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1 INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATI SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA CLARYANA BARBOSA LEAL BUNDLE PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÕES EM CATETER VENOSO CENTRAL

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INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATI

SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA

CLARYANA BARBOSA LEAL

BUNDLE PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÕES EM CATETER VENOSO

CENTRAL

TERESINA- PI

2018

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CLARYANA BARBOSA LEAL

BUNDLE PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÕES EM CATETER VENOSO

CENTRAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Terapia Intensiva, do InstitutoBrasileiro de Terapia Intensiva, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva.

Orientador: Prof. Me. Marttem Costa

Santana

TERESINA - PI

2018

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CLARYANA BARBOSA LEAL

BUNDLE PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÕES EM CATETER VENOSO

CENTRAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Terapia Intensiva, do InstitutoBrasileiro de Terapia Intensiva, como requisitoparcial para obtenção do título de Mestre emTerapia Intensiva.

Aprovada em: ______/______/ _______.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Prof. Me. Marttem Costa De SantanaInstituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI

Presidente (Orientador)

_____________________________________________________Prof. Dr. Douglas Ferrari Carneiro

Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI Examinador Interno

______________________________________________________Prof. Dr. Edilson Gomes de Oliveira

Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI Examinador Interno

______________________________________________________Prof.ª M.a Vicença Maria Azevedo de Carvalho Gomes

Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI Examinadora Interna

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RESUMO

O objeto deste estudo é sobre a utilização Bundle para prevenção de infecções em cateter venoso central. A infecção cateter venoso central (ICVC) representa um dos principais problemas da assistência à saúde, com consequente impacto na morbidade e mortalidade dos pacientes, principalmente daqueles que, em decorrência da gravidade de sua doença, necessitam de um cateter. Realça-se, recentemente, acerca da segurança do paciente, que reavaliar as práticas assistenciais prestadas com a utilização de um conjunto de boas práticas denominado Bundle é uma orientação para a redução dessas infecções. Objetivos: investigar a utilização de Bundles para prevenção de IPCS em pacientes em uso do CVC. Trata-se de um estudo de revisão da literatura, por meio de pesquisa na Biblioteca Virtual de Saúde, a partir dos descritores: Pacotes de Assistência ao Paciente, Unidades de Terapia Intensiva, Controle de Infecções, Cateteres Venosos Centrais, Sepse. Visualiza-se o Bandle como um instrumento para orientação, avaliação e melhoria do cuidado referente às ações tais como: a higienização das mãos antes e após o manuseio do CVC e do sistema de infusão; uso de luvas não estéreis e desinfecção das conexões antes de serem acessadas; troca do sistema de infusão no tempo adequado com identificação da data; troca correta do curativo do sítio de inserção do CVC e documentação da avaliação diária do sítio de inserção do CVC. A evidencia científica mais utilizada para a prevenção da IPCS em pacientes em uso do CVC se encontram nas diretrizes do Centers for Disease Control and Prevention (CDC). No Brasil, deve -se seguir as diretrizes da Agência nacional de vigilância Sanitária (ANVISA). A aplicação do Bundle contribui para a ação equipe de forma interdisciplinar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com o objetivo de contribuir para uma assistência de qualidade mais uniforme e personalizada. Entende-se que a prática do cuidado em equipe, com o apoio do Bundle, modifica o pensar e a ação voltadas para a segurança do paciente.

Palavras-chave: Pacotes de Assistência ao Paciente. Unidades de Terapia Intensiva. Controle de Infecções. Cateteres Venosos Centrais. Sepse.

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ABSTRACT

The object of study of this research is about the use Bundle for prevention of central venous catheter infections. Central Venous Catheter Infection (CVCI) represents one of the main health care problems, with a consequent impact on the morbidity and mortality of patients, especially those who, due to the severity of their disease, require a catheter. It has been recently emphasized about the patient safety that the reassessment of the care practices provided with the use of a set of good practices called Bundle is a guideline for the reduction of these infections. Objectives: To investigate the use of Bundles for prevention of PSCI in patients using CVC. It is a study of literature review, through a research in the Virtual Health Library, from the descriptors: Patient Care Bundles, Intensive Care Units, Infection Control, Central Venous Catheters, Sepsis. Bundle is envisioned as an device for guiding, evaluating and improving care related to actions such as: hand hygiene before and after handling the CVC and infusion system; use of non-sterile gloves and disinfection of the connections before being accessed; exchange of the infusion system at the appropriate time with date identification; correct replacement of the bandage of the insertion site of the CVC and documentation of the daily evaluation of the insertion site of the CVC. The most commonly used scientific evidence for the prevention of PSCI in patients using CVC is found in the Centers for Disease Control and Prevention (CDC) guidelines. In Brazil, the guidelines of the National Sanitary Surveillance Agency (ANVISA) must be followed. The application of the Bundle contributes to the team action in an interdisciplinary way in the Intensive Care Unit (ICU), with the objective of contributing to a more uniform and personalized quality care. It is understood that the careful teamwork practice, with the support of the Bundle, modifies the thinking and action aimed at the patient safety.

Keywords: Patient Care Bundles. Intensive Care Units. Infection Control. Central Venous Catheters. Sepsis.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 5

2. REFERENCIAL TEMÁTICO 10

2.1 O Uso do Bundle para manuseio do CVC com vistas à prevenção de IPCS 10

2.2 As evidências científicas para prevenção de IPCS em pacientes em uso do CVC. 11

3. PERCURSO METODOLÓGICO 13

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 14

4.1. As evidências científicas para Bundle para prevenção de infecções em cateter

venoso central

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5. CONCLUSÃO 19

REFERÊNCIAS

1 INTRODUÇÃO

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As Infecções Primárias da Corrente Sanguínea (IPCS), estão entre as infecções

relacionadas à assistência a saúde e associadas a importantes desfechos desfavoráveis. O uso

do Cateter Venoso Central (CVC) de curta permanência, utilizado principalmente em

Unidades de Terapia Intensiva (UTI), é apontado como um dos principais fatores de risco para

o desencadeamento da infecção. Trata-se de um procedimento habitual em UTI, necessitando

que boas práticas assistenciais sejam aplicadas desde sua inserção, durante o manejo, até o

momento da sua retirada.

O CVC, também conhecido como acesso central, compreende um cateter colocado

numa veia de grande calibre. Na prática clínica, as mais utilizadas são: as veias subclávias

(localizadas no tórax), as veias jugulares internas (no pescoço) e as veias femorais

(localizadas na região inguinal) (ANDRADE et al., 2010).

Podem ser classificados como cateter de curta permanência (inseridos por punção de

veia femoral, subclávia e jugular interna); ou cateter de longa permanência como o cateter

venoso central de inserção periférica (PICC), os cateteres semi-implantados (Broviac e

Hickman) e os totalmente implantados (Port-a-Cath) (SANTOS et al., 2014).

O cateter central de curta permanência apresenta recomendações específicas, onde as

principais indicações são: Necessidade de monitorização hemodinâmica (Medida da Pressão

Venosa Central – PCV); Administração rápida de drogas, hemoderivados e expansores de

volumes em pacientes com instabilidade hemodinâmica instalada ou previsível; Pacientes sem

reais condições de acesso venoso por venóclise periférica; Acesso imediato para terapia

dialítica; Administração concomitante de drogas incompatíveis entre sí (Utilização de

cateteres múltiplos lúmens); Administração de soluções/medicamentos que não podem ser

administrado via periférica e quando o plano infusional previr necessidade de acesso por mais

de 21 dias (cateteres de média a longa permanência) (ANVISA, 2017).

Embora muito utilizada em ambientes de emergência e UTI, a cateterização venosa

central apresenta complicações, dentre as principais estão: Infecções da corrente sanguínea

(IPCS associadas à CVC ou infecções relacionadas ao CVC); Hemorragias, Pneumotórax;

Mau posicionamento (ex: artéria carótida ou femoral); Arritimias (Causado mediante o

contato do cateter com o endocárdio); Trombose venosa profunda, etc (SANTOS et al. 2014).

A mortalidade atribuída às IPCS, nos Estados Unidos da América (EUA), geralmente

ultrapassam os 10%, podendo alcançar 25% em pacientes de maior risco. Já no Brasil, o

estudo Brazilian SCOPE (Surveillance and Control of Pathogens of Epidemiolocal

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Inportance) encontrou uma taxa de mortalidade de 40%. A diferença da mortalidade entre os

países possui, como possível causa a etiologia da infecção, visto que nos EUA nenhum

microorganismo Gram-negativo ocupam os 4 primeiros lugares em frequência na etiologia.

Enquanto no Brasil, isolados de Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter spp, são responsáveis

pelo terceiro e quarto lugar entre os principais responsáveis pela IPCS, respectivamente

(MARRA et al., 2011).

Na etiologia da IPCS, durante as duas primeiras semanas, predomina a colonização

extraluminal, ou seja, as bactérias da pele alcançam a corrente sanguínea a partir de biofilmes

formados na face externa do dispositivo. Após esse período, o aumento na manipulação do

hub favorece a contaminação, prevalecendo a colonização da via intraluminal. Como terceiro

mecanismo possível de IPCS, está a infusão de soluções contaminadas (Seja pela adoção de

práticas inadequadas ou pelas falhas em se seguir recomendações preconizadas de injeção

segura). Embora rara, ainda ocorre a colonização da ponta do dispositivo através da

disseminação hematogênica, com subsequente ICS (ANVISA, 2017).

Os técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2010), determinaram que os

indicadores de infecção de corrente sanguínea em pacientes em uso de CVC, em UTI,

deveriam ser notificados obrigatoriamente no âmbito nacional e baseado em um manual de

condutas para a realização da somatória da infecção.

O controle e a avaliação dos resultados do indicador de IPCS faz-se necessário ser de

conhecimento de todos os profissionais de saúde que inserem e mantêm os cateteres, pelas

Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), pelos gestores e líderes das UTI, pelos

profissionais que manejam os recursos materiais e financeiros e pelo próprio paciente

(ANVISA, 2017).

A equipe interdisciplinar contribui bastante para uma a reversão e amenização do

quadro de infecção, tendo em vista que as ações direcionadas à prevenção dessas infecções

fazem parte do uso de suas atribuições, de forma que estejam envolvidos na inserção, no

cuidado e na manutenção do CVC (ANVISA, 2017).

Cada estabelecimento de saúde tem o dever de reavaliar as práticas assistenciais

direcionadas aos pacientes, bem como implantar um programa de redução de infecção com

base em suas características, a partir da utilização de Bundles. Um conjunto de intervenções

baseadas em evidências, direcionados a uma população de pacientes, com o intuito de

estabelecer cuidados básicos (ANDRADE et al., 2010). Termo também encontrado nos

Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) como: Pacotes de assistência ao paciente.

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O Bundle de prevenção de IPCS compreende uma estratégia de intervenção, através de

medidas simples e eficazes, visando modificar a assistência aos pacientes que estão em uso do

CVC, proporcionando mais qualidade à prática do cuidado (BRACHINE et al., 2012).

A estratégia de pacotes de assistência ao paciente materializa um grupo de boas práticas

(três a seis processos), as quais são estabelecidas cientificamente, referindo-se a determinados

agravos à saúde. Resultam na melhoria do cuidado e, quando implementadas, apresentam um

melhor resultado. Essas práticas são apresentadas para uma equipe de cuidado, a qual deve

cumprir as diretrizes determinadas no Bundle (CALIL; SILVINO; VALENTE, 2013).

Segundo Oliveira et al. (2016), visando diminuir essas infecções, o Institute for

Healthcare Improvement (IHI), elaborou intervenções próprias para pacientes com CVC,

classificadas como Bundle do CVC, sendo elas:

1 - Higienização das mãos;

2 - Uso de precaução de barreira máxima;

3 - Antissepsia da pele com clorexidina;

4 - Seleção do melhor local para passagem do CVC, considerando a Veia Subclávia

(VSC) como sítio preferencial, evitando-se a cateterização da veia femoral em adultos;

5 - Revisão diária da necessidade de permanência do CVC, retirando os que não têm

mais indicação de uso.

A iniciativa do presente estudo originou-se a partir de experiências vivenciadas em um

hospital de grande porte, onde pode-se observar o grande número de casos de infecção da

corrente sanguínea relacionado a cateter venoso central, percebendo uma necessidade de se

avaliar os processos de trabalho correlacionados com os resultados dos cuidados tendo em

vista melhorar e/ou redirecionar a qualidade da assistência à saúde. Trata-se de um tema

relevante que pode fornecer subsídio para a redução dos índices de infecção de corrente sanguínea

relacionada ao cateter, a partir da aplicação de um instrumento composto medidas assistenciais

simples. Neste contexto, surgem os seguintes questionamentos: quais são as evidencias

científicas para a aplicação do Bundle? Quais os padrões e critérios para aplicação do Bundle

na prevenção de infecções em CVC?

Assim, esta pesquisa tem como objetivo geral: Investigar a utilização de Bundles para

prevenção de IPCS em pacientes em uso do CVC.

O papel da equipe interdisciplinar é de extrema importância na realização de técnicas

adequadas de manipulação dos cateteres e medidas de prevenção de sepses, sendo que a chave

para o controle das infecções de cateter é a educação continuada dos profissionais de saúde,

devendo rever frequentemente os protocolos de cuidado ao acesso vascular, cuja padronização

deve ser clara e disponível a todos. Diante disso, o respectivo trabalho propõe a utilização do

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método Bundles de prevenção de infecções, contribuindo para a qualidade da assistência

prestada ao cliente.

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2 REFERENCIAL TEMÁTICO

Nessa sessão apresentaremos o uso do Bundle (pacotes de assistência ao paciente), para

manuseio do CVC com vistas à prevenção de IPCS, bem como as evidências científicas para a

prevenção de IPCS em pacientes em uso de CVC.

2.1 O USO DO BUNDLE PARA MANUSEIO DO CVC COM VISTAS À PREVENÇÃO

DE IPCS

Os técnicos da Anvisa orientam que cada estabelecimento de saúde deverá reavaliar as

práticas assistenciais prestadas aos pacientes e implantar um programa de redução de

infecção, de acordo com suas características, com a utilização de "Bundles" (ANDRADE et

al, 2010). O pacote de assistência ao paciente se apresenta como uma estratégia de

intervenção com medidas simples e eficazes, que permitirá repensar a assistência dedicada aos

pacientes em uso do CVC (ANVISA, 2010).

A estratégia Bundle reuni um grupo de boas práticas, referentes a determinados agravos

a saúde, que particularmente procedem em melhoria da assistência, no entanto ao serem

implementadas em conjunto, geram melhorias ainda mais substanciais. As evidências

científicas confirmam que cada ação do Bundle está cientificamente estabelecida a ponto de

ser consideradas como cuidado padrão. Diretrizes específicas para a patologia devem ser

pesquisadas antes da disseminação do Bundle e sua adesão pode ser facilmente mensurada

através da avaliação da execução de cada ação e do Bundle como um todo (DALLÉ et al,

2012).

O primeiro Bundle foi desenvolvido pelo Institute Healthcare Improvement (IHI) e foi

criado visando à redução de infecção do CVC por meio de intervenções a serem aplicadas

desde sua inserção até sua remoção. Sendo a avaliação diária necessária, visando determinar a

necessidade de manutenção, bem como a possibilidade de remoção (DALLÉ et al, 2012).

Na literatura vigente, pode-se encontrar publicações de trabalhos que mostram a

redução da incidência da IPCS em pacientes em uso do CVC por meio da implementação de

Bundle para manuseio deste cateter. No entanto, esses trabalhos não apresentam os resultados

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da avaliação das ações que são executadas e, por conseguinte, não descrevem os padrões e

critérios necessários para essa avaliação.

A forma como o Bundle foi conceituada e desenvolvida pelo IHI se vincula com a

gestão por processos buscando a melhoria da qualidade do cuidado. A gestão por processos

está fundamentada na prática baseada em evidência, na investigação e na vigilância de como

são desenvolvidas as ações direcionadas para um resultado satisfatório (CALIL; SILVINO;

VALENTE, 2013).

O Bundle no contexto dos serviços de saúde é uma estratégia que articula a gestão por

processos e a segurança do paciente tendo o paciente como foco. Assim, faz-se necessária a

compreensão dessas dimensões para que as boas práticas abordadas no pacote de assistência

ao paciente sejam concretizadas em conformidade com as evidências científicas que as

fundamentam.

2.2 AS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS PARA PREVENÇÃO DE IPCS EM PACIENTES

EM USO DO CVC

Quando se busca evidências sobre melhoria da qualidade e gestão por processos, o

Bundle é evidenciado como um instrumento, uma vez que incentiva os profissionais a

executarem práticas baseadas em evidências científicas constituindo um compromisso com a

qualidade do cuidado. Permite também a monitorização e avaliação da execução dessas

práticas como forma de mostrar para a equipe assistencial onde estão ocorrendo falhas para

que assim seja possível a reorganização do processo (POGORZELSKA et al., 2011).

As evidências científicas confirmam que cada ação do Bundle deve estar

cientificamente estabelecida a ponto de serem consideradas o cuidado padrão, ou seja, uma

prática geralmente aceita, recomendada com base no melhor nível de evidência. É possível

considerar que, o melhor nível de evidência nem sempre está disponível. Neste sentido, as

evidências para que uma medida de qualidade possa ser válida, podem consistir de diretrizes

para a prática clínica, uma revisão científica de boa qualidade bem como um ou mais estudos

de pesquisa indexados em bibliotecas da área de saúde ou publicados em revistas

conceituadas (POGORZELSKA et al., 2011).

As ações que serão executadas necessitam estar adaptadas ao local onde serão

desenvolvidas de modo que não ocorra uma desconexão e um impedimento para que sejam

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praticadas. É importante o compromisso por parte de toda a equipe envolvida na execução do

Bundle. Para isto, as ações devem ser realizadas e sustentadas sem gasto de energia adicional

(OLIVEIRA et al, 2016).

A padronização dos processos de cuidado deve ser estabelecida determinando o que se

quer alcançar em termos de cuidado e permitindo que os profissionais executem as ações com

o melhor rigor possível e com um nível elevado de adesão (OLIVEIRA et al, 2016).

É necessário que as ações do Bundle sejam dimensíveis. Cada ação deve ser medida

como adequada ou inadequada, realizada ou não realizada. Já a adesão ao Bundle significa a

execução de todas as ações em conjunto. Em relação as ações para prevenção de IPCS em

pacientes em uso do CVC que constam no Bundle, foi possível redefini-las com o pensamento

de que não somente o manuseio do CVC deve ser considerado na transmissão de agentes

infecciosos, mas também todo o sistema de infusão considerando a possibilidade de

contaminação intraluminal e extra luminal (KOUTZAVEKIARIS et al., 2011).

Em contrapartida, uma outra ação importante acrescentada e que não constava

inicialmente nas sugeridas pelo CDC e Anvisa foi o uso de luvas não-estéreis para manusear o

CVC e o sistema de infusão determinando assim, a importância de uma técnica asséptica para

a prevenção da IPCS. No entanto, esta técnica asséptica não obriga necessariamente o uso de

luvas estéreis diferentemente do momento do curativo do sítio de inserção

(KOUTZAVEKIARIS et al., 2011).

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3 PERCURSO METODOLÓGICO

Trata-se de um estudo de revisão de literatura a qual fez uso de estratégia sistematizada

para agrupar e produzir resultados de estudos sobre um determinado tema, com o objetivo de

aprofundar e reforçar o conhecimento científico de determinadas áreas e subsidiar a tomada

de decisões dos profissionais (SOUSA; SILVA; CARVALHO, 2014).

Para a construção de uma revisão literatura é necessário seguir seis etapas distintas: a

identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa; estabelecimento de

critérios para inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou busca na literatura; definição das

informações a serem extraídas dos estudos selecionados/categorização dos estudos; avaliação

dos estudos incluídos; interpretação dos resultados; e apresentação da revisão/síntese do

conhecimento (ERCOLE; MELO; ALCOFORADO, 2014).

O estudo foi realizado pela busca de dados na Biblioteca Virtual da Saúde (BVS) e

banco de dados da IBRATI com os seguintes descritores: Pacotes de Assistência ao Paciente,

Unidades de Terapia Intensiva, Controle de Infecções, Cateteres Venosos Centrais, Sepse. Os

critérios de inclusão foram os artigos e teses de monografias que apresentavam texto completo

e em português e inglês, os quais se encontravam no período de 2010 a 2017 e que estavam

relacionados ao tema. E os critérios de exclusão foram textos que não apresentaram relação

com a temática, revisões, dissertações, livros e os artigos fora do recorte temporal.

Os dados foram coletados por meio das seguintes variáveis: Título, Base de dados, Ano

de publicação, Região da publicação, Abordagem metodológica, Periódicos e Contribuição do

estudo.

Depois de realizada a busca na base de dados encontraram-se 250 artigos relacionados

aos descritores. Ao filtrar para artigos em português e inglês, resultaram em 190, destes,

foram excluídos 134 ao fazer o filtro com texto completo. Posteriormente, foram selecionados

aqueles que apresentaram relação com a temática, ficando assim 56 artigos, sendo excluídos

42 artigos por não se enquadrarem no recorte temporal, o que resultou em uma amostra final

de 14 artigos.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com as informações obtidas após a busca, elaborou-se uma tabela que

mostra a caracterização dos estudos encontrados, de acordo com o proposto na

metodologia.

Tabela 1 - Caracterização dos estudos segundo Ano de Publicação, Abordagem

Metodológica, Região e Periódicos (n= 14).

Ano de publicação Nº %2010 1 7,12012 2 14,22013 1 7,12014 6 42,62016 3 21,32017 1 7,1

Abordagem MetodológicaQuali-quanti 1 7,1Qualitativa 10 71Quantitativa 3 21,3

Região GeográficaCentro-oeste 2 14,2Nordeste 1 7,1Sudeste 5 35,5Sul 5 35,5Internacional 1 7,1

PeriódicosEscola Ana Nery 1 7,1Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva 2 14,2Manual de Medidas de Prevenção de Infecção Relacionadas à Assistência e a Saúde (ANVISA)

1 7,1

Revista Brasileira de Terapia Intensiva 1 7,1Revista de Enfermagem da UFSM 1 7,1Revista de Medicina de Minas Gerais 1 7,1Revista Eletrônica de Enfermagem do Vale do Paraíba 1 7,1Revista Gaúcha de Enfermagem 1 7,1Revista HCPA 1 7,1Revista Portuguesa de Saúde Pública 1 7.1Revista SOBECC 1 7.1Universidade Federal do Goiás 1 7.1Universidade Federal Fluminense 1 7.1Fonte: Autoria própria (2017).

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De acordo com os dados desta tabela, verificou-se que houve publicação entre os anos

de 2010 a 2017, com destaque para os anos de 2014, com 6 artigos (42,6%), o ano de 2016

com 3 artigos (21,3%), e o ano de 2012 com 2 artigos (14,2%). Considerando-se a abordagem

metodológica, notou-se uma maior predominância da pesquisa qualitativa, com 10 artigos

(71%). Em se tratando da região geográfica dos estudos, destacou-se as Regiões Sul e Sudeste

com 5 publicações (35,5%), e a região Centro-Oeste com 2 publicações (14,2%), tendo as

demais regiões apenas 1 publicações cada (7,1%), observando-se, com isso, um maior

interesse das regiões Sul e Sudeste em estudar sobre o tema. Os Periódicos do Instituto

Brasileiro de Terapia Intensiva apareceram com 02 publicações (14,2%) e foram o que mais

se destacaram, as demais apareceram com 01 publicação cada (7,1%).

Os estudos trabalhados foram classificados para demonstrar as evidências científicas

para prevenção de IPCS em pacientes em uso do CVC e os padrões e critérios para avaliar o

Bundle para prevenção de infecções em cateter venoso central, conforme está descrito no

Quadro 1.

Quadro 1 — Classificações dos estudos segundo Título do artigo, Autor, Contribuição

e Nível de Evidência.

Nº Autor Título do Artigo Contribuição Nível de Evidência

I ANVISA/2017 Medidas de Prevenção de Infecção

Relacionada à Assistência à Saúde.

Sabe-se que a infecção leva a considerável elevação dos custos no cuidado do paciente, além de aumentar o tempo de internação, a morbidade e a mortalidade nos serviços de saúde do país.

IV

II Brachine; Peterlini;

Pedreira/ 2012

Método Bundle na redução de infecção de

corrente sanguínea relacionada a cateteres

centrais: revisão integrativa.

Identificar intervenções baseadas em evidência que compõem o método Bundle, designados à redução de infecção de corrente sanguínea relacionada ou associada a cateter

I

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intravenoso central.

III Calil; Silvino; Valente/ 2013

Bundle para manuseio do cateter venoso central: pesquisa

exploratória e descritiva.

Prevenção de Infecção Primária de Corrente Sanguínea (IPCS) em pacientes em uso de Cateter Venoso Central (CVC).

I

IV Coutinho/2010 Avaliação do impacto da implementação das medidas preventivas

do Bundle de ventilação mecânica.

Eficácia das medidas preventivas inseridas no Bundle de VM na redução dos episódios de PAV.

I

V

Dallé et al./2013

Infecção relacionada a cateter venoso central após a Implementação

de um conjunto de medidas preventivas

(Bundle) em centro de terapia intensiva..

A redução das taxas de infecção relacionadas a CVC no centro de terapia intensiva (CTI) adulto, através da implementação de um conjunto (Bundle) de medidas preventivas utilizando a vigilância do processo de inserção e manutenção de CVC.

III.2

VI Oliveira et al./2016

Comportamento da equipe

multiprofissional frente ao Bundle do

Cateter Venoso Central na Terapia

Intensiva.

Analisar o comportamento das equipes de enfermagem e médica relacionada ao Bundle de inserção e às boas práticas no manejo do Cateter Venoso Central.

I

VII Pina et al./2010 Infecções associadas aos cuidados de saúde e segurança do doente.

Os principais riscos são os associados à presença de dispositivos invasivos, procedimentos cirúrgicos e a infecções por microrganismos multirresistentes que, na atualidade, representam uma ameaça significativa devido ao impasse terapêutico que originam.

III.2

VIII Prates et al./ 2014

Impacto de programa multidisciplinar para

redução das densidades de

Infecções hospitalares adquiridas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) têm custo elevado

I

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incidência de infecção associada à assistência

na UTI de hospital terciário em Belo

Horizonte.

e podem representar uma deficiência da qualidade da assistência.

IX Rocha/ 2016 Uso dos Bundles na prevenção das iras na

terapia intensiva.

Apoio para a prevenção e redução das principais IRAS, como as Infecções do Trato Respiratório, Trato Urinária e Corrente Sanguínea, contribuindo para a redução de riscos nos serviços de saúde do Brasil.

I

X Santana/2014 Dilemas éticos em unidades de terapia

intensiva.

Na UTI, o processo de assistência ao paciente é ininterrupto e especializado, o que favorece a qualidade no atendimento.

I

XI Santos; Zago; Giaretta/ 2014

Infecção hospitalar associada ao uso do

cateter venoso central e seus cuidados.

Para evitar tal infecção, surgem os Bundles, pacote de medidas simples e de fácil acesso, reconhecidos pela ANVISA e pelo COREN

III.2

XII Santos et al./ 2014

Ações de Enfermagem na prevenção de

Infecção Primária de Corrente Sanguínea (IPCS) em pacientes

em uso de Cateter Venoso Central

(CVC): uma revisão integrativa

Identificar as ações de enfermagem para a prevenção de infecções primárias da corrente sanguínea.

I

XIII Shimabukuro; Paulon;

Feldman/ 2014

Implantação de Bundles em unidade de terapia intensiva: um relato de experiência.

Demonstrar o processo de implantação dos três Bundles em unidade de terapia intensiva, relacionados à prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica, infecção de corrente sanguínea associada ao cateterismo venoso central e infecção do trato urinário associado

IV

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19

à sondagem vesical de demora.

XIV Yoshida/2016 Análise da utilização de Bundle de

prevenção de infecção primária de corrente

sanguínea relacionada a cateter venoso

central, em unidades de terapia intensiva de um hospital público de

goiás.

As Infecções Primárias da Corrente Sanguínea associadas ao Cateter Venoso Central (IPCSL/CVC) estão entre as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde frequentes e associadas a maior tempo de internação, elevada morbimortalidade e custos para serviços de saúde.

III.1

Fonte: Autoria própria (2017).

Neste quadro, destacaram-se os principais pontos abordados nos artigos. Após

avaliação criteriosa, evidenciou-se que 9 (64,2%) dos artigos utilizados abordavam a

aplicabilidade do Bundle nas UTI para redução das infecções relacionadas à assistência em

saúde. Destes, 1 artigo (7,1%) abordava a aplicabilidade do Bundle na prevenção da infecção

relacionada à ventilação mecânica e 8 artigos (57,06%) a aplicabilidade do Bundle na

prevenção da infecção relacionada a CVC.

As infecções relacionadas a saúde, bem como suas formas de prevenção foram

destacados em 4 artigos (28,4%) e 1 artigo (7,1%) nos apresentou os dilemas éticos em UTI.

Diante da análise e conforme a similaridade semântica do conteúdo criou-se uma

categoria, como se segue.

4.1. As evidências científicas para Bundle na prevenção de infecções em cateter venoso

central

Os cuidados de saúde acarretaram ganhos de saúde sem precedentes às novas gerações

de doentes e seus familiares. As infecções relacionadas à assistência de saúde (IRAS)

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incluem-se hoje entre as complicações mais frequentes da hospitalização (SANTOS; ZAGO;

GIARETTA, 2013).

Estas são consideradas um grave problema de saúde pública. Seu aumento no decorrer

dos anos, através dos avanços tecnológicos, esta relacionados aos procedimentos invasivos

utilizados para diagnóstico e tratamento de doenças causadas por microrganismos

multirresistentes aos antimicrobianos. As políticas públicas de implantação do Sistema Único

de Saúde (SUS) procuram uma mudança do modelo assistencial, por meio da formação e a

educação continuada, concebendo os esforços para o controle de infecção, na sua

interdisciplinaridade e intersetorialidade. Surgiu assim, a definição do IHI pela Organização

Mundial de Saúde (OMS), em 12 de maio de 1998, como um instituto que controla a

probabilidade de infecção após a admissão do paciente, onde cuja manifestação ocorreu

durante a internação ou após a sua alta (ROCHA, 2016).

Visando a segurança do paciente no que diz respeito a redução da incidência e da

gravidade das IRAS. Os técnicos da ANVISA (2010), desenvolveram normas e diretrizes para

reduzir em 30% a densidade de incidência de IPCS em pacientes em uso de CVC. Neste

contexto, orienta que cada estabelecimento de saúde deverá reavaliar as práticas assistenciais

prestadas aos pacientes e implantar um programa de redução de infecção de acordo com suas

características, a partir da utilização de Bundles.

Tal programa se torna uma estratégia de intervenção através de medidas simples e

eficazes, que possibilitam repensar a assistência dedicada aos pacientes em uso do CVC,

proporcionando qualidade à prática do cuidado intensivo. Particularmente, decorrem da

melhoria do cuidado e quando implementadas juntas oferecem um resultado ainda melhor.

Essas práticas são agrupadas, apresentadas para uma equipe de cuidado, a qual deve cumprir

os critérios do Bundle (DALLÉ et al., 2013).

Dallé et al. (2012), relata que para prevenção de IPCS em pacientes em uso do CVC,

seis ações são recomendadas, são elas:

1 - Desinfecção com clorexidina 0,5%;

2- Troca de sistema de infusão no tempo adequado em 36 h;

3 - Identificação da data de troca do sistema de infusão;

4 - Troca correta de curativo em 24 horas;

5 - Higienização das mãos antes e após o manuseio do acesso vascular;

6 - Documentação da avaliação diária do sítio de inserção do cateter.

As ações da equipe interdisciplinar para prevenção de IPCS em pacientes em uso do

CVC se apresentam definidas nas diretrizes nacionais e internacionais estando incorporadas

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nas práticas assistenciais de todos os membros, ainda de maneira incipiente. No entanto, a

mudança de comportamento constitui um dos principais desafios educacionais. Os projetos

que visam melhorias concentram maior parte dos esforços no trabalho técnico, falhando nos

desafios adaptativos. Como exemplo, pode-se citar: profissionais que não apoiam o projeto,

falha de suporte da liderança ou profissionais relutantes em mudar a sua prática (ANVISA,

2017).

A finalidade do pacote de medidas é manter a “visão” da prevenção e controle das

infecções; é conseguir com o acompanhamento das taxas, avaliar possíveis fatores de risco,

direcionar as ações (recursos humanos, materiais e tempo), fornece suporte ou assessoria

administrativa, motivar a equipe de saúde para a melhoria contínua (DALLÉ et al., 2013).

A partir desse conjunto de ações, levando em consideração promover a segurança do

paciente, o estabelecimento individual e coletivo de medidas para prevenir e intervir na

ocorrência de eventos adversos infecciosos e sobre o risco ao paciente. A aplicação dos

conceitos da vigilância epidemiológica a esses eventos evitáveis e o embasamento para a sua

identificação oportuna e a obtenção de informações de qualidade para a ação, orientados pela

magnitude, a severidade, a dimensão e o potencial de disseminação do evento infeccioso

(PINA et al.,2010).

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4 CONCLUSÃO

O uso de Bundle é um tema bastante atual que está ligado a segurança do paciente, além

do fato de ser enfatizado por especialistas e organizações internacionais como método eficaz

para prevenir e reduzir infecção de corrente sanguínea.

A aplicação do Bundle de prevenção proporciona benefícios à qualidade da assistência e

segurança do paciente, través da estruturação e padronização de processos baseados em

evidências científicas. Desse modo, essa estratégia reúne cuidados específicos e fundamentais

para a segurança do paciente por promover resultados significativamente melhores quando

aplicados em conjunto e de modo sistematizado para todos os pacientes.

O dispositivo de assistência CVC é utilizado, principalmente, para monitorização

hemodinâmica, administração de medicamentos, fluidos, hemoderivados, nutrição parenteral

(NPT) e terapia renal substitutiva. É indicado também para pacientes que não apresentam

condições de acesso venoso periférico, podendo permanecer para uso por períodos

prolongados Apesar de necessário, o procedimento de cateterismo venoso central não está

isento de complicações, pelo contrário, expõe os pacientes a diversos riscos, inclusive a

Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS).

Com base nisso, nota-se que existem várias literaturas que abordam as condutas e as

intervenções dos profissionais quanto às variadas doenças dos estudos analisados, porém é

possível concluir a escassez de artigos nacionais que descrevem o uso dessa ferramenta na

prevenção de ICSRC.

Foi possível, contudo, identificar aspectos importantes à prática clínica. As intervenções

baseadas em evidência que estão sendo utilizadas nos Bundles podem ser aplicadas para

qualquer tipo de população ou dispositivo central e, por serem implementadas em conjunto,

geram resultado significativo na redução das taxas de infecção de corrente sanguínea.

Nos Bundles, diferente dos protocolos convencionais, nem todas as medidas

terapêuticas possíveis precisam estar inclusas, porém é necessário um agrupamento mínimo e

simples de práticas baseadas em evidências. A escolha das intervenções a serem incluídas

nessa estratégia deve considerar custo, facilidade de implementação e adesão a essas medidas.

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A partir da análise dos Bundles propostos nos artigos analisados durante a pesquisa,

associado às recomendações da ANVISA, pode-se agrupar algumas intervenções para a

construção de um Bundle ideal do CVC, como segue:

BUNDLE DO CVC

1Escolha adequada do sítio de inserção, dando preferência às veias subclávias (VSC) e

evitando as veias femorais (maior risco de IPCS).

2

Higienização as mãos antes e após a inserção do cateter e antes de qualquer tipo de

manipulação.

A higienização deve ser realizada com água e sabonete líquido quando

visivelmente sujas ou contaminadas com sangue e outros fluidos.

A preparação alcóolica (60 – 80%) deve ser usada quando não estiver

visivelmente suja.

3

Utilização de barreira máxima estéril no momento da inserção.

Todos os profissionais envolvidos devem estar devidamente paramentados

com máscara, gorro, avental estéril de manga longa, luvas estéreis, óculos de

proteção.

Utilização de campos estéreis ampliados que cubram todo o corpo do

paciente.

4

Realização do preparo da pele com solução alcóolica de gliconato de clorexidina >

0,5%.

Aplicação de 30s com movimentos de vai e vem e aguardando a secagem

espontânea antes de proceder a punção.

A degermação prévia é indicada na presença de sujidade visível.

5

Troca correta do curativo, utilização de técnica asséptica (Usar cobertura transparente

estéril ou gaze e fita adesiva estéril para cobrir o sítio de inserção).

Na presença de sangramento, utilizar gaze e fita adesiva estéril (Preferência).

Trocar cobertura com gaze e fita estéril a cada 48h.

Trocar cobertura transparente a cada 7 dias.

Toda cobertura deve ser trocada imediatamente quando suja, solta ou úmida.

6 Desinfecção das conexões com solução antisséptica a base de álcool, aplicando

movimentos de fricção de 5 a 15s.

Trocar os conectores em intervalo de 96h.

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Trocar conectores mediante presença de sujidade, sangue, desconexão do

cateter ou sistema de infusão.

7

Troca adequada do sistema de infusão.

Troca de equipos de infusão contínua a cada 96h;

Troca de equipos de administração intermitente a cada 24h;

Minimizar o uso de equipos e extensores com vias adicionais.

8Documentação e avaliação diária do sítio de inserção.

Remoção do cateter quando desnecessário.

Associar as práticas de controle de infecção a fim de atenuar o potencial risco para as

infecções hospitalares e se preciso realizar intervenções corretivas é necessário para garantir

qualidade e melhorias no desempenho dos processos de saúde.

Principalmente quando é levado em consideração que algumas condições externas ao

paciente, como realização incorreta das técnicas, não cumprimento de normas de proteção ao

paciente e os profissionais de saúde não realizarem educação permanente, interferem

consideravelmente no aumento do risco de IPCS relacionada a CVC.

O cumprimento de programas de educação direcionados aos profissionais de saúde

responsáveis pela inserção e cuidados na manutenção do cateter é uma medida com boa

recomendação para prevenção de infecção de corrente sanguínea, bem como a avaliação

periódica do conhecimento dessa equipe e a adesão às medidas de controle na prática

profissional.

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