Antes tarde do que nunca
Participar do Movimento Estudantil — em suas mais variadas
formas — é um fator fundamental para a formação da consciência do
estudante em relação ao seu curso. Atualmente significa saber que o seu
curso está bem distante do esperado lutar pelas bandeiras principais de
nossa identificação com a sociedade: a comunicação popular e a democracia
nos meios de comunicação de massa.
Aprender e se acostumar a trabalhar com o coletivo é uma
atividade bastante compensatória. Os frutos, quando bem colhidos, levam
à construção de um movimento consciente de seus objetivos. A confiança
mútua é um elemento fundamental para a consolidação do movimento. Além
disso, se somos levados a entrar no movimento estudantil por insatisfação
com o curso e pelos nossos ideais, também entramos para o movimento
Estudantil por prazer.
Prazer, confiança mútua, garra, determinação, dinamismo são
apenas palavras jogadas no vento sem a sinceridade da construção do
movimento no cotidiano. Descrenças nos estudantes que não participam do
Movimento estudantil só vez equivocada e descrença de si mesmo quando se
vê lutando contra uma malosca que, a1ém de se recusar a participar, dando
aulas àqueles que participam. Aos que participam do Movimento Estudantil
duas qualidades são imprescindíveis: vontade e competência. São duas
palavras que parecem tão fascistóides quantos às outras que trazem muito
dentro de si.
A vontade de construir o Movimento Estudantil convêm justamente
da frustração com seu curso e com a manipulação do Movimento Estudantil
no Brasil. É preciso mantê-1a, mesmo sabendo que estamos trabalhando com
pessoas de pensamentos diferentes e nem sempre coerentes com as posições
do MECOM. O fundamental é levar pelo seu ponto de vista.
A competência se observa nos mínimos atos: na reunião que
começa no horário, nas tarefas que são cumpridas nos encontros, nos
intercâmbios e até no interesse de novas essências em participar do
Movimento Estudantil. Em resumo a vontade leva a competência.
“Shave it up, baby”- Um breve balanço da Secune
Depois da introdução filosófica vamos ao tema principal. A Secune
foi criada no Enecom de Sao Luís em 1.990 e tem como objetivo final ser
referência nacional das lutas do MECOM. Passados seis meses de criação
ela ainda está engatinhando, muito trabalho se vê pela frente e não
se bolou o bloco na rua. Um dos motivos para essa queda de ritmo foi
a maneira conforme as discussões foram cumpridas do ENECOM para lá.
Votando—se assuntos importantes sem o devido esclarecimento e com uma
certa ansiedade de ver as coisas acontecerem.
A nítida impressão que se tem da Secune que ela não existe. O
que existe na verdade é uma comissão Pró-Secune que dará as diretrizes
básicas para a próxima gestão. Talvez o quadro pudesse ser diferente caso
os participantes da primeira gestão não estivessem tomados de uma falta
de vontade coletiva e alguns participantes dela tenham acumulado funções
dentro da diretoria para suprir deficiências (atitude patenalista, porém
necessária para manter o sopro de vida que ainda resta na Secune).
Para os próximos seis meses, a esperança é de que a vontade
reapareça para que com ela venha a competência e a Secune possa ser
divulgada em todo o Brasil a fim de levarmos todas as nossas vo1úpias à
rua.
Para a próxima gestão espera-se daqueles que se propuserem
bastante vontade de bancar o movimento, porque o trabalho é grande,
porém saudável. Participar da chapa, respeitando as diferenças de visão
do MECOM. Que não devem se transformar em atruco. A1ém disso, devem
significar compromisso consigo mesmo, por participar de um espaço onde
possa defender suas bandeiras e lutar por um curso e por condições
sociais melhores,
São Paulo, 8 de Janeiro de 1.991
Adilson Cabral — D.A. Co —UFF —RJ
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