Zezão | Zipper Galeria

28

description

De 14 de Junho a 2 de Agosto, 2014. Fotos Gui Gomes. Mais infos em: http://zippergaleria.com.br/pt/#exposicao/zezao/

Transcript of Zezão | Zipper Galeria

Page 1: Zezão | Zipper Galeria
Page 2: Zezão | Zipper Galeria

Rua Estados Unidos, 1494CEP 01427 001São Paulo - SP - Brasil+55 (11) 4306 4306www.zippergaleria.com.br

2a a 6a 10:00 - 19:00sábados 11:00 - 17:00

Page 3: Zezão | Zipper Galeria

Zezão14 de Junho a 2 de Agosto de 2014

Page 4: Zezão | Zipper Galeria
Page 5: Zezão | Zipper Galeria
Page 6: Zezão | Zipper Galeria
Page 7: Zezão | Zipper Galeria
Page 8: Zezão | Zipper Galeria
Page 9: Zezão | Zipper Galeria
Page 10: Zezão | Zipper Galeria
Page 11: Zezão | Zipper Galeria
Page 12: Zezão | Zipper Galeria
Page 13: Zezão | Zipper Galeria
Page 14: Zezão | Zipper Galeria
Page 15: Zezão | Zipper Galeria
Page 16: Zezão | Zipper Galeria

Diante de uma vassoura

Conheci a arte do Zezão inadvertidamente. Antes de ouvir falar do artista, antes de saber que os arabescos pintados de azul pelos muros da cidade eram uma arte (é assim que o artista diz: “minha arte”), sem a menor ideia de que um dia nossos destinos iriam se cruzar. O fato, por si só, já merece consideração. De alguma forma, atesta a força de uma produção que chegou a público sem a mediação do circuito artístico.

Vi sua arte, um desenho azul turquesa com contornos mais escuros, espécie de estilização de sua assinatura, traço que guarda algo de uma caligrafia na qual as letras – separadas, nítidas, claras – não existem, saindo de bueiros, buracos e inscrita em muros da cidade. Sempre o mesmo, mas sempre diferente. Mais do que marcar uma passagem (“fulano esteve aqui”), seus desenhos sempre chamavam a atenção para os espaços onde se instalavam. Ao menos para mim, a mensagem era clara: a ocupação de Zezão de espaços como o esgoto, os subterrâneos, os espaços esquecidos – ou deixados à deriva para serem valorizados no processo especulativo que hoje veio a ser amplamente discutido pela ação de movimentos sociais – era uma operação extremamente inteligente e contundente. Mostrava que havia uma voz anônima falando uma linguagem própria, fosse a do grafite ou a da pichação, que não iria se calar. Colocava para todos: os pedestres, os usuários de transporte público, os donos de carros, que a cidade é um espaço de uso comum.

Fazer isso por meio de um desenho que contornava as tampas de bueiros e transbordava para a rua, como a dizer que ali dentro se escondiam muito mais coisas do que os olhos poderiam ver, que os espaços invisíveis e abandonados da cidade poderiam ser um terreno fértil, sempre foi visto por mim como um ato estético e político. Depois é que vieram as discussões sobre aquilo ser ou não ser arte. Discussões imensas, pois o que estava em jogo era o próprio conceito de arte que, sendo historicamente formado, está sempre em transformação e talvez não possa ser integralmente apreendido no presente.

Zezão, há algum tempo, se vê às voltas com a transposição de sua arte para lugares fechados: museus, galerias e centros culturais. Sobre suas exposições em galerias, ele diz que o que faz nesse contexto é fine art (em contraposição, talvez, àquilo que ele faz nas ruas: street art). Na visita que fiz a seu ateliê, ele postou-se diante de mim, com um pé na frente e outro atrás, dizendo que vive entre esses dois mundos. Não é uma posição cômoda. Mas acredito que seja a posição de todos aqueles que participam do sistema das artes hoje: aceitar a parte business sem abrir mão das questões fundamentais que mobilizam nosso trabalho.

O lado fine art de Zezão segue seu próprio caminho. Encontrei, nesta mesma visita, um trabalho que me chamou a atenção. Tratava-se de algo que eu, com olhos treinados em aulas de arte na universidade, algumas visitas a museus e leituras de textos teóricos, aprendi a chamar de assemblage. A obra era feita com materiais retirados de uma caçamba de lixo: muitas madeiras velhas (e envelhecidas pelo artista: “tem que ter um acabamento”), placas de sinalização urbana, molduras velhas e uma vassoura gasta. Estes mesmos olhos adestrados me fizeram ver ali ecos da obra “Fool’s House”, 1962, de Jasper Johns. Perguntei, mas Zezão não conhecia o trabalho do artista americano. “Sou autodidata, parei de estudar na 5a. série”, ele respondeu. Talvez por isso ele não saiba que, na arte contemporânea, a assinatura do artista não entra mais na frente dos quadros. Talvez justamente por isso ele tenha sido capaz de fazer com esse desenho, que nasce da sua assinatura, uma arte. Ele era motoboy e morava numa pensão enquanto eu estava na universidade juntando dinheiro para ver um Jasper Johns ao vivo. Foi uma alegre surpresa ter encontrado aquela vassoura pendurada. Era como se sua presença me dissesse que, por mais diferentes que fossem nossos caminhos, nós dois ainda pudéssemos nos encontrar. Ali, diante daquele utensílio de cabo longo e fios desgrenhados, espécie de pincel agigantado, como já sugeria Johns – o instrumento adequado para trabalhar no espaço urbano de Zezão.

Thais Rivitti

Page 17: Zezão | Zipper Galeria

Standing before a broom

I came across Zezão’s art inadvertently. Before hearing about the artist, before discove-ring that the arabesques painted blue throughout the city walls were an art (as the artist calls them: “my art”), without the slightest idea that one day our destinies would cross. This fact on its own already deserves consideration. In one way or another, it attests to the strength of a production which reached the public without the mediation of the art circuit.

I saw his art, a turquoise drawing with darker contours, a sort of stylization of his sig-nature, a trait resembling of a sort of handwriting in which the letters - separate, sharp, clear - do not exist, coming out of potholes, manholes, and portrayed on walls throughout the city. Always the same, yet always different. More than just recording a visit (“so and so was here”), they always drew attention to the spaces in which they settled. At least to me, the message was clear: the occupation by Zezão of spaces such as sewers, undergrounds, forgotten spaces - or left to be only to gain value in the speculative process (which today has come to be wi-dely discussed by social movements) was an extremely intelligent and poignant operation. It showed that there was an anonymous voice speaking its own language, whether it was spray painting or graffiti, it would not be silenced. It would tell all users: pedestrians, users of public transportation, car owners, that the city was a space for common use.

To do this through a drawing that contoured the manhole covers and spilled out of them, so as to say that inside there lurked a lot more than meets the eye, that the invisible and abandoned city spaces could be fertile ground, is something which has always seemed to me as an aesthetic and political act. Not until later did discussions arise on whether or not this was art. Immense discussions, since what was at stake was the very concept of art, which - being historically formed - is always changing and may not be fully grasped in the present.

For some time Zezão has been grappling with transposing his art to enclosed spaces: museums, galleries and cultural centers. He describes his exhibitions in galleries as fine art (perhaps as opposed to what he does in the streets: street art). During my visit to his studio, he stood before me, with one foot in front and one behind, explaining that lives between those two worlds. Not a comfortable position. But I believe it is the position of all those who par-ticipate in the system of the arts today: to accept the business aspect without sacrificing the fundamentals which mobilize our work.

The fine art side of Zezão follows its own path. In that same visit I came across a work that caught my attention. It was something that I - with eyes trained in art classes in University, in a few visits to museums and in readings of theoretical texts - would call an assemblage. The work was created with materials collected from a dumpster: many old pieces of wood (and aged by the artist: “they must have a finishing touch to them”), urban road signs, old frames and a worn-off broom. These same eyes, trained to look at works of art, saw therein echoes of the book “Fool’s House”, 1962 Jasper Johns. I asked, but Zezão did not know the work of the American artist. “I am self-taught, I stopped going to school in the 5th grade” he replied. Maybe he does not know that, in contemporary art, the artist’s signature no longer goes in front of the frames. Perhaps this is precisely why he has been able to make of this design - which stems from his signature - an art. He used to be a courier and lived in a boarding house while I was in college saving up money to see Jasper Johns live. It was a joyful surprise to have found that hanging broom. It was as if his presence would tell me that, however different our paths may be, we would still be able to find each other - there, in front of that long-handled utensil and tangled wires, a sort of gigantic brush, as suggested by Johns, suitable for working in Zezão’s urban spaces.

Thais Rivitti

Page 18: Zezão | Zipper Galeria
Page 19: Zezão | Zipper Galeria
Page 20: Zezão | Zipper Galeria
Page 21: Zezão | Zipper Galeria
Page 22: Zezão | Zipper Galeria
Page 23: Zezão | Zipper Galeria
Page 24: Zezão | Zipper Galeria

1. Hamburgo - Alemanha 2013, 2. São Paulo - 2013, 3. Barra Funda - São Paulo 2011, 4. Zona Norte de São Paulo - 2012,

6

Page 25: Zezão | Zipper Galeria

5. Favela do Moinho - São Paulo 2010, 6. Obra 2014, 7. Lugar abandonado - Brás, São Paulo 2009, 8. Kassel - Alemanha 2013.

1

3

7 8

5

2

4

Page 26: Zezão | Zipper Galeria

ZezãoSão Paulo, Brasil [Brazil], 1971

Vive e trabalha em [lives and works in] São Paulo, Brasil [Brazil]

Exposições Individuais [Solo Exhibitions]2014 ▶Zezão. Zipper Galeria, São Paulo, Brasil▶Conexões. Galeria Athena Contemporânea, Rio de Janeiro, Brasil2013 ▶Zezão. Brasilea Galerie - Basileia, Suíça [Switzerland]▶Lembranças de um Passado Adormecido - Galeria Athena Contemporânea - Rio de Janeiro, Brasil2011 ▶Além do Submundo - Galeria Athena Contemporânea - Rio de Janeiro, Brasil2010 ▶VariAções Urbanas - Choque Cultural - São Paulo, Brasil2007 ▶Cidade Limpa - Choque Cultural - São Paulo, Brasil2005 ▶Subterrâneos - Choque Cultural - São Paulo, Brasil

Exposições Coletivas [Group Shows]2013 ▶Restrospektive - Die Stiftung Brasilea - Basileia, Suíça [Switzerland] ▶Street-Art Brazil – Schirn Kunsthalle - Frankfurt, Alemanha [Germany]2012 ▶Urban Masters - Opera Gallery - Londres, Inglaterra [England]▶Manobras Poéticas - Galeria Athena Contemporânea - Rio de Janeiro, Brasil2011 ▶Street Art und Graffiti Aus São Paulo - Die Stiftung Brasilea - Basileia, Suíça [Switzerland] ▶Fuera de la Línea - Museo de Arte Contemporáneo de Rosario - Rosário, Argentina ▶Street Art - Von der Heydt Museum - Wuppertal, Alemanha [Germany]▶Wash Festival - Millerntor Gallery - Hamburgo, Alemanha [Germany]2009 ▶São Paulo - Scion Gallery - Los Angeles, Estados Unidos [USA]▶Coletivo Choque - Choque Cultural - São Paulo, Brasil ▶Une Estivale - LJ Galerie - Paris, França [France]▶Mon Amour - Maison des Métallos - Paris, França [France]▶De Dentro para Fora, de Fora para Dentro - Museu de Arte de São Paulo [MASP] - São Paulo, Brasil2008 ▶Fresh Air Smell Funny - Kunsthalle Dominikanerkiche Museum - Hamburgo, Alemanha [Germany]2007 ▶Ruas de São Paulo - Jonathan Levine Gallery - Nova York, Estados Unidos [USA]▶Fabulosas Desordens - Caixa Cultural - Rio de Janeiro, Brasil▶Munny - Galeria Plastik - São Paulo, Brasil▶Cor da Rua - O’Contemporary Gallery - Brighton, Inglaterra [England]▶Coleções - Galeria Luisa Strina - São Paulo, Brasil2006 ▶Ruas de São Paulo - Memorial da América Latina - São Paulo, Brasil2005 ▶Cata Lixo - Choque Cultural - São Paulo, Brasil2004 ▶Coletivo Rua - Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba - Sorocaba, Brasil▶Calaveras - Choque Cultural - São Paulo, Brasil

Special Projects2013 ▶City Leaks - Colonha, Alemanha [Germany]▶The Canals Project - Londres, Inglaterra [England]2003 ▶Painel Coletivo - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - São Paulo, Brasil

Coleções Públicas [Public Colections]▶Museu de Arte do Rio [MAR] - Rio de Janeiro, Brasil ▶Museu de Arte de São Paulo [MASP] - São Paulo, Brasil

Page 27: Zezão | Zipper Galeria

Variações urbanas [Urban Variations] 2013acrílica sobre madeira [acrylic on wood]185 x 290 x 17 cm [72 x 114 x 6.6 in]

Sem título [Untitled] 2014acrílica sobre madeira [acrylic on wood]155 x 260 x 12 cm [61 x 102 x 4.7 in]

Sem título [Untitled] 2014acrílica sobre madeira [acrylic on wood]145 x 270 x 12 cm [57 x 106 x 4.7 in]

Sem título [Untitled] 2013acrílica sobre madeira [acrylic on wood]135 x 150 x 12 cm [53 x 59 x 4.7 in]

Sem título [Untitled] 2013acrílica sobre madeira [acrylic on wood]110 x 145 x 4 cm [43 x 57 x 1.5 in]

Alma gravada pelo tempo[Soul engraved by time] 2013

acrílica sobre madeira [acrylic on wood]110 x 145 x 4 cm [43 x 57 x 1.5 in]

Conexões #3 [Conections #3] 2014acrílica sobre madeira e black tape [acrylic on wood and black tape]

200 x 302 x 5 cm [78.7 x 118.9 x 2 in]

Conexões #2 [Conections #2] 2014acrílica sobre madeira e black tape [acrylic on wood and black tape]

68 x 271 x 5 cm [26.8 x 106.7 x 2 in]

Conexões #1 [Conections #1] 2014acrílica sobre madeira e black tape [acrylic on wood and black tape]

263 x 170 x 5 cm [103.5 x 66.9 x 2 in]

Realização I Accomplished by

Impressão I Printed by

Projeto Gráfico l Graphic Design

Fotos | Photos byGuilherme Gomes

© julho 2014

Page 28: Zezão | Zipper Galeria