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Conteúdo:

IntroduçãoTipos de Ciência

EmpíricaFilosófica

Características das CiênciasDiferenças entre Teoria e Método

A TeoriaO Método

Grandes Áreas das PesquisasPesquisas QuantitativasPesquisas Qualitativas

Tipologia das PesquisasExperimentalExploratóriaHistóricaTeóricaEstudos de CasoBiográficaEtnográficaPesquisa-Ação

O projeto de PesquisaA necessidade do projetoEscolhas do temaLevantamento de FontesLevantamento de LiteraturaProblemaHipóteseJustificativaObjetivosMetodologiaQuadro Teórico

ConceitosCronograma

Metodologia do EstudoO fichamento

A produção do textoIntrodução

Entre a ciência e a arteUm lugar socialUma prática

Professor: Leandro Couto Ricon

Uma escrita (um autor)AuxíliosQuestionáriosEntrevistasObservaçãoAnálise de conteúdoHolismoO trabalho monográfico

CapaFolha de rostoFolha de aprovaçãoPartes móveis – Não obrigatórias

DedicatóriaEpígrafeAgradecimentoGlossário

Resumos e Palavras-chavePortuguêsEspanhol ou inglês

ListasAbreviaçõesIlustrações

SumárioDivisões

Introdução (o que foi usado como fonte, o recorte, a metodologia, a teoria, o que tem em cada capítulo)

CapítulosConclusõesReferências

FontesBibliográficas

CitadasConsultadas

AnexoApêndice

O Artigo científicoCuidados com a pesquisa (plágio)Linguagem

A FormataçãoA ABNTDivisão entre corpo e capasPaginaçãoCitações

Simples


ProlongadaReferenciar Chicago

FrançaTermos em latimNotasBibliografia

AULA: METODOLOGIA DAS CIÊNCIAS

Professor Leandro Couto Carreira Ricon / Universidade Federal do Rio de Janeiro

APOSTILA 1 – INTRODUÇÃO À METODOLOGIA DAS CIÊNCIAS

Tipos de Ciências

A partir do século XVI e principalmente já no XVII e XVIII as ciências foram divididas em três grandes ramos:

(1) Ciências Naturais: que cuidam de todos os aspectos da natureza enquanto viva, hoje conhecidas como Ciências Biológicas;

(2) Ciências da Terra: que cuidam das problemáticas específicas e lógicas do viver humano, hoje conhecidas como Ciências Exatas;

(3) Ciências dos Homens: que cuidam da interação seja ele em qualquer nível dos indivíduos enquanto corpo social e político, hoje conhecidas como Ciências Humanas.

A partir do século XIX essas Ciências dos Homens foram divididas em dois ramos de conhecimento específicos:

(1) Ciências Sociais: que lidam com as conceituações feitas pelos indivíduos a partir do momento em que estão inseridos num agrupamento maior do que sua individualidade, portanto, teórica. Como é o caso da Filosofia.

(2) Ciências Sociais Aplicadas: que lidam com as relações reais entre a utilização dos conceitos individuais, portanto, prática. Como é o caso da Economia.


É importante, notarmos que: a amplitude das Ciências dos Homens permite que o pesquisador trabalhe tanto o teórico quanto o prático, características que outras ciências impedem por seu conteúdo extremamente compartimentado.

Todavia, devemos voltar em outra divisão feita também no século XVII acerca das percepções humanas. Durante os séculos XVII e XVIII a divisão era feita entre Racionalismo Científico e Empirismo Científico.

O Racionalismo Científico é a corrente filosófica – e, portanto, aplicada a qualquer modelo científico – fundamentada no século XVII, principalmente por René Descartes, que percebe o conhecimento como uma operação mental lógica que termina em um discurso. Influenciou diretamente a obra de pensadores como Leibniz e Espinoza. Como Funciona: Existe algo que se tem como aceitar como verdadeiro pelas nossas idéias inatas > Esse algo, gera outras formas verdadeiras (tidas, originalmente como relativas) > Esse relativo pode ser um discurso verdadeiro ou falso dependendo do trabalho mental lógico realizado sobre o mesmo. Exemplo: dúvida hiperbólica cartesiana. Palavras-chave: racionalismo, lógica.

O Empirismo Científico é a corrente filosófica – e, portanto, aplicada a qualquer modelo científico – fundamentada principalmente pela Escola Inglesa (David Hume, Francis Bacon, entre outros), que percebe o conhecimento como individual e perceptivo. Como Funciona: há um fenômeno > observo esse fenômeno e o compreendo > quando observo um fenômeno similar, percebo resultado similar > logo, o conhecimento é verificável. Exemplo: pesquisas laboratoriais finais. Palavras-chave: tentativa e erro, comprovação experimental.

Características das Ciências

As ciências, não importa o tipo, possuem características em comum e individuais.

Dentre as características comuns das ciências, percebemos:

(1) Buscam a explicação do mundo: todas as ciências, enquanto percepções humanas, procuram a explicação do mundo social e físico nos quais os indivíduos devem manter seus relacionamentos. Dessa forma, as ciências tentam responder questões como: quais os processos que formam a civilização atual (pergunta comum entre os historiadores); como compreender a divisão do átomo (pergunta dos físicos e químicos), etc.


(2) Buscam solução de problemas: para as ciências não basta compreender o mundo, é preciso transformá-lo, criando mecanismos que facilitem a existências, como a cura de uma doença, a construção de uma arma, a construção de um prédio, a compreensão de um modelo educacional, etc.

(3) Toda ciência é ou será um discurso social e político: todos os cientistas estão inseridos num corpus sócio-político e possuem um lugar determinado de fala, seja uma instituição ou uma posição político-ideológica, logo, sua produção intelectual, a que chamamos de ciência, não pode ser compreendida enquanto discurso sem localização desse lugar de fala.

Por outro lado, a principal característica específica das ciências humanas é, sem sombra de dúvidas, sua compreensão como discurso político-social evidente: diferentemente das Ciências Naturais e das Ciências da Terra, o cientista social1 aceita seu discurso como é. Durante todo o século XIX e grande parte do século XX se criou o mito de neutralidade das ciências, o que configura esse tema como mito é a impossibilidade do indivíduo, portanto, do formulador da ciência, ser neutro > a partir que o formulador não é neutro, seu conhecimento [criado ou aperfeiçoado] fica impossibilitado de também o ser. Apesar de, após aproximadamente a década de 1940, não se aceitar a idéia de neutralidade, muitos ainda a consideram como tal, argumentando que a produção é sempre neutra independentemente do seu criador.

Diferenças entre Teoria e Método

O Professor Doutor José D’Assunção Barros no primeiro volume de sua coleção Teoria da História: princípios e conceitos fundamentais nos oferece uma excelente interpretação da diferença entre Teoria e Método (p.40-85). Ele nos diz que uma teoria é uma visão de mundo. É através de teorias que os cientistas e os estudiosos de qualquer área de saber conseguem enxergar a realidade, ou os seus objetos de estudo, de formas específicas seja qual for o seu campo de conhecimento ou de atuação. (...). Todavia, quando dizemos que a Teoria é uma ‘visão de mundo’ podemos discutir esta afirmação em três níveis.

A teoria pode ser abordada, em um primeiro nível, como um ‘campo de estudos’, (...) constituído por todas as realizações teóricas proporcionadas pelos praticantes de determinado campo de saber. (...)

1 Cria menos dúvidas do que o termo Cientista Humano ou Cientista Humanista, porém, esse termo [Cientista Social] não deve ser compreendido em stricto sensu.


Também podemos falar de ‘teorias’ quando nos referimos a cada um dos modelos ou sistemas explicativos de que os cientistas se utilizam para compreender os fenômenos, aspectos e objetos que se relacionam às suas especialidade. (...)

Por fim, um terceiro nível em que se pode refletir sobre o ‘teórico’ é aquele que considera a Teoria como forma específica de apeender a realidade e de enxergar o mundo. (...)

Já a ‘Metodologia’ remete sempre a uma determinada maneira de trabalhar algo, de eleger ou constituir materiais, de extrair algo específico desses materiais, de se movimentar sistematicamente em torno do tema e dos materiais concretamente definidos pelo pesquisador. A metodologia vincula-se a ações concretas, dirigidas à resolução de um problema; mas do que ao pensamento [como a teoria], remete à ação e à prática. (...) Assim, enquanto a ‘teoria’ refere-se a um ‘modo de pensar’ (ou de ver), a ‘metodologia’ refere-se claramente a um ‘modo de fazer’. Esses dois verbos – ‘ver’ e ‘fazer’ – constituem os gestos fundamentais que definem, respectivamente, Teoria e Método.

O seguinte esquema facilita a localização dos aportes em seus campos [teoria e metodologia]:


Grandes áreas de pesquisa

Pesquisa Quantitativa: segundo o IBOPE2, as pesquisas quantitativas encaixam-se melhor na apuração de opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados uma vez que são bem estruturadas em questionários previamente formulados. Devem ser representativas de um determinado universo de modo que seus dados possam ser generalizados e projetados para aquele universo. Utilização: mensurar e permitir o teste de hipóteses, já que os resultados são mais concretos e, conseqüentemente, menos passíveis de erros de interpretação. Em muitos casos geram índices que podem ser comparados ao longo do tempo, permitindo traçar um histórico da informação. Trabalha-se com amostras maiores de entrevistados para garantir maior precisão dos resultados finais, que serão projetados para a população pesquisada. Os dados são colhidos por meio de um questionário estruturado com perguntas claras e objetivas, já que devem garantir a uniformidade de entendimento dos entrevistados e conseqüentemente a padronização dos resultados. Nas pesquisas quantitativas, a forma de abordagem dos entrevistados varia de acordo com o desenho do projeto. Pode requerer um desenho amostral probabilístico ou por cotas previamente estabelecidas (sexo, classe, idade, atividade, localização geográfica, etc.). As entrevistas podem ser realizadas pessoalmente, por telefone, pela internet, por correio. O importante é que as entrevistas sejam aplicadas individualmente e sigam as regras de seleção da amostra. O relatório das pesquisas quantitativas, além das interpretações e conclusões, deve mostrar tabelas de percentuais e gráficos.

Pesquisa Qualitativa: ainda segundo o IBOPE, as pesquisas qualitativas são exploratórias uma vez que estimulam os entrevistados a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito, não colocando as amarras das respostas escolhidas estarem previamente prontas. São subjetivas e suas motivações nem sempre estão explícitas. Utilização: quando se busca percepção e/ou entendimento sobre a natureza geral de uma questão abrindo, portanto, espaço para interpretações. Dado o seu caráter exploratório as pesquisas qualitativas não pretendem generalizar as suas informações, não havendo, portanto, preocupação em projetar os seus resultados para população. Abordam-se, em geral, pequenos grupos de entrevistados. As informações são coletadas por meio de um roteiro. As opiniões dos participantes são gravadas e posteriormente analisadas. Os principais meios para se conseguir as informações desejadas em uma pesquisa qualitativa são as entrevistas em profundidade ou as discussões em grupo. Para as discussões em grupo, as pessoas são convidadas para um bate-papo que será gravado. As entrevistas em profundidade são pré-agendadas com os entrevistados e a sua aplicação é individual, em local reservado. Tal procedimento garante a concentração do respondente. As informações colhidas nas abordagens qualitativas são analisadas de acordo com o roteiro aplicado e registradas em relatório, destacando opiniões, comentários e frases mais relevantes que surgiram.2 Cf. Site.


Em síntese: a pesquisa quantitativa procura por objetos, buscando respostas objetivas para testar hipóteses ou descobrir caminhos; por outro lado, a pesquisa qualitativa procura por temas, buscando conceituações subjetivas, localizando a pluralidade de percepções da realidade. Apesar das diferenças entre ambos os modelos, para se alcançar o êxito devem contar com clareza de métodos e conceitos. Ressaltamos, contudo, que esses dois modelos [pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa] não são excludentes, pelo contrário, são complementares, transformando a pesquisa em mais rica e rigorosa, portanto, mais científica.

Tipologia das Pesquisas

Além das grandes áreas da pesquisa, podemos dividir a pesquisa científica, basicamente, nos seguintes tipos: Experimental, Exploratória, Histórica, Teórica, Metodológica, Estudos de Caso, Biográfica, Etnográfica e a Pesquisa-Ação. Veremos, a seguir, características de cada uma dessa modalidade:

Experimental: Considerada um dos melhores exemplos de pesquisa científica, é necessário ter um total controle da situação pesquisada, a partir do controle geral das variáveis, o que diminui equívocos e ambigüidades. Por ser exata, é de difícil utilização nas Ciências Humanas – alguns pesquisadores inviabilizam a sua utilização. Assim, a pesquisa experimental tem como ser repetidamente testada e sempre com o mesmo (ou semelhante) resultado, ficando difícil surgirem respostas alternativas; as relações puras (grupos sem qualquer interferência do pesquisador) também podem ser verificadas e qualquer grupo manipulado, tanto unicamente como em conjunto. O fato de as variáveis ou grupos poderem ser analisados em ambientes programados é considerada tanto positiva quanto negativa. Positiva devido à maior credibilidade já que a interferência do meio é praticamente nula, tendo o pesquisador total autonomia sobre seu objeto de estudo; negativa, pois, já que tirando o objeto de seu meio natural as análises serão parciais e não aplicáveis nas relações fora do ambiente propiciado pelo pesquisador.

Exploratória: É a base da grande pesquisa. Nela é necessário encontrar-se alguma constatação que possibilite um estudo mais completo do problema e da hipótese. Uma pesquisa bibliográfica prévia, para um estudo futuro, pode ser, em grande parte, considerada uma pesquisa exploratória.

Histórica: A Pesquisa Histórica define-se por encontrar no passado um processo que chega até o presente3. A metodologia e a teoria devem ser obtidas com o cuidado de não criar dissonâncias muito evidentes que dificultam o processo historiográfico. Se for o caso de uma 3 Não confundir com a História Imediata ou com a História do Tempo Presente, que, por sua vez, são modelos historiográficos que se preocupam com o passado mínimo processual, se afastando, em certa medida, das correntes que pensam a longa duração, por exemplo.


pesquisa de História do Tempo Presente a problemática deve ser bem definida, a partir, principalmente do processo histórico que constitui o momento. Se a pesquisa encerrar-se no compreender o passado, todo o momento pesquisado, bem como sua origem, deve ser compreendido pelo pesquisador.

Sociológica: A pesquisa sociológica deve partir do momento real procurando estabelecer determinados fatos sociais, valores institucionais ou outros problemas da Sociologia enquanto ciência que possibilitem a formação de um quadro complexo e mais nítido, no qual, questões sócio-estruturais podem ser melhor compreendidos e problematizados.

Biográfica: A pesquisa biográfica é a pesquisa feita a partir de uma vida determinada. É válida se pensarmos numa nova modalidade biográfica e não no modelo tão corrente no século XIX de grandes personagens com grandes feitos [a idéia de herói]. O modelo biográfico contemporâneo insere a personagem numa teia social que possibilita a abordagem micro>macro.

Bibliográfica: A pesquisa bibliográfica é aquela feita a partir da transformação de um livro ou texto, que originalmente são referências, em fonte. É utilizada para a compreensão do pensamento autoral e do lugar de fala desse4. É amplamente aberta à modalidade comparativa, buscando achar similitudes e diferenças entre autores plurais.

Teórica: A professora Maria Adélia Teixeira Baffi, em seu texto Modalidades de pesquisa: um estudo introdutório nos oferece uma idéia mais clara acerca deste tipo: “Trata-se da pesquisa que é dedicada a reconstruir teoria, conceitos, idéias, ideologias, polêmicas, tendo em vista, em termos imediatos, aprimorar fundamentos teóricos. A pesquisa teórica não implica imediata intervenção na realidade, mas nem por isso deixa de ser importante, pois seu papel é decisivo na criação de condições para a intervenção. O conhecimento teórico adequado acarreta rigor conceitual, análise acurada, desempenho lógico, argumentação diversificada e capacidade explicativa.’ (Adaptado de http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met02a.htm)

Metodológica: É a pesquisa que busca conferir e problematizar métodos e procedimentos tidos como científicos, afirmando-os ou negando-os.

Estudos de Caso: É a pesquisa que, a partir das abordagens qualitativa e quantitativa, localiza um fenômeno específico e compara-o a um fenômeno macro. Podemos citar, como exemplo de sua aplicação os estudos de micro-história feitos na Itália desde a década de 1960.

4 Como nota, podemos perceber os estudos contemporâneos acerca da obra de pensadores como Foucault, Bourdieu, Ricouer, Adorno e, na pedagogia, Paulo Freire.


http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met02a.htm

Difere da pesquisa biográfica por não se preocupar com um sujeito ou grupo (prosopografia5) específico. Vale ressaltarmos que a aplicação no modelo macro não é obrigatória em trabalhos mais simples.

Etnográfica: Modalidade originária na nova antropologia que visa colocar o pesquisador inserido no objeto pesquisado, por exemplo, uma tribo indígena. A partir desta inserção, é possível localizar semelhanças e diferenças entre processos sociais e culturais. É feita, basicamente através de entrevistas e percepções do pesquisador, que deve tomar extremo cuidado com os conceitos ao aplicá-los em outra realidade.

Pesquisa-Ação: Modelo de pesquisa que visa produzir uma modificação no objeto pesquisado (ação). Pode ser dividida em: (1) diagnóstica: que visa localizar um problema específico e sugere modificações; (2) participativa: que busca uma participação efetiva do pesquisador no problema; (3) experimental: que sugere diferentes formas de solucionar um problema para vários exemplos deste, procurando o que melhor se adéqua à realidade. Este modelo, muito utilizado por Paulo Freire, por exemplo, deve ser utilizado com o devido cuidado já que a interferência pode agravar a realidade.

APOSTILA 2 – O PROJETO DE PESQUISA

A necessidade do projetoAo terminar um curso universitário e, principalmente, ao terminar uma continuação de

um, espera-se que o concluinte esteja apto a escrever o que se chama Trabalho de Conclusão de Curso, o TCC. O TCC pode ser um artigo científico (no caso de algumas extensões ou cursos universitários), uma monografia (no caso de uma graduação ou de algumas pós-graduações), uma dissertação (no caso de um mestrado), uma tese (no caso de um doutorado), uma texto-pesquisa posta em uma prática através de um grupo de pesquisa (no caso de uma livre-docência). Porém, antes de escrever qualquer texto, é necessário que o aluno apresente um projeto deste texto, um projeto de pesquisa que norteará toda a sua execução científica, colocando limites, demonstrando objetivos e localizando idéias novas, bem como sugerindo bibliografias e recortando o tema. Logo, percebemos que a idéia do projeto é ser uma espécie de guia para o autor, facilitando a escrita da pesquisa.Escolha do tema

Um dos primeiros passos que se dá para a elaboração de um projeto é a escolha, ou delimitação, do tema. Existem fatores que interferem na escolhe de um tema, principalmente os seguintes:

Afetividade e interesse pessoal;

5 Prosopografia aquie é entendido como a biografia coletiva. Cf. os estudos de E. P. Thompson.


Tempo disponível para a pesquisa; Aceitação dos limites do pesquisador sobre o tema; A significação do tema: como ele é visto pela sociedade, seu valor social e intelectual; O material de consulta.

Todos esses fatores devem ser levados em conta para a escolha de qualquer tema. Lembramos que, num curso de graduação ou pós, é muito mais útil escolhermos algum tema com o qual já tivemos contato nas disciplinas ministradas durante o curso - em alguns casos, como nas graduações e nas pós-graduações lato sensu chega a ser, de certo modo, obrigatório essa condução.Levantamento de Fontes

O passo seguinte é escolher as fontes que serão trabalhadas. Como fonte, podemos utilizar desde uma entrevista até um documento original, desde uma matéria de jornal até um livro escolar, desde uma obra de arte até um livro que originalmente seria bibliografia. Destarte, qualquer material pode ser uma fonte, o que passa essa característica ao material é a observação do pesquisador sobre o mesmo. A escolha de fontes é uma parte complicada do trabalho, uma vez que essa escolha colocará, diretamente, limites à produção. Todavia, esses limites, como vimos anteriormente, visam facilitar a pesquisa e, principalmente, a produção intelectual feita sobre esta pesquisa. Levantamento de Literatura ou Revisão Bibliográfica

Após recortarmos o tema e localizarmos as fontes com as quais trabalharemos, devemos preparar um pequeno texto sobre o que já foi feito sobre nossa pesquisa. A esse debate chamamos de Levantamento de Literatura ou, mais comumente, de Revisão Bibliográfica. A revisão bibliográfica é a hora na qual devemos demonstrar nosso conhecimento sobre o tema, o que já lemos, com quais autores concordamos e com quais não. Contudo, devemos tomar um cuidado fundamental: a revisão bibliográfica é um debate entre autores que não necessariamente fazem parte da pesquisa e, portanto, da bibliografia final do trabalho. Problemática

Toda pesquisa executada deve servir para responder a uma questão proposta pelo autor, a esse questionamento, no momento do projeto, chamamos de problema. A escolha de um problema pode parecer a priori simples, porém, deve ser feita com o devido cuidado para não inviabilizar a execução do projeto. O centro da pesquisa deve ser pensar esse problema e qual a resposta, se é que haverá uma, para este. Hipótese

Chamamos de hipótese(s) aquela resposta que julgamos possível para responder o nosso problema demonstrado anteriormente. Essa hipótese tem que ser possível de demonstração ou de demonstração negativa. O fato de uma hipótese não ser comprovada seja pelos documentos, pelo método ou pela teoria não desmorona um trabalho, pelo contrário, o pesquisador que tem a honestidade de demonstrar a falha de sua hipótese é tão respeitado quanto o pesquisador que a comprova.Justificativa


Todo trabalho deve ter um motivo para ser feito, seja este pessoal (proximidade com o tema), social (inediticidade) ou intelectual (nova forma de visão). Estes motivos devem ser explicados neste momento, a essa explicação da escolha do tema, da importância social e da novidade intelectual (é bom os trabalhos serem frutos de uma pesquisa nova) chamamos de justificativa.Objetivos

Sempre escritos em formas infinitivas, os objetivos falam sobre o que se pretendo com o trabalho, como, por exemplo: – compreender as atitudes políticas nas Revoluções de 1848.

Como visto, as frases são curtas e iniciadas com verbos no infinitivo. Sempre entre 3 e 5 objetivos, esta parte é considerada a mais simples de ser escrita porém, também, a que pode levar a mais erros na execução do trabalho. Metodologia

A metodologia ou quadro metodológico é a parte de demonstrar como o projeto será executado. Sem sombra de dúvidas é um dos momentos mais difíceis do projeto, já que qualquer inconsistência metodológica pode acabar totalmente com o trabalho. Essa parte, no geral, uma das maiores (juntamente com o Quadro Teórico) deve ser extremamente detalhada para poder nortear totalmente a pesquisa, não deixando dúvidas para seu autor.

Quadro Teórico

Tão complexo quanto a metodologia, o Quadro Teórico é o local de discutir termos chave, que chamamos de conceitos. Nesse momento, devemos dizer o que entendemos por cada termo que pode gerar dúvidas, todavia, nem todos os termos tidos como conceitos em um trabalho o são: muitos desses termos podem continuar sendo apenas palavras simples. O historiador alemão R. Koselleck nos oferece uma excelente diferenciação entre palavra e conceito, este afirma que “o sentido de uma palavra pode ser determinado pelo seu uso. Um conceito, ao contrário, para poder ser um conceito, deve manter-se pollissêmico”6. Os conceitos também devem ser muito bem explicados para você não esquecer sua significância na execução do projeto, transformando o trabalho em confuso. Pela complexidade dos conceitos, deve-se evitar a utilização de dicionários para significados, procurando, dessa forma, dicionários especializados sobre os temas.Cronograma

O cronograma, apesar de não ser transferido indiretamente para a realização da pesquisa7 é de importância crucial: no cronograma, o autor saberá em que está adiantado, em que está atrasado e o que ainda falta. Um cronograma bem pensado e bem executado leva à facilidade de execução do trabalho final.Exemplo de cronograma:

6 KOSELLECK, R. Futuro passado. Rio de Janeiro: Puc Editora, 2006, p.109.7 As outras partes farão parte indiretamente da execução, porém o leitor no saberá quando cada parte da pesquisa foi realizada.


O que / Quando Jan Fev MarProcurar fontes X X

Procurar bibliografia

X X X

Executar o trabalho X X

NORMAS A SEREM SEGUIDASNOS TRABALHOS APRESENTADOS NO CURSO

APOSTILA BASE

As normas a seguir foram elaboradas com base nas originais criadas pela ABNT (2010-2011 e manual ABNT2012) visando facilitar e criar uma uniformidade no trabalho dos alunos. Caso algum professor peça algum trabalho ele deverá seguir as regras contidas neste pequeno manual. O que mudará será o número de páginas de corpo do texto.

O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) será um artigo acadêmico com no mínimo 15 e no máximo 30 laudas.

A formatação de margens de todo trabalho entregue a partir de agora deverá ser (incluindo a capa, o texto e as referências, quando houver):

Margem superior 2cm

Margem inferior 2cm

Margem direita 2,5cm

Margem esquerda 2,5cm

Para modificar essas margens basta clicar duas vezes na régua do Microsoft Word.

A primeira página de qualquer trabalho entregue deverá ser a capa. Nela deve estar:

O Título do Trabalho centralizado; logo a seguir o nome do aluno completo. Logo depois o resumo do trabalho (entre 12 e 18 linhas). Então, as palavras-chave, entre 3 e 5.


OBS.: No caso do TCC, após o nome deve estar uma nota de rodapé contendo a intenção e um pequeno currículo. A intenção será exemplificada na aula de orientação que ocorrerá mais para o final do curso.

Após essa primeira página de capa começa o trabalho em si.

LEMBRE-SE: você pode escolher qualquer tema debatido em sala de aula ou outro qualquer que esteja ligado ao título do curso de especialização, criando uma possibilidade bem ampla de fontes e problemas, o que, sem sombra de dúvida, facilita o trabalho do estudante.

A primeira página deverá conter novamente o título e o nome do aluno (desta vez, porém, não é mais necessário colocar a nota de rodapé). Após este momento começa, logo a seguir, o texto do artigo propriamente dito8.

A formatação do trabalho como um todo será:

Fonte: Times New Roman

Tamanho: 12

Todas as páginas (exceto a capa) deverão estar numeradas. A capa, apesar de não estar numerada, conta como página 1.

Organização do texto:

O texto, após término, deverá ser formatado. Deve-se selecionar o texto e mudar para o espaçamento 1,5 (esta regra não se aplica à capa, que é mantida sempre em espaçamento simples). Para essa modificação, selecione o trecho que deve ser formatado (dica: faça a formatação de um parágrafo de cada vez), clique com o botão direito do mouse sobre o local selecionado, escolha a opção parágrafo > e mude o espaçamento entre linhas para 1,5 linhas.

Citação

8 Lembrete: pode-se criar sub-capítulos no artigo porém esses devem estar de forma contínua ao texto, não criando-se, portanto, uma nova quebra de página para cada tópico.


Existem dois tipos de citação possíveis em texto:

(1) Citação simples: encontrada no corpo do texto, deve estar entre aspas (“...”).(2) Citação longa: se a citação tiver mais de 3 linhas deve estar com recuo de 4cm na

esquerda, portanto, destacada do texto; deve ter fonte Times New Roman, tamanho 11; espaçamento simples. Ao término desta citação o texto volta aos parâmetros comuns.

Após as citações, não importa qual (simples ou longa), deve estar, entre parênteses, a indicação da fonte, esta deve estar feita da seguinte maneira:

SOBRENOME DO AUTOR, ano de publicação da edição : página

Ex. (HOBSBAWM, 1989: p.47)

Caso a sua idéia não seja original, mesmo sem citar, deve-se mostrar a origem da idéia, marcando, portanto, o autor.

Existem regras que facilitam a não repetição de nomes de autores. Estes termos em latim encontram-se a seguir com a sua devida utilização:

apud

– (do latim junto a; em) citado por, conforme, segundo – Indica a fonte de uma citação indireta.

Para referenciar um autor (a cuja obra o pesquisador NÃO teve acesso) que está indicado num livro ao qual o pesquisador TEVE acesso, usa-se apud. Ex.:

(ANDERSON, 1981 apud ARÉVALO, 1997, p. 73)

Estudos de Zapeda (apud MELO, 1995, p. 5) mostram [...]

BUTERA apud MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das sucessões. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 1995, v. 6, p. 80.

Cf.

– confira, confronte, compare

Cf. GOMES, 2001

ibidem ou ibid.


– Para fazer referência, subseqüente, de um mesmo autor, em página diferente, de uma mesma obra. Ex.:

GONÇALVES, 2000, p. 61

Ibid., p. 203

MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das sucessões. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 1995, v. 6, p. 15.

ibidem, p. 25.

idem ou id.

– Para fazer referência, subseqüente, de um mesmo autor. Ex.:

LAMPRECHT, 1962, p. 20

Id., 1964, p. 35

MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das sucessões. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 1995, v. 6, p. 15.

idem, p. 42

op. cit.

– obra citada

GONÇALVES, 2000, p. 50

LAMPRECHT, 1962, p. 20

GONÇALVES, op. cit., p. 216

As notas de rodapé, dessa forma, servem apenas para explicações que não se encaixam bem no correr do texto. Nelas podemos explicar melhor um conceito, uma idéia, um termo, entre outros. A formatação da nota de rodapé, como a de todo o texto, deve ser justificada porém sua fonte é a Times New Roman tamanho 10.

Ao término do texto, encontram-se as Referências. Dividida em duas partes:


(1) Fonte > tudo o que se utilizou para a análise(2) Bibliografia Citada e/ou Consultada > tudo o que se leu para ajudar e demonstrar

durante o texto.

As referências possuem a mesma fonte do CORPO do texto e são feitas, em ordem alfabética, da seguinte forma:

SOBRENOME, Nome. Título da obra em itálico. Número da edição se houver (quando for a 1ª, não é necessário). Cidade da Editora: Editora, ano.

Ex.:

FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. 3ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1972.

Quando um mesmo autor for utilizado várias vezes no trabalho, o seu nome, nas referências, precisa aparecer apenas uma vez, já que na segunda é necessário apenas o título do texto:

Usaremos um exemplo de texto com dois livros de Theodro Adorno:

ADORNO, Theodor W. Essai sur Wagner. Paris: Gallimard, 1966.

______. O fetichismo na música e a regressão da audição. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

Detalhe: o itálico deve ser utilizado para marcar conceitos e palavras-chave no transcorrer do texto. Em geral, não se utiliza o negrito no corpo. O sublinhado é outro ponto: a sua utilização deve estar condicionada à extrema necessidade não podendo, portanto, ser usado ao acaso. Em regra, nas citações não se coloca trechos que o autor não colocou, caso seja necessária a utilização de algum termo seu, este deve aparecer entre colchetes, exemplo:TEXTO ORIGINAL: ‘Desta forma, podemos perceber que encontra sua realidade na sociedade’TEXTO MODIFICADO BUSCANDO MELHOR ENTENDIMENTO: ‘Desta forma, podemos perceber que [a arte] encontra sua realidade na sociedade’Caso necessário suprimir algum trecho da citação, deve-se indicar essa supressão por meio da figura: (...).LEMBRE-SE: Esta apostila é a base para o trabalho. Este será realizado pelo aluno com a orientação do professor de Metodologia que corrigirá não apenas a parte intelectual mas também a parte formal. Lembramos, no mais, que ainda teremos encontros para sanar possíveis dúvidas, o importante é começar a pesquisar sobre o tema para o próximo encontro.


Qualquer dúvida, sugestão, reclamação, pedido de ajuda ou de bibliografia entre em contato pelo e-mail: [email protected]


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