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    Livro Materiais de ConstruoCivil 1

    CAPTULO 47

    BAMBU

    Khosrow Ghavami (1) e Normando Perazzo Barbosa (2)

    (1) Professor Titular, PhD, Departamento de Engenharia CivilPontifcia Universidade Catlica do-Rio de Janeiro,

    Rua Marques de So Vicente, 225, Gvea, 22453-900 Rio de Janeiro - RJemail: [email protected]

    (2) Professor Titular, Doutor, Departamento de Tecnologia da Construo CivilCentro de Tecnologia da Universidade de Federal da Paraba

    Cidade Universitria, 58059-900 Joo Pessoa PBemail: [email protected]

    1 IntroduoOs materiais industrializados mobilizam vastos recursos financeiros, consomem

    uma enorme quantidade de energia e requerem um processo centralizado para suaobteno, resultando em custo elevado para grande parte da populao mundial. Dentreas conseqncias h os problemas de desemprego e de crise habitacional em reasrurais e em pequenas cidades. Somem-se a isso os resduos dos materiais norenovveis que so inaproveitados, causando permanente poluio. Nesse sentido, torna-

    se evidente que materiais ecolgicos podem satisfazer a algumas exignciasfundamentais dos dias de hoje, como minimizao do consumo de energia, conservaodos recursos naturais, reduo da poluio e manuteno de um ambiente saudvel.Assim, so intensas as pesquisas em andamento sobre materiais no poluentes, comofibras vegetais, bambu, terra. Com base nos estudos sobre o seu comportamento e suautilizao, esses materiais vm se apresentando como alternativos na construo. Porisso, poderiam ser muito mais aproveitados nos locais onde so encontrados emabundncia.

    O bambu, presente constantemente na paisagem brasileira e em toda zona tropicale parte da zona subtropical da terra, uma resistente gramnea ainda no devidamenteapresentada aos povos ocidentais. Contando com mais de 1200 aplicaes no oriente,essa espcie vegetal tem um potencial latente espera de uso.

    Dentre as vrias caractersticas favorveis ao seu uso na arquitetura e naengenharia pode-se citar:

    - baixa energia de produo se comparada a outros materiais como ao, concreto emadeira, o que pode resultar em baixo custo da construo;

    - curto ciclo de crescimento com grande e constante produtividade por bambuzal;

    - baixo peso especfico, o que reduz o custo de seu manuseio e transporte;

    - forma tubular acabada, estruturalmente estvel para as mais diversas aplicaes

    construtivas, inclusive como tubos hidrulicos;

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    - resistncia mecnica compatvel com os esforos solicitantes a que estariasubmetido o bambu em estruturas adequadamente dimensionadas;

    - aproveitamento quase total, e os poucos resduos gerados com seu emprego sobiodegradveis, reincorporando-se facilmente natureza;

    - possibilidade de se curvar o colmo (caule);

    - superfcie lisa e colorao atrativa;- durabilidade dentro das expectativas normais de vida dos materiais

    convencionais, relativamente s condies ambientais onde utilizado, seja ao ar livre ouenvolvido por outros materiais.

    Para o uso do bambu em grande escala como material de engenharia,economicamente vivel e com possvel industrializao, faz-se necessrio um estudocientfico sistemtico sobre sua propagao, plantao, colheita, cura, tratamento e ps-tratamento, alm de uma completa anlise estatstica das propriedades fsicas emecnicas do colmo do bambu inteiro. A partir desses estudos, ser possvel criarcritrios confiveis de dimensionamento e fazer-se o emprego de processos industriais,

    viabilizando economicamente o uso do bambu em grande escala.No Brasil, os primeiros estudos cientficos relativos ao bambu tiveram incio em

    1979, no Departamento de Engenharia Civil da Pontifcia Universidade Catlica do Rio deJaneiro (PUC-Rio), sob a direo do primeiro autor deste captulo. Desde ento, foramdesenvolvidos vrios programas de investigao do uso do bambu e das fibras naturais(sisal, coco, piaava e polpa celulsica de bambu) como materiais de baixo impactoambiental para serem empregados na construo.

    Neste captulo, pretende-se apresentar informaes gerais sobre o bamburesultados dos estudos das caractersticas biolgicas, fsicas, mecnicas e da meso emicro-estrutura do bambu, com a finalidade de sua aplicao na obras de engenharia.So mostrados os mtodos de ensaios de trao, compresso de elementos curtos,cisalhamento interlaminar e transversal, levando-se em considerao variveis comoespcie, idade, teor de umidade, origem e posio do colmo de onde a amostra foiextrada. Para se ter maior vida til, precisa-se levar em conta fatores como idade dobambu, tempo do corte, perodo de cura e secagem, alm de tratamentos contra fungos einsetos.

    A utilizao do bambu bastante disseminada em todo mundo, principalmente nospases asiticos. Japoneses, chineses e indianos utilizam essa extraordinria planta hmilhares de anos. Em certas regies, o bambu considerado uma planta sagrada, taisso os benefcios que ela proporciona. Na Amrica do Sul, a Colmbia destaca-se como o

    pas que mais investe na utilizao do bambu em construes. No Brasil, at agora obambu no recebeu a ateno merecida, pois ainda existe uma ideologia de associaressa planta pobreza, alm de serem pouco divulgadas suas caractersticasagronmicas e tecnolgicas. O bambu j utilizado no meio rural como tutor para plantas,demarcao de curvas de nvel, cercas, estrados, comedouros, esteiras, cestos, forros,proteo de terrenos, quebra-vento, controle de eroso, carvo, drenagem, conduo degua, alimentao, vara de pescar.

    Nas Figuras 1 a 4 podem-se ver algumas obras que mostram o grande potencial domaterial: casa de show construda inteiramente com bambu, incluindo a decoraointerna, divisrias e telhas, apresentada em Itanhang, no Rio de Rio de Janeiro,

    concluda em 1998 (Figura 1); catedral construda em bambu na Colmbia pelo arquitetoSimon Veles e pelo construtor Marcelo Vilegas (Figura 2); boate Cozumel construda nobairro da Lagoa Rodrigues Freitas, no Rio de janeiro nos anos noventa (Figura 3); pontes

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    de pedestre de bambu construdas na Alemanha e na Colmbia (Figura 4). No Brasil, aAssociao Brasileira de Materiais e Tecnologias no Convencionais, cujo endereo nainternet http/www.abmtenc.civ.puc-rio.br, vem incentivando a utilizao do bambu naarquitetura e na engenharia atravs da realizao de congressos, alm da participaoem projetos de engenharia e de casas populares, utilizando os dados de pesquisa sobrebambu do grupo de Materiais No Convencionais da PUC-Rio.

    Figura 1 - Casa de Bambu em Itanhang, no Rio de Janeiro

    (a) Vista frontal durante odia (b) Interior da Catedral

    (c) Vista frontal durante anoite

    Figura 2 - Catedral construda em bambu na Colmbia.

    a) Em fase de construo b) Aplicao de solo argiloso c) Estrutura j concluda

    Figura 3 - Boate Cozumel na Lagoa, no Rio de Janeiro, construda em bambu em anos 90.

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    (a) Ponte de bambu em Pereira, na Colmbia

    (b) Vista do vo de 53m

    (c) Ponte de bambu em Stuttgart-Alemanha

    Figura 4 - Pontes de bambu em Pereira, na Colmbia e em Stuttgart, na Alemanha.

    2 Os BambusOs bambus so gramneas gigantes, pertencentes famlia Poaceaee subfamlia

    Bambusoide formando parte da ordem Graminales, da classe Monocotyledoneaeque

    uma diviso das Angiosprmeae. O bambu nativo pode ser encontrado em todos oscontinentes, exceo da Europa e da Antrtida, desenvolvendo-se em toda a zonatropical da terra e em parte da zona subtropical. De acordo com Lopz (2003), das maisde 1600 espcies de bambu existentes no mundo, 440 delas so nativas da Amrica,1000 espcies so da sia e Oceania, e uma parcela pequena vem da frica.

    2.1 MorfologiaMorfologia a parte da botnica que estuda a estrutura das plantas. A estrutura

    externa do bambu formada por:

    - rizomas e razes- colmos

    - galhos

    - folhas

    - flores e frutos

    2.1.1 Rizomas e razes

    O rizoma o rgo vital na reproduo assexuada do bambu, que armazena etransporta nutrientes. O rizoma pode ser considerado como uma fbrica ecolgicasubterrnea, de onde a cada ano saem novos colmos que vo se multiplicando. Ele umcaule subterrneo composto de n, intern, broto e uma ou mais razes. Possui trs

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    padres de ramificao em geral: o primeiro, chamado simpodial, representa cada eixosucessivo que se torna dominante e volta a se desenvolver; o segundo, chamadomonopodial, consiste num eixo dominante e eixos secundrios derivados dele; o terceiro,uma mistura dos outros dois, conhecido como anfipodial.

    O rizoma simpodial tambm chamado de determinado,pois um nmero limitadode outros eixos produzido a partir de um eixo matriz. J o monopodial consideradoindeterminado, pois o eixo principal pode se desenvolver indefinidamente e continuar aproduzir outros eixos adicionais. Simpodial e monopodial podem descrever o padro deramificao de qualquer parte da planta e no somente do sistema de rizomas. De acordocom a morfologia dos rizomas, existem trs grandes tipos de bambu: leptomorfo,paquimorfoe metamorfo, que podem ser vistos na Figura 5.

    a) Paquimorfo b) Leptomorfo c) Metamorfo

    FIGURA 5 Classificao do bambus segundo os rizomas.

    Paquimorfo tambm conhecido como tipo moita, conglomerado, entouceirante,simpodial e determinado. tpico da zona tropical das Amricas, sia, frica e Oceania.O rizoma paquimorfo (Figura 5a) slido, de forma curva, curto e grosso. Seus internsso mais largos e com uma espessura mxima em, alguns casos, maior do que a docolmo (Judziewicz, Clark e Lenoo,1999).

    Leptomorfo tambm conhecido pelo nome monopodial, alastrante ouindeterminado. O rizoma leptomorfo,conforme mostrado na Figura 5b, longo, de forma

    cilndrica, apresenta dimetro menor do que o do colmo correspondente. A maioria dosbrotos temporria e aqueles que germinam geram colmos simples.

    O termo Metamorfo usado para esse tipo de bambu, porque ele no se adaptanem ao tipo leptomorfo e nem ao paquimorfo, sendo a transformao de um em outro,Figura 5c.

    As razes do bambu normalmente saem dos rizomas e ajudam a fixar a planta nosolo, absorvendo gua e nutrientes que so transportados para toda planta. As razespodem at armazenar amido, embora essa funo seja, na maioria das vezes,desempenhada pelo rizoma.

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    2.1.2 Colmos

    Os colmos formam a principal parte area da planta. So eles que so usados naConstruo. O colmo nasce do pice do rizoma e tem seu eixo segmentado, constitudode n e intern. O comprimento dos colmos de bambu varia enormemente com aespcie. H espcies com colmos de alguns centmetros de altura e outras nas quais elespodem superar os 30 metros. As Figuras 6a, 6b, 6c e 6d representam os estgios decrescimento do colmo da espcie Guadua angustiflia.

    a. algumas semanas b. 1-2 anos c. 2-3 anos d. 3-6 anos

    Figura 6 - Estgios do colmo do bambu Guadua angustiflia (Londoo, Camayo e Riao,2002).

    O crescimento do colmo ocorre muito rapidamente. Seu comprimento aumentasendo de alguns centmetros por dia (de 15cm a 20 cm). A literatura reporta recordes decrescimento de mais de um metro em um nico dia.

    O n o local de onde de onde saem os galhos. Internamente, o n representadopelo prato slido horizontal de feixes vasculares denominados diafragmas. De acordo comLpez (2003), as espcies do grupo paquimorfo e leptomorfo apresentam estruturasanatmicas semelhante na regio nodal, e algumas espcies do grupo paquimorfodesenvolvem razes densas ao redor da regio nodal na parte mais baixa do colmo.

    O intern a parte do colmo entre os dois ns consecutivos. A parede do intern varivel, possuindo uma espessura desde muito fina (exemplo: espcie Rhipidocladum)amuito grossa (exemplo: espcie Guadua velutina). Nos bambus americanos, a superfcieexterna do intern completamente lisa, mas pode apresentar aspereza com um maiorou menor grau de enrugamento. O dimetro do interno decresce da base ao topo. AsFiguras 7a, 7b e 7c representam, respectivamente, o intern do bambu, a seotransversal do bambu e o respectivo esquema.

    Figura 7 - Perfil macroscpico do colmo do bambu: Dendrocalamus giganteus (Fonte: Coletneapessoal de rsula Ghavami).

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    2.1.3 Galhos

    Os galhos so originados de brotos que se alternam de um lado para outro, em nssucessivos. Em algumas espcies, os galhos se desenvolvem na fase de crescimento; emoutras, quando atingem o seu crescimento definitivo. Algumas espcies tm galhosrelativamente grandes em relao ao colmo, como se mostra na Figura 8; outras os tmde dimenses muito menores. O nmero de ramificaes em cada n importante naidentificao dos diversos gneros.

    2.1.4 Folhas

    Os bambus apresentam dois tipos de folhas: as que crescem nas extremidades dosgalhos e as que nascem no colmo. As primeiras, conforme a Figura 8b, so as folhaspropriamente ditas as quais efetuam a fotossntese. As segundas so ditas folhascaulinares, brcteas ou bainhas (Figura 9). Nascem nos ns e protegem as gemas (partesda planta que originam os galhos) de danos mecnicos e insetos nocivos. A face internada bainha lisa e brilhante, mas, quando jovem, a parte externa coberta com pelos

    irritantes que possuem colorao variada, como branca, cinza marrom ou preta. A forma egeometria das folhas caulinares variam com a espcie.

    a b

    Figura 8 (a) Galhos e (b) folhas de bambu

    Esquema da Bainha do bambu Bainha do bambu

    Figura 9 - Folha caulinar ou bainha do bambu Dendrocalamus giganteus (Fonte:Coletnia pessoal de rsula Ghavami).

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    2.1.5 Flores e frutos

    H espcies de bambu, como a Bambusa vulgaris, que nunca floresce. Em outras,o florescimento apresenta-se, em geral, em perodos mais ou menos regulares, quevariam, segundo a espcie, de 3 a 160 anos e debilita a planta, determinando a morte doscolmos e ramos. De acordo com Salgado e Azzini (1994), se um novo colmo brota de umrizoma que teve o seu colmo florescido, este novo colmo produz flores em seu primeiroano de crescimento e logo, geralmente, morre. Segundo os mesmos autores existem trstipos bsicos de florescimento: o anual, o espordico e o gregrio. O florescimento anualocorre nos bambus herbceos, os quais apresentam pouca importncia econmica e noso usados na engenharia. O florescimento espordico e o gregrio ocorrem nos bambuslenhosos. O florescimento espordico apresenta-se em colmos isolados e numa mesmatouceira. O florescimento gregrio ocorre quando floresce a totalidade dos colmos de umatouceira ou mata, ocorrendo a morte do colmo e tambm do rizoma.

    As flores do bambu se transformam em sementes. Na Figura 10, vem-sesementes de bambu e a nova planta originria delas.

    Figura 10 - Sementes de bambu e nova planta gerada a partir de uma delas.

    2.2 Micro-estrutura

    Microscopicamente o bambu pode ser considerado um material compsito formadopor feixes de fibras fortemente aderidas a uma substncia aglutinante, a lignina.

    Devido forma tubular, podem-se adotar como referncia as direes longitudinal,radial e circunferencial, mostradas na Figura 11. As propriedades fsicas e mecnicas dobambu so diferentes, segundo essas trs direes.

    A direo longitudinal dita direo paralela s fibras. A direo radial aquela aolongo da espessura da parede do colmo. A direo circunferencial aquela circular,paralela ao permetro da seo transversal do colmo.

    As fibras tm uma direo preferencial, orientando-se longitudinalmente ao longodo colmo. Elas so praticamente paralelas e lineares ao longo do intern, porm, no n,elas sofrem desvios.

    No sentido radial, as fibras no se distribuem homogeneamente na matriz delignina: h uma maior concentrao delas nas proximidades da face externa, como se vna Figura 12. As camadas externas do colmo so as mais solicitadas pela ao do ventono bambuzal. Como as fibras so responsveis pela resistncia trao do bambu,

    sabiamente a Natureza as concentra nas zonas mais tracionadas.

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    J ao longo das direes circunferencial e longitudinal tem-se uma distribuiopraticamente uniforme, embora nesta ltima haja reduo na quantidade de fibras medida que se afasta da base.

    Figura 11 - Direes a serem consideradas nos colmos de bambu.

    Figura 12 - Distribuio das fibras ao longo da espessura daparede do colmo (direo radial).

    Os vasos ou veios tm como funo o transporte de nutrientes da raiz s demais

    partes da planta. Como os colmos de bambu so bastante esbeltos, os vasos ou veiosso reforados por um tecido (esclernquina) que lhes d resistncia (Figura 13).

    3 Obteno dos colmosA obteno dos colmos para uso na engenharia passa pelas seguintes etapas:

    - seleo

    - corte

    - cura

    - secagem- tratamentos imunizantes

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    mesoestrutura com aumento de 6X microestrutura com aumento de 50X.

    FIGURA 13 - Conjuntos vasculares do bambu da espcie Dendrocalamusgiganteus.

    3.1 SeleoA escolha dos colmos adequados fundamental para se conseguirem construes

    durveis. O primeiro aspecto a observar a idade do bambu: muito jovem, nodesenvolveu ainda suas propriedades de resistncia, tem mais seiva, ser mais suscetvelao ataque de insetos e de fungos; muito maduro, pode j apresentar diminuio daspropriedades mecnicas!

    Assim, a idade de colher os colmos de trs a sete anos, variando com a espcie.No caso de se ter explorao racional de plantaes de bambu, como j ocorre em muitas

    partes de Colmbia, por exemplo, a idade do material bem conhecida e colhe-se notempo adequado. J quando se tem de obter bambu sem conhecimento de sua idade,devem-se observar algumas diferenas entre os colmos verdes e os maduros.

    Os colmos ainda verdes apresentam colorao mais intensa, podendo apresentar asuperfcie cerosa, e brcteas nos ns, nenhum ou poucos galhos, como se v na Figura14a.

    Os colmos maduros tm cor menos brilhante, superfcie dura, sem brcteas algunsgalhos nos ns, como indicado na Figura 14b.

    No se devem colher colmos muito maduros que apresentem fissuras nas paredes,sinais de ataque de insetos ou de fungos, nem com sinais de apodrecimento.

    3.2 CorteO corte deve ser feito de forma a no prejudicar o bambuzal. prefervel o uso de

    serra eltrica. Nos bambuzais entouceirantes que no foram manejados corretamenteessa operao de corte bastante trabalhosa, sobretudo se no se dispuser doequipamento citado. Os colmos maduros normalmente esto no interior da touceira, o quedificulta ainda mais o acesso ao corte. Na falta de serra eltrica, pode-se usar machadoou faco.

    O corte deve ser feito altura do segundo n, logo sobre ele, evitando-se deixarpossibilidade de acmulo de gua dentro do pedao do colmo que ficou no solo, para queno apodrea a raiz.

    esclernquima

    parnquima

    veios

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    a b

    Figura 14 Aspecto de colmos de bambu (a) jovem e (b) maduro (Crouzet, Starosta e Brouzet,1998).

    3.3 CuraChama-se cura dos colmos de bambu ao processo para minimizar quantidade de

    seiva no seu interior. A seiva atrai insetos e, por isso, prefervel reduzir sua quantidade.

    Quando de tempo se dispe, pode-se usar a cura na prpria touceira: cortar ocolmo e deix-lo apoiado sobre uma pedra para a seiva ir escorrendo. Esse processo benfico porque o bambu vai perdendo seiva e umidade no prprio ambiente dobambuzal, que no muito seco e assim no ocorre secagem rpida, diminuindo o riscode rachaduras.

    Recomendam-se duas a trs semanas de cura na touceira. Porm, em certasespcies muito suscetveis ao ataque de insetos, como o caso do Bambusa Vulgaris,pode ser que esse tempo seja j o suficiente para o ataque. Assim, em se tratando dareferida espcie, mais prudente deixar os colmos apenas alguns dias na mata, oumesmo transport-los logo para secagem.

    Outra maneira de proceder extrao da seiva dos colmos por imerso.Colocados sob gua, esta penetra no interior dos colmos, dissolvendo a seiva etransferindo-a para a gua. O tempo requerido de aproximadamente duas a quatro

    semanas, devendo-se ter o cuidado de trocar a gua na metade dele: pode ser exalandoum cheiro bastante desagradvel. Nesse processo, tambm h a dificuldade de semanterem os colmos submersos. Por serem ocos e de densidade inferior da gua, atendncia emergirem. Assim, tem de ser adotado um sistema que permita a imersototal.

    Outro processo de cura ao calor: parte da seiva expulsa do colmo porexposio a temperaturas elevadas. Nesse caso, a cura e a secagem esto sendo feitasao mesmo tempo. O processo delicado e deve ser executado cuidadosamente sobpena da formao de trincas ao longo dos colmos.

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    3.4 SecagemSecagem a operao para reduzir-se a umidade do colmo quela de equilbrio

    com a atmosfera. Aps secagem, ela aproxima-se daquela das madeiras secas. Naszonas com umidades relativas de 70% a 80%, aps secagem os colmos ficam comumidade por volta de 14% a 16%. Nas zonas semi-ridas, esses valores podem ser de12% a 14 %.

    O processo de secagem de muita importncia para a qualidade dos colmos. Seele for rpido, podem ocorrer fissuras longitudinais que prejudicam a esttica e adurabilidade do material. Por isso, a secagem no deve ser feita ao sol, mas protegida daincidncia dos fenmenos atmosfricos.

    Outra forma de secagem com fogo, utilizando-se uma fonte pontual de calorcomo um maarico. Nesse processo, importante utilizar-se fogo baixo, podendo-se obteruma superfcie brilhante e bem resistente. Porm, um mtodo demorado e trabalhoso,por ser aplicado a cada colmo individualmente.

    Estufas so um meio muito eficaz de secar o bambu. H estufas que aproveitam o

    calor do sol. Elas devem coletar seus raios durante o dia, sem incidncia direta sobre oscolmos e sem causar calor excessivo, e manter seu interior quente durante a noite.

    3.5 Tratamentos imunizantes

    Apenas os processos de cura e de secagem no so suficientes para se extraremtodos os componentes dos colmos dos quais se alimentam os insetos. Assim, como nocaso da madeira, preciso que sejam aplicados tratamentos que evitem os predadores.Algumas espcies, como a Bambusa vulgaris, so muito mais suscetveis a serematacadas que outras, como a Dendrocalamus giganteus.

    No Brasil, o principal inseto que ataca o bambu o coleptero Dinoderus minutos,conhecido popularmente como caruncho do bambu, visto na Figura 15. Trata-se de uminseto com 2 a 3 mm de comprimento que ataca apenas o bambu maduro. O mecanismode ataque o que segue: o inseto adulto perfura o colmo e pe os ovos no interior; aoeclodirem, as larvas comeam a alimentar-se do vegetal, destruindo-o completamente,como se pode ver tambm na Figura 15. Uma vez atingida a idade adulta, os insetosvoam para outro hospedeiro, recomeando o processo.

    Figura 15 - O inseto Dinoderus minutose pedao de colmo de bambu atacado.

    Diversos so os tratamentos imunizantes que se podem adotar para preservaodo bambu. Os mtodos de imunizao de madeira podem ser adotados. H produtos

    naturais, como o extrado da planta Nin, que, embora consiga matar os insetos, tem efeitoresidual curto: aps certo tempo, outros tornam a aparecer e atacar os colmos tratados.

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    Na literatura, encontram-se indicados diversos produtos para serem usados nostratamentos do bambu, normalmente por imerso em soluo aquosa, como, porexemplo:

    cido brico;

    brax (sal de boro);

    sulfato de cobre; cido actico;

    cloreto de zinco;

    dicromato de sdio.

    Testes feitos por Barbosa (1988) na Universidade Federal da Paraba, em CampinaGrande mostraram que um bom resultado foi conseguido com um tratamento dos colmosatravs de imerso em leo diesel. Apenas pintura ou asperso do produto no suficiente para uma proteo definitiva.

    Outro tipo de tratamento o que consiste em defumar o bambu, introduzindo-onum compartimento com pouca sada de ar que tenha fogo e fumaa sob os colmos. NaFigura 16, vem-se um forno rudimentar usado para a fumigao e tambm colmossubmetidos a esse mesmo tratamento de forma industrial.

    a b

    a b

    Figura 16 (a) Forno rudimentar de fumigao e (b) colmos tratados industrialmente.

    4 Propriedades fsicasAs propriedades fsicas do bambu, como comprimento do colmo, distncia entre os

    ns, dimetro, espessura da parede, peso especfico, etc, dependem de muitos fatorestais como:

    - espcie

    - fatores locais como qualidade do solo, temperatura e umidade relativa do ambiente,insolao, altitude, espaamento entre touceiras, regime de chuvas, etc

    - manejo do bambuzal

    - posio ao longo do colmo

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    4.1 Distncia internodal, dimetro externo, espessura da parede

    Na PUC-Rio, Ghavami e Marinho (2001) fizeram uma investigao sobre aspropriedades fsicas de algumas espcies de bambu. Foram medidos o dimetro externo,o comprimento internodal e a espessura da parede. Para se obter esta ltima, foidesenvolvido o dispositivo indicado na Figura 17c.

    Os interns foram numerados desde a base at o topo, definindo um sistema decoordenadas (Figura 17) e os seus comprimentos foram medidos com trena de preciso.O dimetro externo de cada intern foi determinado com paqumetro.

    A partir dos valores obtidos dos dimetros externo (D), espessura da parede (t) ecomprimento internodal (l) para os respectivos nmeros de interns (n), pode-se obter alei que indica sua variao ao longo da altura do colmo.

    Z

    M=Mmax

    l

    interns

    ns

    n=1

    n=2

    n=3

    n=4

    n=5

    z = 0

    L

    M=0

    vento

    P

    Z

    rtdD

    M

    a b c

    Figura 17 (a) Sistema de coordenadas, (b) posies dos furos e (c) aparelho para medies daespessura da parede do colmo do bambu.

    As curvas que representam a variao do comprimento dos interns do colmointeiro do bambu das espcies Dendrocalamus giganteus, Phyllostachys heterocyclapubescens (Mos), Phyllostachys bambusoides (Matake), Guadua angustiflia de SoPaulo e do Rio de Janeiro, e Guadua tagoaraso apresentadas na Figura 18. Observa-seum comportamento bem definido em todas as espcies estudadas: na parte basal, so

    menores; na parte central do colmo, atingem o valor mximo; na parte superior,decrescem.

    A relao entre dimetro externo com o nmero de intern do colmo estapresentada na Figura 19a. O dimetro externo apresenta um comportamento quaselinear, com os valores diminuindo da base para o topo, o que confere ao colmo umaspecto de tronco de cone.

    Na Figura 19b pode-se ver que a espessura da parede do colmo de bambutambm decresce medida que se vai da base para o topo.

    Furos para medio

    da espessura da

    parede do bambu

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    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    0 10 20 30 40 50 60 70

    Nmero de intern

    Comp.

    internodal(mm).

    Figura 18 Variao da distncia internodal ao longo do colmo.

    0

    30

    60

    90

    120

    150

    1 11 21 31 41 51 61 71

    Nmero de intern

    DimetroExterno(mm)

    Figura 19 - Variao da espessura da parede e do dimetro externo ao longo do colmo.

    Mos

    G.an usti olia SP)

    D.giganteus oG. ta oaraG. angustifolia

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    1 11 21 31 41 51 61Intern

    Espessura:t(mm)

    G. tagoara G. angustif.(SP) MosMatake D. giganteus G. angustif. (JB)

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    Observa-se que ocorrem diferenas entre colmos da mesma espcie, pormdesenvolvidos em locais diferentes. Exemplo disso o Guadua angustifoliade So Pauloe o do Jardim Botnico do Rio de Janeiro, os quais apresentam diferenas de valores nocomprimento internodal, espessura da parede e dimetro externo. Essa diferena podeocorrer em funo da diferena de clima, vegetao, relevo e solo em ambos os Estadosonde essas espcies so cultivadas.

    Baseados nos dados obtidos, foi feita uma anlise de regresso do comportamentonormal da distribuio da espessura da parede e do dimetro externo, em funo dadistncia z em relao base do colmo, definindo-se uma equao matemtica paradeterminar o dimetro externo (D) e a espessura da parede (t) para cada espcie debambu estudada. As equaes esto apresentadas nos Quadros 1 e 2, e as curvas dodimetro externo e da espessura em funo do comprimento do colmo, com suasrespectivas linhas de tendncia, podem ser vistas nas Figuras 20 e 21.

    Quadro 1 - Equaes matemticas que determinam a espessura da parede em funo dadistncia z da base.

    Espcie de Bambu Equao da espessura t = f(z)

    Phyllostachys heterocycla pubescens-Mos 75,22z607,3z297,0z0092,0t 23 ++= Phyllostachys bambusoides-Matake 44,17z341,1z056,0z0014,0t 23 ++= Dendrocalamus giganteus 303,15z872,0z013,0z103t 235 ++= Guadua angustiflia (SP) ( ) 475,16zln832,3t +=

    Guadua angustiflia (JB) 2257,0z93,15t =

    Guadua tagoara 96,22z348,1z030,0z0002,0t23

    ++=

    Quadro 2 - Equaes matemticas que determinam o dimetro externo em funo da distncia zda base.

    Espcie de Bambu Equao do dimetro D = f(z)

    Phyllostachys heterocycla pubescens-Mos 95,118z061,5z0475,0D 2 +=

    Phyllostachys bambusoides-Matake 4,114z072,1z193,0D 2 += Dendrocalamus giganteus 19,130z176,3z169,0z019,0D 23 ++=

    Guadua angustiflia (SP)

    63,87

    z425,7z308,1z041,0z0004,0D 234

    +

    ++=

    Guadua angustiflia (RJ) 62,142z596,4z0654,0D 2 = Guadua tagoara 96,108z944,1z137,0D 2 +=

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    0

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    10

    15

    20

    25

    30

    0 2 4 6 8 10 12 14 16 18z(m)

    Espessuradaparede:t(mm).

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20zL(m)

    Espessuradaparede:t(mm).

    (a) - medidas (b) - Anlise de regresso

    Figura 20 - Espessura das paredes em funo da distncia z em relao base.

    0

    30

    60

    90

    120

    150

    0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

    z (m)

    DimetroExterno:D(mm)

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22z(m)

    DimetroExterno:D(mm).

    (a) medidos (b) anlise de regresso

    Figura 21 - Dimetros externos em funo da distncia z em relao base.

    O Quadro 3 indica os valores do comprimento do colmo, do comprimentointernodal, do dimetro externo e da espessura da parede dos bambus estudados. Oscolmos foram divididos em trs partes mais ou menos iguais: base, intermediria e topo.Est indicado o valor mdio em cada parte e no colmo total. Nota-se uma variao

    significativa das propriedades fsicas com a espcie.

    Note-se que o bambu da espcie Dendrocalamus giganteus(Figura 22a) tem alturamdia do colmo de 22,3 m. No entanto, h exemplares em que ela chega at a suplantaros 30 m. J o dimetro, no tero inferior do colmo, superior a 10 cm. Este um valormdio, pois ele pode superar os 15 cm. A espessura da parede pode chegar 1,5 cm. Oscolmos so bem lineares, tornando-os elementos construtivos tubulares de grandepotencial.

    Os bambus Guadua (Figura 22b) tambm apresentam colmos retos e propriedadesmuito boas para a construo. J aqueles da espcie Vulgaristm alguns inconvenientes,

    como a falta de linearidade dos colmos e alta suscetibilidade ao ataque dos insetos emesmo menor resistncia mecnica.

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    a bFigura 22 Colmos de Dendrocalamus giganteus(Areia, PB) e de Guadua(Colmbia).

    Quadro 3 - Propriedades fsicas de bambus estudados na PUC-Rio

    Espcie L (m) Comp. Internodal (m) Dimetro externo (cm) Espess. da parede (mm)base inter topo mdia base inter topo mdia base inter topo mdia

    Bambusa

    multiplex

    (verde - RJ)

    3,0 - - - 0,45 2,5 - 1,5 2,0 4,0 - 3,0 3,5

    Bambusa

    multiplex(verde

    esmeralda-

    RJ)

    7,5 - - - 0,45 3,5 - 2,75 3,12 4,5 - 3,25 3,5

    Bambusa

    tuldoide(RJ)8,0 - - - 0,4 3,75 - 2,5 3,5 7,0 - 4,5 5,5

    Guadua

    suberba(RJ)9,0 - - - 0,4 11,0 - 7,15 9,0 9,5 - 6,5 7,5

    Bambusa

    vulgaris10,0 - - - 0,33 7,5 - 5,8 6,95 10,0 - 5,5 7,5

    Bambusa

    vulgaris

    Schard (RJ)

    13,0 - - - 0,34 8,0 - 6,0 7,33 9,66 - 8,33 8,83

    Dendrocalam

    us giganteus

    (RJ, PB)

    22,3 0,49 0,54 0,41 0,47 13,4 11,0 7,50 10,68 14,4 9,66 6,59 10,22

    Mos(SP)

    15,7 0,22 0,38 0,29 0,39 10,7 7,52 4,10 7,86 17,0 8,79 5,33 11,17

    Matake(SP)

    20,5 0,34 0,48 0,26 0,33 10,8 7,94 3,01 7,02 14,5 7,66 3,83 8,93

    Guadua

    angustifolia

    (md.RJ,SP)

    18,2 0,23 0,32 0,29 0,27 11,3 8,58 4,30 8,51 15,5 10,1 8,23 11,53

    Guaduatagoara(SP)

    15,2 0,32 0,42 0,34 0,34 10,3 8,57 6,19 8,37 19,3 14,7 9,87 14,74

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    4.2 Absoro de gua

    Sendo um material vegetal, o bambu absorve gua com facilidade se em contatocom ela. Pode-se reduzir a absoro atravs de tratamentos superficiais. O Quadro 4,obtido na Universidade Federal da Paraba, mostra os resultados da absoro de guade bambus de duas espcies, aps os corpos-de-prova terem sido secos em estufa. V-

    se que, mesmo aps trs dias de imerso, o material continua a absorver gua, e aosquatro dias a absoro chega a mais de 30%. Tambm se nota que a espcie Bambusavulgarisabsorve mais que a Dendrocalamus giganteus.

    Para reduzir absoro, foram testados produtos base de petrleo (asfalto, piche,impermeabilizantes industriais). Ainda, no Quadro 4, podem-se perceber as diferentesperformances para os tratamentos. Consegue-se diminuir a absoro, mas dificilmenteelimin-la.

    Quadro 4 Absoro de gua em porcentagem de duas espcies de bambu no estadonatural e com tratamentos.

    Espcie Produto detratamento

    Tempo de imerso24 h 48 h 72 h 96 h

    Dendrocalamus

    giganteus - 21,2 25,0 27,7 31,7

    A 11,0 15,2 16,1 18,5

    B 9,9 14,0 18,5 21,4

    C 4,4 6,0 7,7 10,3

    D 2,4 5,0 7,7 10,0

    Bambusa

    vulgaris

    - 25,7 30,2 32,4 34,3

    A 15,9 18,9 20,9 22,3

    B 14,6 20,0 23,6 27,3

    C 3,8 7,2 9,4 10,9

    D 8,1 17,5 22,1 25,6

    Uma das conseqncias da absoro de gua o fato de o bambu apresentarvariaes dimensionais: ao absorver gua, aumenta suas dimenses; ao perd-la,diminui. Essas variaes dependem da direo em que se est medindo. No Quadro 5,v-se que, na direo longitudinal, mnima a variao de dimenso. J na direo radial,o acrscimo da ordem de 6%. Note-se que, apesar de absorver menos gua, o bambu

    da espcie Dendrocalamus giganteusapresenta maiores variaes dimensionais que o daespcie Bambusa vulgaris. Isso pode ser explicado pelo fato de o primeiro ter umamicroestrutura mais compacta; assim, as tenses capilares so maiores, provocandomaior expanso do material quando a gua penetra.

    4.3 Massa especfica

    A massa especfica das paredes do colmo de bambu inferior da gua, variandoentre 0,8 kg/dm3e 0,95 kg/dm3nas espcies mais apropriadas para a construo.

    Quadro - 5 Variaes dimensionais de corpos-de-prova de bambu aps imerso emgua.

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    Espcie Direo Variaes dimensionais (%)

    Dendrocalamus

    giganteus

    24 h 48 h 72 h 96 h 168 h

    circunferencial 1,6 2,8 2,8 2,8 3,3

    longitudinal 0,0 0,3 0,3 0,3 0,5

    radial 2,2 4,8 5,7 5,9 6,6Bambusa

    vulgaris

    circunferencial 3,0 3,2 3,5 3,6 3,7

    longitudinal 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4

    radial 3,8 4,2 4,7 5,3 5,6

    5 Propriedades mecnicasAs propriedades mecnicas do bambu variam com os mesmos parmetros que

    interferem nas suas propriedades fsicas. Como a busca por materiais de menor impacto

    ambiental est se difundindo, necessrio que sejam criadas normas para seu usoseguro e tambm sua aceitao no meio tcnico. Com base resultados obtidos empesquisas sobre bambu desde as ltimas trs dcadas em vrias partes do mundo,incluindo no Brasil, foi possvel criarem-se as primeiras normas para o uso de bambu nasobras de Engenharia.

    O International Network for Bamboo and Rattan, INBAR, 2000, cujo primeiro autorfoi um dos membros principais do Comit de Normas de Bambu, elaborou propostas denormas que foram analisadas pelo International Conference of Building Officials (ICBO).Tais normas foram publicadas no relatrio AC 162: Aceptance Criteria for StrucutralBamboo (ICBO, 2000). Desta forma, j permitida oficialmente a aplicao do bambu naconstruo nos Estados Unidos da Amrica. Esta norma ser traduzida para lnguaportuguesa pelo grupo de Materiais No Convencionais da PUC-Rio, permitindo seu usopor engenheiros, arquitetos, tcnicos e leigos de toda parte do pas, que utilizam o bambunas construes.

    As propriedades mecnicas do bambu de maior interesse para a engenharia so:resistncia trao paralela s fibras, resistncia compresso paralela s fibras eresistncia ao cisalhamento paralelo s fibras. Pode tambm ser de interesse aresistncia flexo, mas, quase sempre, em peas fletidas, mais importantes so asdeformaes.

    5.1 Resistncia trao paralela s fibrasA resistncia trao paralela s fibras do bambu alta, podendo chegar ao redor

    de 300 MPa. Em INBAR,2000, sugere-se o corpo-de-prova com a geometria indicada naFigura 23. A espessura pode ser de 3 mm at praticamente a espessura da parede docolmo.

    Como o bambu muito resistente, conveniente colar, nas suas extremidades,placa de alumnio, de forma a evitar o esmagamento que as garras da mquina de ensaiopode causar naquelas regies. Deve-se utilizar cola base de epxi.

    A resistncia dada pelo valor da fora mxima lida na mquina de ensaio dividida

    pela rea da seo transversal do centro do corpo-de-prova.

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    Instrumentando-se o corpo-de-prova, pode-se obter o diagrama tenso-deformaoe o mdulo de elasticidade do bambu. Na Figura 24 tm-se curvas tpicas relativas aocomportamento tenso-deformao. Note-se que o comportamento prximo do linearat a ruptura. Quando o corpo-de-prova elaborado incluindo a parte do n no seucentro, a resistncia e a inclinao da curva tenso-deformao diminuem.

    Figura 23 - Dimenses do corpo-de-prova indicado pelo INBAR para ensaio de resistncia trao paralela s fibras de bambu e ensaio em realizao.

    Figura 24 Curvas tpicas tenso de trao-deformao do bambu sem ecom n, at carga mxima (Lima Jr.,Dalcanal, Willrich e Barbosa, 2000).

    0 2 4 6 8 10 12 14 16 18Deformao ()

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    Tens

    o(MPa)

    Bambu sem nSem n

    0 2 4 6 8 10 12 14 16 18Deformao ()

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    Bambu com nCom n

    Deformao (por mil)

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    5.2 Resistncia compresso paralela s fibrasA resistncia compresso , em geral, 30% menor que a resistncia trao,

    estando entre 20 MPa a 120 MPa, variando muito com a espcie.

    O corpo-de-prova recomendado pelo INBAR cilndrico com altura igual aodimetro, conforme se v na Figura 25.

    A resistncia dada pela fora mxima obtida no equipamento de teste e divididapela rea da seo transversal do corpo-de-prova cilndrico, que pode ser determinadapela expresso:

    ( )tDtA =

    onde A rea da seo transversal; t a espessura da parede; D, o dimetro externo

    h=D

    D

    Figura 25 - Dimenses do corpo-de-prova indicado pelo INBAR para ensaio de resistncia compresso paralela s fibras de bambu e ensaio em realizao.

    Na Figura 26, podem-se ver curvas tenso-deformao tpicas at o valor de cargamxima, obtidas a partir do ensaio de compresso, em corpos-de-prova sem n. No casode o corpo-se-prova ter um n no seu centro, o aspecto dos diagramas obtidos muitosemelhante. Tambm aqui se percebe um comportamento linear para o material at atenso mxima.

    0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0Deformao ()

    0

    10

    20

    30

    40

    5060

    70

    80

    90

    100

    Tenso(MP

    a)

    Bambu sem n

    Figura 26 Curvas tpicas tenso de compresso-deformao do bambu com e sem n at carga

    mxima (Lima Jr.,Dalcanal, Willrich e Barbosa, 2000).

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    5.3 Resistncia ao cisalhamento paralelo s fibrasNas conexes das construes de bambu podem ser usados pinos. Para se poder

    dimensionar corretamente as ligaes preciso se conhecer a resistncia aocisalhamento paralelo s fibras, ou seja, resistncia ao cisalhamento na direolongitudinal do colmo. Pode ser usado o corpo de prova sugerido por Ghavami e Marinho,2001, indicado na Figura 27. Nele so feitos dois entalhes de 5mm, afastados de 60 mmentre eles. Na extremidade do corpo de prova convm colar-se chapa de alumnio notrecho que vai ficar em contato com a garra da mquina de ensaios.

    A resistncia ao cisalhamento calculada dividindo-se a carga mxima aplicada nocorpo de prova pela rea da superfcie cisalhada. Como ordem de grandeza, pode-sedizer que ela est entre 2 MPa e 8 MPa, podendo mesmo chegar a 10 MPa.

    Figura 27 - Dimenses do corpo de prova indicado para ensaio de resistncia ao cisalhamentoparalelo s fibras de bambu e corpo de prova aps ensaio.

    5.4 Resumo das propriedades mecnicas em trao e compresso paralelas fibras

    O Quadro 6 apresenta as resistncias trao e compresso e os respectivosmdulos de elasticidade de algumas espcies de bambu estudadas na PUC-Rio. Foramusados corpos-de-prova extrados de colmos maduros. H variao nas propriedadesconforme a espcie. Trabalhos de outros autores podem indicar valores diferentes,porque outros fatores relativos ao local e s condies ambientais podem interferirsensivelmente. Por isso, quando se deseja fazer uma construo com bambudevidamente projetada, a realizao dos ensaios importante.

    Quadro 6 Propriedades Mecnicas de espcies de bambus estudados na PUC- Rio

    Espcie/local

    Trao Compresso

    Resist (MPa) Mdulo elast.Et(GPa)

    Resist (MPa) Mdulo elast.Ec(GPa)

    c/n s/n c/n s/n c/n s/n c/n s/n

    Bambusa

    multiplex

    Base 68,80 98,00 11,11 14,08 20,60 30,00 3,05 4,15

    Interm - - - - - - - -

    Topo 79,8 108,4 11,95 14,92 20,00 26,50 3,54 4,27

    Mdia 74,30 103,2 11,53 14,50 20,30 28,25 3,29 4,21

    Bam

    busa

    tuldoide

    Base 112,0 140,5 9,99 12,66 30,20 37,80 2,97 3,24

    Interm - - - - - - - -

    Topo 95,80 98,00 8,55 11,19 30,00 38,3 2,83 2,78Mdia 103,9 119,2 9,27 11,92 30,10 38,05 2,90 3,01

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    Guadua

    superba

    Base 108,8 142,6 8,33 10,48 36,40 50,60 2,46 3,12

    Interm - - - - - - - -

    Topo 115,8 151,0 9,42 11,83 35,00 45,00 2,83 3,55

    Mdia 112,3 146,8 8,87 11,15 35,70 47,80 2,64 3,33

    Bambusa

    vulgaris

    Base 131,6 176,4 8,46 10,02 37,50 53,00 2,59 2,86

    Interm 106,1 153,5 8,50 10,22 39,50 46,00 2,36 3,19

    Topo 145,6 182,0 9,45 12,67 42,00 59,00 2,80 3,67

    Mdia 127,7 170,6 8,80 10,97 39,66 52,66 2,58 3,24

    Dendrocalla

    usgiganteus

    Base 106,8 147,0 12,98 19,11 58,66 56,61 12,07 15,29

    Interm 143,6 188,1 16,73 15,70 53,96 63,77 15,15 11,26

    Topo 114,0 157,6 13,44 10,71 54,04 72,87 9,79 10,41

    Mdia 121,5 164,2 14,38 15,17 55,55 64,42 12,34 12,32

    6 Perspectivas futuras

    O bambu, uma planta inteligente, sem dvida um material do futuro num planetaem busca de reduo do consumo energtico e da emisso de poluentes. O surgimentode plantaes comerciais, a exemplo da Colmbia, de espcies de bambu prprias para aconstruo questo de tempo, no Brasil. A durabilidade das construes com bambupode ser assegurada pelo correto tratamento dos colmos e seu emprego adequado. Umprojeto bem feito, assegurando a no exposio do material a incidncia direta do sol oude umidade, fundamentais para uma longa vida til das edificaes que fazem uso dobambu.

    O baixo peso dos colmos e sua elevada resistncia so um bom indicativo para seuuso em trelias espaciais, como a mostrada na Figura 28 (Ghavami e Moreira, 1993).

    importante nessas aplicaes o desenvolvimento das conexes adequadas.

    Figura 28 - Trelia espacial de bambu concebida na PUC-Rio.

    A versatilidade do material inconteste, e o surgimento de tecnologias construtivas base de bambu, como a desenvolvida por Cardoso Jr., Sartori e Silva (2004), ho deocupar maiores espaos no mbito da engenharia. Nesta ltima, o bambu o reforointerno de painis revestidos com uma argamassa leve base de cimento, cal e resduos(de borrachas, de EPS, pedaos triturados do prprio bambu) (Figura 29), permitindo pr-fabricao e velocidade de construo. Este tipo de tecnologia pode ser utilizado para

    gerao de emprego e renda nas comunidades. Como o consumo de colmos de bambupara a construo de uma moradia relativamente grande, h necessidade de plantaescomerciais de espcies que tenham o dimetro adequado para este tipo de aplicao.

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    Figura 29 Sistema construtivo desenvolvido no Instituto do Bambu, Macei, em Alagoas(Cardoso Jr., Sartori e Silva, 2004).

    O bambu pode ser usado como reforo no concreto em vigas de pequeno porte(Ghavami, 2001). Varetas extradas do colmo, com dois a trs centmetros de largura,podem funcionar como armadura longitudinal. Por ter o bambu um mdulo de elasticidadebem mais baixo que o do ao, as vigas armadas com ele se deformam mais. Na Figura 30(Braga Filho, 2004) v-se a preparao da armadura de vigas e uma outra ensaiada.Nesta ltima, percebe-se uma enorme capacidade de deformao.

    Figura 30 - Bambu como armadura longitudinal em viga, e pea sendo ensaiada naUniversidade do Oeste do Paran,Cascavel, PR.

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    Varas de bambu tambm podem ser usadas em pilares de concreto, funcionandocomo armadura longitudinal (Ghavami, 2005). Na Figura 31, v-se um caso em que, paramelhorar a aderncia, um tratamento superficial (adesivo base de epxi) foi usado. Obambu consegue dar ductilidade ao conjunto, melhorando o comportamento estrutural dopilar.

    Figura 31 Armadura longitudinal (esquerda) com tratamento (centro) e pilar sendoensaiado na PUC-Rio (direita)

    Um outro uso muito interessante do bambu nas lajes em forma permanente. Oscolmos cortados ao meio e postos paralelos uns aos outros, como na Figura 32 (Ach,2002), podem receber uma camada de concreto, transformando-se em uma laje. Oestrado de bambu serve de reforo de trao e, ao mesmo tempo, de frma. Desta forma,

    o escoramento pode ser reduzido significativamente. Os ns fazem o papel deconectores, permitindo a deformao conjunta dos dois materiais. Desejando-se melhorara interao entre o concreto e o bambu, pode-se aplicar uma pintura com adesivo basede epxi. Lanando-se a camada de concreto com o adesivo ainda plstico, tem-se umaligao muito boa entre os dois materiais. Testes feitos na Universidade Federal daParaba em lajes de 3 m de vo livre e na PUC-Rio em peas de 3,5 m indicam que essetipo de laje apresenta um excelente comportamento estrutural. Suporta com folga ascargas de servio e apresenta uma notvel ductilidade, deformando-se muito antes deromper. A face inferior das lajes, que serve de teto para o pavimento inferior, podereceber um tratamento com vernizes, obtendo-se um belo efeito. Para isto necessrioque os colmos sejam lineares e com aproximadamente o mesmo dimetro.

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    Figura 32 Laje em forma permanente de bambu

    A utilizao de polmeros em conjuno com o bambu permitir o surgimento demateriais e concepes futuristas no campo da construo, como se v na Figura 33,proposio do arquiteto Marko Brajovic.

    Figura 33 - Construes futuristas base de bambu.

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    7 AgradecimentosO primeiro autor agradece aos colegas que contriburam para realizao dos ensaios,especialmente Alabanise Marinho Rodrigues, Msc, Eduardo Acha Navarro, Msc, SergioLus Vanderley, Eng., Luis Eustquio Moreira, Dr., Conrado de Souza Rodrigues, Dr.,Sylvia Pecegueiro, Msc e outros alunos e assistentes de pesquisas alm dos tcnicos deque participaram ativamente dos testes laboratoriais. Agradece tambm FAPERJ, CAPES e ao CNPq, pelo apoio financeiro ao longo dos anos e direo do JardimBotnico- RJ, por permitir a coleta dos bambus do parque. Agradecimento especial dado a Ursula Schuler Ghavami que sempre esteve colaborando efetivamente, de vriasformas, nos trabalhos desenvolvidos.

    8 Referncias

    ACH, E. Lajes em Forma permanente de bambu. Dissertao (Mestrado emEngenharia Civil). Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,2002.

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    CARDOSO JUNIOR, R; SARTORI, E.M., SILVA, A. L. P. Sistema construtivo pr-moldado, utilizando bambu, em habitaes de interesse social. In: ConferenciaBrasileira de Materiais e Tecnologias No Convencionais: Habitaes e Infra-Estrutura deInteresse Social Brasil NOCMAT, 2004, Anais. Pirassununga, SP, 2004.

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    8 SUGESTES PARA ESTUDO COMPLEMENTAR

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    MOREIRA, L. E. Aspectos singulares de trelias de bambu: flambagem e conexes.Rio de Janeiro: PUC-Rio, 1998. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) PontifciaUniversidade Catlica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.

    MOREIRA, L. E.; GHAVAMI, K. Dimensionamento de estruturas de bambu. In Materiaisno Convencionais para Construes Rurais. Associao Brasileira de EngenhariaAgrcola / Universidade Federal da Paraiba, Campina Grande, PB,1997.

    GHAVAMI, K Concreto Reforado com Bambu. Tecnologias e Materiais Alternativas deConstrues, Editora da UNICAMP, Campinas, BraSil, ISBN: 85-268-0653-X, Chapter 10, pp.301-330, 2003.

    GHAVAMI, K.; MOREIRA, L.E., The Influence of Initial Imperfections on the Buckling ofBamboo Columns, Asian Journal of Civil Engineering, Vol.3 Nos.3&4, ISSN 1563-0854, Iran, pp.01-16, 2002.

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