XI Curso de Uso Escolar do Sensoriamento Remoto no Estudo do ...

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MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS ORGANIZAÇÃO: POIO:

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MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS

ORGANIZAÇÃO: POIO:

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XI CURSO DE USO ESCOLAR DO SENSORIAMENTO REMOTO NO ESTUDO DO MEIO AMBIENTE

Claudia Moreira Garcia Jeniana Volpe Sim Zocoler

Maria Aparecida Campos Moser Dilene Fernandes Machado da Costa

Adilson Ribeiro de Araújo Eunice Aparecida Pereira da Silva

Silmara Maria Cruz Paiva Marly Navas Soriano

Valdemir Antunes dos Santos Marianina Impagliazzo

Alexandre Cigagna Wiefels

INPE São José dos Campos

2008

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS Coordenadoria de Ensino, Documentação e Programas Espaciais, Atividade de Treinamento e Difusão de Conhecimentos em Ciências e Tecnologia Espacial Av. dos Astronautas, 1758 – Jardim da Granja. CEP 12227-010 ou Caixa Postal 515 CEP 12245-970 – São José dos Campos, SP. Tel: (12) 3945.6862 Organização: Elisabete Caria Moraes – DSR/INPE Teresa Gallotti Florenzano – DSR/INPE Maria Cristina dos Santos – DSR/INPE

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APRESENTAÇÃO

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, tem por objetivo desenvolver pesquisas na área espacial. O Programa Espacial Brasileiro e as pesquisas científicas desenvolvidas nesta área estão adquirindo cada vez mais prestígio, nacional e internacionalmente, assim como respeitabilidade. A Coordenadoria Geral de Observação da Terra – OBT, através da Divisão de Sensoriamento Remoto, tem desenvolvido pesquisas e gerado metodologias voltadas para a aplicação de dados de satélites para os estudos do meio-ambiente e sua preservação, que servem de referencial para os projetos de aplicações e de preservação ambiental desenvolvidos por vários organismos brasileiros. Os resultados destas pesquisas e projetos de aplicações têm beneficiado a população brasileira e auxiliado na preservação e no uso racional dos recursos naturais de nosso país. A Atividade de Treinamento e Difusão de Conhecimentos em Ciências e Tecnologia Espaciais, do INPE, juntamente com a OBT, tem se preocupado em difundir este tipo de informação para toda a sociedade, de tal forma que esta seja usufruída por todos, na melhoria da qualidade de vida. Neste aspecto, o INPE considera que os professores da Educação Básica são excelentes elementos de difusão e multiplicadores naturais das tecnologias espaciais junto a sua unidade de ensino e a sociedade. Buscando este objetivo o INPE criou o “Curso de Uso de Sensoriamento Remoto no Estudo do Meio-Ambiente”, que este ano esta na sua décima primeira edição. O Objetivo deste evento é disseminar o conhecimento de sensoriamento remoto para professores da educação básica, visando o seu uso como conteúdo e recurso didático na educação. Esperamos que este evento incentive a interação das instituições de ensino com as atividades de pesquisa deste instituto, proporcionando aos alunos uma maior concientização das novas idéias e novas tecnologias.

Sejam todos bem-vindos!

Elisabete Caria Moraes – DSR/INPE Teresa Gallotti Florenzano – DSR/INPE Maria Cristina dos Santos – DSR/INPE Coordenadoras do Evento

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SUMÁRIO UTILIZAÇÃO DE IMAGENS DE SATÉLITE PARA CONSTRUÇÃO DA CARTA DE HEMEROBIA DO ENTORNO DO CEEP NEWTON FREIRE MAIA, ATRAVÉS DA CLASSIFICAÇÃO DE SUAS UNIDADES DE PAISAGENS. ............................................................................................................................ 6 DIVULGANDO CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS EM SENSORIAMENTO REMOTO JUNTO COM PROFESSORES DA REDE PÚBLICA ............................................................................................................ 13 A DOCE LAGOA DO PERI: PONTOS DE VISTA........................................................................................ 22 RELATO DA APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA ESPACIAL NA EDUCAÇÃO ....................................... 30 UM ESTUDO ACERCA DAS CONDIÇÕES DE REVITALIZAÇÃO DO CÓRREGO BURITI A PARTIR DO USO DO SENSORIAMENTO REMOTO NA ESCOLA - MT ............................................... 33 SENSORIAMENTO REMOTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NO CAMINHO DA LUZ.................. 39 MEU ENDEREÇO NO PLANETA TERRA - MAPEAMENTO DAS ÁRVORES DO ENTORNO.......... 46 O USO ESCOLAR DO SENSORIAMENTO REMOTO NO ESTUDO DO MEIO AMBIENTE UTILIZANDO AS IMAGENS DO SATÉLITE SINO-BRASILEIRO CBERS 2......................................... 49 SENSORIAMENTO REMOTO DEFININDO NOVAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO.............................. 56 A AULA DE CARTOGRAFIA NA VALORIZAÇÃO DA IDENTIDADE LOCAL.................................... 62

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Utilização de imagens de satélite para construção da carta de Hemerobia do entorno do CEEP Newton Freire Maia, através da classificação de suas unidades de paisagens.

CLAUDIA MOREIRA GARCIA1

1Centro Estadual de Educação Profissional Newton Freire Maia Secretaria de Estado da Educação do Paraná

Estrada da Graciosa Km 20, nº 7.400. Jardim Boa Vista – Pinhais/Pr. [email protected]

Abstract: This work was developed with the objective to provide high school students, with the discipline of geography, contact with new technologies through the establishment of the Charter of Hemerobia the surrounding Centro Estadual de Educação Profissional Newton Freire Maia, using images satellite. To adapt better to search used to do, the study of landscape units, classified by them. The project has developed over a period of 3 months, including three classes (two of the first year and one of the second years) of high school. The desktop was distributed in seven sections that were with satellite imagery of Google Earth because of its scale, more definition. The possession of de images, the students were the field, where each group raised the amendments on the use of soil, collected the main plant species native and exotic, sorting through bibliographic reference to geomorphology and soil of the region. At the Hemerobia, ranked units of landscape and built ecotopos of each of these units. They had the opportunity to work with information on the use of satellite imagery in addition to receiving information about the Cbers satellite. Kayword: Hemerobia, units of landscape, satellite imagery, human interference. 1. Introdução:

A disciplina de geografia para o ensino médio apresenta-se como um excelente laboratório para o desenvolvimento de projetos com cunho cientifico e como fonte de conhecimento de novas tecnologias. Aproveitando-se desta característica e de o Centro Estadual de Educação Profissional Newton Freire Maia (CEEP) desenvolver atividades deste porte como complementação dos estudos de sala de aula, desenvolveu-se um projeto visando o reconhecimento ambiental da área em que esta inserida o CEEP. O CEEP Newton Freire Maia, esta dentro do espaço denominado Parque Newton Freire Maia, um condomínio de várias instituições do Governo do Estado do Paraná - Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED), Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Paraná (SEMA), Centro Paranaense de Referência e Agroecologia (CPRA), Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR), com o objetivo principal ao da preservação ambiental, uma vez que está área, esta inserida em uma área maior denominada de Área de Proteção Ambiental do Irai ou APA do Irai.

A geografia como disciplina escolar procura mostrar as relações entre o meio e o ser humano, tendo como base as transformações do espaço geográfico. A paisagem torna-se elemento de estudo para averiguação destas transformações.

A área de estudo compõe um mosaico de paisagens alteradas pela atividade humana e que hoje se encontra parcialmente em recuperação, uma vez que se trata de uma área de proteção e preservação ambiental (APA). Devido à extensão da área da APA, optou-se em delimitar o espaço. Sendo este composto pelo entorno do CEEP (figura 1).

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Figura 1 – Área de Estudo

Esta área esta localizada no município de Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba,

fazendo divisa com os municípios de Colombo e Quatro Barras. Esta área era utilizada em anos anteriores para feiras agropecuárias, sendo que boa parte de sua área era utilizada para agricultura, tendo recebido grande impacto de atividades humanas neste período.

Com a criação da Barragem do Irai, construída com o propósito de servir como fonte de abastecimento de água para Curitiba e Região Metropolitana, as feiras e as áreas agricultáveis foram retiradas, sendo que esta área passou a fazer parte da Área de Proteção Ambiental do Irai. Para utilização de espaço foi criado o Centro Paranaense de Excelência em Agroecologia (CPRA), destinado a elaborar pesquisas na área de agroecologia. Em 2006 a Secretaria de Estado de Educação Cria o CEEP Newton Freire Maia, Escola Técnica de Nível Médio, com os cursos de Meio Ambiente e Agropecuária.

O objetivo deste trabalho foi mapear a área de entorno do CEEP na visão da geografia da paisagem, identificando suas unidades de paisagem e posteriormente construindo a Carta de Hemerobia desta área. Para alcançar este objetivo optou-se em trabalhar com imagens de satélite do Google Earth (por sua escala e facilidade de acesso) e imagens de satélite do Cbers para reconhecimento do espaço como um todo.

2. Metodologia de Trabalho

O estudo da ecologia da paisagem se apresenta como uma nova área de pesquisa. Voltada a principio como uma nova área ecologia, vem sendo incorporada a outras disciplinas como a geografia. Alguns importantes pesquisadores não identificam a Ecologia da Paisagem como uma simples disciplina ou ramo da ecologia, mas sim como uma intersecção de muitas disciplinas e campos de conhecimento relacionados (geografia, ecologia, sensoriamento remoto, sociologia, economia, etc.) com um foco nos padrões espaciais e temporais da paisagem (IGARI,s/d). Para elaboração deste projeto utilizou-se como base a Landscape Planning desenvolvido pela Federal Environment Ministry da Alemanha, no que concerne ao planejamento da paisagem e no trabalho desenvolvido por Jalas (1953, 1965 apud TROPPMAIR, 1989) com o termo Hemerobia que trabalha com dominação e/ou alteração das

CEEP

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paisagens, classificando-as em quatro tipos: ahemeorobio (paisagens naturais ou de pequena interferência antrópica); oligohemeorobio (paisagens mais naturais do que artificiais como campos sujeitos às queimadas e pastoreio); mesohemeorobio (paisagens mais artificiais do que naturais como pastagens plantadas) e euhemeorobio (paisagens artificiais, como campos de culturas agrícolas). Aliada a esta metodologia apresentada incorporou-se o uso de imagens de satélite como suporte de classificação das unidades. O projeto foi desenvolvido com três turmas do ensino médio do Curso Técnico em Meio Ambiente (1ºAI, 1ºBI e 2ªAI), sendo estas turmas responsáveis por atividades especificas do projeto. As turmas do primeiro ano estão estudando geografia física e todo o aspecto relativo às mudanças da paisagem seja pela dinâmica de crosta, seja pela interferência antrópica. Os alunos do segundo ano que já trabalharam com estes aspectos estão relacionando-os com as condições de uso do solo através da geografia agrária e urbana. A área de estudo foi dividida em 7 blocos (figuras 2 a 8) que foram distribuídos igualmente entre todas as turmas e onde cada uma pode estudar determinados aspectos da paisagem que se apresentava.

Figura 2 - Bloco 1 Figura 3 – Bloco 2

Figura 4 – Bloco 3 Figura 5 – Bloco 4

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Figura 6 – Bloco 5 Figura 7 – Bloco 6

Figura 8 – Bloco 7 As atividades que cada turma deveria realizar foram elaboradas e divididas da seguinte forma: 2º AI – responsáveis pelo reconhecimento dos blocos. Com auxilio das imagens foram a campo e identificaram as modificações que ocorreram na área. Foram responsáveis pela construção dos croquis (figura 9), num primeiro momento. Em um segundo momento, elaborou a Carta de Hemerobia (figura 10) com o material trabalhado pelos primeiros anos.

Figura 9 – Croqui elaborado por alunos do 2º ano – Bloco 3

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Figura 10 – Carta de Hemerobia do bloco 1 ainda sem legenda

1º AI – responsáveis por detalhar as diferentes paisagens. Através das imagens de satélite foram a campo e detalharam as paisagens. Construiu-se ecótopos de cada uma das paisagens. Seus ecótopos e suas observações sobre a paisagem (figuras 11 e 12) foram encaminhados ao 2º ano.

Figura 11 – Ecótopo Pecuária

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Figura 12 – Ecótopo Culturas

1º BI – foram responsáveis pela parte de bibliografia sobre a área de estudo, além de pesquisarem sobre a geologia e sobre os solos da região. Ajudaram na construção dos ecótopos no item que lhes foi destinado (figura 13). Também trabalharam com imagens de satélite

Figura 13 – Solos e geologia de cada ecótopos

geologia

solos

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3. Resultados e Discussões

Todo o projeto esteve direcionado a compreensão do que vem a ser a paisagem, a ecologia da paisagem, a construção de ecótopos e acima de tudo as alterações que o homem pode fazer na natureza. Todos estes conceitos puderam ser trabalhados a partir do uso de imagens de satélite de uma forma dinâmica e acima de tudo pedagógica. O processo de construção destes conceitos juntamente com a oportunidade de conhecer novas tecnologias e seus usos, trouxe aos alunos desta Instituição de Ensino, um interesse sobre as ciências em que sobre passa ao seu cotidiano escolar, despertando a curiosidade e o gosto pela ciência. Deste projeto, se originará uma Carta de Hemerobia (em fase de finalização) da área de entorno do CEEP Newton Freire Maia, e que dará noções de como ele se apresenta hoje, quais as áreas que sofreram/sofrem maior influência humana e de como deverá ser feita à preservação destes espaços para que a área cumpra seus objetivos de preservação.

4- Conclusões

A utilização de imagens de satélite como instrumento de ensino, é uma excelente ferramenta de aproximação dos alunos do ensino fundamenta e médio junto às ciências sejam elas geográficas, de ciências, matemática e outros. Conseguiu-se através desta ferramenta construir uma Carta de Hemerobia de uma área de preservação e avalia-la quanto à interferência antrópica. Esta avaliação não fica retida a impressões da coordenação do projeto apenas, mas também aos alunos que participaram destas atividades (em torno de 90 alunos). Alunos que observaram, fotografaram, desenharam e buscaram soluções para o espaço transformado no qual esta inserida a escola.

Referencias Bibliográficas

IGARI, A. T. Ecologia da Paisagem. Instituto de Biociências USP. Disponível em: http://www.ib.usp.br/~delitti/projeto/alexandre/Capa.htm. Acessado em 22/04/2008. KIEMSTEDT, H. et al. Landscape Planning – Contents and Procedures. The Federal Ministry for the Environment, Nature Conservation and Nuclear Safety, 1998. KRÖKER, R. et al. O conceito de Hemerobia aplicado ao planejamento das paisagens urbanizadas. International Congress on Environmental Planning and Management – Environmental Challenges of Urbanization, Brasília, Catholic University of Brasilia – Campus II, 2005 (CD ROM). Disponível em: http://www.geografia.ufpr.br/laboratorios/labs/arquivos/kroker-et-al-2005.pdf. Acessado em: 01/06/2008. TROPPMAIR, H. Metodologia Simples para Pesquisar o Meio Ambiente. Edição do Autor, Rio Claro, 1988.

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Divulgando conhecimentos adquiridos em sensoriamento remoto junto com professores da rede pública

Jeniana Volpe Sim Zocoler1 – [email protected] Nilva Fernanda Garcia Momesso de Paula1 – [email protected]

Maria Ângela de Mores Cordeiro2 – [email protected] João Luis Zocoler2 – [email protected]

Helio Ricardo Silva2 – [email protected]

1Escola Estadual de Urubupungá – Av. Brasil Sul, 920 fone/fax: (18)37423165 2Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira/UNESP Av. Brasil Central, 56 fone/fax:

(18)37431000 – Ilha Solteira Cep- 15385-000 –S.P. Brasil

Abstract: Due to the great interest shown by students in a public school, on issues and projects related to the environment and satellite images and the great distance between big centers and our city, came the motivation to propose a course of training of teachers in that area using as support all the material acquired during the training. In this present work a proposal for formation and training of teachers who work in the network invited teachers from public schools of our place. The methodology used emphasized the experience of two experienced teachers who are learning about through courses conducted at INPE, workshops on teaching during a symposium, held a discipline with students of the FEIS/UNESP of Ilha Solteira, technical visits, etc. It was observed that the steps by experienced teachers invited were the same as those experienced previously by the two teachers, starting up by resistance associated with questions of how to use the satellite images in some subjects. The next step was the presentation and use of all the teaching materials purchased, as books, handouts, images, programs, projects of other teachers, etc. The materials purchased from the INPE, UNESP. Were presented and their sources disclosed after which emerged opportunities for application in the classroom and in educational and environmental projects in schools. It was observed that after the training the teachers have become more receptive to learning. Our expectation is that these teachers use remote sensing as a resource teaching in the classroom and that used that knowledge in school and the community.

Palavras-chave: sensoriamento remoto, educação ambiental, imagens CBERS, imagens satélite, material didático, remote sensing, environment education, images CBERS, satellite images, didactical resource.

1. Introdução

Embora o potencial de aplicação das imagens de satélite seja maior para disciplinas como geografia e ciências, mais diretamente vinculadas ao contexto ambiental, elas podem ser exploradas para múltiplas finalidades, pois além de facilitarem a interdisciplinaridade contam com um meio de divulgação pela mídia que diariamente apresenta as imagens como forma de previsão do tempo.

Com base nas proposições construtivistas de Paulo Freire que nos assegura que o conhecimento compartilhado é mais bem assimilado por aquele que o transmite, porque favorece a organização mental e a troca de experiências enriquecendo o ambiente, pretendeu-se oferecer a oportunidade de treinamento nessa área para professores convidados da rede pública municipal e estadual.

Um outro fator motivador foi o interesse demonstrado pelos alunos quando esta nova tecnologia lhes foi apresentada. E aproveitando isto, oferecemos com o apoio de outros

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profissionais, um curso intitulado “Noções de Sensoriamento Remoto Aplicado ao Meio Ambiente”. Em decorrência da motivação dos alunos e do conhecimento de Projetos de Formação oferecidos pela CESP (Companhia Energética de São Paulo) um outro curso foi oferecido ao mesmo grupo de alunos, intitulado “Formação de Monitor Ambiental”, onde os conhecimentos anteriores foram aprimorados e os novos alicerçados aos conhecimentos anteriores, através de algumas aplicações práticas do sensoriamento remoto. Dessa forma, adquirimos certa experiência nessa área trabalhando com os alunos de nossa escola e acreditamos que estas etapas marcaram uma evolução do nosso conhecimento. Para dar continuidade ao nosso aprimoramento, aceitamos o desafio de compartilhar nossa experiência com educadores de outras escolas públicas. Com essa iniciativa conciliamos duas proposições. A primeira, focada nos professores que buscam informações sobre esta nova tecnologia, motivados pelos novos parâmetros curriculares do ensino fundamental que reforçam a importância do uso de diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos, como o sensoriamento remoto, por exemplo, e a nossa contínua formação nessa área.

Nossa inserção nessa área ocorreu há alguns anos, quando tivemos a oportunidade de realizar um curso oferecido pelo INPE no qual entramos em contato com a geotecnologia e sensoriamento remoto orbital, o curso intitulava-se “Curso de Uso Escolar do Sensoriamento Remoto no Estudo do Meio Ambiente”. No curso tivemos a oportunidade de assistir os trabalhos de alunos de anos anteriores, onde cada um procurou aplicar os conhecimentos adquiridos em sua área de atuação e principalmente para aqueles ligados ao magistério, em sua sala de aula. Assim, pudemos ampliar a nossa visão de aplicação dos conhecimentos recebidos durante o curso. Intuitivamente sabíamos que a utilização das imagens seria um ponto de apoio para trabalhar com os alunos, pois logo de início nos sentimos atraídos pelas informações e beleza das imagens. A utilização das imagens foi um recurso para suprir nossas necessidades de dados atuais visando o reconhecimento de localidades da região onde residimos. Inicialmente esta utilização estava restrita aos estudos multitemporais para comparação com os mapas antigos publicados há mais de 50 anos. Posteriormente esta análise evoluiu para a avaliação dos impactos ambientais decorrentes da construção das três Usinas Hidrelétricas no Rio Paraná e cuja história da cidade está intimamente ligada, e que é o sexto complexo hidrelétrico mais importante do mundo. À medida que nossos projetos ambientais foram sendo desenvolvidos, vislumbrávamos novas possibilidades de utilização das imagens, para a obtenção de informações sobre o ambiente da região. Dessa forma, cientes dos obstáculos que foram superados por nós desde os primeiros contatos durante a nossa formação na área de sensoriamento remoto é que aprimoramos a forma de repassar esses conhecimentos a outros educadores.

Neste trabalho pretende-se estimular e propiciar o uso do sensoriamento remoto como recurso didático na educação básica oferecer para professores da rede pública municipal e estadual, que atuam na região de Ilha Solteira, cidade situada no estado de São Paulo, e oferecer os conhecimentos na área de sensoriamento remoto adquiridos durante anos de formação nesta área. Entre os objetivos específicos deste trabalho podemos citar: transmitir noções básicas sobre sensoriamento remoto; fornecer informações e orientações sobre como usar estes recursos nas escolas; compartilhar experiências vividas, divulgar projetos e pesquisas que foram desenvolvidos usando imagens de satélites; estimular professores e futuros educadores a repensar a forma de apresentar a ciência a seus estudantes; despertar uma possível vocação científica nos educadores e em seus alunos; incentivar a criação de projetos educacionais interdisciplinares; difundir os recursos que estão disponíveis (Atlas, sites, cds educacionais, vídeos, livros nesta área); disponibilizar as informações científicas para a educação básica; incentivar a interação das instituições de ensino fundamental e médio com as atividades de pesquisa das Universidades e Instituições (FEIS/UNESP, INPE),

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através do desenvolvimento de projetos voltados ao uso de Sensoriamento Remoto no estudo do meio ambiente e divulgar o uso de imagens CBERS (satélite sino-brasileiro). 2. Metodologia de Trabalho

Um curso foi montado contando com a participação de professores da rede municipal e estadual de ensino que foram convidados, alunos dos cursos de licenciatura em física e biologia, professores, técnicos e alunos da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira e professores da rede estadual que haviam realizado os cursos anteriores.

A metodologia utilizada consistiu de palestras, apresentações, exposições, oficina e curso. Priorizamos o ato de compartilhar as experiências vividas, divulgar pesquisas e projetos que foram desenvolvidos usando imagens de satélites, transmitir noções básicas sobre sensoriamento remoto, fornecer informações e orientações sobre como usar estes recursos nas escolas. A metodologia escolhida também procurou mostrar que através desta tecnologia podemos desenvolver ações educacionais que levem os professores a uma reflexão sobre sua prática pedagógica através da inserção deles em situações específicas de aprendizado (aprender para ensinar). 2.1 O Curso: “Sensoriamento Remoto como ferramenta de ensino para Professores da Educação Básica”. Para elaboração da proposta nos baseamos tecnicamente: No curso que foi realizado no INPE, na Oficina oferecida pela pesquisadora Dra. Tânia, no conhecimento do Prof. Dr. Hélio especialista no assunto, na experiência do André em trabalhar com processamento de dados, em utilizar o Spring e manusear o GPS, nos livros de Florenzano, Mídias: Atlas de Ecossistemas, Google Earth, gravações de visitas técnicas que fizemos com alunos, Planeta Vivo do INPA, Gravação do Programa Com Ciência da Tv Escola, imagens CBERS 2 da nossa região que foram plotadas em tamanho A3, imagens aéreas, imagens Landasat, Ikonos que tínhamos disponíveis e plotadas em diversos tamanhos. Pedagogicamente nos baseamos nos Parâmetros Curriculares Nacionais, na pedagogia de Paulo Freire que recomendam o uso de ambientes educativos diversificados e realização de atividades práticas; ainda mais se considerarmos que as sensações são uma via de integração entre o meio físico externo e o organismo. O curso começou com uma introdução ao sensoriamento remoto, passando para as aplicações dessa tecnologia, interpretação visual de imagens de satélites como, por exemplo, a apresentada na Figura 1 e geoprocessamento, além de conceitos de cartografia, práticas de campo e sensoriamento remoto na educação, como apresentado nas Figuras 2, 3 e 4. O curso foi assim estruturado: Atividade 1 – Aulas teóricas e palestras: Noções sobre Sensoriamento Remoto e Interpretação

de imagens; Tipos de Satélites e a Tecnologia Espacial no Brasil; O Sensoriamento Remoto e suas possibilidades no estudo das disciplinas escolares e no Estudo do Meio Ambiente.

Atividade 2 - Práticas no Laboratório de Informática: Tratamentos de imagens de satélites (interpretação visual e digital): a) Introdução e funções do SPRING; b) Sites e Homepages úteis, mídias e vídeos; c) Estereoscópio.

Atividades 3 – Atividades de Campo: a) Uso do GPS;b) Visitas técnicas para reconhecimento de locais modificados pela ação antrópica e coleta de dados.

Atividade 4: – Auxílio e orientação para a elaboração de projetos nas escolas, divulgação e apresentação do projeto em Simpósios, Jornadas, Congressos, etc.

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Figura 1 - Imagem CBERS 2 de 13/06/2004 - Canais 3(R) 4(G) 2(B) utilizada nas atividades durante o Curso “Sensoriamento Remoto como ferramenta de Ensino para Professores da Educação Básica”. Fonte: Projeto EDUCA SeRe III – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Simultaneamente montamos um grupo de estudo com encontros semanais, para discutir e trocar experiências, formado por nossa equipe, outros profissionais que se interessaram pelo assunto e alunos da graduação que já tinham nos ajudado em projetos na escola. Algumas aulas foram filmadas e fotografadas. Ao final do curso, uma semana para apresentação dos projetos foi programada e uma entrevista realizada com os participantes para avaliação do curso.

Figura 2 - Apresentação do Programa SPRING

Figura 3 - Demonstração da utilização do Estereoscópio

Figura 4 - Treinamento da utilização do GPS

3. Resultados e Discussão 3.1 Aplicação e análise do questionário diagnóstico

O primeiro encontro foi marcado pela apresentação de um projeto que havia sido proposto pelas professoras e recebeu o Premio Ciência do MEC. Nesse mesmo dia solicitamos que professores e alunos respondessem um questionário, que foi aplicado na tentativa de realizar um levantamento prévio dos conhecimentos frente ao tema proposto.

A questão 1 refere-se ao significado de Educação Ambiental para os professores cuja área de atuação situa-se em geografia (21,2%); história (21,2%), ciências (9,2%); matemática (3%); português (18,2%); música (3%); artes (3%) e outras áreas (21,2%). Num total de 33 participantes. Os resultados são apresentados na Figura 5.

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Figura 5 - Compilação das repostas obtidas na Questão 1.

Observa-se que a maior incidência de respostas recaiu sobre o fato do professor acreditar que através da Educação Ambiental é possível tentar conscientizar os alunos em relação aos danos causados à natureza como poluição e desmatamento, seguido de melhoria de qualidade de vida e preocupação com o meio ambiente. Na questão 2 perguntou-se se o professor acreditava que na sua área ou em suas aulas era possível trabalhar com educação ambiental, obtendo-se como resposta que sim (54%) não (23%) e não sei (27%). E sobre a motivação para trabalhar na área as respostas foram, porque é um tema transversal (31,6%) e é importante para o envolvimento de alunos em questões ligadas à preservação (68,4%).

Analisando a resposta da questão 4 do questionário observa-se que 75% dos professores já ouviram falar sobre sensoriamento remoto enquanto 6,3% nunca ouviram falar e 18,7% não responderam a questão. Questionados sobre qual a relação das palavras sensoriamento remoto, 81,3% relacionaram com imagens de satélite enquanto 18,7% não responderam. Ninguém relacionou as palavras com proteção do espaço aéreo, INPE e previsão do tempo. (Figuras 6).

Figura 6 - Compilação das repostas obtidas na Questão 4.

Muitos relataram utilizar as informações sobre clima, mas não exploram as imagens obtidas por satélites por desconhecimento. A maioria se interessou no assunto tendo em vista sua vinculação com estudo de problemas ambientais. Através dessa análise, pode-se constatar que os mesmos receios iniciais que vivenciamos também o foram para esses professores.

Analisando a resposta da questão 5 do questionário observa-se que 14,6% acredita que pode utilizar o recurso do sensoriamento remoto para mostrar como o homem influencia as transformações que são causadas no meio ambiente; 16,7% poderia enriquecer a aula e prender mais a atenção do aluno; 18,7% mostrar situação de ecossistemas, hidrografia, localização de cidades, desmatamento; 2,1% poderia usar no calculo de áreas, transformação de medidas e escalas; 8,3% textos e notícias que traziam imagens e projetos na área ambiental

Qual o significado de Educação Ambiental para você?

tentar conscientizar os alunos em relação aos danos causados a natureza (poluição, desmatamento) saúde

qualidade de vida

19,6%

20,1%

15,2%

20,1%

13,0%reciclagem

preocupação com o meio ambiente

A palavra sensoriamento remoto está relacionada com

imagens de satélite 81,3%

não responderam 18,7%

Para você o que é Sensoriamento Remoto? nunca ouvi falar 6,3%

já ouvi falar 75%

não responderam 18,7%

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na reprodução das imagens, 20,9% desenhos comparativos e construção de maquetes e 10,4% não saberiam como utilizar esse recurso (apresentada na Figura 7).

Observa-se a enorme gama de aplicações que podem ser utilizadas e outras ainda não exploradas pelos professores como recursos didáticos.

De que forma o recurso citado pode contribuir para auxiliar em sua

metodologia diária? mostrar como o homem influencia as transformações 14,6%

poderia enriquecer a aula 16,7%

Figura 7- Compilação das repostas obtidas na Questão 5.

Um gráfico similar foi observado na escola em que estamos vinculadas em relação aos demais professores, já que quando realizamos a divulgação deste recurso, houve certa resistência por parte dos colegas, principalmente por desconhecerem as aplicações, associado às dúvidas de como utilizar as imagens nas diversas disciplinas e o receio de não conseguir interpretá-las, devido a não ter uma formação na área. Embora alguns não saberiam como utilizar o recurso (15,4%), os professores de geografia citaram que já utilizaram para mostrar situação de ecossistemas, hidrografia, localização de cidades, desmatamento, etc (23,1%), enquanto os professores de matemática (15,4%) avaliaram a possibilidade de trabalhar com áreas e proporções, já os professores de português e artes afirmaram que já trabalharam com textos, notícias e documentários (46,1%).

Assim como nós, após os primeiros relatos dos projetos que havíamos iniciado, os professores passaram a se motivar, principalmente quando surgiram oportunidades de aplicação na sala de aula. O mesmo ocorreu, ao apresentarmos os projetos pedagógicos (Figura 8) e comentarmos sobre o aumento do interesse demonstrado pelos alunos quando utilizamos imagens de satélites para trabalhar conteúdos e desenvolver projetos ambientais.

A motivação dos professores também foi observada durante a oficina, “O Uso de Imagens de Satélite em sala de aula” ministrada pela Profª Drª Tânia Sausen (Figura 9), junto com outros educadores, onde foi enfatizada ainda mais as potencialidades deste como recurso didático. Durante o desenvolvimento deste trabalho percebemos que através destas ações conseguimos disseminar esta importante tecnologia além dos muros escolares e assim estimular professores, futuros educadores a utilizarem esta valiosa ferramenta como recurso didático em aulas e projetos ambientais.

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Figura 8 - Apresentação dos Projetos Realizados EE de Urubupungá

Figura 9 – Oficina -FEIS/UNESP

Uma ferramenta inicialmente científica e militar migrou para quase todos os campos

da atividade econômica, povoando nosso cotidiano. O noticiário diário da televisão apresenta a previsão do tempo do dia seguinte com uma imagem de satélite. Recentemente, imagens do ciclone Catarina e da guerra no Iraque eram publicadas diariamente nos jornais.

Foi interessante observar como a associação do uso do sensoriamento remoto com o trabalho de campo contribuiu para o processo evolutivo, pois possibilitou a contextualização das informações obtidas a partir das imagens o que nos levou a concluir, que a junção, principalmente, dessas ferramentas possibilitou uma maior compreensão, das transformações ocorridas e as relações do homem e suas conseqüências no uso e ocupação da Terra.

Acreditamos que algumas barreiras oferecidas inicialmente pelos professores foram vencidas, a partir das informações que eles receberam, através do curso. Isso não quer dizer que foram formados especialistas no assunto, mas que as informações básicas recebidas os capacitou para falar sobre o assunto. Durante o curso muitos conceitos foram explorados e o senso espacial aprimorado, além de um interesse em continuar estudando o assunto foi despertado. Quanto às possibilidades de aplicação em sala de aula, muitos relataram que terão dificuldades, uma vez que a escola oferece pouco recurso computacional. No entanto, as parcerias firmadas deverão garantir que tanto o apoio técnico quanto o apoio instrumental deverão ser suportados até que a infraestrutura na escola seja garantida.

As professoras com base em fotografias e imagens da região, de diferentes datas, trabalharam com os alunos, as principais mudanças ocorridas na paisagem urbana e rural. Eles relataram as mudanças através de linguagem oral, escrita, por desenhos e maquetes (Figuras 10 e 11). Além disso com imagens recentes do município um grupo projetou uma imagem futura que retratasse uma ocupação planejada e desejável. Um outro grupo retratou como a paisagem poderá ficar se o homem não tiver consciência e não preservar os recursos naturais.

Figura 10 - Reprodução do Globo Terrestre feita por alunos da 4ªSérie

Figura 11 - Grafitagem da Ilha Solteira (que fica no Rio Paraná) feita por alunos do Ensino Médio.

Essa exploração de imagens de satélite em sala de aula segundo os professores

facilitou o processo de aprendizagem, pois houve maior interesse dos alunos que puderam comparar locais da sua região. As aulas práticas usando GPS (saídas de campo) foram

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interessantes, pois através das anotações das coordenadas geográficas, os alunos puderam descrever as características do local e posteriormente transpunham esses dados em programas ou sites e observavam se eram como nas imagens geradas. A possibilidade dos professores se matricularem em uma disciplina específica do assunto como ouvintes também foi levantada por alguns professores, o que indica que o assunto é altamente motivador. 4. Conclusões

Nossa expectativa é a de que essa iniciativa incentive os professores a utilizar o sensoriamento remoto como recurso didático dentro sala de aula e que disseminem esse conhecimento na escola. Outro ponto importante a ser salientado foi que muitos disseram que trabalhar com professores de diferentes áreas, trouxe um ganho maior ainda no aprendizado tanto pessoal como profissional. Um exemplo: os professores de português, tiveram que interpretar gráficos, dados estatísticos, cálculos de áreas, trabalhar com escala, ter noções de espaço, aprender localizar rios, analisar alguns fenômenos físicos e químicos. Já os das áreas de ciências da natureza, tiveram que aprender ou relembrar regras gramaticais para montarem projetos, escreverem relatos, interpretar textos e construírem maquetes, mesmo sem habilidades artísticas. Desse modo relataram nos encontros que o uso das imagens de satélites trouxe mais diversificação das aulas, enquanto que o uso de mídias, experiências em laboratórios, visitas técnicas foram fatores que causaram motivação e facilitaram o aprendizado dos alunos. Concluímos que ao compartilhar com os colegas os conhecimentos que adquirimos durante esses anos, tivemos muitos ganhos que tendem a crescer à medida que formos solicitados a colaborar quer seja na elaboração de novos projetos, quer seja na resolução dos problemas que surgirão na aplicação diária do assunto em sala de aula.

Agradecimentos

À equipe do INPE que ministra o Curso de Uso Escolar do Sensoriamento Remoto no Estudo do Meio Ambiente (em especial às professoras Tânia Maria Sausen, Elisabete C. Moraes, Teresa G. Florenzano), pesquisadores, técnicos,.funcionários e alunos graduação da FEIS/UNESP pela colaboração, aos educadores participantes do curso pelas sugestões e troca de experiências, as biólogas da CESP: Marlene P. Ferreira e Carmem Menezes,a Direção das Escolas Envolvidas, a Diretoria Municipal de Educação e a Diretoria de Ensino de Andradina.

Referências Bibliográficas BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais, Ensino Médio, Brasília. 1999. CARVALHO, I.C.M. Em direção ao mundo da vida: interdisciplinaridade e educação ambiental.Conceitos para se fazer educação ambiental.Brasília: Ipê, 1998. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1999. FLORENZANO, T.G. A Nave Espacial Noé. São Paulo: Oficinas de Textos, 2004. FLORENZANO, T.G. Imagens de Satélite para estudos ambientais. São Paulo: Oficinas de Textos, 2002.

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GERALD, C. M. G., FIORENTINE, D., PEREIRA, E. M. Cartografias do Trabalho Docente. Refletindo com Zeichner: Um Encontro Orientado por Preocupações Políticas Teóricas e Epistemológicas. Mercado de Letras, capítulo 9, p.237-274, Campinas, SP, 1998. BRASIL, INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE). Curso de uso Escolar de Sensoriamento Remoto no Estudo do Meio Ambiente, VII. Apostila –Moraes, E. C. S DSR-INPE, São José dos Campos, 2003. MORAN, J.M.,MASSETO, M. T. E BEHRENS, M.A., Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2000 (coleção Papirus Educação ). 11 a Edição. –Biblioteca do Professor. SIMIELLI, M.E. et al. Do plano ao tridimensional: A maquete como recurso didático. Boletim Paulista de Geografia, São Paulo,n.70 ,1992

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A doce Lagoa do Peri: Pontos de Vista

Maria Aparecida Campos Moser1

Marinez Chiquetti1

Guisela Prazeres Coelho1 1Colégio Santa Catarina

Rua Frei Evaristo, nº 91 - Florianópolis, SC [email protected]

[email protected] [email protected]

Abstract. The island of Santa Catarina where Florianópolis are localited , has been suffering in last years an accelerated urbanization reaching natural areas. Environmental education has being important in the understanding process of natural resources of the island, considerating the presence of preservation areas with lagoons, mangroves, dunes, restinga and the Mata Atlântica, which led us to develop this project. The Lagoa do Peri Municipal Park was chosen to study because it houses the largest source of fresh water of the island, the Vegetação de Restinga and one of the last remnants of Mata Atlântica, of the region. It’s necessary to know that Park to defend the preservation and to the ecological balance maintenance, ensuring its use as area of water supply, tourism and leisure. The visit to the Park and trail by Vegetação de Restinga allowed to work in an environmental education project but also the development of geographical concepts about two-dimensional and threedimensional vision (mapping education). The photographic exhibition, the preparation of drawings, maps and the use of satellite images and the preparation of a model completed the study of the area, enabling new point of view about “The Sweet Lagoa do Peri”. Key-words: ambiental education, Ilha de Santa Catarina, cartographic education 1. Introdução

A preocupação com o educar a partir do local de vivência do aluno e a sua formação para a cidadania nos motivou a elaborar este projeto. Professores de diferentes áreas, engajados na Campanha da Fraternidade de 2007 que trouxe como tema a Amazônia, aceitaram o desafio de trazer a discussão à realidade local. Teve como objetivo inicial um trabalho de educação ambiental para alunos de duas turmas de quinta série do Colégio Santa Catarina do Município de Florianópolis envolvendo as disciplinas de Português, Educação Artística e Geografia, numa primeira etapa. Posteriormente foi ampliado pela disciplina de Geografia dentro da Educação Cartográfica estendendo-se durante o ano de 2007. O conteúdo programático desta disciplina foi aplicado na prática através do desenvolvimento do projeto e a utilização de novas tecnologias possibilitou diferentes abordagens.

A área objeto de estudo localiza-se na Ilha de Santa Catarina a qual apresenta características biogeográficas peculiares, resultantes do contato terra e mar e que vem sofrendo ameaças principalmente com a crescente urbanização e o avanço da mesma em diferentes direções. A educação ambiental torna-se portanto um grande desafio no conhecimento e na valorização da riqueza natural de Florianópolis, tendo em vista a presença de áreas de preservação que estão sendo ameaçadas como mangues, dunas, restingas e Mata Atlântica.

Uma das Unidades de Preservação da Ilha de Santa Catarina é o Parque Municipal da Lagoa do Peri localizado na sua porção sudeste, inserido em um dos últimos remanescentes de Floresta Atlântica. Com cerca de 20 km

2 o Parque abriga a maior lagoa de água doce da costa

catarinense que está separada do mar pela vegetação de restinga numa área de 5 km2

de espelho d’água. A Lagoa do Peri foi tombada como Patrimônio Natural em junho de 1976,

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sendo o Parque Municipal criado e regulamentado no período de 1981 a 1982, com os objetivos de: proteger os recursos naturais; resgatar a cultura açoriana; criar um espaço de ação, educação e investigação ambiental na cidade e conciliar a proteção ambiental com adequado aproveitamento do potencial natural e paisagístico do Parque. Desde o ano de 2000 a água da lagoa é utilizada para abastecimento público do sul da Ilha. É preciso portanto conhecê-lo para que se defenda sua preservação garantindo o equilíbrio ecológico e a continuidade da vida nesse ecossistema.

A alfabetização cartográfica e a leitura do espaço no seu verdadeiro sentido fazem parte do ensino da geografia e também desafiam os professores da área. O estudo do lugar teve portanto como objetivos, além da sensibilização ambiental, da valorização do lugar , a leitura crítica da realidade e a construção da espacialidade e sua representação .

“Conhecer o espaço de ação e os espaços mais amplos

através de sua representação é o ponto de partida para uma ação independente” (ALMEIDA e PASSINI, 1989).

Para atingir os objetivos propostos foram utilizados diferentes recursos como a música, a

elaboração e interpretação de textos, a simples observação com os registros fotográficos e também o mapeamento com o uso do sensoriamento remoto .

“Os novos parâmetros curriculares reforçam a

importância do uso de novas tecnologias, como a do sensoriamento remoto que se destaca da maioria dos recursos educacionais, pela possibilidade de se extraírem informações multidisciplinares, uma vez que dados contidos em uma única imagem podem ser utilizados para multifinalidade”. (FLORENZANO, 2002, p.93).

2. Metodologia de trabalho

Para iniciar o estudo da área escolhida foi feita uma sensibilização ambiental com a interpretação do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis onde a natureza é aclamada em toda a sua plenitude. Com esse olhar foi preparada a saída de estudos ao parque. Inicialmente monitores do local orientaram a caminhada pela Trilha da Restinga após palestra e apresentação de vídeo sobre o ecossistema em estudo (Figura 1 e 2).

Figura 1- Palestra com os agentes do parque Figura 2- Trilha na Mata da Restinga

Grupos de quatro alunos, cada qual com o auxílio de uma máquina fotográfica, fizeram o reconhecimento da área registrando imagens da vegetação de restinga, espécies da Mata

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Atlântica, o Rio Sangradouro, o mar, a estação de tratamento da água e a Lagoa do Peri. Cada grupo escolheu um nome significativo para cada uma das fotos (Figuras 3, 4 e 5).

Figura 3- Foto da área de restinga

Figura 4 - Foto da Lagoa do Peri feita por aluno

Após essa saída de estudos os trabalhos se desenvolveram dentro das diferentes áreas envolvidas. Em Geografia a sensibilização ambiental foi feita através da observação direta utilizando a fotografia, a música e desenhos como recursos.

Após essa primeira etapa onde a visão bidimensional foi amplamente trabalhada, o projeto foi ampliado dando continuidade à leitura do espaço e sua representação cartográfica, utilizando para isso novas tecnologias que propiciaram novos olhares sobre a Ilha e o Parque em estudo.

Nessa segunda etapa a utilização do sensoriamento remoto aplicado ao estudo do meio ambiente se iniciou com a obtenção de informações sobre o INPE e imagens de satélite, pesquisa sobre o CBERS (Figura 6), o uso do GPS e de cartas-imagem .e a utilização do Google Earth nas aulas do Laboratório de Informática (Figura 7).

Figura 6 -Atividade sobre o CBERS Figura 7 -Aula no Laboratório de Informática

Figura 5 - Espécie da mata Atlântica

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Entre os conteúdos programáticos da 5ª série o tema “Unidades de Conservação Ambiental” trouxe novos conceitos que foram inseridos no projeto com o uso das imagens de satélite.

A localização das reservas da Ilha foi o objeto de atividade utilizando como recurso o material impresso da imagem de Florianópolis (Fusão de CBERS-2 CCD 155/131, 3R4G2B, e Landsat-7 ETM +220/79, PAN) disponibilizada pelo INPE onde os alunos, em meio digital, identificaram as Unidades de Conservação da Ilha. Foi produzido em duplas um mapa com a localização e informações sobre as áreas pesquisadas.

Para o desenvolvimento de conceitos cartográficos como orientação, escala, legenda foi elaborado um mapa individual em papel vegetal a partir das imagens impressas da Lagoa do Peri - obtidas no Google Earth - destacando aspectos relevantes da área e reconhecidos também pela saída de campo.

Para finalizar os estudos os alunos sugeriram a construção de uma maquete sendo utilizada a carta topográfica da área como referência (Figuras 8 e 9). Assim foram desenvolvidos conceitos de geomorfologia, hidrografia e biogeografia.

A atividade contou com a participação voluntária de duas alunas do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Santa Catarina que aplicaram os conhecimentos adquiridos em um recente curso de maquete promovido pela Instituição Superior. A integração com a disciplina de Educação Artística também fez parte do processo.

Figura 8- Aula de confecção da maquete. Figura 9- Monitoria na montagem da maquete. 3. Resultados e Discussões

O projeto desenvolvido durante o ano letivo de 2007 propiciou a interdisciplinaridade com a integração das áreas de Português, Geografia e Educação Artística. A inclusão de diferentes temas do Conteúdo Programático no projeto foi muito motivador .

Na primeira etapa do projeto foram produzidos desenhos, mapas mentais e fotografias. Finalizando a primeira etapa do projeto foi realizada uma exposição fotográfica no

Colégio como parte das comemorações da Semana do Meio Ambiente (Figuras 10 e 11).

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Figura 10 – Exposição no pátio do Colégio Figura 11 –Alunos observando a exposição

Nas aulas de informática, os alunos produziram um clip utilizando como recursos as Foi as imagens registradas (fotografias) e a música cantada pelos próprios alunos em uma apresentação aos pais.

O conhecimento adquirido no “X Curso de Uso Escolar de Sensoriamento remoto no estudo do meio ambiente” realizado no INPE em julho de 2007 pela professora de Geografia foi de fundamental importância para a ampliação do projeto. A produção de um mapa em meio digital localizando as Unidades de Conservação da Ilha e o mapa em papel vegetal que teve como base uma imagem obtida no Google Earth (Figura 12) foram atividades que propiciaram o desenvolvimento de novas habilidades e trouxeram novos pontos de vista da área em estudo (Figuras 13 e 14).

Figura 13- Trabalho produzido nas aulas de Informática utilizando a imagem de satélite.

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Figura 12 – Imagem do Google Earth Figura 14 - Mapa em papel vegetal feito

a partir da imagem do GoogleEarth.

O apoio do setor de Informática foi de fundamental importância na utilização do sensoriamento remoto o que trouxe novas perspectivas ao trabalho de sala de aula.

A confecção da maquete da área da Lagoa do Peri em isopor, representando a sua topografia foi a conclusão do projeto, gerando várias discussões sobre a vegetação, o relevo a hidrografia da área como também as ameaças que a mesma está sujeita (Figuras 15) .

Figura 15 – Etapas da elaboração da maquete

O projeto foi apresentado na forma de pôster no Congresso Franciscano realizado em Curitiba em outubro de 2007 cujo tema foi “Meio Ambiente, Ética e Franciscanismo” (Figura16).

Finalizando os trabalhos foi realizada uma exposição na sede o Parque Municipal da Lagoa do Peri no período de 13 a 19 de novembro de 2007 recebendo a visitação de escolas, turistas e da comunidade ( Figura 17).

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Figura 16- Pôster sobre o projeto Figura 17- Exposição na sede do Parque 4. Conclusões

A Doce Lagoa do Peri passou a ser visualizada em diferentes escalas e pontos de vista. A mensagem dada pelo “Cântico das Criaturas” foi fundamental na reflexão sobre as

questões ambientais, sobre as relações sociedade - natureza constituindo-se em importante instrumento de sensibilização e motivação para os trabalhos. A observação local, a comunicação visual com o uso da fotografia, os desenhos e croquis propiciaram a leitura da paisagem e o desenvolvimento da visão bidimensional foi fundamental no processo de educação cartográfica. A utilização do sensoriamento remoto trouxe novas interpretações para as questões naturais e para o desenvolvimento do “olhar geográfico”. A visão tridimensional desenvolvida a partir das atividades utilizando as imagens de satélite e a construção de maquete vieram ampliar o estudo da área inserindo novos conceitos geográficos e ampliando a alfabetização cartográfica.

A saída de estudos, o “Cântico das Criaturas”, a interpretação das fotografias e das imagens de satélite contribuíram para a leitura crítica de nossa realidade, a melhor compreensão do espaço geográfico e um maior respeito pelas questões ambientais . Agradecimentos

Agradeço ao Colégio Santa Catarina pela confiança depositada em meu trabalho, à Direção e monitores do Parque Municipal da Lagoa do Peri pelo acompanhamento na visita e incentivo ao projeto. Um agradecimento especial aos amigos professores que partilharam comigo essa experiência desde a saída de estudos e durante os trabalhos realizados no ano: tenham a certeza de que o caminho é a interdisciplinaridade! Minha especial gratidão à professora do laboratório de informática, parceira no uso das novas tecnologias na escola.

Ao INPE pela oportunidade da formação no uso escolar do sensoriamento remoto trazendo novas possibilidades ao meu trabalho como professora.

Ao Moser, Marilia e Laís, obrigada pelo apoio.

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Referências Bibliográficas ALMEIDA, R.; PASSINI, E.O Espaço Geográfico: Ensino e Representação. 8.ed, Ed. Contexto. São Paulo, 1989. CASTELLAR, S.M.V. Alfabetização em geografia. Espaços da Escola. Ijuí, v. 10, n. 37, p. 29-46, jul./set 2000. CASTELLAR, S. M.V. Educação geográfica: a psicogenética e conhecimento escolar.Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66, p. 209-225, maio/ago. 2005. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br> FLORENZANO, T.G. Imagens de Satélite para estudos ambientais. São Paulo: Oficina de textos, 2003. GOOGLE EARTH. Disponível em : <http://earth.google.com/>. Acesso em 7 ago. 2007. INPE- DPI (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais- Divisão de processamento de Imagens). SPRING- Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas, manual do Usuário. São José dos Campos, 2003. MELO, A. A., et. al. O uso de dados do sensoriamento remoto como recurso didático para o ensino da cartografia na geografia. Caminhos de Geografia, Uberlândia-MG, vol. 6, p. 89-102. Disponível em: <www.ig.ufu.br/caminhos_de_geografia.html>. OLIVEIRA, et. al. Iniciação Cartográfica para jovens, usando fotografias aéreas e imagens de satélite. Caderno de Resumos. In: Anais I Simpósio Ibero Americano de Cartografia para Crianças. Rio de Janeiro-RJ, 2002, p. 72. RAMOS, C. V. Visualização cartográfica e cartografia multimídia: conceitos e tecnologias. Ed. UNESP, São Paulo, 2003. SIMIELLI, M.E. at al. Do plano ao tridimensional: A maquete como recurso didático. Boletim Paulista de Geografia, nº 70. São Paulo,1992.

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Relato da Aplicação da Tecnologia Espacial na Educação

Dilene Fernandes Machado da Costa Escola Municipal Visconde de Porto Seguro - RJ

[email protected]

Abstract In search of an education focused on life quality and healthy environment, it is vital the questioning about how to ensure the economic and technological development without harming the environment. This article aims to describe the didactic use of space technology starting from the knowledge acquired in the III Course of School Use of Remote Sensing on the Study of the Environment, sponsored by the National Institute for Space Research (INPE), in 2003. In all levels of education, remote sensing, as a teaching resource, was used as a tool in the evaluation of environmental impact in the neighborhood called Sulacap Garden, by a school of basic education as well as an important instrument in environmental expertise. Based on the fact that the Curricular Parameters suggest the use of new technologies in education, space technology emerges as a powerful resource in monitoring, tracking and analysis of the effects of impacts on the environment, construction and operation of human activities. In the dissemination of this knowledge, some environmental education projects were developed at the Municipal School Visconde de Porto Seguro, a public school in the city of Rio de Janeiro and in practical classes in the course of Forensic Biology, in environmental expertise module, in a private university, also in Rio de Janeiro. Palavras-chave: educação, tecnologia espacial, meio ambiente 1. Introdução

Com raízes no século XIX, a questão ambiental vem ganhando peso nas preocupações mundiais promovendo importantes mudanças na visão de mundo. A partir dessa visão, as relações entre o modelo de desenvolvimento, o que constituiu a sociedade urbano-industrial contemporânea, e o meio ambiente, vêm sendo profundamente questionadas levando a humanidade a perceber que os recursos naturais são finitos e que seu uso incorreto pode representar o fim de sua própria existência.

A educação é, sem dúvida, o principal instrumento de mudança e não deve se restringir apenas a formar pessoas preocupadas em conhecer o seu ambiente. Deve torná-las cidadãs, sabedoras de que a sua ação pessoal, e a de sua comunidade, sempre interferem no meio em que vivem. Ao mesmo tempo, as práticas pedagógicas devem ser constantemente repensadas e novas tecnologias devem ser agregadas a essas práticas. A partir desta visão, em 2003, buscou-se a participação no Curso de Uso Escolar do Sensoriamento Remoto no Estudo do Meio Ambiente com o objetivo de agregar às práticas pedagógicas a tecnologia do sensoriamento remoto como uma fonte rápida e precisa para os estudos voltados ao ambiente urbano e à avaliação dos impactos ambientais causados pelo homem.

O objetivo geral deste trabalho é relatar o uso da tecnologia espacial na educação, a partir dos conhecimentos adquiridos no III Curso de Uso Escolar do Sensoriamento Remoto no Estudo do Meio Ambiente, promovido pelo INPE, em 2003. Na difusão de tais conteúdos, foram desenvolvidos trabalhos na área de educação ambiental na Escola Municipal Visconde de Porto Seguro, no município do Rio de Janeiro, no Ensino Fundamental, bem como no Curso de Especialização em Biologia Forense, ministrado em uma universidade privada, também no município do Rio de Janeiro, no módulo de perícia ambiental. Em todos os níveis, imagens de satélite e fotos aéreas foram utilizadas como recurso didático na avaliação

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de impactos ambientais, com o intuito de acompanhar, monitorar e analisar os efeitos dos impactos decorrentes da construção ou operação das atividades antrópicas. 2. Metodologia Inicialmente, a partir dos conhecimentos adquiridos no curso ministrado pelo INPE, esse recurso foi utilizado em turmas do período intermediário do terceiro ciclo de formação (antiga sexta série do ensino fundamental). O uso do sensoriamento remoto na escola, em 2003, era bem recente e despertou muita curiosidade por parte de todos. O primeiro passo foi discutir o sentido da expressão sensoriamento remoto – um conjunto de técnicas que permite obter informações da superfície da Terra à distância e, a partir daí, construir o conceito.

No ensino fundamental, como estratégia de apresentação do uso desse recurso, utilizamos o Atlas Escolar do Município do Rio de Janeiro; imagens fornecidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que mostram como a Zona Oeste do Rio ainda é privilegiada em termos de preservação das áreas verdes; fotos aéreas do bairro, feitas no ano de 2001, fornecidas pelo Instituto Pereira Passos (IPP), e fotos aéreas fornecidas pelo Museu Aeroespacial, que datam da década de 1930. Essas imagens propiciaram uma análise do crescimento urbano ocorrido no local nas últimas sete décadas. Cabe ressaltar que a escola não conta com laboratório de informática e, portanto, utilizamos cartas imagens como recurso. Tais imagens são observadas em grupos que as analisam e trazem importantes questões para o debate em sala de aula.

3. Resultados e Discussão

A preocupação com as questões ambientais não é recente na escola. Os profissionais da Escola Municipal Visconde de Porto Seguro sempre se empenharam em desenvolver uma prática pedagógica voltada para a discussão de temas relacionados à qualidade de vida, visando despertar a conscientização da comunidade escolar para o exercício efetivo da cidadania. Daí surgiu, ainda em 2003, o projeto Comunidade Consciente, Indivíduo Cidadão com o objetivo de trazer à tona discussões sobre as questões sócio-econômicas do bairro Jardim Sulacap, Zona Oeste do Rio, bem como discutir as questões ambientais da escola e, como desdobramento dessas discussões, promover a implantação da agenda 21 da escola. O sensoriamento remoto se revelou, no desenvolvimento do projeto, como um recurso rico, pela possibilidade de se extraírem múltiplas informações, tais como dimensões de áreas verdes, crescimento de áreas urbanas, desmatamento etc..., a partir de uma imagem. Em 2004, o trabalho foi apresentado, em pôster, na IV Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto – São Leopoldo – RS – 2004. Em 2005, como um desdobramento da proposta de trabalho que vinha sendo desenvolvida, surge o projeto Sensoriamento Remoto com Recurso Didático: Diagnóstico Sócio-Ambiental da Zona Oeste do Rio, que propôs uma discussão sobre a importância do uso do sensoriamento remoto como um instrumento para a compreensão das relações sociais no equilíbrio do meio ambiente, na busca de uma educação voltada para uma gestão ambiental participativa. O projeto, desenvolvido com alunos da 6ª série, iniciou-se a partir da utilização de imagens de satélite fornecidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) para uma análise comparativa do desenvolvimento urbano da região entre os anos de 1994 e 2003. Também foram utilizadas fotos aéreas antigas e atuais do bairro nesta análise. Como fundamentação teórica básica, apoiamo-nos na diversidade de referenciais teóricos que norteiam nossa prática pedagógica, entre eles Vygotsky, Freinet e Paulo Freire, em consonância com o núcleo curricular básico MultiEducação da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, a Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96), e os

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Parâmetros Curriculares Nacionais. Os resultados obtidos foram apresentados na semana do meio ambiente, promovida pela escola. O trabalho foi apresentado no Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, em Goiânia, GO, em 2005, e, posteriormente, apresentado na V Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto, em Córdoba, Argentina, também em 2005. Em 2006, o artigo Sensoriamento Remoto como Recurso Didático foi publicado, pela Multirio, na Revista Nós da Escola de número 38. Ainda em 2006, o projeto foi apresentado, em pôster, no Congresso Ibero-Americano de Educação Ambiental – Goiânia – GO.

Em 2007, a escola participou do programa de TV Nós da Escola, sobre o tema Aquecimento Global, realizado pela Multirio e transmitido pela Band e pelo canal Futura. 4. Conclusões

Não há como negar a dimensão política da educação ambiental. E exatamente por seu caráter transformador, ela encerra diversos desafios, os quais a escola, no seu papel de formadora de cidadãos, não pode negligenciar. Para que isso ocorra, nós, educadores, precisamos romper com práticas pedagógicas arcaicas, buscando novas tecnologias. Assim, a tecnologia espacial se apresenta como um recurso inovador, atrativo e funcional, contribuindo na formação do cidadão crítico, participativo, capaz de atuar como um agente tranformador da sociedade em que vive, sempre atento às questões ambientais. Referências Bibliográficas BRASIL. Congresso Nacional. Lei n.º 9.795, de 27 de abril de 1999. Política Nacional de Educação Ambiental. Diário Oficial da União Brasília, v. D.O, 28 de abril. 1999.

BRASIL. Senado Federal. UNCED – Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Agenda 21. 2ª ed., Brasília: 1997.

BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União. Brasília, v. DO, 23 de dezembro de 1996.

FLORENZANO, Teresa Gallotti. Imagens de Satélie para Estudos Ambientais. São Paulo: Oficina de Textos, 2002.

FREIRE, P. Educação e Mudança. 26. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO. Atlas Escolar da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: 2001

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Um estudo acerca das condições de revitalização do Córrego Buriti a partir do uso do sensoriamento remoto na escola - MT

Adilson Ribeiro de Araújo¹ Av.: Bom Jesus, 2368 – Jardim Bela Vista

Pontes e Lacerda – Mato Grosso Cep 78250-000 [email protected]

Escola Estadual Deputado Dormevil Faria

Rua: Ceará, 372 – Centro Pontes e Lacerda - MT Escola Estadual São José

Rua: Terezinha C. Garbim, S/Nº São José Pontes e Lacerda - MT

Abstract. We propose with the development of the project "A study on the conditions for revival of Buriti Stream from the use of remote sensing in school - MT" a large involvement of students and teachers of state School Dormevil Faria state School and St. Joseph, awakening in the segments concern to develop activities to revitalization of that stream. The goal is to keep the area green in the city, avoiding overheating caused by asphalt and concrete buildings generated by vertical and horizontal direction in which the term "heat island," is already being made in major urban centres. For the development of this work involve students from high school to examine the proposals and observe the importance of linking this study with remote sensing widely used in rehabilitation of degraded areas. This preliminary study that we will aim to establish an inter-relationship with the school's environmental impacts caused by the illegal occupation of areas of permanent protection is of great value to the learning of students. They will find, through studies, that these areas could not be occupied by people and that the occupation is causing pollution of water resources in the basin of the Guaporé Valley, mainly by household waste in order that the population does not have the habit of recycle. The result of this work will be presented to society during the meeting VII School of use of Remote Sensing, and the second meeting of the Group Pro-Environmental which will be held in October of 2008. Palavras-chaves: impactos ambientais, sensoriamento remoto, educação ambiental; environmental impact, remote sensing, environmental education. 1. Introdução

Sensoriamento Remoto pode ser definido, de um modo bastante abrangente, como sendo a aquisição de informações sobre um objeto sem que haja contato físico com o mesmo. Segundo Novo et al. (1989), guiando-nos por esta definição, podemos compreendê-lo como o olho humano. Porém o termo sensoriamento remoto deve estar associado à obtenção e processamento das informações dos recursos terrestres, nos quais o ser humano não é parte essencial do processo.

Portanto, o primeiro passo para enfrentamos estes problemas ambientais é conhecer as conseqüências provocadas pelo lixo doméstico e industrial, pela poluição do ar e, principalmente com o aquecimento, ou seja, com o aumento das temperaturas nos grandes centros urbanos.

Nosso objetivo ao abordar as novas tecnologias de sensoriamento remoto é o de despertar a necessidade da inclusão da imagem nos processos de aprendizagem e sensibilizar quanto à necessidade da conservação ambiental. É importante a coexistência de desenhos, mapas mentais, croquis, mapas cartográficos e imagens de satélites na construção da percepção e concepção de espaço pelo aluno no seu desenvolvimento cognitivo, provocando assim, uma passagem do egocentrismo para o processo de descontração. Isto levará o

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educando a essas relações espaciais topológicas, visualizando o processo de ocupação no espaço geográfico.

Pretendemos, com o presente trabalho, que os alunos da Escola Estadual Deputado Dormevil Faria e Escola Estadual São José, elaborem propostas conjuntas para a revitalização do Córrego Buriti, através do processamento de imagens de satélites, compreendendo a necessidade da existência de áreas verdes para solução do problema ambiental, garantido assim uma melhoria na qualidade de vida do cidadão ponteslacerdense que aqui vive, bem como para as futuras gerações.

1.1 Objetivos

Desenvolver intenso trabalho educativo envolvendo, professores e alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Deputado Dormevil Faria e Escola Estadual São José sobre a concepção do meio ambiente e desenvolvendo atividades que levem o aluno à sensibilização quanto à importância da preservação da natureza na qualidade de vida através do uso de sensoriamento remoto na aplicabilidade de impacto ambiental, enfocando a educação ambiental.

Sensibilizar e mobilizar o público infanto-juvenil para a necessidade de conservação do meio ambiente e a utilização de recursos através de cartas imagens de satélites;

Estabelecer parcerias com as duas escolas, oferecendo estrutura/suporte aos alunos para a realização de um trabalho consistente de Educação Ambiental, no uso do processamento de imagens;

Prover aos alunos subsídios metodológicos que possa ser aplicados na introdução da Educação Ambiental como tema transversal no currículo escolar;

Realizar atividades onde, através da prática, o conteúdo de Educação Ambiental e sensoriamento remoto possam ser vivenciados e internalizados;

Proporcionar aos alunos oportunidades de visitas à área de estudo, guiadas e orientadas por pessoal capacitado com mapas temáticos.

2. Metodologia de Trabalho

Para o desenvolvimento deste projeto, utilizar-se-á, num primeiro momento, carta imagem e farto referencial bibliográfico para subsidiar teoricamente o estudo.

Num segundo momento, faremos trabalhos teóricos e práticas nas Escolas Estaduais Deputado Dormevil Faria e São José, de Pontes e Lacerda, com alunos do Ensino Médio, através da construção de desenhos, mapas, croquis, mapas cartográficos e imagens de satélites onde serão aplicadas aulas práticas de sensoriamento remoto. O objetivo deste trabalho é fazer com que os alunos compreendam, através da ação das escolas, que este estudo tem como propósito dar a eles condições de conhecer e analisar a ocupação irregular nas margens do Córrego Buriti conforme enfoca a Educação Ambiental além de realizar levantamento bibliográfico nas bibliotecas escolares sobre a questão ambiental e cultural.

Logo após este trabalho serão feitas palestras para os educadores. A partir daí envolveremos esses alunos na proposta com aulas de campo organizadas em grupo, da nascente do Córrego Buriti até a sua foz através de imagem de satélite como mostra na Figura

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1. A partir das aulas de campo serão delimitadas as observações da flora e serão feitas avaliações dos impactos ambientais desses ecossistemas, envolvendo estudos na micro-bacia do Guaporé bem como aulas expositivas e seminários com os alunos (vídeo e conteúdos ambientais). Também serão realizadas palestras, mini-cursos e oficinas no 2º Encontro do Grupo Pró-Ambiental uma (ONG) Organização Não-Governamental.

Figura 1 – Imagem de Satélite CBERS 2 Fonte: INPE Para finalizar as ações do projeto proporemos a realização de atividades que visam o enriquecimento do conhecimento dos educandos em sala de aula. Dentre estas ações destacamos a realização de exposições no VII Encontro de Uso Escolar de Sensoriamento Remoto no INPE e no II ECOGPA Encontro do Grupo Pró-Ambiental para a socialização de todos os conhecimentos adquiridos durante os trabalhos do projeto. 3. Resultados e Discussão

Através da realização das atividades ora propostas tais como palestras, trabalhos de grupo, debates, seminários, aulas expositivas, oficinas, preparação dos alunos, etc., pretendemos oferecer educação ambiental a todos os alunos de 1º a 3º ano do Ensino Médio nas escolas Estaduais Deputado Dormevil e São José do município de Pontes e Lacerda. Nosso propósito é o de contribuir significativamente para a revitalização e a conservação de áreas verdes no centro de Pontes e Lacerda e proporcionando assim uma melhoria na qualidade do meio ambiente.

Pretendemos levantar ampla discussão quanto à importância da revitalização do Córrego Buriti envolvendo, além das escolas o órgão municipal responsável pelo reflorestamento e conservação das suas margens, córrego este que no passado foi de grande importância para a sociedade, mas que, com o processo de desenvolvimento, sofreu grande degradação e poluição.

O resultado que esperemos alcançar está relacionado à sensibilização dos alunos quanto à importância do uso do sensoriamento remoto em sala de aula, levando-os assim a

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uma melhor compreensão do relacionamento do seu espaço com o local, regional, nacional e global, visando que propostas possam ser desenvolvidas na revitalização nesse recurso hídrico oriundos de um afluente do Rio Guaporé de fundamental importância para sobrevivência de varias espécies. O foco das discussões será colocado principalmente nas ações do homem com vistas ao desenvolvimento econômico.

Nesse estudo ambiental visando a revitalização do Córrego Buritis, destacam ainda a importância das imagens de satélite para o monitoramento e avaliação das ações implantadas, em diversas épocas de ocupação populacional nesta área. Além disso, estas são fontes de dados fundamentais usadas no geoprocessamento com aulas expositivas (Figura 2) para se fazer estudos e previsões dos impactos ambientais já provocados por essa ocupação.

Para esse estudo utilizaremos imagens na construção de mapas temáticos como podemos visualizar na Figura 3, que se fazem necessários na elaboração do diagnóstico de uma área verde, onde podem ser citados: mapa da rede de drenagem, mapa de ocupação irregular, mapa do solo e da vegetação nas margens do córrego em cima de carta imagem Landsat 5 (Figura 4).

Figura 2 – Aula expositiva de sensoriamento remoto. Fonte: Araújo (2008).

Figura 3 – Coordenadas de Pontes e Lacerda – MT. Fonte: Embrapa.

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Figura 4 – Imagem do Satélite Landsat 5 Fonte: INPE 4. Conclusões

Os problemas ambientais dessa área e a conservação de áreas verdes no centro de Pontes e Lacerda, também envolve a responsabilidade dos órgãos públicos.

No entanto, poderemos envolver alunos do Ensino Médio para o uso de imagens de satélites e nisso possibilitaremos maior compreensão dos educandos na percepção de espaço e suas relações da sociedade em conservar a natureza para uma melhor qualidade de vida em dias de aquecimento global, como formadores de opiniões e cidadãos críticos.

Nada mais relevante que trabalhar com alunos da Escola Estadual Dep. Dormevil Faria e São José para observar e organizar propostas de estudo na revitalização do Córrego Buriti que pertence a Micro-bacia do Guaporé que é de grande importância para conservação da fauna e flora dessa região.

Agradecimentos

Em especial agradecemos ao GPA – Grupo Pró-Ambiental em propiciar o desenvolver desse projeto juntamente com alunos da Escola Estadual Deputado Dormevil Faria e Escola Estadual São José, bem como os alunos e os que contribuíram direta ou indiretamente com nosso projeto.

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Referências Bibliográficas ARAUJO, Gustavo Henrique de Sousa e et al.. Gestão ambiental de áreas degradadas – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

BRITO, Agnacio Machado. Bacias sedimentares e formações pós-paleozóicas do Brasil – Rio de Janeiro: Interciência, 1979.

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Agroecológico. e desenvolvimento recursos sustentável, Porto Alegre. Qual Educação Ambiental: elementos para um debate sobre educação ambiental e extensão rural, v.2, n.2, p. 43-51, 2001.

DIAS, Genebaldo F. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 2ª ed. S. Paulo: Gaia, 1993. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Disponível em: <http://www.embrapa.br/>. Acesso em: 15.jan.2008. FERREIRA Elizabeth e et al. Sensoriamento remoto - tratamento de dados analíticos no contexto ambiental. Lavras: UFLA/FAEPE, 2001. 95 e 96 p. GARAY, I., DIAS, B. (Org.). Conservação da Biodiversidade e Ecossistemas Tropicais: avanços conceituais e revisão de novas metodologias de avaliação e monitoramento. Petrópolis: Vozes, 2001. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Disponível em: <http://www.dgi.inpe.br/CDSR/>. Acesso em: 15.jan.2008. MACHADO, Paulo Affonso Leme. Recursos Hídricos; direito brasileiro e internacional. São Paulo: Malheiros, 2002.

MARTINE, George, (org). População, meio ambiente e desenvolvimento: verdades e contradições. 2º ed., Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1996.

MATO GROSSO. Secretaria de Estado de Educação. SEDUC Projeto de educação ambiental – PrEA: conceitos em educação ambiental . Cuiabá: Tantatinta, 2004.

PORTO, Maria de Fátima Melo Maia. Educação ambiental: conceitos básicos e instrumentos de ação. Belo Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente: DESA/UFMG, 1990. p. 15 a 35. PRIMACK, R.B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservação. Londrina: E. Rodrigues, 2001.

SANTOS, Vânia Maria Nunes. O uso escolar de dados de sensoriamento remoto como recurso didático pedagógico. INPE: São José dos Campos, v1, n. 4.

SAUSEN, Tania Maria. Sensoriamento remoto e suas aplicações para recursos naturais - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. INPE: São José dos Campos, v 1, n. 2.

VIEIRA, Liszt e BREDARIOL, Celso: Cidadania e Política ambiental – Rio de Janeiro: Record, 1998.

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Sensoriamento remoto dos impactos ambientais no caminho da luz

Eunice Aparecida Pereira da Silva Escolas E.E. Prefeito Jayme Toledo e E.M. Pedro de Oliveira- Caiana/MG

Rua Ângelo Biondini, 61- CEP- 36832.000- Caiana-MG -Brasil [email protected]

Abstract This project was put into practice in geography lessons, but has developed in the context of schools so interdisciplinary, with the aim to arouse discussion on environmental problems and stimulating the curiosity of students in the use of sensing as a teaching resource. The methodology was a work of literature search field and from various materials. He had duration of 11 (eleven) months of activity whose target audience were students of the schools EE Mayor Jayme Toledo and E.M. Pedro de Oliveira. This project resulted in increased awareness of students and the community in general with regard to environmental problems of the route of the Path of Light. The development of that represented a breakthrough in the use of Remote Sensing as a tool for the production and diffusion of geographic knowledge emphasizing the environment. Key words: satellite image, environmental degradation, walk, identification of problems 1. Introdução

O Caminho da Luz conhecido como rota de peregrinação tem com o objetivo assumir a causa da defesa da ecologia e preservar a cultura local, oferecendo aos caminhantes a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre os municípios de Tombos, onde se inicia a rota; Pedra Dourada, Faria Lemos, Carangola, Caiana, Espera Feliz , Caparaó e Alto Caparaó.

Este projeto visa socializar a ciência e tecnologia espacial nas escolas EE. Prefeito Jayme Toledo e E.M. Pedro de Oliveira em Caianas-MG, possibilitando a introdução de um novo recurso didático para facilitar a compreensão das relações entre degradação ambiental e o papel da região estudada (Figura 1). Ao mesmo tempo em que busca promover a conscientização dos alunos com relação aos problemas ambientais, oportunizando aos mesmos utilizarem para isto diferentes instrumentos de informação e recursos tecnológicos visando à aquisição de novos conhecimentos.

Figura 1 - Imagem de satélite CCD-CBERS 2 da região em estudo- Caiana-MG. Fonte: INPE

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No ensino de geografia podem-se estudar através de imagens os diferentes aspectos físicos do território, bem como a intervenção do homem na paisagem. O Sensoriamento Remoto pode ainda contribuir no estudo do processo de ocupação e transformação do espaço, das mudanças e inovações tecnológicas ocorridas ao longo do tempo e do modelo de desenvolvimento adotado.

Sensoriamento Remoto é a tecnologia que permite obter imagens e outros tipos de dados, da superfície terrestre, através da captação e do registro da energia refletida e emitida pela superfície. (FLORENZANO, 2002, p. 9)

Com o uso de imagens de satélites, é possível identificar, calcular e monitorar o crescimento de áreas desmatadas, áreas atingidas pelo fogo, áreas impermeabilizadas, áreas submetidas a processos de erosão e áreas inundadas. (FLORENZANO, 2007. p.55)

Este trabalho é muito importante, uma vez que o monitoramento via satélite possibilita prever inclusive áreas que podem vir a sofrer ações de queimadas com a devida antecedência, oportunizando dessa forma, indicativos preventivos que evitem maiores danos ao meio ambiente. A preocupação em difundir este tipo de informação para os alunos é levar conhecimento e conscientizar os mesmos da necessidade da preservação ambiental, de tal forma que seja usufruída por todos, na melhoria da qualidade de vida.

Neste aspecto, considera-se que os alunos são excelentes elementos de difusão natural, uma vez que ao disseminar o conhecimento sobre o Sensoriamento Remoto dos impactos ambientais no Caminho da Luz, além de o seu uso como conteúdo e recurso didático na educação, proporcionar uma maior conscientização das novas idéias e novas tecnologias.

2. Metodologia De Trabalho

Neste contexto o uso do Sensoriamento Remoto como recurso pedagógico nas aulas de geografia e demais disciplinas foi alvo deste projeto que esta organizado em quatro fases caracterizadas por atividades especificas: sensibilização, reflexão, ação e avaliação. Para a realização das atividades foi realizado um planejamento estratégico, sendo que cada fase foi realizada em data especifica. Tudo isto visando que os alunos absorvessem o conhecimento básico com relação à tecnologia do Sensoriamento Remoto enquanto recurso para ser utilizado no contexto da sala de aula visando promover um melhor entendimento dos problemas ambientais.

Na primeira fase de sensibilização, os alunos da E.E.Prefeito Jayme Toledo e E.M. Pedro de Oliveira de Caiana-MG tiveram contato com os conceitos, definições e aplicações do Sensoriamento Remoto em aula expositiva. Após a referida aula, foram colocadas em prática as seguintes atividades:

a) Momento de sensibilização com uma Palestra ministrada por Albinno Neves

idealizador do Caminho da Luz (Figura 2). b) Organização de uma caminhada com os alunos para identificação dos elementos

ambientais (Figura 3). Que se iniciou na Cachoeira de Tombos, que é a 5ª maior em volume d`água no Brasil e que pertence ao Município de Tombos (MG) terminando no Pico da Bandeira que pertence ao município de Alto Caparaó-MG, que é o terceiro maior em altitude no Brasil, percorrendo 195 Km.

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Figura 2- Palestra ministrada por Albinno Neves idealizador do Caminho da Luz.

Figura 3 – As fotos mostram os alunos da E.E.Prefeito Jayme Toledo e E.M. Pedro de Oliveira de Caiana-MG na caminhada organizada no “Caminho da Luz”.

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c) Apresentação do DVD sobre o “Caminho da Luz”. d) Utilização do Laboratório de Informática para que os alunos acessassem o site do

INPE (2005) no Catálogo de Imagens podendo observar imagens de satélites da resolução do CCD-CBERS 2 (Figura 4).

Figura 4 - Ambas as fotos mostram os alunos da E.E.Prefeito Jayme Toledo e E.M. Pedro de Oliveira de Caiana-MG utilizando o laboratório de informática para observar imagens de satélite e visitando o site do INPE.

Na segunda fase, o da reflexão, o aluno passa a desenvolver atividades de forma

conjunta, se fundamentando nas referências bibliográficas. Nesta fase foram realizadas leituras sobre o Caminho da Luz, Sensoriamento Remoto e apresentação de um relatório sobre as leituras realizadas.Com o auxilio do multimídia interativo Atlas Geográfico Escolar, desenvolvido pelo IBGE(2005) e de folders ilustrativos, foram introduzidos os conceitos básicos de Sensoriamento Remoto e suas aplicações.

Além disto, foi explicado pelo professor sobre as formas de obtenção e utilização das imagens de satélites, das fotografias aéreas e dos mapas. Conjuntamente os alunos realizaram pesquisas sobre Sensoriamento Remoto e satélites artificiais no site do INPE.

Na terceira fase, foram desenvolvidas ações, que visaram contemplar a teoria e a prática. Neste momento os alunos foram divididos em grupos. Nos grupos os alunos promoveram um levantamento da área queimada e desmatada através da imagem de satélite e organizaram um mapa temático com memorização de todo o percurso.

Em seguida foram construídas as maquetes, evidenciando os impactos ambientais observados. Estas maquetes foram colocadas em exposição no dia do meio ambiente para toda a comunidade ( Figura 5).

A avaliação se constituiu num momento continuo realizado ao longo de todas as fases desenvolvidas no projeto, com caráter formativo e somativo, estimulando assim a conscientização dos alunos na tomada de decisões e responsabilizando-os pelas atividades subseqüentes.

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Figura 5 - Exposição das maquetes elaboradas pelos alunos da E.E.Prefeito Jayme Toledo e E.M. Pedro de Oliveira de Caiana-MG. 3. Resultado E Discussão

A Educação Ambiental, por ser renovadora, induz novas formas de conduta nos indivíduos e na sociedade, por lidar com as realidades locais, por adotar uma abordagem que considera todos os aspectos que compõe a questão ambiental – aspectos sociais, políticos, econômicos, culturais, étnicos, científicos e tecnológicos – por ser catalizadora de uma educação para exercício pleno e responsável de cidadania, pode e deve ser o agente otimizador de novos processos educativos que conduzam as pessoas por caminhos onde se vislumbre a possibilidade de mudanças e melhoria do seu ambiente total e da qualidade de sua experiência humana.

Em todo o planeta, praticamente, não existe um ecossistema que não tenha sofrido influência direta e ou indireta do homem, através de contaminação, desmatamentos, introdução de espécies exóticas ou outras, resultando na diminuição da diversidade do habitat e perda da biodiversidade.

O levantamento das questões ambientais, a construção do conhecimento sobre suas causas e conseqüências, a sensibilização e mobilização para ações concretas fazem parte da proposta da Educação Ambiental, dentro da realização e desenvolvimento deste projeto. Ela permite a compreensão dos processos sistêmicos dos quais fazemos parte pelo simples fato de

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vivermos na terra, e nos coloca a par do quanto nossas escolhas influenciam tudo a nossa volta.

Dessa forma, um desafio que se coloca hoje para nós, enquanto educadores é o de levar e como introduzir a educação ambiental nas práticas pedagógicas, sem perder de vista sua a vivencia e a abordagem humanista e transversal. Os Parâmetros Curriculares reforçam a importância de novas tecnologias como a do Sensoriamento Remoto que se destaca da maioria dos recursos educacionais, pela possibilidade de extraírem informações multidisciplinares, na qual os dados contidos em uma única imagem podem ser utilizados para muitas finalidades (PCN, 1998).

A maior preocupação, agora com olhar para a sala de aula, é o de envolver e aguçar o interesse neste estudo dentro das disciplinas escolares, uma vez que nos dias atuais não se pode conceber uma educação e uma pratica cientifica tecnológica que não considere as conseqüências sócio-ambientais.

Portanto diante do trabalho realizado, espera-se como resultado que os alunos adquiram conhecimentos a cerca do potencial tecnológico do Sensoriamento Remoto como ferramenta pedagógica. E que a partir do mesmo se modifique as posturas frente ao meio ambiente.

Ficou evidenciado que o projeto atingiu os objetivos propostos, pois oportunizou aos alunos do Ensino Médio conhecer as problemáticas ambientais que envolvem a rota de peregrinação do Caminho da Luz e os impactos sócios ambientais que a mesma tem sofrido ao longo dos anos. Com as diversas atividades desenvolvidas pelos alunos foi possível notar que os mesmos passaram a se sentir integrantes dependentes e agentes transformadores do ambiente.

Além disto, o projeto oportunizou os mesmos a utilização do Sensoriamento Remoto como tecnologia para identificar os impactos ambientais, com isto o desenvolvimento do projeto semeou na escola a idéia de que cada um tem seu papel na preservação ambiental e na mitigação dos problemas ambientais, e que é preciso organizar ações que venham a minimizar os problemas existentes. Conscientização foi à palavra chave que se difundiu a partir da execução das ações que permearam o projeto e que sirvam de exemplo para a sociedade como um todo. 4. Conclusão

Diante do exposto no projeto ficou evidenciado que o Sensoriamento Remoto pode ser utilizado como recurso didático no contexto das salas de aula, principalmente na disciplina de Geografia. E que o mesmo se constitui excelente recurso de ensino que visa conscientizar e promover a reflexão entre os alunos com relação aos problemas ambientais. A execução do projeto despertou o interesse pelos problemas relacionados ao meio ambiente, e mais especificamente com relação à rota de peregrinação Caminho da Luz. Referencias Bibliográfica ATLAS GEOGRÁFICO ESCOLAR – IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar>. Acesso em junho de 2005. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Temas Transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

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FLORENZANO, Teresa Gallotti e SAUSEN, Tânia Maria. O uso do sensoriamento remoto como recurso didático. Curso Astronáutica e Ciências do Espaço. Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e Agência Espacial Brasileira. Julho, 2007. FLORENZANO. Teresa Gallotti. Imagens de satélite para estudos ambientais. São Paulo: oficina de textos, 2002. Capitulo 1 . p. 9. INPE. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Disponível: <www.inpe.gov.br >. Acesso em junho de 2008.

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Meu endereço no Planeta Terra - Mapeamento das árvores do entorno

Silmara Maria Cruz Paiva Marly Navas Soriano

EMEF Cleómenes Campos

Prefeitura Municipal de São Paulo Rua Bartolomeu Correa Bueno, 268 - Pq. São Lucas - São Paulo - Brasil

[email protected] Abstract: The pupil when studying the planet Land creates an abstraction as if another planet of the Solar System was studying any, it does not obtain to understand the importance of its action and daily attitudes in the preservation of the environment, the lack of notion of its belonging removes it the commitment and the responsibility for the preservation and maintenance of the planet, mainly in the great urban centers the satellite images are basic resources, to if to identify in the geographic space through the images, the pupil recognizes its belonging the planet. We initiate with the description for the pupil of its daily trajectory marries school, pontuando main streets, avenues, control points and trees that were in this passage. After that, they had transferred to this comment and description to the cartographic language, had made a croquis of this passage, developing a mapping of green areas. In the computer science room they had transferred the croquis to program PAINT BRUSH. With the aid of GOOGLE EARTH they had identified its real localization, as well as of the trees in its passage and of the school. Through the images they had observed the school, the streets of the school, its proper house and the existing vegetation. The computer science teacher developed with the pupils a botany research, so that, after the mapping of the trees, they could also identify them. We carry through a stroll to the Park Lydia Natalizio Diogo, where the pupils had had the chance to interact with the different species. The images had been transferred to program POWER POINT, where the pupils had mounted the presentations and to they had presented them to the group. Palavras-chave: appropriation, space green, conservation, remote sensing. 1. Introdução

Além de trazer mais beleza para toda a cidade, as árvores protegem o solo; absorvem o gás carbônico proveniente da queima de combustíveis e florestas e o transformam em oxigênio; amenizam a poluição sonora, pois são “cercas vivas” que impedem a propagação de ruídos. A partir desta preocupação, procuramos fazer um trabalho de conscientização mostrando a importância da vegetação para o planeta e do cuidado que devemos ter em preservar as árvores da região e dar proximidade ao aluno e seu ambiente, tornando-o inerente ao seu cotidiano, ao seu dia-a-dia.

É muito importante para a Geografia a utilização do visual, o estudo da paisagem implica em identificar e desvendar as imagens ,compreendendo sua composição e relações.

O uso do Laboratório de Informática viabiliza de uma forma mais lúdica e prazerosa esse aprendizado, a paisagem que observamos é transferida para o computador através de desenhos e ao mesmo tempo, transformamos um mapa, que nada mais é que um “desenho” em grande escala, em um espaço a qual estamos inseridos, em paisagem real.

O uso das imagens de Satélite proporciona essa troca da realidade observada e da realidade representada graficamente. Através de imagens obtidas por sensoriamento remoto o ambiente mais distante ou de difícil acesso, torna-se mais acessível e menos abstrato.

Ao identificar o espaço que ocupa, com vista aérea, em escala do macro para o micro, através das imagens de Satélite, o aluno consegue compreender o seu pertencimento ao planeta Terra, e como ele é responsável pelas mudanças que ocorrem no meio ambiente.

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2. Metodologia do Trabalho

Descrição do caminho casa/escola foi feita mentalmente pelos alunos. Após, pediu-se para que eles observassem as árvores existentes no caminho e descrevessem essa trajetória para o papel através de uma dissertação; trabalhou-se o conceito de “croqui” e sua importância para a identificação de uma localização. Em sala de aula transferiram para a representação gráfica a dissertação do caminho casa/escola, ou seja, confeccionaram em folha A4 um croqui da trajetória diária que fazem ao vir para escola, mapeando as árvores e áreas verdes contidas nesse trajeto; foram identificados os pontos de referência, principais ruas e avenidas e árvores. Desta forma, contextualizou-se com os alunos, a importância dos pontos de referência na confecção de um croqui, bem como a importância da existência de áreas verdes no espaço urbano; Na Internet, com o auxílio do Maplink, comparamos o croqui confeccionado pelos alunos com a localização oficial, os alunos fizeram as devidas correções e a transferência deste croqui para o para o Paint Brush. Através do Google Earth, os alunos fizeram o caminho virtual até o Parque Profª Lydia Natalizio Diogo, observando as ruas, avenidas e áreas verdes do trajeto e com o auxílio da tecla Print Screen eles retiraram a imagem da escola e o seu entorno do Google Earth e pontuaram as árvores que apareciam na imagem. Os alunos caminharam desde a escola até o parque, observando as árvores. No parque, com o auxílio dos monitores, os alunos conheceram as diversas espécies, anotando os nomes, características e curiosidades de cada uma. A professora de Geografia gerou e entregou aos alunos um questionário investigativo, para que eles pesquisassem os proprietários das casas, onde estão localizadas as árvores. O objetivo era conhecer o perfil das pessoas e o cuidado que estas têm com as árvores.

Cada dupla de alunos ficou encarregada de pesquisar uma das espécies encontradas no trajeto e fotografá-la e na aula de informática desenvolveu-se com os alunos uma pesquisa de botânica, buscando: nome científico das árvores, características, etc... Para finalizar, houve a montagem de uma apresentação em PowerPoint, onde foram inseridos os desenhos do paint brush e as informações das pesquisas. Os alunos apresentaram seus trabalhos para os colegas da sala (Seminário), houve uma grande troca de informações entre eles e inclusive entre outras salas, já que o trabalho foi desenvolvido em todas as salas da mesma série entre fevereiro a dezembro de 2008. 3. Resultados

Os resultados foram extremamente positivos, os alunos ficaram motivados, trazendo

para a escola dúvidas, referentes às diversas espécies encontradas. Reconheceram a complexa escala universal a qual estão inseridos, compreendendo a

fundamental importância de suas ações e atitudes em busca da preservação do planeta, que é sua ”morada”. 4. Conclusão

A análise de um espaço local constitui referência para a compreensão de outros

espaços, pois, no local está embutido o regional, o continental, o global. Durante todo o processo educativo os professores criaram e aplicaram estratégias

variadas para a utilização da educação como instrumento de mudança, para desenvolver a potencialidade humana, descobrir-se como ser pertencente ao Planeta Terra, e sua importância na preservação deste, atingindo uma harmonia ecológica.

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Agradecimentos Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) – Brasil, pelas orientações recebidas. EMEF Cleómenes Campos, a toda a equipe técnica da escola, pelo apoio. A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, pelo incentivo e apoio. Referencias Bibliográfica FLORENZANO, T.G. Imagens de satélites para estudos ambientais. São Paulo. Oficinas de Textos, 2002. 97 p.

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O Uso Escolar do Sensoriamento Remoto no Estudo do Meio Ambiente Utilizando as Imagens do Satélite Sino-Brasileiro Cbers 2

Valdemir Antunes dos Santos

Secretaria de Estado da Educação do Paraná SEED Rua João Banal 01 Cerro Azul PR CEP 83570 000

[email protected]

Abstract. This work makes a brief comment of the remote sensing which allowed the pupils, to make a trip for the universe approaching some aspects of the space technologies represented here by satellite CBERS2 and how is possible this technology can be used by common people. Palavras-chave: remote sensing , education, images CBERS. 1. Introdução

O uso escolar do sensoriamento remoto tem se tornado uma ferramenta de ensino muito eficiente no estudo do meio ambiente, pois tornou possível a observação do espaço vivido. Assim os dados obtidos pelos satélites de detecção de recursos terrestres tornaram-se excelentes recursos didáticos nas disciplinas de geografia, ciências, história, meio-ambiente, física e química. (GONÇALVES, 2005).

Os produtos gerados pelo sensoriamento remoto segundo ALMEIDA (2002) têm o potencial de revelar aspectos importantes dos sistemas ecológicos, entretanto para que se reconheça e amplie os conhecimentos acerca dos ecossistemas, é necessária a criação de uma cultura que possibilite a socialização desta tecnologia, e para tanto, o uso da educação básica do ensino público é o meio mais eficiente para o fomento desta prática, já que possuem escolas localizadas nas regiões mais remotas do Brasil,

O objetivo deste trabalho foi fazer uso do sensoriamento remoto no ensino fundamental como maneira de se explorar as tecnologias espaciais em educação através das imagens do satélite sino-brasileiro CBERS2 para o reconhecimento do espaço, já que, o uso da tecnologia de sensoriamento remoto em sala de aula proporcionando um avanço significativo na educação escolar contribuindo com aulas mais dinâmicas e atrativas.

O trabalho faz uma breve explanação sobre o sensoriamento remoto o qual permitiu ao aluno fazer uma viagem pelo universo abordando alguns aspectos das tecnologias espaciais aqui representadas pelo satélite CBERS 2 e de como essa tecnologia pode ser utilizada por pessoas comuns.

Segundo ALMEIDA 2005 (citado por SLATER, 1980) o sensoriamento remoto pode ser definido como o conjunto de atividades que tratam da obtenção de informação relativa aos recursos naturais da Terra ou no seu meio ambiente, através da energia eletromagnética ou radiação eletromagnética emitida ou refletida pelos alvos, obtida por meio de sensores instalados a bordo de plataformas em altitude tais como balões, foguetes, aviões, satélites ou plataformas orbitais estacionárias. Para CENTENO (2000), na prática o termo sensoriamento remoto é restrito aos procedimentos destinados á obtenção de imagens mediante o registro das variações gravimétricas, ondas sísmicas, ondas acústicas e energia eletromagnética, onde a mais difundida no sensoriamento remoto é a radiação eletromagnética.

De acordo com ALMEIDA citado por JENSEN (2005), as faixas do espectro eletromagnético componente do sensoriamento remoto são o ultravioleta, visível, infra-vermelho próximo e médio e micro-ondas e os sensores utilizados são as câmeras,scanner ópticos, laser, sistemas de radar, sonar, sismógrafo e outros.

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Segundo SANTOS (2005) os avanços no desenvolvimento de tecnologias espaciais são aplicáveis nos mais variados segmentos da atividade humana, e vem revelando a importância do seu conhecimento pela sociedade moderna, visto que o estudo sobre o inventário dos recursos naturais, poluição dos rios, mares e atmosfera entre outros, necessários ao planejamento e organização das atividades humanas, tem encontrado subsídio nas tecnologias espaciais, como um importante recurso de análise.

As características dos produtos do sensoriamento remoto, sobretudo das imagens de satélite, tais como repetitividade de cobertura; justaposição de informações; abrangência espacial; cores e formas que apresentam importante contribuição para os estudos ambientais na escola, que revela a dinâmica do processo de construção do espaço geográfico.

Segundo CENTENO (2004) o conteúdo de informação de uma imagem é dado em função das resoluções espectral, espacial, radiométrica e temporal.

A utilização das imagens de satélite na educação permite ao aluno uma apropriação do espaço por ele vivido, uma vez que possibilita uma visão de conjunto da paisagem subsidiando na análise dos processos de uso e ocupação dos espaços, enriquecendo o conhecimento geográfico da localidade onde está inserida a escola, visto que se constitui em uma das mais sérias exigências educacionais contemporâneas para o exercício/construção da cidadania, e conseqüentemente melhoria da qualidade de vida.

Apesar de ser uma metodologia recente, inovadora e que veio para ficar, o uso de tecnologias espaciais na educação já vem sendo estudado e utilizado por vários pesquisadores os quais tem publicado alguns materiais importantes para a disseminação desta prática de ensino.

Segundo MACHADO 2005, os Parâmetros Curriculares Nacional citam os objetivos que norteiam os educadores de Geografia, para que sejam alcançados pelos alunos no ensino fundamental entre os quais, se destacam: Compreender que os conhecimentos geográficos que adquiriram ao longo da escolaridade são parte da construção da sua cidadania, pois os homens constroem, se apropriam e interagem com o espaço geográfico nem sempre de forma igual.

• Criar uma linguagem comunicativa, apropriando-se de elementos de linguagem gráfica utilizadas nas representações cartográficas;

• Reconhecer a importância de uma atitude responsável de cuidado com o meio em que vivem, evitando o desperdício e percebendo os cuidados que se devem ter na preservação e na conservação da natureza.

• Compreender as múltiplas interações entre sociedade e natureza nos conceitos de território, lugar e região, explicando que, de sua interação, resulta a identidade das paisagens e lugares;

• Compreender a espacialidade e a temporalidade dos fenômenos geográficos, estudados em suas dinâmicas e interações;

• Fazer leituras de imagens, de dados e de documentos de diferentes fontes de informação, de modo que interprete, analise e relacione informações sobre o território e os lugares e as diferentes paisagens;

• Utilizar a linguagem gráfica para obter informações e representar a espacialidade dos fenômenos geográficos;

• Fortalecer o significado da cartografia como uma forma de linguagem que dá identidade à geografia, mostrando que ela se apresenta como uma forma de leitura e de registro da espacialidade dos fatos, do seu cotidiano e do mundo;

• Criar condições para que o aluno possa começar, a partir de sua localidade e do cotidiano do lugar, a construir sua idéia de mundo, valorizando inclusive o imaginário que tem dele.

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Esses objetivos podem ser alcançados com o uso escolar do sensoriamento remoto, como recurso pedagógico para estudos dos espaços geográficos, fazendo uso das tecnologias espaciais que deve ser de conhecimento de toda nossa sociedade, o que segundo SANTOS (2005) justifica o compromisso de divulgar ciência, indicando um avanço significativo no ensino de geografia, o que ajudará o cidadão para a vida na sociedade moderna. A área da pesquisa é a Escola Estadual de Ensino Fundamental Augusto Antonio da Paixão, localizada na zona rural de Cerro Azul - PR, situada a 25 km da sede do município, no sentido montante do rio Ribeira (Figura 1).

Figura 1 - Mapa de Localização de Cerro Azul -Pr Fonte: GEEP-AÇUNGUI (2002).

O que favoreceu a execução deste trabalho foi o fato de que no Plano de Ensino da disciplina denominada Ciência e Pesquisa, oferecida no ano de 2004 e 2005 pela Secretaria. Estadual da Educação do Paraná (SEED), cujos objetivos da disciplina eram: instigar a formação da consciência crítica dos alunos a partir da reflexão sobre a natureza e a sociedade, aproximando-os das questões do seu cotidiano; a partir da definição de um tema, construir o conhecimento por meio da pesquisa, da observação, da experimentação e da descoberta transmitir aos alunos sobre os avanços da tecnologia espacial, permitiu fundamentar sobre o sensoriamento remoto. Para a aplicação dos objetivos da disciplina acima citada, a turma escolhida foi a 6ª série do ensino fundamental, onde se definiu um tema específico para estudo, e o tema escolhido foi Meio Ambiente utilizando didaticamente os produtos e técnicas de sensoriamento remoto no tratamento de conteúdos, onde as contribuições disciplinares de geografia e biologia se tecem na sua análise. 2. Metodologia 2.1 Materiais

Essa pesquisa tomou como material básico as Imagens do satélite CBERS-2 nas bandas RGB 2(b),4(r) e 1(b). A composição das imagens foi feita no Photoshop utilizando as ferramentas channel merge e plotadas na Secretaria Estadual da Educação do Paraná (SEED PR).

2.2 Procedimentos Metodológicos Inicialmente foram introduzidos conceitos sobre sensoriamento remoto e sua relação

com as diferença das cores do solo exposto, vegetação, área urbanizada e hidrografia. Para tal fora utilizado imagens analógicas do satélite sino-brasileiro CBERS 2 (Figura 2) disponíveis na Internet.

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Como procedimento metodológico os alunos observaram uma imagem do satélite CBERS durante algum tempo para que eles pudessem localizar sozinhos seus principais elementos, sobretudo os constitutivos do município onde residem, permitindo que estes se encontrem nesta paisagem.

Figura 2 - Região metropolitana de Curitiba abrangendo parte do Vale do Ribeira e litoral do Paraná, Imagem Cbers, Bandas 1,2 e 3 – Órbita/Ponto 157_128. Adquirida em 12/08/2005. Fonte: INPE (2005).

Para concretizar este trabalho foi necessária a fundamentação teórica básica acerca do sensoriamento remoto para que os alunos tivessem a noção de como são captadas as imagens pelos satélites, a linguagem das cores na sua reflectância, afim de que pudessem fazer uma interpretação visual das imagens de satélite.

As etapas desenvolvidas foram as seguintes: • Abstrair de uma imagem CBERS o percurso do rio Ribeira dentro do município de

Cerro Azul PR. • Adicionar na imagem informações sobre o limite político do município. • Identificar os principais afluentes do rio Ribeira. • Identificar a sede do município de Cerro Azul PR. • Identificar áreas agrícolas, identificando suas influências para o rio. • Identificar coberturas vegetais: regiões de reflorestamento e mata nativa. • Identificar o local de abrangência do lago da hidrelétrica “Tijuco Alto” e sua relação

com a degradação. • Identificar na imagem as manchas urbanas Juntando duas imagens pode-se obter toda a área do município, onde juntamente com os

alunos e auxilio do mapa estadual do Paraná e conhecimento prévio do professor, foi possível delimitar os limites administrativos do município (Figura 3).

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Figura 3 - Parte do Vale do Ribeira e do litoral do Paraná, Mosaico de Imagens Cbers - Bandas 1,2 e 3 – Órbita/Pontos 156_128 e 157_128. Adquiridas em 10/09/2005 e 12/08/2005 respectivamente. Fonte: INPE (2005).

Figura 3 - Recorte do Município de Cerro Azul. Mosaico de Imagens Cbers - Bandas 1,2 e 3 – Órbita/Pontos 156_128 e 157_128. Adquiridas em 10/09/2005 e 12/08/2005 respectivamente. Fonte: INPE (2005).

3. Resultados e discussão O uso do sensoriamento remoto na escola despertou muita curiosidade por parte dos

alunos, por ser um recurso que eles não conheciam, já que a execução deste trabalho propiciou aos alunos uma visão geral do município onde moram, e com isso puderam

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identificar a área de plantio de pinus onde fizeram comentários e indicaram onde trabalham seus parentes, foi possível também fazer uma discussão sobre os impactos que serão causados pelas futuras instalações da Usina Hidrelétrica Tijuco Alto.

Como produto final o trabalho foi apresentado no Projeto ComCiência, uma feira de ciência promovido pela Secretaria Estadual de Educação do Paraná, que tem como objetivo apresentar a sociedade os trabalhos que os professores da rede praticam em sala de aula.

A sociedade como um todo, e aqui se pensa também nas escolas de 1º e 2º graus enquanto agencias de ensino e comunicação social, ainda não tem acesso ao conhecimento sobre o uso e as aplicações desta tecnologia no seu cotidiano, embora financie com seus impostos a produção da ciência e tecnologia nacional.

Preparar aulas de Geografia usando como recurso dados do sensoriamento remoto é uma possibilidade. Todavia, nem todas escolas permitem tais facilidades. Assim, um pouco de praticidade se faz necessário, pois pensando nas Escolas Públicas que são a maioria, os recursos de sensoriamento remoto estão muito distantes, sem contar o despreparo dos professores não foram “treinados” para utilizá-los. Referencia Bibliográfica ALMEIDA, Claudia M. Sensoriamento remoto aplicado à áreas urbanas. In: In: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE. Curso de uso escolar do sensoriamento remoto no estudo do meio ambiente, VIII. São José dos Campos 2005. CENTENO, Jorge A.S. Sensoriamento remoto, e processamento de imagens digitais. Curitiba: Ed - Curso de Pós Graduação em Ciências Geodésicas, UFPR, 2004, 219 p. DEVIRES, B.; KAMII, C. A teoria de Piaget e a educação pré-escolar. São Paulo 2003 Ed. Socicultur. A teoria de David Ausubel: O primeiro amor a gente nunca esquece. DONDA, Maria de F., COSTA, Dirlene F. M. Uso do Sensoriamento como recurso didático: Diagnóstico sócio ambiental da zona oeste do Rio. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, XII . Goiânia GO, 2005. FLORENZANO, Tereza G. Imagens de Satélite para Estudos Ambientais. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. GONÇALVES, Marianina I. Aprendizagem significativa: um conceito subjacente. In: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. Curso de uso escolar do sensoriamento remoto no estudo do meio ambiente, VIII. São José dos Campos 2005. MORAES, E.C. Fundamentos de Sensoriamento Remoto. In: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. Curso de uso escolar do sensoriamento remoto no estudo do meio ambiente, VIII. São José dos Campos 2005. MACHADO, Clairton B. A geografia na sala de aula: Informática, Sensoriamento Remoto e sistemas de Informações Geográficas recursos didáticos para o estudo do

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espaço geográfico. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, XII . Goiânia GO, 2005. MELO, Adriany de A. O uso de dados do sensoriamento remoto como recurso didático para o ensino da cartografia na geografia. Disponível em www.ig.ufu/caminhos_de_geografia.html. Caminhos de Geografia 6(13)89-102, Out/2004. Acesso em 26 abr. 2006. . O Uso de Sig na Pesquisa Geográfica Voltada para o Ensino e a Aprendizagem. Disponível em www.ig.ufu/caminhos_de_geografia.html. Caminhos de Geografia 6(13)89-102, Out/2004. Acesso em 26 abr. 2006. SANTOS, Vânia M. N. Sensoriamento remoto como recurso didático pedagógico na educação escolar e orientação para elaboração de projetos escolares. São José dos Campos: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, 2005. CD-ROM, 28p. SILVA, E. T. et al. Utilização da Carta-Imagem como Recurso Didático no Ensino de Geografia. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, XII. Goiânia GO 2005.

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Sensoriamento Remoto Definindo Novas Estratégias de Ensino

MARIANINA IMPAGLIAZZO

[email protected]

E/CRE 07.16.063 E.M. Sobral Pinto Rua Barão 1.180 Fone: 55 -21 3390 8805

CEP: 21321 – 620 - Rio de Janeiro - Brasil

Abstract. The use of the remote sensoriament in the pertaining’s production to school knowledge is a proposal for use of the space technologies in the classroom, a great methodological challenge that works the potential and the application of the satellite images as didactic resource for the study of the environment. Project of education developed for the Room of Computer science in partnership with the Room of Resources of High Abilities in the Municipal School Sobral Pinto, educational unit of the public net of education of the City hall of the City of Rio De Janeiro objective that the democratization of the information, the production of pertaining to school knowledge, the socialization and populariza of the space science of the Country. Keywords: democratization of the information, production pertaining to school knowledge, methodology of education, populariza of space science. 1. Introdução

Com o desenvolvimento das modernas tecnologias espaciais, dentre as quais se incluem os satélites artificiais, tornou-se possível "(re) conhecer" a terra, através da coleta de diferentes dados e da aquisição de imagens da sua superfície, por meio de sensores remotos. Os dados gerados pelos diversos sensores remotos, sobretudo os orbitais (a bordo de satélites), tem servido como base para o desenvolvimento e realização de projetos associados às atividades humanas, no mundo inteiro e em diversas escalas, bem como auxiliado no diagnóstico sobre as implicações ambientais, econômicas, sociais, políticas e culturais desses projetos com relação à ocupação dos espaços geográficos, favorecendo na realização do planejamento sócio econômico ambiental sustentável. Dada a sua importância para o mundo moderno, entende-se que o conhecimento produzido e acumulado sobre o potencial de utilização das tecnologias espaciais, sobretudo do sensoriamento remoto, movido pela crença de "ir ao espaço buscar soluções para os problemas da terra", deve ser conhecido por toda nossa sociedade, pela qualificação que pode promover no desempenho dos agentes sociais, para a melhoria das condições de vida, o que justifica o compromisso de divulgar ciência. A proposta de trabalho com os recursos de sensoriamento remoto na escola não se limita a uma mera transferência mecânica de informações.

Não se trata de proceder apenas à divulgação de suas características e potencialidades, mas, sobretudo de refletir sobre elas e trabalhar suas relações com a prática pedagógica e com o tratamento dos conteúdos curriculares em suas relações com a vida, visando à construção do conhecimento por professores e alunos. Como afirma o educador Gutierrez (1979), "o mero fato de interpretar ou apropriar-se de um saber não é suficiente para que, com propriedade de termos, possamos falar de aprendizagem ‘autêntica’. Somente pode chamar-se autêntico o conhecimento que em si mesmo e por si mesmo seja produtivo e transformador, o que requer do preceptor que ele o transforme em conhecimento seu e reestruture a sua maneira a informação". O projeto de ensino utilizando o sensoriamento remoto que está sendo realizado na E. M. Sobral Pinto especificamente com a Sala de Recursos de Altas Habilidades na Sala de

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Informática, se constitui numa oportunidade de aproveitar seu vasto potencial de uso e aplicações para a compreensão da dinâmica do processo de intervenção/repercussão das relações sociais no equilíbrio/desequilíbrio do meio ambiente, permitindo ultrapassar uma perspectiva de abordagem restrita às ciências da natureza, comum na abordagem desta questão, e avançar na perspectiva das ciências sociais e da pedagogia da comunicação.

2. Metodologia de Trabalho

No projeto de ensino do ano letivo de 2007 em nossa unidade escolar estamos desenvolvendo atividades interdisciplinares a partir da definição de um tema específico para estudo, o tema escolhido foi Meio Ambiente e utilizando didaticamente os produtos e técnicas de sensoriamento remoto no tratamento de conteúdos, onde as contribuições disciplinares se tecem na sua análise. Como a metodologia aplicada à Sala de Recurso é de uma proposta inovadora e até experimental por atender aos alunos que apresentam altas habilidades cognitivas estaremos nos associando ao Projeto Sec. XX1 da MULTIRIO como suporte pedagógico, trabalhando a informação de forma vivenciada e com múltiplas linguagens, diminuindo o peso dos conteúdos disciplinares, oferecendo mais oportunidades para que sejam realizadas ligações com as situações do cotidiano do aluno. Inicialmente salientamos que os conceitos geofísicos: diferença entre terras emersas (continentes e ilhas) e imersas (relevo submarino); os três tipos de ilhas (oceânica costeira e fluvial); a estrutura das terras emersas, dentre eles o interior da Terra, a crosta terrestre, tectonismo, sismos, a deriva dos continentes, vulcanismo, minerais, rochas e intemperismo; os agentes construtores e modeladores do relevo (internos e externos); a ação eólica, fluvial, costeira, glacial e até a antrópica (agentes externos) na construção e modelagem do relevo das terras emersas; formas de relevo (montanha, serra, planalto, vale, morro, planície), foram selecionadas porque são conhecimentos extremamente pertinentes aos estudos do meio ambientes outrora apenas citados e memorizados. Buscando uma melhor compreensão por parte dos alunos em relação aos conteúdos geofísicos e as nossas limitações quanto a disponibilidade de recursos públicos, foi proposto a utilização de imagens de satélites disponíveis na internet como estratégia inicial , visto que a sala de informática possui dez computadores com internet. A metodologia se baseou primeiramente na navegação e exploração aos sites www.embrapa.gov.br, www.ncdc.noaa.gov/pub/data/images e www.spaceimaging.com onde foram selecionados as imagens de satélites , sendo inicialmente salvas para trabalhar 09 imagens do satélite LANDSAT, disponíveis no site www.embrapa.gov.br, e 02 do satélite NOAA, disponíveis no site www.ncdc.noaa.gov/pub/data/images e www.spaceimaging.com.

Na etapa seguinte utilizamos o site Sec. XX1 www.multirio.rj.gov.br/seculo21 e o seu conjunto de textos da CHAVE ÁGUA como nossas Plataformas Temáticas , deflagradores das discussões tanto no grupo de alunos quanto na rede , impulsionadores para o salto qualitativo de uma aprendizagem significativa. Trabalhamos sempre realizando uma estreita relação entre o texto da plataforma que iremos discutir com as imagens de satélite que foram selecionadas nos sites http://www.cbers.inpe.br e http://www.engesat.com.br/ e assim podemos ter uma aula com múltiplas facetas e desdobradas em outros ambientes.

3. Resultados e Discussão 3.1 Projeto em ação e seus encaminhamentos pedagógicos.

Atualmente, um dos maiores problemas enfrentados pelas nossas instituições de ensino é a grande escassez de recursos que possibilitem ao professor aulas não apenas teóricas, mas

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também práticas. A utilização de tais recursos práticos na abordagem dos conteúdos geofísicos é fundamental, devido a pouca abstração dos alunos, principalmente pela idade que os mesmos apresentam. Além de tal escassez, a maneira como tais conteúdos são apresentados para os educando também tem sido feita, muita das vezes, de maneira equivocada. Vesentini (2000) afirma que um ensino tradicional tem como base a aula expositiva, em que o professor ensina os conceitos, dá as definições prontas e os exemplos para os alunos, que devem somente assimilar esse conhecimento. Na verdade, cabe ao aluno somente memorizar os conhecimentos ensinados e/ou repassados pelo professor e nesse contexto na sala de aula o que se vê são atividades e conteúdos pré-estabelecidos e desarticulados, o que limita a percepção da realidade tendo uma imagem distorcida do fenômeno geocientífico. A Figura 1 é uma amostra da primeira etapa do projeto onde os alunos têm os primeiros contatos com as imagens de satélite e suas relações com os conteúdos geocientíficos, utilizando imagem do satélite LANDSAT da planície do Rio Macaé, município de Macaé/RJ, onde pode ser observada as formas de relevo de planície, morros e montanha, além da ação do homem na modelagem do relevo da planície através da canalização do baixo curso do Rio Macaé.

Figura1. Imagem do satélite LANDSAT da planície do Rio Macaé, Município de Macaé/RJ. Fonte: www.embrapa.gov.br

Na segunda etapa do projeto passamos a utilizar os textos da CHAVE ÁGUA do site do Sec. XX1 da MULTIRIO e foram construídas em mediação com o professor as zonas de aderência com as imagens de satélite. Na Figura 2 a imagem de satélite mostra o encontro dos rios Negro e Solimões uma composição colorida das bandas 3/4/5.

Figura 2. Encontro dos rios Negro e Solimões Fonte: http://www.dgi.inpe.br/html/ShowImagesLandsat.htm

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Zona de aderência do texto com a imagem: O abastecimento de água para a maior parte da população brasileira depende da preservação de mananciais protegidos por florestas. Cabe à imprensa o importante papel de esclarecer o valor da manutenção das florestas, para que não haja sofrimentos por falta de água num futuro próximo. Trabalhando sempre realizando uma estreita relação entre o texto da plataforma temática que iremos discutir com as imagens de satélite para que possamos ter uma aula com múltiplas facetas e desdobradas em outros ambientes, nas Figuras 3 e 4 valorizamos o espaço físico o qual estão inseridos nossos alunos para que compreendam que de uma maneira muito brusca e efetiva, o homem modifica e constrói novas paisagens, transformando o que as dinâmicas e processos ocorridos numa escala de tempo geológico levaram até milhões de anos para formar, e como isso, na maioria das vezes, causa sérios problemas ambientais em nossa atualidade.

A Figura 3 é uma composição colorida das bandas 1/2/3 (cor natural) do Satélite Landsat-5 TM. Mostra a Ponte Rio-Niteroi, o Aeroporto Galeão e navios na Baia de Guanabara. A vegetação aparece em verde, a água em preto e as áreas construídas em branco-amarelada. A Figura 4 é um setor de imagem do sensor WFI cobrindo o macroeixo Rio de Janeiro-São Paulo. As serras da Mantiqueira e do Mar aparecem em verde mais escuro. As cidades ao longo do eixo da Rodovia Presidente Dutra aparecem em azul. Foram trabalhados os textos Rio de Janeiro: duas realidades separadas pela água e lar de quase metade da Humanidade, regiões costeiras rumam para o caos.

Figura 3. Satélite Landsat-5 TM. bandas 1/2/3 (cor natural) - Ponte Rio-Niteroi Fonte: http://www.dgi.inpe.br/html/ShowImagesLandsat.htm

Figura 4. Eixo Rio de Janeiro - São Paulo - CBERS-2, Sensor WFI Fonte: http://www.dgi.inpe.br/CDSR/

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Zona de aderência dos textos com as imagens: A poluição decorrente das grandes concentrações humanas nas áreas costeiras é a maior responsável pela destruição de recursos e ambientes marinhos. Aproximadamente 44% dos poluentes lançados nas águas vêm das casas e indústrias. A poluição decorrente das grandes concentrações humanas nas áreas costeiras é a maior responsável pela destruição de recursos e ambientes marinhos. Cerca de 90% de tudo o que é produzido no mundo é transportado pelo mar, gerando mais uma fonte poluente. A poluição já causou a destruição, em todo o mundo, de 27% dos recifes de coral - as maiores regiões de biodiversidade marinha. Isso sem falar na devastação da vegetação costeira, o que contribui para a degradação dos mares.

4. Conclusões

A introdução das novas tecnologias, no ensino, é irreversível tanto no Brasil quanto no mundo. Portanto, pesquisas precisam ser desenvolvidas para verificar a performance didático-pedagógica desses recursos, junto aos alunos e aos professores; adaptar as imagens orbitais para seu uso em sala de aula; e adequar os materiais didáticos.

O Ministério de Educação e Cultura (MEC) recomenda a inclusão das novas tecnologias no Ensino Fundamental e Médio, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais. O apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), no sentido de ceder imagens orbitais para fins didáticos e de promover uma formação específica para professores, é essencial. O Uso do Sensoriamento Remoto na Produção do Conhecimento Escolar: uma proposta para utilização das tecnologias espaciais na sala de aula é um projeto de ensino desenvolvido na Sala de Informática em parceria com a Sala de Recursos de Altas Habilidades. Seu desenvolvimento e seu rumo estão intimamente ligados aos sabores das inquietações das mentes prodigiosas dos alunos impulsionados pela beleza, movimento e cores das imagens de satélite que despertam curiosidades gerando interesses pelo novo e desconhecido.

O pouco apresentado neste trabalho sinaliza a potencialidade deste recurso, que utilizado pedagogicamente é gerador de conhecimento escolar e responsável pela democratização das informações dos dados produzidos em laboratórios por técnicos e cientistas. Trabalhar com o novo é instigante e com um recurso de ponta tão distante do cotidiano da escola é revolucionário na metodologia das aulas e no tratamento, nos procedimentos e estratégias dos conteúdos das disciplinas.

Nós não temos resultados finais, temos sim permanente processo de construção e desconstrução nos compreendendo como participantes de um grande e complexo grupo social, com tradições e processos civilizatórios diferenciados. Procuramos, através da integração dessas diferenças alcançarem a utopia proposta por (LÉVY, 2000) do coletivo inteligente em direção à ecologia cognitiva que une a totalidade de seres - homens e máquinas - pensantes, contribuindo todos para a memória coletiva comum em permanente processo de ampliação e transformação.

Apesar do caráter experimental e pioneiro na rede pública de ensino da Cidade do Rio de Janeiro acreditamos que os resultados obtidos e as avaliações futuras do desempenho das atividades desenvolvidas pelo projeto com este grupo de alunos gerarão discussões e deflagrará um espiral de mobilização do corpo de professores repensando sua metodologia e redirecionado suas ações e práticas pedagógicas. Agora não é preciso mais ficar na sala de aula com o pensamento na lua, é só olhar na tela do computador e se encantar e o nosso próximo lançamento será a utilização dos recursos do Software Free SPRING 4.0 digitalizando as imagens de satélite.

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Sabemos da resistência da maioria dos professores do Ensino Fundamental e Médio com relação à introdução dessas ferramentas. Todavia, essa atitude revela sua insegurança para lidar com esses novos conhecimentos e pode ser superada. A formação básica dos professores, nos cursos Normais Superiores e nas Licenciaturas, precisa incluir essas novas tecnologias. A formação continuada, em serviço, com auxilio de pesquisadores de universidades pode ser um meio para propiciar essa formação para os professores em exercício. A ampliação da carga horária de prática de ensino das licenciaturas pode ser uma oportunidade para incentivar e reforçar colaborações entre universidades e escolas do Ensino Fundamental e Médio. Finalmente, lembramos que a universidade é responsável pelo desenvolvimento de atividades de ensino de graduação e pós-graduação, de pesquisas e tem o dever de levar seu trabalho junto à comunidade. Assim, as atividades de ensino, pesquisa e extensão são intimamente interligadas. Seu papel na introdução das novas tecnologias é, portanto, fundamental.

Agradecimentos Ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que realiza o Curso de Uso

Escolar de Sensoriamento Remoto no Estudo do Meio Ambiente sob a coordenação da Professora Dra Elisabete Caria Moraes, pesquisadora do INPE que tem como objetivo disseminar o conhecimento de tecnologias espaciais para professores dos ensinos fundamentais e médios, visando o seu uso como conteúdo e recurso didático na educação.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Temas Transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

GUTIERREZ, F. Linguagem total: uma pedagogia dos meios de comunicação. São Paulo: Summus, 1979.

LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 3.ed. São Paulo: Loyola, 2000.

VESENTINI, José William. Para uma Geografia Crítica na escola, São Paulo, SP, Editora Ática, 2000.

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A Aula de Cartografia na Valorização da Identidade Local.

Alexandre Cigagna Wiefels 1

1 Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE Caixa Postal 515 - 12245-970 - São José dos Campos - SP, Brasil

[email protected] Abstract. 500 years of history are represented in the landscape of Ilha Grande-RJ. The decade of 1970 led to major changes in the history of this landscape. After centuries of intensive use, different units of conservation of the nature(UC) overlap in order to protect this shrine. Defined during the military dictatorship, the UCs did not consider the centenarians inhabitants of these lands, the Caiçaras. The state define until recently, the Caiçara’s condition as hiding in their own ancestral territory. The objective of this work is through remote sensing draw the recent history of land use of the island in order to map the practice of agriculture and its process of abandonment defined by law. How to teach a population that their culture is valuable. How to rescue their ego? Palavras-chave: Cartografia, Ensino, Comunidade, Tradição, Cartography, Education, Community, Tradition.

1. Introdução Este trabalho descreve uma proposta de atividade a ser desenvolvida junto a qualquer

escola. Porém tem um caráter voltado para escolas em situações geográficas mais isoladas. As atividades apresentadas fizeram parte de um projeto de valorização da cultura, do

meio ambiente e dos direitos das populações tradicionais caiçaras da Ilha Grande no município de Angra dos Reis-RJ, desenvolvido no âmbito da Secretaria Municipal de Educação nos anos de 2006 e 2007 com os alunos de Ensino Fundamental.

Os caiçaras são uma minoria que ocorre desde o litoral do Paraná até o litoral sul-fluminense que vive da pesca artesanal e da roça de subsistência. Podemos observar na realização do projeto que uma considerável parcela dos alunos desconhece a diversidade do espaço geográfico de Angra dos Reis e em particular da Ilha Grande.

A necessidade de garantir às futuras gerações o acesso adequado a este patrimônio só será possível com o desenvolvimento de estratégias, que contribuam na conscientização da população quanto à importância ao prazer de se desfrutar, de forma sustentável, de suas paisagens, pessoas, caminhos e lugares.

A reprodução desta atividade é encorajada para que professores e alunos da rede pública se sensibilizem e venham participar da defesa desse inestimável patrimônio cultural.

O projeto, além de seu caráter de iniciação à pesquisa, se inscreve no campo da “educomunicação”, que articula Educação, Cultura e Comunicação. Para que esta experiência possa ser socializada em diferentes mídias como: publicações, banners, vídeos, fotos, exposições, retroprojeção, apresentação com datashow, maquete e internet; será necessária a utilização constante de recursos de informática. Assim, o uso das tecnologias de informação e de comunicação passam a ter um importante papel na difusão das práticas e resultados do projeto.

A carência de políticas públicas e representações do poder público para as comunidades assim como a falta de oportunidades de todo tipo (empregatícia e de lazer) somadas ao desrespeito que as iniciativas privadas decorrentes da invasão do turismo têm com as comunidades locais, dificultam qualquer tipo de inclusão social por parte especialmente dos jovens.

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A perda do controle sobre seu território advinda de novas territorialidades exógenas faz da população caiçara uma cultura em extinção. Existe um massivo deslocamento desta população para as favelas de Angra dos Reis devido ás grilagens de terras e ás proibições advindas das políticas ambientais por parte das novas unidades de conservação que negam o direito á terra.

Acreditamos que um maior conhecimento da realidade permite uma maior gestão das variáveis que influenciam diretamente a vida de cada um permitindo um controle o espaço a fim de proteger-se das diversas formas de agressões que esta população sofre.

A recente regularização das terras das populações tradicionais foi tardia o suficiente para separar famílias através de grilagens e expulsões.

A falta de emprego compromete o modo de vida caiçara pautado na agricultura de subsistência e na pesca artesanal, a primeira recentemente proibida pelos órgãos ambientais e a segunda extinta devido à pesca predatória.

Desta forma entendemos os íntimos laços que esta população tem com a natureza e a importância que a confere. Porém nenhuma representação do estado parece entender este vinculo e afetam a vida destes indiscriminadamente.

Este projeto visa aproveitar esta índole caiçara de aproximação com a natureza para potencializar a ação destes indivíduos sobre seu meio na junção do conhecimento espacial, estratégico junto com a valorização de sua cultura associando estes elementos ao esclarecimento e resgate de seus direitos a fim de desenvolver estratégias de sobrevivências alternativas que favoreçam a permanência neste chão e a valorização do individuo e de sua auto-estima.

Este trabalho é influenciado pelas teorias de Paulo Freire, especialmente das advindas de sua obra “Pedagogia da Autonomia” quando o autor ressalta a importância da valorização dos conhecimentos dos alunos e a valorização da pesquisa, quando a verdade é construída a partir da coesão dos conhecimentos aportados pelos diversos indivíduos que compõem a aula, compreendendo o professor. A forma como o autor trata da valorização da identidade cultural é fundamental para o entendimento do cerne desta atividade visto que esta valorização compõe uma meta deste projeto.

Outro ponto importante e específico desta atividade é a negação de qualquer forma de discriminação visto a presença de grande número de alunos especiais que deve ser corporificada pelo professor obviamente, mas principalmente, deve ser passada para os alunos.

O livro das professoras Antunes (2000) nos auxilia com propostas didáticas de cartografia, as quais adaptamos e complementamos ás metodologias criadas a partir da realidade local.

A sistematização da cultura caiçara da Ilha Grande através da pesquisa de campo junto com os alunos das escolas públicas ressaltando as realidades locais e valorizando-as oferece instrumentos de defesa para os caiçaras para enfrentarem as diferentes ameaças advindas de uma política territorial vertical praticada pelo governo local que desfavorece esta população em nome do desenvolvimento. O turismo e a especulação imobiliária, harmonicamente engajados na conquista do espaço da Ilha Grande, têm por objetivo expulsar a população “pobre” local a fim de trazer o almejado turismo de classe “A”.

O reconhecimento da identidade local, o conhecimento de seu território e a união de forças são fatores libertadores desta população.

Acreditamos no papel da educação promovido pela escola neste processo. A Ilha Grande fica localizada no 5º Distrito do Município de Angra dos Reis no Estado do

Rio de Janeiro entre as latitudes 23º05’S e 23º14’S e as longitudes 44º04’ e 44º23’W. O ponto mais perto do continente dista 3 km. Possui 193 km2 de área com 106 praias e 34 pontas que formam enseadas e sacos.

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Dentre as escolas da Ilha Grande, a de Sitio Forte foi escolhida para esta atividade devido a sua característica de ser a escola mais isolada voltada para o continente, com uma comunidade bastante carente, e por ter um grande número de alunos especiais decorrente de consangüinidade.

A metade dos alunos desta escola são especiais. As duas turmas da escola funcionam em regime multisseriado.

2. Metodologia de Trabalho

A metodologia desta atividade consiste em fazer com que os alunos aprendam a ler uma carta através do mapa da localidade onde moram, reconheçam no papel os acidentes geográficos e pontos de referências da paisagem cotidiana, se apropriem da linguagem cartográfica para se orientarem no espaço e para representar em duas dimensões a realidade vivida.

Para chegar a esta abstração que para alunos de ensino médio árdua, é necessário que ocorra umas poucas etapas para a construção deste novo conceito.

1- A primeira etapa consiste em deslocar a sala de aula para o exterior da escola a fim de depararmos com a paisagem que estudaremos. Neste primeiro instante é necessário chamar a atenção para os pontos de referência da paisagem( topos de morros, pontas, rios, caminhos, casas, vales, praias...)

Pedimos para que os alunos desenhem estes objetos e acidentes geográficos. 2- Com o auxilio da maquete trazida para a atividade, fazer com que os alunos entendam

esta representação do real e que se orientem nela. A partir daí pedir que façam em pequenos grupos uma maquete do local.

Nesta atividade são necessários os seguintes materiais: - Papel - Papelão - Lápis coloridos - Giz de cera - Papelão - Argila - Tinta 3- Sobre cópias ampliadas da carta do local, pedir para que destaquem individualmente

os rios, praias, povoados, estradas e topos de morros com diferentes cores. 4- Fazer um trabalho de campo com os alunos na comunidade para que possam identificar

as diferentes casas e moradores assim como a atividade que cada um desenvolve. 5- Após ter assimilado e se apropriado destes conceitos, retorna-se para a sala de aula

para colorir individualmente o mapa da localidade (cópia ampliada) destacando hidrografia, relevo, diferentes objetos e obstáculos naturais assim como os caminhos, as casas e os espaços de trabalho da comunidade.

Material utilizado: Cópias individuais de uma carta topográfica de 1:25000 com curvas de nível de 50 em 50 metros (desta forma facilitamos a visualização da carta que fica mais simples) e lápis de cor.

6- Finalmente os trabalhos são expostos para os colegas e a comunidade na escola. O tempo aproximado para cada atividade é de uma hora.

3. Resultados e Discussão Em sua condição de ilhéu, a criança de Sitio Forte percebe o mundo diferentemente da

criança do continente e tem ao seu redor objetos e obstáculos que não são os mesmos encontrados na cidade. Por este motivo convidou-se os alunos a saírem da sala de aula para participarem de uma aula de Percepção Espacial. A metodologia é bem simples. Pede-se para

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que os alunos desenham a paisagem após ter passado a estes a idéia de paisagem natural e paisagem antrópica para que o aluno perceba o emaranhado de objetos que o rodeia e consiga decifrá-los e retratar com um máximo de detalhes esta realidade que está em sua volta.

Esta atividade, além de localizar o individuo no espaço, serve para construir no aluno a consciência da interação entre o ser humano e a natureza e os vínculos que existem entre os próprios seres humanos através do espaço. A atividade deve ser desenvolvida em um espaço aberto onde exista uma paisagem a ser descoberta e analisada. Para isso, transfere-se a sala de aula com cadeiras e mesas para o gramado no exterior da escola onde existem diversos cenários para serem contemplados.

O aluno pôde escolher a sua paisagem e direcionar o seu assento para ela. Na experiência da escola do Sitio Forte, as paisagens mais escolhidas pelos alunos foram

a da "boca" da enseada do Sitio Forte direcionada para o norte com os morros circundantes e no sentido contrário a "tapina", maciço rochoso de gnaisse de 679 metros de altitude com, em primeiro plano a escola.

Esta atividade serve de introdução para a aula de cartografia e para a construção da maquete por parte das crianças.

Tivemos disponível um binóculo que se revelou um fantástico instrumento de trabalho com as crianças. Na contínua atividade de percepção espacial, oferecemos aos alunos um novo ponto de vista sobre a paisagem do dia a dia.

O binóculo (Figura 1) serve como complemento á aula de cartografia que trabalha muito com pontos de referencias no espaço. O aluno aponta com o binóculo para o cume de um morro ou para uma ponta no litoral, consegue perceber detalhes desta formação e reconhece na carta topográfica a paisagem analisada.

Figura 1 - Alunos contemplando a paisagem e identificando os pontos de referências

Daí voltamos a comprovar a importância do trabalho ao ar livre. Com a carta esticada sob

a grama e orientada para o norte com o auxilio da bússola é possível observar os detalhes da representação cartográfica daquele espaço. O professor deve introduzir os conceitos de orientação para que as crianças possam se localizar como estudantes da E.M. do Sitio Forte, na Ilha Grande, no município de Angra dos Reis...

Para organizar o manuseio do binóculo aconselhamos que se faça uma fila e que o aluno que esteja em posse do binóculo esteja sentado com os cotovelos sobre uma mesa para maior firmeza afim de evitar "tremer", o que compromete a visão.

A aula de cartografia aqui exposta foi realizada com as crianças de mais de 10 anos. O resultado foi superior ao esperado. Neste caso tínhamos o auxilio do projetor de DataShow no qual projetamos fotos aéreas e imagens de satélite da enseada de Sitio Forte.

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O exercício é simples: numa carta topográfica (Figura 3) da localidade (no caso um grande trecho da Ilha Grande) desenhar a linha da costa (mar) em azul, todos os rios e seus afluentes também em azul, as áreas habitadas em amarelo, as estradas em laranja e a curva de nível mais alta de cada morro em vermelho destacando a altitude dos morros quando escrita na carta por sublinhá-la.

Nesta experiência os alunos trabalharam tão bem que rapidamente alguns já tinham terminado. Para estes passamos um novo trabalho com a Ilha da Gipóia localizada entre a Ilha Grande e Angra dos Reis.

Figura 2 - Alunos analisando uma carta topográfica 1:25000 da Ilha Grande

Os trabalhos ficaram ótimos (Figura 3) e de uma grande riqueza informacional. No termino da atividade os alunos levam este mapa para casa o que vem a ser um

instrumento de consulta para toda a família, e provavelmente o único material cartográfico da casa.

Figura 3 -Aluno exibindo trabalho de cartografia

A construção da maquete (Figura 4) dos diferentes grupos foi inspirada em uma maquete

produzida pelos professores (Figura 5).

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Figura 4 – Alunos produzindo uma maquete de Figura 5 - Alunos transportando a maquete feita pelos Acordo com sua percepção do espaço. professores.

A formação de pequenos grupos facilita a organização e potencializa a construção da

maquete. A partir de uma base de papelão, de argila e de lápis coloridos obtivemos grandes

resultados graças também á imaginação dos alunos que improvisaram com a utilização de plantas, areia e cascalhos para obter maior realismo em sua obra.

Não conseguimos tempo para o trabalho de campo neste dia, porém as professoras se dispuseram a desenvolver esta atividade a fim de dar continuidade ao trabalho o qual foi muito valorizado por todos.

4. Conclusões

Podemos dizer que o trabalho não foi concluído neste dia, porém o objetivo desta proposta, de valorizar a cultura local, foi atingido com eficácia. No entanto sabemos que o objetivo geral depende de um processo mais longo.

Conseguimos nesta escola, após diversas atividades desenvolvidas ao longo do ano, a inclusão de alguns alunos da turma de “alunos especiais” na turma de alunos normais devido ao ótimo desempenho que estes têm demonstrado na apropriação dos novos conceitos impulsionados pela dimensão lúdica das atividades na qual se reconhecem e participam com maior facilidade.

Podemos dizer que para os alunos envolvidos, a apropriação de seu próprio espaço se deu de forma bastante consciente e que ele passou a ter uma postura mais responsável em relação à valorização de sua vida aumentando o seu ego, assim como em relação à vida e o modo de vida de seus conterrâneos aumentando o respeito e o reconhecimento do próximo no seu cotidiano.

O aprendizado nestes moldes didáticos realmente confere excelentes resultados com turmas de alunos mais novos. Considerando a idade mental dos alunos especiais inferior à dos outros alunos da mesma idade biológica, esta especificidade não foi negligenciada na prática pedagógica dos professores envolvidos que sempre dedicaram um especial esforço em incluir os mais dificultados.

Na lógica deste trabalho, a documentação é fundamental devido ao valor didático da experiência que foi transformada em propostas para os professores da rede municipal de Angra dos Reis. É verdade que trabalhar com crianças e tirar fotos ao mesmo tempo pode ser complicado devido, talvez ao receio de aparecer diante da câmera, podendo causar constrangimento, mas é possível contornar o problema ao aproximar das crianças, o aparelho ensinando-lhes a fotografar. A máquina digital pode ser passada de mão em mão desde que o seu manuseio seja explicado. Mesmo assim, é aconselhável emprestá-la para os mais

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responsáveis. Assim consegue-se fotos muito boas tendo por autores alunos da turma. Consideramos esta experiência como uma “inclusão digital”.

Bibliografia ANTUNES, A. R.; TRINDADE, M. L. A.; PAGANELLI, T. L. – O estado do Rio de Janeiro: os grupos, os espaços, os tempos: conhecimentos históricos, conhecimentos geográficos; viva a nossa turma. 7ª Edição, Rio de Janeiro: Access, 2000. FREIRE, P. – Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.