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Aula 2: UNIDADE E VARIEDADE LINGUÍSTICAUma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam

os limites do nosso pensar e sentir. Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá

o da floresta ou o silêncio do deserto. (Vergílio Ferreira)

Texto I:

Fonte: http://www.ciberduvidas.com/Images/mapa-dos-paises-lusofonos-1.jpg - data de acesso: 10/02/02015

Texto II

Nova ortografia da língua portuguesa fica obrigatória

Em 2016 passam a valer de fato as novas regras ortográficas do idioma definidas pelos oito países que falam a língua portuguesa. Mudança endurece critérios em exames e concursos

A partir de hoje, 1º de janeiro de 2016, qualquer manifestação escrita em língua portuguesa será regida obrigatoriamente pelas novas normas do Acordo Ortográfico. Apesar de aprovado em 2009, foi dado um prazo de seis anos de transição em que as ortografias antiga e nova poderiam ser usadas. O prazo acabou ontem, dia 31. Agora, vários vocábulos sofrerão mudanças no uso de hífen e na acentuação de verbos e palavras homógrafas (aquelas com mesma grafia, mas com significados diferentes); haverá a extinção do trema; e algumas consoantes serão incluídas oficialmente no alfabeto. Ainda assim, as modificações atingirão apenas 0,8% do total de palavras usadas no Brasil.

As alterações passam a servir de base para exames e concursos, ou seja, até ontem, ninguém perderia nota se usasse a grafia antiga. Agora, só valem as regras novas nas provas.

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Ao todo, oito países falam oficialmente a língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Timor-Leste, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Com o acordo, a língua escrita será a mesma. Boa parte das formas escrita, no Brasil, como livros e publicações, já adaptaram seu vocabulário às mudanças. A maioria das editoras e meios de comunicação adotou as normas em janeiro de 2009, assim como o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).Embora a absorção esteja avançada, muita gente ainda se perde para identificar o que mudou. Entre as alterações mais complicadas estão o uso do hífen e a acentuação. Uma das regras diz que as palavras com letras iguais são separadas com o sinal de pontuação. Nas com letras diferentes, juntam-se. Exemplo: “anti-inflamatório” e “neoliberalismo”.

A acentuação gráfica altera, por exemplo, as oxítonas terminadas em "a", "e", "o", "êm", “ém" e "êns" no plural ou no singular. É o caso de “voo”, “enjoo”, “leem” e “veem”. As paroxítonas terminadas ditongos crescentes, como “eia” e “oia”, não têm mais acento. Por exemplo: “boia”, “jiboia”, “ideia” e “assembleia”. Como o trema foi abolido, agora escrevemos “frequente” e “sequestro”.

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2016/01/01/internas_polbraeco,512512/nova-ortografia-da-lingua-portuguesa-fica-obrigatoria-a-partir-de-hoje.shtml Acesso em 12032016

1. Observe com atenção o texto I. Redija um parágrafo (4 a 5 linhas) apresentando em texto em linguagem verbal escrita as informações que ele traz para o leitor.

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2. Redija corretamente as palavras que não estão grafadas conforme o Acordo Ortográfico.

a. idéia ____________________________________________

b. microondas ____________________________________________

c.preestabelecido ____________________________________________

d. cinqüenta ____________________________________________

e. Retirou-se pára ensaiar. ____________________________________________

f. neo-logismo ____________________________________________

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g. gira-sol ____________________________________________

Texto III:

2. Comente a variação lingüística explorada no texto III, acima. _____________________________________________________________________________

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Alguns conceitos...

Linguagem e diversidade linguística

A linguagem é a característica que nos difere dos demais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano, e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. É o conjunto de sinais, signos, que podem ser gestos, cores, símbolos, palavras etc., usados na comunicação. Cada sinal criado pelo homem para sua comunicação corresponde a um significado e, por isso, esses sinais são denominados signos linguísticos.

Língua é todo conjunto de sinais verbais (expressos pelas palavras) organizados em regras que se combinam entre si, usados pelas pessoas de uma mesma comunidade para se comunicarem e interagirem.Em nosso caso, a nossa língua materna é a Língua Portuguesa, herdada como língua oficial em decorrência da chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500. Mas por que será, então, que o nosso Português é tão diferente daquele usado em Portugal? Veja algumas diferenças de vocabulário entre o Português no Brasil e o de Portugal.

No Brasil é: Em Portugal é:

apostila sebentabanheiro casa de banho fila bixaaeromoça hospedeira de bordo blusão camisolaágua sanitária lixívia calcinha cueca

Texto IV:

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3. Após a leitura do texto IV, conclua: e no Português do Brasil? Há variação em nosso próprio território? Por que ocorre? Justifique.______________________________________________________________________

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Variação lingüística

Compondo o quadro do padrão informal da linguagem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais representam as variações de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que a língua é utilizada. Dentre elas destacam-se:

Variações históricas: Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão da ortografia, se levarmos em consideração a palavra farmácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, contrapondo-se à linguagem dos internautas, a qual se fundamenta pela supressão dos vocábulos.Variações regionais: São os chamados dialetos, que são as marcas determinantes referentes a diferentes regiões. Como exemplo, a palavra “mandioca”, que, em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim. Figurando também nesta modalidade estão os sotaques, ligados às características orais da linguagem.Variações sociais ou culturais: Estão diretamente ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar corriqueiro caipira. As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre outros. Por fim, os jargões estão relacionados ao profissionalismo, caracterizando um linguajar técnico, próprio de algumas áreas de saber.. Representando a classe, podemos citar os médicos, advogados, professores, profissionais da área de informática, publicitários, economistas, dentre outros.

4. Releia IV. Qual tipo de variação lingüística focaliza?.

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Oralidade (fala) x Escrita

Há relações entre a fala ou oralidade e a escrita. Podemos citar diferenças, semelhanças e gradações. Chamamos fala aqui a expressão oral espontânea, popular ou

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não, produzida por sujeitos não escolarizados, escolarizados e com nível cultural considerado elevado, integrantes de comunidades linguísticas variadas. Como vimos acima, há grupos de usuários da língua em que a gíria se coloca como marca permanente da fala, em outros nem tanto, ou grupos em que, culturalmente, regras de concordância são ignoradas. Falamos mais do que escrevemos e a fala é, portanto, bem mais variável que a escrita. Em nossa vida diária, “costumamos passar do oral para o escrito, do formal para o informal, do escrito para o oral com absoluta presteza, desde que sejamos suficientemente autônomos do ponto de vista linguístico, ou seja, desde que saibamos variar registros, modalidades e gêneros textuais.”(Flores e Silva: 2011, P. 17.Da Oralidade à escrita)

Texto V

Fonte: http://sobralemrevista.blogspot.com.br/2016/02/charge-do-sid-charge-online_12.html. Acesso em 10/3/2016.

5. Transforme o diálogo em língua falada coloquial em um diálogo escrito, em língua padrão . ______________________________________________________________________

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Adequação Linguística

E dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os níveis da fala, que são basicamente dois: O nível de formalidade e o de informalidade. O padrão (nível) formalestá diretamente ligado à linguagem escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mesma maneira que falamos. Este fator foi determinante para a que a mesma pudesse exercer total soberania sobre as demais. Quanto ao nível informal,este por sua vez representa o estilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado controvérsias entre os estudos da língua, uma vez que para a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve de maneira errônea é considerada “inculta”, tornando-se desta forma um estigma. A noção de adequação surge para que adequemos o nosso padrão linguísticos ao que

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exigem as situações de comunicação diárias. Em situações comunicativas formais, é adequado, por exemplo, utilizarmos a língua padrão, que respeita as normas gramaticais. A rigidez dessa língua padrão variará, conforme o grau de escolaridade do falante, os grupos sociais de que participa o nível socioeconômico e se estiver se expressando através da fala ou da escrita.

Texto VI

6. a. Comente por que a sociedade considera inadequado erro gramatical na fala ou na escrita, em uma entrevista de emprego ou nos ambiente profissionais.

b. Com o auxílio de uma gramática ou dicionário, “corrija” os desvios destacados pelo meio de imprensa.

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Texto VII

7. O texto acima, apesar de ser impresso, não apresenta características de escrita, mas de oralidade. Comente esta afirmativa utilizando exemplos extraídos do próprio texto VI:_____________________________________________________________________________

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Texto VIII

Receita cazêraminêradimôidirepôi nu áiiói?

Ingredienti :

- 5 dentidiái- 3 cuiédiói- 1 cabêsss de repôi- 1 cuiédimastumati - Sá agosto

Modi fazê: Cascá o ái, picá o ái i socá o ái cum sá. Quentaói na cassarola; fogá o ái socadono óiquentim; pica o repôibeeemmmfinim;fogá o repôi no óiquentimjuntu cum áifogado;pô a mastumati i méxi cum a cuiépráfazê o môi.Sirva cum rôis e meléte.  Issu é bãodimais da conta sô.

8. O texto acima apresenta marca de informalidade.

a. Caracterize o tipo de variação linguística presente.

b. Reescreva o texto a, de modo que atinja o nível considerado padrão.

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9. Os enunciados linguísticos abaixo se encontram grafados em linguagem coloquial. Reescreva-os de acordo com o padrão culto ou formal.

a – Os livros estão sobre a mesa. Por favor, devolve eles na biblioteca.b – Falar no celular é uma falha grave. A consequência deste ato pode ser cara.c – Me diga se você gostou da surpresa, pois levei muito para preparar ela.d – No aviso havia o seguinte comentário: Não aproxime-se do alambrado. Perigo constante.e – Durante a reunião houveram reclamações contra o atraso do pagamento dos funcionários.

Obs.: Para resolver as chamadas questões de correção de frases, é aconselhável adotar os seguintes cuidados:- checar problemas ligados à acentuação, à crase e à grafia de palavras problemáticas (especialmente aquelas que têm grafias semelhantes);- observar o verbo em três níveis:     - a conjugação;     - a concordância; - a regência;- observar os pronomes em dois níveis:     - a colocação;     - o uso da forma adequada à sua função sintática;- observar se as palavras estão empregadas na sua forma e no seu sentido correto.

10.(U. F. PERNAMBUCO) — Observe os inconvenientes lingüísticos e reescreva a frase de forma que atenda à norma padrão:

Convidamos aos professores para que dê início as discursões dos assuntos em palta.

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11.(U. F. VIÇOSA) — Suponha um aluno se dirigindo a um colega de classe nestes termos: “Venho respeitosamente solicitar-lhe se digne emprestar-me o livro.” A atitude desse aluno se assemelha à atitude do indivíduo que:

   a) comparece ao baile de gala trajando “smoking”.   b) vai à audiência com uma autoridade de “short” e camiseta.   c) vai à praia de terno e gravata.   d) põe terno e gravata para ir falar na Câmara dos Deputados.   e) vai ao Maracanã de chinelo e bermuda.

(www.mundovestibular.com.br)

RESUMO

O resumo  é uma síntese concisa das ideias do texto lido, destacando-se os elementos de maior interesse e importância, isto é, as principais ideias do autor da obra.

Como elaborar um resumo:1ª Leitura: captar o objetivo geral da obra e seu desenvolvimento;2ª Leitura: responder duas questões: de que se trata o texto? O que pretende demonstrar?3ª Leitura: descobrir e sistematizar as partes principais em que se estrutura o texto;

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4ª Leitura: com redação própria destacar: a) o objetivo do autorb) as ideias principais c) as conclusões

RESENHA

A Resenha se parece muito com uma ficha de leitura, mas costuma ser mais extensa. Ela é um resumo crítico de uma obra, destacando as principais ideias do autor. Mas atenção: resenhar não significa simplesmente resumir, como acredita a maioria das pessoas. Um dos erros básicos de quem faz uma resenhar pela primeira vez é esquecer-se de fazer referência ao texto que está sendo resenhado. Muitos se prendem apenas às ideias e se esquecem do autor e do texto.

Resenha Crítica é a apresentação do conteúdo de uma obra, acompanhada de uma avaliação crítica. Expõe-se claramente e com certos detalhes o conteúdo da obra, o propósito da obra e o método que segue para posteriormente desenvolver uma apreciação crítica do conteúdo, da disposição das partes, do método, de sua forma ou estilo e, se for o caso, da apresentação tipográfica, formulando um conceito do livro.A resenha crítica consiste na leitura, resumo e comentário crítico de um livro ou texto. Para a elaboração do comentário crítico, utilizam-se opiniões de diversos autores da comunidade científica em relação às defendidas pelo autor e se estabelece todo tipo de comparação com os enfoques, métodos de investigação e formas de exposição de outros autores.

Para se construir uma resenha, é necessário:

1. Conhecimento completo da obra, não deve se limitar à leitura do índice, prefácio e de um ou outro capítulo.

2. Competência na matéria exposta no livro, bem como a respeito do método empregado.3. Capacidade de juízo; crítico para distinguir claramente o essencial do supérfluo.4. Independência de juízo; o que importa não é saber se as conclusões do autor coincidem com as

nossas opiniões, mas se foram deduzidas corretamente.5. Correção e urbanidade; respeitando sempre a pessoa do autor e suas intenções.6. Fidelidade ao pensamento do autor, não falsificando suas opiniões, mas assimilando com

exatidão suas idéias, para examinar cuidadosamente e com acerto sua posição.

(www.geocities.com)

Leitura para PRODUÇÃO DE ATIVIDADE COMPLEMENTAR: Escreva um resumo analítico ou

uma resenha do texto abaixo.

PRECONCEITO: CONSIDERAÇÕES SOBRE UM JORNAL POPULAR DO RIO DE JANEIRO

Eduardo da Silva de Freitas (UERJ)

[email protected]

1. Ligações preconceituosas: sensacionalismo e classes sociais

Sensacionalista é um adjetivo de conotação pejorativa que, no campo das comunicações sociais, está ligado aos produtos midiáticos de formato “popular”. Quando se refere a um jornal impresso, a definição de, em verdade, parece comportar três aspectos que estão interrelacionados. O primeiro, que chamaremos de “filosófico” diz respeito aos objetivos gerais da publicação. Normalmente, um jornal sensacionalista é taxado como um produto cujo objetivo maior é gerar lucro para seus proprietários, sem mesmo preocupar-se com a credibilidade da informação veiculada. Não comprometido com a informação, o que este tipo de jornal faz é “sensacionalizar aquilo que não é necessariamente sensacional, utilizando-se para isso de um tom escandaloso, espalhafatoso” (ANGRIMANI SOBRINHO, 1995, p. 16).

A segunda característica do jornal sensacionalista diz respeito a seu conteúdo. Na definição de especialistas, este tipo de produto valoriza a violência, o sexo, o cotidiano, a vida de celebridades. Para isto, ele adota uma perspectiva trágica ou dramática na narrativa de um fato, buscando despertar a

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emotividade do leitor, sem prescindir do exagero, do ridículo, do pitoresco, do exótico, do insólito ou do fantástico.

Por fim, há os elementos mais diretamente à forma. No jornal sensacionalista, os tipos são variados; a linguagem tende para o coloquial, com uso de gírias, de neologismos; as cores são chamativas; a publicidade ocupa boa parte do jornal. Obviamente, é por meio da linguagem que se concretiza o espalhafato e o escandaloso de um jornal sensacionalista. Segundo Márcia Franz Amaral (2005, p. 5), tais elementos são identificados por Rosa Nívea Pedroso. Interessante notar que a associação entre sensacionalista e popular talvez só possa ser justificada de maneira direta em termos delinguagem.

De fato, como aponta Márcia Franz Amaral, em se tratando de jornal de massa, por que o objetivo de ganhar dinheiro torna-se um fator identificação do jornal sensacionalista? Por acaso os jornais “sérios” não são feitos para isso? Ao que parece, considera-se que os jornais feitos para a elite são mais éticos do que os populares, por se preocuparem em informar o leitor.

Mas até que ponto pode-se acreditar nisso? Então num jornal sério não há distorções do fato? Nas palavras de Márcia Amaral, Muitas críticas aos exageros e às distorções da imprensa popular, pertinentes do ponto de vista ético, caem no outro extremo de imaginar possível uma notícia límpida que faça os fatos transparecerem tal como aconteceram. Ora, as notícias não emergem naturalmente do mundo real para o papel, não são simplesmente o reflexo do que acontece. São redigidas a partir de formas narrativas, pautadas por símbolos, estereótipos, frases feitas, metáforas e imagens. (AMARAL, 2005, p. 3).

Essa ideia de que não há um relato “puro” deve ser ressaltada, pois revela com propriedade a dimensão ética do jornalismo. Toda notícia, por maior que seja a pretensão de imparcialidade de seu redator, é sempre construída segundo um ponto de vista. Ora, a determinação de que fatos são relevantes, de quais elementos seus devem ser inseridos na notícia e de como as personagens devem ser tratadas, por exemplo, é feita não só pelo repertório cultural do redator, mas também – senão principalmente – pela instituição que representa. (...) Como se viu, o sensacionalismo define-se pela violência, pelo sexo, pela referência a personagens célebres. Mais uma vez, é preciso perguntar-se: este conteúdo é exclusivo dos jornais sensacionalistas?

Obviamente, não; ele também ocorre em jornais “sérios”. Então por que, quando se trata de jornais populares, isso se torna um fator negativo? Não será simplesmente por que um trata destes assuntos numa perspectiva mais “local”, ao passo que o outro se detém sobre casos de pessoas ricas, de figuras de estado? Talvez.

De qualquer forma, veja-se que mais uma vez estamos lidando com uma questão de classes sociais. O público a que se dirige um jornal “sério” é formado por pessoas com escolaridade alta e situadas nas classes mais elevadas da sociedade, o que lhes permite dispor de mais bens materiais e culturais. De outro lado, os jornais sensacionalistas ou “populares” são direcionados para uma população com um perfil sócio-cultural inverso àquele. Esta diferença implica diferenças também de interesses e expectativas entre os consumidores, os quais estão diretamente ligados ao enfoque dado pelos jornais. (...).

Não se ignore, entretanto, que esta atitude dos jornais sensacionalistas parece residir mais uma vez no preconceito de classe. Como se sabe, estes jornais “populares” não são produzidos ou escritos por pessoas das classes mais baixas da população. Ainda que muitos possam ter uma origem pobre, o nível de especialização exigido para se tornar um jornalista é alto, implicando escolaridade de nível superior, no mínimo, e por isso uma condição material melhor. O preconceito transparece ao se perceber que é “na exploração das perversões, fantasias, na descarga de recalques e instintos sádicos que o sensacionalismo se instala e mexe com as pessoas” e que é “no tratamento antianódino da notícia, quase sempre embalada em um caleidoscópio perverso, que o sensacionalismo se destaca dos informativos comuns.” (ANGRIMANI SOBRINHO, 1995, p. 17). Dessa forma, os jornais sensacionalistas e os próprios críticos que o rotulam de “popular” acreditam, ou aceitam, que é imanente ao universo cultural das classes pobres a perversão, a fantasia, o sadismo, etc. Em verdade, por não partilharem do universo cultural que pretendem mostrar, os jornalistas acabam projetando uma visão estereotipada deste universo, projetando a percepção que as classes superiores têm das inferiores. (...)

Angrimani Sobrinho: Ainda dentro do ponto de vista jornalístico, a linguagem sensacionalista não pode ser sofisticada, nem o estilo elegante. A linguagem utilizada é a coloquial, não aquela que os jornais informativos comuns empregam, mas a coloquial exagerada, com emprego excessivo de gírias e palavrões. (1995, p. 16) É perfeitamente compreensível que a linguagem de um jornal voltado para uma população de baixa escolaridade não pode ser muito distante do coloquialismo, sob pena de não se fazer entender. Neste âmbito, enquadra-se o uso de gírias, que, realmente, são responsáveis pelo reconhecimento do público no jornal. A questão é que, ao que parece, não se percebe que estas são as mesmas estratégias utilizadas pelos “jornais comuns” com seu público. Fica claro que a oposição criada

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entre linguagem sofisticada e estilo elegante, de um lado, e coloquialismo com uso de gírias, do outro, é uma ideia valorativa, que tem a ver com o prestígio social dos destinatários, e que recai simplesmente sobre o aspecto da seleção vocabular7. Realmente, se considerarmos, por exemplo, a dimensão sintática das construções como a concordância e a regência percebe-se que elas são dentro da gramática normativa na maioria dos casos. A crença que se mostra tanto da parte do jornalista quanto dos críticos é que as gírias e o coloquialismo são traços linguísticos exclusivos de uma classe social. Em verdade, o uso ou não de gírias e a forma coloquial estão presentes em diversas ocorrências discursivas que perpassam todas as classes sociais. (...) (Fragmento de artigo publicado nos Cadernos do CNLF , Vol. XIII, Nº 04. Anais do XIII CNLF. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2009, p. 2072)

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