obra: campo de
saber, problemas, conclusões, contribuições. A de citações objetiva a reprodução fiel
de trechos da obra conforme normas para apresentação de referencias. A de
resumo ou esboço consiste em uma síntese clara e concisa das idéias principais da
obra, enquanto a de comentários registra a critica do conteúdo da obra, uma
interpretação do leitor. Já a ficha de catalogação é utilizada para arquivamento de
fontes bibliográficas (comumente encontrada como sistema de arquivo de obras em
bibliotecas) e objetiva a descrição de dados da obra (identificação do autor, título,
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editora, além da referencia e do numero de registro no sistema da biblioteca, quanto
apresenta este fim), para consulta em ordem alfabética por meio de fichários (GIL,
2002; MARCONI; LAKATOS, 2005).
De modo geral, conduz à organização e seleção constantes de material
didático, após sua leitura. Permite, assim: identificar obras, conhecer seu conteúdo,
fazer citações, analisar o material e elaborar críticas. Além disso, tem como funções
organizar textos pesquisados e selecionar dados importantes, servindo também
como uma referência (fonte bibliográfica) para a escrita de trabalhos acadêmicos
futuros (MARCONI; LAKATOS, 2005).
Como estrutura sugerida, sugere-se que a confecção de uma ficha deve
contemplar, seqüencialmente:
a) cabeçalho: título e subtítulo, área de conhecimento, número ou letra
indicativos da
seqüência de registro da ficha;
b) referencia bibliográfica, conforme normas da ABNT;
c) corpo ou texto: conteúdo (que dependerá do tipo de ficha elaborada);
d) local de consulta da obra (elemento opcional)
Ficha Bibliográfica: é a descrição, com comentários, dos tópicos abordados
em uma obra inteira ou parte dela.
Exemplo: Educação da Mulher: a Perpetuação da Injustiça (1) Histórico do Papel da Mulher na Sociedade (2) Na Idade moderna (3) 2.3 (4) TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1993. 181 p. (Tudo é História, 145)
Insere-se no campo do estudo da História e da Antropologia Social. A autora
se utiliza de fontes secundárias, colhidas através de livros, revistas e depoimentos. A abordagem é descritiva e analítica.
Aborda os aspectos históricos da condição feminina no Brasil a partir do ano 1500 de nossa era. Além da evolução histórica da condição feminina, a autora desenvolve alguns tópicos específicos da luta das mulheres pela condição cidadã. Conclui fazendo uma análise de cada etapa da evolução histórica feminina, deixando expressa sua contradição ao movimento pós-feminista, principalmente às idéias de Camile Paglia. No final da obra faz algumas indicações de leituras sobre o tema Mulher. (5)
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Observação: neste e nos outros exemplos de fichas os números entre
parênteses representam o que está explicado abaixo:
(1) - Título do trabalho.
(2) - Seção primária do trabalho.
(3) - Seção secundária e terciária do trabalho, se houver.
(4) - Numeração do item a que se refere o fichamento.
(5) - Comentários ou anotações do pesquisador sobre a obra registrada.
Ficha de Resumo ou Conteúdo: é uma síntese das principais idéias contidas
na obra. O pesquisador elabora esta síntese com suas próprias palavras, não sendo
necessário seguir a estrutura da obra.
Exemplo: Educação da Mulher: a Perpetuação da Injustiça Histórico do Papel da Mulher na Sociedade Na Idade moderna 2.3 TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1993. 181 p. (Tudo é História, 145)
O trabalho da autora baseia-se em análise de textos e na sua própria
vivência nos movimentos feministas, como um relato de uma prática. A autora divide seu texto em fases históricas compreendidas entre Brasil
Colônia (1500-1822), Império (1822-1889), República (1889-1930), Segunda República (1930-1964), Terceira República e o Golpe (1964-1985), o ano de 1968, Ano Internacional da Mulher (1975), além de analisar a influência externa nos movimentos feministas no Brasil. Em cada um desses períodos é lembrado os nomes das mulheres que mais se sobressaíram e suas atuações nas lutas pela libertação da mulher.
A autora trabalha ainda assuntos como as mulheres da periferia de São Paulo, a participação das mulheres na luta armada, a luta por creches, violência, participação das mulheres na vida sindical e greves, o trabalho rural, saúde, sexualidade e encontros feministas.
Depois de suas conclusões onde, entre outros assuntos tratados, faz uma crítica ao pós-feminismo defendido por Camile Paglia, indica alguns livros para leitura.
Observação: existem dois tipos de resumos: a) Informativo: são as
informações específicas contidas no documento. Nesta ficha pode-se relatar sobre
objetivos, métodos, resultados e conclusões. Sua precisão pode substituir a leitura
do documento original. b) Indicativo: são descrições gerais do documento, sem
entrar em detalhes da obra analisada (o exemplo acima refere-se a um resumo
indicativo).
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Ficha de Citações: é a reprodução fiel das frases que se pretende usar
como citação na redação do trabalho. Consiste na reprodução fiel de frases ou
sentenças consideradas relevantes ao estudo em pauta. Devem-se observar os
seguintes cuidados:
a) toda citação tem de vir entre aspas. É através desse sinal que se
distingue uma ficha de citações das de outro tipo. Além disso, a colocação das
aspas evita que, mais tarde, ao utilizar a ficha, se transcreva como do fichador os
pensamentos nela contidos.
b) após a citação, deve constar o número da página de onde foi extraída.
Isso permitirá a posterior utilização no trabalho, com a correta indicação
bibliográfica;
c) a transcrição tem de ser textual. Isso inclui os erros de grafia, se houver.
Após eles, coloca-se o termo sic, em minúsculas e entre colchetes.
Exemplo: (hipotético): "Chegou-se à conclusão de que o garimpeiro é, antes
de tudo, um homem do campo desocado (sic) para a cidade, mas conservador da
cultura rural, embora venha assimilando, gradativamente, aspectos da cultura
citadina" (p. 127);
d) a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se, no
local da omissão, três pontos, precedidos e seguidos por espaços, no início ou final
do texto e entre parênteses, no meio.
Exemplo: "Essa liberdade é a marca predominante no comportamento do
garimpeiro: (ou) esse desejo de liberdade leva-o a optar, sempre que possível, pela
garimpagem, ao invés do trabalho nas lavouras; só em última instância o garimpeiro
aceita a opção de serviço na roça. ..." (p. 130);
e) a supressão de um ou mais parágrafos também deve ser assinalada,
utilizando-se uma linha completa de pontos. Exemplo: "A religião está bastante
associada a crendices semelhantes às existentes no ambiente rural brasileiro; todo o
ciclo da vida, do nascimento à morte, é acompanhado por um conjunto de práticas
supersticiosas, cercando-se o nascimento de uma série de crenças e benzimentos,
mesmo que se respeite e pratique o batismo.
................................................................................................................
Nem sempre a necessidade é de saúde para a pessoa ou familiares, mas
para a obtenção de sucesso no trabalho, arranjar um emprego" (p. 108-109);
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f) a frase deve ser complementada, se necessário: quando se extrai uma
parte ou parágrafo de um texto, este pode perder seu significado, necessitando de
um esclarecimento, o qual deve ser intercalado, entre colchetes.
Exemplo: "Esse rio [Sapucaí], que limita Patrocínio Paulista com Batatais e
Altinópolis, é afluente do Rio Grande" (p. 16-17);
g) quando o pensamento transcrito é de outro autor, tal fato tem de ser
assinalado. Muitas vezes o autor fichado cita frases ou parágrafos escritos por outra
pessoa. Nesse caso, é imprescindível indicar, entre parênteses, a referência
bibliográfica da obra da qual foi extraída a citação.
Exemplo: "... as guplarasse encontram ora numa, ora noutra margem do rio"
(p. 36) (MACHADO FILHO, A. da M. O negro e o garimpo em Minas Gerais. 2 ed.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964, p. 17).
Exemplo: Educação da Mulher: a Perpetuação da Injustiça Histórico do Papel da Mulher na Sociedade Na Idade moderna 2.3 TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1993. 181 p. (Tudo é História, 145)
"Uma das primeiras feministas do Brasil, Nísia Floresta Brasileira Augusta, defendeu a abolição da escravatura, ao lado de propostas como a educação e a emancipação da mulher e a instauração da República." (p. 30)
“Sou neta, sobrinha e irmã de general (...) Aqui nesta casa foi fundada a Camde. Meu irmão, Antônio Mendonça Molina, vinha trabalhando há muito tempo no Serviço Secreto do Exército contra os comunistas. Nesse dia, 12 de junho de 1962, eu tinha reunido aqui alguns vizinhos, 22 famílias ao todo. Era parte de um trabalho meu para a paróquia Nossa Senhora da Paz. Nesse dia o vigário disse assim: ‘Mas a coisa está preta. Isso tudo não adianta nada porque a coisa está muito ruim e eu acho que se as mulheres não se meterem, nós estaremos perdidos. A mulher deve ser obediente. Ela é intuitiva, enquanto o homem é objetivo’.” (p. 54)
“Na Justiça brasileira, é comum os assassinos de mulheres serem absolvidos sob a alegação de defesa de honra.” (p. 132)
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3 METODOLOGIA
A Metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de
toda ação desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa. Nesta
parte, descrevem-se os procedimentos a serem seguidos na realização da pesquisa.
É a explicação do tipo de pesquisa, do instrumental utilizado, do tempo previsto, da
equipe de pesquisadores e da divisão do trabalho, das formas de tabulação e
tratamento dos dados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.
Sua organização varia de acordo com as peculiaridades de cada pesquisa.10
Requer-se, no entanto, a apresentação de informações acerca de alguns
aspectos, como os que serão apresentados a seguir:
3.1 Primeiro Passo: dos objetivos da pesquisa11
Em primeiro lugar o aluno deverá esclarecer se a pesquisa é de natureza
exploratória, descritiva ou explicativa. Cada pesquisa social tem um objetivo
específico. Contudo, é possível agrupar as mais diversas pesquisas em certo
número de agrupamentos amplos. Selltiz et alii (1967) classificam as pesquisas em
três grupos: pesquisas exploratórias, pesquisas descritivas e pesquisas que
verificam hipóteses causais (pesquisas explicativas).
a) Pesquisa Exploratória: Tem por objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir
hipóteses, ou seja, desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias para
estudos posteriores. De todos os tipos de pesquisa, estas são as que apresentam
menor rigidez no planejamento. Habitualmente envolvem levantamento bibliográfico
e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso. Habitualmente não
são utilizadas técnicas quantitativas.
As pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de
proporcionar uma visão geral aproximativa, acerca de determinado fato. Este tipo de
pesquisa é usado quando o tema é pouco explorado e torna-se difícil formular
problemas precisos e hipóteses operacionalizáveis. Muitas vezes as pesquisas
exploratórias constituem a primeira etapa de uma investigação mais ampla.
10 Este item foi retirado, na íntegra, de Bello (2005, p. 21). 11 Os itens 3.1; 3.2; 3.3 e 3.4 foram retirados, na íntegra, de GIL (1999, p. 41-57 e 110-138).
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b) Pesquisa Descritiva: Tem por objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de
relações entre as variáveis. Uma das características mais significativas está na
utilização de técnicas padronizada de coleta de dados, tais como o questionário e a
observação sistemática.
Dentre as pesquisas descritivas salientam-se aquelas que têm por objetivo
estudar as características de um grupo: a distribuição de idade, sexo, procedência,
nível de renda. Outras pesquisas deste tipo são aquelas que se propõem estudar o
nível de atendimento nos órgãos públicos, características de uma comunidade,
condições de habitação, índice de criminalidade. São incluídas neste grupo as
pesquisas que tem por objetivo o levantamento de opiniões, atitudes e crenças da
população.
Algumas pesquisas descritivas vão além da simples identificação de
relações entre variáveis, e pretendem determinar a natureza dessa relação - tendem
a uma pesquisa explicativa. Há, porém, pesquisas que, embora definidas como
descritivas com base em seus objetivos, acabam servindo mais para proporcionar
uma nova visão do problema - tendem a uma pesquisa exploratória.
c) Pesquisa Explicativa: Tem como preocupação central identificar os
fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Esse
é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque
explica a razão, o porquê das coisas. Por isso mesmo é o tipo mais complexo e
delicado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente.
Pode-se dizer que o conhecimento científico está assentado nos resultados
oferecidos pelos estudos explicativos. Isso não significa, porém, que as pesquisas
exploratórias e descritivas tenham menor valor, porque quase sempre constituem
etapa prévia indispensável para que se possam obter explicações científicas. Uma
pesquisa explicativa pode ser a continuação de uma descritiva, posto que a
identificação dos fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja
suficientemente descrito e detalhado.
3.2 Segundo Passo: procedimentos técnicos
Convém, ainda, esclarecer acerca do tipo de delineamento a ser adotado
(pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa exploratória, pesquisa ex-
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post-facto, pesquisa de coorte, levantamento, estudo de campo, estudo de caso,
pesquisa-ação e pesquisa participante). Segundo Gil (2002) elas podem ser
definidas da seguinte forma:
a) Pesquisa bibliográfica: a fonte da pesquisa é de papel e é desenvolvida
com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos
científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho
desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes
bibliográficas. Parte dos estudos exploratórios podem ser podem ser definidos como
pesquisas bibliográficas. (Obs. Não é aconselhável que textos retirados da Internet
constituam o arcabouço teórico do trabalho monográfico).
A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que
aquela que poderia pesquisar diretamente. Esta vantagem se torna particularmente
importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo
espaço. Por ex. renda per capita. A pesquisa bibliográfica também é indispensável
nos estudos históricos.
b) Pesquisa documental: é muito parecida com a bibliográfica. A diferença
está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza
fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado
assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um
tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os
objetos da pesquisa.
O desenvolvimento da pesquisa documental segue os mesmos passos da
pesquisa bibliográfica. Apenas há que se considerar que o primeiro passo consiste
na exploração das fontes documentais, que são em grande número. Existem, de um
lado, os documentos de “primeira mão”, que não receberam qualquer tratamento
analítico (documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários,
filmes, fotografias, Boletins de Ocorrência etc.), existem também aqueles que já
foram processados, mas podem receber outras interpretações, como relatórios de
empresas, tabelas estatísticas etc.
c) Pesquisa experimental: o experimento representa o melhor exemplo de
pesquisa científica. Essencialmente, o delineamento experimental consiste em
determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de
influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a
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21
variável produz no objeto. Por mais que existam alguns autores que classifiquem
algumas pesquisas sociais como experimentais, este procedimento técnico é mais e
melhor utilizado pelas Ciências Exatas.
d) Pesquisa Ex-Post-Facto: investigação sistemática e empírica na qual o
pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis independentes, porque já
ocorreram suas manifestações ou porque são intrinsecamente não manipuláveis.
Neste caso são feitas inferências sobre as relações entre variáveis em observação
direta, a partir da variação concomitante entre as variáveis independentes e
dependentes.
e) Pesquisa de Coorte: o estudo de coorte refere-se a um grupo de
pessoas que têm alguma característica comum, constituindo uma amostra a ser
acompanhada por certo período de tempo, para se observar o que acontece com
elas. É muito utilizado na pesquisa nas Ciências da Saúde.
Os estudos de coorte podem ser prospectivos (contemporâneos) ou
retrospectivos (históricos). O estudo de coorte prospectivo é elaborado no presente,
com previsão de acompanhamento determinado, segundo o objeto de estudo. Sua
principal vantagem é a de propiciar um planejamento rigoroso, o que lhe confere um
rigor científico que o aproxima do delineamento experimental. O estudo de coorte
retrospectivo é elaborado com base em registros do passado com seguimento até o
presente. Só se torna viável quando se dispõe de arquivos com protocolos
completos e organizados.
A despeito do amplo reconhecimento pela comunidade científica, os estudos
de coorte apresentam diversas limitações. Uma das mais importantes refere-se à
não-utilização do critério de aleatoriedade na formação dos grupos de participantes.
Outra limitação refere-se à exigência de uma amostra muito grande, o que faz com
que a pesquisa se torne muito onerosa.
Um exemplo de pesquisa de coorte é verificar a exposição passiva à fumaça
de cigarro e a incidência de câncer no pulmão (seleção de um grupo exposto e outra
de um grupo não exposto à fumaça).
f) Levantamento: é a interrogação direta das pessoas cujo comportamento
se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um
grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida,
mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos
dados coletados.
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Quando o levantamento recolhe informações de todos os integrantes do
universo pesquisado, tem-se um censo. Pelas dificuldades materiais que envolvem
sua realização, os censos só podem ser desenvolvidos pelos governos ou por
instituições de amplos recursos. São extremamente úteis, pois proporcionam
informações gerais acerca das populações, que são indispensáveis em boa parte
das investigações sociais.
Na maioria dos levantamentos, não são pesquisados todos os integrantes
da população estudada. Antes seleciona-se, mediante procedimentos estatísticos,
uma amostra significativa de todo o universo, que é tomada como objeto de
investigação. As conclusões obtidas a partir desta amostra são projetadas para a
totalidade do universo, levando em consideração a margem de erro, que é obtida
mediante cálculos estatísticos.
Os levantamentos por amostragem gozam hoje de grande popularidade
entre os pesquisadores sociais, a ponto de muitas pessoas chegarem mesmo a
considerar pesquisa e levantamento social a mesma coisa. Na verdade, o
levantamento social é um dos muitos tipos de pesquisa social que, como todos os
outros, apresenta vantagens e limitações.
Dentre as principais vantagens dos levantamentos estão: o conhecimento
direto da realidade; economia e rapidez, e quantificação. Dentre as principais
limitações dos levantamentos estão: a ênfase nos aspectos perspectivos; pouca
profundidade da estrutura e dos processos sociais, e; limitada apreensão do
processo de mudança.
g) Estudo de campo: Os estudos de campo apresentam muitas
semelhanças com os levantamentos. Distinguem-se destes, porém, em relação
principalmente a dois aspectos. Primeiramente, os levantamentos procuram ser
representativos de um universo definido e fornecer resultados caracterizados pela
precisão estatística. Já os estudos de campo procuram muito mais o
aprofundamento das questões propostas do que a distribuição das características da
população segundo determinadas variáveis. Como consequência, o planejamento do
estudo de campo apresenta muito maior flexibilidade, podendo ocorrer mesmo que
seus objetivos sejam reformulados ao longo do processo de pesquisa.
Outra distinção é a de que no estudo de campo estuda-se um único grupo
ou comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interação
de seus componentes. Assim, o estudo de campo tende a utilizar muito mais
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técnicas de observação do que de interrogação. É basicamente realizada por meio
da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com
informantes para captar as explicações e interpretações do ocorre naquela
realidade.
Para ilustrar essas diferenças, considere-se um levantamento a ser
realizado em determinada comunidade. Procurar-se-á, neste caso, descrever com
precisão as características de sua população em termos de sexo, idade, estado civil,
escolaridade, renda, etc. Já num estudo de campo, a ênfase poderá estar, por
exemplo, na análise da estrutura do poder local ou das formas de associação
verificadas entre seus moradores.
Para Ventura (2002, p. 79), a pesquisa de campo deve merecer grande
atenção, pois devem ser indicados os critérios de escolha da amostragem: das
pessoas que serão escolhidas como exemplares de certa situação; a forma pela
qual serão coletados os dados, e; os critérios de análise dos dados obtidos. h) Estudo de caso: é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de
um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado
conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante os outros delineamentos
considerados. O estudo de caso é um estudo empírico que investiga um fenômeno
atual dentro de seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenômeno e
o contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de
evidência.
Os estudos de caso vem sendo utilizados com frequência cada vez maior
pelos pesquisadores sociais, visto ser a pesquisa com diferentes propósitos, tais
como:
a) explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente
definidos;
b) descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada
investigação;
c) explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações
muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e
experimentos.
É levada em consideração, principalmente, a compreensão, como um todo,
do assunto investigado. Todos os aspectos do caso são investigados. Quando o
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estudo é intensivo podem até aparecer relações que de outra forma não seriam
descobertas (FACHIN, 2001, p. 42).
O estudo de caso pode ser utilizado tanto em pesquisas exploratórias,
quanto descritivas e explicativas.
i) Pesquisa-Ação: A pesquisa-ação tem sido objeto de bastante
controvérsia. Em virtude de exigir o envolvimento ativo do pesquisador e a ação por
parte das pessoas ou grupos envolvidos do problema, a pesquisa-ação tende a ser
vista em certos meios como desprovida da objetividade que deve caracterizar os
procedimentos científicos.
Segundo Thiollent (1985, p. 14), é:
“[…] um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida em estreita associação com a ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e pesquisadores representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo”.
j) Pesquisa Participante: a pesquisa participante, assim como a pesquisa-
ação, caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das situações
investigadas. Há autores que empregam as duas expressões como sinônimas.
Todavia, a pesquisa-ação geralmente supõe uma forma de ação planejada, de
caráter social, educacional, técnico ou outro. A pesquisa participante, por sua vez,
envolve a distinção entre a ciência popular e ciência dominante. Esta última tende a
ser vista como uma atividade que privilegia a manutenção do sistema vigente e a
primeira como o próprio conhecimento derivado do senso comum, que permitiu ao
homem criar, trabalhar e interpretar a realidade sobretudo a partir dos recursos que
a natureza lhe oferece.
A pesquisa participante envolve posições valorativas, derivadas sobretudo
do humanismo cristão e de certas concepções marxistas. Tanto é que a pesquisa
participante suscita muita simpatia entre os grupos religiosos voltados para a ação
comunitária. Além disso, a pesquisa participante mostra-se bastante comprometida
com a minimização da relação entre dirigentes e dirigidos e por essa razão tem-se
voltado sobretudo para a investigação junto a grupos desfavorecidos, tais como os
constituídos por operários, camponeses, índios etc.
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3.3 Terceiro Passo: população e amostra
Envolve informações acerca do universo a ser estudado, da extensão da
amostra e da maneira como será selecionada.
Universo ou população: é um conjunto definido de elementos que possuem
determinadas características. Comumente fala-se de população como referência ao
total de habitantes de determinado lugar.
Amostra: subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se
estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população. Uma
amostra pode ser constituída, por exemplo, por cem empregados de uma população
de 4.000 que trabalham em uma fábrica.
A amostragem se fundamenta em leis estatísticas que lhe conferem
fundamentação científica. A lei dos grandes números afirma que quanto maior a
repetição de um evento mais próximo o resultado da probabilidade efetiva. A lei da
regularidade afirma que um subconjunto aleatório tende a ter as mesmas
características do grupo maior. A lei da inércia assegura que, na maioria dos
fenômenos uma ação em um sentido corresponde a reação equivalente em sentido
oposto. A lei da permanência dos pequenos números afirma que duas amostras
significativas de igual magnitude tendem aos mesmos resultados.
3.3.1 Tipos de Amostragem
Existem dois grandes grupos: a probabilística e a não-probabilística, sendo
que os primeiros são rigorosamente científicos e se baseiam nas leis estatísticas.
a) Amostragem Aleatória Simples: procedimento básico que consiste em
elementos aleatoriamente, através de tábuas de números aleatórios. Nem sempre é
fácil, pois exige a atribuição de cada elemento a um número, e despreza
conhecimentos prévios que porventura o pesquisador possa ter. (Ex. numa lista
telefônica que contém 10.000 nomes seleciona-se, ao acaso, uma determinada
quantidade de nomes).
b) Amostragem Sistemática: é uma variação da amostragem aleatória
simples. Sua aplicação requer que a população seja ordenada de modo tal que cada
um de seus elementos possa ser identificado pela posição. Apresentam condições
para a satisfação desse requisito uma população identificada a partir de uma lista
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que englobe todos os seus elementos, uma fila de pessoas ou o conjunto de
candidatos a um concurso, identificados pela ficha de inscrição. Divide-se a escala
de elementos em intervalos no número da amostra a ser retirada. Serão escolhidos
os elementos de determinada posição aleatória em todos os intervalos. De aplicação
simples, mas que depende da ordenação da população através, por exemplo, de um
número de matrícula.
c) Amostragem Estratificada: caracteriza-se pela seleção de uma amostra
de cada subgrupo da população considerada. O fundamento para delimitar os
subgrupos ou estratos pode ser encontrado em propriedade com sexo, idade ou
classe social. As amostras de cada subgrupo podem ser proporcionais, mantendo as
características do grupo maior, ou não proporcionais, para comparar os subgrupos.
d) Amostragem por Conglomerados: é indicada em situações em que é
bastante difícil a identificação de seus elementos. É o caso, por exemplo, de
pesquisas cuja a população seja constituída por todos os habitantes de uma cidade.
Em casos desse tipo é possível proceder à seleção da amostra a partir de
‘conglomerados’. Conglomerados típicos são quarteirões, famílias, organizações,
edifícios, fazendas etc.
e) Amostragem por Etapas: pode ser utilizado quando a população se
compõe de unidades que podem ser distribuídas em diversos estágios. Torna-se
muito útil quando se deseja pesquisar uma população cujos elementos se encontram
dispersos numa grande área, como um estado ou país. Poe exemplo, numa
pesquisa que tivesse como universo todos os domicílios do Brasil, num primeiro
estágio poderiam ser selecionadas microrregiões. Num segundo estágio, poderiam
ser selecionados municípios. Num terceiro estágio, bairros, depois quarteirões e,
num último estágio, os domicílios.
f) Amostragem por Acessibilidade ou por Conveniência: constitui o
menos rigoroso de todos os tipos de amostragem. Por isso mesmo é destituída de
qualquer rigor estatístico. O pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso,
admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo, ou seja,
escolhe o que está mais disponível. Aplica-se este tipo de amostragem em estudos
exploratórios ou qualitativos, onde não é requerido elevado nível de precisão.
g) Amostragem por Tipicidade: também constitui um tipo de amostragem
não probabilística e consiste em selecionar um subgrupo da população que, com
base nas informações disponíveis, possa ser considerado representativo de toda a
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população. A principal vantagem da amostragem por tipicidade está nos baixos
custos de sua seleção. Entretanto, requer considerável conhecimento da população
e do subgrupo selecionado. Quando esse conhecimento prévio não existe, torna-se
necessária a formulação de hipóteses, o que pode comprometer a
representatividade da amostra. Por exemplo, para escolher uma cidade típica, com
vistas em um estudo sobre o país, o pesquisador deverá procurar uma cidade cuja
distribuição de renda seja semelhante à do país como um todo, cujo nível de
industrialização se aproxime do nível de renda do país etc. O fato de ser uma cidade
típica em relação a alguns aspectos não assegura que o seja em relação a outros.
Daí por que a generalização a partir de uma amostra desse tipo pode ser bastante
arriscada.
h) Amostragem por Cotas: de todos os procedimentos de amostragem
definidos como não probabilísticos, este é o tipo que apresenta maior rigor. De modo
geral, é desenvolvido em três fases:
a) classificação da população em função de propriedades tidas como
relevantes para o fenômeno a ser estudado;
b) determinação da proporção da população a ser colocada em cada classe,
com base na constituição conhecida ou presumida da população, e;
c) fixação de cotas para cada observador ou entrevistador encarregado de
selecionar elementos da população a ser pesquisada, de modo tal que a amostra
total seja composta em observância à proporção das classes consideradas.
Este procedimento é usualmente aplicado em levantamentos de mercado e
em prévias eleitorais. Tem como principais vantagens o baixo custo e o fato de
conferir alguma estratificação à amostra. Contudo, possibilita a introdução de vieses
devido à classificação que o pesquisador faz dos elementos e à seleção não
aleatória em cada classe.
3.3.2 Determinação do Tamanho da Amostra
A amostra deve ser composta de um número suficiente de casos, que
dependem dos seguintes fatores.
a) Amplitude do Universo: a extensão da amostra tem a ver com a
extensão do universo que são classificados como finitos (até 100.000) ou como
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infinitos (acima de 100.000), onde o tamanho da amostragem já não precisa mais
aumentar.
b) Nível de Confiança Estabelecido: de acordo com a teoria geral das
probabilidades, a distribuição das informações coletadas a partir de amostras ajusta-
se geralmente à curva ‘normal’, que apresenta valores centrais elevados a valores
externos reduzidos.
O nível de confiança de uma amostra refere-se à área da curva normal
definida a partir dos desvios-padrão em relação a sua média. Em geral, é
estabelecido o nível de confiança de 95,5%.
c) Erro Máximo Permitido na Pesquisa: os resultados obtidos numa
pesquisa a partir de amostras não são rigorosamente exatos em relação ao universo
de onde foram extraídas. Esses resultados apresentam sempre um erro de medição,
que diminui na proporção em que aumenta o tamanho da amostra. O erro de
medição é expresso em termos percentuais e nas pesquisas sociais trabalha-se
usualmente com uma estimativa de erro entre 3 e 5%.
d) Percentagem com que o Fenômeno se Verifica no Universo: a
estimação prévia de percentagem com que se verifica um fenômeno é muito
importante para a determinação do tamanho da amostra. Por exemplo, numa
pesquisa cujo objetivo é verificar qual a porcentagem de protestantes que residem
numa cidade, a estimativa prévia desse número é bastante útil. Se for possível
afirmar que essa porcentagem não é superior a 10%, será necessário um número de
casos bem maior do que numa situação em que a percentagem presumível
estivesse próximo de 50%.
Para realizar o cálculo do tamanho da amostra ver: (GIL, 1999, p. 106-109).
3.4 Quarto Passo: instrumentos de coleta de dados
Envolve a descrição das técnicas a serem utilizadas para a coleta dos
dados. Modelos de questionários, testes ou escalas deverão ser incluídos, quando
for o caso. Quando a pesquisa envolver técnicas de entrevista ou de observação,
deverão ser incluídos nesta parte também os roteiros a serem seguidos.
a) Observação: é o uso dos sentidos com vistas a adquirir os
conhecimentos necessários para o cotidiano. Pode, porém, ser utilizada como
procedimento científico, á medida que: 1) serve a um objetivo formulado de
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pesquisa; 2) é sistematicamente planejada; 3) é sistematicamente registrada e
ligada a proposições mais gerais, e; 4) é submetida a verificação e controles de
validade e precisão. Apresenta como principal vantagem a de que os fatos são
percebidos diretamente, sem qualquer intermediação, reduzindo a subjetividade.
Desse modo, a subjetividade, que permeia todo o processo de investigação social,
tende a ser reduzida.
O principal inconveniente está em que a presença do pesquisador pode
provocar alterações de comportamento dos observados, destruindo a
espontaneidade dos mesmos e produzindo resultados pouco confiáveis. As pessoas
tendem a ocultar seu comportamento, pois temem ameaças à sua privacidade.
Pode-se adotar a seguinte classificação: observação simples, observação
participante e observação sistemática.
Observação Simples: o pesquisador permanecendo alheio à comunidade,
grupo ou situação que pretende estudar, observa de maneira espontânea os fatos
que aí ocorrem, sendo mais um expectador que um ator. Este procedimento é
chamado de observação-reportagem, pela similaridade com as técnicas jornalísticas.
Vantagens: 1) possibilita a obtenção de elementos para a delimitação de
problemas de pesquisa; 2) favorece a construção de hipóteses acerca do
problema pesquisado, facilita a obtenção de dados sem maiores reações
subjetivas.
Limitações: 1) é canalizada pelos gostos e afeições do pesquisador; 2) o
registro das observações dependem da memória do investigador, e; 3) dá
ampla margem à interpretação subjetiva ou parcial do fenômeno estudado.
A observação simples é mais indicada para hábitos mais públicos, e estudos
qualitativos, sobretudo os de caráter exploratório. Pela própria natureza da
observação, o pesquisador precisa estar atento para acontecimentos não previstos.
Regras fixas para a tarefa de observação não existem e as anotações podem ser
feitas na hora ou depois, através de diferentes formas de memorização.
Observação Participante: consiste na participação real do conhecimento na
vida da comunidade. O observador assume, até certo ponto, o papel de membro do
grupo, como no caso de antropólogos em sociedades primitivas. Pode-se definir
observação participante como a técnica pela qual se chega ao conhecimento da vida
de um grupo a partir do interior dele mesmo.
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30
A observação participante pode ser natural, quando o observador pertence
à mesma comunidade ou grupo que investiga ou artificial, quando o observador se
integra ao grupo com o objetivo de realizar uma investigação. Na observação
artificial é preciso decidir se a investigação será ou não disfarçada, e se for, se seu
disfarce pode ser prejudicial a algum membro do grupo.
Vantagens: 1) facilita o acesso a dados sobre situações habituais em que os
membros das comunidades se encontram envolvidos; 2) possibilita o acesso a
dados de domínio privado, e; 3) possibilita captar as palavras de esclarecimento que
acompanham o comportamento dos observados.
Limitações: referem-se às restrições pela assunção de papéis pelo
pesquisador, que pode dificultar o acesso a outros níveis da sociedade ou promovê-
lo com desconfiança.
Observação Sistemática: é utilizada em pesquisas que têm como objetivo a
descrição precisa dos fenômenos. Nestas pesquisas, o pesquisador sabe quais os
aspectos da comunidade que são significativos para alcançar os objetivos
pretendidos, elaborando previamente um plano de observação.
A observação sistemática pode ocorrer em situações de campo ou de
laboratório. Pela utilização de mecanismos como cronômetros e outros recursos
técnicos, o observador não consegue esconder que está fazendo pesquisa,
tornando-se necessário convencer os observados que o comportamento dos
observadores não representa qualquer ameaça ao grupo.
b) Entrevista: técnica em que o investigador se apresenta ao investigado e
lhe formula perguntas para a obtenção de dados de interesse. Enquanto técnica de
coleta de dados, a entrevista é bastante adequada para a obtenção de informações
acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam, pretendem
fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca das suas explicações ou razões a
respeito das coisas precedentes.
Vantagens: 1) possibilita o acesso referentes aos mais diversos aspectos da
vida social; 2) permite a obtenção de dados em profundidade acerca do
comportamento humano, e; 3) os dados são suscetíveis de classificação e
quantificação. Com relação ao questionário: 1) não exige que o entrevistado saiba
ler ou escrever; 2) possibilita um maior número de respostas pois é mais difícil
negar-se a ser entrevistado; 3) oferece maior flexibilidade e adaptação pelo contato,
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e; 4) possibilita captar a expressão corporal bem como a tonalidade de voz e a
ênfase nas respostas.
Limitações: 1) falta de motivação do entrevistado para responder as
perguntas que lhe são feitas; 2) inadequada compreensão do significado das
perguntas; 3) fornecimento de respostas falsas (por razões conscientes ou não); 4)
inabilidade em responder adequadamente por insuficiência vocabular ou problemas
psicológicos; 5) influência pelo aspecto pessoal do entrevistador; 6) influências das
opiniões pessoais do entrevistador sobre as respostas do entrevistado, e; 7) custos
no treinamento de pessoal e a aplicação das entrevistas.
Classificação das Entrevistas: classifica-as de acordo com seu grau de
estruturação: Entrevista Informal: é menos estruturada e só se distingue da simples
conversação porque tem como objetivo básico a coleta de dados. Busca-se a
obtenção de uma visão geral do problema pesquisado, bem como a identificação de
alguns aspectos da personalidade do entrevistado. A entrevista informal é indicada
em estudos exploratórios em realidades pouco conhecidas pelo pesquisador. Se
recorre a ela na investigação de certos problemas psicológicos, onde é importante a
livre expressão de suas opiniões e atitudes em relação ao objeto da pesquisa.
Entrevista Focalizada: tão livre como a anterior, mas abordando um tema
específico, de modo que o entrevistador evita a fuga do tema pelo entrevistado. A
entrevista focalizada é bastante empregada em estudos experimentais, com o
objetivo de explorar a fundo alguma experiência vivida em condições precisas. O
entrevistador confere ao entrevistado ampla liberdade para expressar-se sobre o
assunto, mas isto requer grande habilidade do pesquisador, que deve respeitar o
foco de interesse temático sem que isso implique conferir-lhe maior estruturação.
Entrevista por Pautas: apresenta certo grau de estruturação, já que se guia
por uma relação de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo
de seu curso. As pautas devem ser ordenadas e guardar certa relação entre si. As
perguntas diretas são poucas, deixando o entrevistado falar livremente à medida que
refere às pautas assinaladas. Quando este se afasta delas, o entrevistador intervém,
sutilmente, para preservar a espontaneidade do processo. Indicada para
entrevistados avessos a uma maior rigidez.
Entrevista Estruturada: desenvolve-se a partir de uma relação fixa de
perguntas, cuja ordem e redação permanece invariável para todos os entrevistados,
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que geralmente são em grande número. Por possibilitar o tratamento quantitativo
dos dados, este tipo de entrevista torna-se o mais adequado para o desenvolvimento
de levantamentos sociais.
Entre as principais vantagens estão a sua rapidez e o fato de não exigirem
exaustiva preparação dos pesquisadores, o que implica custos relativamente baixos.
Outra vantagem é possibilitar a análise estatística dos dados, já que as respostas
obtidas são padronizadas. Em contrapartida, estas entrevistas não possibilitam a
análise dos fatos com maior profundidade, posto que as informações são obtidas a
partir de uma lista prefixada de perguntas.
Esta lista de perguntas é frequentemente chamada de questionário ou de
formulário. Este último título é preferível, visto que o questionário expressa melhor o
procedimento auto-administrado, em que o pesquisador responde por escrito as
perguntas que lhe são feitas.
Condução da Entrevista: a entrevista pode assumir diferentes formas. Cada
uma delas exige, naturalmente, do entrevistador habilidade e cuidados diversos em
sua condução. Do responsável pela aplicação de entrevistas estruturadas exige-se
apenas mediano nível de inteligência e de cultura, bem como treinamento
operacional. Já daquele que vai proceder à condução de uma entrevista profunda,
de caráter absolutamente não diretivo, exigem-se profundos conhecimentos da
personalidade humana e, pelo menos, um ou dois anos de treinamento.
É necessário, antes de mais nada, que o entrevistador seja bem recebido,
indicando as razões da entrevista e que a mesma tem caráter estritamente
confidencial. Deve-se criar uma atmosfera favorável. As perguntas devem ser
padronizadas, ser iniciadas com algumas que não provoquem negativismo, devem
ser seqüenciais (uma de cada vez), não devem deixar implícitas as respostas.
Se a pergunta provoca uma resposta incompleta ou obscura, o entrevistador
precisa buscar uma resposta mais completa sendo imparcial. Se a resposta for "não
sei", o entrevistador deve incentivar o entrevistado a pensar mais. A entrevista deve,
se possível, ser terminada quando o entrevistado ainda demonstrar interesse pela
entrevista, mantendo a possibilidade de entrevistas futuras. c) Questionário: é uma técnica de investigação composta por um número
mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por
objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas,
situações vivenciadas etc.
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Os questionários, na maioria das vezes, são propostos por escrito aos
respondentes. Costumam, nesse caso, ser designados como questionários auto-
aplicados. Quando, porém, as questões são formuladas oralmente pelo pesquisador,
podem ser designados como questionários aplicados com entrevista ou formulários.
Vantagens: 1) possibilita atingir grande número de pessoas, já que pode ser
mandado pelo correio e consequentemente atingir grande número de pessoas; 2)
implica menores gastos com pessoal, pois não exige o treinamento dos
pesquisadores; 3) garante o anonimato das respostas; 4) permite que as pessoas o
respondam no momento em que julgarem mais conveniente, e; 3) não expõe os
pesquisado à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado.
Limitações: 1) exclui os analfabetos, conduzindo a graves deformações nos
resultados da investigação; 2) impede o auxílio ao pesquisado quando este não
entende as instruções ou as perguntas; 3) impede o conhecimento das
circunstâncias em que foi respondido; 4) não garante que a maioria das pessoas
desenvolvam-no devidamente preenchido, o que pode implicar a diminuição da
representatividade da amostra; 5) envolve número relativamente pequeno de
perguntas, pois questionários muito extensos geralmente não são respondidos, e; 6)
os itens podem ter significado distinto para cada sujeito pesquisado, o que atrapalha
a objetividade das respostas. A Construção do Questionário: consiste na tradução dos objetivos
específicos da pesquisa em itens bem redigidos. As perguntas podem ser:
Fechadas: apresenta-se ao respondente um conjunto de alternativas de
respostas para que seja escolhida a que melhor representa sua situação ou ponto
de vista. Por exemplo: “Qual a sua religião?”, poderão ser apresentadas as
seguintes alternativas:
( ) Católico ( ) Protestante ( ) Espírita ( ) Outra religião ( ) Sem
religião
Não é conveniente oferecer um número muito grande de alternativas, pois
isso poderá prejudicar a escolha. No caso da questão sobre religião, como sabe-se
a priori, que católicos, protestantes e espíritas reunidos correspondem à grande
maioria dos brasileiros, pode-se incluir todas as outras religiões numa outra
categoria. A não ser que haja interesse específico em saber qual a participação de
grupos religiosos minoritários na população brasileira. Nesse caso, poderão ser
incluídas outras categorias, como: ortodoxo, budista, muçulmano, judeu etc.
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Nas questões fechadas, é preciso garantir que, qualquer que seja a situação
do respondente, haja uma alternativa em que este se enquadre. Por essa razão é
que, em muitos casos, oferece-se a alternativa “outras”.
Também é necessário garantir que as alternativas sejam mutuamente
exclusivas, ou seja, uma das alternativas poderá corresponder à situação do
respondente. Ressalta-se, porém, que há situações em que mais de uma alternativa
poderá ser escolhida. Por exemplo: “Que esportes você pratica?”. Nesses casos,
porém, deverá ser esclarecida essa possibilidade.
Abertas: apresenta-se a pergunta e deixa-se um espaço em branco para
que a pessoa escreva sua resposta sem qualquer restrição. Por exemplo:
“Qual é, no seu entender, o principal problema que o Governo precisa
resolver?”
______________________________________________.
A principal vantagem das questões abertas é a de não forçar o respondente
a enquadrar sua percepção em alternativas preestabelecidas. No entanto,
questionários com muitas questões abertas frequentemente retornam com muitas
delas não respondidas, visto requererem maiores esforços para serem respondidas.
Também convém levar em consideração que o processo de tabulação das respostas
torna-se mais complexo. Recomenda-se, portanto, que o número de questões desse
tipo seja reduzido.
Questões Duplas: uma aberta e uma fechada em conjunto. Por exemplo:
“Qual a sua religião?”:
( ) Católico ( ) Protestante ( ) Espírita ( ) Sem religião
( ) Outra religião. Qual? ________________________
Questões Dependentes: são questões que dependem das respostas das
outras perguntas. Por exemplo, a resposta à pergunta: “Quantos cigarros você fuma
por dia?”, num questionário também aplicado a não fumantes, depende da resposta
a uma questão anterior: “Você fuma cigarros?”
Há diversas formas de apresentação desse tipo de questão. Pode-se, após
cada alternativa, escrever o procedimento a ser seguido. Por exemplo, para a
questão “Você fuma cigarros?”
Sim (responda à questão seguinte)
Não (responda à questão nº 3).
Conteúdo das Questões: podem ser sobre:
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Fatos: geralmente respondidas com sinceridade, tais como sexo, idade etc.
Crenças: referem-se às experiências subjetivas das pessoas, ou seja, do
que as pessoas acreditam que sejam os fatos. Questões dessa natureza
são as mais difíceis de ser respondidas.
Sentimentos: sobre as reações emocionais das pessoas perante os fatos,
tais como o medo, a desconfiança, o desprezo, o ódio etc.
Padrões de Ação: padrões éticos relativos ao que deve ser feito, podendo
envolver considerações práticas a respeito das ações que são praticadas.
Dirigidas a Comportamento Presente ou Passado: o comportamento
passado ou presente de uma pessoa é um tipo de fato que ela pode
observar de uma posição privilegiada, sendo um indicador expressivo de
seu comportamento em situações futuras.
Referentes a Razões Conscientes de Crenças, Sentimentos, Orientações ou
Comportamentos: essas perguntas são formuladas com o objetivo de
descobrir os "porquês".
As perguntas devem ser formuladas segunda algumas normas: 1) devem
ser claras, concretas e precisas; 2) deve-se considerar o sistema de referência do
interrogado e seu nível de instrução; 3) não deve ser ambígua; 4) deve ser neutra,
não sugerindo as respostas, e; 5) devem referir-se a uma única idéia de cada vez.
O número de perguntas depende do interesse do pesquisado, não devendo
passar de trinta. Deve-se ter o cuidado de dispersar perguntas suscetíveis de
contágio por outras, assim como evitar a mudança brusca de tema, nem que seja
necessária uma parada para preparar para a fase seguinte.
Prevenção de Deformações: os mecanismos de defesa social intervêm, de
maneira inconsciente, na situação da resposta a um questionário. As deformações
mais frequentes:
Defesa de fachada: quando o respondente acredita estar correndo o risco
de ser julgado, reage oferecendo respostas defensivas, estereotipadas ou
socialmente desejáveis, encobrindo sua real percepção acerca do fato.
Defesa contra Pergunta Personalizada: as perguntas personalizadas,
diretas, que geralmente se iniciam por expressões do tipo “O que você
pensa a respeito de…”, “Na sua opinião…” etc. tendem a provocar
respostas de fuga. Nessas circunstâncias são freqüentes as recusas ou
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hesitações do tipo “Não sei”, “Não estou seguro” e “Não tenho opinião”.
Deve-se, assim, utilizar perguntas indiretas.
Deformação Conservadora: é natural que as pessoas ofereçam certa
resistência à mudança. Esta se manifesta pela tendência a responder
“sim” de preferência a “não” e também a oferecer respostas indicadoras de
conformismo. Deve-se estar atento com o "tom" das perguntas, mesmo
em sua simples expressão escrita.
Efeito de Palavras Estereotipadas: certas palavras, quando colocadas numa
pergunta, predispõem as pessoas a respondê-las de forma
preferencialmente a outra. Ninguém duvida de que palavras como
comunista, nazista, vermelho, crente, burguês são possuidoras de carga
emocional suficiente para provocar distorções. Por esta razão, na redação
das perguntas, devem ser evitadas as palavras chocantes, efetiva ou
socialmente carregadas e substituídas por equivalente menos carregados.
Influência de Referência a Personalidades de Destaque: a simples
referência a uma personalidade de destaque pode ser suficiente para
influir nas respostas, tanto em sentido positivo quanto negativo. Assim,
devem ser evitadas, nas questões, referências as pessoas que suscitem
simpatia, antipatia, autoridades moral ou desprezo público.
O questionário deve conter uma introdução e instruções acerca do correto
preenchimento, porque as respostas serão dadas sem a presença do pesquisador.
Antes de sua aplicação efetiva, deve-se aplicar um pré-teste em membros da
população (de 10 a 20) para a detecção de possíveis falhas em sua construção, tais
como: complexidade das questões, imprecisão na redação, desnecessidade das
questões, constrangimentos ao informante, exaustão etc.
Para tanto, os escolhidos devem ser típicos e dispor de maior tempo que os
respondentes definitivos, pois serão entrevistados a posteriori para a observação
das dificuldades encontradas. Este pré-teste deve assegurar que o questionário
esteja bem elaborado, sobretudo no referente a: clareza e precisão dos termos,
forma das questões, desmembramento das questões, ordem das questões,
introdução do questionário.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES, CONCLUSÃO E REFERÊNCIAS12
4.1 A Análise e a Interpretação
A análise tem por objetivo organizar e sumarizar os dados para fornecerem
as respostas ao problema proposto para investigação. Esta é a parte central do
relatório. De modo geral é a mais extensa e pode vir subdividida em vários capítulos,
conforme a quantidade e a complexidade dos dados obtidos. Sempre que forem
desenvolvidos estudos empíricos (estudo de caso, por exemplo) deverá existir um
capitulo especifico para apresentar os resultados do estudo desenvolvido. Esta
parte, que também é designada como corpo ou desenvolvimento, envolve, de modo
geral, a descrição, a análise e a interpretação dos dados.
A adequada apresentação dos resultados exige a prévia descrição dos
dados, que geralmente é feita mediante tabelas, quadros e gráficos seguidos de
textos esclarecedores. Quando os dados obtidos forem muito numerosos, convém
relacionar nesta parte do relatório apenas aqueles que são imprescindíveis para o
entendimento dos resultados da pesquisa; os demais poderão vir em apêndice.
Após a descrição dos dados, vem a análise de seus relações, devendo ser
indicados os resultados dos testes aplicados, quando for o caso.
Após a descrição e a análise dos dados vem a interpretação, que pode ser
considerada como a parte mais importante de todo o relatório. Aqui é que se faz a
apresentação do significado mais amplo dos resultados obtidos, por meio de sua
ligação a outros conhecimentos já obtidos.
A despeito de sua variabilidade, é possível afirmar que em boa parte das
pesquisas sociais são observados os seguintes passo:
a) Estabelecimento de Categorias: agrupamento das respostas em certo
número de categorias que devem seguir regras como estas: a) as categorias devem
derivar de um único princípio de classificação; b) o conjunto de categorias deve ser
exaustivo; c) as categorias devem ser mutuamente exclusivas. Para evitar o excesso
de categorias é conveniente a inclusão de uma categoria residual.
b) Codificação: antes (perguntas fechadas) ou depois da coleta de dados.
12 Informações obtidas de GIL (1999).
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c) Tabulação: processo de agrupar e contar os dados nas várias
categorias, do modo simples ou cruzado (entre duas categorias).
d) Descrição dos Dados: para caracterizar o que é típico no grupo (por
valores médios); indicar a variabilidade dos indivíduos do grupo (medidas de
dispersão); distribuir indivíduos em relação a determinadas variáveis; determinação
da força da relação entre variáveis (entre –1 e +1).
e) Avaliação das Generalizações Obtidas com os Dados: com teste de
hipóteses ou testes de significância, partindo-se da hipótese nula para ser rejeitada
ou não.
f) Inferência de Relações Causais. g) Interpretação dos Dados: através do equilíbrio entre a teoria e as
pesquisas.
Estilo do Relatório:
Impessoalidade: convém que o relatório seja redigido na terceira pessoa.
Referências pessoais, como "meu trabalho", "meu estudo" e "minha tese"
devem ser evitadas. São preferíveis expressões como "este trabalho", "o
presente estudo" etc.
Objetividade: o texto deve ser escrito em linguagem direta, evitando-se que
a sequência seja desviada com considerações irrelevantes. A
argumentação deve apoiar-se em dados e provas e não em considerações
e opiniões pessoais.
Clareza: as idéias devem ser apresentadas de maneira tal que não dêem
margem a ambigüidades. Para tanto, devem ser selecionados termos que
indiquem, com a maior exatidão possível, o problema pesquisado e os
resultados alcançados.
Precisão: cada expressão deve traduzir com exatidão o que se quer
transmitir, em especial no que se refere a registros de observações,
medições e análises. Deve-se, portanto indicar como, quando e onde os
dados foram obtidos. As ciências dispõem de terminologias técnicas
específicas que possibilitam a transmissão de idéias. O redator do relatório
não pode ignorá-las. Deve-se evitar o uso de adjetivos que não indiquem
claramente a proporção dos objetos (pequeno, médio e grande), bem
como expressões (quase todos, uma boa parte). Também devem ser
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evitados advérbios que não explicitem exatamente o tempo, o modo e
lugar (recentemente, antigamente, provavelmente, …).
Coerência: as idéias devem ser apresentadas numa sequência lógica e
ordenada. Poderão ser utilizados os títulos quando forem necessários
para as partes dos capítulos. Sua redação, porém, deverá ser uniforme,
iniciando-se de preferência, com verbos ou com substantivos.
Concisão: as frases do relatório devem ser simples. As idéias devem ser
expostas com poucas palavras. Evitar os períodos longos, que abrangem
várias orações subordinadas, pois dificultam a compreensão e tornam
pesada a leitura. Não se deve temer a multiplicação das frases, pois, à
medida que isso ocorre, o leitor tem condições para estudar o texto sem
maiores dificuldades.
4.2 Conclusão
É na conclusão que se discute os resultados apresentados e o processo de
pesquisa como um todo. Devem-se destacar as contribuições do estudo (em três
vertentes: para a teoria da área, para a pratica e para o pesquisador ou grupo de
pesquisa), resgatar os objetivos e mostrar como foi (ou não) atingido (e porque),
apresentar as limitações do estudo (em duas vertentes: do método utilizado e da
aplicação do método na pesquisa) e, finalmente, indicar os estudos futuros.
A conclusão é a parte onde o autor se coloca com liberdade científica,
avaliando os resultados obtidos, propondo soluções e aplicações práticas. É nesta
parte que o autor confirmará ou negará a hipótese criada para seu trabalho. Na
conclusão o autor definirá suas conclusões com suas próprias palavras, assumindo
as responsabilidades por elas.
4.3 Referências
É o conjunto de indicações que possibilitam a identificação de documentos,
publicações, no todo ou em parte e qualquer fonte de informação consultados no
levantamento de fontes. As referências dos documentos consultados para a
elaboração do trabalho é um item obrigatório.
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Exemplos para elaboração das referências, segundo as normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estão expressas no Manual das
Normas da ABNT elaborado pela professora.
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REFERÊNCIAS BELLO, José Luiz de Paiva. Metodologia científica: manual para elaboração de textos acadêmicos, monografias, dissertações e teses. Rio de Janeiro: Universidade Veiga de Almeida (UVA), 2005. Disponível em: <www.agenciauva.com.br/Documentos/Manual_Prof.Bello.pdf>. Acesso em: 01 fev. 2010. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. GOLIATH, Paulo Henrique; SILVA, João Fernando Vieira da. Manual de elaboração de projeto de pesquisa. Juiz de Fora: Faculdades DOCTUM, 2008. Disponível em: <www.doctum.com.br/.../5dabfa927ae7da49ac9da3a223f6212e.pdf>. Acesso em: 01 fev. 2010. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Cientifica. São Paulo: Atlas, 2000. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
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