Yvonne Whittal - Atração Perigosa

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    ATRA O PERIGOSA - YvonneWhittal

    Rose no sabia o que era pior: se sua cegueira ou aatrao que sentia por Marcus Fleming, um homemmuito perigoso

    Deitada em sua cama, Rose pensava nele. Sabia queno devia se envolver com Marcus Fleming, umconhecido mulherengo, um homem que, como elemesmo afirmava, adorava variar de mulheres. Sabiadisso tudo e de muito mais: como poderia competircom as mulheres da vida dele, se elas eram lindas eperfeitas... e ela uma cega? No, aquilo no passavade loucura Precisava fugir da atrao perigosa queMarcus exercia sobre ela para no sofrer depois. Mas,ser que no valia a pena? Ser que era justo abrir

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    mo talvez dos nicos momentos de felicidade queteria na vida como mulher?

    Ttulo original: "The Light Within"

    Publicado originalmente em 1981Digitalizao/ e!io: m#nolaco$%

    &ulia 1%'

    CAPTULO I

    Um carro parou diante do enorme edifcio cinza e branco, no centro de Joanesburgo, e uma garotadesceu, seguida por um co que no desgrudava de suas pernas. A garota acenou para o homem queficara no carro, esperou at que ele se afastasse e dirigiuse para a entrada do edifcio. !eus cabelos eram

    de um lindo tom castanho profundo e caam, lisos, at os ombros, refletindo os tons dourados dos"ltimos raios do sol da tarde. #s $culos escuros escondiam os seus olhos, mas o nariz era pequeno e reto,o quei%o redondo e firme e os l&bios cheios e suaves, como se estivessem sempre sorrindo.

    'ose (unningham era linda, mas no parecia saber disso. )ambm no sabia que seu corpo semovimentava com uma gra*a natural, atraindo os olhares masculinos quando ela passava. +aquelemomento ela caminhava impassvel, mergulhada em seus pensamentos e confiante no co guia ao seulado, que a conduziu, sem hesita*o, at a mesa da recepcionista.

    u tomarei conta de !heba para voc-, srta. (unningham a garota disse e 'ose sorriu, curvandosepara acariciar o animal antes de larg&lo e caminhar at o elevador.

    Apertou o boto na parede e as portas de a*o se abriram rapidamente. 'ose entrou naquelecompartimento gelado por causa do ar condicionado e tateou os botes at achar o que queria.

    /ressionouo e as portas se fecharam. la esperou o 0clic0 familiar e subiu para o quarto andar.(onhecia aquele edifcio como conhecia sua pr$pria casa. )inha ido tantas vezes l& nos "ltimos anos,encontrar o pai, que 2& conseguia achar o caminho l& dentro sem precisar do au%lio de !heba. 3as ho2eera um dia diferente.

    !entiase um pouco perturbada e infeliz depois da conversa com +oreen 4utler naquela tarde e,quando saiu do elevador, no estava muito animada. 5irou para a esquerda pelo corredor acarpetado,andando depressa por causa de sua agita*o interior, e deu um encontro com um homem alto e forte.6uase perdeu o f7lego.

    8esculpeme, por favor ela pediu, sentindose sem muito equilbrio. !$ ento percebeu que ohomem a segurava com mos fortes, a2udandoa a se manter sobre as pernas tr-mulas. m um instante,'ose tomou consci-ncia de que o estranho vestia uma roupa de t(eed&spero, sentiu o leve perfume da

    col7nia m&scula que ele usava e sentiu algo mais, que no conseguia definir... a sensa*o de umaemo*o nova transmitida aos seus nervos... uma espcie de corrente eltrica.

    u no tenho por h&bito dar encontres com as pessoas. la tentou se desculpar novamente,percebendo o aborrecimento dele e sentindo que as mos fortes a empurravam para o lado com umacerta impaci-ncia.

    )alvez, se voc- tirasse esses $culos infernais, pudesse ver melhor por onde anda disse uma vozprofunda e m&scula.

    9sso no iria fazer a menor diferen*a ela replicou, divertida e sorrindo. 5e2a, eu sou cega. +esse caso, no devia estar andando por aqui sem a2uda respondeu ele, sem parecer nem um

    pouco desapontado com a revela*o.(ontra a sua pr$pria vontade, 'ose sentiuse curiosa.

    3eu a2udante est& esperando l& embai%o, na entrada. le tem quatro patas e de muita confian*a,mas conhece o seu lugar.

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    (om quem voc- quer falar; le fez a pergunta de um modo r&pido, sem hesita*o nem embara*oe 'ose come*ou a ficar mais interessada ainda naquele estranho.

    stou procurando )heodore (unningham. # escrit$rio dele fica a quatro portas daqui, eu acho. 9sso mesmo. A voz dele soou r&pida, impaciente. Acha que conseguir& chegar at l& sem dar

    trombadas com outros pobres passantes; 5ou fazer o melhor possvel.'ose percebeu que ele se afastava e esperou ouvir as portas do elevador se fecharem. 8epois,

    estranhamente perturbada pelo encontro, caminhou com cuidado pelo corredor at o escrit$rio dosadvogados (unningham < =raser. #l&, minha querida cumprimentou seu pai quando ela entrou na sala. (omo chegou aqui; 4asil me deu uma carona, de modo que posso voltar para casa com voc-. la tez uma pausa e

    tentou se esquecer dos pr$prios problemas perguntando> )eve um dia muito ocupado; 'azo&vel disse )heodore e ela ouviu a cadeira estalar, como sempre, quando ele se recostava.

    5oc- me parece um pouco agitada. # que aconteceu; #h... ela suspirou, deu de ombros e respondeu calmamente. u tive uma tarde especialmente

    terrvel e quase derrubei algum no corredor, agora h& pouco. 5oc- foi ver algum paciente de 4asil 5aughn esta tarde;la fez que sim e ento sentiu que no podia mais ag?entar.

    Uma 2ovem me de duas criancinhas, que ficou cega por causa de &cido. la est& recebendo umaa2uda financeira da firma onde trabalhava, mas...

    +o, 'ose interrompeu o pai e a cadeira estalou de novo, pois ele tinha se levantado e agoraestava ao lado dela, colocando o bra*o em seus ombros. +o se torture desse 2eito.

    'ose afundou o rosto no tecido caro do palet$ do pai e sentiu seu perfume familiar. u s$ queria poder fazer alguma coisa por ela. 5oc- est& fazendo alguma coisa insistiu )heodore rapidamente. 5oc- est& a2udando essa pobre mulher a se adaptar a uma nova situa*o, e isso muito importante. A aceita*o no algo que algum possa lhe dar e sim algo que ela tem de achar por si mesma. 5oc- sabe disso e eu tambm sei. (om coragem, determina*o e confian*a isso poder& ser

    conseguido. A2udea, 'ose, mas s$ se sua coragem, confian*a e determina*o permanecerem intactas. !evoc- perder a f em si mesma, os outros perdero a f naquilo que voc- est& tentando fazer.

    Aquela frase era maravilhosa e cheia de raciocnio, mas em momentos como aquele, quando ela sesentia impotente e desa2ustada, 'ose ficava cheia de uma amargura in"til.

    +o se desespere, 'ose, continue tentando e o bom senso a conduzir& at o final.la o abra*ou pela cintura e disse> # que eu faria sem voc-, papai; ncontraria outra pessoa para lhe passar um sermo.le disse aquilo com tanta naturalidade que ela riu. 3inutos depois saram 2untos do escrit$rio,

    descendo at o vestbulo para pegarem !heba.

    6uando )heodore saiu, depois do 2antar naquela noite, 'ose levou !heba para o passeio costumeiropelo 2ardim, mas era uma noite fria de outono e quinze minutos depois 2& estavam voltando para casa.)udo ali era sil-ncio, a no ser os sons dos criados se movimentando na cozinha. 'ose sentouse em

    sua poltrona favorita na sala, alisando a cabe*a macia do cachorro, at que o animal se esticou aos seusps e ficou ali cochilando, mas mesmo assim atento a qualquer coisa ou pessoa que pudesse amea*ar asua dona.

    'ose geralmente passava as noites ouvindo m"sica, mas naquele momento seus pensamentosestavam agitados demais para isso. /ensou em +oreen 4utler deitada na clnica e em como o desesperoda mulher a contagiara. )inha passado quase tr-s horas com ela, conversando, encora2andoa e ouvindoa contar suas amarguras e temores. +ada do que 'ose dissera tinha causado a menor impresso e ela sesentiu at aliviada quando 4asil entrou na enfermaria, avisando que era hora de sair.

    # rudo do aba2ur sendo ligado interrompeu seus pensamentos e uma voz irritada indagou> !rta. 'ose por que est& sentada a, sozinha, na escurido.la deu de ombros> (om luz ou sem tudo a mesma coisa.

    @

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    6uem a aborreceu de novo; indagou a mulher negra que servia 'ose como criada pessoal emotorista nos "ltimos dez anos e agora colocava os ps da mo*a sobre um banquinho.

    !er& que algum dia casarei com algum... perguntou 'ose, sem prestar aten*o pergunta dacriada.

    (laro que vai casar, srta. 'ose. !e devo casar e ter filhos... nunca vou saber como eles so continuou 'ose, ignorando a

    interrup*o. (omo deve ser terrvel para algum que era capaz de ver seus filhos de repente descobrir

    que nunca mais poder& v-los novamente. 8o que est& falando, srta. 'ose; #h, no tem importBncia, 3aggie. 'ose suspirou, apalpando seu rel$gio em relevo e descobrindo,

    surpresa, que 2& passava das dez horas. st& na hora de ir para a cama. Cevantouse e o co a imitou, enfiando o focinho molhado na

    palma de sua mo. la o acariciou amorosamente durante alguns momentos antes de se espregui*ar,depois pediu> 5oc- cuida de !heba para mim, 3aggie;

    !im, srta. 'ose. 5amos, !heba, hora de dormir.A mo*a deu um tapinha gentil no cachorro, que seguiu 3aggie, fazendo um leve rudo com suas

    patas enormes sobre o tapete.Cuz e escurido. A passagem de uma para a outra tinha sido r&pida e dolorosa. 'ose acordara num

    hospital e ficara sabendo que 2amais veria a luz novamente. )inha doze anos. Agora, aos vinte e dois,ficava imaginando se podia confiar em suas lembran*as. (omo poderia ter certeza, agora que vivia nomundo da escurido, das sensa*es de deitar sobre a grama e ficar olhando o cu azul, as nuvensmudando de forma segundo a segundo; !er& que conseguia se recordar de tudo com preciso;

    'ose fez visitas a +oreen 4utler todas as tardes durante o resto daquela semana e tambm na semanaseguinte. # dr. 4asil 5aughn estava mais do que satisfeito com os resultados que ela vinha obtendo.

    6uando entrou na enfermaria onde estava +oreen na tarde de se%tafeira, encontroua sentada aolado da 2anela aberta e procurou a cadeira que 4asil dei%ara l& perto, antes de sair. (onversaram durantelongo tempo sobre os filhos de +oreen, sobre o marido dela e sobre o fato de ele ter encontrado umemprego perto da casa onde moravam. 8epois de alguns momentos de sil-ncio, +oreen disse>

    Acho que 2& sabe que o dr. 5aughn pensa que estou recuperada o suficiente para ser transferidapara a (lnica Cochart amanh.

    +o. u no sabia respondeu 'ose, escondendo sua satisfa*o diante daquela notcia inesperada. (omo est& se sentindo diante disso;

    +ervosa. +a (lnica Cochart eles iro a2ud&la a recuperar grande parte da sua autoconfian*a e

    independ-ncia. 5oc- aprender& a ler e a escrever em braile e a desenvolver melhor seus outros sentidos. u sei. +oreen pareceu animada. # dr. 5aughn me contou que como fazer um curso agrad&vel

    numa escola. 8e certa forma, mesmo. 'ose riu, lembrandose de suas pr$prias e%peri-ncias na infBncia, numa

    clnica semelhante quela.8epois ficaram em sil-ncio, ouvindo o rudo que vinha das enfermarias pr$%imas. nto +oreendisse, num tom hesitante>

    !rta. (unningham... 'ose... acho que no vamos nos encontrar mais, mas eu... eu queria quesoubesse que agrade*o muito o que fez por mim. !ei que vou ser colocada nas mos de pessoas que seespecializaram nesse tipo de coisa, mas ningum poder& me a2udar mais do que voc- nestas "ltimassemanas. Agora acho que 2& posso encarar o futuro e tenho de agradecer isso a voc-.

    +oreen 'ose esticou a mo e segurou a da mulher estou feliz por t-la a2udado. D bom se sentir"til.

    Etil e necess&ria respondeu +oreen, segurando firmemente a mo de 'ose. !im, muitoimportante. !aber que se "til aos que esto ao seu redor. saber que necessitam de voc-, como eu

    necessitei. Agora sei que minha famlia tambm precisa de mim.6uando 4asil chamou 'ose, alguns minutos depois, perguntou> /ode me conceder alguns minutos, antes que eu a leve para casa; !im, claro disse ela depressa.

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    le a conduziu pelo corredor, enquanto e%plicava. G& um garoto de oito anos na ala das crian*as. le se recusa a falar e a comer. st& sendo muito

    difcil tentar convenc-lo de que a cegueira no o fim do mundo. (omo aconteceu; le estava brincando com o rifle do pai. Gouve um disparo. 3as teve sorte, conseguiu ficar com

    viso parcial em um dos olhos, apesar de que, por enquanto, nada pode ser garantido. /or 8eus, como ele conseguiu pegara arma;

    +eglig-ncia do pai, eu acho... e depois esperam que eu fa*a milagres aqui respondeu 4asil comvoz rspida. (oloquei o 2ovenzinho num quarto particular at que ele se2a capaz de conviver com outrascrian*as 4asil completou e abriu a porta, conduzindoa para perto de uma cama hospitalar alta.

    A enfermeira murmurou algo e dei%ouos rapidamente, fazendo um leve rudo com suas saiasengomadas. nto 4asil cumprimentou alegremente>

    #l&, (hris. )rou%e uma visita para voc-. #i, (hris come*ou 'ose, mas sua tentativa s$ encontrou como resposta o sil-ncioH seus ouvidos

    sensveis perceberam que a crian*a respirava fundo. !e no fosse isso, podia at pensar que estivessefalando com as paredes.

    3eu nome 'ose tentou ela novamente e mais uma fez foi recebida com sil-ncio. !ei que nosente vontade de conversar muito, mas se no falar alguma coisa eu no poderei reconhec-lo

    novamente. !abe, sou cega, mas aprendi a identificar as pessoas pelos sons de suas vozes.# sil-ncio foi profundo durante alguns momentos, depois uma voz infantil e muito clara disse> u gostaria de estar mortoI +o deve pensar assim, (hris disse 'ose depressa, mas no conseguia dei%ar de lembrar sua

    pr$pria amargura, h& dez anos atr&s. (hris;!il-ncio novamente e dessa vez 4asil interveio com um tom de impaci-ncia na voz> 5amos, 'ose. # 2ovem (hris nos dispensou aos dois.4asil a levou at a casa do pai, em Goughtom. 8irigia em sil-ncio e 2& passava das sete quando freou

    diante da resid-ncia. 8rogaI ele e%clamou, dando um murro na dire*o. # 2ovem (hris no est& respondendo ao

    tratamento e eu me sinto de mos atadas. le precisa de alguma motiva*o. Algo que o fa*a perceber que h& muita alegria na vida. (oncordo com voc-. 3as o que poderia interess&lo; u imagino... ela come*ou, como se tivesse pensado em algo, depois pareceu afastar a idia.

    ntretanto, decidiu arriscarse a fazer uma sugesto> Acha que poderia convencer a diretoria queesquecessem as regras e dei%assem !heba entrar comigo da pr$%ima vez em que eu for visitar (hris.

    !heba, ao ouvir o seu nome, sentouse na parte de tr&s do carro e bufou no pesco*o de 'ose. Acha que ele vai responder melhor a um cachorro; 4asil tinha as suas d"vidas. Ainda no conheci uma crian*a que no responda a um animal. la riu, procurando se afastar do

    focinho frio de !heba que fungava perto de seu pesco*o. Acho que vale a pena tentar 4asil admitiu, mais entusiasmado.

    5ale, sim.le ainda demorou um momento para tomar a deciso, depois disse com firmeza> 5ou ter uma conversa com a enfermeira chefe, amanh, logo cedo, depois telefono para voc-. starei esperando ansiosa 'ose disse e saiu do carro, abrindo a porta de tr&s para !heba descer.

    #brigada pela carona, 4asil.le se afastou depressa e, antes que 'ose desse instru*es para !heba ficar ao seu lado, 3aggie

    apro%imouse rapidamente para encontr&la. st& atrasada, srta. 'ose disse ela um tanto ofegante. squeceu que seu pai tem convidados para

    o 2antar desta noite; #h, cusI 'ose suspirou com ar de culpa. squeci completamente e ele deve estar bem zangado. st& preocupado.

    !im, deve estar ela concordou, cheia de remorso. 5amos entrar pelos fundos e depois voc- mea2uda a vestir qualquer coisa mais apropriada.6uando chegou em seus aposentos. 'ose tomou um banho r&pido e colocou um vestido de noite, de

    mangas compridas, que 3aggie tinha escolhido. A criada a2udoua a fechar o colar de prolas e penteou

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    lhe os cabelos. 8epois parou ao seu lado e a observou com ar de aprova*o, enquanto 'ose passava umbatom nos l&bios. 9sso lhe custara longas horas de treino mas lhe dava muita satisfa*o agora.

    (omo estou; perguntou, num tom um pouco preocupado. Cinda, srta. 'ose. # verde do vestido combina com seus olhos, mas ningum vai notar isso se

    estiverem sempre escondidos atr&s desses $culos escuros.'ose sorriu com tolerBncia e virouse para a porta. !eus movimentos eram confiantes e seguros. Acho melhor ir descendo. /apai deve estar prestes e desmaiarI

    (aminhou lentamente, virou esquerda e seguiu pela escada, segurando levemente o corrimo edescendo at o vestbulo.A 2ulgar pelo volume de vozes, seu pai estava recebendo uma multido naquela noite. la no

    gostava de aglomera*es. !entiase nervosa, mas, por causa do pai, sempre comparecia. Keralmentepedia licen*a para se retirar bem antes de que o primeiro convidado sasse.

    #uviu passos r&pidos que cruzavam o vestbulo e vinham ao seu encontro. /elo amor de 8eus, 'ose, onde voc- andou; 8esculpe, papai. Gavia aquele garotinho e... la mordeu os l&bios e fez um gesto vago com as

    mos. u e%plico depois. 5oc- chegou atrasada para o 2antar, 2& estamos tomando caf na sala de visitas )heodore

    e%plicou, tomandoa pelo bra*o e caminhando com ela em dire*o ao burburinho.

    5&rias vozes familiares a cumprimentaram e ela conversou um pouco, enquanto )heodore lhe serviauma %cara de caf. nto, 'ose notou a presen*a de algum pr$%imo. !eu pai fez as apresenta*es.

    'ose, quero que conhe*a um cliente meu, 3arcus =leming. le diretor da =-ni% ngenharia.3arcus, minha filha 'ose.

    Uma mo forte segurou a de 'ose. 3uito prazer srta. (unningham.Aquela vozI Aquele tom profundo, modulado, com um timbre confiante, tocou em um ponto da

    mem$ria dela. 3as 2& nos encontramos ela disse um pouco espantada e de um modo at violento, se que me

    recordo corretamente. +o corredor que vai para o escrit$rio de )heodore... sim concordou 3arcus =leming com um tom

    divertido na voz. (us, 'ose, foi em 3arcus que voc- bateu naquele dia; perguntou o pai. Camento, mas foi, sim ela admitiu, sentindo que enrubescia. 4em, vou dei%ar voc-s dois conversando para fazerem as pazes. # pai riu e saiu de perto.'ose ficou a s$s com 3arcus =leming, dese2ando por algum motivo misterioso sair correndo dali e

    se esconder em algum lugar. 5oc- me surpreendeu, srta. (unningham. A voz dele era divertida. /or qu-; la tentava controlar o tremor que percorria o seu corpo. =icou surpreso por eu ter

    reconhecido a sua voz; +osso encontro foi to r&pido e ocorreu 2& h& algum tempo.

    5oc- foi rude. u me lembro. =ui;+ovamente havia aquela sugesto de riso na voz dele e ela sorriu em resposta. 4em, no muito. 3as teve l& suas razes, considerando que s$ me faltou chut&lo no cho. Kentileza sua, dizer issoI respondeu ele.la inclinou levemente a cabe*a na dire*o da voz dele. Acho que est& fazendo pouco caso de mim, sr. =leming, e isso no gentil. +o tenho reputa*o de ser gentil ele disse abruptamente. # melhor que posso lhe oferecer

    piedade.'ose sentiu que se encolhia por dentro. +o fa*o ob2e*es gentileza, mas recuso a piedade.

    nto, voc- se considera autosuficiente; 8izendo isso assim, voc- me.faz sentir terrivelmente arrogante. la riu, nervosa. )ento apenasno ser um peso para a minha famlia e meus amigos.

    !eu orgulho fica ferido por precisar depender dos outros;

    L

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    !im... e no. la fez uma pausa, pensando se aquele homem estaria apenas lhe atirando uma iscaou se estaria sinceramente interessado. 8epois continuou> u prefiro me a2eitar sozinha, mas houvepoca em que precisei da a2uda dos outros. sta a parte mais difcil da cegueira. !ou muitoindependente por natureza e gosto de cuidar de mim mesma. la no pretendia dizer tanto, mas as

    palavras, simplesmente, foram saindo. +o sei por que estou lhe dizendo tudo isto. 8eve aborrec-lodemais, mas lhe asseguro que, normalmente, no discuto sobre a minha pessoa com estranhos.

    st& sugerindo que deveramos conversar sobre o clima;

    la sorriu um tanto insegura. 9sso no parece ser do seu estilo. # que a faz ter tanta certeza disso; 5oc- no um homem de falar sobre amenidades 'ose hesitou, imaginando que tinha ido longe

    demais, mas ele permaneceu em sil-ncio, como que esperando e ela continuou> G& um tom deimpaci-ncia em sua voz e isso indica que um homem de a*o e no gosta das frivolidades que parecematrair tanta gente. la hesitou novamente, depois perguntou curiosa> Acertei;

    m cheio. le riu. 'eunies como esta em que as pessoas t-m de ser polidas em demasia ee%igem aten*o e%agerada geralmente so muito aborrecidas.

    5oc- acha que tem de ser atencioso comigo porque um convidado de meu pai; st& pedindo elogios;

    +o... a verdade.'ose ouviu as vozes a distBncia, durante o breve momento de sil-ncio dele. 8epois veio a resposta,

    quase rspida> u no estava sendo atencioso. stava morto de curiosidade.'ose no conseguiu e%plicar por que se sentiu aliviada. no resistiu tenta*o de perguntar> o que vai acontecer agora, que 2& satisfez a sua curiosidade; 5ou lhe servir outro caf. # seu 2& ficou frio disse ele, tirando a %cara das mos dela e

    colocandoa numa mesinha ao lado. u realmente no quero beber nada.3arcus =leming estava de p atr&s dela. /erto demais, 'ose pensou, notando que seu olfato era

    sensvel col7nia dele. A mo forte lhe tocou o bra*o e novamente ela tomou consci-ncia daquelamesma sensa*o que a percorrera no dia em que o encontrou, no corredor do escrit$rio de seu pai.

    Acha que seu pai ficaria aborrecido se sassemos um pouquinho; ele perguntou bem perto do seuouvido.

    'ose sentiu um momento de incerteza, depois disse> le est& ocupado demais, duvido que sinta a nossa falta. nto vamos procurar a paz do 2ardim;la concordou em sil-ncio e dei%ou que ele a guiasse para fora do aposento, at o terra*o. A firmeza

    daquela mo em seu bra*o lhe dava seguran*a. Cogo chegaram aos degraus que levavam ao 2ardimperfumado. le a conduziu at ali com tanta naturalidade que, pela primeira vez, ela sentiuse rela%adana companhia dele.

    !eguiram um caminho que ia at o lago, mas, antes de chegarem l&, 'ose ouviu !heba rosnando echamou o cachorro. !r. =leming, conhe*a o meu mais valioso a2udante ela disse alegremente. !heba, diga al7 para o

    sr. =leming. 4em, muito... interrompeu ele e momentos depois perguntou, espantado> le geralmente d& a

    pata s pessoas; !$ se as acha simp&ticas. 'ose sorriu. !heba tomou o lugar dos meus olhos e, instintivamente,

    pode perceber quando algum me amea*a de algum modo. nto, posso concluir que ele gostou de mim; le lhe deu a honra de lhe estender a pata. /oucas pessoas t-m esse privilgio. G& quanto tempo voc- o tem;

    G& quatro anos. D lindo. D o que me dizem 'ose respondeu sem amargura nem rancor. G& um banco logo ali. 5amos nos

    sentar;

    M

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    5oc- cega de nascen*a; ele perguntou de modo direto, logo depois que se sentaram. +o. la acariciou !heba distraidamente, sentindo que a cabe*a do co repousava em seu colo.

    /erdi a viso h& dez anos, quando tinha doze anos. /or que usa aqueles $culos escuros;la enri2eceu, um tanto ressentida. /or que voc- faz tantas perguntas; /refere que eu evite o assunto da sua cegueira;

    Gavia realmente um tom forte como o a*o naquela bonita voz e ela refletiu cuidadosamente sobre aindaga*o dele, antes de dizer com toda a sinceridade> 5oc- o primeiro homem que conhe*o, alm do meu pai e do dr. 5aughn, que no se sente pouco

    vontade na minha companhia. +o ve2o por que deveria estar pouco vontade. !intome seguro em saber que voc- no pode ver o

    terceiro olho que tenho no meio da testa, o meu nariz quebrado e os meus dentes tortos. +o se2a ridculoI la riu. 5- ele brincou , voc- 2& imaginou um rosto, baseado na minha voz. /osso ser feio como o diabo

    que voc- no vai saber.la nunca tinha encontrado um homem, como 3arcus =leming, que a dei%asse to vontade. 8isse,

    pensativa>

    5oc- me parece interessante. )irou essa frase da minha boca. )irei; # homem geralmente diz mulher que a acha interessante, quando na verdade quer dizer que a

    acha bonita.'ose sentiu uma sensa*o estranha no peito. !er& que era bonita; !eu pai e 3aggie sempre diziam

    que sim. 3as seria verdadeiramente bonita ou eles s$ diziam isso porque a amavam; st& brincando comigo novamente disse, em tom incerto. voc- no respondeu minha pergunta ele falou, o bra*o ro*ando no dela, fazendo com que

    'ose sentisse aquelas fagulhas eltricas novamente. /or que se esconde atr&s daqueles $culos escuros; As pessoas geralmente ficam desconcertadas quando percebem que olho atr&s delas ou pare*o fi%&

    las no nariz ela respondeu sorrindo. A no ser que tenham verrugas no nariz, no sei porque isso deveria incomod&las. #u a voc-.# riso suave e claro dela ecoou pelo sil-ncio do 2ardim enluarado. u nunca tinha pensado nisso desse modo. # que voc- faz o dia todo; 3arcus continuava a question&la e, de repente, 'ose percebeu que

    no se importava com aquelas perguntas. 8e manh eu trabalho em casa, transcrevendo livros em braile, tarde visito os pacientes da clnica

    de olhos, que perderam a viso. nto voc- uma espcie de assistente social em meio perodo; u no me atreveria a descreverme assim corrigiu ela modestamente. /rocuro a2ud&los a se

    adaptarem cegueira. /elo menos tento. )em tido sucesso; 4asil acha que sim. 4asil; # dr. 5aughn ela e%plicou, imaginando por que 3arcus =leming, de repente, ficara tenso ao seu

    lado. le um especialista em olhos. Acontece que tambm o meu mdico, meu patro e tambm umamigo.

    5oc- vai clnica todos os dias da semana; 5ou sempre que necessitam de mim ou quando acho necess&rio passar mais tempo com um

    paciente. o que faz para distrairse;

    le mais parecia um 2ornalista super curioso, ela pensou, achando a situa*o engra*ada e respondeu,sorrindo> Jogo %adrez e ou*o m"sica.

    N

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    # que acha de ir a Gartebeespoort 8am comigo no domingo; /odemos passear de barco no lago efazer um piquenique na hora do almo*o, em alguma sombra.

    # convite foi to inesperado e repentino que, durante um momento, no encontrou palavras pararesponder.

    +o gostou da idia; u nunca estive num barco antes e%plicou hesitante. 4em... no desde crian*a e eu... star& em seguran*a comigo assegurou ele, como se tivesse adivinhado os seus temores. Aceita;

    'ose tinha a sensa*o de que havia chegado um momento importante em sua vida. !e recusasseaquele convite, podia ser que nunca mais se encontrassem. !e aceitasse, isso poderia conduzila a algoque vinha tentando evitar at aquele momento. Gavia algo em 3arcus =leming que o tornava diferentede todos os homens que conhecia. ra algo indefinido, que a sentirse atrada como que por um m. ,apesar do seu bom senso lhe aconselhar que recusasse, havia outra parte que a mandava fazere%atamente o oposto.

    Acho que aceito o seu convite 'ose falou depressa, antes que pudesse mudar de idia. nto, est& combinado. 5enho busc&la domingo, s dez da manh.=icaram no 2ardim mais um pouquinho, mas a noite estava fria e ele resolveu conduzila para dentro.

    !heba, sentindose negligenciada, procurou sua casinha, nos fundos do 2ardim.3arcus =leming no ficou muito tempo mais na casa de 'ose. 6uando a procurou para se despedir,

    ela sorriu. stou ansiosa, esperando pelo domingo, sr. =leming. 3eu nome 3arcus disse ele alegremente, apertando a mo dela e dese2ando> 4oa noite, 'ose. 'ose enrubesceu.

    CAPTULO II

    'ose estava tomando caf, na manh seguinte, quando 4asil 5aughn telefonou, dizendo que tinhaconseguido a permisso para que ela levasse !heba ao interior da clnica.

    )eve alguma dificuldade; ela indagou, curiosa. +o me fa*a perguntas. le riu. )raga o animal esta tarde e reze para que a sua idia d- certo.'ose segurou o telefone com mais for*a> 5oc- parece ansioso. # 2ovem (hris est& sendo alimentado com soro no momento e no estou gostando do 2eito dele

    respondeu 4asil, com voz angustiada. /ara aumentar ainda mais os meus problemas, tive de impedir aentrada da me dele, pois ela estava muito nervosa e poderia pre2udicar ainda mais a crian*a.

    o pai; st& se sentindo o culpado de tudo, naturalmente, mas autorit&rio como o diabo.A frustra*o e ang"stia de 4asil chegaram at ela atravs da linha telef7nica. 'ose franziu as

    sobrancelhas.

    5ou fazer o melhor que puder, 4asil. !ei que far&. le se despediu e momentos depois 'ose desligava o aparelho.8epois daquilo ela no conseguiu comer mais nada. )omou apenas uma %cara de caf e decidiu

    plane2ar o seu modo de agir, pois nunca havia lidado com crian*as.antes e se sentia um tanto confusa./assou o resto da manh se preparando para a visita da tarde. !heba tambm recebeu aten*es> 'ose

    e 3aggie lhe deram um bom banho. 8epois do almo*o, 'ose saiu para o gramado dos fundos e deu umaboa escovada no co. =oi l& que 3aggie a encontrou, quando chegou a hora de sair.

    3eu 8eus, vai ser uma ocasio muito especial para !heba; 5ou lev&lo clnica esta tarde, para conhecer um garotinho ela e%plicou nervosa. 3as, srta. 'ose, se continuar a escov&lo assim, seu pelo vai cair brincou 3aggie.A mo*a parou com a escova e passou as mos sobre as costas de !heba.

    st& bonito; le sempre est& muito bonito. 3aggie riu. /osso colocar a coleira, enquanto voc- se apronta; !im, por favor, 3aggie. 'ose sorriu, ficando de 2oelhos. (uide para que ele no se su2e,

    enquanto vou l& dentro lavar as mos e tirar este avental.

    O

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    3enos de meia hora mais tarde, 2& na clnica, 'ose se sentia muito ansiosa, ao descer do carro com!heba.

    Acho que vou demorar ela avisou 3aggie, que estava dirigindo. u esperarei 3aggie garantiu. !empre trago comigo um bordado, para me distrair.'ose sorriu levemente e segundos depois se encontrava na escada, com a enfermeira encarregada da

    recep*o. # dr. 5aughn me pediu que a levasse at a crian*a assim que chegasse, srta. (unningham.

    #brigada. /ode ir na frente que !heba a seguir&.la estava tr-mula quando parou ao lado d& cama de (hris. ra muito importante que tivesse sucessoe procurou controlar os seus nervos.

    (hris; ela murmurou, mas no ouviu nada, a no ser a respira*o deleH seu cora*o come*ou abater com mais for*a. D 'ose. Cembra de mim; J& estive aqui e ho2e trou%e um visitante especial. +enhuma resposta. Arriscando a sua cartada final, ela disse suavemente> !heba, d- um grandeal7 para(hris.

    !heba no precisou de outro incentivo. !abia o que significava um 0grande0 al7. Catiu duas vezes e osom ecoou pela enfermaria.

    A respira*o da crian*a logo se alterou, tornandose um pouco agitada. nto para seu alvio, 'oseouviu uma vozinha fraca e incrdula murmurando>

    D um cachorroI !im. !heba um cachorro e%plicou ela, fazendo figa e rezando para que tudo desse certo. D um

    co guia e todos dizem que lindo, mas eu s$ sei que tem um p-lo muito macio hesitou um pouquinho,esperando a rea*o da crian*a e depois prosseguiu> Kostaria de passar a mo nele;

    Gouve um momento de sil-ncio e depois (hris perguntou, surpreso> /osso; (laro que pode 'ose respondeu logo. m p, !hebaI!heba obedeceu, ficando em p e colocando as patas dianteiras sobre a cama. 'ose pegou a mo de

    (hris e a guiou at a cabe*a do co. # nariz dele est& molhado ele comentou. 5e2a como as orelhas so macias. 'ose riu, conduzindo a mo do garotinho e !heba dei%ou que

    suas orelhas fossem acariciadas. D o seu cachorro; ele perguntou depois de algum tempo. !im. la ainda no acreditava no sucesso que estava tendo. !heba um cachorro muito especial. /or qu-; /orque um co guia. o que um co guia; le me leva onde eu quero ir e cuida para que eu no esbarre nas coisas, no caia das escadas e

    coisas assim. !abe, !heba assumiu o lugar dos meus olhos. Uma vez eu vi um filme de um cachorro que a2udava um homem a atravessar a rua (hris disse.

    !heba sabe fazer isso;

    #h, sim. le observa os sinais de trBnsito para mim e, quando est& verde, me a2uda a atravessar arua com toda a seguran*a. le usa uma daquelas coleiras especiais para voc- segurar; !im, usa sempre. Gouve um pequeno sil-ncio e ela ouviu (hris suspirar. nto indagou> 5oc-

    est& cansado; !im ele disse bai%inho. nto, vou sair 'ose murmurou, ordenando a !heba que tirasse as patas da cama. 'ose; !im, (hris;!eguiuse um sil-ncio desagrad&vel e ento ele perguntou> 5oc- vai voltar;

    5oltarei amanh respondeu 'ose, com o cora*o pulando de alegria. !heba;

    1P

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    )ive de conseguir uma permisso especial para traz-lo ho2e, mas, se melhorar depressa, o dr.5aughn dei%ar& que voc- v& ao 2ardim e eu trarei !heba todos os dias. la segurou a mozinha dele eapertou com for*a. st& bem;

    st& bem.'ose caminhou alegremente pelos corredores e, ao chegar no carro, 3aggie disse em tom acusador> 5oc- est& chorandoI #hI ela e%clamou surpresa e com a voz embargada. Acho que sou uma boba.

    # garotinho est& muito mal; 3aggie indagou, enquanto dava partida no carro. +o est& doente, apenas amargurado e com muito medo, eu acho. 6uando aconteceu com voc-, tambm ficou com muito medo; 3uito medo 'ose admitiu, mordendo o l&bio. u parecia uma morta e viva no come*o, mas

    depois, aos poucos, ficou mais f&cil de suportar. nto como comer ab$bora, quando se crian*a. +o come*o o gosto horrvel, mas, medida

    que a gente fica mais velha, 2& no parece to ruim. 9sso mesmo. 'ose riu, recostandose no assento e procurando rela%ar os m"sculos.

    la ainda estava em d"vida quanto ao seu sucesso, ao receber o telefonema de 4asil naquela noite. Achei que gostaria de saber que o 2ovem (hris 2antou muito bem ele disse. quando eu o vi, h&

    poucos minutos, ele me perguntou quando poderia se levantar e ir ao 2ardim para brincar com !heba. #h, 4asil... 'ose estava engasgada de tanta emo*o e durante um momento no conseguiu falar.

    8epois, mais calma, anunciou> stou to contenteI Algumas vezes eu penso no que faria sem voc-. 4asil riu e 'ose percebeu que ele tambm estava

    satisfeitssimo. 5oc- encontraria outra pessoa. stou to contente que vou at lhe dar uma gratifica*o no fim do m-s. #h, no. /or favor, no se preocupe com issoI nto vou guard&la para o +atal. le riu e se despediu> 4oa noite, 'ose.la desligou o aparelho e voltou para a sala. !entiase to contente com o resultado da visita ao

    2ovem (hris que, quando !heba se apro%imou, deulhe um grande abra*o. +$s conseguimos, !hebaI +$s conseguimosI falou suavemente e o animal ganiu bai%inho, como

    se soubesse e%atamente do que ela estava falando.

    5oc- no est& prestando aten*o acusou o pai, mais tarde, quando os dois 2ogavam %adrez notabuleiro que tinha sido feito especialmente para ela. u acabei de comer o seu peo e meu bispo est&colocando o seu rei em %eque.

    u 2& esperava que fosse fazer isso. la sorriu. Agora vou mover a minha torre de modo aproteger o rei e acho que lhe dou um %equemate.

    (us... )heodore caiu na gargalhada. 8roga, 'ose, voc- pelo menos podia me dei%ar ganharalgumas vezes.

    la afastou a cadeira e, com os olhos to claros quanto duas esmeraldas, pareceu observar o teto comar distrado. )inha sido um dia cheio e sentiase cansada, mas satisfeita. #uviu o pai se movimentando eo rudo de copos. 6uase sempre terminavam a noite daquele 2eito> com um gole de porto e umaconversinha, antes de irem para a cama. ra um ritual agrad&vel, que nunca perdiam.

    # seu vinho )heodore disse e ela sentiu que o c&lice era colocado em sua mo. #brigada, papai. Cevantou o c&lice e cheirou levemente o lquido. 8epois tomou um gole.

    Gum... um vinho muito bom. st& ficando esperta demais. # pai brincou, enquanto se sentava diante dela. =aleme sobre 3arcus =leming pediu ela, casualmente. G& quanto tempo o conhece;!e )heodore ficou surpreso com aquele pedido, no demonstrou nada, comentando apenas> (onhe*o 3arcus h& dois meses, mas conheci bem o tio dele, Qilliam =leming, muito bem mesmo.

    stou cuidando dos problemas legais da =-ni% ngenharia h& oito anos. Qilliam morreu h& dois meses e3arcus assumiu a diretoria. Qilliam sempre falou muito bem do sobrinho. !$ isso; 'ose indagou um pouco desapontada quando o pai ficou em sil-ncio. # que mais quer saber; )heodore disse, rindo.

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    )udo o que der para saber sobre ele. 4em, dei%eme ver. 3arcus tem trinta e cinco anos e 2& visitou quase todos os pases do mundo.

    =ala sete lnguas e 2& foi piloto de carros de corrida, mas desistiu desse esporte quando um dos seusamigos morreu na pista. Joga)uahmuito bem, gosta de iatismo e de escalar montanhas. Acredito que muito bom tambm em carat-. !ei que agrada as mulheres, porque minha secret&ria fica muitoanimada quando ele est& por perto e tenho certeza de que nunca lhe falta companhia feminina. 'osesentiu que ficava confusa e o pai indagou de repente> /or que est& to interessada;

    la tomou o resto do vinho e balan*ou o c&lice entre os dedos. le me convidou para irmos at Gartebeespoort 8am, amanh. (ompreendo. # rel$gio bateu sobre a lareira. voc- aceitou; Aceitei, mas agora que voc- me falou sobre ele, penso que no fiz a coisa mais certa. /ode levar !heba para proteg-la )heodore sugeriu, rindo. # problema que !heba gosta dele ela respondeu, rindo tambm. #h, cusI +o ria, papai ela disse em tom amea*ador. # assunto srio. !rio; /or que um homem como 3arcus =leming iria se importar comigo quando deve haver um monto

    de garotas brigando pela companhia dele;

    /elo amor de 8eus, 'ose o pai e%plodiu. por que ele no iria se importar com voc-; D muitoatraente e posso lhe garantir que tem tudo nos lugares certos. le ficou em sil-ncio durante algumtempo, depois disse rspido> sperava que voc- desse uma risada.

    3as ela continuava sria. /ara um homem com uma vida to ativa, a companhia de uma garota cega pode ser muito

    aborrecida. 'ose o pai interrompeu, impaciente , 3arcus convidou voc- s$ para sair com ele... mais nada.

    8ei%eo decidir se sua companhia aborrecida ou no. 8epois, poder& ser tarde demais. )arde demais para qu-; (omo vou saber; ela respondeu, meio irritada, colocando o c&lice vazio sobre uma mesa ao lado

    da poltrona e levantandose. (aminhou at a 2anela e abriua recebendo um sopro de ar fresco. stiveconversando l& fora com ele ontem. #s meus encontros no sobrevivem a mais do que um primeiro

    passeio. )odos se sentem pouco vontade comigo e sei disso, mas 3arcus =leming diferente. st& com medo de se apai%onar por ele; disse o pai, indo para 2unto dela, na 2anela.'ose sentiu um pequeno susto. Ainda no tinha passado pela sua cabe*a a idia de se apai%onar por

    3arcus =leming, mas, sim, de se envolver profundamente com ele. !er& que era tudo a mesma coisa;la se sentia confusa e respondeu depressa>

    u seria muito tola se me apai%onasse por ele. Kostaria de v-la casada, 'ose o pai comentou calmamente, passando o bra*o pelos ombros dela.

    Kostaria de saber que, quando eu no estiver mais aqui, haver& algum para cuidar de voc-.

    /osso cuidar de mim mesma. !im, voc- muito independente, mas eu gostaria de v-la casada do mesmo 2eito. Assim, teriaalgum para control&la.

    +o preciso ser controladaI +o vou discutir com voc-, querida. # pai riu e a bei2ou rosto. 5amos dormir.

    'ose fez uma r&pida visita clnica, na manh de domingo, e encontrou (hris mais alegre. leparecia bem mais forte e a enfermeira disse que, se o menino continuasse a se recuperar daquele 2eito,poderia sair da cama nos pr$%imos dias.

    5oc- no vai esquecer a sua promessa de vir me visitar todos os dias; indagou ele, quando elaestava prestes a sair.

    +o vou, no garantiu 'ose e murmurou> At amanh, (hris.=oi para casa sentindose muito contente com a recupera*o dele. 3al tinha chegado quando 3aggiesubiu para avis&la de que 3arcus =9eming estava esperando l& embai%o.

    8esceu um tanto nervosa. Ao chegar ao vestbulo, ele se apro%imou e lhe segurou as mos.

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    (heguei um pouco cedo. +o tem importBncia ela disse depressa, percebendo que se sentia perturbada por ele toc&la de

    um modo to informal. st& pronta para sairmos;la fez que sim e, momentos depois, estava sentada em seu carro. )ocou o banco e sentiu que era de

    uma forra*o macia, cara e lu%uosa. le deu a partida. st& guiando muito depressa ela disse minutos depois.

    !im. 9sso a preocupa; +o quando sinto que o motorista sabe o que est& fazendo. # que, obviamente, o seu caso. # dia est& perfeito para um piquenique. +o h& nenhuma nuvem no cu. u nem perguntei... ela disse, em tom de desculpa. 8evia ter trazido algo para comermos no

    almo*o; Go2e voc- minha convidada e (arlo sempre prepara um almo*o perfeito. (arlo; (arlo 5icente o dono de um restaurante em GillbroR tambm um velho amigo meu 3arcus

    e%plicou.'ose ficou em sil-ncio e pouco conversaram durante a viagem de quase uma hora at o lago. 3as

    no foi um sil-ncio desagrad&vel, apesar de ela sentirse o tempo todo perturbada pela presen*a dele ao

    seu lado. +o estamos longe do local onde o barco est& ancorado disse ele ao estacionar e descendo para

    a2ud&la. # barco seu ou voc- o alugou; 'ose dei%ou que ele lhe tomasse o bra*o e a orientasse pelo

    caminho que beirava a &gua. D de um amigo. 5oc- tem muitos amigos; perguntou ela, em tom de brincadeira. 3uitos ele respondeu r&pido, apertandolhe o bra*o com firmeza. G& tr-s degraus avisou.num

    tom de voz srio.'ose desceu sem dificuldades e caminhou por uma plataforma de madeira, ouvindo o som da &gua

    debai%o de seus ps. spere aqui 3arcus disse, colocandolhe as mos sobre um corrimo de madeira que ela apertou

    nervosamente.le se afastou e ela ouviu que 2ogava alguma coisa na &gua. 8evia estar levantando a Bncora e sentiu

    respingos de &gua nos ps. 3arcus; chamou, nervosa, sentindo que seu corpo ficava tenso, sem saber o que aquele homem

    esperava dela. J& vou ele disse e momentos depois ela sentiu suas mos tomadas e afastadas um pouco do

    corrimo. /ercebeu que ele estava de p sobre algo mais bai%o do que a plataforma de madeira esegurava a sua cintura, avisando> /onha as mos nos meus ombros para se apoiar. 5ou levant&la ecoloc&la no barco.

    'ose engoliu em seco, nervosa, e sentiuse gelada, apesar do sol. scorregou as mos sobre osbra*os musculosos dele, chegando at os ombros e viuse levantada no ar, como se no pesasse nada.8epois foi colocada sobre algo que balan*ava suavemente.

    !e der um passo para tr&s, encontrar& um banco ele disse e ela, com o cora*o batendofortemente, ainda agarrada aos seus ombros, sentiu a beirada do banco 2unto s pernas. nto, tr-mula eagradecida, sentouse.

    # barco pareceu balan*ar perigosamente quando ele foi para o lado dela, mas 'ose permaneceurgida, resolvida a no demonstrar seu nervosismo e ansiedade. nto, ouviuo dizendo alegremente>

    +o foi to ruim, foi; +o... no foi respondeu, sentindo que estava com o cora*o na garganta. (erto, ento vamos embora.

    # motor roncou e 3arcus come*ou a dirigir o barco sobre o lago. +o come*o, os movimentos e orudo a dei%aram arrepiada, mas tentou rela%ar e afastouse um pouquinho dele. 9mediatamente uma molhe tocou no bra*o> st& tudo bem;

    Acho que sim.

    1@

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    8evo ir mais depressa; !e quiser. la cerrou os dentes com for*a e sentiu que o rudo do motor aumentava. =or*ouse a

    ficar sentada, calma, e, de repente, esqueceuse de tudo, percebendo apenas o sol e o vento sobre a pele eos respingos de &gua no rosto. !entiase livre, solta e curiosamente viva. 9sto fant&sticoI gritou. Cembrome de uma vez, no lago Sariba, quando...

    6uando o qu-; ele indagou, quando ela parou de repente. +o tem importBncia ela gritou, procurando afastar da lembran*a a "ltima ocasio em que a

    famlia tinha estado reunida> o pai, a me e ela, num barco no lago Sariba, rindo, felizes, sem saberemque a tragdia os aguardava dali a alguns dias. !ei de um lugar sombreado aqui perto 3arcus interrompeu suas recorda*es daquele dia quente,

    sem nuvens, h& anos atr&s. 3inutos depois o barco parava suavemente.# sil-ncio era total. le amarrou o barco, erguendoa e colocandoa numa plataforma de madeira

    semelhante primeira. 8epois, sentados sobre uma esteira debai%o da sombra de uma &rvore, ela sentiuque a lembran*a daquele dia, no seu passado, voltava novamente. Um dia em que o mundo pareceue%plodir ao seu redor.

    (omo aconteceu; 3arcus indagou, quase como que se lesse os seus pensamentos. 3inha me e eu est&vamos voltando para 4ulaRaTo depois de passarmos alguns dias com uns

    amigos numa fazenda. Uma granada foi atirada no carro e mame morreu no mesmo instante. u estava

    deitada no banco de tr&s, lendo um livro, e s$ me lembro de ter acordado num hospital com uma dor decabe*a que me dei%ava cega.

    Uma granada de mo 3arcus disse, entendendo imediatamente a situa*o. /apai no p7de mais ficar na 'odsia depois daquilo e viemos para a frica do !ul, para

    Joanesburgo, e eu comecei a freq?entar a escola para cegos, em Qorcester. la no sabia por queestava lhe contando tudo aquilo, mas sentia um estranho alvio, agora que dividia com ele as suaslembran*as. !orriu, preocupada, e disse> Agora 2& sabe tudo a meu respeito.

    +o tudo ele respondeu e, de repente, ela o sentiu muito pr$%imo, sobre a esteira. )ire os $culos.A princpio, 'ose ficou espantadaH depois, lentamente, tirou os $culos escuros e colocouos no colo.

    la no pensava neles como seu esconderi2o, mas, naquele momento, sentiuse estranhamente e%posta. u tinha uma intui*o de que seus olhos eram verdes ele disse, finalmente. )inha; ela procurou falar tranq?ilamente, afastando o rosto dos dedos dele que lhe tocavam a leve

    cicatriz sobre a t-mpora esquerda. +o fa*a issoI ordenou ele, rispidamente, segurando a mo dela, que tentava recolocar os $culos.

    +unca mais use estes $culos quando estiver comigo. +unca mais; la sorriu. 5oc- parece estar com inten*es de passar uma por*o de tempo

    comigo, no futuro. faz alguma ob2e*o a isso; /oderia fazer disse ela, sentindo dedos fortes sobre o seu pulso e uma onda de aborrecimento

    transparecer na voz dele. /or qu-; 3arcus indagou, rspido.

    )enho minhas razes. +o fale assim, 'ose. 5amos logo com isso e diga quais so as suas razes.la se sentiu apanhada numa armadilha. 3as, se ele queria a verdade, teria a verdade> +o quero me envolver seriamente.Gouve um momento de sil-ncio e depois ele perguntou srio> (omigo, em particular, ou com qualquer um, no geral; stava me referindo aos homens em geral. la pu%ou a mo, que ele largou imediatamente. !ente repulsa pelos homens; /elo amor de 8eusI 8eduzo que sua resposta no. +o sente repulsa pelos homens. nto s$ posso chegar

    concluso de que voc- tem a idia maluca de que aborrece os homens.

    3arcus tinha atingido o ponto certo antes que ela pudesse falar qualquer coisa. Acha essa idia assim to maluca; 8ei%e que eu decida isso sozinho, sim; ele repetiu as mesmas palavras que o pai lhe dissera, na

    noite anterior.

    1F

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    Acho que no posso dei%ar voc- fazer isso.Um sil-ncio tenso e desagrad&vel pairou entre eles e 'ose o ouviu suspirar, quando ele disse> +o estou pedindo muito. 5amos apenas viver um dia de cada vez e o tempo dir& o que vai

    acontecer. As mos dele estavam em seus cabelos e ela sentiu um arrepio nas costas. +o queromago&la, 'ose. Antes que isso aconte*a eu sairei de sua vida... se o que quer.

    la continuou sentada, parecendo perfeitamente calma, tentando analisar os sentimentos tumultuadosque a dominavam. nto disse, com voz levemente rouca>

    6ue tipo de homem voc-; Um homem comum. +o momento, um homem muito faminto. le riu e se afastou um pouquinho,dei%andoa respirar mais livremente. 5amos almo*ar;

    !im, por favor. # que ser& que temos aqui; ele perguntou, alegre, e ela ouviuo reme%er numa cesta. Kalinha,

    tomates, pezinhos, quei2os e biscoitos... duas ta*as e ele riu ...champanhe. (hampanhe; ela perguntou, incrdula. u no acreditoI scute ele disse e 'ose ouviu rudo de papel, seguido pelo som de uma rolha que estourava. D champanhe, mesmo ela e%clamou, rindo. # que que estamos comemorando; 6uem se incomoda com isso; colocou um c&lice na mo dela. 5amos brindar ao futuro. Ao futuro repetiu ela e as bolhas fizeramlhe c$cegas no nariz quando ela levou a ta*a aos l&bios.

    'ose 2& tinha superado, h& muito tempo, o embara*o de comer diante de estranhos, mas, com 3arcus=leming, sentiase muito mais vontade do que com qualquer outra pessoa. Almo*aram em sil-ncio eela aceitou uma segunda ta*a de champanhe.

    m que est& pensando; ele perguntou de repente, ao v-la distrada. stava pensando que lhe contei tanto sobre mim mesma, mas no sei nada sobre voc-. # que gostaria de saber; (onteme como voc- . u 2& contei. )enho tr-s olhos e um... #h, 3arcus, estou falando srio. la riu. 6ual a cor dos seus cabelos; (astanhos bem escuros, quase pretos. os seus olhos; Azuis. voc- alto... 2& notei isso disse ela, tentando visualiz&lo, mas sem conseguir. Um metro e oitenta.=icaram novamente em sil-ncio e, de repente, parecia no haver mais nada a ser dito. la apalpou o

    rel$gio. )r-s horas. 3ais tarde do que havia imaginado. +o hora de voltarmos; sugeriu, hesitante, pensando na viagem de volta a Joannesburgo. 5oc- est& chateada; le disse em tom acusador. +o ela protestou, depressa. #h, no, por favor, no pense nisso. nto, por que est& com pressa; u... pensei que talvez voc- estivesse aborrecido.

    st& mentindo. 8e repente voc- parece ter ficado com medo de mim, por algum motivo. +o se2a presun*oso afirmou, mas no podia negar a si mesma que ele parecia estar lhe enviandovibra*es muito perturbadoras.

    +o minta para mim, 'ose ordenou ele, apro%imandose perigosamente dela. 8iga a verdade. u... nunca conheci ningum como voc- ela se viu dizendo, indecisa, e sentiu vontade de se dar

    uns tapas por estar admitindo aquilo. # que h& de to diferente em mim; u no sei. Kostaria de poder e%plicar. D algo indefinido, igual a fagulhas de luz que surgem quando duas pessoas se encontram ele no a

    tocava, mas sua voz era como uma carcia lenta, passando por ela como um sopro macio, fazendoaestremecer. 5oc- tambm sentiu isso, no foi;

    3arcus... la estava confusa e encantada e, de repente, sentiu um dese2o desesperado de v-lomentalmente. 5oc- me dei%aria v-lo... isto , do meu 2eito; Achei que voc- nunca ia pedir. le riu bai%inho e, segurando as mos dela, levouas at o seu

    rosto.

    1

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    #s dedos sensveis de 'ose tocaram a princpio levemente os cabelos dele, depois e%ploraram a testalarga, as sobrancelhas retas e grossas e pararam por um momento sobre as suas p&lpebras fechadas.8epois desceram para a face. # rosto era fino, a pele &spera, as ma*s salientes, um quei%o cheio dedetermina*o. #s dedos dela tremiam quando chegaram aos l&bios. # inferior era um pouco mais cheioque o superior e se movimentaram sobre a mo dela como que num bei2o, fazendoa afastarse depressa.

    4em; ele indagou alegremente e ela sentiu que enrubescia. 5oc-... voc- tem tra*os firmes ela respondeu, um tanto encabulada.

    8iria que um rosto agrad&vel; ele perguntou, rindo. 3uito agrad&vel, eu acho. 3as o seu espelho pode lhe dizer isso melhor do que eu.le respirou fundo e de repente ela sentiu as mos de 3arcus segurando o seu pesco*o, enquanto ele

    avisava, brincalho> 'ose, vou bei2&la.spantada e em sil-ncio, ela sentiu que uma fraqueza estranha lhe invadia o corpo ao mesmo tempo

    em que ele a empurrava para tr&s, sobre a esteira macia. !eus l&bios se abriram sob a presso dos dele.la 2& tinha sido bei2ada antes, mas nunca daquele 2eito, com aquela intimidade que fazia todos os nervosdo seu corpo corresponderem e se tornarem mais vivos. #s bra*os de 3arcus a seguravam com for*a,tornando in"teis seus esfor*os para tentar afastarse. quando, finalmente, ele a soltou, o cora*o de'ose batia com tanta for*a que ela mal conseguia respirar.

    +o fa*a isso de novo disse ela, sentandose e afastando os cabelos do rosto .+aquele instante estava zangada. 3as zangada consigo mesma e no com 3arcus. Assim, no era de

    se espantar que ele entendesse tudo erradoH foi com uma voz fria e controlada que respondeu> 5oc- estava certa. D hora de irmos embora.

    CAPTULO III

    'ose no conseguia e%plicar por que se sentia gelada, apesar do sol forte que batia em seu rosto./ermaneceu sentada, quieta, no barco, ao lado de 3arcus, enquanto voltavam. le estava zangado e eladese2ava darlhe uma e%plica*o razo&vel a respeito das suas emo*es, mas no conseguia encontrar as

    palavras certas. 'oseI Uma voz levemente arrogante interrompeu seus pensamentos, quando ela desembarcou

    sobre a plataforma de madeira. 6ue coincid-ncia encontrar voc- aquiIAquele encontro dei%ou 'ose ainda mais irritada. Al7, 5era. +o vai me apresentar o seu amigo; a mo*a e%igiu num tom petulante e 'ose suspirou, cansada.

    la 2& tinha problemas suficientes mesmo sem aquele encontro com 5era. 3arcus, esta 5era !inclair. 5era... 3arcus =leming. (omo tem passado, srta. !inclair 3arcus disse, calmamente. #h, por favor, no se2a to formal, 3arcus 5era pediu com uma risada sedutora. 'ose e eu

    somos amigas e vizinhas h& anos, portanto, claro que nos veremos novamente. !em d"vida 3arcus respondeu e parecia estar sorrindo tambm.Algumas vozes impacientes chamaram 5era do outro lado do estacionamento e ela disse, relutante> #h, bem... espero v-los em breve.Ainda ouviu vozes e risos, antes que 3arcus desse a partida no carro com toda a viol-ncia e sasse

    cantando os pneus. la sua amiga; perguntou 3arcus alguns minutos depois, 2& no caminho para Joanesburgo. u no diria e%atamente que uma amiga. +$s nos conhecemos desde que mudamos para a casa

    vizinha dela, mas no temos nada em comum, a no ser o fato de a me dela trabalhar com obras decaridade a favor dos cegos.

    nto no pode, simplesmente, dese2ar que 5era suma da sua vida ele comentou secamente, 2&

    percebendo que ela no apreciava muito a outra. +o devo nenhuma obriga*o a ela 'ose respondeu, cansada, e novamente caram em umprofundo sil-ncio at chegarem em casa.

    1L

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    3as ela se sentia culpada pelo seu comportamento e, agora que estavam chegando, dese2avadesesperadamente aliviar a tenso que surgiu entre ambos.

    3arcus, voc-... u no vou entrar, se voc- no se importa ele interrompeu o come*o hesitante do convite de 'ose,

    ao mesmo tempo em que lhe largava o bra*o, 2& no porto da casa. )elefono para voc- qualquer hora.la tentou dizer alguma coisa, mas no conseguiu. #uviu ento a porta do carro dele bater. 3arcus

    deu a partida e foi embora.

    0)elefono para voc- qualquer hora0, ele tinha dito, mas 'ose intua que aquilo no ia acontecernunca. !uspirou e entrou, decidida a fazer de 3arcus =leming um captulo encerrado de sua vida eesquec-lo como mais uma e%peri-ncia desagrad&vel.

    'ose no ficou surpresa quando 5era apareceu na manh seguinte, bem cedo. # interesse dela por3arcus tinha sido muito $bvio e ela sorriu para si mesma com um leve cinismo quando ouviu a outraentrando em sua sala de trabalho.

    Al7, 'ose, sou eu... 5era. 5im ver como voc- est& passando esta manh. 5erdade; e%clamou, fingindo surpresa e se recostando na cadeira, alisando as costas de !heba.# co nunca tinha simpatizado com 5era e sempre dava um rosnado bai%o quando a mo*a se

    apro%imava, antes que 'ose reconhecesse os passos da outra.

    #nde diabos voc- encontrou aquele lindo peda*o de homem com quem estava ontem; disse,sentandose.

    la assim mesmo, vai direto ao ponto, 'ose pensou. le bonito; indagou, cheia de curiosidade. #h, 'ose, se ao menos voc- pudesse v-loI 5era e%clamou com um suspiro de -%tase. 8epois

    desculpouse. Camento... foi indelicado da minha parte. /elo amor de 8eus, 5era, 2& passei h& muito tempo da fase de me importar com esses coment&rios

    e voc- sabe disso. !im, claro. A cadeira fez um rudo e ela percebeu que 5era tinha se levantado. 4em, eu s$

    passei aqui para avisar... se algum dia ficar cansada de 3arcus =leming, querida, 2ogueo para mim.5era saiu rindo e fechou a porta do corredor.'ose respirou fundo e, de repente, sem saber por qu-, estava rindo. ainda ria quando 3aggie lhe

    trou%e o caf. # que a srta. 5era queria; 3aggie indagou, cheia de suspeitas. 6ueria saber mais sobre 3arcus =leming. Aquele sr. =leming... u sei, 3aggie, ele um belo peda*o de homem. 6uem lhe disse isso; 3aggie perguntou, rspida. 5era. 'ose riu. la ficou em -%tase diante dele. 5ai v-lo novamente;'ose, de repente, ficou sria e me%eu na %cara.

    Acho que no. 6ue penaI3aggie saiu da sala sem mais coment&rios e 'ose sentiuse ine%plicavelmente desanimada.

    +aquela semana e na seguinte, 'ose teve pouco tempo para pensar em si mesma ou em 3arcus=leming. (hris )hompson estava se recuperando rapidamente e ela teve de dividir o seu tempo com ele ev&rios outros pacientes da clnica, fazendo refei*es leves e permanecendo l& at que 4asil pudesse lev&la para casa.

    =elizmente a presso diminuiu no fim dessa semana. stava em sua sala de trabalho quando !hebaentrou, todo animado. 8esligou o gravador e tirou os fones do ouvido.

    !heba; indagou, imaginando por que o co dese2aria dar um passeio quela hora da manh. nto,

    percebeu que havia outra pessoa na sala e perguntou, preocupada> 6uem est& a; 3arcus veio a resposta r&pida. !ou bemvindo; !im, claro ela disse, depressa, seu cora*o pulando violentamente ao ouvir que ele cruzava a sala

    e pu%ava uma cadeira pr$%ima.

    1M

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    /arece que nos separamos um tanto aborrecidos um com o outro, naquele dia. =oi minha culpa ela disse em tom de desculpas. /enso que foi minha, porque tomei certas liberdades V corrigiu ele, num tom de voz suave e alegre. 3arcus... la estendeu as mos na dire*o dele, num gesto silencioso de apelo e sentiu um calor

    invadir o seu cora*o quando os dedos dele seguraram os seus. u e%agerei um pouco ele disse bai%inho. !er& que permite que eu recomece, se prometer ir com

    calma;

    la sorriu mais e em resposta indagou> Aceita tomar um ch& comigo; !e aceitar 2antar comigo esta noite. Camento, mas no posso. ra verdade, lamentava mesmo. /rometi a um garotinho l& da clnica

    ir visit&lo esta noite e no posso desapont&lo. nto, eu a levarei e depois 2antaremos ele ofereceu, sem hesita*o, mas 'ose ainda se sentia

    insegura com rela*o a ele, por causa do modo como 3arcus a havia tratado antes. +o posso abusar de voc- desse 2eito disse simplesmente e sentiu que ele retirava as mos que

    seguravam as suas. /or que no diz, simplesmente, que no quer 2antar comigo e esquece as desculpas; +o foi isso o que... eu...

    Al7 genteI Uma voz alegre interrompeu a e%plica*o de 'ose. )em algum em casa; Aqui, 5era. 'ose chamou, desconsolada, alisando depressa as costas de !heba, que tinha

    come*ado a rosnar. u s$ passei por um momento para... la parou na porta e deu a risada familiar. 3eu 8eus, eu

    nem imaginava que aquela Camborghini estacionada l& fora fosse sua, 3arcus. 4om dia, 5era. 3arcus levantouse.Gouve um sil-ncio r&pido durante o qual 'ose deduziu que os dois se olhavam e ento ouviu os

    passos de 3aggie entrando. (h&, srta. 'ose; #brigada, 3aggie. /ode dei%ar que eu sirvo, 3aggie 5era se ofereceu.5era se sentia muito vontade brincando de anfitri e conversou sem parar na meia hora seguinte,

    dirigindose sempre a 3arcus e quase esquecendo de 'ose. nto, depois de uma leve pausa, indagoucasualmente>

    /or que voc-s dois estavam to srios quando entrei aqui;Gouve um sil-ncio desagrad&vel e 3arcus respondeu, pouco vontade> u estava tentando convencer 'ose a ir 2antar comigo esta noite. #h, 'ose tem esse problema, quando se trata de 2antar fora... ela nunca se sente muito vontade

    5era disse, mentindo, e antes que a outra pudesse protestar come*ou a rir. 3as se voc- precisa decompanhia, lembrese de que moro na casa ao lado.

    nto, aceita 2antar comigo esta noite; 3arcus indagou, surpreendendo 'ose e fazendoa cair

    num sil-ncio depressivo. 6ue ningum tente me impedirI 5era riu sem hesitar. 3uito bem, ento passo para apanh&la s sete... e agora vou seguir o meu caminho. 3arcus

    levantouse e cruzou a sala. #brigado pelo ch&, 'ose. u tambm 2& vou, portanto, acompanhoo at a porta 5era disse depressa. )chau, 'ose, ve2o

    voc- qualquer hora.A mo*a continuou sentada em sua mesa de trabalho, como se estivesse petrificada. C& no fundo de

    sua alma sentia uma dor incrvel e uma profunda raiva. 6uem se importava com 3arcus =leming; lepodia fazer o que quisesse e ela no tinha nada a ver com o comportamento dele. Cevantouse, agitada, etrope*ou na cadeira que 3arcus, descuidado, dei%ara no caminho. nto, de um modo descontrolado,a2oelhouse no cho e chorou como se fosse uma criancinha de quem algum tomara um brinquedo.

    +aquela tarde ela foi clnica e noite ficou com (hris, mas no conseguiu se concentrar naconversa, pois s$ pensava em 3arcus e 5era 2untos, 2antando em algum lugar. Um convite queinicialmente tinha sido feito a ela.

    1N

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    #h, drogaI murmurou para si mesma ao sair da enfermaria onde estava (hris. =ique fria, 'ose(unningham. 5oc- est& obcecada por 3arcus =leming e isso a pior coisa que podia acontecer.

    # que est& acontecendo; 4asil perguntou, rindo e segurando o bra*o dela enquanto desciam aescada. u nunca soube que voc- falava sozinha.

    Acho que estou ficando velha. la sorriu. 4obagem. # que precisa de uma %cara de ch& bem forte, antes de irmos para casa.A caminho de sua sala ele pediu um ch& que logo foi servido. +a companhia encantadora de 4asil e

    com aquele ch& forte, 'ose sentiuse mais rela%ada. (onseguiu at esquecer 3arcus e 5era, enquanto oamigo lhe contava algumas passagens engra*adas acontecidas com os pacientes dele.# pai ainda estava acordado quando ela chegou em casa uma hora depois e, pela primeira vez em

    muitos anos, 'ose recusou o c&lice de vinho que ele lhe oferecia, indo direto para o quarto e dei%ando)heodore espantado na sala de visitas.

    5oc- parece bonita (hris disse na tarde seguinte, quando ela se sentou ao lado dele no gramado. u gostaria de poder v-9a.

    5oc- pode me ver com as mos 'ose respondeu, sorrindo. (omo; Assim ela disse, e segurando as mos dele guiouas at o seu rosto. )oque a minha face com as

    pontas dos dedos. 5amos, no se2a envergonhado.

    #s dedinhos frios passaram, hesitantes, sobre os tra*os dela e pararam sobre os l&bios. 5oc- est& sorrindo; ele perguntou, indeciso. !im, estou ela disse e seu sorriso aumentou. !ua pele macia ele anunciou, passando novamente as mos sobre o rosto dela e 'ose sentiu que

    o garotinho se inclinava para cheir&la e sempre tem um perfume to bom. 5oc- 2& est& ficando esperto, apesar de cego. la riu bai%inho. D engra*ado, mas... (hris fez uma pausa e tirou as mos do rosto dela. # que engra*ado;A crian*a suspirou e sorriu, um pouco envergonhada> 6uando estou com voc- 2& no sinto mais medo. +o precisa nunca ter medo, (hris, no importa com quem voc- este2a. 5ou tirar as ataduras amanh ele disse casualmente e ela sentiu uma certa ansiedade. Acho que

    2& no me importo se nunca mais en%ergar... 5oc- estar& aqui quando o dr. 5aughn for tir&las; !e voc- quiser, eu estarei.#uviram um farfalhar de roupa engomada e a voz autorit&ria da enfermeira chegou at eles> st& ficando frio aqui.fora, (hris, hora do dr. 5aughn v-lo.(hris suspirou e se despediu de !heba, levantandose obedientemente. 5enha amanh, 'ose. 5oc- prometeu. starei aqui (hris, cumprindo a minha promessa ela respondeu calmamente. Agora, v& com a

    enfermeira.#s dois se afastaram e 'ose colocou o bra*o no pesco*o de !heba, dizendo amorosamente>

    )ambm est& na hora de irmos para casa, !heba. 6uer uma carona; Uma voz familiar e profunda perguntou logo atr&s dela. 'ose sentiu que seusnervos davam um n$ e o cora*o disparava. Cevantouse lentamente e virouse.

    3arcus; Ws suas ordens.8e repente, ela se sentiu incrivelmente nervosa. 3aggie estar& aqui em minutos, para me apanhar. +o. la no vir&. u telefonei avisando que viria busc&la.la sentiuse confusa, mas aquele sil-ncio no a2udava em nada e nem acalmava a sua tenso. /or que voc- veio aqui; =ui convidado para 2antar e seu pai me contou que voc- 2oga %adrez muito bem ele disse,

    confundindoa ainda mais e segurandoa pelo bra*o. 3eu carro est& deste lado.Atravessaram 2untos o gramado e 'ose entrou no carro, enquanto !heba se acomodava no banco detr&s.

    4em; ele disse, depois de dar a volta e sentarse. /or que no me conta em que est& pensando;

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    Gavia v&rias coisas que ela poderia ter dito, mas, de repente, todas pareciam infantis.edesnecess&rias.

    +o tenho nada para contar respondeu, tensa. 4em, mas eu tenho muito para lhe dizer e%plodiu ele, com uma viol-ncia que a fez se encolher

    2unto porta. /rimeiro... quando a convidei para sair comigo ontem, era porque dese2ava a suacompanhia. no teria me oferecido para traz-la at a clnica, se isso fosse inconveniente. !egundo...eu... convidei 5era por sugesto dela e porque estava zangado demais com voc- e dese2ava ferila de

    algum modo. )erceiro... algum tem que dizer quela garota que, mesmo nesta poca de liberdades, oshomens ainda preferem tomar a iniciativa. , por "ltimo... ele respirou bem fundo tire esses malditos$culos escuros quando estiver comigo, assim poderei ver os seus olhosI

    #s $culos foram arrancados rudemente do seu rosto enquanto ele falavaH de repente, 'ose sentiusevulner&vel, o que a fez ficar zangada.

    5oc- no tem nenhum direito de falar assim comigo. 5oc- me entendeu mal ontem, mas isso notem importBncia. (om quem voc- dese2a passar o seu tempo no da minha conta e eu preferia que,depois desta tarde, n$s no nos encontr&ssemos mais.

    (ertoI 3arcus disse, rspido, colocando os $culos no rosto dela novamente. nto, finalmenteestamos nos entendendoI

    !heba ganiu bai%inho, percebendo que algo no estava indo bem. 3arcus deu partida e se afastou da

    clnica.8urante o percurso at Goughton o antagonismo entre ambos foi ficando cada vez mais palp&vel e a

    atmosfera parecia e%plosiva. 'ose sentiase ridcula e prestes a chorar quando, finalmente, eleestacionou o carro diante de sua casa. la no podia passar o resto da noite na companhia dele, comaquela tenso que tinha se estabelecidoH por isso, quando o rapaz desligou o motor, virouse para ele.

    #s dois come*aram a falar ao mesmo tempo, pararam e tentaram novamente, depois come*aram arir.

    /osso pedir uma trgua; ele perguntou, finalmente. !im... por favor 'ose murmurou, to aliviada que quase engasgava.le lhe tirou os $culos, respirando fundo quando viu as l&grimas nos olhos dela, e 'ose se viu em

    seus bra*os, afundando a cabe*a no ombro dele. !ua col7nia m&scula 2& lhe era familiar e seu h&litoquente chegou at a face dela. 8e repente, parecia mais do que certo estar ali, apertada 2unto a ele.

    u sou desa2eitadoI !ei dissoI ele murmurou, alisando os cabelos dela e afastandoos do rosto. 5amos tentar outra vez;

    la fez que sim, sem conseguir encontrar palavras para responder, e os dois ficaram abra*adosdurante algum tempo, at que !heba ganiu, impaciente, e tentou enfiar o focinho entre eles.

    'iram e se separaram, enquanto 3arcus comentava, fingindo tristeza> Ah, !heba, voc- arruinou um momento maravilhoso.# co ganiu em resposta, como se tivesse entendido e 'ose o acariciou na cabe*a. +o se preocupe, !heba. la riu. 3arcus estava s$ brincando com voc-.

    Afinal, a noite foi muito agrad&vel e rela%ante. 8epois do 2antar o pai trou%e o tabuleiro de %adrez ecolocouo na mesa entre 'ose e 3arcus. m seguida, sentouse ali perto, esfregando as mos satisfeito erindo diante da aposta do rapaz de que iria ganhar a partida.

    6uando finalmente 3arcus anunciou %equemate, )heodore bateu palmas e 'ose, em lugar de sesentir embara*ada, estava completamente satisfeita com a vit$ria dele.

    8epois, )heodore serviu o tradicional vinho e conversaram durante algum tempo, at que ele foichamado ao telefone por um cliente inesperado. 'ose ficou a s$s com 3arcus e, por algum motivoine%plic&vel, sentiuse nervosa.

    /ercebeu que ele se apro%imou da cadeira, depois lhe tomou as mos e a fez levantar. u a observei durante o 2antar desta noite ele disse, conduzindoa para o sof& e sentando ao seu

    lado. 5era disse a verdade; !entese mesmo embara*ada de comer em p"blico;

    stou cega h& dez anos. la sorriu. 3arcus, acho que 2& aprendi a arte de comer semenvergonhar as pessoas que esto comigo, no; (oncordo inteiramente com voc-. 3as 5era disse...

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    la estava se divertindo s minhas custas 'ose interrompeu um tanto amargurada e sentiu que amo dele apertava a sua.

    nto, posso convid&la para 2antarmos 2untos brevemente; !e quiser, sim. Amanh noite; +o um pouco cedo; ela brincou, mas vendo que ele permanecia em sil-ncio, apressouse em

    dizer> /or favor, no estou tentando dar nenhuma desculpa.

    !e amanh noite muito cedo, ento o que acha da noite de s&bado; ele sugeriu e 'ose noencontrou motivos para recusar. 5ou gostar disso respondeu e novamente sentiu que a mo dele apertava a sua. !ete horas; !im.8epois disso conversaram mais um pouco sobre a firma que ele herdara do tio e, apesar das

    preocupa*es dela terem desaparecido, ainda se sentia um pouco nervosa. =icou triste quando ele lhedeu boanoite e foi embora.

    +aquela noite, durante um longo tempo, 'ose permaneceu deitada, pensando nele. )inha vontade deno se envolver seriamente e lutava contra a estranha atra*o que ele lhe despertava. ra uma atra*o

    perigosa e ela sabia, instintivamente, que poderia magoarse. 3as, ser& que no valia a pena; !er& que

    valia a pena perder a paz de esprito e se envolver com um homem como 3arcus =leming, que 2amais seligaria a algum como ela; )antas perguntas passaram pela sua mente... e 'ose no encontrou respostas.)alvez a "nica solu*o fosse esperar e dei%ar que as circunstBncias lhe mostrassem algum caminho.

    +a tarde seguinte, 'ose foi para a enfermaria das crian*as e encontrou l& 4asil e a enfermeira. Cogoque entrou o 2ovem (hris reconheceu seus passos.

    'ose; ele murmurou, ansioso. stou aqui, (hris ela respondeu, depressa. !egure a minha mo.la apertou a mozinha entre as suas e 4asil come*ou atirar as ataduras. 'ela%e, garoto o mdico pediu, quando (hris come*ou a estremecer , logo as ataduras sairo. papai e mame; (hris perguntou, inesperadamente. sto esperando l& fora. 5oc- quer que eles entrem; +o. (hris disse, ansioso. Ainda no. (erto. 4asil pegou a tesoura e come*ou a cortar, depois pediu> Abra os olhos, (hris. 5& com

    calma. +o espere muito no come*o. J& no est& to escuro (hris anunciou, animado, apertando a mo de 'ose. 5e2o que est& ficando

    tudo mais claro. 9sso maravilhoso. 4asil riu, suavemente. 'ose, estou vendoI (hris riu, cheio de anima*o. 5e2o s$ um pouquinho, mas ve2o... 5oc-

    lindaI

    #h, (hris... ela engoliu em seco. stou to feliz.A enfermeira chamou o sr. e a sra. )hompson e 'ose afastouse, avisando 4asil> 5ou esperar no corredor.C& fora, ela encostou na parede e en%ugou as l&grimas. ra uma tola em chorar, mas estava to feliz

    pelo 2ovem (hris... !im, tinha de admitir que sentia inve2a tambm. !eria uma covardia esconder essaverdade... !eu pai tinha lhe ensinado e sempre dizia> 0!e2a honesta para consigo mesma. 6uando voc-reconhecer os seus sentimentos, s$ ter& de encar&los e domin&los0. (om isso ela dei%ara de sentir tantarevolta por ser cega.

    Agora, ela estava sendo honesta para consigo mesma. A velha revolta surgiu novamente, mas elaprocurou domin&la depressa. )inha inve2a de (hris, mas estava feliz por ele e sentia que a suafelicidade era superior inve2a, naquele momento. A crian*a no teria que desperdi*ar anos, lutando

    para superar as dificuldades fsicas e mentais causadas pela cegueira. A independ-ncia era algo difcil deobter e, mesmo depois de tantos anos, ela no se sentia completamente independente./assos se apro%imaram e interromperam os seus pensamentos. la reconheceu a voz da enfermeira

    chamandoa para ir at a sala de 4asil, para tomar um ch&.

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    3arcus... ela come*ou, hesitante, alguns minutos depois, sentada no carro ao lado dele, enquantose dirigiam para algum lugar. straguei a sua noite.

    +o. +o estragou ele disse logo, segurando a mo dela. 5ou levar voc- at o (arlo. C& maiscalmo e ele faz um caf delicioso.

    'ose no disse nada, embora nunca tivesse se sentido to infeliz na vida. Agora tinha certeza de que3arcus a considerava uma companhia aborrecida.

    m menos de dez minutos, entravam em outro restaurante, onde as vozes eram apenas murm"rios e a

    m"sica, suave e rela%ante. #i, (arlo 3arcus e%clamou e come*aram a conversar em italiano, o que a dei%ou admirada./ouco depois ele a pu%ou para o seu lado e disse> (arlo, quero lhe apresentar a srta. 'ose (unningham.'ose, este o meu bom amigo (arlo.

    3uito prazer, (arlo ela for*ou um sorriso e estendeu a mo./ara sua surpresa, sentiu que o homem bei2ava seus dedos. D uma honra conhec-la ele disse, com um sotaque forte. u contei a 'ose que voc- faz um caf delicioso, (arlo. # melhor de todos (arlo concordou, satisfeito, soltando a mo dela. !entemse, que logo trarei o

    caf,ignore3arcus.3arcus colocou a mo no ombro dela e conduziua para uma mesa.

    Aqui est& melhor; 3uito melhorI ela respondeu, sorrindo. 3arcus, me desculpe. +o diga isso de novo. =oi falta de considera*o minha no perceber que o barulho a afetaria... e,

    para dizer a verdade, prefiro a paz e a calma do restaurante de (arlo. 5oc- est& dizendo isso s$ para me fazer sentir melhor. 'ose, no me enfure*a. nfurecer voc-; 8e que modo; 5oc- no confia em mim; deveria; sta uma boa pergunta. le riu e ela sentiu que enrubescia diante de sua pr$pria aud&cia. # caf,ignore,ignorina (arlo interrompeu a conversa. #brigado, (arlo. Gum, est& $timo 'ose disse, depois de colocar a*"car e e%perimentar o caf. (onteme sobre o seu trabalho na clnica 3arcus pediu. +o outro dia, voc- estava conversando

    com um garotinho no gramado. Aquele era (hris )hompson. le podia ter ficado totalmente cego, mas, felizmente, ter& viso

    parcial havia um tom de tristeza na voz dela. le teve alta ontem. quanto a voc-; +o h& esperan*as de... +enhuma esperan*a ela interrompeu, sentindose desanimada com aquele assunto. G& um cirurgio em 5iena que, nos "ltimos anos, tem realizado verdadeiros milagres. 3arcus, os meus nervos $pticos foram feridos e nenhuma opera*o do mundo poder& restaur&los.

    Alm do mais... ela respirou fundo 4asil 5aughn o melhor especialista do pas e tambm o melhorcirurgio. le 2& pediu a mais de uma d"zia de cirurgies que fizessem uma reviso no meu caso e todosdisseram que no h& esperan*as. u 2& aceitei o fato de que ficarei cega para o resto da vida e no queroter iluses novamente.

    3arcus ficou em sil-ncio por um momento e ela 2& come*ava a suspeitar de que o haviadesagradado, quando ele disse>

    6uem a v-, 2amais diria que cega. !ou normal, s$ que no en%ergo. )enho o meu lugar na sociedade como qualquer outra pessoa. +o

    quero ser mimada nem tratada de modo diferente ela sorriu. 3eu pai e eu nos entendemos muito bem.!empre dizemos a verdade um ao outro, no importa quanto ela possa magoar. 8esse modo, sei que noestou sendo enganada.

    As pessoas tentam enganar voc-; Keralmente tentam me vender algo ridculo quando vou fazer compras. voc- percebe ;

    :@

  • 8/12/2019 Yvonne Whittal - Atrao Perigosa

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    6uase sempre, sim. 3as dificilmente compro alguma roupa sem levar 3aggie comigo. )omaramo caf em sil-ncio e quando ela, finalmente, empurrou a %cara para o lado, pediu> 5amos conversarum pouquinho sobre voc-; #nde mora; +uma casa ou num apartamento;

    +um apartamento ele respondeu de modo abrupto e ela suspeitou de que ele no gostava de quelhe fizessem perguntas.

    6uem faz a sua comida e limpa tudo; # apartamento tem servi*o de hotelaria. Ws vezes eu mesmo cozinho alguma coisa, mas geralmente

    fa*o as refei*es fora. (ada noite na companhia de uma mulher diferente; !im ele concordou, rindo. u tenho um livrinho preto, sabe, cheio de nomes e endere*os e,

    dependendo do meu estado de esprito, seleciono uma delas... com que estado de esprito est& esta noite; !entindose caridoso, simp&tico, cheio de pena de

    mim; u no tenho pena de voc-, 'ose. le 2& no estava mais sorrindo. 5oc- atraente e diferente. 5oc- quer dizer cega, no diferente. 8iferente, sua cabe*adura ele segurou a mo dela novamente, fazendoa sentir outra vez aquela

    corrente eltrica que sempre se estabelecia entre ambos. G& outros motivos pelos quais gosto da suacompanhia, mas s$ contarei numa outra vez.

    A atmosfera entre ambos de repente tinha se tornado ntima e e%tremamente perigosa. 5oc- me dei%a nervosa ela disse, bai%inho. u;la balan*ou a cabe*a de leve, como se tentasse refletir melhor sobre alguma coisa, depois disse, em

    tom acusador> 5oc- est& rindo de mim. +o de voc- corrigiu ele, acariciando sensualmente as costas das suas mos. stou rindo de mim

    mesmo. 8e voc- mesmo; !e voc- fosse outra mulher, 'ose, talvez tivesse motivos para ficar nervosa. +osso relacionamento

    chegou a um ponto onde eu sempre fa*o o possvel para convencer minha companheira a ir para a cama. #hI la enrubesceu. +o sabia bem o que tinha esperado que ele dissesse, mas aquela e%plica*o

    apagava uma luzinha que tinha se acendido em sua mente quando o conhecera. 9sso a dei%a chocada; 3arcus indagou, suavemente. +a verdade, no. nto no est& surpresa de que eu no tenha tentado seduzir voc-; ele insistiu, sem saber da dor

    que aquela pergunta provocava na alma de 'ose. +o ela disse, retirando as mos das dele. 3inha cegueira geralmente parece acabar com os

    dese2os naturais dos homens. 3eus 8eus, 'oseI 5oc- no menos mulher s$ porque cegaI A voz dele vibrava de raiva. 'ose

    no respondeu e ele disse, rude> 5amos, est& na hora de lev&la para casa.

    'ose ficou tensa ao lado dele, no carro, enquanto voltavam. A noite tinha sido um fracasso. XlaY eraum fracasso. )alvez tivesse sido tola .em pensar que um dia seria como as outras mulheres. +enhumhomem poderia, sinceramente, estar interessado numa garota cega. nto por que se sentir magoada comas coisas que 3arcus tinha dito;

    # carro parou, 3arcus desligou o motor e, em sil-ncio, 'ose procurou abrir a porta. spereI le se apro%imou e segurou a mo dela. # cora*o de 'ose acelerou quando o h&lito

    quente dele lhe atingiu o rosto. +o me entenda mal, 'ose. !ua voz era profunda e suave como umacarcia. 5oc- muito dese2&vel, mas a sua inoc-ncia $bvia, principalmente depois do modo comoreagiu quando a bei2ei. 5oc- ficou com medo e agora sei que no quero amedront&la de novo.

    3arcus parecia convincente e ela tinha uma vontade enorme de acreditar naquilo, por issomurmurou, atrevida>

    Agora no estou com medo.le ficou em sil-ncio durante um momento terrvel, depois perguntou, rindo> st& me pedindo para seduzi9a; stou pedindo que me trate como mulher respondeu ela.

    :F

  • 8/12/2019 Yvonne Whittal - Atrao Perigosa

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    eu no a tratei assim desde o primeiro momento; )ratou, sim, mas eu no estava preparada para o que viria a seguir. agora est&;'ose sentiu que pisava num terreno perigoso. A sua resposta iria determinar o futuro do

    relacionamento deles, sem d"vida alguma. !er& que ela estava preparada para o que viria a seguir ouestaria se atirando em algo que mais tarde se tornaria insuport&vel; /ercebeu que 3arcus estava tenso,esperando a resposta e disse, nervosa>

    !im... acho que estou. nto, vamos testar; ele riu, pu%andoa para si.+o primeiro instante, ela ficou passiva e pouco vontade nos bra*os dele, mas quando seus l&bios se

    encontraram, derreteuse de encontro a ele com mais calor do que pretendia. # bei2o foi gentil dessa vez,mas despertou uma sensualidade que ela nem imaginava possuir. 6uando a mo dele lhe tocou os seiosela estremeceu e se apro%imou instintivamente.

    3arcus a soltou de repente e, sentindose desamparada, 'ose estremeceu, perguntando, ansiosa> =iz alguma coisa errada; +o pretendo apress&la, 'ose ele disse, num tom estranho, levando a mo dela aos l&bios.

    Agora vou acompanh&la at l& dentro.'ose sentiase desapontada ao subir os degraus da porta da frente. # que eu esperava;, perguntou,

    confusa, a si mesma, enquanto fechava o casaco para se proteger do ar frio da noite. 8evo acender a luz; ele perguntou, quando entraram no vestbulo.la murmurou um 0no0 bai%inho e no p7de falar mais nada, pois sentiu as mos dele, por bai%o do

    casaco, que a abra*avam pela cintura, pu%andoa para perto dele.+ovamente sentiu aquela corrente eltrica passando entre ambos, bei2ouo apai%onadamente, com

    uma intensidade que tambm no imaginava possuir. 3as, dessa vez, ele no a afastou. 'ose colocou osbra*os ao redor do pesco*o de 3arcus e se rendeu as emo*es poderosas que lhe dominavam o corpo.

    As mos de 3arcus lhe acariciavam as costas, os seios estavam esmagados de encontro ao peitodele. 'ose queria que aquele momento durasse para sempre, mas ele retirou os bra*os dela que lhe

    prendiam o pesco*o e afastoua para o lado> 8evo ir disse, estranhamente rouco , mas verei voc- amanh.!eus l&bios tocaram os dela levemente e ele partiu, dei%andoa em sil-ncio, no vestbulo escuro e

    com o cora*o batendo descontroladamente.la nunca tinha se sentido assim antes> to enlevada, to mulher. !uspeitava vagamente do que

    estava acontecendo, mas, no sabia... nem ousava colocar um nome naquele sentimento... no at tercerteza de si mesma, e de 3arcus.

    3arcus murmurou o nome dele, alto, ao ir para o quarto. ra uma bobagem, talvez, mas naquelanoite ela se permitiu sonhar com muitas coisas que antes procurava afastar de sua vida.

    As duas semanas seguintes foram de uma felicidade total para 'ose. 3arcus ocupou todos os seusmomentos livres e ela no fez nenhuma ob2e*o a isso. Cevoua v&rias vezes para 2antar no restaurante

    de (arlo e acompanhoua a um festival de m"sica. 3as tambm passou noites calmas com ela e o pai,em casa, onde a venceu em mais algumas partidas de %adrez.Um dia, ele a levou a uma festa em casa de amigos e ela, de repente, ouviu a seguinte conversa entre

    3arcus e o anfitrio> 6ue garota bonita voc- trou%e 8avid QhitbT disse /ena que se2a cega. 'ose no precisa que tenham pena dela 3arcus respondeu. 5oc- a est& levando a srio; 5oc- me conhece, 8ave. 3arcus riu. Kosto de variar.la sentiu que tremia por dentro. !er& que era apenas mais uma na cole*o variada dele, algum para

    temperar a vida dele; ra uma idia desagrad&vel e procurou no pensar naquilo. m seguida ouviu8avid QhitbT falando>

    D hora de casar e sossegar, 3arcus. 5oc- 2& est& ficando velho e sabe disso. !e algum dia eu decidir mergulhar no casamento, tem de ser com algum que participe dos meusinteresses 3arcus respondeu, r&pido.

    )em algum em vista;

    :

  • 8/12/2019 Yvonne Whittal - Atrao Perigosa

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    !e 3arcus respondeu, 'ose no escutou, porque as mulheres ao seu lado come*aram a rir. 3as elatinha ouvido o suficiente para perceber que havia vivido num paraso falso nas "ltimas semanas.

    # resto da noite pareceu se arrastar e quando, finalmente, saram da festa, ela estava to tensa quemal podia falar. !$ conseguia pensar naquele coment&rio sobre a 0variar0 e sobre o casamento comalgum que participasse dos mesmos interesses que os dele. !eria aquela lista enorme de interesses sobreos quais seu pai havia lhe falado; (arat-, )uah, escalar montanhas, viagens, iatismo; la lembrava detudo com o cora*o partido. Um casamento com 3arcus ainda no fazia parte de seus pensamentos, mas

    agora sabia que no tinha a menor chance de plane2ar nada. Jamais poderia se interessar por aquelasatividades, mesmo que quisesse, e o relacionamento entre ambos, mais cedo ou mais tarde, se tornariainsustent&vel.

    !er& que vai me convidar para um drinque; 3arcus perguntou alegremente, quando abriu a portada frente para ela.

    +o. D tarde e eu... estou um pouco cansada ela se desculpou, sabendo que no conseguiriaag?entar a pro%imidade dele, agora que 2& no tinha mais iluses.

    nto eu a ve2o amanh noite. Acho que no. 3arcus, estou com meu trabalho atrasado. u telefono, de qualquer modo. 8eulhe um abra*o r&pido e um bei2o leve nos l&bios. 4oa noite,

    'ose.

    3omentos depois, ela ouviu o carro se afastar e s$ ento trancou a porta e subiu para o quarto. +o tarde demais para esquecer, disse a si mesma, enquanto se despia e ia para a cama. =icou deitada ali,

    pensando, sabendo que se enganava, que 2& era tarde demais para esquecer. 3arcus tinha derrubado suasdefesas desde o primeiro encontro e, aos poucos, fora tirando todas as suas prote*es, inclusive aresolu*o de e%cluir os homens de sua vida. Agora ela estava ali, sozinha com o seu desespero, sabendoque tinha se apai%onado por um homem que, aparentemente, se importava to pouco com ela quantocom as outras mulheres que 2& tivera.

    +o houve l&grimas nem recrimina*es silenciosas. !omente uma aceita*o calma e a deciso firmede, no futuro, ter mais cuidado depois, claro, de procurar esquecer aquele sonho de felicidade.

    6uando o telefone tocou depois do 2antar, na noite seguinte, 'ose sabia que era 3arcus. 3esmoassim, estremeceu quando o pai a chamou para atender. stava com as mos "midas ao segurar oaparelho e o som da voz dele a dei%ou ainda mais nervosa. 8esesperada, sabia que era uma futilidadeesticar ainda mais aquele relacionamento.

    5amos 2antar 2untos, amanh ele sugeriu com seu modo autorit&rio e, apesar de ela dese2arviolentamente dizer que sim, uma voz interior lhe dizia que aquilo seria um erro.

    Camento, mas no posso disse, agarrando a primeira desculpa que encontrou. 5ou sa