DEDICATÓRIA
Ao Eterno que paira, desde o princípio, por sobre as águas.1 E como estas não foram
criadas por Ele, e algo não existiu ou não existia antes de Ele; logo, Ele é as próprias
águas – origem de todas as coisas, mas Ele mesmo já pronto e infinito: eterno. Pois, elas
Lhe coexistiam, desde o início. “Halleluyah!” 2
1
“... e o Espírito do Senhor pairava por sobre as águas.” (Gênesis 1:2) 2 � Palavra do hebraico, que se lê da direita para esquerda, (äììåéä) composta por duas partes:
Hallelu (äììå) significando “louvem”, e Yah (éä), “o nome do Senhor”.
3
RESUMO
Então, eis o Eterno, que diferentemente de todos os seres e de todas as coisas – os quais
para encontrá-los, nós temos que os achar –, encontramo-Lo desde o momento que
começamos a buscar-Lhe, sendo este momento as nossas confissões. E é nestas
confissões que acontece o encontro de Santo Agostinho com Deus. Para Agostinho o ato
da confissão é mais que unicamente reconhecer os nossos pecados – até mesmo os
ocultos, aqueles dos quais não temos conhecimento, mas sabemos que os temos –, é
também o momento de louvar-se o Todo-Poderoso pela sua misericórdia pelo
cometimento, por nós, de tais pecados. Então, ele afirma: “Dupla é a confissão: a do
pecado e a do louvor”. No Livro Décimo de Confissões é enfatizado que é no homem
interior que habita a verdade,3 e o nosso interior está amalgamado com a nossa memória,
e nela devemos encontrar a verdade, e caso lá não a encontremos, devemos lá afixá-la
com pregos, após a vivenciarmos, para que não tenhamos a desculpa de não conhecê-la
por esquecimento. Pois, onde reside o pecado (os prazeres da carne) se não na memória?
E dela devemos extirpá-lo através da confissão, porque a verdade e o pecado não lhe
podem ao mesmo tempo habitar. Então, Agostinho a disseca, tentando mapeá-la: por
meio dos sentidos, como visão, audição e olfato; das artes liberais, como a literatura e a
dialética; das matemáticas, que transforma as ideias em algo absoluto, pois as mesmas
não são do grego ou latim, ou de qualquer outra língua; e da memória da própria
memória, para que a verdade uma vez despregando-se desta (a principal), não seja
ignorada, pois está replicada naquela (a auxiliar), como se este trabalho estivesse sendo
gravado em um disco rígido (HD)4 e espelhado em um segundo, para que não o
percamos caso alguma falha ocorra no primeiro, ou para que não haja a possibilidade de
sua adulteração, pois uma vez isto acontecendo, teríamos como comparar o adulterado
com o original, garantido assim a sua integridade. Desta forma, Agostinho desvenda os
lugares mais recônditos e segredos da memória, para que dela não nasçam mais as
nossas tribulações, frutos da lembrança dos nossos pecados. Assim, libertando o nosso
interior da riqueza e da pobreza, da alegria e da tristeza: as aflições da nossa alma.
Palavras-chave: Deus; Confissões; Santo Agostinho
3
“In interiore homine habitat ueritas.” 4 � Hard Disk: periférico de armanezamento de informações em um computador.
4
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................8
2. DE MODO CONFESSIONAL............................................................................10
3. NOSSA SANTA IGNORÂNCIA........................................................................12
4. A MEMÓRIA......................................................................................................14
5. A FELICIDADE NA VERDADE.................................. .....................................16
6. TENTAÇÕES, DESEJOS E PRAZERES...........................................................19
7. JESUS CRISTO: O MEDIADOR.......................................................................22
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................24
REFERÊNCIAS......................................................................................................26
5
1. INTRODUÇÃO
Esta monografia tem como proposta analisar a mensagem contida no Livro
Décimo da obra Confissões de Santo Agostinho, na qual, com o seu sopro (suavidade,
teologia e filosofia), apresenta-nos o seu encontro com Deus.
Confissões é uma autobiografia, que exala filosofia por fazer-nos refletir sobre
nossa própria jornada – “Há sentido na vida sem Deus?” –, e onde emana teologia, por
esta jornada ganhar seu verdadeiro sentido quando nós, criaturas dotadas de espírito (o
que nos difere das demais), tentamos nos aproximar do Criador – “O que é e onde está
Deus?”. A presente análise tratará principalmente dos temas, a saber: confissão; a
Memória; ignorância; a Verdade; pecado; e Jesus Cristo, o mediador.
Referências à Bíblia Sagrada estão presentes em todo momento na narrativa das
confissões de Agostinho, sobretudo ao livro dos Salmos e aos livros do Novo
Testamento. Muito em virtude de seus estudos teológicos, mas também possivelmente
por ter sido a Bíblia o instrumento responsável (diretamente) pela sua conversão, como
veremos a seguir. Está análise fará associação da obra de Agostinho aos textos bíblicos,
sempre que for notória a inspiração destes naquele ou no autor desta monografia, e
preferencialmente em notas de rodapé. Pois, é lá, nos rodapés, que se deve encontrar o
maná, cereal do céu, pão dos anjos, a saciar a fome do conhecimento.5
Conhecer um pouco da biografia do autor ajudará a compreender melhor a sua
obra. Agostinho nasceu na cidade de Tagaste (atual Argélia), na época província romana
no norte da África, em 13 de novembro do ano 354 e morreu na cidade de Hipona (atual
Argélia) em 28 de agosto do ano 430. Foi teólogo, filósofo e escritor, considerado
Doutor da Igreja Católica. Era filho de pai pagão e mãe católica, Mônica, resistiu à
educação católica desta, que tentou torná-lo cristão, porém sofreu forte influência do
maniqueísmo.6 Muda-se para a cidade de Milão, onde passa a ensinar retórica e a
surpreender-se com a oratória do Bispo de Milão, Ambrósio. Acredita-se que após uma
5 � “E chamou a casa de Israel o seu nome maná; e era como semente de coentro branco, e o seu
sabor como bolos de mel.” (Êxodo 16:31) 6 � Maniqueísmo: filosofia religiosa dualística, fundada e divulgada por Maniqueu (profeta de
origem iraniana, 216-276 d.C.), que divide o mundo simplesmente entre o Bem e o Mau.
6
crise pessoal – sua mãe interveio no seu relacionamento com uma mulher com a qual ele
vivia não sob as leis da Igreja Católica – escuta a voz de uma criança, fruto de sua
imaginação, que lhe diz: “Toma e lê”; ele abre a Bíblia Sagrada na epístola de Paulo,
Romanos (13:13,14),7 e então converte-se ao cristianismo, prestes a completar seus 33
anos, quando foi batizado juntamente com seu filho, Adeodato, pelo Bispo Ambrósio,
no período da Páscoa do ano 387.
7 � “[13] Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em
desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. [14] Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências.”
7
2. DE MODO CONFESSIONAL
O propósito de fazermos as nossas confissões é conhecer o Senhor – mais
propriamente que nos deixarmos conhecer por Ele, uma vez que Ele tudo sabe sobre nós
–, através da verdade que Lhe apresentamos sobre os nossos atos, pensamentos e
omissões – não apenas o que deixamos de fazer, mas o que fazemos sem saber, pois não
saber o que se fez, e não saber o porquê se fez também é uma omissão. Neste momento
estamos oferecendo a (nossa) verdade em busca da Verdade, para que esta última venha
nos alentar e transformar para melhor. Como se soubéssemos de antemão que para
receber algo, teríamos que oferecer este mesmo algo – amor por amor, justiça por
justiça, verdade por verdade.
Agostinho deixa claro que as suas confissões sobre o que fez e quem foi já foram
feitas ao Senhor, o qual apagou todos os seus males contidos nelas.8 Porém, naquele
momento ele fazia as suas confissões não unicamente ao Senhor, mas também aos
homens, mostrando-lhes que estava sendo tudo o que era naquele instante,9 para assim,
mais conhecer o seu interior que fazer o seu interior conhecido pelos outros homens,
porque, estes não teriam como saber se o que confessava era verdade, senão alguns
através da caridade. E que naquele modo confessional, alguns, que lhe acreditavam –
aos quais ele chamou de “espírito fraterno” –,10 compadecessem pelos seus males
cometidos e regozijassem-se pelos seus bens, intercedendo por ele junto ao Senhor,
unindo as suas vozes a dele, para que a voz dele ganhasse força, fosse erguida como
uma trombeta e pudesse ser mais bem ouvida no alto. Então, os homens de espírito
fraterno perceberiam a magnífica aproximação do Senhor em sua vida. Porém, esta
aproximação ainda não se dá de forma direta, “face a face”.11 Pois, para tal, ele deveria
conhecer todas as coisas que estavam no seu espírito, e lá havia coisas que nem o seu
8 “BEM-AVENTURADO aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto.” (Salmos
32:1) 9 � “E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU
SOU me enviou a vós.” (Êxodo 3:14) 10 AGOSTINHO, Santo. Confissões. Lisboa: IN-CM, 2001, p. 48. 11 � Idem, Ibidem, p. 50.
8
próprio espírito conhecia; apenas o Senhor. Por ora, não era justo aproximar-se
diretamente do Senhor sem o pleno conhecimento de si mesmo. Mais uma vez
Agostinho faz referência à necessidade de haver coerência na confissão: sua verdade
pela Verdade; sua luz, esclarecendo todos os seus males, pela Luz; e o conhecimento de
si mesmo como pré-requisito para ligar-se à Onisciência.
9
3. NOSSA SANTA IGNORÂNCIA
O desconhecimento de nós mesmos faz-nos desconhecer também quais tentações
podemos resistir e quais nós não podemos, ainda sabendo que o Senhor tenha nos dado
somente o fardo que conseguimos suportar. Neste momento procuramos a sabedoria do
e no Senhor. Mas, quem é Deus?
As perguntas de Agostinho: “Que amo quando te amo?” e “O que é Deus?”,12 já
nos mostram o quão parecemos ser ingênuos. Como recorremos a algo, para livrar-nos
de nossas tribulações e amá-lo, se não o sabemos quem é? Isto para o nosso raciocínio
mecanicista e lógico é inadmissível, porquanto, nós sentimos a necessidade de ter que
dar concretude à nossa fé; ver para crer. As perguntas fazem com que Agostinho tente
identificar o Eterno nas coisas que lhe são externas, como na luz, na melodia e no
perfume, sem com isso conseguir uma resposta satisfatória. Portanto, ele passa a
procurar em seu interior todas essas coisas (externas), e a partir daí encontra a resposta a
sua pergunta. Eis o que ele ama quando ama o Senhor: tudo o que apraz o seu íntimo.
Nesta passagem o interessante é a referência que ele faz a Anaxímenes;13 quando
perguntando ao ar se este era o Criador, o princípio de todas as coisas, o mesmo lhe
responde: “Anaxímenes está enganado; eu não sou Deus”.14
Ademais, ele precisava responder outra pergunta que faz a si mesmo: “Tu quem
és?”.15 Respondendo-a, ele reconhece que é só um homem (exterior e interior), e associa
ao seu interior uma alma. E é nesta alma que se encontra a porção divina, pois é a ela
que o Senhor alimenta, e é dela que se alimenta o corpo. Nada do que nos exterioriza
(corpo) tem sentido em nós sem ela, pois seríamos como os animais: com forma, mas 12
� AGOSTINHO, Santo. Confissões. Lisboa: IN-CM, 2001, p. 51. 13
� Anaxímenes de Mileto (séc. VI a.C.): filósofo pré-socrático que defendia que o ar era o princípio de todas as coisas. 14 � AGOSTINHO, Santo. Confissões. Lisboa: IN-CM, 2001, p. 51.
15 � Idem, Ibidem, p. 52.
10
sem essência; capacitados a viver com os sentidos, mas sem poder interrogar o que
sentem. E muitos homens, mesmo agraciados com a alma, agem como se não a
tivessem, simplesmente pelo motivo de não questionarem, a si mesmos, o porquê da sua
existência. Como diz Agostinho: “Deslocam-se os homens para admirar as alturas dos
montes, e as ondas alterosas do mar, e os cursos larguíssimos dos rios, e a imensidão do
oceano, e as órbitas dos astros, e não prestam atenção a si mesmos”.16
Não por acaso, a filosofia de Sócrates, através do seu método maiêutico,
procurava a verdade no interior do homem: “Conheci-te a ti mesmo”.17 Contudo, uma de
nossas maiores ignorâncias, que é “a falta da nossa própria reflexão” sobre as coisas que
nos cercam mais que o “simples” conhecimento delas, pode ser tida como santa – muito
separada das outras (ignorâncias) –,18 pois, até mesmo o mais inteligente dos homens
pode ser acometido por ela.
16 � AGOSTINHO, Santo. Confissões. Lisboa: IN-CM, 2001, p. 56.
17 MAIÊUTICA In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Wikimedia, 2012. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mai%C3%AAutica>, acessado em maio de 2012.
18 � Santo(a): adj. que pode também conter o sentido: manter-se separado; reservado.
11
4. A MEMÓRIA
Compreendendo que os sentidos são responsáveis pela percepção das coisas que
o corpo de alguma forma experimenta, mas não têm a capacidade de identificar Deus
nelas, Agostinho volta-se à memória. Pois, acredita que nela está guardado – além de
tudo o que os sentidos vivenciaram – tudo o que pensamos; consequentemente o que
somos. Enfatiza que a memória funciona como um filtro, permitindo que a imagem
(essência) de todas as coisas seja registrada nela, sem haver a necessidade de que as
coisas em si entrem-na. Com efeito, desta forma, damos asas aos nossos pensamentos,
pois com as imagens das coisas na nossa memória, passamos a ser livres delas, embora
ligados a elas quando as desejarmos, ou seja, não necessitamos obrigatoriamente ter
algo para pensá-lo. Como que em um diálogo entre um Monge e um Mestre budistas;
diz o Monge: – Mestre, eu cumpro todas as minhas obrigações para com Buda e sou
muito disciplinado, mas onde está Bunda? Mestre: – É simples meu filho, Buda está no
seu bolso. Monge: – Coloquei minha mão no meu bolso, mas ele não está! Mestre: – É
simples meu filho, ele já foi embora.
É na memória que temos a oportunidade de encontrar a nós mesmos, quando
lembramos o que pensamos e sentimos no passado, ao ponto de os experienciarmos
como se acontecessem no presente. Ela é de uma grandeza tremenda, chegando a caber-
lhe tudo o que somos. Podendo ser comparada a um palácio, dividido em cômodos, os
quais são destinados às artes liberais, às matemáticas e à própria memória.
No cômodo das artes liberais estão a literatura e a dialética, as quais não têm
formas, sendo mais leves para guardá-las, por não ser preciso filtrá-las, ou abstraí-las.
Para as artes liberais, a memória é totalmente autônoma, porquanto não depende das
portas do corpo, tais como: os olhos, por não ser qualquer figura; dos ouvidos, por não
ser qualquer som; do nariz, por não ter qualquer cheiro; do tato, por não ter qualquer
textura; ou do paladar, por não ter qualquer gosto.
12
No cômodo das matemáticas, encontramos os números e as dimensões, que
como as artes liberais também não precisam das portas dos sentidos, e que transformam
as ideias em algo absoluto, porque as mesmas não são do grego ou latim, ou de qualquer
outra língua.
No cômodo reservado à memória, local seleto, – que é a memória da própria
memória, o que pode parecer redundante, todavia não por exagero, mas por segurança –,
deve-se estar pregada, fixada, a verdade, para que esta não seja ignorada por
desconhecimento, estando ela nele guardada de maneira incólume. Como se este
trabalho estivesse sendo gravado em um disco rígido (HD) e espelhado em um segundo,
para que não o percamos caso alguma falha ocorra no primeiro, ou para que não haja a
possibilidade de sua adulteração, pois uma vez isto acontecendo, teríamos como
comparar o adulterado com o original, garantido assim a sua integridade. Ora, também
temos guardados, na memória da memória, os nossos sentimentos de alegria e de
tristeza, o que nos permite revivê-los, embora não sendo a nossa realidade atual. Não à
toa, temos o ditado popular: Recordar é viver!
Para algo ser gravado na memória, devemos primeiro nomeá-lo, para que
possamos resgatá-lo de lá quando for preciso. Com relação a isso, Agostinho nos diz que
até o esquecimento deve ser nomeado para lembrarmos que o esquecemos, ou seja, a
memória também guarda o esquecimento. Esta complexidade mostra por que razão
Agostinho escolheu a memória como um lugar perfeito para procurarmos limpar quem
somos através das nossas confissões, e de lá retirarmos os nossos pecados – dado que
está no espírito tudo que está na memória –,19 para que não os revivamos, mesmo
quando estes já esquecidos. Pois, se apenas os esquecêssemos, eles continuariam na
memória, prontos para serem recordados, e com isso, vividos novamente. Na memória
devemos ter a verdade – na riqueza ou na pobreza, na alegria ou na tristeza –
independente do nosso estado de espírito, para que tenhamos argumentos para rechaçar
o pecado – qualquer coisa que tente falseá-la –, quando formos tentados, e para nos
lembrarmos dela, caso a esqueçamos. Então, se na memória temos a verdade, e é na
memória que nos encontramos, logo, tendemos a nos aproximar da Verdade
(onisciência) através dela. Tendemos, porque, ainda que seja comparada a um palácio, a
nossa memória, que é fabulosa e de grande poder, é um espaço muito limitado e
19 � AGOSTINHO, Santo. Confissões. Lisboa: IN-CM, 2001, p. 64.
13
pequeno para a onisciência, ou até mesmo a sua essência, lá residir. E isto faz com que
Agostinho esforce-se para ir além dela, para chegar ao Senhor: sua doce luz.20
5. A FELICIDADE NA VERDADE
O que impulsiona o homem a usar de todos os meios que lhe estão disponíveis
(intelectuais e materiais), senão alcançar a felicidade? Independente de como agimos,
se pelo bem ou pelo mal, será sempre ela quem estará nos nossos fins. O que Madre
Tereza de Calcutá almejava proporcionar, através de suas ações sociais, senão a
felicidade aos esfaimados, quando lhes saciava a forme do corpo e da alma? A despeito
de sua própria dificuldade – faltava-lhe apoio governamental – e penúria, pois, não
aceitava todo tipo de doação, principalmente as midiáticas. O que Maquiavel tinha
como objetivo, quando apresentou a sua máxima, na qual os fins justificam os meios,
senão a felicidade – para a monarquia absolutista, inclusive para si – em implantar a sua
forma de governo? Muito embora, a qualquer custo: através da infelicidade de muitos,
sobretudo do povo a ser governado.
O que verdadeiramente procuramos no Senhor, quando o buscamos, senão a
felicidade, nossa e dos nossos – aqueles corações que nos são fraternos, que sofrem com
o nosso sofrimento e alegram-se com a nossa alegria? Todavia, antes de procurá-la,
devemos saber (ou supor) o que é a felicidade, caso contrário a nossa procura ficaria
sem propósito. E para tal, teríamos que em algum momento já tê-la vivenciado e a
guardado na memória, deste modo sabendo-lhe, para que a comparássemos com algo
novo que viéssemos a experimentar. Porém, a felicidade, estando ela no nosso exterior
ou interior, não é qualquer coisa, que por meio de sua imagem nos entre pelos sentidos e
repouse na memória, e fique lá para de quando em vez ser resgatada, mas sim, algo que
já nasce conosco, revelada em nós desde (o instante) que somos apresentados à luz.
Entretanto, vez ou outra a deixamos escapar, por menosprezarmos a sua capacidade de
nos fazer felizes, ou meramente por desejá-la ainda mais. Segundo Agostinho, os
homens podem ser felizes de duas maneiras: vivenciando a felicidade puramente em sua
20 “Certamente suave é a luz, e agradável é aos olhos ver o sol.” (Eclesiastes 11:7)
14
plenitude ou vivenciando a esperança de em algum dia alcançar a felicidade. Contudo,
em ambos os casos, o conhecimento prévio – ou a presunção deste – sobre ela é
imprescindível. Mas, em virtude do homem ser falível, de seu espírito ser débil e torpe,
este pode se enganar, ou adquirir um saber errôneo sobre a felicidade. Sendo-nos inata,
ela precede qualquer coisa e, justamente por isso, qualquer coisa pode ser confundida
com ela, ou forjada para sê-la. Logo, a vulnerabilidade do espírito do homem faz com
que a felicidade não resida na memória das matemáticas – mas possivelmente na
memória das memórias – e nem seja absoluta como é o pensamento, mas sim, como o
sabor no qual uns sentem felicidade em degustá-lo e outros não. Porém, a felicidade
perde toda essa sua volatilidade e passa a ser absoluta, ou seja, não suscetível de
aumento ou diminuição, quando a procuramos na via da verdade e não mais na via da
opinião comum (dóxa), a cicuta de Sócrates,21 alimentada pelas aparências que são
adquiridas equivocadamente pelos nossos sentidos, como sugere Parménides.22
E a via da verdade é o caminho do Senhor, que nos oferece justiça e nos propõe
que sejamos justos. Então, está é a verdadeira felicidade, aquela que se encontra na
verdade, que poucos alcançam – ainda que muitos a persigam –, porque o seu caminho é
estreito. Mas, como explicar por que motivo há pessoas que desejam a felicidade e
abominam a verdade? Agostinho nos diz que existem pessoas que amam tanto a
felicidade que temem que a verdade lhes prove que o que elas sentem não é felicidade,
que estão enganadas, ou enganando-se a seu respeito. Eis o que nos provou “o Filho do
homem”,23 quando falou aos homens que era o caminho, a verdade (a luz) e a vida: o
filho de Deus, e foi crucificado por aqueles que não aceitavam a Verdade (do Pai), por
esta não atender as suas felicidades (suas verdades), como trazer-lhes riqueza material,
“prata e ouro”, ou a libertação do povo judeu do jugo do império romano.
21 Veneno, extraído da planta cicuta (Conium maculatum), ingerido por Sócrates após seu julgamento, com veredicto da condenação, realizado pelos seus concidadãos atenienses, por ele ter desrespeitado a “dóxa” (opinião comum) da pólis grega.
22 Parménides (séc. VI a.C.): filósofo pré-socrático.
23 “O Filho do homem”: expressão muito utilizada por Jesus Cristo para fazer referência a si mesmo, como por exemplo, está em (Mateus 9:6).
15
De fato, Agostinho nos explica maravilhosamente bem o porquê desta peleja –
da falsa felicidade com a verdade –, quando nos diz: “A carne tem desejos contrários ao
espírito e o espírito desejos contrários à carne”.24
É claro que os homens de bem, aqueles de corações fraternos, que têm sabedoria
e inteligência,25 preferem encontrar a felicidade na verdade, pois, sabem que esta é
dourada; eterna. Por outro lado, os homens do mundo, aqueles que são dados às
aparências, priorizam exclusivamente a felicidade – pouco se importando com a verdade
–, e assim fazendo-a eterna enquanto durar, pois sabem que ela é efêmera; não reluz.
Não podemos encontrar a felicidade no que não é verdadeiro, caso contrário
corremos o risco de provocar o mal, mesmo desejando o bem; como defende Proudhon
sobre a “ciência das leis morais”, no seu livro “O que é a Proriedade?”.26 Então, eis onde
se encontra o Eterno: na verdade absoluta, que é infinita; e para tê-lo conosco, a
guardamos na memória. E Agostinho, com a plena certeza de encontrar a felicidade na
Verdade, diz: “Concede-me o que ordenas, e ordena-me o que queres”.27
24 � AGOSTINHO, Santo. Confissões. Lisboa: IN-CM, 2001, p. 70.
25 � “E disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência.” (Jó 28:28)
26 � “Portanto, se a nossa ciência das leis morais é falsa, é evidente que, desejando o bem, provocaremos o mal.” PROUDHON, Pierre-Joseph. O Que É a Propriedade? Lisboa: Estampa, 1975, p. 18.
27 AGOSTINHO, Santo. Confissões. Lisboa: IN-CM, 2001, p. 74.
16
6. TENTAÇÕES, DESEJOS E PRAZERES
Assim como Empédocles acreditava que as suas quatro raízes eram o princípio
(arché) de todas as coisas,28 Agostinho defendia que as tentações, desejos e prazeres
eram a origem do pecado, do qual ele tinha pleno conhecimento de que o Senhor lhe
ordenara que se abstivesse, quando da sua conversão. Inclusive ao próprio matrimônio,
que lhe era permitido. Contudo, o Senhor ao aproximar-se dele, havia lhe oferecido uma
escolha melhor ao matrimônio, poupando-lhe da concupiscência da carne.29 Apensar
desta certeza, via-se traído pela sua memória, como se esta tendo vontade própria, e ele
não fosse ele – ou fosse dois diferentes: quando durante o sono um e a vigília outro –,30
lembrasse-lhe tais prazeres. O que lhe acontecia, não por acaso, durante o sono;
momento em que o nosso superego (a parte moral da mente humana, segundo a teoria
psicanalítica) também cochila, permitindo aos nossos devaneios aflorarem as nossas
vontades latentes, conduzindo-as até a memória para de lá arrancar prazeres já sentidos
uma vez pelo corpo, fazendo-o degustá-los novamente. Isso lhe deixa confuso; se os
dons do Senhor, que lhe agora estão, não são suficientes para livrá-lo de tamanha
concupiscência no sono, então deveria clamar ao Senhor para que interviesse, enchendo-
o de dons, que lhe faltassem, para resisti-la.
28 � Empédocles (séc. VI a.C.): filósofo pré-socrático.
29 � I Coríntios 6:12-20; 7:1
30 Isto nos remete à expressão de Parménides “mortais de duas cabeças”: aqueles regidos pelos sentidos, ora agindo de uma forma ora, de outra.
17
As tentações que os alimentos provocavam em Agostinho, queimavam-lhe como
a febre. E confessando a fraqueza à qual era submetido pelas tentações da gula, recorria
ao Senhor – invocando-lhe a sua destra –, que no seu entendimento o admoestava,
através de vozes,31 sobre a intemperança e a embriaguês, sugerindo-lhe que os alimentos
deveriam ser tomados como remédios, e que deveria lhe ser preferível, quanto àqueles,
sentir necessidade à saciedade. Porém, esta necessidade, quando não saciada,
transformava-se em desejo, que por sua vez, em prazer por ser tarde demais para evitá-
lo. Quanto à embriaguês, não lhe proporcionava qualquer tentação, porém, suplicava ao
Senhor para permanecer continente a esta.
A sua desculpa para os prazeres da gula era que o homem é nada além de pó, e
do pó foi criado, e ao pó retornará. A frase utilizada por ele: “Tudo posso naquele que
me conforta”,32 é uma referência direta ao apóstolo Paulo, a quem amava e chamava de
“um soldado das milícias celestiais” 33, diferente do pó que são os homens, embora este
mesmo tenha o sido. O remorso que ele sentia ao ceder aos desejos da comida era em
virtude das impurezas que o prazer lhe deixava entrar no seu espírito, muito mais que a
possibilidade de a impureza dos alimentos lhe corromper o corpo. Cita a João Batista
como exemplo de um homem de admirável abstinência, o qual preferia alimentar-se de
gafanhotos a contaminar-se com a carne dos animais, e a Esaú como um homem
equivocado, o qual se rendeu a um guisado de lentinhas, vendendo a sua unção da
primogenitura por aquelas, acreditando que naquele momento de fome, ter sido
agraciado com a primogenitura de nada lhe adiantaria; e assim contaminou o seu
espírito.34
Quanto ao olfato, Agostinho não se sentia tentando. E às delícias do ouvido,
alegrava-se com as melodias repletas com a palavra do Senhor, como os saltérios de
Davi, quando cantadas, mais que puramente com as palavras, comovendo-se mais com
aquelas que com estas, confessando nisso o seu pecado. Com relação aos olhos, amava a
beleza das formas e a luz. Suplicava ao Senhor para que a primeira não se apoderasse de
31 “Não vás atrás das tuas concupiscências e refreias os teus apetites.”; “Se comermos, não ganhamos nada, e se não comermos, nada perdemos.”; “Sei viver na abundância e suportar a penúria. Tudo posso naquele que me conforta.”
32 � “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” (Filipenses 4:13)
33 � AGOSTINHO, Santo. Confissões. Lisboa: IN-CM, 2001, p. 78.
34 � Gênesis 25:19-33
18
sua alma – novamente, como era antes de sua conversão, quando dado a ela –,
acreditando que a amava agora (após a conversão), não por sua beleza em si, mas por
nela poder encontrar a beleza da criação de Deus. A segunda tinha-a com a rainha das
cores e do discernimento, pois esta proporcionava aos olhos a percepção das cores belas
das coisas, e ao homem, mesmo com a vista cansada da idade avançada, enxergar
através dela, que neste caso, impactava o coração e não mais os olhos. Contudo, seus
olhos eram os agentes do corpo – o mais presente de todos, uma vez que com estes,
além de se ver algo, também se conhece antes de tocar e de degustar –, responsáveis por
tentá-lo, ainda que conseguisse resistir, a que seus pés estivessem sempre presos no laço
do pecado. E a sua resistência aos desejos dos olhos era a prova maior de que o Senhor
não dormitava nem dormia quanto às provações do seu servo.
Ora, temos também outras formas de tentações, como a curiosidade, a vaidade e
a arrogância, as quais são tão nocivas quanto as já mencionadas. Porém, diferentes das
demais por não serem adquiridas pelos sentidos do corpo, mas serem provadas pela
vivência. A curiosidade tem como maior finalidade conhecer o desconhecido, sem que
estejamos prontos para tal, assim como Adão e Eva experimentaram a árvore do bem e
do mal. A vaidade só nos permite ouvir aquilo que nos é dito para nos agradar, não que
não nos digam coisas desagradáveis, contudo, não refletimos sobre estas, ignorando-as,
e perdendo a oportunidade de melhorar o conhecimento sobre nós mesmos.35 Na
verdade, muito do que o homem predica e pratica é pura vaidade,36 desde a humildade
exacerbada até a opulência. Menciono a humildade, o que parece paradoxal, porque o
seu excesso pode ser uma forma disfarçada de vaidade. A arrogância, esta sim, a mais
perigosa e destruidora das três, pois quando nos toma não a percebemos pelos sentidos,
que lhe são cegados; e assim ficamos, soberbos, até que algo nos proporcione uma
queda, fazendo com que os nossos sentidos agora a percebam. E mesmo aquele que já
experimentou esta queda pode ser reincidente. A arrogância que poderia ser do Senhor,
por ele ser o senhor dos senhores, dele não o é, porquanto se o fosse, teria nos ordenado
unicamente que o amassássemos; o que não o fez, pois nos sugeriu que o amassemos
acima de todas as coisas, e também o nosso próximo.
35 � “Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos.” Provébios (27:6)
36 � “Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade.” Eclesiates (12:8)
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7. JESUS CRISTO: O MEDIADOR
O que é a confissão, senão a tentativa de reconciliação com a Verdade? E se nós
queremos lhe aproximar-se, ou lhe reaproximar-se, é porque estamos afastados dela.
Assim como as palavras doces de uma mãe são capazes de suavizar o maior dos males
do filho a um pai, reaproximando-os, assim é a intervenção de Jesus Cristo, o nosso
verdadeiro mediador, que faz com que as nossas súplicas possam ser ouvidas no alto.
Mediador, por um dia ele ter possuído um corpo de carne e ser tentado através dela, e
agora encontrar-se à direita do Todo-Poderoso, ou seja, por estar num ponto eqüidistante
entre o homem e Deus, ponto ideal ao encontro de ambos, por conhecer o homem como
homem e a Deus como Deus. Contudo, muitos homens, que procuram um mediador, são
enganados pela ilusão de que o saber, ou seu saber, é suficiente para chegar ao Senhor
que está no alto, e são acometidos pela soberba que passa a ser a mediadora entre eles e
o inimigo do Senhor, a morte eterna.
Jesus Cristo é tão verdadeiramente nosso mediador, e tão verdadeiramente nos
amou, que não rejeitou de beber o cálice, do qual ele viveria a nossa morte no seu corpo
para dar vida, a vida eterna, aos homens que procurassem a verdade, que é a própria
justiça e a paz; arrebatando-os da morte do pecado. E o Eterno tão verdadeiramente nos
amou que nos enviou o seu unigênito, personificando-se nele – o qual se referia aos
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homens como irmãos – para fazer de nós, seus servos, agora seus filhos. Com esta
certeza – a de que o Verbo, a Luz e a Verdade se fizeram carne, e por isso entendem as
fraquezas da carne –, Agostinho tinha a esperança de que as suas enfermidades seriam
remediadas por Jesus, através de suas confissões, da mesma forma que este, quando
percorrendo a Galiléia, curou as moléstias daquele povo, com a sua medicina, a
misericórdia, que é infinitamente grandiosa.
Em um momento de temor pelos seus pecados cometidos, Agostinho pensa em
se isolar dos homens, como todos os homens, após a sua conversão. Mas, ouviu uma
voz proibindo-o e encorajando-o.37 Com efeito, esta voz lhe mostrou o quanto sua força
era fraca e incapaz para redimi-lo do pecado por si só. E ao reconhecer esta
incapacidade, encontrou em Jesus – o qual, com seu sangue, comprou o pecado dos
homens – a grandeza necessária para conduzi-lo ao Pai.
37 � “Cristo morreu por todos, a fim de que os que vivem já não vivam para si, mas para aquele que morreu por eles.” AGOSTINHO, Santo. Confissões. Lisboa: IN-CM, 2001, p. 97.
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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste ponto da análise é oportuno fazer-se a seguinte pergunta: por que
Agostinho escolheu a memória como o portal do caminho que nos eleva ao Eterno? Ele
poderia ter preferido o espírito, mas não o fez. Pois, o espírito, que está amalgamado na
memória e que deve ser mais valorizado que o corpo, não teria como vivenciar as
experiências do corpo, se não através dela.
Agostinho nos narra o quão importante é nos interiorizarmos – procurarmos
entender a nós mesmos – para só a partir daí estabelecermos uma relação íntima com o
Criador. Isso foi o que faltou ao monge, no diálogo apresentado no capítulo 4. Como eu
poderia alcançar a verdade, a justiça e a luz, se eu não as praticasse em mim mesmo?
Portanto, enquanto estamos distraídos pela realidade que nos rodeia, perceptível aos
nossos sentidos,38 ficamos dispersos demais, ao ponto de não enxergarmos a beleza de
Deus que está presente em todas as belezas que nos são externas e de ficarmos reféns
destas; ao invés de percebermos a beleza de Deus em nós mesmos e sermos livres Nele.
Porém, esta falsa realidade, a que percebemos unicamente pelos sentidos, é muito
prazerosa à carne, e só a destra do Senhor para nos arrebatar dela. Mas, como nos deixar
38 Segundo a Teoria das Super Cordas há aproximadamente dez dimensões que se entrelaçam no espaço geométrico, das quais conseguimos perceber apenas quatro (altura, largura, profundidade e tempo). Logo, a realidade pode não ser a que percebemos.
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alcançar por Sua mão direita, se nos afastamos tanto dEle, por nossas livres e
espontâneas vontades (tentações, desejos e prazeres)? Com o auxílio da personificação
dEle, o mediador Jesus Cristo, que viveu as limitações da carne, e por isso nos
compreende. Pois, o Cristo Jesus sabe da nossa eterna luta em fazer predominar o
espírito à carne. E esta luta se deve ao fato de sabermos, do mais simples ao mais nobre,
do mais pecador ao mais santo dos homens, que é verdadeiramente o espírito que
alimenta o corpo, assim como o software alimenta o hardware.39
Quando conseguimos fazer com que o espírito prevaleça ao corpo, assim como o
fez Buda e Gandhi, encontramos a felicidade verdadeira, ou melhor, na verdade – aquela
que nos foi apresentada pela Luz ao nascermos –, daí nascemos novamente, sendo este o
principal propósito da confissão: nascer de novo pelo espírito.40
39 � Hardware: a parte física de um computador. Software: o recurso que proporciona funcionalidade ao hardware.
40 � “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” (João 3:3)
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REFERÊNCIAS
AGOSTINHO, Santo. Confissões. Petrópolis: Vozes, 1998.
____________. Confissões. Lisboa: IN-CM, 2001. Disponível em
<http://www.lusosofia.net/autores_textos.php>, acessado em maio de 2012.
ALMEIDA, João Ferreira de Tradução: A Bíblia Sagrada. São Paulo: Sociedade Bíblica
do Brasil, 1993.
LEGRAND, Gérard. Os Pré-Socráticos. Tradução de Lucy Magalhães. Rio de Janeiro:
Zahar, 1991.
MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
PROUDHON, Pierre-Joseph. O Que É a Propriedade? Lisboa: Estampa, 1975.
SANTO Agostinho. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Wikimedia, 2012. Disponível
em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Santo_Agostinho>, acessado em maio de 2012.
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