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Texto integrante dos Anais do XVIII Encontro Regional de História – O historiador e seu tempo. ANPUH/SP – UNESP/Assis, 24 a 28 de julho de 2006. Cd-rom. Italianos em São Paulo: de colonos a empresários do açúcar. 1876 -1941. Zóia Vilar Campos Resumo Este artigo explora o papel dos usineiros italianos durante o processo de transformação dos engenhos centrais em usinas, entre 1876 e 1941, em São Paulo, com o intuito de explicar a participação destes industriais, no contexto do desenvolvimento econômico brasileiro. Diante desses fatos, manifesta-se o nosso desejo de compreender como italianos vindos para o Brasil, a fim de servirem de mão-de-obra na lavoura cafeeira, a partir da quinta década do século XIX, se transformaram em usineiros. Palavras-Chave: Imigrantes italianos, colonos, usineiros, empreendedores. 1 – Contextualização do processo usineiro paulista. Mas, a partir da década de 70, a cultura do algodão em São Paulo entra em declínio, coincidindo com a regularização das safras norte-american Em 1871, São Paulo, exportava 10.205 toneladas de algodão, por ano. Em 1873, observa-se uma queda de 912 toneladas, em relação a 1871; em 1877, a diferença foi de 6.130 toneladas em relação a 1871. No ano de 1877, a exportação de algodão, torna-se não significativa (643 toneladas), se comparada a 1871, devido ao fim da Guerra Civil Norte Americana e o retorno da exportação dos Estados Unidos, que nesse período, produziram dois milhões e meio de fardos, ocasionando a queda dos preços no mercado internacional e a conseqüente queda do produto na pauta das exportações paulistas. Diante da situação, os algodoeiros tenderam a abandonar as plantações, não só devido ao final da Guerra, mas, também, devido a escassez, em São Paulo, de equipamentos necessários para atender as exigências técnicas ditadas pelos processos de beneficiamento da matéria-prima. (CANABRAVA, 1984, p. 292 – 293). Por outro lado, em relação à produção açucareira, retomar o mercado externo significava transformar o açúcar num produto mais competitivo, diminuindo os custos de produção

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Texto integrante dos Anais do XVIII Encontro Regional de História – O historiador e seu tempo. ANPUH/SP – UNESP/Assis, 24 a 28 de julho de 2006. Cd-rom.

Italianos em São Paulo: de colonos a empresários do açúcar. 1876 -1941.

Zóia Vilar Campos

Resumo

Este artigo explora o papel dos usineiros italianos durante o processo de

transformação dos engenhos centrais em usinas, entre 1876 e 1941, em São Paulo, com o intuito de

explicar a participação destes industriais, no contexto do desenvolvimento econômico brasileiro.

Diante desses fatos, manifesta-se o nosso desejo de compreender como italianos

vindos para o Brasil, a fim de servirem de mão-de-obra na lavoura cafeeira, a partir da quinta

década do século XIX, se transformaram em usineiros.

Palavras-Chave: Imigrantes italianos, colonos, usineiros, empreendedores.

1 – Contextualização do processo usineiro paulista.

Mas, a partir da década de 70, a cultura do algodão em São Paulo entra em declínio,

coincidindo com a regularização das safras norte-american

Em 1871, São Paulo, exportava 10.205 toneladas de algodão, por ano. Em 1873,

observa-se uma queda de 912 toneladas, em relação a 1871; em 1877, a diferença foi de 6.130

toneladas em relação a 1871. No ano de 1877, a exportação de algodão, torna-se não significativa

(643 toneladas), se comparada a 1871, devido ao fim da Guerra Civil Norte Americana e o retorno

da exportação dos Estados Unidos, que nesse período, produziram dois milhões e meio de fardos,

ocasionando a queda dos preços no mercado internacional e a conseqüente queda do produto na

pauta das exportações paulistas.

Diante da situação, os algodoeiros tenderam a abandonar as plantações, não só

devido ao final da Guerra, mas, também, devido a escassez, em São Paulo, de equipamentos

necessários para atender as exigências técnicas ditadas pelos processos de beneficiamento da

matéria-prima. (CANABRAVA, 1984, p. 292 – 293).

Por outro lado, em relação à produção açucareira, retomar o mercado externo

significava transformar o açúcar num produto mais competitivo, diminuindo os custos de produção

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com o implemento da melhoria técnica, tanto no setor agrícola como no setor industrial. Diante

destas questões conjunturais e de outras – como a concorrência do açúcar de cana cubano e do de

beterraba europeu e norte americano, o governo imperial, numa nova tentativa de tornar o açúcar

brasileiro competitivo no mercado externo, optou por implantar os engenhos centrais - uma

empresa moderna que, teoricamente, deveria baratear o custo da produção e aumentar a quantidade.

2. - A passagem do engenho central para a usina

Em 1875, o Decreto-Lei n. 2 687 foi promulgado, garantindo juros de 7% ao ano

para o capital no valor de até 30 mil contos de réis, a fim de incentivar as companhias que se

propusessem a estabelecer engenhos de produção de açúcar de cana, mediante o emprego de

aparelhos e processos modernos de fabricação. Essas empresas seriam financiadas pelo governo

imperial, com o intuito de não só estimular concessões do Estado, mas também de separar as

atividades agrícolas das industriais e empregar mão-de-obra livre.

Decretada a Lei, investidores buscaram essas concessões governamentais que

autorizavam e que financiavam os centrais. O primeiro engenho central fundado foi o Quissamã, em

12 de outubro de 1877, no município de Macaé, na província do Rio de Janeiro; o segundo, o

Morretes, em 1878, na do Paraná; o terceiro, o Porto Feliz, em 28 de outubro de 1878, na de São

Paulo; o quarto, o Barcelos, em 23 de novembro de 1878, também na província do Rio de Janeiro; e

o quinto, Bom Jardim, em 21 de janeiro de 1880, na da Bahia.

Os paulistas aderiram às iniciativas governamentais, unindo-se, sem preconceitos, na

organização de companhias, com o intuito de se beneficiarem das concessões estatais. Assim, em

1876, como já mencionamos, a Companhia Açucareira de Porto Feliz recebeu autorização para

instalar o Engenho Central Porto Feliz , no município do mesmo nome, mediante a garantia de

juros de 7%, sobre o capital de 300:000$000, depois ampliado para 400:000$000.(SOUZA, 1978, 5

– 16, 19 – 24)..

No Brasil, entre os anos de 1876 e 1884, já havia sido autorizada a edificação de 87

engenhos centrais. Em 1889, só doze achavam-se em funcionamento, a saber: 3 no Rio de Janeiro;

3 em São Paulo, 2 na Bahia; 1 em Sergipe, 1 em Pernambuco, 1 na Paraíba e 1 no Maranhão.

De acordo com o Decreto-Lei n. 10.393, de 9 de outubro de 1889 – portanto, bem às

vésperas da Proclamação da República –, sem o cumprimento dos contratos, novas distribuições de

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capital foram autorizadas pelo Governo Imperial às companhias interessadas em implantar novas

fábricas centrais

No caso específico de São Paulo, foi concedido o valor de 1.900:000$000 –e não

350:000$000, como havia sido previsto pelo decreto nº 2.687 - aos senhores Firmino Joaquim

Ferreira da Veiga, Antônio Ferreira da Silva Carneiro, ao Visconde de São Laurindo e ao Dr.

Rodrigo Pereira Leite, para a concessão de novas dessas unidades.

Em 1890, as cláusulas para a instalação de engenhos centrais foram modificadas.

Após as alterações contratuais, o primeiro a ser autorizado foi o do Conde de Moreira Lima que,

ao ser beneficiado, deveria estabelecer dois engenhos centrais, um no município de Cruzeiro;

outro, de Guaratinguetá.

Apesar do fracasso do programa governamental, no ano seguinte, 1891, ainda foi

autorizada nova concessão, dessa vez, aos senhores João Carlos da Silva Carneiro, José Boussés

Ferreira e Diego Rodrigo de Morais, para a instalação de um engenho central na Barra de Jequi,

divisa da Comarca de Iguape e Xiririca , que não chegou, no entanto, a ser edificado.

Diante das dificuldades apresentadas pelos concessionários e diante do grande

número de contratos que caducaram, o Governo Republicano entendeu que a solução não estava,

definitivamente, nos engenhos centrais, mas nas usinas.

3. As usinas.

A partir de 1890, os produtores de açúcar foram beneficiados com empréstimos

diretos dos seus respectivos estados e passaram a dispor de suas próprias partidas de cana, o que não

eliminaria, contudo, a possibilidade de receber cana de outros fornecedores. Reintegrava-se, assim,

a antiga unidade das etapas agrícola e fabril as quais caracterizavam o engenho colonial e o bangüê.

Já nesta época, São Paulo, produzia essencialmente para o mercado interno,

esforçou-se para aumentar sua produção, devido ao crescimento do mercado interno, em

conseqüência principalmente, dos movimentos de migração.

Em 1907, o açúcar paulista era responsável por 8% da produção açucareira do país.

Nesse ano, produziu 398.590 sacas, ficando em 4º lugar. Entretanto, as adversidades permaneceram,

agravadas pelas oscilações do mercado externo e as crises internas.

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Em 1931, diante da permanência das dificuldades enfrentadas pelo setor e dos

reflexos delas no mercado externo, no interno; principalmente, da instabilidade de preços e da

superprodução, os usineiros exigiram do governo medidas em defesa da superprodução interna.

Assim, Getúlio Vargas assinou o Decreto nº 19.717, em fevereiro desse ano, obrigando os

importadores de gasolina a acrescerem ao produto 5% de álcool anidro, visando ao estímulo da

produção alcooleira e à vazão das safras de cana.

Como as providências não foram suficientes, e pressionado a baixar medidas em

defesa da produção nacional, Vargas lavrou, em 7 de dezembro de 1931, o Decreto-Lei n. 20.761,

instituindo a Comissão de Defesa da Produção de Açúcar, composta por: um representante do

Ministério do Trabalho e outro da Fazenda; um do banco (ou do consorcio bancário) contratado

para o financiamento dos produtos; e um de cada estado açucareiro.

À Comissão de Defesa caberia: estudar a situação estatística e comercial do açúcar e

dos preços correntes nos mercados brasileiros; determinar, quando necessário ao restabelecimento

do equilíbrio interno entre a produção e o consumo, a quantidade de açúcar a ser exportada, forma

de garantir o fim visado; sugerir ao Governo Federal providências a fim de melhorar e assegurar a

fiscalização e a arrecadação da taxa de 3$000, destinada ao financiamento das medidas de amparo e

defesa da produção. Além do mais, a comissão deveria, também, limitar, em todo território

nacional, a produção açucareira, pela média do qüinqüênio. Em relação às fábricas com menos de 5

anos, que tivessem reformado ou substituído suas máquinas dentro do período , teriam de

regulamentar os preços do açúcar. Incentivou a produção de álcool nas usinas, isentando de

impostos ou taxas o álcool anidro.

Dando continuidade ao processo de redimensionamento da produção do açúcar, em

28 de novembro de 1932, o governo assinou Decreto-Lei n. 22.152, com o intuito de incrementar o

fabrico de álcool motor. Esse decreto garantia, outrossim, a defesa da indústria açucareira,

impedindo tanto a queda dos preços quanto o crescimento dos estoques. A medida provocou a

indignação dos usineiros de São Paulo por considerarem o Decreto injusto para a região, já que a

produção paulista, ,voltada essencialmente para o mercado interno, crescia, a cada safra, em média

9 vezes mais que a nacional

Preocupados em acompanhar as mudanças que ocorriam no setor e em defender seus

interesses, em 1932, os produtores paulistas de açúcar e álcool constituíram a Associação dos

Usineiros de São Paulo. Estabeleceram que: a sede da associação deveria localizar-se na capital do

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estado; seu objetivo seria defender os interesses industriais e econômicos das pessoas físicas e

jurídicas filiadas à instituição; defenderia os interesses dos associados perante os poderes públicos

constituídos na esfera federal, estadual e municipal, ou diante de qualquer órgão que tratasse de

assuntos que dissessem respeito aos temas abordados pela Associação; faria quaisquer

reclamações aos poderes públicos no sentido ou de amenizar os impostos existentes, ou de impedir

quaisquer tributações, contribuições e tarifas federais, estaduais ou municipais; estudaria todos os

assuntos relativos às questões de açúcar e álcool, fornecendo aos seus associados pareceres, estudos

e dados técnicos e estatísticos; manteria a correspondência com outras instituições congêneres, com

a finalidade de proceder à permuta de idéias sobre a maneira eficaz de promover a defesa do açúcar

e do álcool.

Enquanto esses fatos desencadearam-se, a exportação cafeeira continuava a crescer

entre os anos de 1932 e 1933, ao passo que os demais produtos (inclusive o açúcar) decaiam na

pauta das exportações brasileiras. Ao mesmo tempo, o açúcar produzido no Estado crescia em

relação à produção nacional, uma demonstração de que o café e o açúcar se desenvolveram

concomitantemente em São Paulo. O que ocorria, no entanto, era o fato de os investimentos ora

num, ora noutro setor; conforme a relevância deles no mercado externo.

Por outro lado, devemos salientar ainda, que uma saca de 60 quilos de açúcar, nos

anos de 1932 e 1933, estava, respectivamente, cotada em 37$700 e 49$100, correspondendo, de um

ano para outro, a um aumento de 30,23 %. Sinal claro de que a interferência estatal nos negócios

do açúcar estava surtindo efeito, apesar não só das interferências habituais do mercado

internacional, mas também das objeções dos produtores quanto à fixação dos limites de fabricação.

Amparado pelos Decretos nº 22.789, de 1º de junho e 25 de junho; e 22.981, de 25

de junho de 1933, surgia o Instituto do Açúcar e do Álcool – nascido da fusão da Comissão de

Defesa da Produção de Açúcar e da Comissão de Estudos sobre Álcool Motor –, cuja missão era

estabilizar o mercado de açúcar. Graças ao IAA, o Governo Federal assumia poderes ainda mais

amplos para intervir na economia canavieira de todo o País.

O principal objetivo do IAA seria o controle do volume da produção de açúcar,

mediante um sistema de quotas, e o aumento da alcooleira. A finalidade desse objetivo era

assegurar o equilíbrio interno entre as safras anuais de cana e o consumo do açúcar; para isso

imporia a quantidade de matéria-prima, necessária ao fabrico do álcool. O fomento da fabricação

do álcool anidro seria proveniente ou da instalação de destilarias centrais nos pontos mais

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aconselháveis; ou das cooperativas e sindicatos de usineiros que se organizassem para tal fim; ou

dos usineiros que, individualmente, instalassem destilarias ou melhorassem suas instalações.

Visando estimular a fabricação anual do álcool anidro, foram sugeridas medidas para

melhorar o setor agrícola, de beneficiamento e de transporte. O IAA, ainda, propôs o estudo da

situação comercial do açúcar e do álcool e a análise dos preços nos mercados brasileiros, cujo

resultado deveria ser apresentado, trimestralmente, em um relatório.

Dentre as suas funções, caberia, ainda, ao IAA: propor ao Ministério da Fazenda

taxas a serem aplicadas ao açúcar e ao álcool; formular os contratos a serem celebrados com os

sindicatos, cooperativas, empresas particulares, para a fundação de usinas destinadas à fabricação

de álcool anidro; estipular a proporção de álcool anidro a ser comprado, por seu intermédio, pelos

importadores de gasolina; fixar os preços tanto de venda do álcool anidro destinado às misturas

carburantes, quanto o de venda deste para os consumidores. Eram, também, atribuições do Instituto,

assegurar o equilíbrio do mercado, incrementando paralelamente a produção e o consumo do

álcool-motor; sugerir aos governos dos Estados as medidas condizentes com a melhoria do fabrico

de açúcar; e, quando fosse conveniente, retirar do mercado nacional, a quantidade do produto

necessária ao restabelecimento do equilíbrio entre a produção e o consumo.

Por acreditar que limitar o índice no fabrico de açúcar das usinas era a saída, o IAA

fixou quotas de produção de açúcar para as usinas dos estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e

Minas Gerais; e determinou a apreensão do excedente das safras, constituindo-as depositárias do

produto, até que fosse encontrado um local apropriado para armazenar o açúcar apreendido.

Ao que parece, a política açucareira adotada pelo IAA atendeu as expectativas dos

usineiros paulistas, porque o limite de produção imposto às usinas pelo referido órgão, não chegou

a ser atingido, ficou aquém do determinado. Fixou-se para as usinas paulistas, um índice de

2.067.863 sacas de açúcar, mas produziram, apenas, 1.828.668; portanto, 239.195 sacas a menos do

que o exigido; enquanto as cariocas, 1.767.259, contra 2.000.137 sacas – 232.978 sacas a menos - ;

as mineiras, 80.997; e as baianas, 167.700 sacas. A limitação garantia, igualmente, aos usineiros

paulistas e aos mineiros o aumento gradativo da produção em bases estatísticas, considerando o

qüinqüênio, o que ajudava a atualizá-la automaticamente.

Ainda com a intenção de estabilizar a produção açucareira, o IAA, baseando-se na

produção dos últimos cinco anos, impôs aos usineiros quotas de compra de canas de fornecedores.

Mas problemas logo surgiram. Os usineiros não respeitaram a imposição governamental e

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continuaram plantando seus canaviais ou aumentando-os. Alegavam que a cana adquirida não tinha

qualidade, e, ainda, que os fornecedores, em época de alta do açúcar, optavam por moer suas

próprias canas, deixando as usinas sem matéria-prima.

Quanto ao café, entre 1934 e 1935, as exportações sofrem uma queda, comparadas

aos índices dos anos anteriores; ao passo que a exportação dos demais produtos (inclusive a do

açúcar) aumenta, o que reforça a idéia de que, em época de crise, os fazendeiros de café

diversificavam as atividades econômicas, ampliando os investimentos em outros setores, como no

de açúcar, uma tentativa de superar as dificuldades financeiras.

Essas atitudes não impediam que, ainda assim, os problemas permanecessem. As

usinas continuavam a produzir além das quotas impostas pelo IAA; razão pela qual esse comunicou

a todos os fabricantes que, segundo o Decreto-Lei 22.789, se as fábricas excedessem as quotas

fixadas, teriam os estoques apreendidos, sem direito à indenização.

Nesta época, São Paulo tinha uma administração agrícola autônoma, apesar da

interferência estatal no setor açucareiro. O café, cultivado na região, possibilitou diversificar a

produção, graças ao crescimento dos contratos de trabalho de meia firmados entre fazendeiros e

colonos italianos que, por meio destes conquistaram, pouco a pouco, independência econômica e

adquirirem terras. Tornaram-se, assim, responsáveis pelo fracionamento dos latifúndios em

pequenas propriedades, o que permitiu o progresso paulista. Na ótica do representante de São Paulo

no IAA, o sucesso dos italianos fora, no entanto, impedimento indireto para o crescimento das

usinas

Em janeiro de 1936, pressionando pelos usineiros, Vargas buscou soluções para o

setor, promulgando a Lei 178. Esta impunha ao produtor de açúcar quotas na compra de cana dos

fornecedores, as quais deveriam ser calculadas com base no qüinqüênio anterior. Mas, a referida lei

não conseguiu atingir seus objetivos, por não ter assegurado, nem regularizado a entrega da cana,

vinculando-a à demanda. A lei não considerou as oscilações de mercado, apenas fixou quotas

rígidas de entrega.

Em decorrência da superprodução, em junho do mesmo ano, a comissão executiva

do IAA, amparada pela legislação de defesa da produção do açúcar, propôs um programa de defesa

para a safra de 1936/37. Segundo Leonardo Truda, então presidente do IAA, na safra de 1934/35, a

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produção brasileira atingira 11.136.100 sacas; na de 1935/36, 11.900.000. A estimativa para a

safra de 1936/37 era de oferta maior que a demanda.

O total produzido excedeu as quotas impostas pelo Instituto. Dessa forma, o limite

deveria ser mantido e a base dos cálculos consideraria, primeiro, o período de 90 dias de moagem e

segundo, o coeficiente de rendimento de 90 quilos de açúcar por tonelada de cana moída.

O limite continuava sendo criticado por produtores de vários estados. Mas o Estado,

representado pelo IAA, sustentava que sem essa regra seria impossível manter o equilíbrio do

mercado nacional e a estabilidade dos preços. Propugnava, ainda, o desrespeito à Lei por só

beneficiar uma única região. Julgava que manter a política da limitação seria uma necessidade

imposta pelas sucessivas crises do mercado interno e externo.

As discussões continuaram. Os produtores de açúcar não concordaram com as

imposições do IAA, sobretudo, com o limite de quota de produção nas usinas. Segundo eles, para

abastecer o mercado interno de São Paulo, seriam necessários 5 milhões de sacas. Como o Instituto

poderia limitar a produção das usinas paulistas a 2.170 sacos? Eles indagavam.

Os preços do açúcar não se elevaram, o que fizemos foi estabiliza-los, impedindo a

ação dos intermediários, dos especuladores – respondeu o Instituto; e , caso não fosse solicitada ao

IAA a autorização para se instalar uma usina, seria aplicada à infração uma multa de valor igual ou

superior ao gasto, no momento de se implantar a fábrica. A medida surtiu efeito, porque, a partir

da década de 30, o crescimento do número de usinas manteve-se pequeno, em torno de 4,9 %.

Apesar da interferência estatal nos negócios do açúcar, a produção continuou a

crescer e os usineiros insistiam na sua deliberação. Por esses motivos, em dezembro de 1936, a

Associação dos Usineiros de São Paulo solicitou ao IAA a permissão para o excesso de 180 mil

sacas . Alegavam que essa atitude iria contribuir tanto para regularizar o mercado quanto para

estabilizar o preço do produto.

Mas diante das discrepâncias dos preços quanto da instabilidade da venda da cana ao

usineiro, foi sancionada pelo Governo Federal, em 9 de janeiro de 1936, a Lei n. 178. Esta foi

elaborada com o intuito de solucionar definitivamente, o problema das quotas de fornecimento de

canas pelas empresas produtoras de açúcar. O decreto estabelecia uma quota de recebimento de

cana para as fábricas do setor, a qual era determinada pela média da produção da indústria

açucareira nos últimos cinco anos.

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Tal medida levou os usineiros, principalmente os pernambucanos, a tentarem

reduzir sua dependência em relação aos fornecedores, aumentando a extensão dos próprios partidos

da usina. Em São Paulo, houve uma queda nos preços da tabela, diminuindo a compra e venda de

cana.

Como nos mostram os dados acima, a Lei n. 178 não cumpriu a finalidade de

assegurar o mercado para o fornecedor de cana, nem de regularizar a entrega de matéria-prima ao

usineiro, nem de fixar o número de fornecedores para cada usina, por não garantir o fornecimento

futuro.

Além do mais, criou um qüinqüênio de fornecimento diferente do qüinqüênio

estabelecido na Lei da limitação da produção e determinou a indenização do fornecedor, sem

estabelecer o processo de julgamento das reclamações e comissões responsáveis pelo

tabelamento, nem cuidar da questão da fiscalização.

Portanto, a Lei n. 178, cuja intenção principal era estabilizar a situação dos

usineiros e dos fornecedores de cana, não conseguiu atingir seus objetivos. Ao contrário, acirrou o

ânimo de uns contra os outros, provocando a animosidade dos fornecedores contra os usineiros, já

que passaram a plantar suas próprias canas.

Com relação aos demais Estados produtores de açúcar, o Decreto estabeleceu

que o aumento da quota produtiva fosse proporcional à quota de cada uma das usinas e

proporcional ao aumento verificado em cada usina, qualquer que seja a sua categoria, 70% se

destinarão aos fornecedores, lavradores e colonos, incorporando-se o restante à quota de produção

própria da usina, exceto quando não exista fornecedor, lavrador ou colono, com direito a limite.

A classificação, acima, perpetrada pelo IAA, não serviu, entretanto, para

fazer cessar o descontentamento dos usineiros.

Como pudemos constatar, não só o problema da superprodução persistia, apesar das

limitações impostas pelo IAA, como também os conflitos entre os fornecedores e os usineiros,

principalmente, nos estados nordestinos. Esses problemas agravaram-se sobretudo com a Segunda

Guerra Mundial, devido à desorganização da economia mundial e ao aumento do consumo de

açúcar. O IAA entendeu que seria necessário flexibilizar as quotas estipuladas às usinas, pelo fato

de os estoques mundiais terem diminuído. Aí passou a classificar as usinas – por Estado – em

pequenas, médias e grandes, considerando a capacidade produtiva de cada uma delas, e, fazendo

assim a distribuição das quotas de produção, dentro de cada uma das respectivas categorias, de

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acordo com o Decreto-Lei n. 1.669. As quotas das usinas foram ampliadas, mas 70% desse

aumento, foram destinados aos fornecedores, lavradores e colonos, devendo o restante ser

incorporado à quota de produção da própria fábrica, exceto se não houver fornecedores, lavradores

e colonos, com direito a limite conforme determinou Getúlio Vargas. Torna-se importante

salientarmos que era observada a referência aos colonos, pois, a partir dessas possibilidades,

agregadas ao espírito empreendedor destes, que lhes possibilitou ter acesso a pequena propriedade

fundiária e “fazer a América”, por se tratar de uma sociedade açucareira democrática, ao contrário

da pernambucana, tradicional, rigidamente hierarquizada.

Apesar das providências, os conflitos entre usineiros e fornecedores duraram,

principalmente em Pernambuco, onde , o tradicional senhor-de-engenho não concebia a

possibilidade de se tornar fornecedor de cana para as usinas.

Diante da nova conjuntura e das discordâncias entre as partes, o governo assinou, em

21 de novembro de 1941, o Decreto-Lei n. 3855: o Estatuto da Lavoura Canavieira.

Esse considerava fornecedor de cana todo o lavrador que cultivava terras, próprias

ou alheias, que tivesse fornecido cana para usina, direta ou indiretamente por outra pessoa, durante

três ou mais safras consecutivas, inclusive os colonos estrangeiros. Estes últimos só não seriam

considerados fornecedores se recebessem salários por tempo de serviço, ou se trabalhassem por

empreitada, remunerados em dinheiro. Ainda, em relação aos colonos, o Decreto determinava que

os lavradores de usinas que trabalhassem em regime de colonato e não se enquadrassem nos tópicos

acima, deveriam ter suas situações regularizadas em contratos pré-aprovados pelo IAA.

Gileno Dé Carli, atribuiu o aumento do número de fornecedores em São

Paulo à diminuição dos volumes de matéria-prima fornecidas e à falta de tabela de compra e venda

de cana, reguladora da negociação; evitando, assim, a migração do lavrador/colono. Como

representante dos usineiros pernambucanos, e, técnico, que foi do IAA, expressava o pensamento

conservador dos mesmos, não admitindo perder o controle da produção agrícola, restringido pela

dependência do fornecimento de matéria-prima. Não concordava tampouco com a opção dada pelo

Estado ao fornecedor de entrega ou não de cana, desde que o usineiro fosse avisado com

antecedência.

Essa era mais uma brecha que os italianos vindos para cá fazer a América,

necessitavam para deixarem de ser colonos e terem acesso à propriedade. Isso veio a contribuir

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para o fracionamento da terra, em São Paulo como veremos, ao analisarmos as biografias de alguns

deles.

4. A presença italiana nos negócios do açúcar .

Os primeiros imigrantes italianos chegaram ao Brasil, em meados do século XIX,

para substituir os escravos, como mão-de-obra nas fazendas devido à falta de braços a lavoura

cafeeira.

Estes vieram para cá como colonos, contratados previamente na Europa, pra

trabalhar em regime de parceria, tendo, porém, a viagem e o transporte financiados – oferecidos na

verdade, como um adiantamento a ser pago com juros de 6% ao ano. Recebiam, ainda, um montante

em espécie para que pudessem se manter e sustentar seus familiares, até chegarem aos seus

destinos. Os contratos de parcerias determinavam que cada família deveria receber uma gleba de

terras, proporcional à sua capacidade de cultivar, colher e beneficiar o café. Os colonos poderiam,

também, receber terras para a formação de lavoura de subsistência. Essa última condição dependia

do tipo de contrato firmado.

Não poderiam deixar as fazendas sem notificar, com antecedência, por escrito, aos

proprietários das terras e quitar seus débitos. Se não lhes fossem concedida glebas, teriam direito à

metade do lucro líquido, proveniente da venda do café.

As cláusulas contratuais se modificaram no decorrer do tempo, uma vez que o

sistema de parceria não se adequou às necessidades dos fazendeiros e às dos colonos. Estes não

aceitaram as condições de trabalho que lhes fora imposta, reclamavam principalmente de serem

obrigados a comprar os mantimentos nas bodegas das fazendas, a preços exorbitantes. Além dessas

questões, igualmente, reclamavam da condição dos pés de café. Afirmavam que a grande maioria

dos pés de café eram novos, portanto, portanto não iriam produzir frutos a curto prazo. Ainda

questionavam a pesagem adotada pelos fazendeiros e consideravam injusta a obrigatoriedade da

entrega da metade do excedente da produção da lavoura de subsistência a eles. Os fazendeiros de

café também tiveram dificuldades de se adaptarem a eles. Diziam que os estrangeiros eram

indolentes, desordeiros, violentos, tinham baixa produção e não se amoldavam ao trabalho árduo

das fazendas, chegando mesmo a abandona-las, o que punha em risco a colheita.

Texto integrante dos Anais do XVIII Encontro Regional de História – O historiador e seu tempo. ANPUH/SP – UNESP/Assis, 24 a 28 de julho de 2006. Cd-rom.

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As alterações contratuais possibilitaram maiores ganhos para os imigrantes italianos

- conforme análise das entradas e saídas acima -, estes não estavam preocupados na sua grande

maioria com status. Queriam na verdade realizar outros empreendimentos a fim de retornar à terra

natal; motivos que os levaram a poupar, permitindo-lhe acumular, rapidamente, capital suficiente

para se tornarem proprietários de terras. Muitos deles aproveitaram o aumento, para se

estabelecerem nos centros urbanos, como comerciantes. Esse aumento se deu graças ao aumento do

consumo – decorrência tanto do crescimento populacional, que teve causas várias , dentre elas: 1) a

abolição da escravatura – ao terem saído da guarda dos seus proprietários, os ex-escravos passaram

a ter que produzir para consumir; 2) a vinda dos italianos; 3) da construção das estradas de ferro, as

quais retiraram do isolamento as fazendas; e 4) da industrialização do setor agro exportador.s

urbanos.

Assim, em 1878, os italianos Lodovico dal Porto e Francesco Casino fundaram em

São Paulo,na rua Monsenhor Andrade, a primeira fábrica de massas alimentícias. Posteriormente,

outras também foram inauguradas por italianos. Em 1890, os irmãos Emídio, Panfílio e Bernardino

Falchi fundaram uma indústria de cerâmica, no Ipiranga. A seguir, 10 marmorarias; uma escola;

marcenarias; tinturarias; fabricas de calçados; manufaturas de roupas e de chapéus; e fabricas de

bebidas foram sendo abertas por italianos

Esse processo permitiu que italianos, deixassem a condição de operários e se

tornassem proprietários de grandes indústrias têxteis, a exemplo de Rodolfo Crespi. Em 1905, ele

se casou com Marina Regoli e constituiu uma família de empreendedores. Seus descendentes, filhos

de operários, tornaram-se proprietários da Fábrica de Fiação Rodolfo Crespi, da Cia Grandes Hotéis

de São Paulo, da Cinemas São Paulo S.A. , da empresa têxtil Sateco S. A.

É, também, importante salientarmos, que a primeira guerra mundial incentivou mais

investimentos, ainda, na produção interna, devido à impossibilitada da importação. Assim, os

empreendedores italianos, em busca de oportunidades, viram na cidade de São Paulo, um local fora

do comum para começar um negócio no setor industrial. O resultado logo se observou, porque a

cidade que possuía entre 1915 e 1919, 1.867 fábricas voltadas para a produção de alimentos, de

roupas e de utensílios domésticos; em 1920, passou a contar com 4.145 estabelecimentos

industriais, dos quais 1.446 pertenciam a italianos.Os Crespi, donos de espírito inovador e criativo,

aproveitaram para diversificar as atividades da família, transferindo recursos de um setor parra

Texto integrante dos Anais do XVIII Encontro Regional de História – O historiador e seu tempo. ANPUH/SP – UNESP/Assis, 24 a 28 de julho de 2006. Cd-rom.

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outro. É chegado, no entanto, o momento de abrirmos um parêntese e indagarmos, mas, o que é

empreendedorismo?

Um dos primeiros teóricos econômicos a se preocupar em destacar a personagem

empreendedora, como peça importante para explicar o desenvolvimento técnico/econômico, foi

Joseph Schumpeter. Em 19121, no seu livro Teoria do desenvolvimento econômico, assim se

posicionou:

na vida econômica, deve-se, deve-se agir sem resolver todos os detalhes do que

deve ser feito. Aqui o sucesso depende da intuição, da capacidade de ver as coisas de uma maneira

que posteriormente se constata ser verdadeira, mesmo que no momento isso não possa ser

comprovado, e de se perceber o fato essencial, deixando de lado o perfunctório, mesmo que não se

possa mostrar os princípios que nortearam a ação.

Ainda, prosseguiu ele: É, contudo, o produtor que, via de regra, inicia a mudança

econômica, e os consumidores, se necessário, são por ele ‘educados’; eles são por assim dizer,

ensinados a desejar novas coisas, ou coisas que diferem de alguma forma daquelas que têm o

hábito de consumir .

Podemos classificar a família Crespi de empreendedora, segundo Schumpeter?

Levando-se em conta que, o empreendedor detecta uma oportunidade e cria negócios, ou inova os

negócios já existentes; e os Crespi investiram na indústria algodoeira em São Paulo, ao mesmo

tempo, detectaram novas oportunidades no mercado paulista ao investir em hotéis e cinemas,

podemos considera-lo como tal. .

Segundo José Carlos Assis Dornelas, autor de Empreendedorismo. transformando

idéias e negócios, empreendedores são: pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular,

apaixonados pelo que fazem, não se contentam em ser mais um na multidão, querem ser

reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um legado.

Conforme Dornelas ainda, os empreendedores de sucesso têm as seguintes

características: são visionários, na medida em que têm visão de futuro; sabem tomar decisões e

explorar ao máximo as oportunidades; são determinados, dinâmicos, dedicados, otimistas e

apaixonados pelo o que fazem; são independentes e organizados; constroem seu próprio destino;

ficam ricos; são lideres; planejam; possuem conhecimento; assumem riscos calculados; e criam

valor para a sociedade.

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Já Fernando Dolabela em O segredo de Luísa, acredita que o empreendedor é um

agente de mudanças, cujo perfil varia de lugar para lugar, é um criador de empresas de qualquer

ramo - não um mero gerenciador. O empreendedorismo pode ser resultado de uma ação voluntária

ou involuntária. No primeiro caso a motivação é nata; e no segundo, tem origem nos fatores

externos, alheios a vontade do empreendedor, como o desemprego e a imigração.

Dornelas, baseando-se em Timmons e Hornaday, aponta ainda, como principais

características dos empreendedores, os seguintes aspectos: iniciativa, autonomia, autoconfiança,

otimismo, dedicação, persistência, individualidade, identifica os nichos oferecidos pelo mercado,

fixa metas, intuição, não delega trabalho e poder, traduz seus pensamentos em ação e sabe detectar

as oportunidade de negócios .Faz-se necessário salientar que, entre os anos de 1920 e 1930, o

imigrante italiano, em mais uma demonstração do seu espírito empreendedor, passou a investir

parte do capital - obtido em setores distintos da economia - na agroindústria açucareira, ou

comprando usinas em funcionamento; ou instalando novas fábrica de açúcar; até que chegou ao

controle da produção de açúcar. Esse processo se deu de tal modo que, entre 1930 e 1945, as

quatro maiores produtores do setor paulistas eram italianos.

Não há dúvidas de que os italianos, devido ao seu espírito empreendedor,

ocuparam e ocupam um lugar importante no desenvolvimento de São Paulo. É por essa razão que

faremos a partir daqui uma análise, dos relatos biográficos das famílias: Ometto, Balbo, Biagi,

Marchesi e Zanin, com o intuito de observar, como eles superaram, no decorrer da vida, crises

econômicas e tornaram-se presidentes de grandes empresas, em particular usinas de açúcar, em um

período no qual a legislação, num primeiro momento, parecia impedir tanto a expansão das fábricas

açucareiras quanto o crescimento da produção, sobretudo a partir do IAA, que não incentivava a

implantação de novas unidades de produção e, ainda, impunha cotas para as empresas existentes,

por meio de decretos-leis, como vimos no capítulo anterior. Período caracterizado pela intervenção

estatal, consolidada com o Estatuto da Lavoura Canavieira, de 1941.

4. Usineiros italianos.

A maioria dos italianos, como já enfatizamos insistentemente, veio, para o estado de

São Paulo, trabalhar, como mão-de-obra, na lavoura cafeeira; numa época em que não havia uma

política pública de redistribuição de terras e de educação pública. Faz-se necessário ressaltar, ainda,

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que, sobretudo, a partir da segunda metade do século XIX, os investimentos da elite rural paulista

concentraram-se, essencialmente, na expansão das fazendas de café, nos transportes e na mão-de-

obra, impulsionados pelo crescimento das exportações. Em razão dessas restrições, poucos italianos

puderam aproveitar as oportunidades para iniciar um negócio, devido as poucas possibilidades

propiciadas pela conjuntura econômica, segundo Warren Dean:

Essa gente tinha poucas probabilidades de elevar-se acima da classe inferior; quando

muito poderia chegar ao nível do comércio varejista ou das oficinas mecânicas. Os imigrantes que

adquiriram fortunas e conseguiram igualar-se aos fazendeiros em posição social eram de origens

totalmente diversas. Os dados biográficos que se possuem revelam que quase todos, em práticas,

haviam morado em cidades, pertenciam a famílias da classe média e possuíam instrução técnica ou,

pelo menos certa experiência no comércio ou na manufatura. Muitos chegaram com alguma forma

de capital; economias de algum negócio realizado na Europa, um estoque de mercadorias, ou a

intenção de instalar uma filial de sua firma. Outros haviam sido contratados para trabalhar em

empresas de propriedade de fazendeiros, a semelhança dos colonos e operários têxteis, mas como

técnicos ou administradores.

Assim, constatamos, ao analisarmos algumas dessas biografias, que pouquíssimos

colonos ou operários de fábricas, conseguiram alcançar a posição de usineiro, antes da segunda

geração. Portanto, viabilizaram essa oportunidade apenas para os seus filhos ou para os seus netos

com a compra de uma pequena propriedade; a partir de recursos economizados gradualmente, por

meio do trabalho pela família; das brechas oferecidas pela legislação e das necessidades

mercadológicas.

Pedro Biagi um desses exemplos. Filho de colono, tornou-se usineiro, porque

conseguiu ampliar, progressivamente, a modesta gleba adquirida pela família e tornar-se usineiro.

Nasceu em 31 de maio de 1881, na província de Padova, na região do Vêneto/Itália. Em 18 de

janeiro de 1888, desembarcou com seus pais no porto de Santos e em 10 de setembro de 1904,

casou-se, em Sertãozinho, com Eugênia Viel. Depois de casado continuou trabalhando com o seu

pai, Natale Biagi (Biaso), no sítio da família em lagoa de Itararé, no cultivo da lavoura, na

fabricação de aguardente e na olaria.

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Em 1909, adquiriu o sitio Vargem Rica, situado em Pontal, com 12 alqueires. Sua

primeira propriedade. Sonho de imigrante, realizado 28 anos depois de sua chegada no Brasil:

resultado da sua persistência e fruto do seu trabalho árduo, da comercialização da produção

familiar; e, principalmente, da sua determinação em superar os obstáculos com o intuito de atingir

as suas metas de vida.

Um ano depois, em 1910, comprou, pelo valor de 200 mil réis, em Pontal mais um

pedaço de terra, este da fazenda Contendas, de propriedade do Sr. Ezequiel Francisco do

Nascimento e da Sra. Maria Sabina de Oliveira. Mudou-se para o sítio com a sua família.

Continuou, no entanto, com o negócio de olaria; com o cultivo da terra; com a própria

comercialização das suas mercadorias. Nesse ano, a região de Sertãozinho foi vitima de uma

grande chuva de granizo, responsável pela destruição de um grande número de telhados das casas

situadas na região. Pedro Biagi, como bom empreendedor, aproveitou-se da situação para

incrementar o sua olaria. Diante das necessidades dos seus clientes, foi obrigado a adquirir tijolos

de terceiros. Assim, em 22 de março de 1913, comprou quinhentos milheiros de tijolos. O

fornecimento deveria ser completado em 10 meses. O milheiro do tijolo foi vendido a quarenta mil

réis; quanto aos pagamentos deveriam ser efetuados a cada cinqüenta milheiros entregues.

Procurando alcançar independência financeira, Pedro passou a comercializar,

também, aguardente. Adquiria-a do Antonio Fernandes Luiz, pelo preço de vinte e cinco réis o

quinto. Segundo o contrato firmado, o comprador deveria fornecer os vasilhames para o senhor-

de-engenho e a entrega deveria ser efetuada em 90 dias.

Com o resultado obtido na comercialização dos produtos, uma demonstração do seu

espírito empreendedor , Pedro Biagi arrendou, em 1915, a fazenda Barbacena do Sr. Joaquim

Thomaz de Aquino, com o objetivo de aumentar a sua produção oleira; aproveitar a madeira

existente na referida propriedade e explorar a atividade pastoril. Dois anos depois, tornou-se

proprietário da fazenda, em sociedade com Mario Brighetti; tornando-se fornecedor de cana para o

engenho central do Coronel Francisco Schimidt. Em 1918, deu inicio ao processo de

transformação da fazenda Barbacena em usina Barbacena, que, em 1922 produziu 6.400 sacas de

açúcar de 60 quilos. Sete anos depois, em 1929, vendeu a sua parte na usina para o Sr. Francisco

Frascino e em 1931, fundou a usina da Pedra, em Serrana.

Em 1936 viabilizou para os seus filhos Baudílio, Gaudêncio e Maurílio a compra da

Usina Santa Elisa e a transformou em sociedade anônima: a Usina Açucareira Santa Elisa S/A. A

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fábrica se modernizou e foi ampliada, ainda pertence à família Biagi que possui destilaria de

álcool, é uma empresa coligada a Case – Comercial Agrícola Sertãozinho Ltda, empresa dedicada

basicamente à cultura da cana de açúcar, a qual funciona como suporte para a Usina e a destilaria,

o que assegura matéria-prima para o fabrico do açúcar e do álcool,e reduz assim, seus riscos

produtivos, oriundos da falta de suprimento do setor industrial e a má qualidade das sementes de

cana; torna-se dessa forma uma empresa autônoma.

Já podemos depreender o quanto a família Biagi possui a marca do

empreendedorismo. Não perdeu as oportunidades que o mercado lhe oferecera e os incentivos

governamentais. Buscou na mudança, o caminho para iniciar um novo ramo e expandir os

negócios, formas de superar as crises do açúcar, sobretudo, no caso da superprodução ocorrida, no

mundo, a partir de 1929.

Pedro Biagi, morreu em 1973, com 92 anos. Um dos pioneiros da indústria

açucareira no município de Sertãozinho, foi um empreendedor, sempre atento às boas oportunidades

que lhes possibilitassem desdobramentos favoráveis aos seus negócios e o conseqüente aumento do

seu patrimônio. Assim como ocorreu com a família Matarazzo, a diversificação e a busca da auto-

suficiência foram as marcas dos Biagi que, segundo frase do falecido Pedro, nunca pensou que

estaria a frente de um grande grupo empresarial: Quando fabriquei meu primeiro tijolo, não pensei

que teria um prédio com o meu nome na rua principal da principal cidade do Brasil - referia-se à

av. Paulista , na cidade de São Paulo. O velho Pedro tinha por filosofia: vencer pelo trabalho, sem

por ele ser dominado. Mas, ao contrário do que pensava, foi dominado pelo trabalho, visto ter

lutado, com afinco, em toda a sua vida. Só conseguindo livra-se dele para viajar – seu hobby

preferido - no final da vida. Filho de colono italiano proprietário de terra, tornou-se usineiro, por

saber tornar favoráveis as possibilidades oferecidas pelas conjunturas do País, a exemplo das crises

do preço do café, do mercado de terras, para, progressivamente, melhorar a sua condição sócio-

econômica.

Outro exemplo, de usineiro italiano foi o de Atílio Balbo. Filho de Alexandre Balbo

e Maria Fazaullo Balbo, italianos que imigraram para o Brasil em 1891. Seus pais, estabeleceram-

se, como colonos, no município de Cravinhos. Mudou -se com eles em 1896, para a Fazenda

Palestina localizada no município de Sertãozinho. Cresceu nessa fazenda, onde seu pai trabalhava

como colono. Este com as economias alcançadas, comprou, em 1900, um sítio de 50 alqueires, em

Pocinhos, para plantar café e cana. Nele instalou uma engenhoca para fabricar aguardente e

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comercializa-la. Mas, o negócio não prosperou devido a queda no preço da aguardente, em 1903 -

crise que o obrigou

a vender a propriedade para Francisco Schimidt e a continuar trabalhando nela, como

empregado.

Em 1906, seu filho, Atílio Balbo começou a trabalhar nessa mesma propriedade,

especificamente, na engenhoca que havia sido transformada em Engenho Central e depois em usina;

permaneceu por 40 anos, na empresa. Chegou a ocupar o cargo de gerente.

Nesse ínterim, com o capital de 10 contos de réis e um sócio, inaugurou a Agência

Ford de Sertãozinho. Logo, vendeu-a e aplicou o dinheiro em 54 alqueires terras, próximas da

Usina Albertina, transformando-se em fornecedor de cana. Posteriormente, adquiriu mais 18

alqueires no Município de Oswaldo Cruz, onde plantou 25 mil pés de café. Em 1946, - período que

se caracterizou pela ampliação do parque açucareiro paulista, em função das alterações, feitas pelo

IAA, nas leis que regulavam a quotas produção de açúcar, permitindo que pequenos produtores de

açúcar e plantadores de cana tornassem-se usineiros - vendeu essas propriedades, fundou a Usina

Santo Antônio , em Sertãozinho. Dez anos depois, comprou a usina São Francisco, no Município

de Barrinha, beneficiando-se da política cambial de orientação liberal do governo Dutra, que

suspendeu o controle das importações e liberou as operações cambiais, numa clara demonstração

do seu espírito empreendedor

Tal qual Atílio Balbo, em 1892, João Marchesi, deixou a província italiana de

Bérgamo, para morar em Ribeirão Preto/SP, acompanhando os seus pais: Santo Marchesi e Olívia

Ghidelli, vindos, como tantos, para trabalhar como colonos na Fazenda Dumont. Enfrentaram uma

vida de dificuldades. Depois de 7 anos, conseguiram comprar, um sítio de 2 e ½ alqueires ,

próximo de sertãozinho. Entretanto, o problema financeiro da família persistiu, motivo que levou

a buscar trabalho no sítio do Sr. Natale Biagi. Trabalhou como carroceiro, como oleiro, e, em 1907,

casou-se com Maria, filha do seu patrão. Deixou o sítio do sogro e montou uma fabriqueta de

macarrão com mais dois sócios: seu irmão Luiz e Antonio Lorenzato. Abandonou o negócio e foi

viver no sítio do sogro, onde passou a transportar tijolo em uma carroça.

Com o sogro aprendeu o ofício de oleiro e comprou 2 alqueires em

Pontal, onde montou uma olaria. Esta lhe permitiu acumular capital para comprar 50 alqueires em

sociedade com o seu irmão Luiz e seu Compadre Varalda. Neles, plantou café e criou gado leiteiro.

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Posteriormente, adquiriu os sítios da vizinhança e mais tarde a Fazenda Lagoa Formosa,

propriedade do Sr. Alberto Whately.

Além de usinas, João Marchesi, expandiu seus negócios a novas áreas, tornando-se

proprietário de fazendas de café, algodão e pecuária e de comércio automobilístico – momento que

assumiu uma função eminentemente urbana, uma maneira alternativa de gerar mais riqueza, com o

lucro obtido nos negócios do campo. Marchesi optou por diversificar seus negócios, num período

de negociação internacional, e, de indefinições da política de comércio exterior brasileira, de

debates sobre a reforma tarifária e de planejamento estrutural da economia nacional do pós-guerra.

Momento de dinamização do mercado interno, devido à crise cambial, responsável pelo aumento

dos preços dos produtos importados e pela subordinação do país aos interesses do comércio

internacional. Ao mesmo tempo, aos 69 anos continuava, pessoalmente, acompanhando a

administração dos seus negócios.

O relato, acima, aponta-nos para algumas mais das principais características do

empreendedor, como: colaborar com os empregados – na medida que lhes possibilitava utilizar

métodos modernos de mecanização e técnicas de agrícolas, utilizadas como meio barato e rápido de

manter a produção – traço visível no comportamento do Sr. Marchesi. Mas, ao analisarmos a

conjuntura econômica nacional e internacional, observamos que o empresário, além desses traços de

personalidade e hábitos administrativos, possuía uma grande capacidade de compreensão do

funcionamento da economia nacional e da necessidade de articula-la com a economia internacional,

fator determinantel para o desenvolvimento econômico das suas empresas.

Pedro Ometto foi outro desses exemplos. Seu tio, Girolamo Ometto e seu pai

Antonio Ometto, chegaram ao Brasil, em 17 de setembro de 1887, para trabalhar, como colono, na

Fazenda de Café Salto Grande, em Três Pontes, Município de São Paulo. No ano seguinte, comprou

uma pequena propriedade fundiária: sítio Santa Fé, sito em Tupi, região entre os Municípios de

Santa Bárbara D’Oeste e Piracicaba. Convidou seu irmão Antônio Ometto e família, que ainda se

encontrava trabalhando na Fazenda Salto Grande, para morar com ele e ajuda-lo na labuta da

lavoura da cana e da produção de cachaça no velho alambique.

Logo, Girolamo comprou uma olaria em Piracicaba. Mas, em 1901, faleceu ,

legando dívidas para a sua família. Coincidentemente, seu irmão Antônio, morreu nesse mesmo

ano, Antonio, também, morreu no mesmo ano que ele, deixando para os seus filhos: João,

Jerônimo, Luiz e Pedro, e, a sua mulher Caterina, a tarefa de “fazer a América.” As duas famílias,

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sem outra alternativa, voltaram a trabalhar na lavoura de café, na Fazenda São José, do Coronel

Juca Barbosa.Em 1906, a família Ometto deixou a condição de colona, comandada por Caterine,

compraram seis alqueires, da Fazenda Água Santa, em Piracicaba, por 1:900$000. Nele,

construíram uma olaria e continuaram produzindo aguardente; em 1911, adquiriram mais 24

alqueires da mesma Fazenda - onde desenvolveram as mesmas atividades, onde três anos depois,

edificaram um engenho de açúcar. Em 1918, compraram a Fazenda Aparecida, também,

denominada de Boa Esperança, em Iracemápolis, hipotecada, em função dos prejuízos causados

pela geada que assolou a região e destruiu o cafezal. A partir daí, a família se dividiu entre a olaria

e a nova aquisição. Nessa última, plantou cana e produziu aguardente. Os negócios da família

Ometto continuaram prosperando, acompanhando o crescimento da região. Em 1922, a propósito,

Pedro Ometto, comprou sem a participação da família, a Fazenda Primavera, com 100 alqueires, a

5 km de água Santa. Nela, continuou fabricando cachaça, plantando cana, fabricando cachaça e

açúcar batido. Dez anos depois, em 1932, reuniu-se aos irmãos e constituiu a empresa Irmãos

Ometto & Cia, com o intuito de comprar a Fazenda Boa Vista, de 440 alqueires, também,

localizada no Município de Piracicaba. Logo em seguida, adquiriram a Fazenda Aparecida, divisa

com a Boa Vista, município de Iracemápolis. Tornaram-se proprietários de 560 alqueires. Nessas

terras, em 1934, edificaram a Usina Boa Vista. Nos anos seguintes, o clã Ometto, adquiriu, várias

outras propriedades.

Para constituir e modernizar a Usina Costa Pinto, Pedro Ometto, associou-se a

Mário Dedini & Irmãos . Em 1914, esses italianos, se fixaram em São Paulo. Mário Dedini foi

contratado pela Usina Santa Bárbara, localizada no Município de Santa Bárbara, devido ao

conhecimento que possuía na área técnica , para instalar novos maquinários e fazer manutenção

dos antigos. Armando Cesare Dedine foi para a cidade de Pirajuí, e, se estabeleceu como ferreiro.

Em 1920, os irmãos compraram uma oficina de carpintaria e ferraria em Piracicaba,

para fabricar peças de reposição para as usinas, consertar equipamentos e veículos agrícolas. Dois

anos depois, em 1922, a oficina recebeu a denominação de: Mário Dedini & Irmãos, com um capital

registrado de dez contos de réis, devido a ausência de concorrentes e a demanda do mercado,

transformaram a oficina em indústria. Em 1936/37, integralizou as seis cotas que possuía na Usina

Costa Pinto, com a implementação de modernos equipamentos. Sua parceria com as empresas

Ometto, inaugurou uma nova era na vida das empresas, como afirmou Gordinho:

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Realizou a sua participação com maquinário, inaugurando um sistema de sociedade

que lhe permitia vender equipamentos custosos, favorecer a ampliação do mercado e garantir no

futuro a demanda de sua produção de peças de reposição e de ampliação do equipamento produtor,

modernizando ao mesmo tempo o processo de produção. Foi assim constituída a Usina Costa Pinto

Ltda, com capital de 600.000$000 contos de réis.

Na safra de 1936/37 produziram 6.055 sacas de açúcar e a partir daí negócio

adquiriu significado. Em 1938 foi feita uma reforma grande na Costa Pinto e começaram a fabricar

açúcar cristal. Já nesse ano produziram 38.000 sacas. O lucro era sempre investido na compra de

terras e de cotas de açúcar, ao IAA.

Os caminhos dos Omettos e dos Dedinis, cruzaram-se, permitindo que eles

crescessem e se tornassem presidentes de grandes grupos econômicos. Como eles, em outra década,

os Bellodis, beneficiados pela desorganização da economia mundial, provocada pela Segunda

Guerra Mundial e em decorrência das oportunidades que os Decretos-Leis lhes ofereceu, eles

puderam acumular e se tornaram empresários. Esse processo de acumulação se tornou possível,

principalmente, porque a ação intervencionista, contribuiu diretamente para o enriquecimento

desses homens, na medida em que eles, souberam fazer uso da legislação vigente, como por

exemplo, do Decreto n. 22. 981, que lhes possibilitou a expansão das quotas de produção, numa

época de limitação, e, lhes permitiu a isenção de impostos ou taxas de qualquer natureza, federais,

estaduais ou municipais, porque, a maioria deles, se tornou proprietários de engenhos e fabricantes

e aguardente. Também, rezava esse Decreto, que a partir da data da sua publicação, não poderia

ser montada em território nacional, nenhuma nova usina, engenho, bangüê, sem a autorização do

IAA. Os italianos se beneficiaram desse artigo, adquirindo fazendas, preferencialmente, que já

possuíssem engenhocas instaladas. Com relação Decreto – Lei n. 3855, de 21 de setembro de

1941, os italianos, também, identificaram novas possibilidades, porque o Estatuto além de

disciplinar a relação entre fornecedor e produtor, possibilitou ao fornecedor a aquisição de terras

por eles lavradas, mediante concessão de empréstimos de longo prazo.

Domingos Zanin, 16 anos, como muitos outros italianos, também, desembarcou no

porto de Santos, em novembro de 1888, acompanhado dos pais, Giuseppe Zanin e Rosa Lorenzin,

três irmãos e uma irmã. A família desceu no porto Santos e foi encaminhada para Guatapará,

Município de São Paulo, onde permaneceu até 1890. De Guatapará seguiu para Limeira/SP, porque,

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segundo depoimento do seu bisneto, Domingos Zanin: Limeira era um lugar muito bom de se

trabalhar, tinha boas terras, tinha um futuro melhor para eles. Inicialmente, Giuseppe, trabalhou

como meeiro em uma fazenda de café. Em 1894, adquiriu um sítio de 15 alqueires em Piracicaba,

por 2:000$000 (Dois mil contos de réis), onde foi morar com a família e iniciar seu próprio negócio.

Nesse ínterim, Domingos Zanin, filho de Giuseppe, conheceu Herminia, em um baile. Em 1895,

casaram-se, e, foram morar em um outro sítio, adquirido pela família, em Água Santa/SP, para

plantar cana e produzir açúcar mascavado e cachaça.

Em 1942/3, adquiriu um engenho de pinga -, em Araraquara, transformado, em

1949, na Usina Zanin , com equipamentos fornecidos pelos Irmãos Dedini, segundo depoimento de

Domingos Zanin, neto de Giuseppe: Domingos, você deve fazer açúcar. Não tenho dinheiro,

respondeu ele a Dedine. Não tem dinheiro! Mas, quem tem trabalho, tem dinheiro. Arrumo os

equipamentos e você me paga com trabalho. Dedine emprestou os equipamentos, que depois foram

pagos.

Em 1951, faleceu o usineiro Domingos Zanin. Coincidentemente, aos Omettos, os

caminhos dos Zanins e dos Dedines se cruzaram, possibilitando que Domingos Zanin fizesse a

passagem de colono para usineiro, seguindo caminhos semelhantes aos de outros imigrantes, que

adquiriram pequenas propriedades, instalaram engenhocas, para transforma-las em fábricas

modernas de açúcar, incentivados pela falta de planejamento da economia brasileira e pela expansão

do mercado interno.

Conclusão

O processo de integração dos colonos italianos, no meio produtivo, do açúcar, teve

início, ao se transformarem os engenhos coloniais; em centrais e consolidou-se com a constituição

das usinas e a interferência estatal – condições que lhes permitiram transpor ao status quo a que

estavam antes condenados na Europa, se fixarem em São Paulo e ascenderem economicamente.

Esses homens que souberam combinar oportunidades com novos meios de produção,

o que lhes propiciou possíveis realizações econômicas, sociais e políticas, forma de tornar realidade

o sonho de “fazer a América”. Os que concretizaram esse sonho, adquiriram pequenas propriedades

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fundiárias para edificar engenhocas e ou, olarias. Posteriormente, modificaram-nas em usinas

modernas e, finalmente, em poderosos empreendimentos econômicos. Um dos pontos de partida

do sucesso alcançado foi o fracionamento das fazendas de café adquirido por eles, muitas vezes em

decorrência de processos de hipoteca ou heranças. Acabaram por impulsionar tanto as

transformações da estrutura latifundiária paulista quanto a valorização crescente do comércio, na

medida em que, passaram, inicialmente, a vender o que produziam. Dessa forma, possibilitaram

que as casas comerciais, atreladas ao crescimento urbano, desempenhassem um papel fundamental

no desenvolvimento econômico de São Paulo e, da transferência do pólo açucareiro do Nordeste

para Sudeste.

Pedro Biagi, Atílio Balbo, João Marchesi, Pedro Ometto e Zanin, são exemplos de

imigrantes que se amoldaram às novas estratégias de reconfiguração das empresas açucareiras, no

século XX; em grande parte, devido as suas características empreendedoras. Igualmente, se

beneficiaram das dificuldades econômicas, por serem pessoas criativas, capazes de estabelecer e

atingir objetivos, devido o alto nível de consciência que tinham do ambiente em que viviam e da

sua capacidade para identificar as oportunidades oferecidas pelo mercado. Tomaram decisões

acertadas, primeiramente, como empreendedores de pequenos negócios e, posteriormente, de

grandes empresas. Acompanharam as mudanças ocorridas nas bases estruturais da indústria

açucareira, ao invés de combatê-las, e expandiram os seus negócios. Uniram-se aos seus familiares

e amigos, pouparam cada centavo adquirido, para atingirem suas metas.

Os estrangeiros, ao invés de repelirem a interferência do Estado nos seus negócios,

beneficiaram-se delas para vencer as adversidades que a vida lhes impôs, como o baixo nível sócio-

econômico, para se metamorfosearem em usineiros.

Observamos também que os colonos/usineiros tiveram percursos de vida

semelhantes. Entre finais do século XIX e início do século XX, adquiriram pequenas propriedades

fundiárias; nelas implantaram olarias e engenhocas, (ou apenas estas), produtoras quase que

exclusivamente de cachaça; transformaram-nas em usinas modernas; e, posteriormente, em

conglomerados empresarias, entre 1929 e 1941, guiados pela intuição e pelo espírito empreendedor.

Mas esse crescimento, não implicava realizações significativas no campo da concepção de

negócios. Era, ainda, uma sociedade com muitas oportunidades e que, algumas vezes, foram seladas

com a união matrimonial.

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É conveniente salientarmos que os italianos usineiros não desenvolveram hábitos

aristocráticos; ao contrário, permaneceram vivendo num status social inferior. Só se permitiram

usufruir da nova condição propiciada pelo acúmulo de capital, quando se consolidaram seus

negócios. Agiam, assim, diferentemente do senhor-de-engenho pernambucano que não concordou

com a reorganização da sociedade, possibilitada pela emergência do engenho central e da usina, de

cuja produção açucareira as pessoas interessadas participavam, direta e indiretamente. Outro fator a

ser destacado é o fato de os imigrantes desprezarem, quase que completamente, as atividades

políticas (diferentemente dos pernambucanos). Os italianos se dedicavam, pode-se dizer

exclusivamente, ao comando dos negócios. Ao contrário dos açucarocratas nordestinos,

conseguiram superar as dificuldades financeiras; sobreviver às oscilações de mercado e adaptar-se

às interferências estatais, estimulados pelas expectativas em relação ao futuro e por verem, nas

mudanças oportunidades.

Chamamos atenção para as alterações contratuais. Foram elas que em parte

permitiram aos colonos maiores ganhos, principalmente, se fossem adotados os contratos de a

meias ou os que lhes autorizavam intercalar a lavoura de subsistência com a do café. Também, é

conveniente pontuarmos que, ao contextualizarmos o processo usineiro, entendemos que o impulso

da lavoura canavieira deve ser atrelado ao crescimento das cidades e ao consumo, e que ocorreu,

independentemente da lavoura do café. Desenvolvera-se, concomitantemente, em épocas alternadas

ou não, a partir dos investimentos realizados, determinados pelas oportunidades de mercado,

essencialmente por empresários empreendedores, que se adaptaram as mudanças da sociedade,

acompanhando-as, muitas vezes em épocas aparentemente adversas, para os investimentos e

crescimento.

Os Omettos, Os Balbos, os Biagi, os Marchesi e os Zanin acabaram, assim,

percorrendo percursos semelhantes: buscaram nas adversidades e nas imposições estatais

oportunidades de grandes negócios, como o da comercialização, compra e venda de quotas de

produção do açúcar, o que lhes garantiram a transformação das modestas empresas iniciais, por eles

adquiridas.

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