24 de Outubro de 2013
2nd Workshop
Economia Urbana – Possibilidades do Rio de Janeiro
Joaquim Levy
2
I - Introdução e considerações gerais
Políticas públicas locais podem alterar a vida de uma cidade?
Como ajustar estratégias de sustentabilidade a diferentes
circunstâncias de crescimento econômico?
Como identificar vantagens e setores competitivos na região
metropolitana do Rio de Janeiro?
É possível identificar um valor básico para a sustentabilidade?
1) O tamanho e localização das cidades são fatores “fixos” de grande relevância para a trajetória
de uma cidade a região metropolitana do Rio de Janeiro (o Rio) tem vantagens geográficas e
históricas que devem ser alavancadas para competir melhor com outros polis, preservando seu
patrimônio ambiental único e gerando uma dinâmica de crescimento inclusivo e inovador
2) Grandes mudanças na trajetória de uma cidade são em geral determinadas por fatores externos,
incluindo transformações teconológicas o Rio conhece isso bem: virar capital transformou seu
crescimento e ajudou a superar a mudança do eixo da economia cafeeira; deixar de ser capital e a Fusão
nos anos seguintes exigiram muita imaginação e capacidade de acomodação.
3) Conectividade é cada vez mais importante para o sucesso de uma cidade, já que ser um ponto
de encontro ou centro de negócio é chave para crescer o Rio ganhou ao se tornar o “caminho para
as minas” e “coração do meu Brasil”, especialmente do ponto de vista emotivo e cultural, perdendo ao
antagonizar a indústria financeira, que conecta investidores e empreendedores; alavancar sua capacidade
de irradiação depende hoje de consolidar as recentes mudanças de percepção da qualidade de vida
e de decisões estratégicas, e.g., em conectividade, revitalizando seu maior aeroporto.
4) Cidades são marcadas pelas suas principais indústrias, tendo a especialização seu riscos O
Rio é mais robusto por ser diversificado, o que não só permite sobreviver melhor a choques
tecnológicos ou externos (resiliência), como facilita a troca de insights entre ramos de atividade
(“clusters”), estimulando a inovação.
5) Modismos vêm e vão, sem que se prove se foram eficazes, mas a qualidade das políticas
públicas e do processo politico fazem diferença dispisciendo elaborar no caso do Rio.
1/ Esses pontos, que não são exaustivos, são inspirados em alguns dos insights de Mario Polèse, do Instituto de Pesquisa
Nacional de Montreal.
Pontos a ponderar sobre as posssibilidades de transformação de uma cidade1
3
1) Ao se pensar na cidade no médio prazo, a principal questão é se o foco deve ser de MITIGAÇÃO dos
problemas ou TRANFORMACIONAL.
2) Os instrumentos disponíveis a uma cidade podem ser limitados, mas a experiência no Brasil mostra
que lidar com problemas “no atacado”, aproveitando oportunidades históricas, pode alterar o
funcionamento da sociedade em uma escala não imaginada anteriormente (Plano Real, privatizações,
alterações na educação básica)
3) Ações transformacionais tendem a incluir medidas inovadoras combinandas a medidas
“tradicionais” – o plano Real combinou a passagem monetária com o aperto fiscal que o antecedeu e a
âncora cambial que o acompanhou nos primeiros anos, possibilitada pela transformação dos fluxos de
comércio e capital da década de 1990.
4) O investimento tópico, que representa, às vezes, a maior parte do investimento de algumas
administrações, pode ter efeitos precários. Investimentos “tradicionais” em infra-estrutura podem ter
consequencias profundas, abrindo oportunidades duradouras.
5) A regulamentação de atividades informais não é trivial, por criar dualidade (e.g., código de
construção formal rígido x formalização ex-post facilitada, com todos os problemas de incentivos
associados), apesar de poder ser uma “porta de entrada” (e.g., vendedores de rua).
6) A economia criativa, ou do conhecimento, pode criar desafios para a inclusão, implicando que
seu estímulo, para ser inclusivo, tem que ser acompanhado de medidas que abram oportunidades para
novas gerações, e.g., através da educação.
Algumas considerações sobre a estratégia para oportunidades do Rio
4
A dinâmica econômica da região é diferente daquela
dos anos 1990
Três vértices para pensar a economia urbana na região metropolitana do Rio
Conectividade é chave em um mundo em que cidades são
cada vez mais importantes
Entre as muitas vantagens do Rio está seu caráter
hedônico
Só há um Rio
5
6
II - Diagnóstico e Tendências da Economia da Região Metropolitana
do Rio de Janeiro -- Rio
• Emprego e inclusão na dinâmica econômica dos anos
recentes
• Principais fatores de impulso, diversidade e resiliência da
economia do Rio
• Sustentabilidade do crescimento recente do investimento
em infra-estrutura
Nos últimos anos o governo retomou a política de
desconcentração do investimento privado, estimulando grandes
projetos nas áreas Oeste (Santa Cruz, Itaguaí), Leste (Itaboraí, São
Gonçalo) e Norte (Nova Iguaçu e entorno) do Rio
O aumento do emprego formal no Rio muda a perspectiva da população
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Mar
-02
Jan
-03
No
v-0
3
Sep
-04
Jul-
05
May
-06
Mar
-07
Jan
-08
No
v-0
8
Sep
-09
Jul-
10
May
-11
Mar
-12
Jan
-13
Militares
Empregadores
Conta propria
Sem carteira
Com carteira
Pesquisa de emprego IBGE – RJ – Mil empregos
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
Mar
-02
Oct
-02
May
-03
De
c-0
3
Jul-
04
Feb
-05
Sep
-05
Ap
r-0
6
No
v-0
6
Jun
-07
Jan
-08
Au
g-0
8
Mar
-09
Oct
-09
May
-10
De
c-1
0
Jul-
11
Feb
-12
Sep
-12
Ap
r-1
3
Formal
Informal
Pesquisa de emprego IBGE – Brasil – Mil empregos
Nos último 30 anos, o Rio de Janeiro
desenvolveu e implementou uma série de
mecanismos de “inclusão”, desde a
formalização do vendedor de rua
(camelódromo, licenças, etc.) até o cooperativa
de catadores de óleo
• eles são importantes, mas tiveram seus
efeitos fragilizados pelo problema da
segurança nas comunidades
• eles perderam proeminencia com o
crescimento do emprego formal, não
obstante o Rio ainda estar bem atrás de
SP, BH e POA em formalização
Estratégias individuais e coletivas têm sido
alteradas pela ascenção da “nova classe
média”... que passa a ter expectativas e
comportamentos de... classe média
• educação, serviços, e moradia
Pode-se considerar a possível fragilidade desse
movimento, em face da baixa taxa de
poupança do país e decorrente sensibilidade
aos desafios das economias desenvolvidas
Com carteira
Sem carteira
7
A indústria de petróleo gera um fluxo importante de receitas fiscais e demanda por serviços e produtos, que se acelerou com a expectativa do pré-sal, não obstante a diversificação geográfica dos fornecedores da Petrobras
A recuperação fiscal do Estado permitu a ampliação dos investimentos em infra-estrutura, criando demanda (e.g., via empregos) e novos eixos de crescimento: construção civil gerou 75 mil empregos diretos em 2011-12.
A estabilização, com alinhamento político e de objetivos das principais prefeituras (notadamente a PMRJ) com o o governo estadual e o governo federal, permitiu a concretização de um calendário de eventos e projetos transformadores
A reforma da Segurança Pública mudou a percepção da região, atraindo pessoas e empresas para a região e transformando as expectativas dos moradores, especialmente os mais frágeis.
A valorização da Segurança nos Negócios abriu novas portas para a formalização da economia e disposição das empresas em investir na cidade, inclusive através de mecanismos de parceria público-privada
Principais drivers da economia do Rio de Janeiro
8
A perspectiva positiva se reflete em uma carteira de investimentos vigorosa
A distribuição de investimentos (em curso ou em prospecção) indica os setores mais dinâmicos (e capitais intensivos) da indústria, e sua relativa diversidade O petróleo proporciona uma base de demanda que tem um efeito multiplicador e de estabilidade para o resto da economia: “Mar do Norte... para o Reino Unido”
9
10
PIB em 2010 Em relacao a 2009
R$ MM % Total Var Nom Var Real
Agropecuária 1.449 0,4% -2,8% 1,9%
Indústria 96.618 23,7% 21,6% 5,6%
Petroleo e Minerais 33.829 8,3% 35,1% -2,9%
Transformação 34.138 8,4% 11,9% 7,4%
Construção Civil 19.173 4,7% 22,4% 5,9%
Luz Gas Saneamento 9.478 2,3% 16,1% 14,8%
Servicos 246.338 60,5% 11,7% 4,6%
Comercio 36.337 8,9% 18,2% 3,3%
Alojamento e Alimentação 9.429 2,3% 16,5% 0,4%
Transporte 18.126 4,5% 14,2% 6,7%
Informação 15.588 3,8% -0,2% 6,7%
Financeiro 22.315 5,5% 16,4% 6,7%
Família 14.342 3,5% 63,1%
Serviços a Empresas 22.368 5,5% 7,2% 4,1%
Imobiliário & Aluguéis 30.583 7,5% 5,4% 0,4%
Admin. Saúde e Edu. Púb. e
Seguridade Social 64.439 15,8% 13,7% 0,3%
Saúde Educação mercado 11.612 2,9% 7,2% -0,3%
Impostos sobre Produtos 62.717 15,4% 19,8%
PIB a Preço de Mercado 407.122 100,0% 15,0% 4,5%
A aceleração de certos setores tem pressionado o deflator da economia1
Fonte IBGE e CEPERJ
Apesar da sua importancia, Petróleo corresponde a bem menos que 10% do PIB, sendo serviços públicos o maior setor O PIB do Estado supera o da vários países da América do Sul e é mais da metade do Argentino ou da África do Sul PIB equivale ao de países como Malásia (pop. 29 mm), República Checa (pop. 10 mm) ou Israel (pop. 7 mm) – implicando em uma renda per capita significativa (acima de R$ 25,000 ao ano) A indústria, inclusive de construção civil vem acelerando, aumentando demanda pelo trabalho menos qualificado, distribuindo renda
1/ PIB do Estado do Rio de Janeiro: o PIB do Rio soma 67,5% desse valor
11
O PIB da região ainda é concentrado na capital
Os municípios com indústria (e.g., Duque de Caxias) apresentam um PIB total e per capita bem maior do que aqueles que vivem mais do comércio local (e.g., Nilópolis) Uma consequencia é a desigualdade de base tributária entre eles e a capacidade de investir ou manter serviços públicos (PIB e ICMS de Itaguai são altos por conta do porto) As diferenças sugerem estratégias distintas para inclusão: ainda que a população se beneficie do crescimento da capital – projetos como o COMPERJ podem alterar condições em municípios com menos atividade econômica, na região Itaboraí-Tanguá-São Gonçalo-São João de Merity e, com adequado transporte—Guapimirim-Belfort Roxo e Nova Iguaçu
R$
Bilhao
R$ 000/
Capita
R$
Bilhao
R$ 000/
Capita
Regiao 275,2 23,2 Mage 2,1 3,0
Rio de Janeiro 190,2 30,0 Queimados 1,7 12,0
Duque de Caxias 26,5 30,0 Nilopolis 1,7 10,5
Niteroi 11,2 23,0 Marica 1,6 12,9
Sao Goncalo 10,3 10,3 Mesquita 1,5 9,1
Nova Iguacu 9,5 11,0 Seropedica 0,8 10,9
Sao Joao de Meriti 4,8 10,5 Paracambi 0,5 10,5
Belford Roxo 4,5 9,5 Guapimirim 0,5 3,4
Itaguai 4,3 30,0 Tangua 0,3 3,5
Itaborai 2,2 10,0 Japeri 0,3 2,6
PIB dos Municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro
A distribuição da renda entre a população também é desigual
Os 20% mais ricos detem 60% da renda, ainda que a moda das famílias seja com renda per capita acima de 1 SM. A provisão de saneamento é a maior fraqueza do Rio, enquanto computador e internet (provida pelo setor privado) tem boa penetração na média e fraca para as famílias com renda abaixo da mediana (i.e., metade delas)
1o
quinto
2o
quinto
3o
quinto
4o
quinto
5o
quinto
Brasil 3,5 7,7 12,2 18,9 57,7
Sudeste 4,3 8,5 12,2 18,8 56,3
Local
Pop.
Milhares
renda &
carencia
social
carencia
socialrenda
Não
vulnerá
veis
Rio 10 470 13,6 36,3 6,6 43,5
Sao Paulo 18 570 7,8 29,8 6,8 55,7
BRASIL 184 123 22,4 36,0 7,4 34,2
% renda de trabalho por quinto na RMRJ
% população com vulnerabilidade
Até 1/4
Mais de
1/4 até
1/2
Mais de
1/2 até 1
Mais de
1 a 2
Mais de
2 a 3
Mais de
3 a 5
Mais de
5
5% 11% 27% 30% 11% 8% 9%
Distribuição famílias na RMRJ por faixa de
renda (# de salários mínimos per capita)
% famílias com computadores e internet,
além de luz e máquina de lavar
ComputComput &
IntertnetComput
Comput &
Intertnet
Brasil 37,1 31,0 10,8 7,3
Sudeste 45,7 38,7 18,3 13,2
Rio 46,7 40,1 19,2 13,0
Renda/capita < 0,5
SMPopulacao Total
Agua Esgoto Lixo Luz
Brasil 30,6 22,4 93,0 5,5 0,3
Sudeste 10,7 39,9 78,9 7,3 0,4
Rio 18,2 60,5 59,2 11,9 0,0
Sao Paulo 6,5 24,5 93,7 3,3 0,3
Total
Dos quais falta
% Famílias sem acesso simultaneo a luz e
agua-esgoto
12
Fonte para todas as tabelas, PNAD 2010
13
Desigualdade e favelas: fragilidade da economia urbana, resiliência das pessoas
Número de moradores das favelas cresceu 18,9% em 2000-2010, versus 8% para cidade como um todo
22% dos habitantes do município do Rio de Janeiro moram em áreas de favela, variando de 11% em Campo Grande (zona Oeste) a 44% em Ramos (zona Norte)
pelo menos metade da população nas favelas tem menos de 30 anos de idade – em algumas favelas a população até 15 anos chega a 30%
12% as crianças de 8 e 9 anos em favelas são analfabetas, contra 5% na média da cidade
luz é um serviço universalizado (apesar de, no conjunto 20% dos moradores de favelas consumirem de maneira informal, com algumas áreas mais de 70%), 96% recebem água, e mais de 85% algum tipo de esgoto (todos os domicílios têm banheiro)—94,5% tem esgoto no complexo do Alemão
76% das moradias são “próprias”, contra 73% nos bairros formais
Avaliação do IPP: ”a proximidade dos principais indicadores em regiões como Campo Grande mostra que favela e bairro formal acabam se aproximando por serem igualmente de baixa renda, não havendo grande distinção entre pessoas pelo fato de ocuparem áreas com diferentes características no espaço urbano”.
14
Na capital, o gasto público tem ajudado a reduzir a pobreza extrema
A prefeitura do Rio de Janeiro tem um orçamento de mais de R$ 23 bilhões (US$ 10 bilhões), o que excede o orçamento da maior parte dos Estados brasileiros. Aproximadamente metade da despesa é fiscal (financiada por IPTU, ISS, e empréstimos) e o resto da seguridade social, financiada por principalmente transferências do Estado (Educação) e da União (Saúde) A relativa abundância de receitas permite a manutenção de um quadro significativo de funcionários e terceirzados, assim como o desenvolvimento de vários programas sociais
Novos programas de transferência de renda da PMRJ fizeram diminuir muito a proporção da população vivendo com menos de R$ 2 por dia (2% do total), e com que a renda dos 5% mais pobres nos ultimos anos subisse 21,5%, contra uma média de 2,9% na cidade (e 1,7% do primeiro decil) O programa Cartão Família Carioca, que suplementa outros programas, atinge 146 mil famílias, ou 540 mil pessoas (8%) da população da cidade.
Orçamento da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro
15
O aumento do orçamento da cidade do Rio de Janeiro desde 2008 é notável
O governo estadual também tem ampliado suas despesas de investimento
16
As despesas de investimento passaram de R$ 1,5 bilhão em 2008 para R$ 8,2 bilhões em 2012, e devem crescer
A ampliação do investimento não foi acompanhada de maior poupança pública
O estímulo ao endividamento promovido pelo governo federal levou o ERJ a contratar 13 operações de crédito em 2013, com liberação de R$ 4,8 bilhões, e R$ 8,7 bilhões para serem liberados (+ R$ 7 bilhões de captações autorizadas pela STN)
Resultado Primário x Investimentos como % da Receita Corrente Líquida
ERJ – 13%
PMRJ – 20%
Principais Investimentos ERJ 2012
17
18
III - Três vetores da Economia Urbana do Rio
• Indústria Criativa
• Indústria da Hospitalidade
• Indústria da Tecnologia
As três indústrias são interligadas e têm um caráter sustentável
• o ganho de produtividade advindo da indústria da tecnologia pode
ser multiplicado pelo atendimento (e criação) de novas demandas
no setor criativo, que consome/gera tecnologia
• o setor da hospitalidade se beneficia da indústria criativa (e.g.,
eventos)
• as três indústrias têm uma “pegada ambiental” leve
• as três indústrias proporcionam um contínuo de oportunidades
que cria pontes entre informalidade e formalidade e entre capital e
entorno (baixada)
19
A indústria criativa é parte importante da malha econômica e identidade do Rio
O número de empregados formais no núcleo da Indústria Criativa no ERJ passou de 77 mil em 2006 para 88 mil em 2010 (+13%), apresentando crescimento menor que o da média dos outros setores (+21% puxados por petróleo e construção civil) e dos outros estados (29%) O núcleo da indústria criativa responde por 2,2% dos empregos totais do Estado (1,8% no Brasil) e 3,5% da renda do trabalho (2,5% Brasil). Software responde por 43% do emprego do setor. A indústria criativa alavancaria 4 milhões de empregos em setores relacionados e afetaria outros 6 milhões de trabalhadores , criando demanda nesses setores de apoio
Indústria Criativa, setores relacionados (afins), e de apoio, segundo metodologia da FIRJAN
20
O setor hoteleiro pode contribuir cada vez mais para a economia urbana
O setor tem mais de 25 mil quartos no Rio, com previsão de 4000 novos apartamentos na Barra da Tijuca até 2016; a taxa de ocupação do segmento upscale (2700 quartos) é de 75%, enquanto no midscale (7000 quartos) perto de 80%. Há um esforço para ampliar oferta fora da zona sul, o que ja beneficia o centro da cidade Alguns investimentos (e.g., teleférico do Alemão) desconcentram atrações turísticas Receita do Carnaval estimada em US$ 1 bilhão e do Ano Novo em US$ 600 milhões. O Carnaval atrai 1,2 milhão de turistas, dos quais 350 mil do exterior, e Ano Novo atrai cerca de 800 mil turistas Um quinto dos turistas do Carnaval (250 mil) se hospedam em hoteis, 17% (200 mil) em apartamentos alugados, e 10% em albergues. Nessas ocasiões a taxa de ocupação dos hoteis chega a 95%. O setor gera aproximadamente 15 mil empregos diretos com valor médio de R$ 60 mil por ano (folha de R$ 750 milhões), com efeito multiplicativo em serviços associados Participação de clientes business (ou tripulação) é grande, mostrando upside da cidade se tornar cada vez mais um ponto de encontro (meeting place) nacional e internacional
Tipo de Hotel Tipo de Hotel Tipo de Hotel
Upscale Media Upscale Media Upscale Media
Negocios 61,4 66,0 Apartamento 0,30 0,19 Receita 182,0 130,8
Lazer 19,8 18,6 Alimento e Bebida 0,34 0,11 Salarios e Encargos 60,8 47,8
Grupos 10,5 9,7 Manutencao 0,06 0,04 Outras Operacionais 51,8 41,0
Tripulacao 7,1 3,3 Adm & Marketing 0,16 0,05 Adm & Marketing 17,0 13,0
Outros 1,2 2,5 Outros 0,06 0,01 Energia 8,3 6,6
% Clientes Empregado/quarto
Tipo de
Cliente
Departamento/
atividade
Receita&Despesa/quarto
R$ mil/ano
Principais Indicadores do Setor Hoteleiro no Brasil (Jones Lang LaSalle-2013)
21
O setor do conhecimento & tecnologia também é uma marca do Rio
A Economia do Conhecimento no Rio inclui o complexo de ensino superior, pesquisa das instituições públicas e grandes empresas, assim como o know how para as atividades da indústria (petróleo, fármacos, mecânica, química, software, etc). Em princípio, o Rio conta com os dois elementos chave para o setor: pesquisa e polos de engenharia/execução (e.g., Cenpes, Fiocruz) Novo ambiente de negócios e incentivos têm atraídos centros de tecnologia de empresas (e.g., GE) O Rio de Janeiro vem desenvolvendo cursos de treinamento de médio e curto prazo para qualificação da mão de obra de menor nível educacional, atendendo as demandas da construção civil, indústria, serviços Sistema S, Centros Faperj e Pronatec representam o caráter sustentável e inclusivo do setor
Número de Matrículas Ensino Superior
Total Capital
Brasil 5.746.762 2.713.589
Pública 1.595.391 655.223
Priv ada 4.151.371 2.058.366
Rio de Janeiro 526.671 308.923
Pública 127.742 71.611
Priv ada 398.929 237.312
São Paulo 1.542.415 631.126
Brasil com a distancia 6.739.689
Presencial
22
IV Exemplos de como aumentar a sustentabilidade dos investimentos
• Em uma cidade em que serviços domésticos são relativamente
abundantes, segurança e transportes coletivos são as alavancas mais importantes
para aumentar oportunidades e diminuir a desigualdade e a geração de carbono –
aproveitar as transformações nessas duas áreas podem reforçar e tornar mais
duradouros seus efeitos
• Cada grande intervenção-transformação abre oportunidades para
repensar regulações, criar mecanismos de incentivos dos agentes econômicos, e
orientar o investimento de forma a ter resultados alinhados com objetivos de
sustentabilidade e resiliência
Simplificação da regulamentação do uso do solo, das regras construtivas e de
criação de áreas residenciais de baixa renda, acomodando as restrições do
Estatuto da Cidade (de caráter nacional e supermajoritário), mas estimulando a
iniciativa do cidadão e empreendor, pode ter efeito multiplicador sobre o
investimento, e.g., revitalização de áreas com infra-estrutura já desenvolvida
• Estimular a interligação dos mercados de trabalho ajuda a propagar o impacto de
polos de trabalho formal, aumetando a sustentabilidade do investimento no “setor
produtivo” e diminuindo a sua “pegada” ambiental
• Mecanismos pecuniários com monitoração eficiente podem estimular a
participação de moradores e empreendedores na provisão de serviços urbanos
A economia urbana e distribuição geográfica (1)
23
Uma importante mudança na estratégia do Rio de Janeiro nos últimos anos é o conceito de que a estratégia a ser aplicada ao desenvolvimento deve ser integrada – pode-se chamar de “única” no sentido de que o desenvolvimento de um setor está ligado e deve ser equilibrado ao dos outros setores, quer se pense em termos de atividade econômica, geografia ou demografia. Uma manifestação poderosa dessa filosofia está no esforço de infra-estrutura de transporte, que retoma os passos iniciais da década de 1960, com vistas a integrar a zona oeste (a mais pobre do município), abrindo oportunidades de emprego para os moradores. via Trans-olímpica, que permitirá ligar a Barra da Tijuca-Freguesia à Sulacap-Bangú-Campo Grande..
Como se pode ampliar o impacto desse investimento em termos de sustentabilidade, renda e resilência?
Otimizar combustível dos ônibus, com diesel biológico e gás—garantir conexão com a linha férrea em Deodoro, conectando toda a baixada fluminense
Manutenção do legado das Olimpiadas—especialmente o parque de esportes radicais
Considerar os arranjos de moradia do eixo Bangú-Campo Grande, que devem se beneficiar da melhora de renda da população em decorrência de maior conectividade
Rede de educação e comércio local
A economia urbana e distribuição geográfica (2)
24
Outra manifestação de estratégias integradas está na mudança da segurança pública, que deixou de ser de laissez faire nas áreas mais carentes , com contenção quando havia “contágio” ou risco iminente nas áreas privilegiadas, para ser uma de provisão de segurança nas áreas carentes Uma manifestação das falhas da abordagem anterior e potencial da nova estratégia se encontra na Zona Norte. A região, ocupada no final do século passado com as linhas férreas, tem papel central na matriz econômica, social e cultural do Rio, mas foi sendo abandonada a partir da década de 1980, com a deterioração da segurança e ineficiência do transporte. Esse processo levou a pressão populacional e informalidade de arranjos habitacionais nas outras áreas da cidade, com degradação ambiental, diversão do investimento público, e congelamento da poupança da famílias de renda mais baixo UPPs e revitalização do transporte sobre trilhos
Quais implicações e como ampliar efeitos?
Com segurança, haverá valorização imobiliária, com efeito riqueza para moradores remanescentes e incentivando novos lançamentos em vários níveis de renda
Essa região já tem infra-estrutura (luz, água, etc), e na medida em que o trem se tornar uma opção de “classe média”, também se resolverá o problema de tráfego, e reduzir a “pegada ambiental” da cidade, melhorando a qualidade de vida, com economia no investimento público
Revisão do zoneamento e parâmetros construtivos, pode facilitar arranjos flexíveis e eficientes, sem destruir identidade da região
30-59 anos
Imobiliário, sustentabilidade e economia urbana
25
O principio de reaproveitamento das áreas tradicionais degradadas tem grande potencial em São Cristovão, extensão natural do “Porto Maravilha” e adjacente à Quinta da Boa Vista—um parque inglês de nível internacional—com excelente accessibilidade a transporte – inclusive aeroporto , o que é fator de venda do complexo Francisco Bicalho.
Possibilidade de criar um laboratório de práticas sustentáveis
Estender a “faixa verde” projetada para Maracanã-Quinta até o campo de São Cristóvão (+600 metros) e depois Barreira do Vasco e hospital Into, com incentivo à arborização das ruas
programa de voucher para plantio e árvores pelos moradores e sua manutenção, com monitoramento eletrônico (e.g., tipo fotografia google: programa para isso pode ser desenvolvido por edital aberto a start ups)
Definir regras para o uso do solo, com moderada aplicação do modelo CEPAC para evitar adensamento excessivo, e beneficio para o setor privado desenvolver moradia de baixa renda e para comércio local reinvestir
Modelo do PSH1/ desenvolvido pelo Tesouro Nacional em 2003-2008 (leilão de subsídio para empreendedores imobiliários, com empréstimos de até 8 anos para o comprador de baixa renda)
1/Programa de Subsídio à Habitação de Interesse social : http://www3.tesouro.fazenda.gov.br/servicos/comunicados_oficiais/psh.asp
Espacialidade do investimento industrial e sustentabilidade
Se não houver transporte, os grandes investimentos terão efeito centrífugo, criando novas demandas ambientais e exacerbando a precariedade da moradia
26
A fragilidade da base fiscal dos municípios mais pobres e a ausência de um quadro institucional de coordenação entre prefeituras realça a importância do papel mediador da instância de governo estadual
Conectividade, mercado de trabalho e sustentabilidade
27
Uma manifestação da política de alinhamento dos 3 níveis de governo é a refinaria do Comperj em Itaboraí. Ela terá enorme impacto na economia da região leste da baía de Guanabara, tanto nos municípios mais pobres (São Gonçalo e Itaboraí), quanto na região da costa (Maricá). Essa região também se beneficiará dos roylaties do Pré-Sal, por ser relativamente fronteira a formações como Libra, ainda que a nova Lei lhe destine em alguns casos valores menores do que a lei anterior. Transporte sobre trilhos para aumentar a sustentabilidade do Comperj
Um investimento relativamente simples e transformador seria recuperar a linha férrea da FCA (que tem devolvido seus ativos de concessão à União) que liga Duque de Caxias a Itaboraí. Pode-se iniciar com diesel, eletrificando em dez anos
Conectividade entre Belford Roxo e Itaboraí diminuiria a pressão demográfica perto do Comperj, evitando favelização
A unificação do mercado de trabalho traria ganhos de produtividade para toda a região e provavelmente maiores salários
30-59 anos
Saneamento, patrimonio natural, imobiliário e cultural
28
Os esforços de despoluição da baia de Guanabara tiveram êxito parcial nos últimos 25 anos, não obstante a priorização do governo em distintas épocas. Incerteza jurídica na cobrança do esgoto em áreas sem coleta individual tem inibido abordagens inovadoras na Baixada Fluminense, que permitiriam melhor aproveitamento do investimento público já executado e poderiam catalizar a despoluição da baia; o financiamento direto aos municípios para construir uma infra-estrutura tradicional de saneamento é muito pesado tornando necessárias alternativas A redução da descarga de esgoto permitiria a baía se recuperar naturalmente ao fim de alguns anos, mas o tempo ficou curto para as Olimpíadas—que prevê atividades na baía, e a falta de solução irá desvalorizar o Porto Maravilha, pondo em risco uma das alavancas do crescimento da cidade. Parceria Público Privadas para despoluição da baía
Programa BID-ERJ procurando alternativas tipo “tomada a tempo seco”, adotada por concessões em algumas áreas do ERJ
PPP pode ser a solução, visto que concessão pode não ter sustentação econômica
Edital para coleta de lixo flutuante na baía por emprrendedor privado, especialmente entre Ponte e barra, pode ser uma maneira eficiente de testar tecnologias, inclusive de monitoração direta ou indireta (do serviço e das condições da baía), o que pode virar input para políticas na cidade propriamente dita.
O setor de RC-PSA e a “marca” Rio
29
O Rio tem todas as condições para desenvolver uma “marca” forte no setor de Redução de Carbono e Produtos e Serviços Ambientais, gerando novas fontes de desenvolvimento (o Setor de RC-PSA é estimado gerar R$ 90 bilhões ao ano para a região de Londres, gerando 160 mil empregos naquela cidade) O Setor de RC-PCA junta finanças (e.g., Carbon Finance), engenharia (todas energias sustentáveis e conservação), tecnologia e serviços da indústria criativa (da arquitetura sustentável até reciclagem em todas as dimensões), com forte conexão com a construção civil—um das atividades mais dinâmicas nos próximos anos
Identificar as atividades RC-PCA que já existem, nos diversos níveis de tecnologia e qualificação de pessoal, assim como nas diversas dimensões geográficas da RMRJ—especialmente na parte industrial e serviços de reciclagem — pode criar um polo de reconhecimento nacional, com divulgação de boas práticas, e venda e exportação de serviços e produtos
Reunir as atividades de RC-PSA pode ajudar a revitalizar segmentos da indústria financeira, dando credibilidade ao projeto da Bolsa de Créditos de Carbono, incentivando o desenvolvimento de serviços correlatos (e.g., consultoria para implantação dos Princípios de Investimento Responsável – PRI da ONU, para atender indústria de assets no Rio e as empresas que emitem no mercado de capital), e criar uma dimensão adicional para a indústria de seguros e resseguros, que é bastante representativa na cidade, podendo ainda vir a enriquecer o calendário de eventos da cidade (a exemplo das feiras de petróleo)
Desafio: Estimular uso de soluções sustentáveis nos projetos MC-MV sem ainda maior custo para os projetos
O setor legal e um dos legados dos jogos olímpicos
30
O estoque de quartos de hotel deve crescer na esteira dos jogos olímpicos. Prencher esses quartos envolverá diversificar cada vez mais o fluxo de hóspedes e visitantes ao Rio A indústria de petróleo é uma das mais internacionalizadas e complexas do mundo – e em grande medida continuará no Rio de Janeiro O Rio de Janeiro tem desenvolvido a identidade de uma praça jurídica com soluções eficientes para alguns problemas das empresas, a exemplo de maior velocidade do que São Paulo (especialmente na segunda instância) e varas especializadas em falência Nos EUA, a renda do setor de serviços legais representa entre 2% e 3% do PIB, sendo evidentemente mais significativa nas regiões metropolitanas O Rio pode revitalizar o seu setor de serviços jurídicos, se expandir sua conectividade (e.g.,
sucesso na concessão do GIG, manutenção das empresas de comunicação, aproveitar ter conquistado centro de imprensa da copa 2014) e seguir políticas para valorizar seu caráter hedónico (segurança, qualidde de vida); a expansão imobiliária com novos prédios comerciais favorece essa estratégia Se o Rio tomar os passoas para se tornar um ‘meeting place” para quem faz negócios com ativos ou empresas daqui ou do resto do páis, haverá maior demanda por apartamentos de hotel e a cidade poderá reverter o efeito da saída da sede de certas empresas em 1985-2005, que lhe deu a reputação de “cidade de gerentes e não de donos ou empreendedores bem sucedidos”
31
V – Considerações Finais
• O Rio foi extremamente inovador no seu período de maior dificuldade,
tendo encontrado caminhos para acomodar a informalidade, o déficit de moradia e
outras medidas mitigatórias de seus problemas
• Ele continua se beneficiando da sua diversidade, e grande oportunidade
atual da cidade é inserir em todos os grande investimentos ou intervenções do
setor público o cuidado com a sustentabilidade, visando (a) minimizar a “pegada”
desses investimentos ou das atividades que estimularão, (b) favorecer o mercado
de trabalho e, (c) muitas vezes conseguir importantes economias fiscais que inter
alia poderiam financiar atividades de alto impacto na mobilidade social—
mecanismos de governança como o Conselho da Cidade são importantes e devem
ser reforçados e multiplicados; mecanismos que incentivem a participação de
empreendedores na solução de questões urbanas devem aumentar de importância
• O binômio segurança física-segurança de negócios continuará a ser
chave para a criação de novas oportunidades de emprego e desenvolvimento
• Grandes desafios são como lidar com questões que dependem de ações
nacionais, como o direito fundiário e políticas de incentivo à poupança
• O risco talvez menos focado pela cidade seja o da água: o abastecimento
e proteção de mananciais; a despoluição da baía de Guanabara; o impacto da
subida da maré na esteira de possíveis mudanças climáticas nas próximas
décadas, que poderia levar a deslocamentos significativos da população
OBRIGADO!
32
Top Related