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IBGC ORIENTA - AVALIAÇÃO DE CONSELHOS
VERSÃO AUDIÊNCIA PÚBLICA – AGOSTO DE 2020
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO..........................................................................................................4
INTRODUÇÃO...............................................................................................................6
CAPÍTULO 1 – CONTEXTO GERAL.........................................................................9
1.1 Papéis e Responsabilidades do Conselho de Administração...............................11
1.2 Aspectos Culturais...................................................................................................11
1.3 Aspectos Legais, Regulatórios e Autorregulatórios.............................................14
CAPÍTULO 2 – A AVALIAÇÃO NA PRÁTICA......................................................21
2.1 Escopo – Quem deve ser Avaliado?.......................................................................21
2.2 Responsabilidades – Quem deve Liderar a Avaliação?.......................................24
2.3 Dimensões – O que deve ser Avaliado?.................................................................24
2.3.1 Avaliação do Colegiado.........................................................................................25
2.3.2 Avaliação Individual dos Membros........................................................................36
2.4 Modelos – Como Avaliar?.......................................................................................42
2.4.1 O Apoio de Consultoria Externa............................................................................44
2.5 Periodicidade – De Quanto em Quanto Tempo as Avaliações devem ser Feitas?
.........................................................................................................................................46
2.6 Estágios de Maturidade na Avaliação...................................................................47
CAPÍTULO 3 – RESULTADOS DA AVALIAÇÃO.................................................51
3.1 Devolutivas, Planos de Melhoria e Evolução Contínua.......................................51
3.2 Divulgação dos Resultados......................................................................................53
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................55
REFERÊNCIAS............................................................................................................56
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APRESENTAÇÃO
A palavra que designa o mais importante órgão colegiado de uma organização,
conselho, remete à opinião e à reunião de pessoas para aconselhamento ou tomada de
decisões1. Essa associação continua presente nos conselhos de hoje, mas as expectativas
com relação aos colegiados são bem maiores do que o descompromisso que a palavra
conselho parece sugerir à primeira vista. No mundo atual, os conselhos de
administração, conselhos consultivos e comitês técnicos de assessoramento são
demandados a prestar contas de suas atuações e agregar valor às organizações para
justificar a própria existência. Em outras palavras, precisam ser efetivos.
A necessidade de construção de um modelo de governança mais ativo vem se
tornando imprescindível e o acompanhamento do desempenho dos órgãos colegiados
torna-se premente. A avaliação é uma ferramenta para alavancar o desempenho dos
colegiados, permitindo que eles possam cumprir suas responsabilidades e papéis,
contribuindo de maneira definitiva para o aprimoramento da governança corporativa nas
organizações.
Este documento traz recomendações de boas práticas sobre a avaliação de
conselhos de administração (CA), consultivos e comitês de assessoramento, e de seus
integrantes. O conteúdo aqui presente se aplica a todos esses fóruns. Por isso, as
referências feitas aos conselhos também englobam os demais colegiados (incluindo
comitês), e as recomendações feitas a membros ou participantes aplicam-se a
conselheiros e membros de comitês (a não ser quando explicitamente mencionado a
quem se dirige a recomendação). A intenção é que o documento seja útil para agentes de
governança de um amplo leque de organizações: empresas de capital fechado,
familiares, de capital aberto ou em processo de abertura, startups, estatais e instituições
do terceiro setor.
Na introdução, o leitor entrará em contato com alguns conceitos e os benefícios
trazidos pelo processo de avaliação. O primeiro capítulo versa sobre o contexto geral em
que se insere a avaliação (papéis e responsabilidades do conselho de administração,
resistências culturais e aspectos legais, regulatórios e autorregulatórios). O capítulo 2
1 Neste documento, consideram-se colegiados os grupos de pessoas atuando de forma conjunta em times ou equipes. Aqui, o conceito de colegiado é aplicado de forma ampla e engloba os conselhos de administração, conselhos consultivos e mesmo comitês de assessoramento, embora nestes últimos as recomendações possam ter caráter individual, e não apenas conjunto, como ocorre no conselho.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
explica como realizar o processo, ou seja, trata da avaliação na prática (e das melhores
práticas). Já o assunto do capítulo 3 é o encaminhamento dos resultados obtidos. No 4º
capítulo, serão abordados os diversos estágios de maturidade do processo de avaliação.
E, para terminar, o leitor encontrará as considerações finais.
As recomendações aqui presentes foram fruto das discussões de um grupo de
trabalho formado no Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e composto
por membros da Comissão de Pessoas. Três principais fontes foram empregadas nesta
publicação: estudo das melhores práticas internacionais, consulta a artigos acadêmicos e
entrevistas com consultores especialistas, tanto em seleção quanto em avaliação de altos
executivos, conselheiros e presidentes de conselhos de administração (PCA), assim
como do colegiado. Agradecemos especialmente pela colaboração e disposição dos
entrevistados, que enriqueceram as discussões por meio do compartilhamento de suas
experiências. Na expectativa de que o conteúdo aqui presente contribua para o
aprimoramento de conselhos, comitês e seus respectivos membros, assim como da
governança corporativa como um todo, desejamos-lhe uma boa leitura!
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INTRODUÇÃO
As atribuições dos conselhos são amplas e vêm aumentando com o passar do
tempo, à medida que o ambiente de negócios torna-se mais complexo e aprimoram-se os
agentes de regulação e autorregulação. Novas competências e capacidades são
requeridas em função da crescente importância da inovação, da transformação digital e
do risco representado pelo repentino surgimento de modelos de negócios
revolucionários (disrupção). Já vai longe a época em que os conselhos faziam pouco
mais do que supervisionar a elaboração das demonstrações financeiras e atuar no
monitoramento da diretoria. O bom exercício dessas funções é necessário, mas não mais
suficiente para caracterizar um conselho realmente efetivo.
Um conselho efetivo é aquele com capacidade de gerar valor de forma crescente
e sustentável, antecipando os riscos e oportunidades, a evolução do mercado em que
atua e as mudanças de conjuntura econômica, social, ambiental e tecnológica. Monitora
a empresa (oversight), desde os resultados/desempenhos nas suas principais dimensões,
até a forma de comunicação com as principais partes interessadas e a observação das
leis e regulamentos. Orienta e/ou define o direcionamento estratégico da empresa (visão
de longo prazo), priorizando e decidindo a alocação dos recursos (financeiros ou não).
Desafia a organização, trazendo novas visões e contribuições para a melhoria de suas
políticas e da governança. Orienta, incentiva, aconselha, delibera e avalia a liderança da
organização, garantindo a preservação dos valores e a gestão dos riscos nas decisões e
ações.
O conselho de administração (CA) é o principal guardião dos princípios, valores,
propósito, objeto social e sistema de governança de uma organização. Ele atua
principalmente na formulação e supervisão da estratégia de longo prazo, no processo
decisório e de governança, na supervisão da diretoria e no aconselhamento dos
executivos, buscando preservar o propósito da organização, seus resultados e sua
sustentabilidade.
Quando o CA não exerce de fato esse papel, ele pode tornar-se meramente
decorativo e trazer poucos benefícios. O colegiado deve ser uma liderança que orienta
de forma vigorosa e eficaz a gestão do negócio como um todo, resistindo a pressões por
resultados no curto prazo e visando ao desenvolvimento e à perenidade da organização.
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Um processo robusto de avaliação do colegiado, analisando o seu desempenho à
luz de objetivos pré-estabelecidos, ajuda a aprimorar o funcionamento do conselho e,
consequentemente, identificar oportunidades para melhorar os resultados da
organização. Outra vantagem é a sinalização, tanto interna quanto externa (para
investidores e outras partes interessadas), de que há empenho por parte da organização
em aprimorar a sua atuação.
Uma avaliação bem-sucedida, que levante pontos de aprimoramento e leve a
cabo um plano de ação, pode contribuir para:
Fazer com que a interação entre conselho e diretoria se dê numa dinâmica que
contribua para o resultado final da companhia;
Apoiar o presidente do conselho de administração (PCA) e o colegiado para que
eles desempenhem melhor os seus papéis de direcionamento da estratégia
corporativa e de supervisão da performance empresarial;
Melhorar a qualidade do processo decisório e a assertividade do colegiado;
Aprimorar o desenvolvimento individual dos conselheiros, quanto à sua atuação
e contribuição para o colegiado;
Contribuir para que os conselheiros conheçam-se melhor e potencializem a
dinâmica comportamental, a postura independente e o trabalho em equipe;
Aperfeiçoar processos, fluxos de informação e comunicação, assim como os
relacionamento do CA com a diretoria executiva e com os órgãos de controle;
Melhorar o processo de atração e renovação de conselheiros e diretores;
● Melhorar a estrutura e composição do CA e dos comitês;
● Aumentar a eficácia do CA como guardião dos princípios, valores e cultura
organizacional;
Aumentar a credibilidade do próprio CA, pela prestação de contas para
acionistas e para a sociedade.
Vale ressaltar que a avaliação do colegiado é uma ferramenta para,
prioritariamente, impulsionar a efetividade do órgão. Não se trata, na prática, de uma
garantia de melhora da dinâmica ou do desempenho do colegiado, mesmo quando
complementado pela avaliação individual dos participantes. Outras questões, como a
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disposição da organização em promover mudanças necessárias e a prontidão dos
conselheiros para cuidar de sua evolução pessoal e profissional, são importantes para o
processo como um todo. A avaliação é um diagnóstico que deve gerar um plano de ação
de melhoria, mas para que este último seja implementado deve haver vontade e
comprometimento de todos os envolvidos.
Também é importante ter em mente que as avaliações de colegiados têm suas
peculiaridades e diferenças em relação às avaliações individuais de gestores (que são
mais usuais). Nestas, busca-se verificar o desempenho de determinado executivo
comparando seus resultados com os objetivos estabelecidos, tanto tangíveis quanto
intangíveis (competências comportamentais, aderência à cultura). Nas avaliações dos
colegiados, o foco deve estar primeiramente na análise do conjunto. Mesmo quando há
avaliação individual do conselheiro ou de membros de comitês, o foco é sempre
verificar qual é a contribuição do participante para o grupo, em vez de identificar o seu
desempenho em relação a metas específicas.
É crescente o número de organizações que avaliam os seus colegiados. O que
vem impulsionando essa tendência é a maior preocupação com o aprimoramento da
governança, com o melhor exercício das responsabilidades dos conselhos e o
atendimento aos requisitos regulatórios e/ou autorregulatórios. Mesmo assim, ainda há
resistências de fundo cultural. Abordaremos esses temas no capítulo a seguir.
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CAPÍTULO 1 – CONTEXTO GERAL
Apesar da avaliação de colegiados ser uma prática eficaz para se alcançar uma
combinação ideal de habilidades, experiências e perspectivas dentro do órgão, ela ainda
não é comum entre as organizações brasileiras (mesmo as de maior porte). De acordo
com estudo publicado pelo IBGC em 2019, a taxa de aderência das companhias listadas
brasileiras à recomendação de ter um processo anual de avaliação do colegiado, dos
comitês, dos conselheiros e do secretário de governança (quando existente) foi de
17,8%2 – menos de duas a cada dez empresas listadas, na média.
Em outra pesquisa, realizada pelo IBGC3, foi possível comparar a adesão das
companhias estrangeiras e brasileiras à avaliação dos conselhos – e o resultado foi que
ainda estamos atrasados. Uma minoria avalia o colegiado por meio de um processo
formal. Veja os resultados no quadro 1:
Quadro 1. A Defasagem das Organizações BrasileirasSITUAÇÃO BRASIL AMOSTRA GLOBAL
Não avaliam o conselho de administração 33% 20%Avaliam de maneira informal 52% 46%Possuem um processo formal de avaliação 20% 42%Fonte: elaborado pelos autores (2020), a partir do estudo Global Director Survey Report: Análise dos Resultados Brasileiros (IBGC, 2019b)
Em relação ao mercado americano, vale ressaltar uma diferença: nos Estados
Unidos, o percentual de companhias que avaliam individualmente os membros é maior.
É obrigatório que as companhias listadas na NYSE (New York Stock Exchange) avaliem
2 Pratique ou explique: análise quantitativa dos informes das companhias abertas brasileiras (IBGC, 2019a).
O estudo analisou os informes da Instrução CVM 586 (seguindo o modelo “Pratique ou Explique”) no seu segundo
ano no Brasil, e abrangeu todas as 338 empresas de capital aberto na Categoria A. A taxa de aderência é calculada
pelo número de respostas “sim” dado às recomendações, dividido pela soma do número de respostas “sim”,
“parcialmente” e “não”.
3 Global Director Survey Report: Análise dos Resultados Brasileiros (IBGC, 2019b). A amostra brasileira
foi composta por 165 respondentes, entre conselheiros de administração e profissionais de governança de diversas
organizações.
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o CA e seus comitês; mas elas estão incluindo a avaliação individual dos conselheiros –
seja pela avaliação por pares ou autoavaliação. Considerando as “Fortune 100” (lista,
elaborada pela revista Fortune, das cem maiores companhias americanas em
faturamento), o percentual de companhias que também empregam a autoavaliação subiu
de 25% para 40%, de 2018 para 2019; no mesmo período, o percentual de empresas
que utilizam a avaliação pelos pares subiu de 10% para 25%.
Apesar da defasagem, entre as empresas listadas brasileiras há uma tendência
crescente na adoção da prática, embora ainda tímida. De acordo com levantamento da
consultoria KPMG4, 29% das companhias listadas realizaram avaliações do conselho de
administração (como órgão colegiado) em 2018; em 2010, esse percentual era de 24%.
Com relação às avaliações individuais dos membros, o crescimento foi mais forte: de
16% em 2010 para 31% em 2018 – incremento de quinze pontos percentuais no número
de companhias abertas que avaliam, individualmente, seus membros do CA.
Para o seu funcionamento efetivo, a adoção de processos de avaliação de
desempenho dos colegiados deve considerar questões como as suas atribuições e
responsabilidades. Deve também levar em conta fatores culturais que possam impor
barreiras ou potencializar a aderência dos participantes ao processo, bem como as
obrigações jurídicas, regulatórias e autorregulatórias sobre a avaliação. Abordaremos, a
seguir, esses três aspectos.
4 A Governança Corporativa e o Mercado de Capitais (KPMG, 2018). Pesquisa realizada a partir de consulta ao formulário de referência das companhias abertas brasileiras, com dados de 2018.
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1.1 Papéis e Responsabilidades do Conselho de Administração
O conselho de administração deve basear a sua atuação nos quatro princípios da
governança corporativa (transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade
socioambiental) para exercer o papel de guardião dos princípios, valores, objeto social e
sistema de governança da organização. É de sua responsabilidade o monitoramento da
gestão executiva, atuando como elo entre esta e os sócios.
Nesse sentido, faz parte do dever de lealdade e de diligência do conselheiro a
atuação sempre em prol do melhor interesse da organização como um todo,
independentemente de quem o indicou ou elegeu. O Código do IBGC (2015, p. 40)
ressalta que o CA deve “exercer suas atribuições considerando o objeto social da
organização, sua viabilidade no longo prazo e os impactos decorrentes de suas
atividades, produtos e serviços na sociedade e em suas partes interessadas
(externalidades)”.
Em resumo, o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do
IBGC elenca, dentre outros aspectos, as seguintes atribuições do conselho de
administração:
• Atuar na formação do propósito, missão, visão, valores e cultura organizacional;
• Dar o direcionamento estratégico da organização;
• Estimular reflexão e estar atento a tendências e mudanças de mercado;
• Atentar às externalidades e riscos do negócio
As avaliações dos conselhos, conforme já mencionado, devem considerar como
parâmetros as responsabilidades legais e éticas implícitas às suas funções.
1.2 Aspectos Culturais
As práticas de avaliação de desempenho no Brasil difundiram-se com o objetivo
de avaliar a performance das funções executivas. Esse tipo de avaliação, em relação à
de colegiados, geralmente conta com maior grau de objetividade, em função da maior
tangibilidade nas metas dos executivos.
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Mesmo dispondo de maior objetividade e há mais tempo consolidada, a
avaliação de gestores ainda encontra resistências internas. Dentre os obstáculos estão o
foco, que frequentemente recai sobre aspectos pessoais em detrimento dos profissionais,
a dificuldade de dar e receber devolutivas (feedbacks), a vinculação das avaliações à
remuneração variável (que incentiva a visão de curto prazo) e a possível inexistência de
planos de aprimoramento.
Se o quadro é desafiador no contexto da gestão, as resistências e desconfortos
em relação à avaliação em órgãos colegiados tendem a ser ainda maiores. A todos os
obstáculos anteriormente citados, acrescenta-se que conselheiros são, em geral, ex-
executivos com excelente formação, carreiras sólidas e bem-sucedidas, desfrutando de
respeito profissional junto ao mercado. A própria participação em conselhos denota
sinal de maturidade e, não raro, é fonte de status profissional.
Especialmente para o conselheiro “recém-chegado”, pode haver a percepção de
que as experiências prévias como executivo são suficientes para o perfeito exercício das
novas responsabilidades. Nesses casos, a avaliação de conselhos torna-se pouco
relevante ou mesmo supérflua aos olhos do conselheiro, sob o mito de que há pouco a
ser aprendido ou desenvolvido profissionalmente. A robusta bagagem profissional na
gestão seria mais do que suficiente para comprovar a capacidade para a nova função.
A atuação prática em colegiados requer um foco diferente: existe uma trajetória
própria de aprendizado e desenvolvimento na função de conselheiro, voltada para a
atuação em grupo, que é muitas vezes distinta da vivência na gestão. Como órgão de
deliberação colegiada, não existe relação hierárquica entre pares (mesmo em relação ao
presidente), de forma que as capacidades de atuar em grupo, escutar, argumentar e
influenciar em prol da organização tornam-se muito mais relevantes. Todos esses pontos
podem e devem ser considerados em avaliações de conselhos, para uma melhor
efetividade tanto individual quanto coletiva do órgão.
Além desses aspectos, observa-se que a confiança excessiva, derivada da crença
de que o profissional atingiu, como conselheiro, o ápice da sua carreira, é uma
resistência para a implantação de avaliações. Mas não é a única. O desconhecimento
sobre o processo de avaliação em conselhos pode levar à percepção de que a avaliação
serve para questionar a própria competência do(a) conselheiro(a), expondo eventuais
deficiências de formação, perfil ou experiência.
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Dessa forma, emerge o temor de que as avaliações não sejam confidenciais, que
as informações individuais sejam expostas, revelando a opinião de cada membro sobre
seus pares. Além do receio da exposição de apreciações desabonadoras (que podem
levar a conflitos ou retaliações), existe o temor de que elas sejam usadas para embasar
futuros processos de responsabilização sobre eventuais danos causados à empresa. Por
conta disso, é importante que haja uma política de sigilo das informações coletadas, ao
mesmo tempo em que exista transparência a respeito das etapas e objetivos do processo
(a divulgação dos resultados será tratada mais a fundo no capítulo 3).
O processo de avaliação do colegiado pode ser ainda mais complexo e sensível
no contexto das empresas familiares (que, no Brasil e na maioria das nações,
representam parcela significativa da atividade econômica). A isenção requerida na
avaliação de um conselheiro membro da família requer um difícil e complexo
distanciamento entre o lado pessoal, carregado de afetos e envolvimento familiar, e a
esfera profissional. Esse distanciamento pode ser mais desafiador quando o fundador
atua no CA – dado que, via de regra, a figura do fundador se mescla com a autoridade
máxima da família. A presença de conselheiros independentes pode facilitar esse
processo, dada a maior isenção e menor ligação emocional para avaliar e ser avaliado.
Em síntese, no quadro 2 estão reunidas algumas das maiores resistências
culturais à avaliação de conselhos e órgãos de assessoramento.
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Quadro 2. Maiores Resistências Culturais às Avaliações• Receios, mitos e incertezas decorrentes da falta de conhecimento do processo
como um todo, do sigilo e utilização dos resultados, ou ainda de experiências
anteriores negativas;
• Despreparo para dar e receber devolutivas de forma profissional (sem levar para
o lado pessoal);
• Receio de exposição do próprio desempenho, de dar opinião sobre um colega e da
própria imagem perante o mercado;
• Falta de clareza sobre os parâmetros utilizados na avaliação e desconhecimento
sobre o uso que será feito dela;
• Foco no relacionamento pessoal (afetos, parentescos etc.), mais do que no
relacionamento profissional (perfil, experiências, competências, resultados etc.);
• Sensação de que o histórico de sucesso é insuficiente e pode ser questionado;
• Receio de que os resultados das avaliações possam ser utilizados como subsídios
para processos jurídicos.
Fonte: elaborado pelos autores (2020)
1.3 Aspectos Legais, Regulatórios e Autorregulatórios
Dado o papel e a relevância do CA para o aprimoramento da governança, a sua
avaliação (e de comitês de assessoramento) vem recebendo mais atenção por parte de
legisladores, reguladores e agentes do mercado, por meio da autorregulação ou de
códigos. Aqui cabe uma breve distinção entre essas diversas formas.
A legislação é o âmbito superior: as leis trazem determinações obrigatórias e
sanções em caso de desrespeito. Já regulação é o conjunto de normas que especificam a
aplicação das leis – também há fiscalização e possíveis sanções. Nesse âmbito atuam
órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por exemplo. Já a
autorregulação é feita por entes privados que estabelecem regras para si mesmos, como
os segmentos especiais de listagem (Novo Mercado, Nível 1 e Nível 2) da B3. A adesão
à autorregulação é voluntária e os órgãos autorreguladores também supervisionam os
entes do mercado. Por fim, há códigos elaborados por instituições como o IBGC, que
servem de referência de melhores práticas, mas que não fiscalizam ou aplicam penas
quando as instituições deixam de seguir as recomendações.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Para grande parte das organizações brasileiras, não há obrigatoriedade de
adoção da prática de avaliação dos conselhos; entretanto, a avaliação de conselhos e
seus comitês já consta no texto de leis, regulamentos e códigos recentes – conforme
resumido no quadro 3:
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Quadro3. Avaliação de conselhos no arcabouço jurídico brasileiroPUBLICO-ALVO FORMA DE DIVULGAÇÃO
LEGISLAÇÃO (HARD LAW)
Lei 13.303/16 (Lei das Estatais)
. Avaliação de desempenho, individual e coletiva, de periodicidade anual, dos administradores e dos membros de comitês
. Específica para empresa pública ou sociedade de economia mista.
. Estatuto social da companhia
REGULAÇÃO ICVM 586 (Modelo Pratique ou Explique) - CVM
. Processo anual de avaliação do desempenho do conselho de administração e de seus comitês, como órgãos colegiados, do presidente do conselho de administração, dos conselheiros, individualmente considerados, e da secretaria de governança, caso existente
. Específica para companhias de capital aberto registradas na categoria A.
. Informe sobre o Código Brasileiro de Governança Corporativa - Companhias Abertas, no regimo do "Pratique ou Explique"
Programa Destaque em Governança de Estatais - B3
. Processo de avaliação de desempenho do Conselho de Administração, de seus Comitês, e membros (individualmente considerados)
. Programa voluntário específico para companhias controladas, direta ou indiretamente, pelos entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).
. Formulário de referência da companhia
Novo Mercado (Novo Regulamento) - B3
. A companhia deve estruturar e divulgar um processo de avaliação do conselho de administração, de seus comitês e da diretoria. A avaliação deve ser realizada ao menos uma vez durante a vigência do mandato da administração
. Específico para companhias listadas no segmento Novo Mercado
. Formulário de referência da companhia
Código de Autorregulação em Governança Corporativa - ABRAPP, SINDAP e ICSS
. Avaliação de necessidades de capacitação por meio da identificação das lacunas de competências (conhecimento, habilidades e atitudes) para o exercício das atribuições atuais ou futuras dos conselheiros, dirigentes e empregados
. Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC)
AUTORREGULAÇÃO (SOFT LAW)
ARCABOUÇO JURÍDICO
Fonte: elaborado pelos autores (2020)
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
No Brasil, a Lei das Estatais (Lei 13.303/2016) estabeleceu a necessidade de
avaliações de desempenho do CA, de seus respectivos membros e de seus comitês. Toda
empresa pública ou sociedade de economia mista é criada por alguma lei, que por sua
vez deve dispor sobre as diretrizes e restrições que vão constar do estatuto da
companhia, especialmente sobre:
“III - avaliação de desempenho, individual e coletiva, de periodicidade anual, dos
administradores e dos membros de comitês, observados os seguintes quesitos mínimos:
a) exposição dos atos de gestão praticados, quanto à licitude e à eficácia da ação
administrativa;
b) contribuição para o resultado do exercício;
c) consecução dos objetivos estabelecidos no plano de negócios e atendimento à
estratégia de longo prazo;”
A lei, portanto, não restringe a avaliação ao papel de monitoramento do CA, mas
inclui a contribuição do órgão para os resultados de curto prazo e para a estratégia de
longo prazo das empresas estatais/sociedades de economia mista.
No âmbito regulatório, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) instituiu em
2017 a instrução 586, que requer a entrega do informe sobre o Código Brasileiro de
Governança Corporativa – Companhias Abertas (Código Brasileiro), para todas as
companhias de capital aberto registradas na categoria A5. O informe funciona no regime
do “pratique ou explique”: as companhias não são obrigadas a adotar as práticas
recomendadas no Código Brasileiro; entretanto devem explicar ao mercado o(s)
motivo(s) de não fazê-lo.
O Código Brasileiro estabelece, como prática recomendada, que a companhia
“deverá implementar um processo anual de avaliação do desempenho do conselho de
administração e de seus comitês, como órgãos colegiados, do presidente do conselho de
administração, dos conselheiros, individualmente considerados, e da secretaria de
governança, caso existente.”6. Se por um lado a Instrução CVM 586 não obriga a
5 De acordo com a Instrução CVM 480/09, “O registro na categoria A autoriza a negociação de quaisquer valores mobiliários do emissor em mercados regulamentados de valores mobiliários”.
6 Código Brasileiro de Governança Corporativa - Companhias Abertas (GT Interagentes, 2016, p. 35)
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
adoção da prática, por outro requer que as companhias abertas (categoria A) reflitam e
expliquem ao mercado o(s) motivo(s) de não implementarem um processo anual de
avaliação do conselho, nos termos da prática recomendada.
Na esfera da autorregulação, três iniciativas merecem destaque em relação à
avaliação de conselhos: i. Programa Destaque em Governança de Estatais, da B3; ii.
Regulamento do Novo Mercado da B3; e iii. Código de Autorregulação em
Governança Corporativa7, da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de
Previdência Complementar (Abrapp), Sindicato Nacional das Entidades Fechadas de
Previdência Complementar (Sindap) e Instituto de Certificação dos Profissionais de
Seguridade Social (ICSS).
No programa de adesão voluntária específico para estatais lançado em 2015 pela
B3, o “Destaque em Governança de Estatais” inclui a necessidade de instituir um
processo de avaliação de “desempenho do Conselho de Administração, de seus
Comitês, da Diretoria e dos membros de cada um dos órgãos8”. Esse processo deve
constar no formulário de referência da companhia, incluindo a periodicidade,
procedimentos e critérios adotados de avaliação.
Além disso, a avaliação também se tornou compulsória para as companhias com
ações listadas no Novo Mercado, a partir da reforma do regulamento desse segmento de
listagem, em 2017 – que contempla um cronograma para adequação às novas normas. O
novo regulamento indica que a companhia deve “estruturar e divulgar um processo de
avaliação do conselho de administração, de seus comitês e da diretoria9” até 2020,
informando-o no Formulário de Referência de 2021.
No formulário de referência deve constar também a abrangência da avaliação (se
individual, por órgão ou ambas), os procedimentos (se há participação de outros órgãos
da companhia ou consultores externos) e a metodologia adotada. O regulamento requer
que a avaliação seja realizada ao menos uma vez durante a vigência do mandato da
administração. Não há obrigatoriedade de avaliações individuais pelas companhias
listadas no Novo Mercado.
7 Código de Autorregulação em Governança Corporativa (ABRAPP; SINDAP; ICSS, 2019)
8 Regimento do Programa Destaque em Governança de Estatais (B3, 2017a)
9 Regulamento do Novo Mercado (B3, 2017b)
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Ainda na esfera da autorregulação, vale destacar o Código de Autorregulação em
Governança Corporativa, lançado em 2019 pela Abrapp, Sindap e ICSS. Dirigido às
entidades fechadas de previdência complementar (EFPC), o código foca na capacitação
profissional dos conselheiros das EFPC ao estabelecer a “avaliação de necessidades de
capacitação por meio da identificação das lacunas de competências (conhecimento,
habilidades e atitudes) para o exercício das atribuições atuais ou futuras dos
conselheiros, dirigentes e empregados”. 10
Box: Avaliação do Conselho de Administração no Código de Melhores Práticas de
Governança Corporativa (IBGC)
Além das iniciativas de legislação, regulação e autorregulação, há outras iniciativas como
códigos de melhores práticas – é este o caso do Código de Melhores Práticas de
Governança Corporativa do IBGC (Código). Desde a primeira edição, em 1999, o
documento recomenda a avaliação do conselho de administração e de seus membros,
individualmente. Posteriormente, o Código agregou a avaliação de comitês de
assessoramento e da secretaria de governança (caso exista). É considerada boa prática
também divulgar informações sobre o processo de avaliação e os principais pontos de
melhoria, assim como os planos de ação.
Vale lembrar que a exigência de avaliação dos conselhos de administração
também é realidade em vários outros países, e que companhias brasileiras com ações
listadas nas bolsas americanas devem obedecem às regras locais11. A bolsa de Nova
York (NYSE) exige que o CA faça uma avaliação anual do colegiado. Já na NASDAQ
não há obrigatoriedade da avaliação, mas as companhias listadas costumam fazê-la por
entenderem que é a melhor prática.
Há ainda os Princípios de Governança Corporativa da OCDE/G20, de 2015, que
prevê que os CAs conduzam avaliações de forma regular para avaliar seu desempenho e
verificar se possuem a composição correta em termos de competências e experiências12.
10 Código de Autorregulação em Governança Corporativa (ABRAPP; SINDAP; ICSS, 2019, p. 18).
11 Publicação da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre avaliação de conselhos de administração concluiu que há uma tendência lenta, mas constante, de as avaliações se tornarem norma na maioria dos países analisados. OECD (2018), Board Evaluation: Overview of International Practices
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Em suma, nota-se que o contexto atual enfatiza a prática de avaliação de
conselhos, estimulando a sua adoção mesmo por organizações desobrigadas pelo
aparato regulatório. Vale ressaltar a importância de as organizações evoluírem para
além do cumprimento das normas, buscando construir uma cultura de melhoria contínua
em todos os níveis – o que pressupõe o exercício sistemático de avaliação, em face dos
benefícios proporcionados pelo processo.
12 “4. Boards should regularly carry out evaluations to appraise their performance and assess whether they
possess the right mix of background and competences.”
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
CAPÍTULO 2 – A AVALIAÇÃO NA PRÁTICA
Quando uma organização se propõe a avaliar o seu conselho de administração,
surgem várias questões: o que deve ser avaliado em relação ao CA? Quem dentro do
CA avaliará e quem será avaliado? Sob quais dimensões ou aspectos serão conduzidas
as avaliações? Por meio de quais métodos? Com qual periodicidade? Quem vai liderar o
processo? Quem vai executar o processo? Como e para quem será a comunicação dos
resultados da avaliação e que ações serão tomadas a partir deles? Esse capítulo se
propõe a responder a essas perguntas, abordando as diferentes possibilidades à luz das
boas práticas de governança corporativa.
Vale lembrar que diferentes jurisdições estabelecem diferentes regras para a
avaliação dos conselhos e comitês de apoio. Respeitadas as determinações legais e
sempre levando em conta o aprimoramento da governança da organização, o próprio
colegiado tem autonomia para definir como será avaliado. A avaliação deve levar em
conta aspectos quantitativos e qualitativos, como veremos a seguir.
2.1 Escopo – Quem deve ser Avaliado?
O alcance da avaliação do conselho de administração pode variar bastante. Uma
questão importante que se coloca é sobre quem deve ser avaliado. O órgão colegiado?
Os conselheiros, individualmente? O PCA? Os comitês de assessoramento? A secretaria
de governança? Ou ainda todos esses órgãos ou agentes?
A resposta depende dos objetivos da organização, do seu estágio de maturidade
com relação à governança corporativa e à maturidade do próprio CA. Os estágios de
maturidade serão melhor descritos no item 2.6. Por enquanto, é necessário ter em mente
que o objetivo final é chegar à avaliação de todos esses órgãos e agentes, já que eles
estão em constante interação, são interdependentes e devem almejar os mesmos
objetivos: a sustentabilidade e a geração de valor no longo prazo para a organização e
para as respectivas partes interessadas.
A avaliação do conselho leva em conta se ele está cumprindo o seu papel e
estabelece um diagnóstico sobre a efetividade do colegiado, seja no cumprimento pleno
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
das suas responsabilidades como parte da estrutura de governança da empresa, seja
quanto ao valor que a sua atuação agrega ao negócio.
Os comitês de assessoramento ao conselho podem ser compostos por membros
do colegiado e/ou especialistas externos em temas de interesse, e são muito importantes
para aprofundar questões específicas. Importante que, conforme orienta o Código das
Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, o coordenador do comitê seja
também um membro do CA13. Os comitês devem analisar e facilitar o acesso a
informações aos conselheiros, oferecendo mais profundidade técnica e consistência às
discussões sobre diversos temas (pessoas, compliance e risco, inovação, governança,
etc). O suporte técnico oriundo dos comitês deve contribuir para a tomada de decisões
embasadas e qualificadas por parte dos conselheiros e do colegiado. Mas será que os
comitês estão de fato apoiando o CA de forma efetiva? Dado a relevância dos comitês
para o conselho de administração, percebe-se que também é importante avaliá-los.
Outros agentes que desempenham papel importante (ainda que com pesos
diferentes) e que também entram no escopo de uma avaliação ampla são o presidente
do conselho de administração e o secretário de governança, ou governance officer (GO),
responsável pela secretaria de governança. O PCA é chave para a gestão dos membros e
também para a orquestração, condução e direcionamento do colegiado. Ele deve definir
pautas e prioridades, conduzir as reuniões, encaminhar questões estratégicas e
manter o ambiente de respeito, participação e colaboração no colegiado. Além
disso, ele tem um papel importante de interlocução e interação com o chief executive
officer (CEO), presidente executivo ou diretor geral da organização, funcionando como
um elo que permite que o colegiado supervisione a diretoria, mas sem interferir no dia a
dia das operações.
Já o secretário de governança é responsável por apoiar todas as atividades
relacionadas ao bom funcionamento do sistema de governança da organização. Exerce
uma função complexa e de significativa responsabilidade, variando o seu escopo de
atuação de acordo com o estágio de governança de cada organização. De forma
simplificada, exerce várias atribuições de caráter tanto operacional como estratégico,
mediador e conciliatório, todas relacionadas ao desenvolvimento do sistema de
governança do qual faz parte.
13 Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, p. 59.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
O Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC
recomenda uma avaliação ampla: do conselho, dos comitês, dos conselheiros
(individualmente), do responsável pela secretaria de governança e do PCA. Deve-se,
entretanto, considerar e respeitar o processo de evolução de cada organização. A
avaliação de todos os órgãos e agentes de governança corporativa costuma ocorrer em
organizações que já estão num estágio mais avançado ou que já vivenciaram
experiências anteriores. Cada uma deve levar em conta o próprio grau de maturidade ao
desenhar o escopo e a complexidade da avaliação.
Durante o amadurecimento do processo de avaliação, é comum que as empresas
comecem realizando o processo com o órgão colegiado, destacando também a
avaliação do presidente do conselho de administração. Nesse primeiro momento,
portanto, tanto o colegiado quanto o PCA são avaliados (o foco da avaliação do PCA é a
sua colaboração para o órgão, a sua competência em conduzir as reuniões, estimulando
e controlando a participação, o incentivo ao debate e o cumprimento da pauta). Tendo
em vista o papel de liderança do PCA, recomenda-se que o mesmo faça a sua
autoavaliação, bem como recebe a avaliação dos demais conselheiros, sistematicamente
Posteriormente, o processo pode evoluir para avaliações individuais dos
membros, avaliações dos comitês e do secretário de governança (se houver). É
importante que a organização caminhe para a avaliação de todos os participantes.
Isso inclui também as avaliações individuais de conselheiros acionistas. Em
muitas organizações nas quais o processo ainda não está amadurecido, os conselheiros
acionistas frequentemente não são avaliados nos primeiros ciclos. Vale lembrar que é
boa prática que todos sejam avaliados, inclusive os acionistas – que nessa circunstância
estariam exercendo a posição de membros do colegiado, a qual implica no exercício de
responsabilidades semelhantes para todos os participantes. Em razão disso, recomenda-
se que todos participem da avaliação individual; caso contrário, ela não deve ser
realizada.
Vale lembrar, conforme abordado no capítulo 1, que o escopo das avaliações
também é determinado por normas aplicáveis a alguns tipos de organizações (como
empresas com ações listadas no Novo Mercado, entidades fechadas de previdência
complementar etc.).
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
2.2 Responsabilidades – Quem deve Liderar a Avaliação?
O presidente do conselho de administração é o principal responsável pela
condução do processo de avaliação, assim como pelas devolutivas – sejam referentes ao
desempenho do colegiado, dos comitês e/ou de seus participantes. Cabe a ele, em
alinhamento com os acionistas, decidir e liderar a realização do processo de avaliação,
assim como orientar sobre o melhor momento para ocorrer, com qual escopo e
metodologia. Em vista disso, a responsabilidade de conduzir a avaliação de maneira
construtiva e transparente não pode ser delegada.
O processo de avaliação de conselhos/comitês e dos respectivos membros é
antes de tudo um “processo do presidente”. Ao liderar o processo de avaliação, ele deve
mitigar resistências, engajar os participantes, comunicar a importância e os benefícios
da avaliação, ressaltar a necessidade de respostas claras e honestas, que possam
realmente levantar os pontos importantes, e contribuir para a melhoria. Ele é também é
o principal responsável para que prevaleça uma atmosfera construtiva, de agenda
positiva, mediando conflitos e evitando que esses prejudiquem o grupo como um todo.
No entanto, isso não significa que ele conduz o processo sozinho, mas que o
lidera. Ele pode contar com o auxílio do secretário de governança, do comitê de
pessoas, da diretoria de recursos humanos e, eventualmente, de uma consultoria externa.
O profissional responsável pela secretaria de governança, quando existente, apoia todo
o processo de avaliação. Nas fases iniciais, ele apoia o PCA no planejamento e na
execução (quando executado internamente), por meio do auxílio à escolha da
metodologia, a eventual contratação de consultores e a sensibilização dos membros do
colegiado sobre a importância da avaliação, engajando-os a participar. Além disso,
a secretaria de governança operacionaliza, presta suporte e acompanhamento nas etapas
da avaliação, e apoia a construção dos planos individuais e coletivos que resultam do
processo, bem como a implementação. Cabe ao PCA participar ativamente das
devolutivas individuais e coletivas do processo.
2.3 Dimensões – O que deve ser Avaliado?
Como já dito anteriormente, a realização de um amplo e evolutivo processo de
avaliação é desejável. Essa avaliação pode ser feita sob duas perspectivas: coletiva e
individual.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
O propósito de examinar a atuação individual do conselheiro é verificar se
está conseguindo contribuir efetivamente para o melhor desempenho do conjunto.
Contribuição aqui abrange não só os conhecimentos técnicos do conselheiro, mas
também o seu empenho, pontualidade, conduta, frequência às reuniões, habilidade para
se comunicar com os demais, de trabalhar em equipe, de atuar com independência, de
ser participativo e tomar iniciativas.
Já a avaliação do colegiado é importante pela dinâmica própria de
funcionamento do órgão: mesmo que, individualmente, os conselheiros e participantes
dos comitês sejam capacitados e engajados para exercerem suas funções, coletivamente
eles podem não funcionar de maneira efetiva. Fatores como a falta de diversidade de
perspectivas e competências, a ausência de uma cultura construtiva e a dificuldade de se
trabalhar em equipe podem atrapalhar a dinâmica de funcionamento do colegiado.
Abaixo, seguem os pontos que devem ser avaliados sob cada uma dessas óticas:
a coletiva (do colegiado) e a individual (do conselheiro).
2.3.1 Avaliação do Colegiado
Quando se fala de avaliação do conselho, o que efetivamente deve ser levado em
conta e analisado? O primeiro ponto a considerar é que só faz sentido avaliar o que está
dentro das responsabilidades do próprio órgão – afinal, para averiguar se ele está
cumprindo o seu papel e de fato gerando valor à organização, é necessário se voltar para
as suas funções essenciais. Um bom ponto de partida é a consulta às leis,
regulamentações e políticas internas que versam sobre as funções e responsabilidades,
estrutura e o funcionamento do conselho (estabelecendo critérios para indicação dos
membros, frequência e sistemática das reuniões, etc.).
A efetividade do CA pode ser avaliada sob cinco dimensões – que serão
detalhadas nas próximas seções:
i. Composição e dinâmica
ii. Pessoas e cultura
iii. Estrutura e processos
iv. Estratégia e negócios
v. Compliance e riscos
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
2.3.1.1 Composição e dinâmica
Como os conselhos e os comitês são grupos de pessoas, a formação desses
grupos e a maneira pela qual seus componentes interagem são determinantes para o
funcionamento desses órgãos. A dimensão “composição e dinâmica” engloba seis
subitens: número de conselheiros e duração dos mandatos, diversidade, independência
dos membros, interação entre os membros e administração de conflitos, integridade e
ética e processo formal de avaliação do conselho/comitês e planejamento sucessório. O
quadro 4 detalha o que são esses subitens e por que devem ser avaliados:
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Quadro 4. Dimensão Composição e Dinâmica
Sub Item O que é? Por que é importante?Número de conselheiros e duração dos mandatos
. Nº de assentos no órgão colegiado deve oscilar entre cinco e onze.
. O estatuto de cada organização estipula prazo para o mandato do membro.. O nº de membros precisa ser adequado ao porte da empresa, à sua maturidade em termos de governança e ao nível de complexidade de seu mercado. . Os mandatos devem permitir a renovação, evitando que alguns se perpetuem no colegiado, mas levando em conta que o membro precisa ter tempo para conhecer bem a organização. A renovação é salutar ao trazer novas abordagens.
Diversidade . Diversidade no conselho deve ser entendida de forma ampla: envolve o conjunto de diferentes experiências e pontos de vista, oriundos da diversidade de formação e experiência profissional, gênero, idade, origem étnica e mesmo estilos e perfis de conselheiros e conselheiras. . A diversidade é um fator dinâmico, e deve ser analisada em função do contexto, do mercado e do momento da organização.
. A diversidade no conselho está relacionada a um processo decisório estruturado, em que múltiplas e diferentes perspectivas são aplicadas na formulação da estratégia e na resolução de problemas. . A diversidade no conselho "oxigena" a organização, ampliando o leque de habilidades, conhecimentos e experiências disponíveis entre os membros. . Conselhos diversificados tendem a ser complementares: habilidades ou conhecimentos que "faltam" em um conselheiro(a) podem ser encontrados em outro(a) - profissionais com perfil combativo ou conciliador, com forte background internacional ou capacidade de abrir portas e fazer contatos, etc.
. Membros independentes são aqueles que não possuem relações familiares, de negócio, ou de qualquer outro tipo com sócios com participação relevante, grupos controladores, executivos, prestadores de serviços ou outros, possam influenciar, de forma significativa, seus julgamentos, opiniões ou decisões. (IBGC, 2015, p. 45)
. A independência dos membros de colegiados é fundamental para fomentar discussões e processos decisórios em prol da criação de valor no longo prazo para a organização e suas partes relacionadas.
. A independência dos membros do conselho pressupõe autonomia para manifestar concordâncias e discordâncias livremente durante as discussões, bem como a atitude de reconhecer e declarar, de forma transparente, eventuais conflitos de interesses em alguma matéria, abstendo-se de participar da decisão.
Interação entre os membros e administração de conflitos14
. Esse item diz respeito à qualidade das relações entre conselheiros(as). O fator humano é tão relevante para a dinâmica do conselho quanto a qualificação técnica. . A interação de boa qualidade pressupõe reuniões conduzidas de forma organizada e em clima de respeito, com diálogo aberto, participação, engajamento e liberdade para manifestar discordâncias sobre as matérias em pauta.
. A interação entre conselheiros(as) impacta diretamente na dinâmica do colegiado e influencia a qualidade das decisões estratégicas.
. Referem-se ao comportamento ético e à construção de uma cultura de valorização de práticas honestas, responsáveis, transparentes e equitativas.
. Integridade e ética estão imbricadas nos princípios da governança corporativa (prestação de contas, equidade, transparência e responsabilidade corporativa).
. O comportamento ético considera, em todo processo de tomada de decisão, tanto a identidade da organização quanto os impactos das decisões sobre o conjunto de suas partes interessadas.
. As decisões éticas e íntegras levam em conta as partes interessadas e a sociedade, beneficiando a reputação, que contribui para redução de custos de transação e de capital, favorecendo a geração de valor para a organização no longo prazo.
Processo formal de avaliação do conselho/comitês e planejamento sucessório
. Existência de um processo formal de avaliação e planejamento sucessório, aprovado pelo conselho e materializado em documentos da organização, como acordo de acionistas, o estatuto social, o regimento do conselho e política de governança, se existente.
. A existência de um processo formal de avaliação contribui para a efetividade do colegiado e para a maturidade da governança. Os resultados das avaliações podem identificar necessidades de formação específica, ajustar plano de formação continuada, revisar mandatos e/ou sugerir mudanças na composição. . A existência de um planejamento sucessório dos conselheiros, estabelecendo critérios e condições para a renovação do órgão, confere continuidade e estabilidade ao colegiado.
Integridade e ética
COMPOSIÇÃO E DINÂMICA
Independência dos membros
Fonte: elaborado pelos autores (2020)
14 BOX: É importante que a interação entre os membros não seja influenciada pela hierarquia e a participação societária de cada conselheiro. Como órgão colegiado (decisões tomadas em conjunto), todos os participantes devem ser igualmente considerados.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
2.3.1.2 Pessoas e cultura
A cultura organizacional expressa os valores, a identidade e é fundamental para
a perenidade. Nesse sentido, o próprio CA precisa estar alinhado à cultura
organizacional, e empenhado em fortalecê-la, reproduzi-la no desempenho de suas
atividades disseminá-la para toda a organização.
Já a atuação do colegiado deve promover um senso coletivo de pertencimento,
respeito e proatividade na resolução dos problemas e oportunidades estratégicas,
contribuindo para a geração de valor no longo prazo.
Para tal, é importante que a cultura seja voltada à construção de uma atmosfera
propícia ao debate aberto e respeitoso de pontos de vista (inclusive em relação ao
contraditório), à integração e socialização de novos membros e resolução efetiva e
proativa das questões estratégicas.
A gestão de pessoas e do capital humano nas organizações é outro ponto de
atenção na pauta do colegiado, em função do seu papel fundamental na execução da
estratégia. O conselho de administração deve se preocupar com a gestão do capital
humano, tanto em relação às lideranças e colaboradores quanto à gestão de pessoas do
CA em si (planos de sucessão e desenvolvimento dos conselheiros). Temas como
políticas de remuneração, ações de promoção de bem-estar e de desenvolvimento dos
colaboradores precisam ser estudadas para que a organização consiga atrair,
desenvolver e reter talentos aptos a conduzir a estratégia da organização, em ambientes
e contextos cada vez mais competitivos e em disrupção.
Todos esses fatores são apresentados no quadro 5, a seguir.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Quadro 5. Dimensão Pessoas e Cultura
Sub Item O que é? Por que é importante?Ambiente construtivo para o diálogo
. Nível em que a cultura do conselho permite e estimula o diálogo aberto e respeitoso entre membros, com espaço para o contraditório.
. Conselheiros devem possuir bagagens diversas e complementares. Entretanto, a diversidade por si só não é garantia de um processo decisório construtivo, baseado na discordância sadia de opiniões. . Um ambiente construtivo, que estimula o diálogo de forma respeitosa e com espaço para divergências fortalece o processo de tomada de decisões estratégicas.
Integração e socialização dos membros
. Envolve a construção de um ambiente de integração e confiança mútua, especialmente quando novos membros ingressam no conselho.
. A integração e socialização bem-sucedidas reduz o tempo de adaptação de novos membros ao conselho, especialmente no caso de conselheiros externos ou independentes.
Cultura de efetividade e resultado no conselho
. Nível em que a cultura promove a construção ativa e efetiva de solução para as questões estratégicas da organização.
. Uma cultura focada na resolução ativa de temas estratégicos apoia a atuação diligente do colegiado para a organização, contribuindo para a geração de valor no longo prazo. . Deve haver um certo nível de tensão no conselho (nem ausente ou exagerado), que ajude o colegiado a focar nos temas estratégicos e na sua efetiva resolução.
Gestão do capital humano
. Políticas de atração, retenção, incentivos e desenvolvimento de talentos; planejamento de sucessão, entre outros.
. O sucesso na gestão do capital humano atrai e retém os melhores talentos, reduz riscos e gera valor de longo prazo.
CULTURA E PESSOAS
Fonte: elaborado pelos autores (2020)
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
2.3.1.3 Estrutura e processos
O bom funcionamento dos colegiados, em termos práticos e operacionais, é
necessário para que se colham os resultados esperados de uma composição e dinâmica
adequadas, e, ainda, do exercício das funções relacionadas à estratégia, a compliance e
gerenciamento de riscos. A dimensão “estrutura e processos” está relacionada
justamente ao funcionamento, na prática, dos colegiados, ou seja, ela é importante para
que se possa aproveitar bem todos os outros aspectos. Cinco subitens precisam ser
analisados sob essa dimensão: estrutura e funcionamento dos comitês, qualidade e fluxo
das informações, pautas e agendas, secretaria de governança e clareza de
responsabilidades – conforme detalhado no quadro 6.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Quadro 6. Dimensão Estrutura e Processos
Sub Item O que é? Por que é importante?Estrutura e funcionamento dos comitês
. Avaliação sobre o número de comitês de assessoramento e sua adequação às necessidades do conselho, além da avaliação sobre a qualificação técnica de seus membros, a disponibilidades de recursos necessários e a qualidade das reuniões.
. Os comitês de assessoramento prestam auxílio ao conselho, por meio de expertise técnica e conhecimentos específicos e mais profundos sobre diversos temas15.
. O apoio dos comitês contribui significativamente para o bom desempenho do conselho, ao provê-lo com análises e recomendações fundamentadas.
Qualidade e fluxo das informações
. Aspectos operacionais das reuniões de conselho. Deve contemplar questões como: antecedência no recebimento de documentos ou das informações necessárias, profundidade adequada e clareza dos dados recebidos, preparo de cada conselheiro para os encontros e a produção de atas ou outros materiais que permitam o acompanhamento das deliberações.
. Um fluxo de informações de alta qualidade para a adequada compreensão dos temas a serem debatidos e/ou deliberados nas reuniões é fundamental para a produtividade do colegiado. Reuniões de conselhos são eventos esparsos (não ocorrem com frequência), de modo que precisam ser produtivas.
Pautas e agendas . Envolve o estabelecimento das agendas de reuniões, com pautas prioritárias para análise e discussão, assim como o tempo requerido para cada assunto a ser discutido.
. À medida confere maior objetividade e assertividade para os encontros do colegiado. A avaliação deve levar em conta se a frequência de reuniões reflete o momento e a complexidade da organização, e se as pautas contam com o tempo adequado para uma discussão profunda.
Secretaria de governança . A secretaria de governança, quando existente, é responsável por apoiar todas as atividades relacionadas ao bom funcionamento do sistema de governança das organizações.. Suas atribuições variam desde aspectos operacionais até a mediação e conciliação (articulação entre órgãos e agentes de governança) e aspectos estratégicos de governança.
. A secretaria de governança exerce uma função complexa e de significativa responsabilidade, variando o seu escopo de atuação de acordo com o estágio de maturidade do sistema de governança de cada organização. Dado seu papel relevante, precisa ser avaliada.
Clareza de responsabilidades
. A atuação em conselhos e/ou comitês possui diversos graus de responsabilidade (inclusive com implicações jurídicas nas esferas cível e/ou criminal).
. O conhecimento das responsabilidades inerentes à função de conselheiro é um requisito para o bom exercício dessas funções.
ESTRUTURA E PROCESSOS
15 Fonte: elaborado pelos autores (2020)
15 Para maiores informações, verificar páginas 57 a 60 do Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa 5ª Edição (IBGC)
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
2.3.1.4. Estratégia e negócios
A dimensão “estratégia e negócios” está relacionada a uma das mais relevantes
funções do CA: decidir sobre o direcionamento estratégico da organização.16 A
estratégia é aqui entendida como os objetivos de longo prazo da organização e os modos
pelos quais ela pretende atingi-los, o que implica no estabelecimento de linhas de ação e
na dotação de recursos para tornar essas metas possíveis de serem alcançadas.
Seis subitens merecem ser avaliados sob essa dimensão: conhecimento e
capacidade do colegiado de discutir temas estratégicos; alinhamento estratégico;
monitoramento da execução do plano estratégico e apoio ao time executivo; capacidade
de refletir sobre inovação e transformação digital; Aspectos ambientais, sociais e de
governança (ASG); e inteligência de mercado. O quadro 7 detalha o que são e por que
precisam ser avaliados.
16 De acordo com o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC (2015, p. 39), o conselho de administração é o: “órgão colegiado encarregado do processo de decisão de uma organização em relação ao seu direcionamento estratégico”
Segundo Fama e Jensen (1983), o processo da estratégia pode ser segmentado em 4 fases: i) iniciação – geração de propostas para utilização de recursos e estruturação de contratos; ii) ratificação – escolhas das decisões/iniciativas estratégicas a serem implementadas; iii) implementação – execução das decisões ratificadas; e iv) monitoramento: mensuração do desempenho e implementação de recompensas. Enquanto as etapas 1 e 3 (proposta e execução) são de responsabilidade da gestão, as etapas 2 e 4 (ratificação e monitoramento) são de responsabilidade do conselho de administração. Separation of Ownership and Control (Fama & Jensen, 1983)
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165
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Quadro 7. Dimensão Estratégia e Negócios
Sub Item O que é? Por que é importante?Conhecimento e capacidade do colegiado de discutir temas estratégicos
. Avaliação sobre a capacidade do conselho de pensar e planejar estrategicamente, direcionando a organização para o cumprimento de sua missão e visão.
. Uma das principais tarefas do conselho é o direcionamento estratégico - apontado o caminho a ser seguido, em função da leitura do contexto interno e externo da organização.. É importante que o conselho seja ativo e prospectivo, guiando com experiência, visão de mundo e de mercado o estabelecimento das estratégias organizacionais.
Alinhamento estratégico . Grau em que o direcionamento estratégico é claro, compreendido e assimilado por todos os conselheiros.
. Uma vez definida, a estratégia precisa ser a voz do conselho: é importante que todos os membros estejam alinhados em relação ao caminho a ser seguido.. Caso contrário, eventuais divergências internas podem atuar como resistências, prejudicando a sua execução (pela gestão) e monitoramento (pelo próprio conselho). A percepção de ruídos pode também impactar a confiança de investidores e demais partes relacionadas.
Monitoramento da execução do plano estratégico e apoio ao time executivo
. Avaliação sobre a capacidade do conselho de monitorar e apoiar a execução do plano estratégico da organização, o que envolve a interação com a equipe executiva para ampliar perspectivas e redirecionar ações, quando necessário.
. A execução da estratégia é tão importante quanto o seu planejamento: diversos fatores, internos e externos, podem influenciar a capacidade da equipe executiva de colocar em prática o planejamento definido pelo conselho.. Nesse sentido, é fundamental o papel do conselho de acompanhar e monitorar a execução da estratégia, apoiando a gestão para superar os desafios.
Capacidade de refletir sobre inovação
. Avaliação sobre a capacidade do conselho de monitorar o ambiente de negócios e se antecipar à possíveis ameaças disruptivas - em especial as relacionadas à inovação.
. A capacidade disruptiva da tecnologia e inovação pode tornar obsoletas organizações até pouco tempo estáveis; o conselho precisa estar atento às mudanças no ambiente de negócios, orientando a organização de forma proativa.
Aspectos ambientais, sociais e de governança (ASG)
. Processo de identificação, priorização e análise de aspectos ASG, que visa avaliar a capacidade da empresa de identificar os fatores de geração de valor a longo prazo e, principalmente, de entender o seu vínculo com o negócio, a geração de valor e com as partes interessadas.
. A incorporação desses fatores influencia positivamente o desempenho financeiro, reputacional, a gestão de riscos e a geração sustentável de valor de longo prazo das organizações.. A organização deve desenvolver uma matriz de materialidade, importante para identificar e priorizar os aspectos ASG vinculados ao negócio, essenciais tanto nas decisões estratégicas quanto nos processos de gestão, operação e comunicação.
Inteligência de mercado . Capacidade do conselho de analisar e interpretar consistentemente pesquisas, dados e informações relevantes para o processo decisório estratégico.
. A utilização de ferramentas modernas de inteligência de mercado contribui para minimizar os riscos inerentes à tomada de decisão, melhorando o processo decisório.. A capacidade do conselho de analisar e interpretar informações tempestivas e relevantes pode ser importante vantagem competitiva no alcance dos objetivos organizacionais.
ESTRATÉGIA E NEGÓCIOS
Fonte: elaborado pelos autores (2020)
33
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
2.3.1.5 Compliance e riscos17
As funções relacionadas ao sistema de compliance, gerenciamento de riscos e ao
comitê de auditoria impactam diretamente a sustentabilidade das organizações. O CA
precisa atuar como guardião da conformidade e da governança corporativa – e por isso,
a sua atuação no que diz respeito aos três itens precisa ser avaliada. A dimensão
“compliance e riscos” engloba quatro subitens: processo formal de monitoramento de
riscos corporativos, monitoramento de itens relacionados ao sistema de compliance,
avaliação do comitê de auditoria e aderência às práticas de governança corporativa. O
quadro 8 apresenta os subitens e sua importância na avaliação.
17 “O sistema de compliance deve ser entendido como um conjunto de processos interdependentes que contribuem para a efetividade do sistema de governança e que permeiam a organização, norteando as iniciativas e as ações dos agentes de governança no desempenho de suas funções” – fonte: Compliance à luz da governança corporativa – IBGC, 2017.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Quadro 8. Dimensão Compliance e Riscos
Sub Item O que é? Por que é importante?Processo formal de monitoramento de riscos corporativos
. Identificação de um processo formal de acompanhamento, liderado pelo conselho, que monitora e discute regularmente com a diretoria sobre a gestão dos riscos corporativos (operacionais, regulatórios, cibernéticos etc.).
. O monitoramento dos riscos corporativos permite à organização avaliar e revisar a exposição e apetitie ao risco, impactando nos resultados e longevidade da organização.
Monitoramento de itens relacionados ao sistema de compliance
. Compliance é aqui entendido em sentido amplo: busca permanente de coerência entre aquilo que se espera de uma organização – respeito a regras, propósito, valores e princípios que constituem sua identidade – e o que ela de fato prática no dia a dia. (IBGC, 2017). Engloba, portanto, atividades relacionadas a controles internos e políticas da organização.
. O sistema de compliance está relacionado à ética e aos princípios de governança. O alinhamento entre o comportamento ético (esperado) de uma organização e a sua prática diária promove transparência, confiabilidade e segurança às partes interessadas.. É papel do conselho promover o alinhamento entre decisões e práticas da organização, frente aos seus princípios e valores.. Além de monitorar a eficiência e efetividade dos controles internos, o conselho deve zelar pelo cumprimento das políticas (transações entre partes relacionadas, o código de conduta etc.) e o funcionamento do seu canal de denúncias.
Avaliação do comitê de auditoria
. Órgão relevante de assessoramento ao conselho, o comitê de auditoria deve ser avaliado em função da qualidade e controle sobre demonstrações financeiras e controles internos.
. O trabalho do comitê de auditoria impacta na confiabilidade e integridade das informações, na proteção da organização e de todas as partes interessadas.. A avaliação do comitê de auditoria pode identificar eventuais melhorias na sua tarefa de apoio ao conselho.. Pode também ser importante para entrar em contato com riscos levantados nos demais comitês da organização, que foram objeto de discussão pelo comitê de auditoria.
Aderência às práticas de Governança Corporativa
. Trata-se da avaliação sobre o grau em que as ações e decisões organizacionais refletem de fato os princípios, fundamentos e melhores práticas de governança corporativa.
. O conselho de administração “exerce o papel de guardião dos princípios, valores, objeto social e sistema de governança da organização, sendo seu principal componente.” (IBGC, 2015).. Como tal, o desempenho do órgão em relação à governança precisa ser avaliado, em especial se o conselho promove os princípios e melhores práticas de governança corporativa.
COMPLIANCE E RISCOS
Fonte: elaborado pelos autores (2020)
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647648
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
BOX: “O gerenciamento de riscos corporativos é um processo conduzido em uma
organização pelo conselho de administração, diretoria e demais empregados, aplicado no
estabelecimento de estratégias, formuladas para identificar em toda a organização eventos
em potencial, capazes de afetá-la, e administrar os riscos de modo a mantê-los compatível
com o apetite a risco da organização e possibilitar garantia razoável do cumprimento dos
seus objetivos.” (COSO, 2004, p.2 Tradução Livre)
2.3.2 Avaliação Individual dos Membros
Como visto anteriormente, o ideal é que a organização avalie tanto o
funcionamento dos colegiados quanto os seus participantes, individualmente.
Considerando que o desempenho do colegiado deriva também da performance de seus
membros, o aprimoramento destes contribui para a sua efetividade como um todo.
A avaliação individual é uma ferramenta que identifica os pontos fortes e os
aspectos a serem melhorados em cada participante. Geralmente, ela costuma ser levada
a cabo quando a organização já realizou avaliações do colegiado e há compreensão de
que a utilização dessa ferramenta está orientada para o aprimoramento dos colegiados e
dos seus participantes. É fundamental que seja criada uma agenda positiva para
essa avaliação e que a confidencialidade seja garantida.
Na avaliação individual podem ser abordadas três grandes dimensões: adequação
do perfil; consciência, disponibilidade e aderência; competências e comportamentos.
Cada uma dessas dimensões, por sua vez, tem aspectos específicos. Essas dimensões
são explicadas a seguir:
2.3.2.1 Adequação do perfil
Envolve a análise do perfil de cada conselheiro. A partir de todos os resultados
individuais, verifica-se se eles atendem às necessidades do colegiado naquele momento.
Nessa dimensão, quatro subitens devem ser analisados: formação e experiência
profissional, conhecimento de governança corporativa, comportamentos/atitudes e
educação continuada/autodesenvolvimento. Confira, no quadro 9, no que consistem e os
motivos para avaliá-los:
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Quadro 9. Dimensão Adequação do Perfil
Subitem O que é? Por que é importante?
Assiduidade e pontualidade
. Dizem respeito à pontualidade do conselheiro e sua frequência às reuniões.
. Assiduidade e pontualidade são aspectos visíveis do comportamento do conselheiro, e indicam seu engajamento e comprometimento com o colegiado e com a organização.
Autodesenvolvimento e educação continuada
. A busca pelo autodesenvolvimento e a educação continuada propiciam o aprofundamento de conhecimentos e a atualização sobre as tendências sociais e do mundo dos negócios, que impactam as organizações.
. A constante atualização e a busca por mais conhecimentos permitem que os participantes tragam novas visões e perspectivas para os colegiados, enriquecendo os processos decisórios.
ADEQUAÇÃO DO PERFIL
Formação e experiência profissional
. A formação técnica e a experiência dos membros dos colegiados fazem parte da bagagem de conhecimentos que cada um agrega à organização.
. É necessário averiguar se o membro do colegiado tem condições, em termos técnicos e de formação, de fazer frente às suas responsabilidades e de atender às demandas da organização.
Conhecimento de governança corporativa
. A atuação dos membros de colegiados deve ser baseada no conhecimento dos princípios e das melhores práticas de governança e na consciência sobre sua importância.
. O conhecimento sobre governança permite que o membro do colegiado oriente a organização para o aprimoramento de suas práticas, visando à sustentabilidade do negócio.
Fonte: elaborado pelos autores (2020)
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673674
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
2.3.2.2. Consciência, disponibilidade e aderência
A capacitação técnica, os conhecimentos e a atualização do conselheiro são
fatores que contribuem para uma boa atuação no colegiado, mas podem não ser
suficientes: é necessário avaliar também a preparação do conselheiro para as reuniões, a
sua efetiva participação e a sua ciência acerca de suas atribuições. Nessa dimensão, três
aspectos podem ser avaliados: consciência sobre impactos, disponibilidade e tempo
dedicado para o preparo para as reuniões e aderência e contribuição às pautas –
conforme o quadro 10.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Quadro 10. Dimensão Consciência, Disponibilidade e Aderência
Subitem O que é? Por que é importante?Consciência sobre impactos
. Trata-se da consciência que cada participante precisa ter sobre a importância de sua atuação (por meio de seus conhecimentos, sua postura e empenho) e do impacto positivo ou negativo que ela pode gerar.
. Quando o membro do colegiado não compreende que deve aportar seus conhecimentos e habilidades para gerar valor e tomar decisões em prol de todas as partes interessadas, ele deixa de contribuir para o órgão.
Disponibilidade de tempo dedicado para o preparo das reuniões
. Participantes empenhados devem ser diligentes e dedicar tempo e energia para se aprofundar sobre essas matérias em pauta nas reuniões. Eles chegam aos encontros com os principais aspectos compreendidos e questões previamente levantadas.
. O preparo prévio resulta em reuniões mais produtivas e discussões mais profundas - melhorando a qualidade dos processos decisórios.
CONSCIÊNCIA, DISPONIBILIDADE E ADERÊNCIA
Aderência e contribuição às pautas
. A aderência às pautas indica que os assuntos que estão na ordem do dia serão discutidos e as decisões pertinentes serão tomadas. Já a contribuição pressupõe a participação nas
. A divagação e a fuga dos temas e tópicos previstos para cada reunião fragilizam ou impossibilitam a tomada de decisões. Estas, por sua vez, ficam empobrecidas quando não há ampla discussão e participação dos membros.
Fonte: elaborado pelos autores (2020)
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684685
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
2.3.2.3 Competências e comportamentos
Fundamentais para o bom funcionamento do conselho de administração, o
comportamento e as habilidades emocionais do conselheiro são fatores que não podem
estar ausentes em avaliações individuais. O CA é um ambiente colegiado em que
prevalecem relações horizontais: não deve haver hierarquia entre os pares, mesmo em
relação ao PCA (cuja atuação deve ser mais como um líder ou “maestro” do que como
um superior). Essa peculiaridade faz com que as competências e comportamentos do
conselheiro – a sua capacidade de aprender a aprender e de se adaptar, de saber
ouvir, comunicar-se e influenciar na construção coletiva de soluções – sejam tão
relevantes para a sua atuação.
A disposição para colaborar, a independência e o interesse devem também ser
levados em conta nas avaliações individuais. Em conjunto, cinco subitens compõem
essa dimensão: independência de posicionamentos, capacidade de gerenciar conflitos de
forma positiva, habilidades comportamentais e emocionais, demonstração de interesse
genuíno pelo negócio e contribuição para a efetividade do conselho/comitês. Esses
subitens podem ser verificados no quadro 11.
40
195196
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Quadro 11. Dimensão Competências e Comportamentos
Subitem O que é? Por que é importante?Independência de posicionamentos
. A independência envolve aspectos sutis como a autonomia para formar a própria opinião sobre um assunto, a capacidade de sustentar pontos de vista divergentes e a atuação desprovida de conflito de interesses.
. Colegiados que contam com conselheiros independentes (desse ponto de vista sutil) abrem-se para pontos de vista divergentes, o que fomenta as discussões e propicia um processo decisório mais robusto.
Capacidade de gerenciar conflitos
. A capacidade de gerenciar conflitos pressupõe que o participante consegue lidar de forma positiva com opiniões divergentes, ou seja, que aceita diferentes pontos de vista e questiona argumentos em vez de pessoas.
. A incapacidade para lidar com divergências, por parte de um ou mais membros, pode produzir um ambiente hostil no colegiado, no qual as disputas entre pessoas se sobrepõem à preocupação com a tomada de decisões no melhor interesse da organização. . Os conflitos que naturalmente ocorrem na dinâmica do conselho, quando direcionados às pessoas (e não ao problema estratégico em questão), prejudicam a capacidade de se tomar boas decisões.
Habilidades comportamentais e emocionais
. O trabalho em grupo requer competências emocionais como a disposição para se manifestar, a capacidade de escuta e respeito à opinião dos outros. Não deve haver hierarquia nos colegiados: todos estão no mesmo patamar e cada um contribui com a própria expertise , visão de mundo, de negócios e perfil.
. As competências emocionais influenciam o processo de tomada de decisões. Os fóruns de discussão precisam contar com a participação de todos para que o processo decisório seja abrangente, transparente, coerente e representativo.
Demonstração de interesse pelo negócio
. A demonstração de interesse pelo negócio é o esforço que o participante faz para entendê-lo a fundo, além da boa vontade de contribuir para a melhora. . O tempo dedicado aos trabalhos e a disponibilidade para atender a demandas imprevistas são indicadores do comprometimento.
. O engajamento do participante impacta diretamente na qualidade do seu empenho e contribuição para o órgão colegiado.
Contribuição para a efetividade do conselho /comitês
. Conselho efetivo é aquele com capacidade de gerar valor, de maneira colegiada, para a empresa. A efetividade de um colegiado também deriva das atuações individuais de cada um dos seus membros – a contribuição destes, isoladamente, também precisa ser levada em conta para que o conselho agregue valor.
. Os colegiados são grupos de pessoas - para que funcionem do melhor modo possível, é necessário que cada participante contribua e cumpra com suas responsabilidades. Membros com desempenho aquém do esperado demandam planos de ação e desenvolvimento.
COMPETÊNCIAS E COMPORTAMENTOS
Fonte: elaborado pelo autores (2020)
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
2.4 Modelos – Como Avaliar?
A partir da definição do escopo da avaliação (se individual ou coletiva), a
questão passa a ser qual modelos e ferramentas utilizar para conduzir o processo.
Entende-se que são cinco as principais metodologias empregadas, que variam de acordo
com o escopo delimitado. Confira a seguir as principais características de cada uma
delas e, ao final do capítulo, as ferramentas mais usuais:
A. Avaliação pelo presidente
Trata-se do modelo mais usual: nele, o presidente do conselho avalia o
desempenho do colegiado e, quando o escopo inclui a versão individual, também avalia
os membros. Esse tipo de avaliação é considerada operacionalmente mais simples,
porém com a desvantagem de não incorporar outras percepções e opiniões além
daquelas do presidente. Recomenda-se que, mesmo optando por esse formato básico, o
PCA compartilhe sua avaliação com o colegiado.
B. Avaliação individual realizada pelos membros
Nesse modelo, cada membro do colegiado se debruça sobre a atuação do
conselho ou comitê. A vantagem em relação ao formato anterior (avaliação pelo PCA) é
que ela incorpora mais pontos de vista sobre a atuação do colegiado.
Recomenda-se que o presidente do conselho elabore e discuta com o colegiado
um roteiro com as principais questões da avaliação, que deve ser distribuído a todos os
conselheiros. As respostas devem ser escritas e entregues ao presidente, para
posteriormente serem consolidadas e apresentadas ao colegiado.
C. Autoavaliação
Como o nome sugere, o conselheiro ou membro do comitê reflete sobre a sua
própria atuação. Esse modelo costuma ser usado por organizações que ainda estão
começando seus processos de avaliação.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
A principal vantagem é a redução das resistências, já que cabe ao próprio
participante refletir e avaliar a sua atuação. Por outro lado, os vieses de cada membro
são uma grande desvantagem: a avaliação pode não corresponder à realidade, devido à
percepção que geralmente cada um tem sobre si mesmo, à tendência de subvalorizar ou
sobrevalorizar o próprio desempenho e contribuição.
D. Avaliação realizada pelos pares
Nesse tipo de avaliação, um participante de colegiado avalia o seu colega. Esse
tipo de avaliação costuma ser menos usual, pois pressupõe que a organização já tenha
levado a cabo outras avaliações anteriormente, e é recomendada para colegiados mais
maduros. É uma boa prática caminhar para a avaliação pelos pares, já que ela propicia
uma visão mais ampla da atuação de cada indivíduo, incorporando muitos pontos de
vista. Para que seja bem conduzida, é necessário garantir confidencialidade das
informações: os participantes não devem saber a opinião dos pares.
Esse modelo comporta várias possibilidades: é possível que todos os membros
avaliem a todos, que todos avaliem alguns participantes ou, ainda, que alguns
participantes avaliem um grupo restrito ou todos os colegas.
E. Avaliação pelas partes interessadas (acionista/investidor, C-level etc.)
Nesse modelo, também recomendado para organizações/conselhos mais
maduros, o próprio colegiado é avaliado pelas partes interessadas – que podem incluir o
quadro executivo (especialmente o CEO), os acionistas principais (investidores) ou,
eventualmente, outro stakeholder de relevância para a organização.
Trata-se de um modelo de avaliação ainda recente, e sua vantagem principal é a
riqueza de informações, posto que considera a perspectiva de diferentes atores que
interagem com o colegiado e com a organização, e que impactam ou são impactados
pela sua atuação.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Box: Principais ferramentas adotadas nos modelos de avaliação
Questionários: técnica de coleta de dados composta por questões abertas, semi-
abertas (lista de alternativas pré-selecionadas, com a opção “outros”) ou fechadas
(alternativas pré-selecionadas), tanto no formato “físico” quanto virtual
(questionário online). Nos formatos semi-aberto ou fechado, é comum o emprego
de escalas de mensuração – que são bastante flexíveis, permitindo ampla
possibilidade de mensuração (percepções e crenças, conhecimento, sentimentos,
etc). O tipo mais difundido é a escala Likert, que mede o grau de concordância
(em geral com cinco pontos) sobre determinado item ou afirmação.
Entrevistas individuais: empregadas na avaliação do colegiado e na avaliação
individual, as entrevistas são valiosas técnicas de coleta de dados que podem ser
aplicadas no formato aberto (sem um roteiro definido), semi-estruturado ou
estruturado (roteiro definido a priori). Sua principal vantagem é o
aprofundamento dos temas sob análise, pois possibilitam que o conselheiro se
expresse livremente, alcançando aspectos muito importantes de sua subjetividade.
Observação de reuniões: possibilitam a “captação” dos aspectos visíveis do
comportamento e das atitudes dos conselheiros, sendo uma poderosa forma para
validação dos aspectos capturados nos questionários ou entrevistas.
É importante ressaltar que as três ferramentas não são excludentes, muito pelo contrário:
recomenda-se que sejam empregadas em conjunto e independente do modelo de
avaliação.
2.4.1 O Apoio de Consultoria Externa
Em conjunto com qualquer das metodologias de avaliação, consultorias externas
podem ser convidados para auxiliar na avaliação da atuação dos colegiados e/ou de seus
membros, tanto no apoio a parte do processo quanto à realização de toda a avaliação. As
consultorias oferecem vantagens no aprofundamento do processo de avaliação, por meio
da visão de que dispõem sobre as realidades de outras organizações, da isenção e
imparcialidade na análise. Adicionalmente, podem contribuir para a sistematização dos
resultados, na preparação de planos de ação e nas devolutivas das avaliações do
colegiado e individuais.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Box: Protocolos para o trabalho dos consultores externos nas avaliações
i. O presidente do conselho lidera o processo de avaliação. Com o apoio do colegiado, ele
define a metodologia a ser empregada, observadas as exigências da regulamentação
específica (vide 1.3), e também define o escopo do trabalho: se a avaliação contemplará
somente o colegiado, se os membros (individualmente) ou os comitês também serão
avaliados. Recomenda-se, mesmo quando a avaliação é realizada sem o apoio externo,
que o PCA apresente previamente o plano de trabalho da avaliação para o melhor
engajamento e comprometimento de todos os envolvidos.
ii. O consultor deve ser apresentado pelo PCA ao colegiado, para fornecer as explicações
e informações pertinentes.
iii. Encerrada a avaliação, o trabalho deve ser apresentado, em primeiro lugar, ao PCA,
que por sua vez decidirá sobre a apresentação ao colegiado e em que formato.
iv. O consultor deve estimular o presidente do conselho a elaborar uma plano de melhoria
a ser apresentado ao CA, como órgão colegiado.
v. Para os resultados das avaliações individuais, incluindo a do presidente do conselho,
recomenda-se sessões de devolutivas recíprocas, do PCA com cada conselheiro, e o
estabelecimento de planos individuais de melhoria.
O quadro 12 relaciona as metodologias e escopos de avaliação.
Quadro 12. Metodologias de avaliação e seus escoposAvaliação pelo
Presidente do ConselhoAvaliação realizada
pelos membrosAutoavaliação Avaliação realizada
pelos paresAvaliação realizada pelos Stakeholders
Avaliação do Colegiado X X X XAvaliação Individual dos Membros X X XAvaliação do PCA X X
Apoio de consultor externo*
METODOLOGIAS / ESCOPO DA AVALIAÇÃO
Fonte: elaborado pelos autores (2020)* Os consultores externos podem participar das avaliações em qualquer das metodologias
Vale a pena ressaltar que as avaliações podem ser internas (realizadas dentro da
empresa), externas (quando contam com apoio externo) ou mistas, mesclando os dois
tipos. Cada uma tem seus prós e contras – a escolha depende do nível de maturidade em
governança da organização.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
As internas são mais simples e, portanto, menos onerosas, mas o apoio externo
pode agregar objetividade e maior isenção, proporcionando condições para que os
conselheiros e demais agentes se expressem de forma mais aberta.
2.5 Periodicidade – De Quanto em Quanto Tempo as Avaliações devem ser Feitas?
O Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC
recomenda avaliar o colegiado anualmente: o prazo de um ano é geralmente
considerado o mais adequado por não ser muito curto ou longo, normalmente
correspondendo ao ciclo operacional da organização.
Submeter o conselho a avaliações mais frequentes poderia levar a uma situação
em que as decisões tomadas pelo mesmo não tenham o tempo suficiente para maturar,
tornando os resultados pouco representativos ou mesmo inconsistentes. Por outro lado,
optar por prazos mais esparsos poderia fazer com que conselhos pouco eficientes
perdurassem por mais tempo, com poucas contribuições relevantes para a organização.
No entanto, cada organização deve refletir sobre a periodicidade mais adequeda,
levando em conta o seu estágio de maturidade, o setor, sua cultura e a regulação
pertinente. Recomenda-se que a avaliação seja formalizada nas políticas ou
documentos relevantes.
Caso a organização esteja passando por uma importante fase de mudanças ou
por momento de crise, pode ser necessário refletir sobre a real necessidade de se fazer
uma avaliação do conselho. O mesmo ocorre se as avaliações anteriores tiverem
levantado a necessidade de mudanças profundas, que requerem novas avaliações com
menor periodicidade.
Em algumas organizações ou em momentos diferentes de uma mesma
organização, pode ser mais adequado fazer avaliações anuais menos aprofundadas e
levar a cabo ciclos de avaliação mais longos, a cada dois anos, de forma mais robusta e
abrangente. De dois em dois anos, por exemplo, pode-se efetuar uma avaliação
completa, que abarque o colegiado, seus comitês e participantes (contando ou não com a
participação de consultores externos), e anualmente um processo de avaliação menos
profundo.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Box: Aspectos que influenciam na definição da periodicidade das avaliações
Maturidade da governança
Legislação
Momento da organização
Profundidade da avaliação
É necessário considerar também que os conselheiros geralmente têm mandatos
definidos (de acordo com o estatuto de cada organização). No caso dos conselheiros
externos ou independentes, pode haver um tempo de adaptação para que
compreendam a organização. Há que se considerar, portanto, que esses conselheiros
podem demorar a entregar os resultados esperados ou a contribuir com todo o seu
potencial. Independentemente do prazo de mandato do conselheiro, recomenda-se que
as avaliações sejam conduzidas anualmente18.
Há ainda um aspecto que merece ser esclarecido. O foco de avaliação deve ser
de longo prazo: as cinco dimensões que balizam as avaliações do colegiado
(composição e dinâmica, cultura do colegiado, estrutura e processos, compliance e
riscos, estratégia e negócios,) devem ser avaliadas levando-se em conta horizontes
longos, uma vez que a atuação do conselho é voltada para o futuro. Isso pode e deve
coexistir com exames anuais da atuação dos colegiados.
2.6 Estágios de Maturidade na Avaliação
O modelo e o escopo da avaliação estão relacionados à maturidade do próprio
conselho de administração – o que, por sua vez, está relacionado à maturidade da
governança corporativa da organização como um todo.
Espera-se que as organizações adotem uma avaliação condizente com a
maturidade do CA, mas que trabalhem constantemente para o aprimoramento do órgão
colegiado e avancem na própria avaliação. Conforme o Código de Melhores Práticas de
Governança Corporativa do IBGC: “Assim como o próprio conselho, seu processo de
18 Guia de Orientação para Planejamento de Sucessão, Avaliação e Remuneração de Conselho de Administração e Diretor-Presidente – IBGC (2011)
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
avaliação evolui conforme o amadurecimento do sistema de governança da
organização” (2015, p.51).
É natural que os processos de avaliação do órgão tornem-se mais abrangentes e
complexos ao longo do tempo, refletindo o desenvolvimento do próprio CA. As
avaliações costumam realizar-se em estágios: assim que o conselho passar para outra
etapa em termos de amadurecimento, a avaliação também deve evoluir e se tornar mais
abrangente e aprofundada, especificando planos de aprimoramento. Esse processo de
melhoria contínua prossegue até que a avaliação seja a mais completa possível – e não
termina aí, pois sempre haverá pontos para melhora na atuação do órgão e dos
conselheiros. Por essa razão, ressalta-se a necessidade de a avaliação produzir um plano
de melhoria que deverá ser implementado pelo PCA.
Confira, a seguir, quais são os principais estágios de amadurecimento do
processo de avaliação de conselhos e comitês. Mais do que se ater especificamente a
cada estágio, o importante é caminhar na direção ao aprimoramento do processo de
avaliação.
A. Conselho em implantação – estágio 1
As avaliações do conselho de administração geralmente começam pelo
colegiado como um todo, como forma introdutória de avaliar a efetividade do órgão e
de promover a sua melhoria. Ao avaliar primeiro o colegiado, as resistências à
continuidade do processo se reduzem, já que os conselheiros passam a conhecer os
critérios, a metodologia de avaliação e os procedimentos adotados após encerrada a
avaliação.
Nesse primeiro estágio, o processo, como sempre, é conduzido pelo presidente
do conselho, que solicita que os membros avaliem o colegiado por meio de um
questionário. Durante reunião dedicada para isso, o PCA ou os membros apresentam as
avaliações (de forma consolidada ou detalhada) e estabelecem ações de melhoria
relacionadas à forma de atuação do conselho/comitê em questão. Nesse estágio, o
exercício da devolutiva (feedback) está voltado para a análise e melhoria do
desempenho do colegiado e para instruir os conselheiros sobre como contribuir para a
dinâmica eficiente do conselho e dos comitês.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
B. Conselho em amadurecimento – estágio 2
Nesse estágio, os conselhos já passaram por um exercício de avaliação do
colegiado e já contam com confiança e abertura para a troca de devolutivas. Estão
interessados na efetividade do colegiado e no desenvolvimento individual de seus
membros. Por conta disso, além da avaliação do colegiado (estágio 1), espera-se que os
conselhos em amadurecimento agreguem a avaliação individual dos conselheiros e
membros de comitês. Por meio de formulários e metodologias específicas, cada
participante faz a sua autoavaliação e também é individualmente avaliado, pelo
presidente do conselho. As avaliações são discutidas após reuniões individuais
(lideradas pelo PCA).
C. Conselho maduro – estágio 3
Passados os estágios de maturidade 1 e 2, espera-se que a organização avance no
grau de complexidade e agregue outras partes interessadas à avaliação – em especial
com a perspectiva da gestão executiva (C-level) e/ou acionistas/sócios. Recomenda-se
que os comitês e a secretaria de governança (caso exista) sejam avaliados nesse estágio,
como melhor prática de governança corporativa.
Outro ponto importante é a devolutiva, que costuma ser mais estruturada que as
anteriores: ela é feita para o colegiado (englobando comitês e secretaria de governança,
se for o caso) e depois para cada conselheiro individualmente. Essa é uma das partes
mais ricas da avaliação e deve embasar a elaboração de um plano de melhoria coletiva
(órgãos colegiados) e individual.
As avaliações nos diferentes estágios podem ser conferidas na figura 1:
Figura 1. Estágios de Evolução da Avaliação
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Avaliação do Colegiado Feedback estruturado
Estágio 1(Conselhos/comitêsjovens)
Avaliação do colegiado Avaliação individual dos membros Aautoavaliação Feedback estruturado)
Estágio 2(Conselhos/comitês em amadurecimento)
Avaliação do colegiado Auto avaliação, avaliação individual e avaliação por pares Avaliação por stakeholders (C-Level, acionistas/sócios) Feedback estruturado
Estágio 3(Conselhos/comitês maduros)
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Fonte: elaborado pelos autores (2020)
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
CAPÍTULO 3 – RESULTADOS DA AVALIAÇÃO
Feita a avaliação, é necessário que ela tenha utilidade prática para a empresa.
Afinal, pouco adiantaria ter um diagnóstico da atuação do conselho e não usá-lo para
torná-lo mais efetivo. O importante é que os resultados sejam sempre dirigidos de forma
construtiva para o aprimoramento da organização. Por esta razão, recomenda-se a
elaboração de um plano de melhoria a ser aprovado pelos colegiados e implantado pelo
presidente do conselho.
3.1 Devolutivas, Planos de Melhoria e Evolução Contínua
As etapas seguintes, ao término da avaliação propriamente dita, são a de
devolutivas (feedbacks) e a elaboração de um plano de melhoria. É por meio da
devolutiva que se recebe um retorno sobre o desempenho do colegiado e/ou individual e
pode-se refletir sobre os resultados. A partir destes últimos, constrói-se um plano de
desenvolvimento para prosseguir em direção à melhoria contínua.
A devolutiva sobre o desempenho do colegiado, de seus comitês e de cada
conselheiro deve contar com a presença do presidente do conselho, que é o responsável
e líder pela avaliação. O momento das devolutivas deve receber especial atenção por
parte do presidente, o que pode ser determinante para que o desempenho efetivamente
melhore.
A má condução das devolutivas pode comprometer toda a avaliação e gerar
resistências ao processo de melhoria contínua. Por isso, o presidente do conselho
sempre deve participar, mesmo quando conta com o apoio de consultores externos. Em
algumas ocasiões, pode ser mais adequado que a devolutiva seja dada pelo consultor, a
depender da maturidade, da empatia e do preparo técnico de cada um – mas o PCA
sempre deve estar presente. O consultor pode ser visto por alguns participantes como
uma figura imparcial, que representa a opinião do grupo, ao passo que a devolutiva dada
pelo PCA pode estar relacionada à opinião do mesmo e, portanto, pode não ser
considerada representativa do colegiado. Assim, cada organização deve ponderar qual é
a forma de devolutiva que melhor se adequa à sua situação.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Deve-se ter em mente que as devolutivas bem feitas contam com alguns aspectos
em comum. Veja no quadro:
Box: Características de uma boa devolutiva (coletiva e individual)
É estruturada, ou seja, é bem embasada por meio de dados e informações e é
documentada;
Quem vai receber a devolutiva é avisado com antecedência e tem tempo para se
preparar;
É sigilosa;
É imparcial;
Resulta em um plano de ação orientado para o desenvolvimento;
Indica com clareza o que cada um precisa fazer, deixar de fazer ou seguir fazendo.
Como a avaliação sempre tem a finalidade de melhorar o desempenho dos
colegiados e de seus participantes, a devolutiva deve ser construtiva. Ela deve realçar os
aspectos que efetivamente podem ser mudados e aprimorados. Outro ponto importante é
que seja ajustada de forma a não permitir que se identifique quem fez cada observação
(o sigilo será objeto do tópico a seguir).
Após a devolutiva, o presidente do conselho encaminha os dados da avaliação do
colegiado para discussão e construção de um plano de melhoria por parte do próprio
colegiado. No que diz respeito às avaliações individuais, elas não devem ser expostas
para todos. O PCA discute individualmente com cada conselheiro sobre seus resultados
e constrói, individualmente, os planos de ação. Quando o plano for individual, o PCA
pode acompanhar o desenvolvimento do conselheiro. O plano de ação pode especificar
um cronograma de implementação das medidas necessárias, e inclui o estabelecimento
de indicadores para acompanhar sua execução.
Após a primeira avaliação, as próximas tendem a ser mais fáceis. A ansiedade
que envolve o processo tende a já ter sido dissipada e há uma experiência a partir da
qual se pode partir para o processo de melhoria contínua, avaliando os pontos que
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
precisam ser aprimorados. O próprio processo de avaliação pode ser desenvolvido de
tempos em tempos para incorporar novos olhares e identificar outros pontos de atenção.
3.2 Divulgação dos Resultados
Uma das grandes resistências aos processos de avaliação é causada pelo temor
de que os desempenhos individuais sejam publicamente divulgados e que a avaliação
que um participante fez do outro membro também seja exposta. É muito importante que
haja garantia de que o processo de avaliação ocorrerá de forma sigilosa: as informações
confidenciais e pessoais não devem ser abertas aos públicos interno e externo. Além
disso, os autores das observações não devem ser identificados, de forma a evitar que os
participantes sintam-se constrangidos ou vulneráveis a retaliações no futuro.
A prática mais adotada e adequada é a de detalhar menos as informações quando
elas são fornecidas para um público mais amplo, e de detalhar mais para os diretamente
interessados. Nas devolutivas individuais, há maior transparência e especificidades. Já
nas divulgações públicas, os membros não devem ser expostos e os resultados
mostrados devem se referir ao colegiado como um todo.
Poucas organizações abrem os resultados para todos os acionistas, seja por meio
de relatório anual ou por meio de assembleias gerais. Quando houver a prestação de
contas sobre a avaliação para os acionistas, por meio de seus respectivos conselhos, esta
deve ser feita pelo PCA: ele é o responsável por comunicar os resultados de forma
agregada, sem expor individualmente os conselheiros.
Em algumas empresas, apenas os membros de colegiados sabem dos resultados
das avaliações, enquanto em outras os executivos também ficam a par. Também há
aquelas que divulgam não só os tópicos tratados na avaliação e a forma de condução do
processo, mas também o plano de ação traçado para aprimorar a atuação do colegiado.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
Em algumas jurisdições, a transparência sobre as avaliações é exigida por
normas. De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), há um efeito positivo na obrigação legal de as empresas darem transparência
aos resultados da avaliação. A abertura de resultados é vista como uma forma de
melhorar a transparência do CA. E, além disso, a visibilidade costuma ter o efeito de
aumentar o comprometimento do conselho com a sua própria melhoria.
O Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC recomenda
que haja uma divulgação genérica do processo e dos principais pontos de
aprimoramento, assim como das ações implementadas. A divulgação visa a informar os
sócios e demais partes interessadas sobre a atuação do colegiado, prestando contas de
sua atuação.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma das principais mensagens deste documento é que a avaliação do conselho
de administração (de seus membros e de seus comitês) é uma valiosa oportunidade para
aumentar a efetividade dos mesmos e melhoria de toda a governança corporativa de
uma organização. Aos poucos, mais organizações vêm percebendo a importância dessa
ferramenta e estão superando os obstáculos culturais para usá-la em seu benefício.
Os conselhos e seus órgãos de assessoramento devem utilizar o processo de
avaliação como uma prática sistemática para refletir sobre a natureza e a qualidade de
seus resultados, a fim de melhorar continuamente sua atuação.
Esperamos que esta publicação tenha esclarecido as principais dúvidas sobre o
assunto e que contribua para que mais e mais organizações sintam-se motivadas a
caminhar em sentido à maior efetividade de seus conselhos de administração, usando
como ferramenta a avaliação, bem estruturada, dentro de uma agenda positiva e que
produza um plano de melhoria tangível e viável.
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Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.
REFERÊNCIAS
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