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Índice
Introdução....................................................................................................................................6
1 - Enquadramento Teórico Conceptual.......................................................................................9
1.1 - Primeiras descobertas....................................................................................................13
2 - Conceito................................................................................................................................17
3 - Etiologia................................................................................................................................20
3.1 - Modelos Explicativos......................................................................................................25
4 - Características da Depressão Infantil....................................................................................27
5 - Classificação da Depressão Infantil Segundo o DSM IV.........................................................29
6 – Avaliação Psicopedagógica...................................................................................................30
6.1 – Modelos de Intervenção adequados a este tipo de problemática.................................35
6.2 – Psicoterapia Psicanalítica...............................................................................................36
6.3 - Psicoterapia cognitivo-comportamental........................................................................37
6.4 - Psicoterapia Familiar......................................................................................................37
7 - O Papel do Educador/Professor na problemática.................................................................39
Conclusão...................................................................................................................................42
Bibliografia.................................................................................................................................45
Anexos.......................................................................................................................................46
Guião da Entrevista Realizada com a Psicóloga Clínica Dra. Cláudia Túlio..............................47
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Introdução
O presente trabalho, foi realizado no âmbito da unidade curricular Problemas
Graves de Comportamento em Contexto Escolar, leccionado pela docente Mestre Maria
Isabel Cunha do Curso Pôs Graduação em Educação Especial, da Escola Superior de
Educação de Paula Frassinetti, no decorrer do ano lectivo 2010/2011.
Ao longo de inúmeros anos, a existência da depressão na infância foi
questionada pois muitos duvidavam da sua existência uma vez que as crianças eram
consideradas como portadoras de “estruturas de personalidade imaturas”, logo não
podiam experienciar transtornos de humor, segundo Scandler e Jofe (1995). Muitos
autores acreditavam que os problemas só apareciam no final da adolescência e no inicio
da fase adulta (Kazdin, 1989).
Somente a partir da década de 60, sistematizaram-se investigações no campo da
psicologia infantil, como afirmam Bandim et Al. (1995), a partir do momento em que a
doença depressiva no adulto já estava bem definida. Assim sendo, somente em 1979
esta foi reconhecida pelo IV Congresso de Pedopsiquiatrias como distúrbio mental.
Desde então, vários estudos têm sido efectuados, acerca desta patologia, tais como:
Beck e Kovacs (1978), Spitz (1979), Coimbra de Matos (1986) ou Teresa Ferreira
(1993). Nesta perspectiva, acredita-se actualmente, com base em evidências fornecidas
por inúmeros estudos, que a depressão não só esta presente, mas é um dos problemas
emocionais mais frequente na infância e na adolescência (Kadzin, 1989; Pataki e
Carison, 1990; Miyazaki 1993; Rehm e Sharp, 1996).
Apesar de a literatura clarificar que a depressão infantil é distinta da depressão
do adulto, em muitos aspectos, a mesma não é diferenciada nos critérios actuais da
classificação, segundo relatos de Dias (1997). Nessa direcção, o DSM-IV deixa claro
que os sintomas básicos de um episódio depressivo na criança podem ser diagnosticados
pelos mesmos princípios utilizados pelos adultos. No entanto o manual menciona
algumas ressalvas referentes a alteração do humor e do apetite e a dificuldade de
concentração. Contudo não faz distinção entre alguns sintomas que merecem destaque,
tais como: baixa auto estima, tristeza, frustração, os medos e os baixos rendimentos
escolares (Montenegro, 1993).
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Tal como no adulto, também na criança a depressão é acompanhada de um
conjunto de prejuízos nas diferentes áreas da sua vida que se traduzem em
consequências negativas para o seu desenvolvimento. Uma criança com sintomas
depressivos pode apresentar alterações no funcionamento psicossocial e emocional, bem
como são comprometidos nas suas relações familiares (Baptista, 1997; Fu I, Curatolo &
Friedrich, 2000).
Por consequente, um ambiente familiar caracterizado por condutas parentais
desaguadas, ou a psicopatologia de um dos pais pode ajudar no aparecimento de
sintomas depressivos. Por outro lado, um contexto familiar em que há relações
saudáveis entre os seus membros, caracterizada pelo suporte e apoio afectivo, pode ser
fundamental na sua recuperação de uma criança ou de um adolescente com depressão.
Neste sentido a família assume um carácter de protecção no sentido de prevenir os seus
sintomas. Baptista (1999) ressalta que a depressão na criança pode emergir quando os
pais não conseguem satisfazer as suas necessidades básicas como: amor, carinho e
apoio, uma vez que vivem em ambientes caracterizados pela hostilidade, rejeição,
conflitos, agressividade entre o casal e depressão de um dos pais (Bahls, 2002; Soares
2003; Barbosa e Lucena, 1995).
Com intuito de inverter esta situação é fundamental, que a sua detecção seja
precoce, o que pode evitar que se desenvolvam quadros graves, com prejuízos no
convívio social, no ambiente escolar e familiar. Deste modo a realização de um
diagnóstico atempado e adequado possibilitará o delineamento de um programa de
intervenção compatível com a necessidade apresentada pela criança. Neste sentido
pode-se dizer que a depressão na criança é fácil de tratar sem recorrer a medicamentos,
a partir do momento em que se saiba diagnosticá-la, sendo extremamente importante
informar os pais sobre os seus mecanismos e sintomas.
O trabalho escrito precede uma apresentação/exposição oral da temática
Depressão Infantil. Tem como objectivo principal aprofundar e clarificar a informação
existente acerca da depressão Infantil, para que, enquanto futuras educadoras especiais,
possamos estar mais alertas de modo a podermos detectar, encaminhar e intervir
precocemente. Utilizamos uma linguagem simples e acessível para que qualquer pessoa
que leia este trabalho perceba e aprofunde os seus conhecimentos acerca da temática.
Assim, o trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma:
1. Enquadramento Teórico Conceptual
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2. Definição conceptual
3. Caracterização da Depressão Infantil
4. Classificação da depressão segundo DSMIV-R
5. Avaliação Psicopedagógica
6. Modelos de intervenção
7. Considerações finais
8. Bibliografia
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1 - Enquadramento Teórico Conceptual
Estudando os documentos médicos e literários do passado, verifica-se que aquilo
que chamamos de depressão, fora já descrito pelos Egípcios e pelos Gregos. Por pouco
que se reflicta no caso, parece natural que esta doença tão característica do homem o
tenha acompanhado ao longo de toda a sua história. No entanto, embora se encontrem
descrições indubitáveis de estados depressivos graves em Homero ou nos textos de
Hipócrates ou que lhes são atribuídos, neste ultimo são-no sobre a designação de
“melancolia” termo que significa “atrabile” ou “bile negra”, um dos quatro humores ou
substâncias do corpo humano tão importantes na medicina grega. A melancolia, ou seja,
o que chamamos de depressão grave, encontra-se, relacionada com o mau
funcionamento do organismo, com um excesso de “bile negra”. Mas outras observações
clínicas antigas também estabelecem relações entre o estado melancólico e as
inquietações, as preocupações e os acontecimentos vividos pelas pessoas afectadas.
Os soldados suíços em serviço no estrangeiro, os mercenários suíço-alemânicos,
falavam do seu “Heimweh”, quase sempre descrito como estado depressivo devido ao
expatriamento, ao que nos nossos dias chamaríamos má aculturação, e sobretudo à
separação da família e da aldeia. No século XVIII, os intelectuais franceses, desejando
introduzir o termo “Heimweh” na sua língua, criaram, a partir do grego, o termo
nostalgia para designar o estado de alma e as perturbações corporais relacionadas com a
saudade da terra natal.
Por outro lado, existem também descrições muito antigas de estados patológicos
caracterizados por um excesso de alegria, de sobreocupação e de agitação. Contudo, só
em meados do século XIX psiquiatras franceses e posteriormente alemães
estabeleceram ligação entre estes dois estados opostos e os reuniram, observando
doentes que os apresentavam alternadamente. Graças à identificação desta doença
chamado de cíclica por apresentar oscilações entre um estado de euforia e de
actividades exageradas e uma fase de tristeza profunda, a psiquiatria do século passado
deu um passo importante e introduziu na linguagem médica o termo depressão, doença
que desde então passou a ser designada pelo nome psicose maníaco-depressiva.
Ate aí o termo depressão não era aplicado ao homem e aos seus sentimentos. Foi
na Alemanha que esta acepção de baixa e esmagamento do humor viu a luz do dia sem
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que no entanto se possa atribuir a sua paternidade a um autor preciso. Pouco a pouco
este novel sentido estendeu-se a todo o mundo médico, e depois espalhou-se fora da
medicina e passava a designar apenas certas formas graves de depressão.
Todos estes factores, fizeram que a depressão na infância fosse durante muito
tempo desconhecida. Assim sendo, o interesse por este assunto só se começou a
desenvolver mais rigorosamente a partir dos anos sessenta, numa altura em que a
doença depressiva no adulto já estava bem definida. Toda a literatura que havia então
até ao momento era por isso bastante imprecisa. As primeiras descrições sobre a
depressão infantil datam de 1621. Nesse ano Robert Burton escreve sobre a anatomia da
melancolia. Em 1852, Delassiauve em suas “Leçons sur la manie infantilie” fala da
depressão infantil. Em 1933 Erich Stern enfatiza a depressão infantil num texto do seu
livro, onde descreve um parágrafo que diz: “ As crianças deprimidas não podem rir. E
uma criança que não ri não pode brincar nem “guerrear”, é uma criança enferma (…)As
crianças deprimidas são tímidas, fogem da companhia dos demais, não jogam, não tem
confiança em si mesmas, o que pode levá-las inclusive ao suicídio (Polaino, 1988).
Esta descrição abre caminho para os estudos psicopatológicos, pois já chamam a
atenção para as crianças com sintomas da área afectiva, as quais podem ser depressivas.
A corporização da depressão infantil decorreu em 1945 com Sptiz (pediatra
americano) e J. Bowbly em 1950. Posteriormente no ano de 1966 a RIE (fonte de
recursos para educadores), publica um trabalho intitulado “Comprehensive review”,
fazendo ampla revisão e discussão sobre o tema.
Rutter publica o primeiro trabalho sobre a depressao infantil em filhos de pais
separados. Ainda nesta década, a classificação das alteraçoes psiquiátricas da criança
(GAP), contempla a depressao infantil. Em 1970, aceita-se pela primeira vez a
existencia da depressao infantil e desperta interesse no campo da investigação.por outro
lado discute-se a entidade da D.I como uma forma clinica independente do adulto.
Iniciam-se igualmente provas de avaliação objectiva.
Posteriormente em 1977, Kovacs e Beck, consideram-na uma entidade
sindrómica, independente do adulto, conceito este aceite e bastante investigado, até ao
presente momento. Em 1980, consolida-se o interesse clinico e de investigaçao. O DSM
IV, inclui a depressao infantil, considerando que o que é depressivo é proprio de todas
as idades.
Toda esta imprecisão e dificuldade acontecem devido a dois motivos
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O primeiro deve-se ao facto de a infância ter sido sempre idealizada como um
universo idealizado, protegido das preocupações morais, das preocupações do
quotidiano, domínios reservados aos adultos. Era difícil imaginar que nesse paraíso da
infância, nesse éden, os males do espírito não passassem de infantilidades. E a criança,
sem dúvida vítima dos ciúmes dos adultos, via – lhe o direito de sofrer moralmente.
Entre a Idade Média e o século XVIII encontra-se uma parte da concepção de que a
criança com menos de sete anos é desprovida de razão, porque o seu discurso não se
encontra organizado. “Apenas a loucura conserva a infância”, diz-nos Erasmo no seu
Elogio da loucura. Ao não diferenciar o bem do mal, conduzida pelos prazeres,
irresponsável no plano jurídico, é muitas vezes associada ao louco e ao simples de
espírito. “ Donde vem o encanto das crianças, a não ser de mim que as separo da razão e
ao mesmo tempo das preocupações?”, afirma a Dama Loucura. “Felizes são os simples
de espírito”, diz-nos o Evangelho. E como tal, a criança não tem acesso ao sofrimento
moral, e portanto à depressão.
O segundo motivo deve-se ao facto da sintomatologia, ser muito diferente na
criança e no adulto. A criança deprimida não se queixa da sua tristeza. Não desabafa
espontaneamente com quem a rodeia. Se o faz, é com as suas expressões de criança. A
depressão na criança é uma hidra1. Muitas vezes, apenas se vê uma das duas cabeças.
Apenas uma faceta da depressão. Tanto pode ser o insucesso escolar como a dificuldade
em dormir, uma doença de pele ou falta de apetite. E não é facilmente reconhecível. É
necessário procurar outros sinais, por vezes bem escondidos para fazer o diagnóstico.
Como um detective, é necessário encontrar outras pistas. O risco consiste em não
apanhar apenas um sinal, um sintoma e ficar satisfeito por o ter decapitado. Por exemplo
receitando medicamentos em caso de insónia. Porque a depressão continua viva. Em
todo o caso, como a cabeça cortada da hidra1, volta a nascer; se não se fizer o
diagnóstico, após o tratamento a insónia regressa.
A criança exprime as suas preocupações, as suas emoções, a sua tristeza, de uma
maneira diferente do adulto, e só é possível compreendê-los, se se tiver suficiente
disponibilidade, se se aceitar prestar-lhe atenção e se souber descodificá-los. A
1 Serpente terrível da mitologia grega, com sete ou nove cabeças que voltam a crescer se forem cortadas. O sangue do hidra é um
veneno.
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depressão da criança está ligada com maus tratos e as sevícias, e só procurando-as é
possível curá-las.
A criança diz o seu sofrimento através da palavra, gritando, lamentando-se,
criticando; através do corpo manifestando-se agitada, apática, ou então através do seu
estado afectivo, mostrando-se triste, rabugenta e indiferente.
A depressão instala-se quando foram ultrapassadas todas as capacidades da
criança para exprimir esse sofrimento.
Geralmente, resulta de uma perda, de uma renúncia. Essa perda pode ser real. É
o caso de uma criança cujo o pai foi vitima de um acidente mortal. Ou então, de um
recém-nascido que perde o amor da mãe, também ela tingida de depressão e incapaz de
dar a “mama afectiva” indispensável ao seu bem-estar. Mas a perda também pode ser de
natureza simbólica: nesse caso, para alguns adolescentes, é difícil separarem-se da
infância; assim como uma criança, vítima de abuso sexual pelo pai, pode perder
dolorosamente as suas identidades fundamentais.
Por outro lado, uma pessoa que não tratou uma depressão pode contaminar a sua
descendência. Exactamente como a hidra, cujo o sangue é um veneno. Hércules
utilizava-o para impregnar as suas flechas. Se uma flecha caía na água dos rios, o
veneno contaminava a água e, ao beberem-na, os peixes tornavam-se impróprios para
consumo. Assim, acontece que a criança se transforma em porta voz inconsiente, o
mensageiro do sofrimento de um dos seus pais. E que deprime em vez do seu pai
quando a depressão do mesmo não for tomada em conta.
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1.1 - Primeiras descobertas
Foi no final da Segunda Guerra Mundial que o Dr. Spitz, pediatra americano,
descobre que os bebés podem, como os adultos, ficar deprimidos. De origem austro-
húngura, Spitz é forçado a deixar a Europa em virtude das perseguições anti-semitas de
que era vitima. Exilado nos Estados Unidos, encontra, quer queira quer não, um lugar
médico no berçário de um estabelecimento penitenciário para mulheres jovens.
As leis de então não permitiam às jovens mães presas que tivessem com elas, na
prisão, os recém-nascidos com mais de seis meses. Quando atingiam essa idade, eram-
lhes retirados e colocados no berçário. Foi assim que o Dr. Spitz teve a oportunidade de
observar bebés separados das mães. Verifica-se então uma notória paragem de
crescimento dessas crianças que, paralelamente, dormiam mal e não paravam de chorar.
Verifica também que estão mais sujeitas do que as outras a doenças respiratórias.
A partir dos três meses de separação, os bebés deixavam de protestar. Os gritos
cessavam e não tinham mais lágrimas. O desespero vencia-os.
Os seus rostos eram parados, sem mímica, com máscaras de cera. Eram
indiferentes ao que os rodeava, não reagiam quando se lhes sorriam e lhes falavam, não
manifestavam interesse por nada. Recusavam alimentar-se e o peso diminuía. O mundo
exterior não lhes transmitia nenhum prazer, pareciam procurar dentro de si mesmas as
estimulações necessárias: balançando-se para a frente e para trás como se embalassem,
inclusive inflingindo-se a si mesmo ferimentos (arranhadelas e mordidelas).
Ao nível do corpo era mais grave. Uma perda de peso ligada nitidamente à
recusa alimentar, insónias, infecções, particularmente dos brônquios, associadas a uma
regressão dos avanços motores e intelectuais.
Depois dos cinco meses o quadro continuava-se a agravar-se, uma vez que as
crianças de uma magreza extrema, tornavam-se inertes. Os seus movimentos tornavam-
se raros e os seus olhares eram vazios. As infecções encontravam o terreno ideal para se
propagar. A evolução era gravíssima e a criança sofria de infecção ou caquexia.
Quando sobreviviam, essas crianças apresentavam um grave atraso em todos os
domínios. Assim, aos quatro anos, não falavam, não caminhavam, não se seguravam de
pé, inclusive, muito delas eram incapazes de se manterem sentadas. Apenas o regresso
de uma figura maternal num período de três meses permitia o completo
desaparecimento das perturbações nos bebés entre os cinco e oito meses. Para lá dos
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cinco meses de total privação de uma relação humanizada as perturbações tornavam-se
progressivamente irreversíveis.
A este fenómeno o Dr. Spitz baptizou de “hospitalismo” (estados depressivos
graves acompanhados do risco de perturbações no desenvolvimento resultantes da
ausência da mãe ou do seu substituto quando aparecem em meio hospitalar, quer se trate
de uma clínica ou de um infantário), porque encontrava a mesma evolução entre as
crianças hospitalizadas e separadas das mães durante longos períodos. E chamou
depressão anaclítica (perda do objecto amado) o estado de sideração no qual essas
crianças se encontravam e cujo “hospitalismo” é com efeito a fase terminal e
irreversível. Propôs como explicação a descarga de pulsões agressivas do bebe contra si
mesmo, devido à falta de as poder fazer contra uma pessoa maternal exterior.
Estes recém-nascidos separados da mãe não eram mal tratados. As pessoas que
se ocupavam deles (amas e enfermeiras), apenas respondiam as suas necessidades
naturais. Mas tudo isto despojado de vida e amor. Não era atribuído aos bebés, cuidados
personalizados, uma vez que não era dada nenhuma importância á continuidade do
cuidado maternal dispensado pela mesma pessoa. Não se falava com os bebés como
mãe o faria, nem havia relação afectiva regular e particular. Só a higiene parecia
primordial.
Nesta época também não se praticava a anestesia nos bebés paras pequenas
cirurgias, porque se achava que eles não sentiam dor. Uma época, não muito distante,
em que uma jovem psicanalista, Françoise Dolto, era considerada extravagante porque
falava com os bebés e considerava-os como verdadeiras pessoas.
Em seguida, outros estudos, levados a cabo em diferentes países, confirmaram e
aprofundaram as investigações sobre as consequências de uma separação do bebé e da
mãe enquanto não era proposto nenhuma alternativa.
No inicio dos anos 50, o Dr. J. Bowlby, um medico inglês, orientas as sua
investigações para a observação directa da criança no seu meio familiar. Para a época,
com efeito, esta maneira de proceder era completamente original. As conclusões
provocaram um grande burburinho no seio médico e psicanalista.
Bowlby distinguia três períodos na reacção da criança separada da mãe,
confirmando as observações de Spitz.
Um período de protesto, durante o qual o bebé exprime o seu desespero
chorando, gritando, agitando-se constantemente. Ele chama os pais e luta desta maneira
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para regressar a situação anterior de bem-estar. Além destes, mais ninguém os consegue
consolar. Depois, passados alguns dias, as manifestações são cada vez menos
barulhentas.
Um período de desencorajamento em que cada bebé se torna passivo e se fecha
em si mesmo. Recusa-se a comer o que dão, recusa os brinquedos que se lhe mostram e
os cuidados que recebe. Não manifesta interesse por nada e desvia-se de tudo o que se
lhe propõem.
Em último lugar, a criança entra em período de desprendimento: se uma relação
maternal se estabelece, ela já não recusa o contacto com as enfermeiras e as
puericultoras. Aceita os alimentos, os cuidados, interessa-se pelos brinquedos e retoma
uma actividade como nada se tivesse passado. Mas quando reencontra a mãe, manifesta-
se indiferente. Parece não a reconhecer. Por vezes rejeita-a com choros, gritos, como se
a fizesse pagar a sua ausência.
O período mais sensível (separação) para que isto aconteça é entre os cinco
meses e os três anos de idade. Outros estudos mostram que as reacções da criança
variam em função da idade da separação, duração, do estabelecimento de uma relação
substituta aceitável e das qualidades de adaptação propostas à criança antes da
separação. Se após e reencontro, a reconciliação é possível, os laços entre a mãe e a
criança restabelecerem-se pouco a pouco e, entretanto as sequelas psicológicas são
previsíveis. Não se sabe dizer exactamente quais mas prevê-se que mais tarde se
manifestem particularmente no que respeita separações, assim como manifestarão
desconfiança em relação a laços de vinculações. Apesar de curada as feridas as
cicatrizes permanecem.
Outra das situações actuais que se enquadra no que já foi anteriormente descrito,
é a diversidade e o carácter parcelar dos tipos de guarda (creches, amas sucessivas), que
podem provocar uma forma de descontinuidade. Ele está relacionado com o
empobrecimento do fio familiar de apoio. Numa altura em muitas vezes os pais
trabalham, as relações com os avós, como com a família próxima, são alargadas.
Mesmo que paralelamente se organizem novos meios de solidadriedade, assegurando
uma certa forma de continuidade.
Julgava-se que o “hospitalismo” descrito por Spitz e Bowlby pertencia ao
passado. Mas a realidade é que os media do mundo inteiro mostram imagens de crianças
abandonadas em orfanatos miseráveis. Nestes casos, trata-se de verdadeiros exemplos
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de “hospitalismo”, agravado pela prismicuidade, a ausência de material, de
medicamentos e cuidados. Ao número restrito de cuidados somava-se o receio de tocar
nessas crianças e portanto a ausência total de atenção maternal.
Assim o “hospitalismo”é um mal que pode sempre renascer, tanto nos países
industrializados como em vias de desenvolvimento, apoiado pelas dificuldades sociais
ou políticas, ou de qualquer situação dramática que separe uma mãe do filho e o prive
de cuidados adaptados.
Os efeitos da carência de cuidados nas crianças são uma realidade com que se
deparam constantemente os profissionais da infância. A sua prevenção impõem-se, tanto
mais que os prejuízos causados são por vezes irreversíveis. Essas carências tomam
diversas formas e são o principal factor de risco da depressão do bebé, quando elas não
são directamente a causa. A carência pode também tomar a forma de uma alteração
qualitativa da relação entre mãe e o filho.
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2 - Conceito
Melaine Klein, psicanalista inglesa, começou a trabalhar com a psicanálise
infantil na década de 20, lançando nova luz sobre o seu desenvolvimento. Esta
transformou totalmente a doutrina freudiana clássica e criou não só a psicanálise de
crianças, mas também uma nova técnica de tratamento e de análise didáctica.
Freud relatava que todos os problemas se originam na infância, mas a
psicanalista, sua aluna e discípula, foi a primeira a realizar, na prática, estudos com
crianças. Ela implementou a técnica de brincar, inspirada nas observações de Freud
sobre o brincar da criança com carretel. Melanie percebeu que isso representava
simbolicamente as ansiedades e fantasias infantis. Assim, tratou seus pequenos
pacientes na sala de recreio, e foi lá que descobriu o caminho para o inconsciente da
criança.
Assim sendo esta, foi portanto a primeira psicanalítica a introduzir o termo
depressão, referindo-se a infância.
Ela foi uma teórica das relações de objecto, autora da teoria do
"desenvolvimento psicossexual e piscopatologia" embasada em eventos intrapsíquicos e
interpessoais que supostamente ocorrem durante o primeiro ano de vida. Sua teoria da
psicopatologia, é baseada na observação de brinquedo livre de crianças, diz que a
agressão inata excessiva ou a reacção psíquica à agressão era a causa de distúrbios
emocionais severos como os transtornos psicóticos. Ela tentou lidar com as forças
intrapsíquicas com a técnica analítica clássica e interpretação precoce de impulsos
inconscientes. Assim como Anna Freud, ela foi uma pioneira em análise infantil, mas,
ao contrário de Anna Freud, ela excluiu os pais do tratamento porque acreditava que o
problema fundamental era intrapsíquico. As principais contribuições de Klein incidem
sobre a importância das relações de objectos iniciais, a demonstração da função do
superego cedo no desenvolvimento psíquico, e descrição das defesas primitivas
características do transtorno de personalidade limítrofe e psicose e no uso do brinquedo
das crianças com um meio para a interpretação.
No ano de 1945 surge o conceito depressão anacltica, com base em estudos
realizados por Spitz na reacção específica da criança a um acontecimento exterior.
Posteriormente em 1960, surge o conceito depressão mascarada, ou seja, a
criança podia padecer de uma depressão mas as condições depressivas na criança não 17
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podiam ocorrer como nos adultos, porque a estrutura da personalidade das crianças
eram muito imaturas. A hiperactividade, enurese, aumento da agressividade, ansiedade e
insónias, tudo seria considerado como equivalente depressivo. Rochin considerava que a
ocorrência da D.I não era possível, uma vez que não tinham o superego suficientemente
estruturado para dirigir a sua agressividade ao seu ego (6 a 10 anos), assim quando a
depressão acontecia era de forma mascarada.
Glaser faz a hipótese de inclusão, na depressão mascara, sintomas como fobias
“delinquência”, sintomas sintomáticos, retraimento social, agressão, eneurese e medo da
morte.
Frommer sugere três tipos de depressão: a) não complica ou pura, grupo em que
as queixas comuns eram irribitalidade, choramingo, dificuldade para dormir e
idealização ou tentativa suicida; b) depressão enurética – a criança com frequência
apresentava sérios problemas de aprendizagem na escola, e eram comuns
comportamentos anti-social, conflito familiar e rejeição dos pais; c) depressão fóbica –
ansiedade acentuada, queixas somáticas e sintomas depressivas.
Cytryn e Mc New achavam a depressão mascarada na criança podia ser
diagnosticada pela expressão facial. No entanto, descreveram também a síndrome
depressiva “típica”, que consistia em: desesperança, atraso psicomotor, problemas para
dormir, distúrbios de apetite, isolamento social. Dividiram a depressão em: forma aguda
– ocorria sem transtornos psiquiatras prévios e sem acentuada psicopatologia familiar;
b) forma crónica – depressão típica com pobre ajustamento antes do inicio do transtorno
e tendência a vir de um meio desajustado.
A ideia de depressão na criança, na maioria das vezes, é expressa por sintomas
não depressivos, com poucos e óbvios sinais principais do estado de humor. O problema
é que ninguém foi capaz de criar um conjunto de critérios para identificar a diferença
entre sintomas que são devidos à depressão e sintomas idênticos que ocorrem em parte
em diferentes transtornos subjacentes. No entanto, a irritabilidade pode ser um sinal
importante para chamar a atenção para o diagnóstico da depressão.
Assim sendo, os sintomas existentes na depressão mascarada incluem todos
aqueles sintomas psiquiatras da criança classificados na CLD e na DSMIV: perdas de
apetite, energia, auto-estima, insónias, melancolia, isolamento social, mudanças de
performance, apatia face a actividades que anteriormente causavam interessem,
ausência de reacção a estímulos agradáveis.
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Com o passar dos anos e o aprofundamento dos estudos científicos sobre o
mesmo, assistiu-se a sua evolução. Assim sendo actualmente o termo depressão infantil
designa uma perturbação afectiva caracterizada por sintomas tais como uma experiência
subjectiva prolongada de abandono, incapacidade para se divertir ou concentrar, fadiga,
actividade ou apatia extremas, sentimento de inutilidade, alterações de peso, queixas
físicas e pensamentos suicidas ou de morte. ( Papalia et all, 2001).
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3 - Etiologia
Segundo os diferentes estudos levados a cabo nos últimos vinte e cinco anos,
encontramos taxas muito variadas no número de crianças vítimas de depressão infantil
(0 a 25%) Provavelmente, esta discrepância está relacionada com a ausência de critérios
comuns de diagnóstico e de gravidade, bem como na dificuldade de despistagem que
continuava a colocar a depressão infantil.
De acordo com Weisseman e Klerman (1997, in Rutter, 1991), referem que, de
um modo geral, as meninas têm maior tendência para a depressão que os meninos.
Clerget (1999) refere que cerca de 2% das crianças sofrem de depressão grave, número
que aumenta para 10% na adolescência.
Afirmam Rodriguez e Cabalero Andaluz (1990)… existe um acordo que não tem
causa única em explorações etiopatogénicas fáceis. Do ponto de vista genético,
comprova-se a influência de pais depressivos ou ausentes sobre os filhos, correndo estes
os riscos de padecerem de uma D.I. Por outro lado, do ponto de vista psicológico, já se
comprovou a presença da ruptura do vinculo mãe – filho e de uma vivencia de indefesa
aprendida.
Assim entre factores biológicos da etiologia da depressão infantil podemos
entrar na área da genética da depressão, pois, segundo Miller (2003), a maioria dos
estudiosos sobre a depressão afirma que ela tem um componente genético e como há
vários tipos de depressão (endógena – manifesta-se sem motivo aparente e muitas vezes
está ligada a uma predisposição familiar; reactiva) possivelmente não apenas um, mas
vários genes podem estar envolvidos na sua ocorrência, e, e apesar das muitas
pesquisas, estes genes ainda não foram classificados de forma conclusiva. É importante
frisar que a depressão desta forma, é transmitida geneticamente na família. Lafer,
Almeida, Fráguas e Miguel (2000) destacam que as crianças com pais deprimidos têm
um risco três vezes maior do que os filhos com pais, não deprimidos. Pais depressivos
podem promover a depressão nos filhos tanto através da imitação que estes filhos fazem
dos comportamentos depressivos dos pais como pela já referida possibilidade de
herança genética (Cavalcante, 1999).
Outro factor biológico é a falta de neurotransmissores no espaço entre dois
neurónios que estão estabelecendo comunicação. Os neurotransmissores, que são
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______________________________________________________________Depressão Infantil
substâncias químicas básicas para a transmissão de informações entre os neurónios,
estão envolvidos na depressão, entre eles, os que estão mais directamente ligados são a
norepinefrina e a serotonina. Na dinâmica do funcionamento da comunicação entre as
células podem faltar neurotransmissores na fenda sináptica a falta destes neuro
transmissores da classe das monoaminias pode desencadear a depressão (Miller, 2003).
Factores biológicos tem bastante relevância mas, de acordo com Ferroili,
Marturano e Puntel (2006), a depressão pode não só ter uma base genética, mas pode ser
de base ambiental, ou mesmo as duas em interacção. Neste sentido, Carvalho (2005)
argumentam que a hereditariedade é um factor de grande peso, mas não é só ele que
determina a patologia, pois a predisposição genética pode juntar-se aos factores
ambientais, e as condições adversas da realidade externa.
Feitas estas considerações, é interessante que nos detenhamos em analisar os
factores ambientais (depressão reactiva - linha psicológica: experiencia afectiva – ligada
a uma reacção de defesa e negação da criança frente a algum acontecimento da sua
vida) para a ocorrência da mesma. Sabe-se de acordo com Calderaro e Carvalho (2005),
um ambiente familiar problemático, que seja instável e inseguro causa prejuízos para o
desenvolvimento de uma criança, sendo possível que esta desenvolva transtornos
emocionais. Os factores que podem compor um ambiente com estas características são:
discórdia entre cônjuges, separação dos pais, problemas de conduta ou portadores de
distúrbios mentais, conflitos/ruptura da família, mudança de cidade, escola ou grupo,
práticas disciplinares que sejam muito duras e invasivas, perda por morte: luto, escola,
fobia escolar, depressão da mãe, doenças somáticas da criança, doenças crónicas ou
prolongadas, nervos, caprichos de humores, a criança e a sua própria morte.
O abuso tanto físico como sexual sofrido pela criança pode ser uma agressão
muito traumática provinda de uma família desequilibrada. Lima (2004) esclarece que
crianças que são agredidas fisicamente são levadas por seus pais a uma aprendizagem
de desesperança, facilmente se isolam, evitam contacto no meio social, apresentam
auto-estima reduzida e não conseguem ter prazer em actividades que normalmente lho
causariam. Enquanto crianças que sofrem de agressão sexual geralmente sentem-se
culpadas, envergonhadas, demonstram ansiedade e têm uma propensão a se tornarem
agressivas. Estes sintomas ocorrem em concomitância com sintomas depressivos. Entre
os factores ambientais desencadeadores da depressão estão situações stressantes
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relacionadas com perdas que a criança pode vir a sofrer em fase tenra da vida (Almeida;
Fráguas; Miguel, 2000).
Portanto todo o conjunto de mecanismos de elaboração intrapsíquico individual
contribuem para a estruturação das experiencias afectivas (favorável ou
desfavoravelmente do desenvolvimento físico e mental) em três pontos conhecidos
como a tríade cognitiva de Beck (1977): percepção da imagem de si mesmo, visão do
mundo e futuro.
Assim sendo quando o recém-nascido é separado da mãe ou quando esta já lhe
não pode dar o mínimo de cuidados afectivos de que ele necessita. Essa carência, ou
ausência de cuidados maternos, sobrevêm quando a criança é colocada num ambiente
pouco favorável no que respeita ao continum da presença de um substituto da mãe que
lhe prodigalize o seu amor. Nesta perspectiva a ausência de cuidados afectivos maternos
caracteriza-se pela sua duração e pelo facto de serem sempre proporcionados por
diferentes pessoas.
Desorientado e desamparado perante todas aquelas imagens de mães que lhe
passa, e lhe prestam cuidados físicos e tentam estabelecer contacto com ele, mas cuja
presença é demasiado curta, o bebe protege-se contra essa excessiva variedade de
substitutos maternos que lhe é proposta ou na ausência destes quando só raramente está
em contacto com afigura adulta, por meio do retraimento sobre si mesmo, da mímica.
Esta situação quando dura pouco, desaparece logo que a mãe está de novo presente ou
alguém a substitui duradouramente. Mas, se a ausência da figura materna dura muito
tempo, quando a mãe não é capaz de dar ao filho cuidados afectuosos validos corre-se o
risco de aparecerem perturbações permanentes que se manifestam ao nível do
desenvolvimento físico e psíquico da criança.
Pode-se assim afirmar que as crianças pequenas são muito sensíveis a todas as
demonstrações de amor maternal e de amor em geral. E parece que depois os homens e
as mulheres nunca mais perdem essa sensibilidade, a qual se manifesta em certas
circunstâncias da existência sob a forma de um estado depressivo do que o luto é a
melhor ilustração.
Quando uma criança é abandonada pela mãe, ainda que este seja de curta
duração, ou seja, mesmo que ela se ausente apenas por alguns minutos ou horas, a
criança manifesta o seu sofrimento de maneira muito compreensível, por meio de choro
e gritos que são a expressão do seu desespero e da sua impotência perante uma ausência
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de que não é responsável e que não pode remediar. Sabe-se porém, que há nisto o valor
de uma aprendizagem e que a criança ou recém-nascido devem passar por estas
frustrações passageiras para pouco a pouco conseguirem imaginar que a mãe ausente
provisoriamente o não está para sempre. É também importante notar que nestes estados
a criança se torna agressiva e ataca as pessoas e as coisas à sua maneira, sem resultado
aliás, uma vez que isso não provoca imediatamente o regresso da mãe. Mas pouco a
pouco a agressividade acalma-se, ou pelo menos deixa de se manifestar para com as
pessoas exteriores; muda porém de direcção e a criança, pelo seu afastamento pelo seu
desinteresse, castiga-se de algum modo a si mesma. Observa-se assim uma mudança de
direcção da agressividade que já não tem nada a ver com o mundo exterior, mas sim
com ela própria. Este retorno dos sentimentos hostis, que deviam dirigir-se ao mundo
exterior, incide também sobre o próprio individuo e é um dos factores que contribuem
para o suicídio.
A depressão anaclítica e o hospitalismo representam portanto uma forma
bastante pura de uma depressão determinada por um acontecimento de essência
sobretudo psicológica: separação e uma frustração de amor, de sentimentos ou de
cuidados afectuosos.
A outra situação que demonstra igualmente os laços existentes entre os factores
psicológicos, sobretudo afectivos, e o aparecimento de uma depressão, desta vez normal
o luto (repercussões psíquicas e afectivas da perda de uma pessoa, morte de alguém).
Pode-se assim concluir que tudo o que representa ou pode recordar uma
frustração, um abandono, uma perda, uma ruptura de vínculos com outras pessoas, ou o
desaparecimento de funções ou faculdades importantes dentro de nós próprios pode,
mas não deve ocasionar uma depressão.
Basta mesmo que exista apenas uma ameaça de separação e frustração em
indivíduos mais frágeis ou sensibilizados, ou ainda que se verifiquem actos que são
simbólicos de uma separação ou de frustração. Enfim, mesmo pensamentos e
ruminações mentais imaginárias podem alimentar o terreno em que se desenvolverá o
estado depressivo.
Finalmente, por extensão, essa ruptura de afeição e de laços pode já não existir
com as outras, mas apenas dentro de nós próprios, portanto qualquer mudança de
situação social engloba todos estes factores que se tornam nocivos.
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Nos factores psicológicos estão assim incluídos factores conscientes, os quais
imediatamente apreensíveis e compreensíveis na sua racionalidade, que através da sua
conjunção favorecem a doença depressiva. Mas essas dificuldades aliam-se muitas
vezes perturbações interiores, dificilmente perceptíveis no plano consciente, mas que se
manifestam pelos sonhos e através de sintomas como medos, angustias, obsessões e
comportamentos inexplicáveis. Tudo isto pertence ao mundo do inconsciente, com os
seus desejos e os seus instintos, mas também com todos os freios aplicados à realização
de forças primitivas essenciais.
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3.1 - Modelos Explicativos
Para se explicar a etologia da D.I, recorreu a modelos explicativos do âmbito
ambiental e psicológico (qualidade de relacionamentos, ambiente familiar, que pode
traduzir questões como: rejeição, carência afectiva, superprotecção, factores
socioeconómicos, morte, etc)
Freud em 1917 (in Pfeffer, 1986), afirma que, a melancolia, esta de algum modo
relacionada coma perda do objecto retirado da consciência, em contraposição ao luto,
onde nada relacionado com a perda, é inconsciente.
Para Abrahan 1926, a génese da depressão de culpa está na relação ambivalente
sádica que o principal fundador do Eu, o objecto primário, estabelece com o indivíduo.
René Spitz, (1945) psicanalítica americano dedicou parte da sua vida
profissional ao estudo de um tipo específico de comportamento observados em bebés
dos 6 aos 18anos, inseridos em meios de desenvolvimento desfavoráveis caracterizados
pela separação da figura materna: inicia-se, numa primeira fase, um período de choro,
depois um período caracterizado por comportamento de retirada e indiferença, ao
mesmo tempo que se assiste a uma regressão do desenvolvimento, conduzido até a um
estado do marasmo. Spitz chama a esta reacção “depressão anaclítica”atendendo que a
criança normal contempla na mãe todo o suporte necessário para promover o seu
desenvolvimento, suporte este que falta, inesperadamente, na depressão anaclítica
(Marcelli., 20005). Este tipo de depressão poderá levar, inclusive à morte do bebé.
John Bowlby, (1950) à semelhança de Spitz, contribiui, com as suas
investigações, para o estudo das reacções da criança face a uma separação materna. O
autor defende que a fase considerada mais crítica situa-se entre os 5 meses e 3anos,
observando-se uma sucessão comportamental face a separação: numa primeira
instância, o bebé atravessa uma fase de protesto no momento da separação (ex: choro,
agitação, procura seguir os pais-estas manifestações tendem a acentuar dois ou três
dias). Posteriormente segue-se a fase de desespero (rejeição por parte do bebé em
comer, vestir, não solicita nada do que o rodeia, assemelhando-se a um estado de luto)
e, por último, aparece a fase de desvinculação (a criança vê a mãe, mas poderá não
reconhecê-la ou desviar-se dela, sendo que a maioria das vezes chora ou grita).
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Coimbra de Matos (1986), define a depressão como uma estrutura, situando-se
entre a estrutura neurótica e psicótica. A problemática da depressão reside mesmo na
perda de uma boa relação como o objecto de amor (mãe ou substituto).
Winnicott (1971) refere que as fases precoces do desenvolvimento emocional do
bebé são sustentadas pelo meio ambiente onde ele se insere. Ao estabelecer um contacto
visual com a sua mãe, o bebé protege-se a semelhança de um espelho, no rosto da mãe,
sentido algo como o que é descrito pelo autor: “Quando olho, sou visto, logo existo. Se
o bebé não recebe um feedback do rosto da sua mãe nesse contacto visual, experiencia e
sentimento de não receber o que está a dar e num plano metafórico, o bebé olha-se e não
se vê. Diante destas adversidades, os bebés tentam encontrar vias para se confrontarem
a eles próprios, adoptando por exemplo comportamentos de balançar (típicos de
depressão infantil e de perturbações do autismo), realizando o processo de
desenvolvimento a partir do meio ambiente.
O modelo da distorção cognitiva de Kovacs (1978), defende que os distúrbios da
motivação e dos afectos resultam de conceptualizações negativas, exagerando-as, o que
dá origem a stress patológico que predispõem para a depressão.
Em 1933 Ferreira, refere que o núcleo depressivo da criança pressupõe uma
correspondente decepção narcisista da mãe. São características constantes do Eu da
criança em sofrimento depressivo, a esperança libidinal, assim como o desejo de um
encontro com o objecto.
De acordo com Strecht (1997), a criança que não é pensada, não poderá pensar,
que não é amada, não poderá amar (se), pois se não é investida pelos pais, dificilmente
desejerá conhecer e aprender, pois terá dificuldade em organizar-se e conhecer-se.
Segundo a perspectiva de Marcelli (1998), a doença psíquica de um dos pais
constitui um factor de risco que pode chegar a 43%. A depressão materna desencadeia,
indo de encontro a posição de Winnicott, uma carência de interacçaõ no bebé, a qual
poderá posteriormente, desenvolver na criança uma susceptibilidade a acontecimentos
futuros que comprometem perdas. Nessa linha de pensamento segundo Solomon
(20002), é inevitável a contemplação da vulnerabilidade genética na etologia da D.I
(Calderano e Cravalho, 2005).
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4 - Características da Depressão Infantil
Torna-se importante conhecer e compreender os sinais da depressão, uma vez,
que esta, é um entrave para o bem-estar e desenvolvimento intelectual, afectivo e
psíquico da criança.
A depressão infantil assenta-se quando já foram esgotadas todas as habilidades
da criança para expressar esse sofrimento. Estes sintomas manifestam-se de formas
distintas dependendo da idade da criança.
Até aos 7 anos, as crianças não apresentam habilidades verbais para expressar os
seus sentimentos, tornando difícil o seu diagnóstico. Só a partir desta idade quando elas
iniciarem a fase escolar se tornarão mais capazes de descrever os seus sentimentos.
Deste modo teremos de ter em atenção a comunicação não verbal, tais como a expressão
facial e a sua postura corporal, pois é através do corpo que se mostra agitada, apática,
doente; ou ainda pelo seu estado afectivo, manifestando-se triste, rabugenta e
indiferente.
No bebé a depressão exprime-se unicamente por sinais corporais, onde os mais
frequentes são a recusa de se alimentar, atraso de crescimento, atraso de
desenvolvimento psicomotor e consequentemente baixa robustez física(hipotonia).
Na recusa alimentar o bebé vira a cara quando se lhe oferece o biberão ou a
colher, morde e fecha a boca. Pode também mastigar indeterminadamente a comida não
chegando a engoli-la deixando mesmo que a boca se encha, mostrando-se indiferente.
O atraso de crescimento, pode ser um reflexo da negação da criança de se
alimentar por um longo período de tempo, como também pode estar ligado a uma
perturbação da hormona do crescimento. Quase como se a criança “hibernasse à espera
de dias melhores – e mais calor humano.” (Clerget, 2001).O desenvolvimento
psicomotor (mover e coordenar os movimentos), no bebé deprimido poderão estar
comprometidos revelando um desenvolvimento motor atrasado para a sua idade.
Podemos também observar num bebé com depressão um atraso da linguagem, e
isto, pode estar relacionado com o desenvolvimento psicomotor. Perturbações de sono,
adormecendo com dificuldade, chorando agitando-se chegando adormecer devido a
fadiga resultante desta agitação. As afecções somáticas (asma e eczema). são
observáveis num maior numero de bebés deprimidos o uma vez que parece existir uma
relação entre a depressão e a sensibilidade ás infecções. 27
______________________________________________________________Depressão Infantil
O eczema no bebé pode começar no rosto e propagar-se pelo corpo todo (partir
do segundo trimestre). A pelada será outra situação que se pode observar, perda
localizada de pêlos, no cabelo, sobrancelhas, pestanas podendo esta última ser o
resultado de uma separação brutal da mãe.
O aparecimento da asma, não significa um estado depressivo, no entanto poderá
ser um dos sinais quando surge precocemente (com menos de um ano).
Nas crianças e adolescentes a depressão poderá camuflar verdadeiros
sentimentos depressivos escondidos sob a irritabilidade, agressividade, hiperactividade e
rebeldia.
Os sinais a ter em atenção nestas idades serão a perda de interesse pelas
actividades que frequentemente eram tidas com interessantes, passando a considerarem-
nas aborrecidas, assim como, falta de interesse perante jogos, brincadeira, evitar fazer
amigos, recusa de ir à escola. Por vezes poderá ser notada uma certa tristeza no olhar.
Juntamente aparece a diminuição da atenção e da concentração, perda de
confiança em si mesmo, sentimentos de inferioridade, baixa auto-estima, ideias de culpa
e inutilidade, tendência ao pessimismo, transtornos de sono e da alimentação e em casos
mais graves podem surgir ideias suicidas.
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5 - Classificação da Depressão Infantil Segundo o DSM IV
O manual de Diagnóstico e estatísticas das perturbações mentais (DSM-IV),
classifica a Depressão dentro dos Transtornos de Humor e também baseia a
classificação nos Episódio Depressivo Major caracterizando a depressão como:
“ A característica essencial de um Episodio Depressivo Major é um período de pelo
menos duas semanas durante o qual existe ou humor depressivo ou perda de interesse
em quase todas as actividades. Em crianças e adolescentes o humor pode ser irritável
em vez de triste.”
Refere-nos também que o sujeito deve ter quatro dos sintomas da seguinte lista:
Alterações de apetite ou peso; sono e actividade psicomotora; diminuição de energia;
sentimentos de desvalorização pessoal ou culpa; dificuldades de concentração ou em
tomar decisões; pensamentos recorrentes a propósitos da morte ou planos, tentativas ou
ideação suicida.
Este sintomas tem de ter pouco tempo ou em relação a maneira da pessoa agir ter-se
agravado. Os mesmo devem permanecer ao longo do dia e quase todos os dias pelo
menos por duas semanas consecutivas.
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6 – Avaliação Psicopedagógica
É importante referir que antes de qualquer intervenção, é necessária uma
avaliação, um diagnóstico concreto para o qual são necessárias intervenções e
estratégias variadas.
Quem dá o sinal de alerta?
- Muitas vezes é o professor, que é o primeiro a observar mudanças no
comportamento da criança. Este nas suas interacções diárias e directas poderá notar
alguns sintomas invocadores da depressão, explicitados, por exemplo, por dificuldades
escolares que poderão surgir.
- Muitas vezes são os pais por causa de comportamentos agressivos manifestos
pelas crianças.
Mas esta primeira sinalização nem sempre é fácil, isto porque, as crianças
experimentam a depressão de uma forma muito variada, como já foi anteriormente
referido e também porque as próprias crianças não conseguem identificar que estão
deprimidas
A partir desta primeira sinalização, junto da escola, poderá intervir o psicólogo
escolar que junto da família, depois de “colocar em evidência as dificuldades
psicológicas subjacentes aos problemas assinalados pelo professor” a orienta a procurar
um especialista.
A identificação da criança com depressão deve ser feita o mais precocemente
possível para que assim comportamentos depressivos possam mais facilmente ser
modificados.
Depois dessa etapa, o técnico, que neste caso da depressão infantil poderá ser o
pedopsiquiatra ou psicólogo, passar-se-á então à avaliação.
A avaliação deve ser realizada na base da sintomatologia depressiva e de
possíveis associações ou acontecimentos, como: diminuição do rendimento escolar,
prejuízo no funcionamento/psicossocial, transtornos psiquiátricos, maus tratos, perdas
lutos, entre outros.
O processo de avaliação, poderá acontecer através de diferentes estratégias:
técnicas de observação, escalas e inventários de auto-avaliação, entrevistas
estruturadas e semi-estruturadas.
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Nas entrevistas clínicas, (1999), e num primeiro momento o técnico preocupar-
se-á, por construir uma relação de confiança e por ter como preocupação recolher
informações, que lhe permitam:
- Descobrir a história da doença, no sentido de tentar perceber em conjunto
com os pais os sinais e sintomas e a forma como os mesmos começaram. “Todas as
mudanças, quer sejam brutais ou progressivas em relação ao estado anterior julgado
satisfatório são detectados” Clerget (1999). No fundo, o médico tentar perceber o humor
deprimido as suas características e natureza.
- Descobrir a história da criança, aí estudar-se-á a concepção da criança, as
diferentes etapas do seu desenvolvimento, o seu ambiente familiar e social, assim
aspectos muito particulares como a personalidade, gostos e relações com os outros;
- Descobrir a história dos pais e das pessoas que se relacionam directamente
com a criança no seu cuidado (recolha de informações sobre o contexto familiar passado
e actual, por exemplo, se os pais estão juntos ou divorciados); avaliação das possíveis
perturbações no seio da família, como por exemplo, “depressão materna pós-parto; más
relações mãe-filho; perturbações psicológicas, doença mental, toxicodependência,
alcoolismo de um pai; clima ou relações incestuosas…” Clerget (1999).
O tipo de relação e a qualidade da relação pais filhos, apreciam-se durante este
período através das afirmações de uns e outros, em consequência, muitas vezes o
discurso depreciativo dos pais acaba por reforçar a imagem negativa que a criança tem
dela própria agravando ainda mais a sua situação. O que faz também com que os pais
algumas vezes se sintam impotentes em relação à situação dos próprios filhos e sofram
também com este processo de descoberta de questões com as quais estão intimamente
relacionados. Sendo assim, segundo Clerget (1999), ”à ajuda da criança junta-se a que
se dá ao adulto, porque quanto mais nova é a criança mais os seus sofrimentos
interagem com os dos pais”. Para além disso, a criança é encarada como porta-voz dos
sofrimentos dos pais e é pela mesma que estes admitem também algum tipo de
intervenção em si próprios.
As entrevistas semi-estruradas permitem ao técnico ter um eixo orientador, não
deixando de se caracterizar por alguma flexibilidade em relação ao número de perguntas
e à forma como são colocadas. De entre os instrumentos usados nas poderemos
destacar:
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ISC (Interview Schedule for Children);
ISP (Formato para pais);
K-SADS (Kiddy Schedule for affective Disorders ins Schizoprenia);
DICA (Diagnostic Interview for Chrilden and adolescents);
DISC-P (Diagnostic interview Schedule for Children – Parent form);
COLPA (Columbia Psychiatric Interview).
Outros dos instrumentos utilizados, são os chamados questionários, escalas de
auto-avaliação e inventários, que são mais os mais aplicados.
Segundo Cuvrinel et al (sem data), estes instrumentos, tem como objectivo
avaliar a depressão na criança sendo um auxiliar de diagnóstico em conjunto com outros
dados técnicos, que tem como principal função detectar a gravidade dos sintomas. Estes
instrumentos apresentam algumas vantagens que passarão, entre outras, pela diminuição
da subjectividade e da interferência. No entanto, não substituem as entrevistas mas são
sim um complemento se assim poderemos dizer.
Algumas destas escalas são dirigidas às crianças e outras aos pais,
referenciando-se como mais relevantes:
CDS: Children´s Depression Scale, Lang e Tisher;
É uma escala de autoavaliação para sinalizar crianças com depressão, entre os
6 e os 16 anos.
CDI- Children Depression inventory, Kovacs e Bach (1977);
“O CDI surgiu inicialmente nos Estados Unidos, compreendendo uma adaptação
do Inventário Depressão de Beck - BDI. Foi elaborado por Kovaks (1983), e propõe
mensurar sintomas depressivos em jovens de 7 a 17 anos, por meio de auto-aplicação.
Nessa versão original, o instrumento consta de 27 itens distribuídos entre os sintomas
afectivos, cognitivos, somáticos e de conduta. Os participantes utilizam uma escala de
resposta de três pontos para indicar a melhor alternativa que descreve seus sentimentos
com relação às duas últimas semanas.” Coutinho e al (2008)
SCDI - Children Depression inventory, Kovacs e Bach (1977),
modificação da CDI
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DSRS – depression self-rating scale, Birleson (1981);
Composta por 18 itens que avalia em crianças entre os 7 e os 13 anos, aspectos
afectivos, cognitivos e comportamentais.
CDRS: Children´s Depression Rating Scale, Poznanski et al (1984);
Poznanski (1979), elaborou a escala CDRS: Children´s Depression Rating Scale,
baseada numa outra escala de Hamington., a mesma foi validada num grupo de trinta
crianças com depressão infantil, com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos.
Foi a partir de um estudo, realizado por Poznanski et al em 1970, (citado por
Barbosa et al (s/data), com 14 crianças com idades diferentes com depressão, em se
dedicaram em procurar critérios para diagnosticar a depressão assim como em construir
um documento que pudesse ser utilizado como “screening”.
Em 1985, Poznanski, Freeman e Mokros realizam uma revisão na CDRS
Children´s Depression Rating Scale, passando a mesma a designar-se CDRS-R, que é
escala actualmente usada pela comunidade científica, segundo Barbosa et al (s/data).
Segundo o mesmo autor, esta versão revista avalia a depressão em crianças, trata-se de
um instrumento de avaliação para o “uso exclusivamente clínico, e desenvolvida para
crianças com idades entre 6 a 12 anos, que tem como objectivo principal identificar e
conhecer estado de humor da criança através de comunicação tanto verbal como não
verbal. Está composta de 17 itens que se referem a sintomas depressivos. Cobre ainda
quatro áreas do quadro depressivo: a) estado de humor; b) sintomatologia somática; c)
sintomatologia depressiva e d) sintomatologia comportamental.
A sua aplicação, que dura aproximadamente 30 minutos de acordo com estado
da criança, exige uma preparação prévia e um certo domínio do instrumento em si.
CARS: Children´s Affect Depression Rating Scale, Cytryon e Mcnew
(1972);
BID: Bellevue Index of Depression Petti (1978);
(…)
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No que diz respeito ao comportamento da criança aquando da consulta de
psiquiatria propriamente, salienta-se que a mesma reage de uma forma muito particular:
não pede cuidados; evita a relação e recusa actividades espontâneas; responde por
monossílabos ou dizendo “não sei”; angústia de separação; desconfiança, entre outros.
Este comportamento acontece porque os outros metem-lhe medo e porque
criança sente-se um estorvo e por isso culpada e indigna da atenção que lhe estão a
dispensar no momento.
34
______________________________________________________________Depressão Infantil
6.1 – Modelos de Intervenção adequados a este tipo de problemática
Depois da avaliação, começa-se então o processo de intervenção. Se a depressão
for leve, realizam-se encontros regulares, com discussões compreensivas com a criança
e com os pais, no sentido de aliviar esta situação e levar a criança a melhorar.
Se a depressão for severa, deve-se indicar um tratamento mais focado e,
ocasionalmente, poderá acontecer o internamento se necessário, como por exemplo,
para a prevenção de riscos de suicídio, é fundamental avaliar a situação para permitir ou
não que a criança fique em casa.
Estas primeiras consultas têm propósitos muito concretos e têm igualmente uma
função muito terapêutica, porque desta forma o técnico já está a tratar a criança. E por
isso vão confluir numa psicoterapia individual da criança. “As psicoterapias inspiradas
nas teorias psicanalíticas como modo de tratamento mais clássico. As psicoterapias
cognitivas ou comportamentais assentam em técnicas muito diferentes. Que podem ser
usadas nessas situações mas não exclusivamente”, Clegert (1999)
De tudo o que já foi dito é de realçar o acompanhamento dos pais como
fundamental, porque também eles vão recolher algo muito rico durante todo este
processo que vai acalmar um bocadinho o seu estado de espírito. Isto porque o técnico,
durante as consultas, fornece-lhes conselhos quanto às atitudes a adoptar e a evitar com
a criança. Por outro lado, esta interacção permitir-lhe-á ir recolhendo a informações
sobre a evolução da criança em casa.
De acordo, com a situação particular de criança, este terapia poderá ser
complementada com uma terapia familiar e/ou individual, se a raiz do problema da
criança se associar às suas relações familiares.
Falar de tratamento é necessariamente neste domínio falar de psicoterapia.
“Etimologicamente psicoterapia vem do grego therapeuein que significa “tratar”
e psikhê que quer dizer “espírito” ou “alma”. Este termo foi inventado e depois do da
psicanálise e durante muito tempo não existia outra forma de psicoterapia que se
inspirava nesta corrente de pensamento.
Mas é importante reforçar que estas técnicas não nasceram com Freud mas já
Focault, falava das mesmas através de um caso decorrente no século XVII.
35
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Mas o que é importante reter acerca da psicoterapia, segundo Clerget (1999),
esta: “não se contenta em explicar: a verdade do paciente deve ser ouvida” (…) o
sofrimento deve ser escutado”.
Segundo o mesmo autor, designa-se por psicoterapia, “todo o método de
tratamento das perturbações psíquicas através de meios psicológicos assentes na relação
do paciente com o psicoterapeuta”.
6.2 – Psicoterapia Psicanalítica
Clerget (1999), apresenta algumas diferenças relativamente à psicoterapia com
adultos, nomeadamente, incluir na terapia com crianças conselhos educativos e
explicações; o ritmo das sessões variável; recurso ao jogo e ao desenho; a atitude do
psicoterapeuta, mais participativa.
Este último aspecto, relativo à postura do terapeuta, será essencial para a
psciocoterapia que requer todo um envolvimento que nas terapias dos adultos não
acontece.
Ferreira (2002), citado por Pires (2004), sugere: uma psicoterapia semanal
individual da criança, apoiada pelos pais, de modo a reparar-se narcisicamente,
regressando a fases anteriores do desenvolvimento.
O psicoterapeuta em parceria com médico deverá actuar para que a “realidade
exterior não vir a parasitar o trabalho interior da criança”. Clerget (1999)
O envolvimento dos pais como já foi referenciado é fundamental, quer na como
forma de os envolver no processo e ao mesmo tempo ir detectando as suas dificuldades
pessoais em todo este processo.
Todo este processo anteriormente levará à compreensão dos mecanismos
inerentes à depressão da criança ajudando a criança a fazer reorganizações que a levem
a abandonar este processo depressivo.
Com este tipo de psicoterapia são esperados resultados em semanas ou meses,
mas os objectivos deste tipo de terapia vão para além de levar ao desaparecimento dos
sintomas da depressão. O trabalho psicoterapêutico baseado nos princípios
psicanalíticos permitirão, “manipulações psicológicas respeitando sempre a
personalidade profunda da criança” que ajudam a superar o melhor possível os traumas
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criados pelos sofrimentos das crianças. Segundo Clerget (1999), estas intervenções
permitirão “vencer determinados mecanismos de defesa que impedem toda a
possibilidade desenvolvimento”.
Este processo de intervenção poderá ser longo, é um trabalho a longo prazo que
contará com algumas dificuldades traduzidas pela resistência à mudança psíquica da
criança, mas que prevenirá que a depressão se mantenha e que haja futuras recaídas.
Neste tipo de psicoterapia, obtêm-se resultados mais satisfatórios nas crianças
mais novas.
6.3 - Psicoterapia cognitivo-comportamental
Beck et al. (1978), citado por Pires (2004), definem a sua terapia cognitiva como
baseada no comportamento e determinada pela maneira como o paciente percepciona o
mundo.
Clerget (1999), diz que a atenção é colocada na participação activa da criança,
em que esta é convidada pela terapia a tentar dominar a depressão, como algo exterior à
criança, situação que não é fácil.
Estas teorias estão arreigadas da teoria da aprendizagem, e cuja linha de trabalho
passará pela reeducação, ou seja, em reeducar a criança em relação a maus hábitos já
que os mesmo estarão na origem de numerosos comportamentos. Esta terapia é eficaz
no trabalho sobre um determinado sintoma.
6.4 - Psicoterapia Familiar
No caso da depressão infantil, é altamente recomendado o envolvimento dos
pais na terapia (Toolan, 1978), citado por Pires (2004). É indicada sobretudo quando o
conjunto familiar parece envolvido na depressão infantil ou há outras crianças da
família apresentar sintomas depressivos.
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Mas quando é utilizada com mais frequência: quando a criança é muito pequena
para realizar a psicoterapia sozinha ou então quando o tratamento não evolui porque não
há qualquer tipo de participação.
Esta terapia familiar, segundo Clerget (1999), “encara a família como um
sistema … tem uma organização própria, uma convicção, regras internas expressas ou
inconscientes, um equilíbrio, ritos e mitos”. Além disso, este autor defende que a
família possui poderes curativos que estão subjacentes e que este tipo de terapia poderá
utilizar.
Para terminar este ponto, é fundamental colocarmos a seguinte questão, DEVEM
DAR-SE ANTIDEPRESSIVOS ÀS CRIANÇAS?
Os antidepressivos são medicamentos que têm resultados satisfatórios nos
adultos mas quais serão os seus efeitos nas crianças.
Existem três tipos de antidepressivos, ou melhor três grandes grupos: os
“tríciclicos” (antidepressivo de referência, introduzido em 1958); os “IMAO”
(Indicados no tratamento de depressões muita lentas nos adultos, mas contra-indicados
na criança) e os “inibidores de recaptação da serotonina” (são melhor suportados,
família do prozac, e não podem ser prescritos a menores de 15 anos).
Depois de tudo o que foi dito excluindo dois tipos de medicamentos, apenas
determinados “tríciclicos” poderão ser prescritos às crianças mas a sua eficácia, é
segundo Clegert (1999) “inconstante, variável, pouco duradoura e numa palavra, muito
contestada. Eles terão efeito na tristeza, nos comportamentos de oposição e na
prostração. Mas a ausência total de sintomas é muito rara e os efeitos positivos
experimentados são de qualquer maneira transitórios.”
Tendo em conta tudo isso, a prescrição de antidepressivos apenas terá lugar
quando a situação de facto exigir, e estaremos a falar em situações muito graves e que
não estejam a responder aos procedimentos habituais.
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7 - O Papel do Educador/Professor na problemática
É consensual que existem uma série de factores que influenciam o processo de
aprendizagem da criança, os factores internos não serão por isso excepção, estes podem
por isso inibir ou promover o bom desempenho escolar do indivíduo.
Segundo, Fonseca et al (1998), citado por Cruvinel E Boruchovitch (2003), os
problemas emocionais podem conduzir a futuras formas de inadaptação tanto em nível
individual, como em nível escolar e social, uma vez que tais dificuldades não são tão
passageiras e leves como antes se acreditava ser em consequência, no ambiente escolar
cada professor terá a responsabilidade de olhar o seu aluno como um todo, tendo em
conta as características da sua personalidade, “o seu estado emocional, suas crenças e
cognições frente a aprendizagem”. Fierro, (1996) citado por Cruvinel E Boruchovitch
(2003).
Mas será que existe uma relação directa entre a depressão infantil e a dificuldade
de aprendizagem, de facto, muitos assim o defendem e ter consciência dessa
interligação é muito importante para cada educador para perceber as suas crianças e
porque é que estas poderão apresentar dificuldades de aprendizagem e o que estará na
origem das mesmas.
Esta tarefa não é fácil, de facto segundo Colbert e al (1982) (citado por Cruvinel
E Boruchovitch (2003)) “o professor possui muita dificuldade para identificar a criança
com sintomas de depressão principalmente devido a sua similaridade com outros
problemas”. Este aspecto muitas vezes leva que se detecte tarde que a criança precisa de
ajuda e, em consequência, também a orientação e encaminhamento acontecerá mais
tarde do que deveria o que irá necessariamente prejudicar o desenvolvimento da criança
em questão.
Muitas vezes o educador também tem de estar alerta para não confundir a
depressão com a dificuldade de aprendizagem, porque também esta postura poderá levar
a intervenções erradas e acabará inevitavelmente por prejudicar o bom desenvolvimento
da criança.
Sabemos que os sintomas da depressão, pelo que foi dito anteriormente, podem
assumir formas diferentes no contexto escolar, em consequência caberá ao professor
estar atento a alguns sinais de alerta e pensar na possibilidade de depressão estar perante
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uma criança com sintomas de depressão quando a criança revela: “expressão de tristeza,
mudança no nível de actividade, diminuição no rendimento escolar, fracasso em
terminar suas tarefas escolares, isolamento social, agressividade ou verbalizações como:
“Eu não posso fazer isso” (Livingston, 1985) (citado por Cruvinel E Boruchovitch
(2003)).
Livingston (1985) (citado por Cruvinel E Boruchovitch (2003)) defende que os
educadores precisam estar informados a respeito da depressão infantil e que precisam
ficar atentos a alguns sinais apresentados pela criança. Isto para não cairmos na asneira
de tomar como uma depressão sintomas de reacção passageiros, mas acima de tudo
como diz Clerget (1999) “à força de nos desnortearmos por nada, não arriscaremos a
passar ao lado das dores fundamentais”.
Mas a um educador não chegará estar informado sobre a depressão mas passará
por ter consciência que existem factores de risco e ao detectá-los em determinadas
crianças de risco nos levarão estar mais atentos às mesmas.
Portanto, depois de tudo o que foi dito, o nosso trabalho como educadores
também passará muito pela prevenção e pela intervenção precoce.
Segundo clerget (1999) aos profissionais de educação vendo a criança como um
todo é fundamental:
- Falar e estar disponível para a criança sem invadir a sua privacidade;
- Assegurar-lhe protecção e respeito;
- Incentiva-la quando esta procura desenvolver alguma tarefa;
- Comunicar-lhe leis fundamentais e as regras da vida;
- Impedir que a criança seja vítima de uma pressão familiar e escolar
assustadora;
- Adequar o processo de ensino-aprendigem, adequando as suas necessidades de
forma a evitar situações de insucesso ou frustração, através de uma planificação
intencional;
- Envolver as crianças em actividades motivadoras e que ocupem a criança e
onde ela se sinta motivada e vá por isso aos poucos abandonando alguns dos
sentimentos depressivos que possui;
- Promover o desenvolvimento de uma auto-estima positiva da criança, que neste
tipo de problemática é bastante baixa. Mas como fazê-lo: estimulando, encorajando-a
fazendo com que a mesma se sinta útil e necessária e levando-a a perceber que o
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educador assim como os restantes indivíduos que estão à sua volta a respeitam e lhe
querem bem.
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Conclusão
Presentemente, não subsiste dúvida sobre a existência da depressão infantil e que
a mesma pode ter um efeito devastador em fase tenra da vida, caso o diagnóstico não
seja feito precocemente. Nesta perspectiva, os possíveis danos, podem prejudicar varias
áreas do desenvolvimento.
O rápido progresso das investigações nos últimos trinta anos, permitiram, em
parte a transposição de conceitos a partir da depressão dos adultos. Pois ate ao
momento, dado o escasso conhecimento sobre a problemática, pensava-se que esta não
existia ou que aparecia em forma mascarada. Isto fazia com que os seus sintomas
fossem ignorados e como consequência, muitas crianças sofreram e não tiveram
oportunidade de serem ajudadas, ou seja, como Carvalho (2005) nos diz “as crianças
também se angustiam frente as dificuldades da vida e podem apresentar sofrimento
existencial”.
É necessário muito cuidado para que a depressão não passe despercebida por
parte dos profissionais que lidam com a criança, de modo a que os seus comportamentos
sejam facilmente tratados e modificados. Convém também não esquecer que após a
intervenção é de igual importância o seu acompanhamento uma vez que de acordo com
Lafer, Almeida, Fráguas e Miguel (2000) estas crianças apresentam um auto-estima
baixa, que é factor indicativo de recorrência de depressão no futuro.
É importante também ressaltar que a depressão na criança tem as suas próprias
características (apesar de esta situação não estar contemplada no DMSIV-R), e os
sintomas tipo adulto, só vão ter início só na adolescência. Vários factores tais como:
papel da família, no dia-a-dia, factores genéticos, abuso físico sexual, problemas
académicos, separação ou divórcio dos pais, luto, são importantes factores de risco.
Os sintomas emocionais de tristeza, desânimo, falta de interesse noutros,
alterações de sono, falta de energia e fadiga, são alertas de sinais de depressão. Assim, é
necessário estar atento, desde muito cedo, por forma a fazer uma intervenção adequada
A avaliação é fundamental na criança com depressão já que é através da mesma
que o técnico realizará o diagnóstico que levará à futura intervenção.
Geralmente é o professor que faz a sinalização da depressão, já que é na escola
que muitos dos sintomas depressivos são evidenciados. A identificação da criança com
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depressão deve ser feita o mais precocemente possível para que assim comportamentos
depressivos possam mais facilmente ser modificados.
Após a sinalização, cabe ao psicólogo/ pedopsiquitra realizar a avaliação. Na
realização da mesma o técnico poderá recorrer a diferentes estratégias: técnicas de
observação, escalas e inventários de auto-avaliação, entrevistas estruturadas e semi-
estruturadas. Nas primeiras aproximações à criança o técnico procura através de
estratégias variadas, descobrir a história da doença, da criança e da sua família. Isto
porque, depois a família tem um papel fundamental durante todo este processo e poderá
ser também ela alvo de algum tipo de intervenção.
Depois do diagnóstico seguir-se-á a fase de intervenção, na depressão infantil
falar de tratamento é falar de psicoterapia.
Segundo Clegert (1999), “As psicoterapias inspiradas nas teorias psicanalíticas
como modo de tratamento mais clássico. As psicoterapias cognitivas ou
comportamentais assentam em técnicas muito diferentes. Que podem ser usadas nessas
situações mas não exclusivamente”.
De acordo, com a situação particular de criança, este terapia poderá ser
complementada com uma terapia familiar e/ou individual, se a raiz do problema da
criança se associar às suas relações familiares.
Para finalizar a nossa abordagem a esta temática foi fundamental tentar perceber
que postura deverá assumir o educador de forma a intervir adequadamente junto destas
crianças.
Depois de tudo o que investigamos salientamos que no ambiente escolar cada
professor terá a responsabilidade de olhar o seu aluno como um todo, tendo em conta as
características da sua personalidade, “o seu estado emocional, suas crenças e cognições
frente a aprendizagem”. Fierro, (1996) citado por Cruvinel E Boruchovitch (2003).
Sabemos que os sintomas da depressão, pelo que foi dito anteriormente podem
assumir formas diferentes no contexto escolar, em consequência caberá ao professor
estar atento a alguns sinais de alerta e pensar na possibilidade de depressão orientando a
situação da melhor forma. Portanto o nosso trabalho passará também neste quadro pela
prevenção e intervenção precoce.
Por último, e no sentido de dar ao nosso trabalho uma perspectiva mais prática
ao nosso trabalho realizamos uma entrevista junto de uma psicóloga clínica que trabalha
com crianças com esta problemática. (ver Anexo 1) Na realização da entrevista,
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colocamos uma série de questões que consideramos pertinentes e que permitissem dar
uma perspectiva geral do tema.
Importante também a referir que este trabalho foi muito significativo para o
grupo, já que permitiu a cada elemento conhecer uma temática que conhecíamos de uma
forma muito superficial.
Como futuras educadoras do ensino especial, ao dominar melhor esta temática
poderemos distinguir a mesma de outras problemáticas e assim intervir precocemente.
“E eu quero tanto ao silêncio por todo o mal que me fez. Que quem quer ser feliz
nunca se cale.” Atahualpa Yupanqui
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Bibliografia
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SILVARES, Edwiges (2000), Estudos de caso em Psicologia Clinica vol. 2,Papirus-Psicologia.
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Anexos
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Guião da Entrevista Realizada com a Psicóloga Clínica Dra. Cláudia Túlio
1. Quais são os sinais de depressão que podem ser observados na criança, uma vez que esta não reconhece que está deprimida?
2. Como diferenciar a depressão de outros distúrbios como os distúrbios de hiperactividade e atenção?
3. Existem factores desencadeantes que aumentam o risco de quadros nas crianças? E a questão familiar, filhos de pais depressivos correm maior risco de apresentar o problema?
4. A partir de que idade é possível perceber a depressão na infância?
5. Qual é o inconveniente de não diagnosticar a doença e não iniciar o tratamento precocemente?
6. Quem faz inicialmente a sinalização da depressão infantil?
7. Qual o tempo que se deve esperar perante determinados sintomas e atitudes?
8. Como tem inicio o processo de avaliação, por quem e que instrumentos utilizar e em que idade?
9. Tendo presente que cada família é diferente, como costuma ser o comportamento dos pais diante de um filho com depressão? E quais os cuidados que a família deve ter?
10. Depois da avaliação o que fazer, que tipo de intervenção. Quem realiza essa intervenção?
11. O que acha da utilização de anti-depressivos na infância?
12. Que estratégia poderá o professor usar na ajuda à criança com depressão?
13. Quer falar de algum caso concreto que a tenha marcado particularmente?
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