1
1. Túmulo de Kheruef (TT 192)
Pátio, Este
Vestíbulo
1 – O morto em adoração. Hino a Ré, (Pl. VII).
Passagem
2 – Lintel exterior: Cena dupla, Amen-hotep IV e
Tié oferecendo vinho a Ré-Horakhti e Maet (esq.)
e a Atum e Hathor (dir.). Pls. VIII-X.
3 – Dois registos. I, Amen-hotep IV adorando Ré-
Horakhti e fazendo uma libação diante de Amen-
hotep III divinizado e Tié. II, duas representações
do defunto, na posição de ajoelhado. Pls. XI, XIII
4 – Dois registos. I, Oração aos deuses da Duat, II,
hino a Ré. Pls. XXI
Pátio, Oeste
Pórtico
5 – Dois registos. O jubileu real. Pls. XXVI-XXVIII,
XXXI-LIII
6 – Recompensa de Kheruef, concedida por Amen-
hotep III no ano 30. Pl. XXX
7 – Dois registos. I, erecção do pilar Djed, II,
dançarinos e cantores, barcos que trazem provisões.
Pastores, gado e burros conduzidos em torno das
muralhas de Mênfis. LVI - LXIII
8 – Jubileu do ano 36. LI
Primeira sala hipostila
9 – Lintel exterior: Amen-hotep IV e Tié, adorando
divindades. Ombreiras: textos de oferenda. O
defunto sentado. Espessura esq., o defunto e duas
mulheres, hino a Ré. Espessura dir. representação do
defunto. Pl. LXVIII
10 – Parte inferior de uma estátua de granito re-
presentando o defunto, na posição de sentado.
Fig. 1 – Planta do túmulo de Kheruef, TT 192, e localização iconográfica, segundo PORTER e MOSS,
TBAE, vol. I, p. 296 e WENTE, Edward F. (trad.), «The tomb of Kheruef», Pl.IV.
O funcionário Kheruef, seus títulos, cargos e epítetos
r-pat HAty-a
Senhor e membro
da elite,
smr-wa
Amigo único
imy-r pr Hmt-nsw wrt Tiy
Mordomo da grande esposa real, Tié
imy-r pr Hmt-nsw wrt n pr
Imn
Mordomo da grande esposa real, na
Casa de Amon
tkn m nb.f
Um que se aproxima do seu se-nhor
mH-ib mnx (n) nTr nfr
Homem de confiança do deus
perfeito
2
smr-wa rdw st
Amigo único do rei nos
degraus do trono
imy-r pr sS-nsw
Mordomo Escriba real
smr-aA n nb tAwy
Grande amigo do senhor das Duas
Terras,
wHmw-nsw tpy
Primeiro arauto do rei
Xrp-aH
Administrador do palácio
sDAwty-bit(y)
Tesoureiro do rei do Baixo Egipto
imy-r sDAwt n pr nsw,
Superintendente dos tesouros (da)
casa do rei,
tkn nb.f
(Um que) tem acesso ao seu se-nhor
sAb m HAt n Sniw
O dignitário que está à frente dos
cortesãos
Tanto quanto se sabe, o primeiro egiptólogo a visitar este túmulo foi Adolf Erman1 em
1886. Seguiu-se, em 1911, Sir Alan Gardiner,2 na companhia de Norman de Garis Davies. Em 2 de
Abril de 1943, Ahmed Fakhry3 e o seu assistente Mohammed Zakaria Ghoneim4 iniciaram as
primeiras operações de protecção e limpeza do TT 192. Este foi fotografado em 1950 por Charles F.
Nims5. Finalmente, em Dezembro de 1967, um projecto conjunto da Epygraphic Survey e do
Departamento de Antiguidades Egípcio permitiu a limpeza total do túmulo. Os seus planos foram
traçados por James Knudstad do Oriental Institute e todo o conjunto de desenhos, totalmente
completado na temporada de 1969-70. No presente trabalho, o relatório final desta investigação,
corporizado em The University of Chicago Oriental Institute Publications, vol. 102 6, foi utilizado
como obra de referência.
Não existem sinais de que algum enterro se haja realizado neste túmulo. O tecto do canto
sudoeste da primeira sala hipostila abateu, um segundo colapso afectou o pórtico da ala sul e a areia
invadiu o que restava. Posteriormente, oito túmulos foram escavados no pórtico oriental e nas
paredes norte e sul do pátio. Porter e Moss identificaram os seguintes7:
1 NIMS, Charles F., «The tomb», Epigraphic Survey, OIP 102, pp. 1-2.
he Adolf Erman, 1854-1937. Egiptólogo alemão. Professor de Egiptologia na Universidade de Berlim.
Trabalhou essencialmente no domínio da linguística, tendo dirigido a publicação de um estenso.dicionário em
doze volumes. 2 Sir Alan Henderson Gardiner, 1879-1963. Egiptólogo inglês cuja acção foi particularmente importante no
domínio da gramática egípcia. 3Ahmed Fakhry, 1905-1973. Inspector chefe das Antiguidades do Alto Egipto. 4 Mohammed Zakaria Ghoneim, 1905-1959. Arqueólogo egípcio conhecido pelos seus trabalhos na região de
Sakara e pela descoberta da pirâmide em degraus de Sekhemkhet. 5Charles Francis Nims, 1906-1988. Egiptólogo americano, Professor Emmeritus no University of Chicago’s
Oriental Institute. 6 NIMS, Charles F. et al. (ed.), «The tomb of Kheruef», Epigraphic Survey, OIP 102, Chicago: University of
Chicago Press, 1980. 7 The University of Chicago Oriental Institute Publications, vol. 102, vol. I, pp. 427, 446
3
1 − TT 364 de Amenemheb, «escriba das oferendas de todas as divindades de Tebas», e
«escriba dos celeiros de Amon» que viveu na XIX dinastia.
2 − TT 407, pertencente a Bintenduanuter, «mordomo da divina adoradora (de Amon)» que
viveu no Período Saíta.
O túmulo terá começado a ser construído nos últimos anos de Amen-hotep III e prosseguiu
durante o princípio do reinado de Amen-hotep IV, altura em que os trabalhos foram suspensos8.
Fruto do choque entre os movimentos religiosos que se fizeram sentir nesta época, Kheruef
teve o seu túmulo devastado, primeiro por «fundamentalistas» atonistas que removeram o nome de
Amon e a palavra netjeru, das ombreiras da entrada9 e, posteriormente, por «fundamentalistas» anti-
atonistas que martelaram as representações de Amen-hotep IV/Akhenaton10. Contrariamente ao
caso do vizir Ramose, não existem provas de que Kheruef se tenha aliado aos atonistas e a sua
posição como imy-r pr Hmt-nsw wrt n pr Imn, «mordomo da grande esposa real, na Casa
de Amon» e de, ele próprio, ser filho de uma cantora de Amon pode tê-lo colocado no campo
inimigo. Daí que também a sua figura tenha sido martelada. Mais tarde, abatimentos de terra e
outros fenómenos naturais sobrepuseram-se a estes testemunhos da intolerância humana.
2.2.1. Localização e arquitectura
O túmulo TT 192 localiza-se na base da colina de Assassif e foi cavado directamente no
leito rochoso.
Fig. 2 – Planta e secção vertical do túmulo de Kheruef, TT 192, tal como se encontra nos dias de
hoje. NIMS, Charles F., op. cit., Pl. III.
8 NIMS, Charles F., op. cit., pp. 12, 13. 9 NIMS, Charles F., op .cit., p. 10. 10 NIMS, Charles F., op. cit., p. 13.
4
A sua localização e o tipo de construção, documentado nas figs. 1-2, tornou-o
especialmente vulnerável à acumulação de areias e detritos. De acordo com estas mesmas figuras
verifica-se que pode ser dividido em cinco partes distintas:
1 − Uma rampa que se desenvolve segundo a direcção E→W, com uma inclinação de cerca
de 15º11. A entrada do túmulo de Kheruef localiza-se, portanto, a leste e faz parte de um vestíbulo
com tecto e paredes laterais, estando a parede mais a norte gravada. Os relevos do lintel e dos
umbrais do lado oriental da entrada estão completos.
2 − Um pátio aberto que, de acordo com a fig. 1, seria posteriormente dotado, ao longo de
todo o seu perímetro, de um ambulatório suportado por 39 colunas das quais só foram esboçadas 10
na colunata norte e 9 na sua congénere do sul. Os lados norte e sul do pátio são paralelos ao eixo do
templo mas os outros exibem desvios de cerca de 3º à perpendicularidade, definindo um
quadrilátero irregular.
3 − Uma sala hipostila transversa, contendo 3 filas de 10 colunas que se desenvolve na
direcção N→S. Estas colunas, fig. 3., têm 36 lados, 32 deles estriados de forma côncava e divididas
em oito por fitas planas nos pontos cardeais (A). As outras duas filas eram constituídas por colunas
papiriformes de secção octogonal (B).
A B
Fig. 3 – Colunas da primeira sala hipostila e respectiva secção recta.
NIMS, Charles F., op. cit., p.7.
4 − Uma segunda sala hipostila paralela ao eixo do túmulo e com 2 filas de 10 colunas. A
sala prolonga-se até uma pequena câmara onde, à semelhança de outros túmulos da mesma época se
encontraria uma estátua do defunto na posição de sentado.
11 NIMS, Charles F., op. cit., p. 4.
5
5 − Um complexo de câmaras subterrâneas cujo acesso está localizado no canto sudoeste
da sala anterior. A passagem corta o nível médio do chão segundo um ângulo de 20º até uma
profundidade de 5 m onde o declive aumenta para 60º até 13, 5 m, regressando depois a 20º até
cerca de 20 m de profundidade onde se encontra o primeiro complexo12. Este é constituído por uma
antessala, uma câmara transversal e três pequenas divisões. Do primeiro complexo sai um corredor
com um declive de 65º até ao segundo complexo, a 45 m de profundidade. Deveria seguir
morfologia semelhante mas só a divisão central foi começada. É lícito pensar que seria neste
segundo complexo de câmaras o local de repouso final de Kheruef, ao abrigo de ataques ao seu
corpo e ao seu enxoval funerário.
2.2.2. Iconotextualidade
As três grandes divisões da iconografia deste túmulo são:
1 – O funcionário Kheruef
2 – Os jubileus de Amen-hotep III
3 – Os primeiros tempos da governação de Amen-hotep IV
O túmulo TT192 é muito parco em representações da vida pessoal de Kheruef13.
Encontramo-lo, inicialmente, no vestíbulo, à direita. Junto da sua figura vandalizada, um
hino ao sol poente (lns. 1-37).
12 Estas medidas, feitas nos desenhos de Nims (Pl. III) devem ser consideradas como aproximadas.. 13 WENTE, Edward F. (trad.), «The tomb of Kheruef», Epigraphic Survey, OIP 102, Chicago: University of
Chicago Press, 1980.
Os textos gravados no túmulo dizem-nos que o seu nome de nascimento não era este e num deles aparece
como Naa Dt n.f £rw.f, «Naa, dito Kheruef». O primeiro nome
pode traduzir-se como «o suave» e o segundo como «os subalternos (são) dele». Era filho de Siked, «escriba
do exército do senhor das Duas Terras» e de Ruiu, «ornamento real, cantora de Ísis, a mãe do deus, e cantora
de Amon». Pertencia pois à elite, de acordo como o seu título de iry-pat HAty-a.
6
Fig. 4 − Hino ao sol poente e representação de Kheruef, totalmente martelada.
Túmulo de Kheruef, TT 192, vestíbulo, à direita. WENTE, Edward F. op. cit., Pl. VII.
Hino ao sol poente - Vestíbulo, lado norte. (Pl. VII).
1
Dwa Ra htp.f m anx m Axt imntt nt pt
Adoração de Ré, no seu ocaso, em vida no horizonte ocidental do céu
2
i.i n rpat HAty-a smr-wa tkn m nb.f
Pelo membro da elite, amigo único, o que se aproxima do seu senhor
3
imi ib ¡r nb aH wHmw-nsw tpy imy-r pr xrwf mAa-xrw Dd.f
o que está no coração do Hórus, senhor do palácio, o primeiro arauto do rei, o mordomo14 Kheruef,
justificado. Ele diz:
4
inD Hr.k Hry-tp (n)HH Xnm.n.k Axt pt iw.k xai.ti
Saudações a ti, líder da continuidade! Tu atingiste o horizonte do céu e apareces em glória
14 No sentido de governador da casa civil. Da rainha, no presente caso.
7
5
m gs imntt m Itm imi m mSrw
no lado do ocidente como Atum, o que está no crepúsculo,
6
ii.ti m sxm.k nn rqy.k
tendo chegado com o teu poder e (já) não existe o teu inimigo15.
7
Hk(A).k Hr pt m Ra sAH.k pty.k nDm- ib
Tu governas sobre o céu, como Ré e aproximas-te dos teus dois céus16 com o coração dilatado
(alegre).
8
Xsr.n.k HAti Snyt
Tu afastaste17 as nuvens e a tempestade
9
Ah.k m Xt mwt.f Niwt it.k Nwnw
Tu desces no ventre de tua mãe Niut18 e teu pai, Nun,
10
Hr irt n dwA nTrw MAnw m hnw
presta(-te) homenagem. Os deuses de Manu estão em júbilo
11
imiw dwAt m Haawt
e os (deuses) que estão na Duat rejubilam
15 Como se vê na figura o signo D 41 é seguido por um outro, representando uma serpente cortada
por facas, o qual não faz parte da classificação de Gardiner. Trata-se de uma alusão à serpente Apep e à luta
que, todas as noites, ela trava com a barca de Ré. O nascimento de cada novo dia é uma prova da vitória do
deus. Como este signo específico não é parte integrante da palavra rqi abstivemo-nos de o pôr no texto. 16 O céu deste mundo e o céu da Duat.
17 No texto está xrs em vez de xsr. 18 O céu inferior. Ver FAULKNER, op. cit., p. 125.
8
12
(Hr ptr.sn) nb.sn pd nmtt
ao verem, o seu senhor, caminhar a largas passadas.
13
Imn-Ra nb tmw ii.ti m Htp
Ó Amon-Ré, senhor da humanidade, bem-vindo, em paz!
14
sAH(.n).k tAwy Xnm.n.k awy MAnu
Tu chegaste às Duas Terras e alcançaste os dois braços de Manu,
15
sSp.n.k Hm.k imAx mni.ti r-Awy.k n sf
a tua Majestade recebeu veneração, ao ancorares no teu lugar de ontem,
16
Awy mwt.k m HA.k sAbw Hr sxrt xft(y).k
os braços de tua mãe estão (curvados) em protecção em volta de ti (enquanto) os cães selvagens
derrubam o teus inimigo.
17
Stw.tw baw Imntw wAt imi tA-Dsr
Tu és puxado pelos bau do Ocidente (ao longo do) caminho que está (na) terra sagrada,
18
sHD.k Hr n iry sAw m dwAt
para que ilumines o rosto dos habitantes da Duat.
19
sDm.k nis n nty m DbAt.s
Ouve o apelo de um que está no sarcófago
9
20
Tsi.k. nAwt m dy Hr gs.sn
e (manda) erguer os que estão colocados sobre o seu lado
21
Snm.k mAatw xr sXry.s
Tu alimentas-te de maet (proveniente daquele que) a transporta19 (do seu portador)
22
sHwn.k Srwt m imy m.s
e fazes rejuvenescer as narinas com o que está nela.
23
Tni.k im-r st Spt
Tu ascendes ao lugar augusto
24
sHtm.k xprw m nTrw
e mandas abastecer os que se tornaram deuses.
25
pr(.k) aA srf (.k.)sn
Quando sais, aqui (neste lugar), transmite-lhes o calor
26
Xpr ma(w).ti m sSm.k tp(t)-a
à medida que és restaurado na tua forma anterior
27
ii.ti m Itn sxm n pt ab.ti m HqA Igrt
quando vens como o disco solar, o divino poder do céu e te unes ao soberano de Igeret20.
19 Ou «o que está sob ela». O portador da maet é Ré. 20 Igeret, «a silenciosa, a necrópole». O soberano que reina no mundo dos mortos é Osíris.
Ver GARDINER, op. cit., p. 598.
10
28
Sip nfrw.k m-m dw(A)t
Comunicas a tua beleza dentro da Duat
29
psd.k ir.k n imiw kkw imiw qrrwt
e brilhas agora para os que estão nas trevas, e os que estão em cavernas
m Haawt
estão em júbilo.
30
dwA.sn.tw spr.k.sn m Hr.k pw rs-wDA
Eles adoram-te quando te aproximas deles com este teu rosto de «aquele que desperta não ferido
(incólume)» …
31
sDr(t) (b)kAw xw m Xrt-hrw HD tA rnpiw.k
…a que passa a noite grávida21. Ao romper d’alva, tu és rejuvenescido
32
m Hwn nTr pwy st(w)t m irw.f
como este deus-menino (entre) os raios do Sol, na sua forma,
(como este deus-menino, na sua forma radiante,)
33
pri m Xt mwt.f nn Abw Htp m Xnw.s
(podes) sair do ventre de sua mãe, incessantemente, e descansar no interior dela
r nw.f
no teu22 tempo …
21 A deusa Nut, segundo o texto.
11
34
¢rwf mAa-Xrw Dd.f hy Ra m wbn.f
Kheruef, justificado, ele diz: Salvé ó Ré, quando ele se ergue
35
Itm m-xt Htp di.k wnn.i m-m Hsy(w).k
e Atum, depois do ocaso. Permite que eu esteja entre os teus favoritos,
36
Hr mAA nfrw.k ra-nb Ssp.i aqw nw (m)sktt mn(it nw (m)anDt
contemplando diariamente a tua beleza. Que eu possa enxergar a corda de sirga da barca
Meseketet23
37
mn(it nw manDt)
e o (cabeço de amarração da barca Menedjet)24.
2. Lintel exterior. Oferendas reais de Amen-hotep IV e sua mãe, Tié.
Amen-hotep IV é, como vemos, muito novo, não existe ainda um protocolo real.
Admitindo, com M. Gabolde que a coroação teve lugar no dia 2, do primeiro mês da estação
de Peret25, esta sua primeira representação deve ser muito próxima desta data.
Lado esquerdo. Oferendas a Atum e a Hathor.
Sobre a rainha-mãe, Tié:
38
mwt-nTr Hmt-nsw wrt Tiy Anx sA HA.f
A mãe do deus, a grande esposa real Tié (diz): − Vida e protecção em volta dele26!
22 No texto está «seu» o que se referiria à mãe do Ré, a deusa Nut. Não parece correcto. 23 A barca da noite, pertencente ao deus Ré. 24 A barca do dia, pertencente ao deus Ré. 238 Ibidem, pp. 14-16. 26 Certamente, referindo-se ao filho.
12
Sobre Amen-hotep IV:
39
nTr.nfr Nfr-xprw-Ra wa-n-Ra sA-Ra Imn-htp ntr HqA wast aA m
aHa(w).f Di anx mi Ra
deus perfeito, Neferkheperuré Uaenré, filho de Ré, Amen-hotep (IV), deus soberano de Tebas,
grande no seu tempo de vida, dotado de vida, como Ré.
Fig. 5 − Oferendas reais de Amen-hotep IV e sua mãe, Tié. Túmulo de Kheruef, TT 192,
lintel, exterior. WENTE, Edward F. op. cit., Pls. VIII – X.
40
rdit irp ir.f di anx
Uma oferenda de vinho, para que ele conceda a vida.
Sobre Ré-Horakhti: Sobre a deusa Maet:
41
Ra-@r-Axty nTr aA nb pt
Ré-Horakhty,27 deus grande, senhor do céu
42
MAat sAt Ra BHdt(y)
Maet, filha28 de Ré de Behedet (Edfu)29.
27 Note-se que o determinativo «dois horizontes» emprega o signo N18 que posteriormente é substituído pelo
signo N27.
13
Lado direito
Atrás do rei Sobre a figura do rei
43
irt sntr ir.f di anx
Fazendo uma defumação com
incenso para que ele (Atum)
conceda a vida (ao)
44
nTr.nfr Nfr-xprw-Ra wa-n-Ra
deus perfeito, Neferkheperuré Uaenré
sA-Ra Imn-htp ntr HqA wast aA m aHa(w).f
Di anx mi Ra
filho de Ré, Amen-hotep (IV), deus soberano de Tebas, grande no
seu tempo de vida, dotado de vida, como Ré.
Atrás do rei Atrás da rainha Tié
45
sA anx nb HA.f nb ra-
nb
toda a protecção (em) vida em
volta de todo ele, todos os dias
da vida
46
mwt-nTr Hmt-nsw wrt Tiy anx ti rnpt
A mãe do deus, a grande esposa real Tié, que ela viva e seja
(eternamente) jovem!
Sobre Atum
47
Awt-ib nb aqw nb di(.f ) anx.f nb
Toda a alegria, todas as provisões, para que ele conceda toda a sua vida
snb
e saúde (aos ofertantes)
Sobre a deusa Hathor
48
28 Note-se o arranjo gráfico que foi usado na palavra sat, «filha». 29 O nome da cidade encontra-se repetido à direita da representação do Sol que está protegido por duas
serpentes reais, cada uma com o símbolo «Vida». Por baixo do astro-rei a palavra tit, «imagem,
forma, figura» que se reporta ao ka do soberano, cujo nome está encartelado.
14
Hry-tpt nt WAst sA Ra BHdt(y)
A que está à frente de Uaset30 (a filha de Ré de) Behedet
Em cada um dos umbrais da entrada estão gravados alguns textos de oferenda (lns. 49-65).
Kheruef está sentado numa cadeira de pés de leão e apoiado na sua longa vara de mordomo.
À direita, lendo da esquerda para a direita:
Coluna 1
49
htp di nsw Anwpw HAt sH-nTr di.f awy HA anx nb
Uma oferenda que o rei faz a Anúbis, que está à frente da tenda divina, para que ele coloque os seus
braços atrás do «Senhor da Vida», (= o sarcófago)
50
snDm.f hn.f n kA n r-pat HAty-a wa mnx-ib n ity sS-nsw
e torne feliz o seu corpo no sarcófago. Pelo ka do único senhor e membro da elite, leal ao rei, o
escriba real
xrwf mAa-xrw
Kheruef, justificado.
Coluna 2
51
htp- di- nsw DHwty Hry-tp mDAwt di.f sxA nfr m r tpyw-tA
Uma oferenda que o rei faz a Tot, o superintendente dos livros, para que ele conceda uma feliz
lembrança e recordação na boca dos que estão sobre a terra (= os vivos)
mAa-xrw m st nt (n)HH
e justificação no lugar da continuidade
52
n kA n r-pat HAty-a hr(w) nmtt pr-nsw HqA Hwt-aAt
Pelo ka do senhor e membro da elite, que se move agilmente na casa do rei,31
30 Tebas.
15
xrwf mAa-xrw
Kheruef, justificado.
Coluna 3
53
htp- di- nsw Itm nb tAwy Iwnw di.f aq m iw n mAawt
Uma oferenda que o rei faz a Atum, senhor das Duas Terras e de Iunu, para que ele conceda a
entrada na Ilha dos Justos32
54
htp Hr ab-inr nb tA-Dsr
Possa ele ser satisfeito com (o que está) sobre a pedra das oferendas do senhor de
Ta-Djeser (= a terra sagrada).
55
n kA n r-pat HAty-a smr-wa tkn nb.f sS-nsw
Pelo ka do senhor e membro da elite, o amigo único que tem acesso ao seu senhor, o escriba real
xrwf mAa-xrw
Kheruef, justificado.
Coluna 4
56
htp- di- nsw Imn-Ra nb nsty tAwy prt m tA r mAA …
Uma oferenda que o rei faz a Amon-Ré, senhor dos tronos das Duas Terras, para que ele conceda a
saída (para fora) da terra para contemplar …
… … … (xrwf mAa-xrw)
… … … (Kheruef, justificado.)
31 É uma tradução possível, já que os signos estão apagados. Wente traduz por one gentle of stride , « um que
anda ligeiro e em largas passadas», ver WENTE, op. cit., p. 34. Como a morada do rei é um local de silêncio e
de moderação, este aparente desvio à norma reflecte a familiariedade de Kheruf nesse ambiente. Neste
contexto, se leu-se e traduziu.
32 No original, . Provável erro do escriba. A Ilha dos Justos podia ser uma designação de Abidos.
16
À direita, lendo da esquerda para a direita:
Coluna 5
57
htp- di- nsw Imn pAwt(y) tAwy di.f pr r Xt-nbt Hr wdHw
Uma oferenda que o rei faz a Amon, deus primordial33 das Duas Terras, para que ele conceda tudo o
que vem da mesa das oferendas
TA Xrt-hrw nt ra-nb
no decorrer do dia de cada dia (= quotidianamente).
58
n kA n r-pat HAty-a sS-nsw imy-r pr imy-r pr Hmt-nsw wrt Tiy Xrw.f mAat-xrw
Pelo ka do senhor e membro da elite, o escriba real, o mordomo da grande esposa real, Tié,
Kheruef, justificado.
Coluna 6
59
htp- di- nsw Ra @r-Axty di.f mAA Itn dgi nfrw.f
Uma oferenda que o rei faz a Ré Horakhti para que ele permita contemplar o disco solar e olhar
para a sua beleza.
60
n kA n r-pat HAty-a mH-ib mnx n nb-tAwy imy-r sDAwt n pr nsw sS-
nsw
Pelo ka do senhor e membro da elite, homem de confiança devotado ao senhor das Duas Terras,
superintendente dos tesouros (da) casa do rei, o escriba real
Xrw.f mAat-xrw
Kheruef, justificado.
Coluna 7
61
33 As grafias mais correntes são e pAwty.
17
htp- di- nsw Wsir Hr(y)-ib tA-wr di.f prt m bA anxy
Uma oferenda que o rei faz a Osíris, (o que está) no meio da «Terra Grande» (= o nomo tinita), para
que ele conceda uma saída como um ba vivo
Hrw n wAH xt
à voz do que faz uma oferenda
62
n kA n r-pat HAty-a sAb m HAt n Sniw
Pelo ka do senhor e membro da elite, o dignitário que está à frente dos cortesãos. Kheruef,
justificado.
63
HqA-Hwt Xrw.f mAat-xrw
O governador do palácio, Kheruef, justificado.
Coluna 8
64
htp- di- nsw Ast wrt mwt-nTr di.f qrst nfrt n Xt iAw(t)
Uma oferenda que o rei faz a Isis, a Grande, mãe do deus, para que ela conceda um belo funeral
depois de uma velhice
m Hswt nt nTr nfr
no favor do deus perfeito
65
n kA n r-pat HAty-a wa md(w) n rx(y)t Xrw.f mAat-xrw
Pelo ka do senhor e membro da elite, o único bordão (= amparo) do povo, o escriba real Kheruef,
justificado.
Passagem para o pátio, lado sul zona superior, (Pl XI-XIII)
Amen-hotep IV faz uma oferenda a Ré-Horakhti, na companhia de Tié e de Amen-hotep III.
Parte do peito e das pernas do casal sobreviveu mas a figura do futuro Akhenaton foi destruída.
Podem reconstruir-se os seguintes protocolos:
18
66
nb tAwy Nfr-xprw-Ra wa-n-Ra Imn-htp nTr HqA wast aA m aHa(w).f di
anx mi Ra
O senhor das Duas Terras, Amen-hotep, deus governante de Uaset (Tebas), grande no seu tempo de
vida, dotado de vida como Ré.
67
… … (nb tAwy) Nb-mAat-Ra … (sA) Ra Imn-htp nTr HqA wast aA m
aHa(w).f (di anx mi Ra)
… …O senhor das Duas Terras, Nebmaetré, … (filho de) Ré, Amen-hotep, deus governante de
Uaset (Tebas), grande no seu tempo de vida, (dotado de vida como Ré).
Diante do que foi a representação de Amen-hotep IV, pode ler-se:
68
smAA aAbt nt Ra-@raxty ir.f di anx mi Ra Dt
Fazendo uma oferenda a Ré Horakhti para que ele (o) faça «dotado de vida como Ré» ,
eternamente.
Na parte superior da cena, ainda é possível ler o seguinte:
69
dwA Ra tp dwAty
Adoração a Ré, o que está à frente da manhã, (= o matutino) … … horizonte
Lado sul do corredor de entrada, (Pl. XIV-XVI)
Encontramos aqui um texto escrito sob a forma de acróstico, segundo uma matriz de treze
linhas por catorze colunas. Trata-se de um conjunto formado por dois hinos, um de leitura segundo
as linhas, Texto H, e outro, V, de leitura segundo as colunas.
19
Fig. 6 − Parede direita do pórtico. Amen-hotep IV, cuja figura foi completamente vandalizada faz
uma libação a Amen-hotep III e a Tié. À esquerda, encontra-se um tabuleiro que contém um
acróstico dedicado a Amon-Ré e a Ré-Horakhti. WENTE, Edward F. op. cit., Pls. XIII – XIV.
Usou-se, portanto, o seguinte esquema de numeração:
A B C … J
1
2
…
13
Linha 1
70
dwA Imn nTr nTr(y) mr(w)ty n… in… nTr nfr
Adoração a Amon, ser divino34, o bem-amado de35 … pelo deus beneficente
71
Nfr-xprw-Ra sA Ra Imn-Htp HqA (m) WAst inD Hr.k
Neferkheperuré, filho de Ré, Amen-hotep, governante de Tebas. Saudações a ti!36
Linha 2
73
34 Lit. «deus divino», o que se afigura redundante.
35 No original apenas está . Poderá ser i in, «eu digo» ou a partícula in, «na verdade,
realmente». A tratar-se da preposição in, «para, pertencente a, de», isto significa que o deus Amon é amado
por alguém, Kheruef, p. ex. Infelizmente, o texto não permite determinar de quem se trata.
36 inD Hr, «Avé, saudações a ti». Ingl. «hail to!».
20
Ra aA xaw(.tn)… nfr(w) xprw xnt itrt.f bAy
ó Ré, grande nas (tuas) aparições, de belas formas, o que está diante do seu santuário, o do ba,
74
Imn imnw sHtp.f wsr HAwt iri. n Xt nbt
o mais oculto dos ocultos, quando repousa. De semblante poderoso37, ele fez todas as coisas38.
Linha 3
75
@r smsw nb itrty39 imy wiA wHm xaiw
Hórus mais velho, senhor dos dois conclaves40, o que está na barca41 sagrada, repetindo aparições
76
…tw Ra-xpry… … … m Itn Itm Hry
… Ré-Khepri … … … como o disco solar. Atum que está sobre
Linha 4
77
Axty twt nsw nTrw sitrt nt Ssp.f
os dois horizontes, perfeito, rei dos deuses, que faz avançar a sua luz do dia42…
78
aA qn(t) Ax…n htp m … wr … nb.f mwt.f
(grande) em valor, beneficente…pacífico em… grande …seu senhor e (de) sua mãe
Linha 5
79
37 HAt «fronte, testa, semblante, a parte da frente». Note-se que o texto apresenta um plural, HAwt, pelo que
pode também dar a ideia de peitorais poderosos, musculados do deus. ou talvez dos seus olhos
poderosos,Wente e Murnane não utilizam o plural, traduzindo como «mighty of countenance, «de semblante
poderoso». Ver, respectivamente, WENTE, op. cit., p. 35 e MURNANE, William, J., Texts from the Amarna
Period in Egypt, Atlanta: Scholars Press, 1994, p. 58.
38 No original: . Considerou-se um erro por Xt nbt. Esta tradução concorda com a de Wente.Ver
WENTE, op. cit, p. 35.
39 No original: . Usou-se a reconstrução de Wente. Ver WENTE, op. cit, p. 36, nota 3C. 40 Os dois conclaves: alusão às assembleias dos deuses do Alto e do Baixo Egipto.
41 Na verdade, a grafia correcta é wiA.
42 No original: . A presente reconstrução parece apropriada num hino solar.
21
r nfr …rs HAwt ta HD Imn-Ra… …(wDA?)… m Sw
Orador43 perfeito… de ar vigilante44 quando a terra resplandece, Amon-Ré… (pros-peridade ?)45 …
como a luz…
80
HqA WAst… xnt…MAnw Htpy(w)
Soberano de Uaset (Tebas) …o que está à frente de … Manu46 o mais gracioso
Linha 6
81
nTrw… aA xpry nb imiw.f KAmwt.f… .f…nb…
dos deuses47, o grande que veio à existência, senhor dos que estão com ele, Kamutef48... senhor …
82
wa nn Hr xw.f … … smsw sAxw
único, não há ninguém para além dele… o mais velho dos que foram proclamados akhu49.
Linha 7
83
in.i aA sxm.f sHD ta nmi.pt
Eu digo50: É aquele deus cujo poder é grande, que ilumina a terra, que atravessa51 o céu,
84
nb Hknw Imn-Ra nTr waw nn iwty nw.f mn aA nxtw
o senhor do júbilo52, Amon-Ré, deus único e sem par, estável53 e grande em força54
43 Lit. «Boca perfeita». Amon dirige-se às assembleias dos deuses como um excelente orador.
44 De rs, «vigilante, acordado». 45 É uma leitura possível do signo U28. Talvez Amon seja o «senhor da prosperidade». Uma vez que se trata
de um hino solar, nada obsta a que aqui estivesse o verbo DAi, «navegar», uma referência ao percurso do
astro na sua barca. Esta hipótese é reforçada pela frase «como a luz». 46 De acordo com o pensamento egípcio, o Sol punha-se na montanha ocidental de Tebas, denominada Manu.
Ver FAULKNER, A Concise Dictionary of Middle Egyptian, Oxford: Griffith Institute, 1988, p. 103. 47 Optou-se pelo plural arcaico, de acordo com a reconstrução de Wente. Ver WENTE, op. cit., p. 36, nota 6A. 48 Kamutef, «o touro de sua mãe», um título característico do deus Min. Ligado à fertilidade, é representado
de forma ictifálica. 49 O termo akhu não tem uma tradução exacta em português. O estado de akh atinge-se depois da morte e está
destinado á bem-aventurança. 50 De acordo com a reconstrução de Wente. Ver WENTE, op. cit., p. 37, nota 6C. 51 De acordo com a reconstrução de Wente., Ibidem, p. 37, nota 7D.
22
85
… …n nsw bit(y) …
… do (?) rei do Alto e do Baixo Egipto…
Linha 8
86
nTr nb pt wsr xprw …t r MAnw nb nswt tAwy imn sSm.f
deus e senhor do céu, poderoso em manifestações, … porta-voz de Manu, senhor dos tronos das
Duas Terras55, os seus desígnios são ocultos.
87
iri.n(.f) (n)pri … .f nb Dt Hry-tp nHH wr…
Ele fez o cereal, … , senhor da eternidade e garante da continuidade, o grande…
Linha 9
88
fr nsw nb wab … …nb … aA nsywt Sw tXnt …t …w
rei perfeito, senhor puro, … grande em soberania, luz do Sol, brilhante…
Imn-Ra…(nb) tAwy …
Amon-Ré… (senhor das) Duas Terras …
Linha 10
89
sA Ra Imn-Htp HqA WAst iAw n.k Ra twt pr(i) Nwnw
Filho de Ré, Amen-hotep, soberano de Uaset (Tebas); louvor a ti Ré, imagem divina que saiu do
Nun
90
52 De acordo com a reconstrução de Wente Ibidem, p. 37, nota 7E. 53 De acordo com a reconstrução de Wente. Ibidem, p. 37, nota 7J. 54 De acordo com a reconstrução de Wente. Ibidem, p. 37, nota 7K. 55 Título real de Amon.
23
Sanx Hr nb mwt mwtw it itw
e que a todos faz viver, mãe das mães e pai dos pais
91
Imn-Htp Ra…xnt ir(.n).f … iw iri nty nb iwty sn-nw.f
Amen-hotep, Ré …, o que está à frente de tudo o que fez, não há outro como ele.
92
Xai Hr-tp tA Haw.f Itn …Ts… … .f…
Quando aparece sobre a terra, o seu corpo é o disco solar… que une… …
Linha 12
93
HqA WAst … … nb… …
Governante de Uaset (Tebas)… … senhor… …
94
km(A) ntt s sxnt tmw iwty rx.f
que criaste (tudo) o que existe, que tudo fazes avançar, (que és) incognoscível
95
smsw … … …tw Dt nHH
o mais velho, … … eternamente e para sempre.
Linha 13
96
inD Hr.k… nb nrw.f …w nb mwt.f Nwnw
Louvor a ti, senhor do terror, … a sua mãe é Nun.
97
Sanx tAwy hy n Hr.k nsw rxyt… Ds.f
Ele faz viver as Duas Terras. Louvor à tua face, rei da humanidade… ele próprio.
98
ir.n.f… wr HkAw nb Dt
24
Ele fez… grande em magias56, divino senhor da eternidade.
Texto vertical
Coluna A
99
dwA Ra-@r-axty r nfr nTrw in nTr nfr sA Ra Imn-Htp
Adoração a Ré-Horakhty, boca perfeita dos deuses, diz o deus perfeito, o filho de Ré, Amen-hotep,
100
HqA Wast inD Hr.k
soberano de Uaset (Tebas). Louvor a ti
Coluna B
101
Imn-Ra smsw twt … … aA sxm.f
Amon-Ré, o mais velho, perfeito. … … grande é o seu poder
102
nsw Imn-http Ra …
Rei Amen-hotep, sol …
Coluna C
103
nTr aA nb itrty nsw nTrw rs HAwt aA xpry sHD tA
deus grande, senhor dos dois conclaves, rei dos deuses, de ar vigilante, o grande que veio à
existência, que ilumina a terra,
104
wsr xprw nb wab HqA WAst xnt(y) iri.f … nb n rw
rico em manifestações, senhor puro, soberano de Tebas, o que está à frente da sua criação, …
senhor do terror
Coluna D
105
56 Este plural só faz sentido se a frase puder referir-se aos dois tipos tradicionais de magia: a magia branca e a
magia negra. Os Egípcios praticavam ambas.
25
nTr xaw imi wiA sxnt HD tA nb imiw.f nmipt
divino em aparições. O que está na barca e que faz avançar a aurora, o senhor dos que estão com
ele, que atravessa o céu,
106
… … … iAw n.k … iw nb… .f
… … … louvor a ti… tu és o senhor de …
Coluna E
107
mr(w)ty wHm HAw sSp.f Imn Ra KA mwt.f nb Hknw
o bem amado, (o que) repete aparições, a luz do dia é sua, Amon-Ré-Kamutef, senhor do júbilo.
108
r MAnw …nb Ra iri nty nb …nbw
Porta-voz de Manu… tudo, Ré que fez todo o … e tudo o que existe
Coluna F
109
n … … tw htp… D… .f Imn-Ra nb nswt tAwy …
de …. se apazigua … Amon-Ré, senhor dos tronos das Duas Terras …
110
Twt iAw(.i) iwty sn-nw.f qm(A) ntt mwt.f Nwnw
Louvo a (sua) imagem, não há segundo como ele que criou57 tudo o que existe, a sua mãe é Nun.
Coluna G
111
in(.f)Nfrxprw-Ra qni … nb… nTr imn aA nsywt
Assim diz Neferkheperuré, o forte, senhor… deus oculto, grande em soberania
112
pri Nwnw Hai Hr-tp TA sxn tmw sanx tAwy
57 A grafia correcta é qmA, «atirar, produzir, criar».
26
que saiu do Nun e aparece(u) sobre a terra. Ele faz avançar todos os homens, ele dá vida às Duas
Terras.
Coluna H
113
nfr xprw xnt itrt.f xpri ax m Sw wa waw sSm.f
Belo (nas suas) manifestações, o que está disnte do seu santuário, Khepri, benéfico na luz do Sol,
único dos únicos, ele fez-se a si mesmo,
114
Sw nbi Haw.f iwty rx.f hy n Hr.k
luz dourada é o seu corpo, ele é incognoscível. Louvor a ti
Coluna I
115
Ra bAy … …n … nn Hr xAw.f iwty nw.f iri.n pri
Ré (o dotado de) ba… o sem par, não há outro como ele. Ele fez o cereal.
116
tHn xpr(w) … Itn smsw nsw rxyt
Brilhante de formas … o disco solar, o mais velho, rei da humanidade,
Coluna J
117
sA Ra Imn… Htp HqA WAst… mn ….f …t …w nb HqA(w)
O filho de Ré, Amen-hotep, governante de Tebas… estável… senhor dos governantes
118
… … … Ds.f
… … … ele próprio.
Coluna K
119
Imn imnw … m… xnt… … aA nxtw nb Dt
O mais oculto dos ocultos… o que está à frente de … grande em força, senhor da eternidade
27
120
Imn-Ra WAsty Ts… ..n … ir.n.f
Amon-Ré, o tebano que junta … ele fez…
Coluna L
121
htp htp.f m Itn … … ..n n Hry-tp (n)HH
gracioso, quando repousa como o disco solar, grande… …o garante da continuidade.
122
Sanx Hr nb ..f ..tw wr HkAw
Que tudo faz viver … grande em magias
Coluna M
123
HqA WAst wsr HAw tm …f ..nb.f MAnw smsw nsw-bit(y) wr …tAwy
Soberano de Tebas de poderoso semblante, Atum … Manu, o mais velho, Rei do Alto e do Baixo
Egipto, grande … (senhor) das Duas Terras
124
mwt mwtw … … nb
Mãe das mães… senhor divino
Coluna N
125
inD Hr.k iri.n.ht nbt Hry mwt.f Htpi sAxw … …
saudações a ti, que fizeste todas as coisas, o que é superior a sua mãe58, o mais gracioso dos que
foram declarados akhu
126
(i)t (i)tw … nHH Dt
Pai dos pais… para sempre e eternamente.
58 A grafia correcta é .
28
Passagem para o pátio, lado sul, secção inferior, limite ocidental (Pl. XIX)
Na passagem para o pátio, lado sul, o morto está representado, ajoelhado e de mãos
erguidas, como no signo A4, , dwAt, «adoração». Dirigindo-se a Osíris, ao Sol nascente e aos
deuses da Duat, Kheruef entoa um hino (lns. 127-186).
Fig. 7 – Kheruef orando a Osíris (esq.) e entoando um hino ao sol nascente. Passagem para o pátio,
lado sul secção inferior, extremidade ocidental e extremidade oriental. WENTE, Edward F. op. cit.,
Pls. XIX-XX.
Hino a Osíris
127
rdit iAw n Wsir sn tA n Wnn-nfr in r-pat HAty-a
Executando uma adoração a Osíris e beijando a terra diante de Uenennefer59 pelo senhor e membro
da elite,
128
smr-aA n nb tAwy mH ib nTr-nfr sS-nsw wHmw-nsw tpy imy-r pr nt
Hmt-nsw wrt
grande amigo do senhor das Duas Terras, homem de confiança do deus perfeito, escriba real,
primeiro arauto do rei, mordomo da grande esposa real,
xrwf mAa-xrw Dd.f
Kheruef, justificado. Ele diz:
129
59 Wnn-nfr, «o que está sempre feliz», epíteto de Osíris.
29
inD Hr.k … (m) tA-Dsr nb Dby qAi (m) Atf aA nrw
Saudações a ti, … (na) Terra Sagrada, senhor dos dois cornos, alto na coroa atef, grande em terror,
130
Hry-tp (n)HH nb MAat Haw m Hmt.s
o que está à frente da continuidade, senhor da deusa Maet, rejubilando na Sua Majestade,
131
ist Hr st nsw.f wrt di.n.f nTrw iAw mAA…
como no seu grande trono. Os deuses prestaram-lhe louvor, ao ver(em)
132
(HDDwt) n Hr.f iw.n.f dwAw m hnw
(o brilho60) da sua face. Quando ele chegou, os habitantes da Duat (ficaram) em júbilo,
133
Hn.sn dhn.sn Hr tA sAw ib.k m nsyt.k
curvar(am-se até) tocar o chão com a testa e fizeram feliz o teu coração, no teu reinado.
134
HqAt.k smn Tr st n sA.k ¡r Hr nst.k tp tA iti.n.f
A tua soberania (foi) estabelecida e respeitada61 no lugar do teu filho Hórus, que está no trono sobre
a terra e se apoderou
tAwy m mAa-xrw
das Duas Terras, em triunfo.
135
sS-nsw imy-r pr xrwf mAa-xrw Dd.f inD Hr.k Wnn-nfr sA Nwt
O escriba real, o mordomo Kheruef, justificado. Ele diz: Louvores a ti, ó Uenen-nefer, filho de Nut,
136
60 No original está apenas: . A tradução proposta, sendo especulativa, parece adequada.
61 Ou tr, «respeitar».
30
iwa Gb nb fAw aA (m) Sft m ibw rmT
herdeiro de Geb, senhor da magnificência, grande em renome nos corações de povos,
nTrw Axw mwtw
deuses, bem-aventurados e mortos.
137
rdy(w) nrw(.f) m Ddw sxm.f m AbDw
Manifesto foi o (seu) terror62 em Djedu63 e o seu poder em Abdju64.
138
di.k aq.i pri.i ma mAatw
Permite que eu entre e saia com os justos,
139
wnyw m Smsw Hm.k
os65 que são companheiros da tua majestade
140
Snm xt Hr xAt.k m Xrt-hrw nt ra-nb
e alimentar-me das coisas que estão sobre a tua mesa de oferendas no decorrer do dia e de todos os
dias.
Hino ao Sol nascente
141
dwA Ratp dwAt (ax.f ) m Axt n pt in r-pat HAty-a imi ib @r nb ah
Adoração a Ré, de manhã (quando nasce) no horizonte do céu, pelo senhor e membro da elite, o que
está no coração do Hórus, senhor do palácio66,
142
62 O poder de Uenen-Nefer. 63 Busir, Abusir Banâ, cidade do Delta. 64 Abidos. 65 Lit., «os que existem, os seres humanos». 66 O favorito do rei.
31
imi-r pr Hmt-nsw wrt r wHmw-nsw tpy
o mordomo da grande esposa real e primeiro arauto do rei,
143
Xrw.f mAat-xrw Dd.f
Kheruef, justificado. Ele diz:
144
inD Hr.k Ra m wbn.k
Saudações a ti, ó Ré, quando nasces,67
145
Imn m Htp.f nfr xa.f psd.k Hr psd mwt.k xai
Amon no (teu) belo ocaso68. Tu nasces e brilhas sobre as costas da tua mãe69, aparecendo em glória
146
Ti m nsw n psDt iry nwt nyny n Hr.k
como rei da Enéade70. Nut presta homenagem diante da tua face
147
Hpt.tw MAat r- trwy
e abraça-te Maet continuamente,
148
nmi.k Hrt ib.k Aw mr nxAwy Xpr Htpw sbi
Atravessas o céu, com o teu coração em júbilo, o Lago das Duas Facas tornou-se pacífico, pois o
rebelde
67 No texto m wbn.f, «quando ele nasce». Deve tratar-se de um erro do escriba. 68 Reconstrução de Wente. Ver WENTE, op. cit., p. 36. 69 Sobre as costas da deusa Nut. 70 Os 9 deuses da cosmologia heliopolitana: Atum, Chu e Tefnut, Geb e Nut e seus descendentes. Estes são
Osíris e Isis e Hórus, filho de ambos, bem como Set e Néftis, o casal estéril. Amon apropriou-se da função
demiúrgica de Atum e superou os antigos princípios criadores que continuaram a ser cultuados.
32
149
Xr awy.f qAsw(y) Hsq n dmwt Tswt.f
foi derrubado, os seus braços foram amarrados e cortadas, pelas facas, as suas vértebras.
150
Dw mniw dnw m Hmtt.f xft x(fty)w.k Hr r nmt.sn
O maligno está amarrado e os seus passos (movimentos) restringidos, os teus inimigos foram
derrubados no lugar do seu massacre.
151
nTrw ibw.sn nDm mAA.sn.tw mandt wnn Ra
(Quanto aos) deuses, os seus corações estão alegres quando te vêem na barca da manhã e Ré
152
m mAaw m r-a (m)sktt ski.n.s pHy.s
com bom vento, junto a ti, continuamente.
153
DAi.k ptwy.k m mAa psDt.k xa. T(i) m-xt.k
Tu navegas pelo céu em triunfo e a tua Enéade aparece, diante de ti.
154
Xnm tw mwt.k Nwt sw(A)D.ti r r-awy.k sf
Tua mãe, Nut, enlaça-te, quando te fazes florir no teu lugar de ontem
155
sS-nsw wHm(w)-nsw tpy imy-r pr Hmt-nsw wrt Xrwf maA-xrw Ds.f
O escriba real, o primeiro arauto do rei, o mordomo da grande esposa real, Kheruef, justificado, ele
diz:
156
dwA.itw nfrw.k m Hr.i xpr Axw.k Hr Snbt.i
33
Adoro-te, a tua beleza está à minha vista e a tua luz (solar) está sobre o meu peito71.
Passagem para o pátio, lado norte, extremidade ocidental
Fig. 7 – Passagem para o pátio, lado norte, extremo ocidental. Kheruef dirige-se aos deuses da
Duat: WENTE, Edward F. op. cit., (Pl. XXI).
Discurso de Kheruef à entrada do mundo dos mortos, (Pl. XXI)
Coluna 1
157
… … … n nb tAwy…
… … … do senhor das Duas Terras …
Coluna 2
158
… … … n nb tAwy… … … … Nfr-xprw-Ra wa-n-Ra … … …
… … … do senhor das Duas Terras … Neferkheperuré- Uaenré …
Coluna 3
159
… … … n r-pat HAty-a smr-wa tkn nb.f mn Hswt xr nb tAwy…
… …
71 Snbt, «peito».
34
… … …o senhor e membro da elite, amigo único, que tem acesso ao seu senhor, estável no
favor do senhor das Duas Terras… …
… … … (Xrw.f mAat-xrw) Dd.f
… … … ( Kheruef, justificado. Ele diz: )
160
… … … sA pwy tp n Gb
… … … este (filho) primogénito de Geb72.
Coluna 4
161
… … … smsw aA n it.f wr nTrw 5 pri m Nwt
… … … o grande primogénito de seu pai, o mais poderoso dos cinco deuses que saíram de Nut
162
HA aA (nty) imi … … … wHmw-nsw tpy sS-nsw … .
Ha73 o grande, (que) está em … primeiro arauto do rei, escriba real …
… … … (Xrw.f mAat-xrw) Dd.f
… … … ( Kheruef, justificado. Ele diz: )
Coluna 5
163
ii n m ih(h)y r Dd m dAt sA Ast
Eu vim em júbilo, para dizer na Duat: − O filho de Ísis
164
iwa (Wsir) … … … (pt tA) r nHH Hr st Hr.f
e herdeiro de Osíris… … … (o céu e a terra estão) para sempre (dizer duas vezes) a cargo dele74.
72 No original está . 73 Ha é o deus dos grandes espaços, como desertos e oásis. No seu papel de senhor do deserto, defende o
Egipto de invasores. Ver Sales, As divindades egípcias, p. 212.
35
Coluna 6
165
ii n m ih(h)y r HAt iswt wnn imyw m Smsw Hr
Eu vim em júbilo, à frente da (divina) tripulação que pertence à comitiva de Hórus
166
… … … (G)b ip. n.f tA r Xr xt.f
… … … ( Ge)b atribuiu-lhe a terra, como sua propriedade
Coluna 7
167
ii n m ih(h)y n Wnn-nfr (m-sA) stA skry hrw ib.f
Eu vim em júbilo até Uenen-nefer (depois) de Sokar ser transportado no dia da sua festa
168
sA.f Hr xft(y) (wbn).f xr.n.f (m HAt.f)
Quanto a Hórus, seu filho, o inimigo do seu nascimento75 (tombou) diante dele.
169
Ra Ds.f Dd.f irtw
Disse o próprio Ré e (assim) foi feito.
Coluna 8
170
ii n m ih(h)y n Wsir ma.n.i Dw qd xr
Eu vim em júbilo a Osíris, porque vi tombar «o de mau carácter»,
171
Xnm Hr HDt dSrt (nsyt) Gb
74 Esta tradução segue a de Wente, ver WENTE, op. cit., p. 38.
Pode fazer-se uma tradução alternativa: sA Ast iwa hDt, «filho de Isis e herdeiro da coroa branca».
Neste caso, o céu e a terra estariam a cargo deste herdeiro que é Hórus. Seguindo a tradução de Wente,
estariam a cargo de Osíris, o pai.
75 Lendo como determinativo de , muitas vezes escrito wbn, «o erguer do Sol».
36
Hórus unir a coroa branca (do Alto Egipto) e a coroa vermelha (do Baixo Egipto) e a (soberania) de
Geb
mAa ti n nb.f
foi oferecida ao seu senhor.
Coluna 9
172
ii n m ih(h)y n nb imnt snDm ib imyw.f dw pt tA
Eu vim em júbilo até ao senhor do Ocidente, para dar prazer aos que estão com ele.
Dw pt ta n Hr
O céu e a terra foram dados a Hórus
173
wn.i Hr nhm hrw xaa(w).f
e eu estive a rejubilar no dia do seu aparecimento em glória.
Coluna 10
174
ii n m ih(h)y n HqA dAt
Eu vim em júbilo até ao governador da Duat
175
Ink wa tpy n dpt aHaw iw nhm.ni
Eu estava só, na posição de comandante da barca e lancei um grito de guerra
176
Xft iswt Hdb n rxs(.n. f) Hr XAk(-ib).nw.f
na presença da tripulação (divina), quando Hórus tomou o seu lugar e massacrou o que se rebelara
contra ele
Coluna 11
177
37
ii n m ih(h)y n http nsw nTrw n Hr tnTAt
Eu vim em júbilo até ao rei dos deuses para fazer uma oferenda a Hórus, (que estava) no estrado,76
178
mn bit(y) arq ( ink m) Hai… … … … mAa ti nb wa
valoroso rei do Baixo Egipto. (Eu estava) inclinado (em júbilo) … quando foi oferecida ao senhor
único.
nTrw ibw.sn nDn(w)
Quanto aos deuses, os seus corações estavam felizes.
Coluna 12
179
ii n m ih(h)y n aSAw rnw
Eu vim em júbilo até àquele que tem muitos nomes (Osíris)
180
Ssp.n.i Htt dpt-nTr Sms.n.i
Empunhei a corda da proa da barca divina e acompanhei-(a até…)
181
… … … r pqr (m) hrw pn n mAa wH(w) mAa-xrw
… … … à entrada de Peker77 no mesmo dia de receber a faixa e de ser justificado.
Coluna 13
182
ii n m ih(h)y n nTrw-5 mA.n.i Swty m tp Mnw
Eu vim em júbilo até aos cinco deuses, porque vi as plumas duplas sobre a cabeça de Min
183
nis.i Hknw tp xtyw iTi n Hr idbwy
e recitei louvores no terraço (enquanto) Hórus tomava posse das Duas Margens78
76 Estrado sobre o qual se erguia o trono do rei. 77 Recinto do domínio de Osíris, em Abidos. 78 O Egipto.
38
Coluna 14
184
ii n m ih(h)y n nTr niwt(.i) Wsir HqA Dt
Eu vim em júbilo, até ao deus da minha cidade, Osíris, governador da eternidade,
nb nty wn(n) n.f iwty
senhor do que existe nele e do que não existe.
185
di.k pr wHmw-nsw tpy Xrw.f mAat-xrw r mAA Itn wbn.f
permite que o primeiro arauto do rei − Kheruef, justificado − saia para ver o disco solar erguer-se
186
nn xsf nn Sna.f Hr sbAw 4 nb nw dAt
sem (sofrer) oposição nem ser repelido em nenhum dos quatro portões da Duat.
Passagem para o pátio, lado norte, secção inferior, extremidade ocidental.Hino ao Sol
nascente, (Pl. XXII)
Parece tratar-se de uma versão abreviada do «Hino ao Sol poente» que está gravado no
vestíbulo, lado norte (Pl. VII). Manteve-se, de acordo com a reprodução de Wente, a integridade do
texto inicial, fazendo no entanto as necessárias alterações, quando elas se justifiquem.
187
Dwa Ra htp.f m anx m Axt imntt nt pt
Adoração de Ré, no seu ocaso, em vida no horizonte ocidental do céu
188
i.i n rpat HAty-a smr-wa tkn m nb.f
Pelo dignitário, príncipe, amigo único, o que se aproxima do seu senhor
189
imi ib ¡r nb aH wHmw-nsw tpy imy-r pr xrwf mAa-xrw Dd.f
39
o que está no coração do Hórus, senhor do palácio, o primeiro arauto do rei, o mordomo79 Kheruef,
justificado. Ele diz:
190
inD Hr.k Hry-tp (n)HH Xnm.n.k Axt pt iw.k xai.ti
Saudações a ti, líder da continuidade! Tu atingiste o horizonte do céu e apareces em glória
191
m gs imntt m Itm imi m mSrw
no lado do ocidente como Atum, o que está no crepúsculo.
192
ii.ti m sxm.k nn rqy.k
Tendo chegado com o teu poder e (já) não existe o teu inimigo80.
193
Hk(A).k Hr pt m Ra sAH.k pty.k nDm- ib
Tu governas sobre o céu, como Ré e aproximas-te dos teus dois céus81 com o coração dilatado
(alegre).
194
Xsry.n.k HAti Snyt
Tu afastaste as nuvens e a tempestade
195
Ah.k m Xt mwt.f Niwt it.k Nwnw
Tu desces no ventre de tua mãe Niut82 e teu pai, Nun,
196
79 No sentido de governador da casa civil. Da rainha, no presente caso.
80 Como se vê na figura o signo D 41 é seguido por um outro, representando uma serpente cortada
por facas, o qual não faz parte da classificação de Gardiner. Trata-se de uma alusão à serpente Apep e à luta
que, todas as noites, ela trava com a barca de Ré. O nascimento de cada novo dia é uma prova da vitória do
deus. Como este signo específico não é parte integrante da palavra rqi abstivemo-nos de o pôr no texto. 81 O céu deste mundo e o céu da Duat. 82 O céu inferior. Ver FAULKNER, op. cit., p. 125.
40
Hr irt n dwA nTrw MAnw m hnw
presta (-te) homenagem. Os deuses de Manu estão em júbilo
197
imiw dwAt m Haawt mAA.sn nb.sn … …
e os (deuses) que estão na Duat rejubilam ao verem, o seu senhor … …
198
… … … Stw.tw baw Imntw wAt imi tA-Dsr
… … … tu és puxado pelos bau do Ocidente (ao longo do) caminho que está (na) terra sagrada,
199
… … … nnyw di.k Ax m-ma Ssmw.k
… … … os inertes(= os mortos83). Permite que se transforme num akh pertencente à tua
comitiva.
Passagem para o pátio. Inscrições do tecto, Pl. XXIII.
Fig. 8 – Passagem para o pátio, Inscrições do tecto. WENTE, Edward F. op. cit., Pl. XXIII.
Texto do sul
200
83 De acordo com o determinativo A7. A grafia correcta é .
41
Dd-mdw in sS-nsw imy-r pr Xrw.f mAat-xrw
Palavras ditas pelo escriba real, mordomo Kheruef, justificado
201
nTrw Hsbw di. tn Hr n mAat Ssp.tn.i
Ó cômputo84 dos deuses, dai atenção a um que praticou a maet e recebei-me.
202
nn ir Dwt nn irt Snwt wrwt n nsw n (sic)
Eu não pratiquei o mal nem fiz grandes magias (= magia negra) contra o rei
203
Ink bAk mri nb.f i Hmt.f rdiw.i
Sou um servo amado pelo seu senhor e por Sua Majestade fui enviado.
Texto do centro
204
Dd-mdw n wHmw-nsw tpy imy-r pr Xrw.f mAat-xrw
Palavras ditas pelo primeiro arauto do rei, o mordomo Kheruef, justificado
205
i sbA tp im n dAt mri.f aq
Ó primeiro portão da Duat, ele deseja entrar
206
bwt.f prt wn n.i i.n.iXr mAat
a sua abominação é a retirada, abre para mim. Eu vim sob o signo da maet …
Texto do norte
207
84 De Hsb, «contar».
42
Dd-mdw n xrp-aH sS-nsw imy-r pr Xrw.f mAat-xrw
Palavras ditas pelo administrador do palácio, o escriba real, o mordomo Kheruef, justificado:
208
i nTrw nbw n dAt DADAt imiwt tA-Dsr
Ó vós, todos os deuses da Duat, (divinos) magistrados85 que estais na «terra sagrada»86,
209
sar.tn xrw.i n nb (n)HH …
apresentai o meu clamor ao senhor da eternidade …
Texto oriental, lado sul
210
Di.n. Ra Ax m pt n wHmw-nsw tpy Xrw.f mAat-xrw
Ré concedeu (o estatuto de) bem-aventurado ao primeiro arauto do rei, Kheruef, justificado.
211
di.n.Gb wsr m tA n xrp-aH sS-nsw imy-r pr Xrw.f mAat-xrw
Geb concedeu o poder na terra ao administrador do palácio, o escriba real, o mordomo (Kheruef,
justificado).
Inscrições no tecto do pórtico ocidental, (Pl. LXIV)
A
212
htp di nsw …
Uma oferenda que o rei faz a …
B
213
… … … sDmiw nTrw nw tA–Dsr swAS nTr Hr st wrt (sn) tA n Wnn-nfr
85 A grafia normal é DADAT, «magistrados». Note-se que, no texto, o determinativo representa
um deus, daí a tradução por «divinos magistrados». 86 A necrópole
43
… … … os deuses que são juízes da «Terra Sagrada», exaltando o deus no grande trono e
beijando na terra a Uenen-Nefer,
214
nSpt xt m TAw fdw pryw m Xt Niwt
inalando as coisas que estão nos quatro ventos, saídos do corpo de Niut,
Fig. 9 − Inscrições no tecto do pórtico ocidental.WENTE, Edward F. op. cit., Pl. LXIV.
215
prt m bA anxy r Ssp diwt Hr abA
para receber o que está sobre a pedra das oferendas.
216
n kA n r-pat HAty-a Ax-ib n nsw mty n bit(y) ir n iqr.f …
Pelo ka do senhor e membro da elite, sempre disposto a servir o soberano, leal ao rei do Baixo
Egipto. A sua excelência (levou-o ao lugar que ocupa).
B
217
Htp di nsw PtH-Sqr-Wsir nTr aA Hr(y)-ib(y) STyt
Uma oferenda que o rei faz a Ptah-Sokar-Osíris, o grande deus residente em Chetyet87
87 Santuário do deus Sokar, em Mênfis.
44
218
di.f prt m tA m Sms(w) Hm.f hrw pn n dbn inbw
para que ele permita a saída na terra, (integrado) na comitiva de Sua Majestade, neste dia de fazer o
circuito das paredes.
219
Ssp.k tHnt Hai.k im.s
Recebe faiança e rejubila com ela.
220
HDw di(.n.tw.k) r xx.k Di.n.tw.k
Foram oferecidas cebolas para a tua garganta, foram-te oferecidas
221
sSdw m insy m sfxw n Wnn-nfr
faixas de tecido vermelho vivo, dos trajes de Uenen-Nefer
di.n.tw.k Sbw wabw
e foram-te oferecidos alimentos puros
222
n kA n r-pat HAty-a smr-wa tkn m nb.f
Pelo ka do senhor e membro da elite, o amigo único que se aproxima do seu senhor
223
aq r ah pri Xr Hswt
que entra no palácio e sai (dele) em favor
hrwt Hr prw n r.f
e fica-se contente com aquilo que sai da sua boca (= as suas palavras).
224
45
wHmw-nsw tpy imy-r m Hmt nsw wrt n pr Imn (Naa) Ddt n.f Xrw.f
O primeiro arauto do rei, o superintendente da grande esposa real no domínio de Amon, (Naá) dito
Kheruef.
C
225
htp di nsw Wsir HqA Dt nTr aA nsw n nb (n)HH
Uma oferenda que o rei faz a Osíris, governante da eternidade, deus grande, rei e senhor da
eternidade,
226
di.f rwd XAt Xr(t)-nTr bA r pt r mAA itn
para que ele permita que o cadáver floresça na necrópole (enquanto) a ba vai em direcção ao céu
para contemplar o disco solar
227
Sqdi.f m manDt wn.f im m Smsw Ra
quando ele navega na barca da manhã, para que eu possa estar lá, na comitiva de Ré
228
mdw.n.f bAw mnxw di.sn n.f nst m wiA
e que os benéficos bau lhe concedam um assento na barca sagrada
Xnm.f st n mAatyw
e reunir-se ao lugar dos justos.
229
n kA n r-pat HAty-a sdAwty bit(y) smr-wa wr wrw
Pelo ka do senhor e membro da elite, tesoureiro do rei do Baixo Egipto, amigo único o maior dos
grandes,
230
saH smrw sr m-Hat rx(y)t Sndyt nbt Xr st Hr.f
46
o dignitário dos companheiros88, o oficial que está à frente do povo, todos os saiotes estão debaixo
da sua supervisão …
231
… …. …sS nsw n mAa mri.f wHmw-nsw tpy Xrw.f
… …. … verdadeiro escriba do rei e seu amado, primeiro arauto do rei, Kheruef.
Inscrições do tecto do pórtico ocidental (Pl. LXV)
Fig. 10 − Inscrições no tecto do pórtico ocidental.WENTE, Edward F. op. cit., Pl. LXV
A
232
imAxy xr msti Wsir sS nsw imy-r pr Xrw.f
O venerável fala a Imseti89, o Osíris escriba real, o mordomo Kheruef, justificado
88 A fórmula correcta seria saH saHw, «dignitário dos dignitários», um título da corte. Ver BONNAMY et
SADEK, Dictionnaire des Hiéroglyphes, p. 522. 89 As vísceras eram retiradas do cadáver no decorrer das operações de mumificação e guardadas em quatro
vasos, geralmente de alabastro e que comummente se designam por «vasos de vísceras». No túmulo de
Tutankhamon foi encontrada uma caixa contendo um conjunto destes vasos cujas tampas representam
provavelmente a cabeça de Kia ou de uma rainha que governou depois da morte de Akhenaton e antes da
coroação do seu jovem filho. No acervo textual do túmulo de Kheruef, que é claramente anterior, a referência
a Imseti, evoca um outro tipo de vasos, cujas tampas representavam os filhos de Hórus. Foi este modelo que
se veio a tornar clássico. Os seus conteúdos e divindades associadas constam do quadro seguinte:
Conteúdo
Deuses tutelares Tampa Deusas funerárias
Pulmões Hapi Babuíno Néftis
Fígado Imseti Homem Ísis
Estômago Duamutef Canídeo Neit
Intestinos Kebehsenuef Falcão Serket
47
B
233
imAxy xr Hpy Wsir sS nsw imy-r pr Xrw.f
O venerável fala a Hapi, o Osíris escriba real, o mordomo Kheruef, justificado.
C
234
Htp di nsw Imn nb nswt n tAwy nb nTry xpr Ds.f
Uma oferenda que o rei faz a Amon, senhor dos tronos das Duas Terras, deus divino que veio à
existência ele próprio
235
Hr(y)-tp ir n xt-nbt pri m Nwnw Xay m Itn
à cabeça de tudo o que existe90, que saiu do Nun e apareceu em glória como Aton,
pAty kA psDt
o (deus) primordial91, o touro da Éneade,
236
di.f sbit aHaw Xr wAD snb
para que ele conceda uma passagem de tempo de vida, em prosperidade e saúde,
237
m Hst nt nTr nfr Ssp iAw m pr nsw Hr irt snsw n kA.f
no favor do deus perfeito, e atingir a velhice na casa do rei(= o palácio), fazendo adoração do seu ka
238
smA tA m Dsrw imnty m hAw n nb nTrw
e a união com a terra dos sagrados ocidentais, na vizinhança do senhor dos deuses.
SALES, José das Candeias, As divindades egípcias, p. 356; SOUSA, Em busca da imortalidade no Antigo
Egipto, p. 84; Ver ARAÚJO, «Vasos de Vísceras», em idem (dir.) Dicionário do antigo Egipto, pp. 862-863.
90 Considerando como uma forma sucinta de xt-nbt, « todas as coisas, tudo o que existe».
91 De pAt, «antiguidade, tempos primevos».
48
239
n kA n r-pat HAty-a
Pelo ka do senhor e membro da elite,
240
Hry sStA n pr nsw
o que está nos segredos do palácio92,
241
imy-ib mdw m waa tw wpi.n.f Hr ib.f
do favorito que fala em privado (com o rei) e a quem o Hórus (= o rei) abriu o seu coração,
242
wHmw-nsw tpy imy-r m Hmt nsw wrt n pr Imn
do primeiro arauto do rei, o superintendente da grande esposa real no domínio de Amon,
Imn (Naa) Ddt n.f Xrw.f
(Naá), dito Kheruef.
Abertura da porta de passagem para a primeira sala hipóstila. O rei e a rainha estão diante de
um deus e de uma deusa, (Pls. LXVII- LXIX).
92 Fórmula reduzida de Hr(y) sStA, «o que está no segredo do palácio».
49
Fig. 11 − Porta de passagem para a sala hipóstila.WENTE, Edward F. op. cit., Pl. LXVII.
Inscrição lateral esquerda.
Coluna 1
243
htp di nsw Imn xnt Dsrt di.f mAA nfrw.f xft wbn.f
Uma oferenda que o rei faz a Amon, diante de Djseret93, para que ele lhe permita contemplar a sua
beleza quando nasce
244
m iw.f m Ipt-swt m Hbw.f m Dsr-Dsrw
e vem de Ipet-sut94, na altura dos seus festivais, até Djeser-djesru95
245
n kA n r-pat HAty-a sDAwt(y)-bit(y) m wsxt n Gb sS-nsw Xrw.f mAa-
xrw
Pelo ka do senhor e membro da elite, tesoureiro do rei do Baixo Egipto no tribunal de Geb96, o
escriba real Kheruef, justificado.
Coluna 2
246
htp di nsw Ra-HrAxty aq m Dw.f n mAawt
Uma oferenda que o rei faz a Ré-Horakhti para que ele permita a entrada na sua montanha dos
justos,
247
sqdwt m-HAt sbAw wnnyw Hr pri r pt
a navegação97 em face das estrelas com os que existem98 e sair em direcção ao céu
93 De acordo com Wente, Djeseret referir-se-ia a Deir el-Bahari, no seu todo, WENTE, op. cit., p. 68, nota a).
94 ipt-swt, «O mais selecto dos lugares», nome do templo de Karnak.
95 Dsr-Dsrw, «O mais sagrado, O Santo dos santos», nome do templo de Hatchepsut em
Deir el-Bahari. 96 Geb presidiu ao tribunal divino que julgou a disputa entre Hórus e Set, a respeito da sucessão no trono do
Egipto, acabando por decidir a favor do filho de Osíris. Ver SALES, As divindades egípcias, p. 118.
50
248
n kA n r-pat HAty-a smr-wa rdw st sS-nsw Xrw.f mAa-xrw
Pelo ka do senhor e membro da elite, amigo único do rei nos degraus do trono, o escriba real
Kheruef, justificado.
Coluna 3
249
htp di nsw xpry imy (m)sktt di.f xprw baHi Hr tA
Uma oferenda que o rei faz a Khépri, que está na barca da manhã, para que ele conceda as
transformações, bem provido sobre a terra
250
m xprw nb mri.f Ssp wArt Dpt nTr r-gs nTr-aA
em todas as formas que ele deseje e receber a corda de amarração da barca divina, ao lado do deus
grande.
251
n kA n r-pat HAty-a imy-ib Hr m pr.f sS-nsw Xrw.f mAa-xrw
Pelo ka do senhor e membro da elite, o favorito do Hórus no seu palácio, … o escriba real Kheruef,
justificado.
Coluna 4
252
Htp di nsw Itm nb Hay m MAat
Uma oferenda que o rei faz a Atum, o senhor que exulta em Maet
253
di.f Ax kAwt n ir.sy bA n pt XAt n dAt
para que ele permita que o trabalho seja útil para aquele que o efectua, estando o ba no céu e o
cadáver na Duat
254
pri m tA r mAA Itn mi-sxr.f n wn(.f) tp tA
97 Normalmente grafada como sqdwt, «navegação». 98 Os justos, os que vivem depois da morte, em recompensa dos seus méritos.
51
e sair na terra para ver Aton, tal como fazia quando estava sobre a terra
255
n kA n r-pat HAty-a imy-r pr Hmt-nsw wrt (Tiy sS-nsw Xrw.f mAa-xrw)
Pelo ka do senhor e membro da elite, mordomo da grande esposa real, (Tié
o escriba real Kheruef, justificado).
Coluna 5
256
Htp di nsw Wsir xnt (y) imnty di.f Htp Hr abA nb TA Dsr
Uma oferenda que o rei faz a Osíris, o que está à frente dos ocidentais, para que ele lhe permita ficar
satisfeito com (o que vem) da pedra (de oferendas) do senhor da «terra sagrada»
257
smA xt Hni wrw mi ir.f n mAaty Hr tA
e partilhar as coisas fornecidas aos poderosos, tal como é feito para os justos que estão sobre a terra
258
Sxnt nsw n wrw r.f Xrp-aH nsw xrw.f mAa-xrw
que o rei promoveu sobre os que eram maiores que ele, o administrador do palácio real, Kheruef,
justificado
Coluna 6
259
Htp di nsw … … … … (di.f sw TAw nDm mHyt)
Uma oferenda que o rei faz a … (para que ele lhe conceda a doce brisa do vento norte),
260
Sw(r)i m sp(y)t Hr xAw ssnt snTr antyw Hr sDt m-bAH Wnn-nfr
beber (água) do que resta no suporte das oferendas e inalar o incenso e a mirra sobre a chama, na
presença de Uenen-nefer
261
n kA n r-pat HAty-a Hri r nb tAwy Hr bit.f sS-nsw Xrw.f mAa-Xrw)
Pelo ka do senhor e membro da elite, o senhor das Duas Terras está contente com o seu carácter, o
escriba real Kheruef, (justificado).
52
Abertura da passagem para a primeira sala hipóstila, parte inferior, ombreira sul.
Títulos de Kheruef, (Pl. LXX)
Fig. 12 − Abertura da passagem para a primeira sala hipóstila, parte inferior, ombreira sul.
Títulos de Kheruef.WENTE, Edward F. op. cit., Pl. LXX.
262
r-pat HAty-a sDAwty-bit(y) tkn m nb.f
O senhor e membro da elite, tesoureiro do rei do Baixo Egipto que tem acesso ao seu senhor
263
rdwy n nb tAwy wa n nsw n.s mty n.f iwn nsw(t) nt pr nsu(t) Sms
nsw m Hbw-sd
o que está de serviço junto do senhor das Duas Terras, o único do rei, um que é leal para com ele.
264
iwn nsw(t) nt pr nsu(t) Sms nsw m Hbw-sd tpy iAwt mn sxm aH
pilar do rei no palácio, o que acompanha o rei nos jubileus. O primeiro a ser provido no cargo de
administrador do palácio
265
Ssp.n.f ssf(w).f Hbs(w) nw sSr-(nsw) wAD(w)
quando recebeu vestes sesefu e trajes de fino linho verde99
99 O termo ssfw refere-se a uma categoria não especificada de vestuário. Ver BONNAMY et SADEK,
Dictionnnaire des Hiéroglyphes, p. 585. O linho fino ou «real» era produzido em oficinas reais como a
existente no harém real de Abu Gurob.
53
m Hbt Xni n msktt
no ritual de «remar na barca nocturna» (do Sol)
266
imy-r pr (n) Hmt-nsw wrt mrt.f Tiy anx ti
mordomo da grande esposa real, amada por ele (o rei) Tié − que viva !−
267
sS-nsw mAa mri.f Ssp H(tpw) nTryw …
o verdadeiro escriba real, amado por ele (o rei), que recebe as oferendas divinas …
268
… … … ( Xrw.f mAa-Xrw sA sS n mSa) n nb tAwy
… … … (Kheruef justificado, filho do escriba do exército) do senhor das Duas Terras
Siqd mAa.Xrw
Siked100 justificado.
Abertura da porta de passagem para a sala hipóstila, parte superior da ombreira norte, (Pl.
LXXI). Textos de oferenda e títulos de Kheruef
Coluna 1
269
Htp di nsw (n) PtH … … … … … Sms …
Uma oferenda que o rei faz a Ptah … … seguir …
270
... … (imy-r pr) n (Hmt)-nsw (wrt) … … … … … (sS-nsw Xrwf
mAa-Xrw)
… … (mordomo) da (grande esposa) real … … (o escriba real Kheruef, justificado).
100 O que significa «um homem de carácter».
54
Coluna 2
271
Htp di nsw Inpw … … … … … … di.f DAt
Uma oferenda que o rei faz a Anúbis … … para que ele conceda a travessia
272
… … … mAA … … … xAw.f (n kA n) r-pat HAty-a
… … … ver … … …suas gloriosas aparições, (pelo ka do) senhor e membro da elite,
273
imy-r sDAwt nw pr nsw Xrp-aH … … … ( sS-nsw Xrwf mAa-Xrw)
o superintendente dos tesouros do palácio e administrador do palácio … … (o escriba real
Kheruef, justificado).
Fig. 13 − Abertura da porta de passagem para a sala hipóstila, parte superior da ombreira norte.
Textos de oferenda e títulos de Kheruef. WENTE, Edward F. op. cit., Pl. LXXI.
Coluna3
274
Htp di nsw Wp-wAwt Smaw sxm tAwy (di.f)…
55
Uma oferenda que o rei faz a Uepuauet do Alto Egipto que tem poder sobre as Duas Terras (para
que ele dê) …
275
(Sxt-iA)rw … … … … sAH sxt-Htp
(n)o «Campo dos Juncos» … …e uma atribuição de terras no «Campo das Oferendas»
276
n kA n r-pat HAty-a tp(y) m qdwt pr-nsw
pelo ka do senhor e membro da elite, o primeiro dentro dos limites101 do palácio
sS-nsw Xrw.f mAa-Xrw
o escriba real Kheruef, justificado
Coluna 4
277
Htp di nsw Mnw nb Ipw di.f snm xt irw Hsst
Uma oferenda que o rei faz a Min, senhor de Ipu102 para que ele permita o consumo das oferendas,
depois de celebrados os ritos
m Hbt nt imnyt
(que fazem parte do) ritual das oferendas diárias.
278
n kA n r-pat HAty-a m-HAt sAb Snyt Xrp-aH
Pelo ka do senhor e membro da elite que está à frente dos cortesãos, o administrador do palácio
Xrw.f mAa-Xrw
Kheruef, justificado.
Coluna 5
279
101 qdwt significa «o contorno de um desenho, o traçado». Daí a tradução que foi feita e difere da de Wente.
Ver WENTE, op. cit., p. 69. 102 Akhmin, capital do nono sepat do Alto Egipto, cujo deus local era Min.
56
Htp di nsw DHwty nb Iw-Xrt di.f Ax m sxt mni
Uma oferenda que o rei faz a Tot, senhor de Igeret para que ele permita (que se trans-forme em) akh
quando for apanhado pela morte103
280
bA n pt XAt n dAt nn skt xr Dt
com o ba no céu e o cadáver na Duat, sem perecer com a eternidade.
281
n kA n r-pat HAty-a stp n nsw n xnt tA pn sS-nsw Xrw.f mAa-Xr
Pelo ka do senhor e membro da elite, escolhido pelo rei, diante desta terra, o escriba real Kheruef,
justificado.
Coluna 6
282
Htp di nsw Hwt-Hr tp smt di.s iw pr
Uma oferenda que o rei faz a Hathor, senhora da necrópole, para que ela permita ir e vir…
283
Xnm,f Hwt.f nt Xr(t)-nTr snsn.f nbw Xr-aHA
Penetrar na sua casa da necrópole e associar-se aos senhores de Kherâha104.
284
n kA n r-pat HAty-a wa mdw n rxyt pn Xrp-aHXrw.f mAa-Xrw
Pelo ka do senhor e membro da elite, o único «bordão105 do povo», o administrador do palácio,
Kheruef, justificado.
103 É uma tradução possível, considerando a deterioração do original. Akh corresponde á ideia cristã de «bem-
aventurado». Usou-se, em seguida, o termo sHt, «apanhar na rede (um pássaro)» que não deixa de
ser uma boa alegoria da morte. 104 Lugar mítico onde se defrontam Atum e as forças do caos bem como Hórus e Set. É designado por
Babilónia pelos autores antigos. 105 No sentido de «apoio, protector».
57
Abertura da porta de passagem para a primeira sala hipóstila, parte inferior do umbral norte,
(Pl. LXXII). Títulos de Kheruef.
Fig. 14 − Abertura da porta de passagem para a sala hipóstila, parte inferior do umbral. Títulos de
Kheruef. WENTE, Edward F. op. cit., Pl. LXXI.
285
r-pat HAty-a wr-wrw xrp-xrpw sr m HAt Spsw-nsw
Senhor e membro da elite, «grande dos grandes», director dos directores, magistrado à cabeça dos
nobres do rei
286
Dd tw n.f ntt m ib n wr n mnx.f Hr ib saA n nsw SmAw
A quem Um(=o rei) diz o que está no coração, de tal modo ele é influente junto (do rei),
287
saA n nsw sxnt n bit(y)
a quem o rei do Alto Egipto fez grande, o rei do Baixo Egipto promoveu
288
58
nb tAwy kA.f hr nmtt mar Ssp
e o senhor das Duas Terras fez gradualmente a sua fortuna. Homem de sucesso nas suas
realizações106,
289
Tmm r Sw bin m snm ns
(sabendo manter a) boca fechada e abstendo-se de alimentar a má-língua e
290
pri m-bAH Xnm.f Hswt m pr n imy aH
saindo da sua (real) presença para ser objecto de favores na casa daquele que está no palácio (o rei).
291
sS-nsw mAa mr.f imy-r pr Hmt-nsw wrt Xrw.f mAa xrw
o verdadeiro escriba real, seu amado, o mordomo da grande esposa real Kheruef, justificado,
292
ms nsw-Xkrw Hsyt n Ast mwt nTr nbt-pr Rwiw mAat-xrw
nascido do «ornamento real», a cantora de Ísis – a mãe do deus – Ruiu, justificada
Passagem para a primeira sala hipóstila, parede sul, Pl. LXXII.
106 Lit. «ter o sucesso na palma da mão».
59
Fig. 15 − Passagem para a primeira sala hipóstila, parede sul. A cena foi praticamente destruída.
WENTE, Edward F. op. cit., Pl. LXXII.
É possível discernir uma referência à mãe de Kheruef:
293
(mwt.f mrt.f Smayt nt Imn) Rwiw mAat-xrw
(a sua mãe, sua amada, a cantora de Amon) Ruiu, justificada107
O texto que acompanha as duas figuras é um hino ao Sol nascente
294
dwA Ra xtf wbn.f Imn ¡r-Axty i(n sS-nsw mAa
Adoração a Ré, quando ele nasce e a Amon-Horakhti
295
i(n sS-nsw mAa mri).f imy-r pr Hmt-nsw wrt Tiy
(pelo verdadeiro escriba real) seu (amado), o mordomo da grande esposa real, Tié
Xrw.f mAat-xrw Dd.f
Kheruef, justificado. Ele diz:
296
107 Reconstrução de Wente. Ver WENTE, op. cit., p. 70.
60
inD Hr.k wbn.t(i) (m xpri xpr xpr)w
Salvé a ti, tendo nascido (como Khépri que vem à existência nas suas manifestações.108)
297
Twt mswt nb r-Dr (m) Hry-ib wiA.f Hry-pt nst.f
De nascimento perfeito, senhor de tudo o que existe, o que está no meio da sua barca, o que está no
seu assento
m (m)sktt aA xaw mandt
na barca da noite e é grande na barca da manhã.
298
… … … DHwty wbn.f (sHtp.f m) sAt.f MAat
… … … Tot, quando nasce e (o apazigua com) sua filha Maet
snsw n imiw hrttw
e a adoração dos que estão em júbilo109.
299
nTrw nb Haaw.sn im.f pri.m sxm.f
Todos os deuses rejubilam com ele, quando sai com o seu poder,
dr Dw-qd
expulsando «o de mau carácter110»
300
(rSw)t m imyw-xtw.f
(há) alegria nos que o acompanham,
108 Reconstrução de Wente. Ver WENTE, op. cit., p. 71, notas c) e d). 109 Os babuínos que saúdam o nascer do Sol. 110 A serpente Apópis.
61
m hry hn(w) iswt.f
está alegre e em júbilo, a sua tripulação111.
301
sS-nsw mAa mri.f Xrw(.f mAa-xrw) Dd.f
O verdadeiro escriba real seu amado, Kheru(ef, justificado), ele diz:
302
(inD Hr.k it nTrw) … … … … (sHb) tA
(Salvé a ti, pai dos deuses) … … … que fazes a terra festiva
303
m Axwt iart.f pri m nt nwnw Hai m Hr pt
com o brilho solar da tua uraeus, ao sair do Nun e aparecer em glória no céu
304
… … … (di.k n).i( mAA.i nfrw.f)
… … …( para que tu me permitas contemplar a sua beleza112)
m Hknw Hss TiA
com louvores, cântico(s) e um grito de alegria,
305
Xnm.i m st wrt r Ssp.i Htpt
juntar-me no lugar poderoso para receber as oferendas de alimentos
306
prt m-bAH Hr a iwt-nTr
que vêm da presença (divina) sobre a mão dos «pais-divinos» e
307
snm.i Sns iwa pr.sn xr r(w)d Sps
alimentar-me de pão chenech e de uma coxa de carne, vindos da nobre escadaria.
111 Reconstrução de Wente. Ver WENTE, op. cit., p. 70. 112 Reconstrução de Wente. Ver WENTE, op. cit., pp. 70 e 71, notas n) – p).
62
308
ssn.i sntr xnm.i m ASrt
Possa eu inalar incenso e cheirar carne assada,
309
wrH.i mDt tp stiw nXm
ser ungido com um unguento de primeira qualidade, vertido de um vaso nehem
qbHw mAaw n ibH
e água fresca oferecida pelo sacerdote ibeh113
310
n saH.i Sms.i PtH-Wnn-nfr mi iryw iwt.f
de acordo com a minha dignidade e acompanhar Ptah-Uenen-nefer, como os que pertencem à sua
procissão.
311
Wn.i im r-gs ¡wt-¡r iry.i xprw m sA-tA
Que eu possa estar lá, na presença de Hathor, que possa efectuar a (minha) transformação em
serpente114
Xnd.i nSmt m WAg (r-)gs nTr-aA
e embarcar na barca Nechemet115, no festival Wag116, ao lado do deus grande.
312
Hmsi.i im sH Hab.i snt r-gs imy mHn.f
Que possa estar sentado no pavilhão a jogar senet, na presença do que está na sua Mehen117
113 Sacerdote encarregado das libações. 114 sA-tA, «filho da terra». Nome dado à serpente. 115 Barca sagrada de Osíris em Abido. 116 Festival celebrado no dia 18 do primeiro mês do ano. 117 Serpente divina que acompanha a barca solar enrolada no pavilhão que abriga o deus Ré, tal como se está
representado nos túmulos de Seti I e de Ramsés VI. Ver SALES, As divindades egípcias, p. 107.
63
313
Drp.tw.n.i m Hwt Hnw m-bAH-a psDt
e me seja oferecido alimento, na casa da barca Henu118, na presença da presença da Éneade.
314
di.sn n.i SAbw wabw pAt prt m-bAH
Que eles me dêem alimentos puros e pão pat que vêm da (divina) presença
315
n kA n r-pat HAty-a irt Ax n ¡r.f
Pelo ka do senhor e membro da elite que se tornou útil ao seu Hórus,
316
sS-nsw imy-r pr Xrw.f mAa-xrw xr nTr aA
o escriba real, o mordomo Kheruef, justificado pelo deus grande.
Passagem para a primeira sala hipóstila, parede norte, Pl. LXXVIII.
317
Htp di nsw Imn - ¡r-Axty Wsir xnty imntyw
Uma oferenda que o rei faz a Amon-Horakhti e a Osíris, o que está à frente dos ocidentais,
318
Hry-ib(y) tA-wr … … ... (G)b wr (srd) rnpyt
o que reside no nomo tinita119 … Geb, o grande, que faz crescer as plantas
319
smsw n psDt Nwt msT nTrw Ast Nbt-Hwt
o mais velho da Éneade, Nut que deu à luz os deuses, Ísis e Néftis,
320
118 Barca sagrada do deus Sokar. 119 Lit., «a terra grande». Oitavo nomo do Alto Egipto, localizado perto de Abido.
64
Inpw xnt n Hwt-nTr WpwAwt SmAw xrp tAwy
Anúbis, que está diante do templo. Uepuauet, do Alto Egipto, dirigente das Duas Terras,
321
di.sn qrst nfrt m-xt iAwt nfrt
para que eles concedam um belo funeral, depois de uma boa velhice,
322
m smt imnt WAst psS.sn awy.sn Hr.i Tsi.i
na necrópole (que está a) ocidente de Tebas, que estendam120 os seus braços sobre mim, me
erguam,
di.sn.wi m nnwt
e me permitam, (sair) do estado de inércia.
323
inq.sn n.i tm sAq.sn awt.i
Envolvam-me completamente e reunam as (várias) partes do meu corpo
324
Hpt.sn awy.i m Drwt.sn
apertem os meus braços com as suas mãos,
325
di.sn swsx wtAy.i
alarguem as minhas ligaduras,
326
r xpr.i m bA anxy mi xprw Dr-bAH
para que eu me transforme num ba vivo, tal como os que antigamente foram,
120 psS, «participar, dividir». O determinativo usado é diferente. Há a possibilidade de ter sido uma
forma errada de escrever pXr, «rodear, dar a volta», o que parece mais de acordo com o contexto. A
tradução de Wente é spread, «estender, espalhar». Ver WENTE, op. cit., p. 72.
65
327
pr.i hA.i r bw Xr(y).sn
e subir e descer em direcção ao lugar onde eles estão
328
Xft imyw (m-)xt.sn iry.i xprw m …
na presença dos que estão na companhia deles e realizar a minha transformação em…
329
… … … bik nTry xnd.i (m) NSmt
… … … um falcão divino e embarcar na barca Nechemet
330
m Hb WAAg Hna nTr aA
na festa Uag, com o deus grande
331
xnp.i Hr wart Spst nn sxm Adw
e fazer uma libação de água sobre a coxa augusta, sem que os crocodilos tenham poder
im.i nis.i tw saH(i)…
sobre mim e invocar o meu espírito bem-aventurado121 …
332
… … … (m)-bAH-a n Wnn-nfr
… … … na presença de Uenen-nefer
hmsi.i Hr tmA Sps …
121 O termo saH que figura no original pode ter vários significados, de acordo com o determinativo:
, saH, «dignidade, distinguir, enobrecer», saH, «múmia» e .
saH, «o morto, no seu estado de bem-aventurado».
66
e sentar-me sobre a esteira augusta …
333
… … … Xnm.i m st wrt
… … … e penetrar no lugar grande.
334
n kA n sS-nsw imy-r pr Hmt-nsw wrt Tyi anx ti Xrw.f mAa-xrw
Pelo ka do escriba real, mordomo da grande esposa real − que viva! − o nobre Kheruef, justificado,
Dd.f
ele diz:
335
ii.i … … … spAwt iw ir.n.i mr r rmT
Eu vim … … os distritos122. Fiz o que o povo gosta
336
Hswt nsw n rk.i nn thi.i wD n.f
e o que era louvado pelo rei do meu tempo, sem desobedecer a nenhuma ordem sua.
337
sar.Tn irt n.i tp tA n nTrw (m) dAt
Transmiti aquilo que eu fiz sobre a terra, aos deuses da Duat
338
DADAt … … … … … m Htp xft spr.i r.sn
(a)os (divinos) juízes (para que eles estejam?) em paz, quando me aproximar deles
339
rdi.sn n.i mAa-xrw m wsxt (nt) mAaty
122 Reconstrução de Wente. Ver WENTE, op. cit., p. 73, nota q).
67
e me concedam o estatuto de justificado, na «Sala das Duas Maet»123
340
sTAw.i Hm n Inpw
ser aceite pela majestade de Anúbis,
341
wDaw DHwty gmwt …
julgado (por)Tot e obtida (a minha justificação?)124 …
342
… … … Dd bw mAa m-bAH Snywt
… … … e dizer a verdade diante dos cortesãos.
343
Aw mAaty r tp-r.i Hay DADAt im.i
Que haja inteira justiça para o meu discurso, rejubilem os magistrados comigo
344
mAaty.i Sps ti Hr awy.i …
e a minha maeticidade seja enobrecida sobre as minhas mãos …
345
… … … .i rdw n.i fAw Hswt in nbw mAat
... … … me e sejam-me dadas oferendas magníficas, pelos favores dos senhores da maet.
346
wnx(.i) wabw n tAyt
Possa eu envergar as puras (vestes) de Tayet125,
347
123 Sala do julgamento, onde se procede à pesagem do coração do defunto. 124 No sentido de obter uma cópia da sentença (favorável!) que foi redigida pelo próprio deus Tot. 125 Deusa da tecelagem. Fornecia os tecidos e as ligaduras para o embalsamamento. Ver SALES, As divindades
egípcias, p. 361.
68
tp wrH n wpt.i ibr mAa Sny.i
com unguento126 de primeira qualidade na minha testa e láudano genuíno sobre o meu cabelo,
348
Xnm n ib rSw nhmw …
encher o coração de alegria e rejubilar (com) …
349
Xnm.i tpHt dnt bAw
(Possa eu entrar) na caverna da «Decapitadora dos bau)
350
xpr Hwt.i m Iwgrt
Possa a minha casa ser feita em Igeret
351
Wsx st.i im.s rwd rn.i is.i n Dt Dt
e viva eu nela confortavelmente. Que o meu nome seja forte no meu túmulo ao longo da eternidade.
Passagem para a primeira sala hipóstila. Inscrições do tecto, (Pl. LXXIX)
Linha central
352
imAxy xr Imn-(Ra) wHmw n DADAwt aAt imyt WAst
O (que foi declarado) bem-aventurado por Amon-(Ré), porta-voz dos grandes magis-trados
(divinos) que estão em Tebas,
353
Wsir sS-nsw imy-r pr Hmt-nsw wrt £rw.f mAa-xrw
O Osíris escriba real, mordomo da grande esposa real, Kheruef, justificado.
Lado esquerdo (Sul)
126 wrH, «unguento».
69
354
imAxy xr Wsir m st.f imyt tA-Smaw sS-nsw £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, na sua residência que está no Alto Egipto, o
escriba real, Kheruef, justificado.
355
imAxy xr Wsir m st.f imyt tA-mHw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, na sua residência que está no Baixo Egipto,
Xrp-aH £rw.f mAa-xrw
o administrador do palácio, Kheruef, justificado.
356
imAxy xr Wsir m st.f imyt pt
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, na sua residência que está no céu
imy-r pr Hmt-nsw wrt £rw.f mAa-xrw
o mordomo da grande esposa real, Kheruef, justificado
357
imAxy xr Wsir m st.f imyt tA sS-nsw £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, na sua residência que está no céu, o escriba real,
Kheruef, justificado.
358
imAxy xr Wsir m st.f imyt R-sTAw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, na sua residência que está em R-stjau127
Xrp-aH £rw.f mAa-xrw
o administrador do palácio, Kheruef, justificado.
359
127 Necrópole, especialmente a que estava sobre a protecção do deus Sokar, de Mênfis.
70
imAxy xr Wsir xnt nt idwt(.f)
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, diante das suas vacas
sS-nsw £rw.f mAa-xrw
o escriba real, Kheruef, justificado.
360
imAxy xr Wsir tp-m (T)nnt
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, na frente (do templo) de Tjenenet128
Xrp-aH £rw.f mAa-xrw
o administrador do palácio, Kheruef, justificado.
361
imAxy xr Wsir-(Skr)
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris -Sokar
imy-r pr Hmt-nsw wrt sS-nsw £rw.f mAa-xrw
o mordomo da grande esposa real, o escriba real, Kheruef, justificado
362
imAxy xr Wsir m Snw Xrp-aH £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, em Chenu,o administrador do palácio, Kheruef,
justificado.
363
imAxy xr Wsir xnty imnt(y)w sS-nsw £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, o que está à frente dos ocidentais, o escriba real,
Kheruef, justificado.
364
128 Tnnt, «Tjennet». Deusa adorada em Hermonthis.
71
imAxy xr Wsir- Wnn-nfr imy-r pr Hmt-nsw wrt sS-nsw £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris-Uenen-Nefer, o mordomo da grande esposa real, o
escriba real, Kheruef, justificado.
365
imAxy xr Wsir anxty sS-nsw mAa mr.f Xrp-aH £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, o que está vivo, o verdadeiro escriba real, seu
amado, o administrador do palácio, Kheruef, justificado.
366
imAxy xr Wsir nb r-Dr imy-r pr Hmt-nsw wrt sS-nsw £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, senhor do Universo, o mordomo da grande esposa
real, o escriba real, Kheruef, justificado.
367
imAxy xr Wsir xnt n … sS-nsw £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, diante de … o escriba real, Kheruef, justificado.
368
imAxy xr Wsir-sAH… Xrp-aH £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris-Orion … o administrador do palácio, Kheruef,
justificado
369
imAxy xr Wsir xnt n Wnt?… imy-r pr Hmt-nsw wrt sS-nsw £rw.f mAa-
xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, diante de Unet129 o mordomo da grande esposa
real, o escriba real, Kheruef, justificado
370
imAxy xr Wsir … Xrp-aH £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris … o administrador do palácio, Kheruef,
justificado
129 Leitura possível. A tradução de Wente é: foremost of the Unet-sanctuary. Ver WENTE, op. cit., p. 74. O
original está muito deteriorado e só os signos t e n se distinguem.
Unet refere-se ao nomo da Lebre, o décimo quinto do Alto Egipto e destinado a englobar a futura cidade de
Akhetaton. Unut era a sua deusa protectora.
72
371
imAxy xr Wsir … … … bA …
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris … … … ba …
sS-nsw £rw.f mAa-xrw
o escriba real, Kheruef, justificado.
Lado esquerdo (Sul)
372
imAxy xr Wsir HqA Dt sS-nsw £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, governante da eternidade, o escriba real, Kheruef,
justificado
373
imAxy xr Wsir aD wr Xrp-aH £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, o grande icnêumone130 o administrador do
palácio, Kheruef, justificado
374
imAxy xr Wsir-(Skr) sS-nsw £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris –Sokar, o escriba real, Kheruef, justificado.
375
imAxy xr Wsir-PtH nb anx Xrp-aH £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris –Ptah, o senhor da vida, o administrador do
palácio, Kheruef, justificado.
376
imAxy xr Wsir xnt R-sTAw sS-nsw £rw.f mAa-xrw
130 O original apresenta, efectivamente, algo que parece ser o icnêumone, um dos animais sagrados do deus
Atum.
73
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, diante de Ro-stjau, o escriba real, Kheruef,
justificado.
377
imAxy xr Wsir m skw Xrp-aH £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, na batalha, o administrador do palácio, Kheruef,
justificado.
378
imAxy xr Wsir-Skry m SA pdT sS-nsw £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris-Sokar no lago extenso, diante da sua cidade, 131o
escriba real, Kheruef, justificado.
379
imAxy xr Wsir m Aprwt imy-r pr Hmt-nsw wrt sS-nsw £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, em Aprut132, o mordomo da grande esposa real, o
escriba real, Kheruef, justificado.
380
imAxy xr Wsir m Bikti Xrp-aH £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, em Bikti (a cidade do falcão), o administrador do
palácio, Kheruef, justificado.
381
imAxy xr Wsir Hr(y)-ib Say imy-r pr Hmt-nsw wrt sS-nsw £rw.f mAa-
xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris no meio das suas areias, o mordomo da grande
esposa real, o escriba real, Kheruef, justificado.
131 Os signos do original permitem várias hipóteses de leitura: S, «lago, pântano» pD, «esticar o
arco» pDw, «extensão de água deixada pelo rio Nilo, quando as suas águas se retiram» e
«Pedju», lugar sagrado do deus Sokar.
A tradução por que se optou leva em conta a realização da sua festa no quarto mês da estação de Akhet,
inundação, muito perto do início de Peret, saída das águas, e preparação da terra para semear. Ver SALES, As
divindades egípcias, pp. 346-350.
132 O termo aprw, «equipamento» é o que mais se aproxima do original. De , apr,
«equipar um barco, fornecer, munir-se de…». Aqui parece tratar-se de uma localidade, embora não se distinga
o determinativo de cidade.
74
382
imAxy xr Wsir wtyw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, (nas suas) ligaduras133
sS-nsw mAa mr.f Xrp-aH £rw.f mAa-xrw
o verdadeiro escriba real, seu amado, o administrador do palácio, Kheruef, justificado.
383
imAxy xr Wsir m Wnw Xrp-aH £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, em Unu), o administrador do palácio, Kheruef,
justificado.
384
imAxy xr Wsir-Skry m nTrw sS-nsw £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris em Netjru, o escriba real, Kheruef, justificado.
385
imAxy xr Wsir m P imy-r pr Hmt-nsw wrt sS-nsw £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, na cidade de Pe, o mordomo da grande esposa
real, o escriba real, Kheruef, justificado.
386
imAxy xr Wsir m SAwty Xrp-aH £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, em Asyut, o administrador do palácio, Kheruef,
justificado.
387
imAxy xr Wsir m NDft sS-nsw mAa mr.f Xrp-aH £rw.f mAa-xrw
133 Wente traduz como se fosse wttw, «progenitor». Ver WENTE, op. cit., p. 74.
Ora, o que está no original é tyw, «bufo real» ou, quando muito, wtAw,
«ligaduras». Isto tem bastante a ver com o significado de Osíris como deus dos mortos e seguiu-se esta linha
de pensamento. O defunto foi declarado bem aventurado no estado de múmia.
75
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, em Nedjfet, o verdadeiro escriba real, seu amado,
o administrador do palácio, Kheruef, justificado
388
imAxy xr Wsir m anDty sS-nsw £rw.f mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, no nomo busirita, o escriba real, Kheruef,
justificado.
389
imAxy xr Wsir m Hr(y)-ib smt mH-ib mnx (n) nTr nfr Xrp-aH £rw.f
mAa-xrw
O (que foi declarado) bem-aventurado por Osíris, no deserto, o homem de confiança do deus
perfeito, o administrador do palácio, Kheruef, justificado.
Inscrições das colunas da primeira sala hipóstila, (Pl. LXXX).
A
390
Htp di nsw Gb r-pat nTrw (di.f) kAwt n wrd(-ib)
Uma oferenda que o rei faz a Geb, príncipe dos deuses, para que ele conceda trabalhos «ao de
(coração) cansado»
… … … st.f
… … … o seu lugar
391
Xnmt.f Hwt.f Xr Hswt nt nTr nfr nis tw saH
Para que possa entrar na sua casa sob o favor do deus perfeito e ser invocado como um bem-
aventurado
m Xrt-xrw r Htp Hr diwt Hr abA
no decurso do dia ser satisfeito com o que foi colocado sobre a laje de oferendas.
392
n kA n r-pat r HD n Gb …
pelo ka do responsável pela capela branca de Geb …
76
B
393
(Htp di nsw n …) … .f di.f mAA itn …
(Uma oferenda que o rei faz a …) …ele, para que lhe permita contemplar o disco
solar …
394
… … … sqdi Xft sbAwt dwA Ra m [(m)sktt] …
… … … navegar até às estrelas e adorar Ré na (sua barca da noite) …
395
… … … r-pat HAty-a wHmw-nsw tpy… … (Naa) mAa-xrw
… … … senhor e membro da elite, primeiro arauto do rei … Naa, justificado
C
396
Htp di nsw Ast wrt mwt-nTr di.s … … … saH.f xr.s
Uma oferenda que o rei faz a Ísis, a mãe dos deuses, para que ela permita … ser feito nobre sob ela
(por sua ordem)
397
n wHmw-nsw tpy imy-r pr m pr Imn (Naa) …
ao primeiro arauto do rei e mordomo na Casa de Amon, (Naa) …
398
… … … wHmw-nsw tpy imy-r pr m pr Imn £rw.f mAa-xrw
… … … primeiro arauto do rei e mordomo na Casa de Amon, Kheruef, justificado
D
399
ir.f Abw (n) wHmw-nsw tpy imy-r pr m pr Imn £rw.f mAa-xrw
que ele faça uma purificação do primeiro arauto do rei e mordomo na Casa de Amon, Kheruef,
justificado,
400
77
im-m mAa-xrw … … … Wsir … … … (¡r) nDt(y it.f)
(sob) a forma de um justificado … … Osíris … … Hórus, protector de seu pai.
E
401
m-ma … … … y … … … ir.f abw … … … dSrt …
juntamente com … … … faça uma purificação … o pote vermelho …
402
wHmw-nsw tpy imy-r pr m pr Imn £rw.f mAa-xrw
que ele faça uma purificação do primeiro arauto do rei e mordomo na Casa de Amon, Kheruef,
justificado.
F
403
Htp di nsw Imn-¡r-Axty nb pt nsw nTrw di.f
Uma oferenda que o rei faz a Amon-Horakhti, senhor do céu e rei dos deuses, para que ela conceda
aHaw fAw Hr mAA nfrw.f …
um magnífico tempo de vida a contemplar a sua beleza …
404
pr (i) ?… … … Smsw.f PtH Wnn-nfr m Hb.f n Pqr
(sair ?)… … … possa ele seguir Ptah-Uenen-nefer no seu festival de Peker134
405
m nSmt n H(sbw m iswt.f)
na barca Nechemet, (contado na sua tripulação)
406
n kA n r-pat HAty-a Ax n nsw mt(y) n bit(y)
pelo ka do senhor e membro da elite,útil ao rei do Alto Egipto e leal ao rei do Baixo Egipto,
407
134 Muralha que circundava o domínio de Osíris em Abido.
78
wHmw-nsw tpy imy-r pr m pr Imn £rw.f mAa-xrw
o primeiro arauto do rei e mordomo na Casa de Amon, Kheruef, justificado.
G
408
qrst nfrt tA? … … … … mn rwd n kA n r-pat HAty-a
um belo funeral (na terra ?) … …. pelo ka do senhor e membro da elite,
409
imy-ib aA n nb tAwy wHmw-nsw tpy imy-r pr m pr Imn £rw.f mAa-xrw
grande favorito do senhor das Duas Terras, o primeiro arauto do rei e mordomo na Casa de Amon,
Kheruef, justificado
H
410
Hsi Hr sxA …
Louvando e recordando …
I
411
… … … bA anxy … … … … … pri… … … … … wnn …
… … … ba vivo … … … … … sair… … … … … …
412
mAa … … … £rw.f mAa-xrw … … … mw …
verdadeiro … … Kheruef, justificado, … água …
J
413
… … … iTn Msxtyw n pt mHty
… … … o disco solar e a Ursa maior do céu do norte,
414
ir.sn st n wHmw-nsw tpy imy-r pr m pr Imn £rw.f mAa-xrw
79
para que eles forneçam um lugar para o primeiro arauto do rei e mordomo na Casa de Amon,
Kheruef, justificado,
415
m sxt-Htpw baHi.f im-m rnpwt m snw
no Campo das Oferendas e ser inudado de vegetais, oferendas de comida
n kA imntt
do touro do Ocidente
416
n kA n r-pat HAty-a wHmw-nsw tpy imy-r pr m pr Imn £rw.f mAa-xrw
pelo ka do senhor e membro da elite, o primeiro arauto do rei e mordomo na Casa de Amon,
Kheruef, justificado.
K
417
(Htp di nsw Hwt-¡r HqAt smt) di.s iw
(Uma oferenda que o rei faz a Hathor, governante do deserto) para que permita a saída
418
r-pat HAty-a wHmw-nsw tpy imy-r pr m pr Imn £rw.f mAa-xrw
senhor e membro da elite, o primeiro arauto do rei e mordomo na Casa de Amon, Kheruef,
justificado
419
m… … … … Hr stwt …
em … através dos raios solares …
L
420
Htp di nsw Hr … … … r-pat HAty-a wHmw-nsw tpy imy-r pr m
pr Imn
Uma oferenda que o rei faz a Hórus … … o senhor e membro da elite, o primeiro arauto do rei e
mordomo na Casa de Amon,
80
£rw.f mAa-xrw
Kheruef, justificado
421
m-ma Smsw Wn(nfr?) …
na comitiva de Uen(en-nefer?) …
422
… … … .f tw H(sbw m iswt.f)
… … … e possa ele (ser contado entre a sua tripulação)
M
423
n kA n r-pat HAty-a smr aA n mr(wt)…
pelo ka do senhor e membro da elite, amigo grande de amor (amigo muito amado) …
424
… … … [(m)sktt] sHtp.f m mandt ra(-nb?)
… … … a barca da noite quando ele repousa na barca do dia (todos os dias?)
425
Htp di nsw Wsir HqA Dt di.f nmtt ann m …
Uma oferenda que o rei faz a Osíris para que ele permita sair e regressar a …
N
426
Htp di nsw Ra-¡r-Axty niwty …
Uma oferenda que o rei faz ao Ré-Horakhti da cidade …
427
… … … qd nfr m aH sxnt iwnw.f (r) nmwtt.f
… … … (gozava de) boa reputação no palácio, (e foi) promovido de acordo com a sua condição,
428
81
sS-nsw mAa mr.f imy-r pr m pr Imn
o verdadeiro escriba real, seu amado e mordomo na Casa de Amon …
… … … £rw.f mAa-xrw
… … … Kheruef, justificado
O
429
imy-ib ¡r … … … itn
O favorito do Hórus … o disco solar.
Os Jubileus de Amen-hotep III, lns. 430-630.
As cenas relativas a dois jubileus de Amen-hotep III, cujas cerimónias tiveram a
participação de Kheruef135 desenvolvem-se, respectivamente no pórtico ocidental, corredor sul e no
mesmo pórtico na, entrada norte, segundo dois conjuntos paralelos que têm início e término com a
representação do rei no seu trono, no extremo direito de cena total. Estão completamente estudados
no Capítulo II, respectivamente nos § 4.2.3.1. O primeiro jubileu e § 4.2.3.2. O terceiro jubileu, pelo
nos limitaremos à sua e tradução e à mera indicação das cenas a que dizem repeito.
Narrativa, (Pl. XXVIII)
430
HAt-sp 30 Abd 2 (-nw n) Smw sw 27 xr Hm ¡r
Ano 30, segundo mês da estação de Chemu136, dia 27, sob a majestade do Hórus,
431
kA nxt xai m mAat di anx nsw-bit(y) nb tAwy Nb-MAat-Ra
Touro poderoso que aparece em maet, dotado de vida, rei do Alto e do Baixo Egipto, senhor das
Duas Terras, Nebmaetré
432
135O primeiro e terceiro jubileu, representados no túmulo de Kheruef estão apresentados e discutidos no Capítulo II, §
3.2.3.
136 Estação das colheitas. Vai de Março a meados de Julho.
82
sA Ra mr.f Imn-Htp HqA WAst di anx
filho de Ré, seu amado, Amen-hotep, governante de Tebas, dotado de vida
433
xft irt Hb-sd tp(y) n Hm.f
na altura da celebração do primeiro jubileu da Sua Majestade.
434
xawt nsw r rwty wrty m ah.f n pr Hay
Uma gloriosa aparição do rei (junto das) grandes portas duplas137 do seu palácio d’A Casa do
Júbilo,
435
stA smrw-nsw imy-xnt
arrastando os «amigos do rei», o camareiro da corte,
rmT r rwty rxw-nsw
o povo (que estava junto) das portas duplas, os «conhecidos do rei»,
436
iryw n wiA xrpw ah
a tripulação da barca sagrada e os administradores do palácio.
437
fqA.tw m nbw n Hswt Apdw
Foram atribuídas as recompensas do «Ouro do Louvor», (consistindo em) patos
438
rmw n nbw nbwy Ssp.sn ssfw sSrw wADw
e peixes de ouro-nebui. Receberam fitas de linho verde138
137 No original .
138 sSr , «linho», wAD, «verde», no original formou-se o plural com um t indevido.
83
di aHaw. s nb r nmtt.f
e foram instalados no seu lugar, de acordo com a sua posição (hierárquica),
439
snmwt m t abw- r (m) t Hnqt kAw Apdw
e alimentados com a comida do pequeno-almoço do rei, consistindo em pão, cerveja, carne de vaca
e aves.
440
dw m Hr mr n Hm.f Xni nt dpt n nsw
Foram conduzidos ao lago de Sua Majestade para remar139 na barca do rei,
441
Ssp.sn sinw msktt HAtt manDt
receberam as cordas da barca da noite e a corda de proa da barca do dia.
442
stA(.n.)sn wiAw Hr st wrt
Arrastaram as barcas sobre o «lugar grande»
aHa(.n.) .sn rdw st
e pararam junto aos degraus do trono140.
443
in Hm.f ir nn m-snt-r sSw iswt
Foi Sua Majestade quem fez isto, de acordo com os escritos dos velhos tempos.
444
Xwt rmT Dr (-a) rk imw(-bAH)
As passadas gerações do povo, desde o tempo dos antepassados
nn ir.sn Hb(y)t nt Hb-sd
139 Como se vê, na sequência do texto, os cortesãos vão puxar à sirga a barca real e não remar nela. 140 Trata-se de uma cerimónia realizada durante o dia e que pretenderia reproduzir o movimento do «Aton
brilhante no céu», o Sol, através do percurso lacustre, interpretado pelo «Aton brilhante na terra», Amen-
hotep III).
84
não faziam estes rituais de jubileu
445
wD.n.tw.f Hai m mAat sA Imn
Para ele é que foi decretado, para o que aparece em verdade, o filho de Amon
446
Htp Xrt (n it.f) di anx mi Ra Dt
que recebe(u) o legado de seu pai e é dotado de vida eternamente, como Ré.
Amen-hotep III, revestindo o traje de jubileu e ostentando todos os símbolos do poder real,
está sentado no seu trono, erguido sobre uma alta plataforma. Acompanham-no a deusa Hathor e a
rainha Tié, (Pl. XXVI). Sobre o tecto do pavilhão, à esquerda e à direita do Sol alado, emblema de
Hórus de Behedet.
447
BHdt(y) nTr aA sAb Swt nb pt nb Msn
O Behedita, deus grande de variegadas plumas, senhor do céu, senhor de Mesen141
Diante de Amen-hotep III discriminam-se os seus régios nomes, à excepção do nome de
«Hórus de ouro»
448
Ra-¡r-Axty wHm Hb(w)-sd
Ré-Horakhti, touro poderoso que repete os jubileus
nbty xai m HDt wTS mH-s
As duas senhoras, aparecendo com a coroa branca e erguendo a coroa do Baixo Egipto
nsw bit(y) nb tAwy nb ir(t) Xt Nb-MAat-Ra
Rei do Alto e do Baixo Egipto, senhor das Duas Terras, senhor dos rituais, Nebmaetré
141 O epíteto de Behedita refere-se a Behedet, cidade mais a norte do Egipto. Actualmente, é designada por
Tell el-Balamûn. O Hórus de Behedet era o deus principal de do décimo sétimo nomo do Baixo Egipto.
Mesen, cidade do Baixo Egipto, perto de Kantarah. O Hórus de Mesen era uma divindade importante do
segundo nomo do Alto Egipto, que ocupava a região de Edfu.
85
sA Ra Xnm xrp sxmty Imn-Htp HqA WAst
Filho de Ré que assume o controle da coroa dupla, Amen-hotep, governante de Tebas,
Di anx Ddt wAs mi Ra Dt
dotado de vida, estabilidade e autoridade, como Ré.
Sob o disco solar sobrepujado por uma serpente, ostentando o símbolo da vida:
449
Di anx nb Awt-ib nbt
Dotado de toda a vida e de toda a alegria
Suporte esquerdo
450
Ra-¡r-Axty xai m MAat
Ré -Horakhti, aparecendo em Maet
nTr nfr ir Hbw-sd mi it.f
Deus perfeito, celebrando jubileus como seu pai
¡r TA(t)nn nb imAxw mi Mnw Hr st wrt
Hórus Tatenen, senhor reverenciado como Min sobre o grande trono
nsw bit(y) nb tAwy nb ir(t) Xt Nb-MAat-Ra
Rei do Alto e do Baixo Egipto, senhor das Duas Terras, Nebmaetré
sA Ra mr.f Imn-Htp HqA WAst
Filho de Ré, seu amado, Amen-hotep, governante de Tebas,
PtH rsy inb.f mry.f di anx mi Ra Dt
e de Ptah, que está a sul do seu muro, seu amado, dotado de vida como Ré.
Suporte direito
86
451
Ra-¡r-Axty xai m MAat
Ré -Horakhti, aparecendo em Maet
nTr nfr sA Imn
Deus perfeito, filho de Amon
sxai.n.f Hr st.f tp ta r irt mrrt kA.f
Instalado por ele no seu trono sobre a terra, para fazer o que o seu ka desejar
nsw bit(y) HqA pDt-9 nb-tAwy
Rei do Alto e do Baixo Egipto, governante dos nove arcos, senhor das Duas Terras
nb ir(t) Xt Nb-MAat-Ra
senhor dos rituais, Nebmaetré,
sA Ra n xt.f mr.f Imn-Htp HqA WAst
filho de Ré, do seu corpo, seu amado, Amen-hotep, governante de Tebas,
Hr(y)-ib Hwt Skr mry(.f) di anx Dt
no meio da casa de Sokar, seu amado, dotado de vida eternamente
A plataforma apresenta uma inscrição central duplicada:
452
tAw nbw xAst nbt rdwy nTr nfr pn
Todas as terras (planas) e todas as terras montanhosas (estão aos) pés deste deus perfeito
À esquerda, linha superior
453
rdit dwA n nTr-nfr sn tA sA Imn
Dando louvores ao deus perfeito, beijando a terra ao filho de Amon
87
454
in wrw xAst nbt wAwAt(yw) m nnw Kmt
pelos chefes de todas as terras estrangeiras e os habitantes de Uauat142 que não conheciam o Egipto
À direita, linha superior
455
rdit dwA n nTr-nfr sn tA n HqA WAst
Dando louvores ao deus perfeito, beijando a terra ao governante de Tebas
456
in HqAw xAswt nbt StA ns
por todos os príncipes dos países estrangeiros, (cuja) língua é difícil
457
Iw.sn m kswy n bAw Hm.f
e que vieram e estão curvados (diante do) poder de Sua Majestade.
Kheruef é recompensado com um colar de ouro, na presença do rei, (Pl. XXX). Subentende-se que tal se deve à competência demonstrada na ordenação das cerimónias.
Sobre a cena:
458
fqA Xrp-aH imy-r pr (Hmt-nsw wrt Tiy … … Hr awy) nsw
Recompensando o administrador do palácio mordomo (da grande esposa real, Tié …
… das mãos) do rei143.
Atrás de Kheruef:
459
… … … smrw saHw …
… … … amigos do rei e dignitários …
142 Região setentrional da Núbia, junto à segunda cataracta do NILO 143 Reconstrução de Auguste Mariette. Ver WENTE, op. cit., p. 45, nota a).
88
Registo da cerimónia, desde o seu início
Registo superior. Amen-hotep III, em traje de jubileu, a rainha Tié e alguns guardas navegam na
barca da noite, (Pl. XLVI).
Narrativa, (Pl. XXVIII)
460
HAt-sp 30 Abd 2 (-nw n) Smw sw ra 27(?) xr Hm ¡r
Ano 30, segundo mês da estação de Chemu144, (dia 27?), sob (a majestade do Hórus)
461
kA nxt xai m mAat (di) anx
Touro poderoso que aparece em maet, (dotado de vida)
Nbty smn hpw sgrH tAwy
As Duas Senhoras: (o) que estabeleceu leis e pacificou as Duas Terras
(¡r n nbw) aA xpS Hii (styw)
(Hórus de Ouro): grande é o braço que esmaga (os Asiáticos)145
nsw bit(y) nb tAwy nb ir(t) Xt Nb-MAat-Ra
Rei do Alto e do Baixo Egipto, senhor das Duas Terras, Nebmaetré
sA Ra mr.f Imn-Htp HqA WAst
Filho de Ré, seu amado, Amen-hotep, governante de Tebas,
462
… … … hr Hr nxt
… … …que se alegra na vitória
463
144 Estação das colheitas. Vai de Março a meados de Julho. 145 Segundo a reconstrução de Wente. Ver WENTE, op. cit., p. 53
89
sA Imn r Htp TnTAt
filho de Amon, para ocupar a plataforma
463
nt ms sw m Hb-sd irt Hr imnt N
do que o engendrou, no jubileu que celebrou a oeste de Ne
464
SAa tp wAt in Hm.f r tr
Início da jornada por Sua Majestade do tempo (pelo soberano de então)
n Hapy aA
no alto Nilo
465
r Xnt nTrw Hb-sd(w) …
para transportar os deuses do Jubileu …
466
… … … mry-Imn
… … … amado de Amon.
467
irt Xnt P … … … … … …(m)sktt manDt …
Fazendo o cortejo fluvial de Pe … … na barca da noite e na barca do dia …
Ao lado do estandarte com um deus com cabeça de canídeo:
468
Wp-wAwt n TA-mHw
Uepuauet do Baixo Egipto.
Diante da cabeça do rei:
469
90
… … … Nb-MAat-Ra … … … … Imn-Htp HqA WAst
… … … Nebmaetré … … … … Amen-hotep, governante de Tebas.
Mais abaixo:
470
Htp msktt in nsw
Tomando lugar na barca da noite, pelo rei.
Frente a uma personagem representada diante do rei:
471
Xrp-aH sS-nsw imy-r pr Hmt-nsw wrt mr.f £rw.f mAa-xrw
O administrador do palácio, escriba real, mordomo da grande esposa real, seu amado Kheruef,
justificado.
Sobre uma importante personagem, talvez o vizir Ramose:
472
r-pat HAty-a smr-wa (TAty) sAb tAyty Hry-tp Hb
Senhor e membro da elite, amigo único, vizir, dignitário, «o da cortina», o dirigente do festival.
Sobre a popa da barca:
473
Hd tA stA.st rdit (.sn) wDA.sn r aHaw(.sn)
De manhã, puxando-a (a barca) e fazendo-(os) conduzir até aos (seus) lugares rituais.
474
irt n.sn wpt r rdit mAa …
Fazendo para eles a «Abertura da boca» e fazendo oferendas …
475
… … … (mnmnt) (wnDw) xA m …
… … … gado de cornos longos e gado de cornos curtos e um milhar de …
476
91
… … … (r Imn-Ra) nb nswt tAwy nTrw nbw
… … … (a Amon-Ré) senhor dos tronos das Duas Terras e a todos os deuses
477
(wD.n.sn n.f) Hbw-sd aSAw
(que, para ele, decretaram) numerosos jubileus,
tw r di anx mi Ra Dt
para Um (que é) dotado de vida, eternamente como Ré.
Cerimónia de puxar, à sirga, a barca solar (Pls. 44-45). No registo superior, o casal régio sai do palácio
Texto horizontal
478
nTrw imiw Hb-sd wnnyw m Smsw Hm.h
os deuses que estão em jubileu e os homens146 que estão na comitiva de Sua Majestade.
Ao lado do quinto sacerdote:
479
Xr(y).Hbt Hr(y)-tp
Chefe dos sacerdotes-leitores.
Cada um dos quatro que o antecedem é apenas chamados Hm-nTr, «sacerdote». Os dois
primeiros empunham estandartes com representações de Uepuauet. Sobre eles pode ler-se:
480
Wp-wAwt TA-mHw
Uepuauet, do Baixo Egipto
481
Nxn n nsw
Nekhen, do rei147
146 wniw, wnnyw, «os que existem, os seres humanos». 147 Antiga cidade do Egipto. Actualmente Kom el-Ahmar
92
O terceiro sacerdote transporta uma insígnia que faz lembrar o tekhenu que podemos ver na
procissão funerária do vizir Ramose148. No registo inferior, muito deteriorado, vários homens
empunham estandartes de deuses, como Hórus e Tot. São designados por o que é muito
pouco elucidativo.
Wente149 propõe o termo Xry nws, «porta insígnias», algo que se poderia escrever como
Xr(y) nws. Faulkner, único dicionarista em que apresenta este vocábulo,
avança, com algumas dúvidas, a tradução de nus por «chapa metálica» 150. Pode ser que as
imagens divinas destes estandartes fossem recortadas e, portanto, bi-dimensionais mas não há
provas disto.
Pl. XLV – Registo superior, linha horizontal
482
Ssp.k HAtt nT Msktt
Toma o cabo da proa da barca da noite
483
HAtt nt ManDt m-xt Xni. n.k nTrw Hbw-sd …
e o cabo de proa da barca da manhã, depois de teres transportado os deuses do jubileu …
484
di.k Hr wAt … … … .k xaw n Ra mn n tp.k (n)HH
tu dás, sobre o caminho … -te. As coroas de Ré estão fixas na tua cabeça, para sempre.
Texto vertical
485
stA msw(t)-nsw r-HAt … … … nt Xnt
Conduzindo as filhas do rei diante de … do cortejo aquático.
Ao lado das princesas:
148 Túmulo de Ramose, TT 55, fig. 149 Ver WENTE, op. cit., p. 53 150 FAULKNER, A Concise Dictionary of Middle Egyptian, p. 128. Note-se que a folha metálica, que aparece
como determinativo em Hmt, «cobre», é muito diferente. O nome habitual dos postes é iAt.
93
486
sAt-nsw mrt.f …
A filha do rei, sua amada …
Linhas verticais, diante de cada par de princesas
487
msw-nsw … … … nTr nfr iri m sSSt m drt.sn
As filhas reais … … do deus perfeito, que tocam o sistro com as suas mãos
488
m-a Smayt nt Imn … … … nb … … … ¡r
Juntamente com a cantora de Amon … senhor … Hórus
Texto vertical que separa as princesas das cantoras
489
wrt Xnrt nt Imn-Ra Smayt nt Imn … sn …
A grande concubina de Amon-Ré e a cantora (de Amon)… elas …
490
nTr nfr Hbyt Hb-sd (n) Hm.f
o deus perfeito, nos rituais do jubileu de Sua Majestade
491
Xn n Sma Dd.sn
As palavras da música que elas dizem, (a letra da canção que elas cantam) que é a música dos
senhores do jubileu
492
Sspt dxn … … … sHD …
e o coral … … … ilumina …
493
94
nsw bit(y) nb tAwy nb ir(t) Xt Nb-MAat-Ra di anx Htp n wiA
rei do Alto e do Baixo Egipto, senhor das Duas Terras, Nebmaetré, dotado de vida, quando ele toma
lugar na barca sagrada
494
… … … nb r-Dr … … … dwA … … … Axt mi Ra Dt (sp sn
… … … senhor de todas as coisas … adoração … horizonte como Ré, eternamente ( dizer duas
vezes).
Texto horizontal sobre aqueles que puxam a barca:
495
smrw nw stp-sA – anx wDA snb – srw wrw …
Os companheiros do Palácio – vida, prosperidade, saúde – e os grandes oficiais …
496
… … … Imn stA(.sn nsw m msktt) …
… … … Amon, que puxam ao rei na barca da noite …
497
… … Dsr … … … … … … wab xn n …
… … …sagrado … … … … … a música pura de …
Diante do primeiro par de cantoras:
498
… … … Rwiw …
… … … Ruiu151
Diante do segundo par de cantoras:
499
Snt.f mrt.f Smayt nt Imn (¡nwt-nfrt)
Sua irmã (esposa?), sua amada, a cantora de Amon Henut-neferet
Linhas verticais diante do grupo de cantoras:
151 Poderá tratar-se da mãe de Kheruef que é tyambém Smayt nt Imn, «cantora de Amon». Ver ln. 293.
95
500
Smaywt nt Imn ir.sn irw n …
As cantoras de Amon que celebram as cerimónias de …
O rei e a rainha deixam o palácio com os seus acompanhantes, (Pl. XLII)
Sobre o rei:
501
nTr nfr nb tAwy Nb-MAat-Ra sA Ra mr.f Imn-Htp HqA WAst
Deus perfeito, senhor das Duas Terras, Nebmaetré, filho de Ré, seu amado, Amen-hotep, dotado de
vida para sempre.
Diante do rei:
502
xat m (HqAt nxAxA) in nsw
Aparição em glória, com o ceptro hekhat e o chicote nehaha, pelo rei
Diante do abutre que transporta o símbolo da vida:
503
WADyt di.s anx Dd wAs
Uadjit, que ela conceda vida, estabilidade e domínio.
Sobre a rainha:
504
r-pat wrt Hsw Hnt Smaw tA-mHw Hmt-nsw wrt mrt.f Tyi anx ti
Patrícia, grande em favor, senhora do Alto e do Baixo Egipto, grande esposa real, sua amadaTié,
que viva!
Diante da rainha:
505
xat m … … … … Dt (sp sn)
Aparição em glória de … para sempre (dizer duas vezes)
96
Atrás da rainha:
506
(sA anx HA).f nb mi Ra (ra-nb)
(A protecção da vida está à volta) dele todo, como Ré, todos os dias.
Sobre a porta do palácio:
507
ah.f n pr Hai
O seu palácio (chamado) «Casa do Júbilo».
As filhas dos cortesãos fazem libações diante de Amen-hotep III, (Pl. XXXII)
508
stA msw wrw iww Xr
Introduzindo as filhas dos grandes que vieram, trazendo
509
nmswt n nbw snbwt n Dam m Drt.sn
vasos nemeset de ouro e jarros de electrum nas suas mãos
r irt iryw n Hbw-sd
para, entre elas, realizarem (tudo) o que diz repeito aos jubileus152
Linha de baixo. Inscrição partilhada entre os quatro pares de jovens:
510
rdit.sn r rdw xft Hr tnTAt
e fazendo-as deter junto aos degraus do trono, diante da plataforma153
m-bAH nsw
e na presença do rei.
152 irt, «dever, trabalho) iry, «o que diz respeito a», abrev. mm iry, «entre elas». 153 Sobre a qual está colocado o trono.
97
Em baixo, diante de cada par:
511
irt abw sp-fdw
Fazendo (repetindo) a purificação por quatro vezes
Emoldurando toda a cena:
512
waby nmswt m nbw s(n)bwt m Dam
Puros são os teus vasos nemeset de ouro e os teus jarros de electrum,
513
sAt Mntyw di.s n.k qbHw
a filha dos Mentiu154 dá-te água fresca!
514
ity anx wDA snb wnn.k rr
Ó soberano − vida, prosperidade, saúde − tu continuarás a existir pelos tempos fora155!
Atrás das jovens que fazem a libação, a cena desenvolve-se em duas sub-cenas paralelas.
Na linha superior, um vitelo, um pato e um macaco estão diante de um altar, para lá do qual, um
grupo de mulheres dança. Em baixo, outro grupo de mulheres toca flauta e talvez cante em coro sob
a direcção de outras duas. Entre cada um destes grupos, há homens que parecem igualmente dançar,
Pl XXXIV.
Inscrição vertical, diante de duas filas de cantores e dançarinos:
515
stA Hmwt m-bAH nsw irt irw n Hbw-sd
Levando as mulheres à presença do rei, para a realização das cerimónias do jubieu
154 O termo mntyw foi aqui tomado como uma variação de mnTw , «os Asiáticos». As jovens poderiam
muito bem as várias e belas asiáticas com quem Amen-hotep casou, ou as suas filhas.
155 Lendo o grupo rr como rr, «tempo».
98
Xtf Hr TnTAt
diante da plataforma (do trono).
Texto horizontal, sobre as dançarinas:
516
rdi.n.f n Ssp npr i(n) ibX
Ele deu-me um punhado de grãos, tal com o homem do celeiro.
517
Ssp npr wAi.n. sw wAi sHm.n.sw sHm
O punhado de grãos, torrei-o no acto de torrar e moí-o no acto de moer.
518
ibX mkt.n.i iti.(n.i) mkt.n.i iti.(n.i)
Ó homem do celeiro, o que eu protegi foi-(me) tirado, o que eu protegi foi-(me) tirado!
519
qAAt qAt sDr.k qAqAt
O alto seja exaltado, tu passas a noite a ser exaltado;
520
dSr irty(.i) n sty iaH qA …
vermelhos estão os meus olhos de olhar fixamente156 a alta lua …
521
tA ns.f ns.f Hwt(-a) n nD(n)D qAt
Esta, cuja língua é a dele, é a sua língua. Ele estende os braços em petição, o exalta-do157
156 Verbo sty, «olhar fixamente».
A tradução de Wente difere muito: My eyes are bloodshot through staring while they are inverted.
Efectivamente, no original está com a lua abaixo da terra e não acima, como é normal. Isto que
dá a ideia de algo invertido Ver WENTE, op. cit., p. 47, nota f). Usa-se normalmente o termo sxdxd, ao referir
o acto de «inverter, pôr de cabeça para baixo» e que Wente leu iaq.i(i). Não se encontrou tradução para
esta palavra.
99
522
spd ant nwty S XAyt
e de unha(s) afiada(s) como duas garras, (escava) o campo do monte de cadáveres
… … … m sA … … … … … pri m …
… … … como filho … … … …vem, como …
Texto horizontal, no registo inferior
523
Ir ma di hAy n nbw Htpw n nbt tAwy
Fazei uma oração e rejubilai pela Dourada, (pelo) prazer da senhora das Duas Terras (Hathor)
swAH.s Nb-MAat-Ra di anx
para que ele faça perdurar Nebmaetré, dotado de vida.
524
mit qA ir.t mit iry.i n.t hAy
Vem, aparece, para que eu possa fazer-te uma saudação jubilosa
Hr xAwy iHy m-ma Srm
ao cair da noite, e música158 durante a noite.
525
Hwt-Hr iw.t qAi ti m Snyw Ra Snyw Ra
Ó Hathor, tu és exaltada nos cabelos de Ré, nos cabelos de Ré
526
157 Esta é apenas uma tradução possível e difere muito da que é feita por Wente: O you … whose tongue ,
whose throat and whose nDD are exalted, you are exalted, WENTE, op. cit., p. 47, notas g), h).
Note-se que só uma vez é possível detectar a palavra qAt, «exaltado» e que é muito difícil reconhecer
Htyt, «garganta».
158 iHy, « tocador de sistro», título dos sacerdotes de Hathor.
100
rdw.n.t nt pt im wSAw sbAw (aA) Hmt.s m Htp.s
Foi-te dado o céu, lá, a noite profunda e as estrelas, (grande é) a majestade dela, no seu repouso.
527
dwA nbw m wbn.s m pt
Adoração da Dourada, quando ela se eleva no céu!
528
nt tm m pt Ra im.s nt tm m tA Gb im.f
A ti pertencem todas as coisas no céu, quando Ré lá está, a ti pertencem todas as coisas na terra
quando Geb está presente
529
nn nTr ir msdt nt Hai ti
e não há nenum deus que faça algo de desagradável, quando apareces em glória.
530
wDA Hmt.i r bw mrt
Avança, ó minha majestade para o lugar amado
531
nn.s bw.k … ? … HDn.n.t
ela não tem o teu lugar … ? … mas não se indignou159
532
Hnwt .i mit xwi tw nsw Nb-MAat-Ra di anx
Senhora minha, vem e protege o rei Nebmaetré, dotado de vida,
533
ssnb sw Hr iAby n pt nfrw wDA snb m Axt
concede-lhe saúde no lado esquerdo do céu, para que seja feliz, prosperidade e saúde
no horizonte.
159 HnD, « indignar-se, ser vexado».
101
534
sHtp.s tAwy tmy iw wbn nbw mri(.t) anx.f
Ela satisfaz toda a humanidade, quando aparece a Dourada. Se quizeres que ele viva,
535
sanx sw HHw rnpwt m HH n sp m Hwy(-A) nn m Xwy
fá-lo viver milhões de anos de reinado, um milhão de vezes e possa isto ser uma protecção
Entre os directores do coro:
536
wn aAwy pri nTr wab
Abertas foram as portas duplas para que saia o deus puro
Sobre as flautistas e a cantora:
537
iw nn m Xw.f nsw Nb-MAat-Ra
Isto é para a sua protecção, a do rei Nebmaetré,
538
mi m-a Sbk n sA Ra Imn-Htp HqA WAst di anx ir.k mrrt.f
Vem Sobek até ao filho de Ré, Ámen-hotep, governante de Tebas, dotado de vida, e faz o que ele deseja.
Antes das dançarinas (Pl. XXXIV)
539
i(A)hb
Dança ritual160
Sobre as mulheres que batem palmas, (Pl. XXXVI):
540
Hnn Hst m-a hnn bn
Curva(-te), curva(-te) em louvor. Curva(-te) e transborda (de alegria)
160 No original está que se considerou errado.
102
541
mat sw ir.f n iHy wab
Contempla-o, quando ele faz música sagrada (para ti)
542
nsw bit(y) Nb-MAat-Ra sA Ra Imn-Htp HqA Wast iry.f Hb-sd
o rei do Alto e do Baixo Egipto, Nebmaetré, filho de Ré, Amen-hotep, governante
de Tebas, para celebrar o jubeu.
O terceiro jubileu de Amen-hotep III
Revestindo o traje de jubileu e ostentando os símbolos do seu poder, o rei está sentado no seu trono,
erguido sobre uma alta plataforma. Acompanha-o a rainha Tié, (Pl. XLIX).
No tecto do pavilhão de um e outro lado do Sol alado:
543
BHdt(y) nTr aA sAb Swt nb pt nb Msn di.f anx Dd wAs
O Behedita, deus grande de variegadas plumas, senhor do céu, senhor de Mesen. Que ele conceda
vida, estabilidade e domínio.
Directamente sobre a cabeça do rei outra representação do Hórus de Behedet protegido por
duas serpentes ostentando o símbolo da vida e referido simplesmente como:
544
Hr BHdt(y)
Hórus de Behedt
Diante de Amen-hotep III, em registo superior:
545
Ra-¡r-Axty kA nxt xai m MAat
Ré-Horakhti, touro poderoso que aparece em (Maet)
nsw bit(y) nb tAwy nb xaw Nb-MAat-Ra
Rei do Alto e do Baixo Egipto, senhor das Duas Terras, senhor das coroas, Nebmaetré
103
sA Ra n Xt.f mry.f Imn-Htp HqA WAst
Filho de Ré, do seu corpo, seu amado Amen-hotep, governante de Tebas,
tit Ra xnt TAwy
Imagem de Ré diante das Duas Terras
Di anx Ddt wAs mi Ra Dt
dotado de vida, estabilidade e autoridade, como Ré.
Em frente do rei, registo inferior:
546
Xat nsw Hr st wrt mi it.f Ra ra-nb
Gloriosa aparição do rei sobre o grande trono como Ré, seu pai, todos os dias
Atrás do rei:
547
sA anx HA.f mi Ra
Protecção e vida em torno dele, como Ré.
Diante da rainha, que ostenta uma coroa de longas plumas:
548
(y)rt-pat wrt Hswt Hnwt Xnmt nsw xai m MAat
A patrícia, grande em favores, senhora de todas as terras, associada ao rei que aparece em Maet
549
Hmt-nsw wrt mrt.f Tiy anx ti mA ti rnpt ti Dt
A grande esposa real, sua amada, Tié, que ela viva, fresca e jovem para sempre.
Inscrição no trono da rainha, acompanhando uma esfinge-fêmea e uma serpente alada
550
104
Hmt-nsw wrt mrt.f Tiy anx ti Dd ti rnpt ti Dt
A grande esposa real, sua amada, Tié, que ela viva, estável e jovem para sempre.
Atrás da esfinge:
551
titi xAswt
Esmagando as terras estrangeiras
Junto da serpente alada:
552
HD n Nxn
A «Branca de Nekhen» (Hierakonpólis)
Suporte esquerdo do pavilhão:
553
Ra-Hr-Axty wTs m Hbw-sd
Ré Horakhti, touro poderoso, elevando jubileus
mr.(n.Imn r nsw nb)
(Mais) amado (por Amon que qualquer senhor)
nsw-bit(y) nb tAwy nb it xt Nb-MAat-Ra
Rei do Alto e do Baixo Egipto, senhor das Duas Terras, senhor do ritual, Nebmaetré
sA Ra mr.f Imn-Htp HqA WAst
Filho de Ré, seu amado, Amen-hotep (III), governante de Tebas
mr Wsir HqA Dt di anx mi Ra
Amado de Osíris, governante da eternidade e dotado de vida, como Ré
Suporte direito
105
554
Ra-Hr-Axty wHm Hbw-sd smn n Imn m st wr(t)
Ré Horakhti, touro poderoso, repetindo jubileus, que Amon instalou no grande trono
nsw-bit(y) HqA pDt-9 nb tAwy Nb-MAat-Ra
Rei do Alto e do Baixo Egipto, governante dos nove arcos, senhor das Duas Terras, Nebmaetré
sA Ra mr.f Imn-Htp HqA WAst mry PtH-skr nb STyt
Filho de Ré, seu amado, Amen-hotep (III), governante de Tebas, amado de Ptah-Sokar, senhor de
Chetyet
di anx Dt
Dotado de vida eternamente
Na plataforma, devidamente pisados pelo casal régio, uma representação dos Nove Arcos,
os tradicionais inimigos do Egipto, que se apresentam amarrados.
555
HAw-nbwt, «Egeus»161 pDtyw Sw, «Bárbaros miseráveis (?)»
SwAsw, «Chasus»162 THnw, «Líbios»163
TA-Sma(w), «Alto-Egipto» iwntyw-pDt(iw), «Tribos núbias»164
smtyw, «?»
mntyw nw sttw, «Be-duínos
asiáticos»165
TA-mHw, «Baixo-Egipto»
Sentados nos seus tronos, Amen-hotep III e a rainha Tié recebem presentes, (Pl. LI)
Os ofertantes são introduzidos pelo mordomo Kheruef
556
161A grafia normal é HAw-nbwt.
162 Beduínos da região oriental do Sinai, ao sul da Palestina. A grafia normal é SAsw.
163 De THnw, «Líbia».
164 De tA-st(i), «Núbia».
165 De stt, «Ásia»
106
StA mnw wrw aSAw m-bAH
Apresentando numerosos e grandiosos objectos166, na presença de Sua Majestade,
557
In imy-r pr n Hmt-nsw wrt sS-nsw Hrw.f
pelo mordomo da grande esposa real, o escriba real Kheruef.
Acima de Kheruef:
558
Xrp mnw rdit m-bAH r mAAw n nTr nfr
Conduzindo os objectos para serem colocados na presença (do rei) para a inspecção do deus
perfeito
559
m irT mnw aAw wrw sXkr pr.f
da manufactura dos grandes e importantes objectos (feitos de) electum para decorar a sua casa:
560
m q(r)Hwt nbt nn Dr-a.sn iww aSaw r smnt m.sn sS
Toda a espécie de vasos kherehut, sem limite, sendo demasiado numerosos para serem escritos
561
wDAw wsxw mH m xsbd m aAwt nbt
Peitorais udjat, colares usehu, cheios de lápis-lazúli e toda a espécie de pedras valiosas
562
sSpst bi(A)wt tm irt
e esplêndidos tesouros que nunca antes tinham sido fabricados.
563
166 Portable objects, na tradução de Faulkner. Ver FAULKNER, A Concise Dictionary of Middle Egyptian, p.
108.
107
n kA n r-pat HAty-a smr aA rdw st mH-ib mnx ity
Pelo senhor e membro da elite, grande companheiro nos degraus do trono, um eficiente homem de
confiança do soberano,
564
Imy –ib Hr Sxnt n nsw wrw r.f
o favorito do Hórus no seu palácio que o rei promoveu (passando sobre os que eram) maiores que
ele (o favorito).
565
Hr r nb tAwy Hr bit.f sS-nsw imy-r pr Hmt-nsw wrt Tiy anx ti
O senhor das Duas Terras está contente com o seu carácter, o escriba real mordomo da grande
esposa real, Tié – que viva! –
Xrw.f mAat-xrw
Kheruef, justificado,
566
Hsw mrw m-bAH Hm.f m Htr n mAA mnw
favorecido e amado diante de Sua Majestade para proceder à inspecção dos objectos.
Secção dos acompanhantes de Kheruef
1º Registo
567
HAt-sp 37 stA smrw r dit m-bAH m Hb-sd xmt-nw n Hm.f
Ano 37. Conduzindo os companheiros para serem admitidos à presença do terceiro jubileu de Sua
Majestade
568
in r-pat HAty-a smr aA n mrwt sS-nsw
Pelo senhor e membro da elite, grande companheiro, no amor (do rei), o escriba real,
569
108
imy-r pr Hmt-nsw wrt Tiy anx ti Xrw.f mAat-xrw …
o mordomo da grande esposa real, Tié – que viva! – Kheruef, justificado …
O registo médio está tão deteriorado, que só permite ler raros signos isolados.
Registo inferior :
570
HAt-sp 37 stA iwt-nTr r dit m-bAH m Hb-sd xmt-nw n Hm.f
Ano 37. Conduzindo os pais divinos para serem admitidos à presença do terceiro jubileu de Sua
Majestade
571
in r-pat HAty-a smr aA n nb tAwy wHmw-nsw tpy m imy n aH sS-nsw
Pelo senhor e membro da elite, grande companheiro do senhor das Duas Terras, primeiro arauto do
rei que está no palácio, escriba real,
572
imy-r pr Hmt-nsw wrt Tiy anx ti Xrw.f mAat-xrw
mordomo da grande esposa real, Tié – que viva! – Kheruef, justificado …
Entre o primeiro e segundo pai-divino:
573
iwt-nTr n Imn …
Pais-divinos de Amon …
Amen-hotep III faz oferendas a um pilar Djed mumiforme, (Pl. LIV)
574
smAat aAbt aAt miAw wnDw
Realização de uma grande oferenda de gado de cornos longos e de gado de cornos curtos
Xt-nbt nfert wabt n Wsir HqA Dt
e todas as coisas boas e puras a Osíris, senhor da eternidade
575
109
nTr nfr nb tAwy Nb-MAat-Ra sA Ra n Xt.f Imn-Htp HqA WAst
(pelo) deus perfeito, senhor das Duas Terras, Nebmaetré, filho de Ré, do seu corpo, Amen-hotep
(III), governante de Tebas,
576
Tit Ra xnt n tAwy mr.n.f r nsw nb di anx mi Ra
Imagem de Ré diante das Duas Terras, mais amado por ele do que qualquer rei e dotado de vida
como Ré.
Diante da deusa abutre:
577
WaDyt nbt Pr-nw
Uadjyt, senhora do santuário de Per-nu167
Atrás do rei:
578
sA anx HA.f nb mi Ra
Protecção da vida em torno de todo ele, como Ré.
Na mesa de oferendas:
579
mAHD, «órix» e iwA, «boi»
À direita das jarras:
580
Drp rnpwt nbt bnrt Xt-nbt nfrt wabt
Fazendo uma oferenda de todos os frutos doces e de toda a espécie de coisas boas e puras.
Pavilhão do pilar Djed
À direita
581
167 Ou Pr-nw. Santuário da deusa Uadjit localizado em Dep (Buto) no Baixo Egipto.
110
di.f anx nb Awt-ib nb snb nb Wsir Xnt Hwt Skr
Que ele conceda toda a vida, toda a alegria e toda a saúde, Osíris, diante da Casa de Sokar,
nTr aA nsw anxw
deus grande, rei dos vivos.
À esquerda:
582
iw.n.f anx Dd wAs HqA Hrt nst Gb Wnn-nfr sA Nwt
Ele veio em vida, estabilidade, domínio e governa sobre o trono de Geb, ó Uenen-nefer, filho de
Nut.
(nhsy nn Hdy?) m pr.f n imHt
«O que acorda ileso» na sua casa, no mundo dos mortos.
Ao lado esquerdo das penas duplas que toucam o pilar:
583
sA anx HA.f nb mi Ra Dd wAs snb Hrt nst (i)t.f Gb
Protecção da vida em torno de todo ele, como Ré. Estabilidade, domínio e saúde sobre o trono de
Geb.
Registo inferior. Esquerda do pedestal onde assenta o pilar.
584
Dd mdw di.n(.i) n.k Hw
Palavras ditas: «Eu dei-te comida.»
585
Dd mdw di.n(.i) n.k Df(A)
Palavras ditas: «Eu dei-te provisões.»
Elevação do pilar Djed pelo rei, acompanhado pot Tié e as princesas (Pl. LVI)
586
111
saHa Dd in nsw ir.n.f n it.f Skr-Wsir nTr aA
Elevação do pilar Djed pelo rei que fez (isto) para seu pai Sokar-Osíris, o grande deus (que está)
587
Hr(y)-tp ¥tyt
no meio de Chetyet.
588
di.f anx nb Dd nb wAs nb snb nb Awt-ib nb
Que ele conceda toda a vida, toda a estabilidade, todo o domínio, toda a saúde
589
Df(A) nb d(b)Hw m Hb-sd mi it.f ¡r-TAnn
e todas as provisões requeridas no jubileu, como seu pai Hórus-Ta(te)nen.168
Diante do rei:
590
nTr nfr nb tAwy Nb-MAat-Ra sA Ra n Xt.f Imn-Htp HqA WAst di anx
…
O deus perfeito, senhor das Duas Terras, Nebmaetré, filho de Ré, do seu corpo, Amen-hotep (III),
governante de Tebas169, dotado de vida …
591
saHa Dd in nsw Ds.f ir.f di anx mi Ra Dt (n)HH
Elevação do pilar Djed pelo próprio rei, para fazer «dotado de vida como Ré» eternamente e para
sempre.
Atrás do rei:
592
sA anx nb Dd nb wAs nb r HA.f mi Ra Dt
168 A grafia normal é, por exemplo: TA-tnn, Tatenen, entidade menfita associada a Ptah. É o
patrono dos jubileus reais e guarda o caminho do rei defunto para o mundo dos mortos. Ver SALES, As
divindades egípcias, p. 291. 169 Reconstituição possível, de acordo a ln. 565.
112
Toda a protecção de vida, toda a estabilidade e todo o domínio em volta dele, como Ré,
eternamente.
Sobre dois homens curvados, no registo médio supeerior. Texto horizontal:
593
stA sm xrp Hm(w)t wrt irt di aHa.sn r rdw st
Introduzindo o sacerdote sem e o chefe dos mestres artesãos e colocando-os de pé, junto aos
degraus do trono,
594
r irt irw n saHa Dd m-bAH nsw
para a realização das cerimónias da erecção do pilar Djed, na presença do rei.
Diante do primeiro e do segundo homem, respectivamente
595
sm, «sacerdote sem170» e xrp Hm(w)t wrt, chefe dos mestres artesãos»
Sobre a corda puxada pelo rei:
596
saHa Dd in nsw Ds.f HD-tA n Hbw-sd
Erigindo o pilar Djed pelo próprio rei, ao romper do dia dos jubileus171
Sobre a corda puxada por três homens:
597
rdit Htp nTr drp n Dd
Efectivação de uma oferenda ao deus, fazendo uma oferenda ao pilar Djed.
Caracterização dos homens:
598
rxw-nsw
Conhecidos do rei
170 Era um dos sacerdotes encarregados de oficiar, no dia do funeral. Ver ARAÚJO, O clero do deus Amon no
Antigo Egipto, pp. 202-205. 171 A frase deveria estar no singular, uma vez que se descreve apenas um jubileu, o terceiro.
113
Sobre as oferendas:
599
drp m t Hnqt xt-nbt nfrt wabt
Fazendo uma oferenda de pão, cerveja e toda a espécie de coisas boas e puras.
Junto à mesa de oferendas está ajoelhado um it-nTr, «sacerdote pai-divino».Sobre o
homem que, à esquerda, ampara o pilar:
600
(PtH-Skr)-Wsir
(Ptah-Sokar)-Osíris
À sua frente:
601
wnn sA anx nb r HA.f mi Ra ra-nb
Que haja protecção de toda a vida por detrás dele , como Ré, todos os dias.
Espaço da rainha Tié, que caminha atrás do esposo:
602
r-pat wrt Hswt Hnt nt tAw nbw mHt aH m mrwt
Patrícia, grande em favor, senhora de todas as terras, que enche o palácio de amor
603
Hmt-nsw wrt mryt.f Tiy anx ti rnpi ti ra-nb
A grande esposa real, sua amada, Tié, que ela viva e seja jovem todos os dias.
As princesas, (Pl. LVII)
Registo superior:
604
msw nsw swAS Dd Spsy
As filhas do rei, prestando homenagem ao augusto pilar Djed
114
605
n kA.k sSSwt n Hr.k nfr mnywt sxmw
Ao teu ka, os sistros e, ao teu belo rosto, os colares menat e os ceptros sekhem, quando te ergues, ó
augusto pilar Djed
(n PtH-Skr)-Wsir
(de Ptah-Sokar)-Osíris.
Registo inferior. Ao alto um texto idêntico ao ln. 594.
Em baixo:
606
dwA PtH- Skr Dd n Wsir Ntr aA Hr-ib ¥tyt
Adoração a Ptah-Sokar e ao pilar Djed de Osíris, o deus grande que reside em Chetyet,
in msw nsw
pelas filhas do rei.
Kheruef e os funcionários reais, (Pl. LVIII B - D)
607
Iryw n nb tAwy Smsw ity nXt
Os guardiães do senhor das Duas Terras que são servidores do poderoso soberano
608
(iry-)rdwy n nb tAwy iiw Smsw nTr nfr
os que estão ao serviço do senhor das Duas Terras e vão na comitiva do deus perfeito.
609
sS-nsw mAa mr.f mH-ib n nb tAwy … … … imy-r pr Hmt nsw wrt
£rw.f mAa-xrw
O verdadeiro escriba real, seu amado, confidente do senhor das Duas Terras … o mordomo da
grande esposa real, Kheruef, justificado.
115
Músicos e dançarinos, magarefes e portadores de oferendas, (Pls. LIX − LXI − LXIII)
Dizem os Smaw, «cantores»:
610
Xai PtH dwA tw r ky s(q)A tw
Ptah aparece em glória e és adorado agora. Exaltado sejas,
611
Hm(y) m (w)iA dmd.k tA iry.k
ó timoneiro da barca! Tu unes-te à terra para poderes
612
SAS r.f Hswt Ra Hr nfrw.k
viajar através dela. Que Ré te favoreça pela tua perfeição
613
mi mrr.k iAt aAt Nb-MAat-Ra mi.n.n sqA sw
tal como tu amas o «grande ofício»172, ó Nebmaetré que veio até nós para que o exaltemos.
Entre os dançarinos:
614
irt nn xft Hr Dd
Fazendo isto diante do pilar Djed
Registo superior, (Pls. LXI – LXIII). Os Hsw, «cantores»
615
wnn aAwy Xrt Skry Ra m pt rnpi
Abertas são as duplas portas do mundo dos mortos, ó Sokar, Ré está no céu a ser rejuvenescido,
616
172 O «ofício» de reinar.
116
Xai Itm m mA.n.k abwt m Axt
Atum aparece em glória para te contemplar, cintilante no horizonte.
617
mH.n.k tAwy m nfrw.k mi pt stt im tHnt
Tu encheste as Duas Terras com a tua beleza, como o céu radiante como faiança
618
mi ms.n.tw.k m itm m pt
e, do mesmo modo, foste renascido no disco solar que está no céu.
Texto horizontal sobre os portadores de oferendas
619
m-a ini t Hnqt rnpywt nbt nDmt bnrt
Trazendo conjuntamente pão, cerveja e todos os vegetais doces e deliciosos
620
Xt-nbt nfrt n kA.k Skry Dd n Wsir
e toda a espécie de coisas boas e puras para o teu ka, ó Sokar, pilar Djed de Osíris.
Registo médio
621
Smaywt nty Hr Smaw xft ir irw n saHa Dd
Tocadoras que estavam a fazer música, enquanto eram realizadas as cerimónias da ercção do pilar
Djed.
622
Hmwt in nw wHAt r saHa Dd
e mulheres que foram trazidas do oásis, para a erecção do pilar Djed.
623 − Cortejo de lutadores.
A numeração de cada indivíduo foi feita no sentido Pl. LIX → Pl. LXIII.
Entre lutadores
Inscrição
117
0-1 Xr(y)-Hbt, «sacerdote-leitor»
1-2,3 Hsi, «Cantando»
4-5; 6-7; 8-9; 16-17;18-19
20-21 at mnt, «Braço firme!»
2,3-4; 9-10; 11-12; 23-24 n Dri, «Sê duro!»
21-22 n Dri, «Sê duro!» - dizer duas vezes
5-6; 6-7; 8-9 iTi n ¡r m xai (m)
MAat, «Con-duzindo o Hórus que aparece em maet»
18-19 iTi n ¡r xai (m)
MAat, «Conduzindo o Hórus que aparece em Maet»
16-17 iTi, «Conduzindo …»
14,15-16 ¡r xai (m) MAat, «… o Hórus
que aparece em Maet»
13-14,15 nn xfty.k, «Tu não tens inimigo!»
10-11 rmT P, «Homens de Pe»
12-13 rmT Dp, «Homens de Dep»
Registo inferior. Preparação e entrega da comida nas barcas, (Pls. LVIII D; LIX- LXI).
Sobre as barcas, cada it-nTr, «sacerdote pai-divino» arruma a carga.
624
itw-nTr Ssp t Hnqt kAw Apdw xt-nbt wabt
Pais divinos, recebendo pão, cerveja, bovinos e aves e toda a espécie de coisas boas e puras
625
rdit r iwAw Atp xt-nbT nfrt wabt
para colocar nas barcas e carregar toda a espécie de coisas boas e puras
r wiAw ra pn n saHa Dd
nas barcas, neste dia da erecção do pilar Djed.
Sobre os portadores 2 e 3, cada um dos quais é um rx nsw, «conhecido do rei»
118
626
Ssp r wAH m pA wiA
Recebendo a carga para (a) colocar na barca.
O pai divino diz ao portador: smn Drt.k, «Mantém a tua mão firme!»
Sobre o açougueiro (Pl. LIX)
627
sft dw r stpwt xrp d w r wAH wiAw wab sp-sn
O sacrifício (do animal) destina-se a obter peças de carne para serem oferecidas e colocadas na
barca duplamente pura,
Hr awy nsw
sob a autoridade do rei.
Entre o açougueiro e o portador
628
fAit t Hnqt kAw Apdw rnpyt nbt
Carregamento de (vários tipos de) pão, cerveja, bovino e aves, todo o tipo de vegetais
nDmt bnrt nfrt wabt r wiAw
doces e deliciosos, e de toda a espécie de coisas boas e puras nas barcas.
Homens conduzem dois grupos de bovinos e burros, (Pls LXI − LXIII)
Linha de texto horizontal:
629
pXr.sn inbw sp-4
Eles dão a volta às muralhas por quatro vezes,
hrw pn n saHa Dd Spsy imi ¥tyt
neste dia da elevação do augusto pilar Djed, que reside em Chetyet.
119
O condutor increpa uma vaca que se obstina em olhar para trás, contrariamente às outras:
630
m irt Sm n Hrt iS
Não vás na direcção da tua cara! Vamos!
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