WALLACE VILAS BOAS SIQUEIRA [email protected] O ... · LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 Conta de Luz...
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WALLACE VILAS BOAS SIQUEIRA
O MICROCONTROLADOR ARDUINO COMO UMA
CENTRAL DE MONITORAMENTO DE CONSUMO DE
ENERGIA ELÉTRICA
Monografia apresentada ao Curso de
Engenharia de Produção do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas
Gerais como parte dos requisitos para a
obtenção do Grau de Engenheiro de Produção.
Orientador(a): Marcelo Silva
Governador Valadares – MG
2014
1
ATA DE DEFESA
Aos ___ dias do mês de _______de ______, às ___ horas, na sala ___ deste instituto, foi
realizada a defesa do Trabalho de Conclusão de Curso pelo (a) aluno (a)
______________________________, sendo a comissão examinadora constituída pelos
professores:_________________________________________________________________
_________________________________________________________.
O (a) aluno (a) apresentou o trabalho intitulado: __________________________________
___________________________________________________________________________.
A comissão examinadora deliberou, pela ________________ do(a) aluno (a), com a
nota_______. Na forma regulamentar foi lavrada a presente ata que é assinada pelos membros
da comissão examinadora e pelo (a) aluno(a).
Governador Valadares, ____ de ________ de ______.
___________________________________
Professor(a) Orientador(a)
____________________________________
Convidado(a)
____________________________________
Convidado(a)
____________________________________
Aluno (a)
2
TERMO DE RESPONSABILIDADE
O texto do trabalho de conclusão de curso intitulado “O Microcontrolador Arduino como uma
Central de Monitoramento de Consumo Residencial de Energia Elétrica” é de minha inteira
responsabilidade. Declaro que não há utilização indevida de texto, material fotográfico ou
qualquer outro material pertencente a terceiros sem o devido referenciamento ou
consentimento dos referidos autores.
Governador Valadares, 03 de novembro de 2014
_______________________________________
Wallace Vilas Boas Siqueira
3
Dedico esta conquista a Deus, a
mim mesmo, a minha família,
aos meus amigos, ao meu futuro
trabalho. Tudo em ordem de
importância.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família pelo apoio durante toda a jornada.
Aos docentes por transferirem conhecimento de alta qualidade e nortear os estudos para o
melhor caminho.
As amizades feitas no ambiente acadêmico que irão perdurar para toda a vida.
A equipe ELLO pelo ótimo serviço prestado à comunidade acadêmica.
A minha namorada pela compreensão dos momentos difíceis e necessários.
A todos que me auxiliaram direta ou indiretamente para a concretização desta etapa.
5
“Happiness is only real when
shared.”
Christopher McCandless
6
R E S U MO
SIQUEIRA, Wallace Vilas Boas. O Microcontrolador Arduino como uma Central de
Monitoramento de Consumo de Energia Elétrica, 2014. (Graduação em Engenharia de
Produção). Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Governador Valadares-MG.
Os custos com energia elétrica seja em residências ou em indústrias, podem representar uma
grande parte do orçamento mensal dos clientes. Monitorar estes custos de forma eficiente
pode em alguns casos significar a otimização dos mesmos. Na era da dependência de energia
para as tarefas mais básicas do ser humano, os custos com energia têm aumentado
constantemente e o consumidor brasileiro não possui uma forma prática para monitorar a
evolução do valor de sua fatura mensal. Para tentar resolver este problema, o presente
trabalho visa desenvolver uma central de monitoramento de consumo energético com o uso de
um sensor de corrente acoplado ao micro controlador Arduino. Tal projeto consiste em exibir
para o cliente final o valor em reais do seu consumo de energia instantaneamente.
Palavras-chave: arduino; micro controlador; energia elétrica; sensor de corrente; consumo de
energia elétrica.
7
ABSTRACT
The electricity costs either in homes or in industries may represent a large part of the monthly
budget of the customers. Monitoring these costs can efficiently in some cases mean
optimization thereof. In the era of energy dependence for the most basic tasks of a human
being, energy costs have steadily increased and the Brazilian consumer has no a practical
way to monitor changes in the value of your monthly bill. To try to solve this problem, this
paper aims to develop a central monitoring energy consumption using a current sensor
coupled to the microcontroller Arduino. This project consists of display to the end customer
on the value of your actual power consumption instantly.
Key-words: arduino; microcontroller; eletric power; current sersor; consumption of eletric
power.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Conta de Luz CEMIG 20
Figura 2.2 Tarifa CEMIG homologada pela ANEEL 21
Figura 2.3 Arduino 24
Figura 2.4 Especificações Arduino 25
Figura 2.5 IDE Arduino 26
Figura 2.6 Interface Tera Term Pro 27
Figura 2.7 Sensor de corrente SCT-013 28
Figura 2.8 Características físicas do sensor SCT-013 28
Figura 2.9
Figura 2.10
Protoboard 830
Esquema de fluxo de atividades de Baxter
29
31
Figura 4.1 Esquema do modelo proposto 33
Figura 4.2 Valor real de tensão fornecida para a residência 35
Figura 4.3 Teste com lâmpada de 60W 36
Figura 4.4 Medição com o sensor e multímetro 37
Figura 4.5 Teste com ferro de passar de 1200W 38
Figura 4.6 Interface do sistema (Tera Term PRO) 39
Figura 5.1 Início da medição (medidor analógico) 40
Figura 5.2 Final da medição (medidor analógico) 40
9
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 5.1 Evolução do consumo (kWh) 41
Gráfico 5.2 Consumo instantâneo de potência 42
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Especificações do sensor SCT-013 27
Tabela 4.1 Custos do projeto 29
11
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 2.1 Equação para o cálculo do valor da conta de luz 17
Equação 2.2 Equação da tensão 18
Equação 2.3 Equação da corrente elétrica 18
Equação 2.4 Equação da energia 19
Equação 2.5 Equação da potência elétrica 19
Equação 2.6 Equação da energia em Wh 19
Equação 2.7 Equação da energia em kWh 19
12
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE 1 Código de calibração do sensor 51
APÊNDICE 2 Código final para monitoramento 52
13
ABREVIATURAS, SIGLAS E CONVENÇÕES
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica 13
CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais 13
ICMS Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviço 17
PC Personal Computer 19
LED Light Emitting Diode 20
USB Universal Serial Bus 20
IDE Integrated Development Environment 21
ABEPRO Associação Brasileira de Engenharia de Produção 25
14
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ 8
LISTA DE GRÁFICOS .............................................................................................................. 9
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. 10
LISTA DE EQUAÇÕES .......................................................................................................... 11
LISTA DE APÊNDICES ......................................................................................................... 12
ABREVIATURAS, SIGLAS E CONVENÇÕES .................................................................... 13
SUMÁRIO ................................................................................................................................ 14
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 16
1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA .............................................................................. 17
1.2 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 17
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................. 18
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 18
1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 18
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................. 19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 20
2.1 CÁLCULO DO VALOR DA CONTA DE ENERGIA ELÉTRICA ............................ 20
2.2 TENSÃO E CORRENTE ELÉTRICA.......................................................................... 22
2.3 ENERGIA E POTÊNCIA ............................................................................................. 22
2.4 SISTEMAS EMBARCADOS ....................................................................................... 24
2.4.1 O ARDUINO ................................................................................................................... 24
2.4.1.1 IDE DO ARDUINO .............................................................................................. 25
2.4.1.2 TERA TERM PRO 3.1.3....................................................................................... 26
2.4.1.3 SENSOR DE CORRENTE NÃO INVASIVO ..................................................... 27
2.4.1.4 PROTOBOARD 830 ............................................................................................. 28
2.5 ENGENHARIA DO PRODUTO .................................................................................. 29
2.6 PLANEJAMENTO DO PRODUTO ............................................................................. 29
2.7 CRIANDO NOVOS PRODUTOS INOVADORES ..................................................... 31
3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 32
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................. 32
4 APRESENTAÇÃO DO MODELO PROPOSTO ............................................................. 33
4.1 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO ........................................ 33
4.1.1 AQUISIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E COMPONENTES .................................. 34
4.1.2 TESTES E CALIBRAÇÃO DO SENSOR ................................................................ 34
4.1.2.1 TESTE DE TENSÃO ............................................................................................. 35
4.1.2.2 CALIBRAÇÃO DO SENSOR DE CORRENTE .................................................. 36
15
4.1.2.3 TESTE LÂMPADA DE 60 W ............................................................................... 36
4.1.2.4 TESTE FERRO DE PASSAR DE 1200 W ........................................................... 37
4.1.3 CÓDIGO-FONTE PARA CÁLCULOS DE CONSUMO ......................................... 38
5 RESULTADOS E ANÁLISES ......................................................................................... 39
6 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 43
6.2 RECOMENDAÇÕES .................................................................................................... 44
Referências ............................................................................................................................... 45
ANEXOS .................................................................................................................................. 47
APÊNDICES ............................................................................................................................ 50
16
1 INTRODUÇÃO
O consumo de energia elétrica no Brasil aumentou e a causa disso pode estar além
do crescimento populacional. De acordo com Loureiro (2009), ao longo dos últimos anos, o
Brasil tem experimentado um constante crescimento econômico e este pode ser uma das
causas de elevação do consumo de energia elétrica.
Devido às consequências sobre a política energética no Brasil e sobre os preços
praticados nesse setor, os temas relacionados aos parâmetros utilizados nas projeções e
planejamentos do setor energético possuem alto interesse público (D’ARAUJO apud
LOUREIRO, 2009). Segundo Loureiro (2009), os estudos realizados para obtenção dos custos
indiretos com a energia ainda são mal compreendidos e as tarifas sobem a cada ano.
Como exemplo da situação atual, a ANEEL (Agência Nacional de Energia
Elétrica) definiu na segunda-feira do dia 07/04/2014, o índice de 14,24% de reajuste da tarifa
de energia elétrica da CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais) para o consumidor
residencial e 14,21% para consumidores industriais (BELO HORIZONTE, 2014).
O custo da energia comprada pelas distribuidoras basicamente têm aumentado em
razão de três fatores: o uso das usinas térmicas (mais caras), que começou no ano passado,
para compensar a escassez de água nos reservatórios das hidrelétricas, a falta de contratos de
longo prazo — que forçou as empresas a buscarem energia no mercado livre — e assinatura
de novos contratos de longo prazo já com preços mais altos (MÔNICA TAVARES, 2014).
Na era da evolução tecnológica e da dependência de energia elétrica, o consumidor
final pode tomar um susto a cada conta que recebe no mês, pois não possui uma forma
simples e prática para saber o quanto consome de energia diariamente nem os custos
acumulados do consumo ao longo do mês.
No intuito de resolver a problemática relatada, o presente trabalho busca projetar e
desenvolver o protótipo de um dispositivo capaz de monitorar diariamente e em tempo real, o
consumo de energia elétrica através de um sensor de corrente elétrica em uma indústria ou
residência. O protótipo deverá informar ao consumidor o valor acumulado de sua conta a cada
dia, em qualquer tempo, sem que seja necessário ir até os medidores nem realizar cálculos
para prever o valor da conta.
Além do acesso instantâneo às informações relativas à conta, será possível que o
consumidor detecte problemas de medição como defeitos no medidor do padrão de energia ou
17
equipamentos consumindo a mais do que deveriam, pois, se o dispositivo acusar alto consumo
com aparelhos elétricos desligados, pode-se ter indício de desperdício.
Para que isso fosse possível, lançou-se mão do uso de um sensor de corrente
elétrica acoplado ao micro controlador Arduino para a medição do consumo, processamento
dos dados e geração de relatórios em tempo real acerca do consumo acumulado.
1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Conforme a população aumenta, espera-se que a demanda pela energia elétrica
também aumente. A energia elétrica é fundamental para a geração de riquezas e para a
melhoria social de uma população. Possui grande importância por ser um insumo básico para
toda a sociedade (LOUREIRO, 2009).
De acordo com o ultimo balanço energético nacional, o consumo residencial total
no país representou um aumento de 5,1% entre os anos de 2008 e 2012. Ainda com os dados
do balanço, a tarifa média de energia elétrica no Brasil teve um aumento de 7,8% no mesmo
intervalo (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE ENERGIA ELÉTRICA, 2013).
No que se refere à tarifa média de energia elétrica industrial, o Brasil se enquadra
na 12° posição das tarifas mais caras do mundo e para tarifas residenciais ocupa a 26° posição
(ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE ENERGIA ELÉTRICA, 2013). Consequentemente, a cada
aumento nesse setor, o consumidor deve reservar uma maior porcentagem do orçamento
mensal para as despesas com energia.
1.2 JUSTIFICATIVA
Diante dos constantes aumentos nas tarifas de energia elétrica, repassadas ao
consumidor pelas concessionárias responsáveis, é de suma importância que esse cliente final
tenha acesso instantâneo à evolução do valor de sua respectiva conta ao longo do mês.
Munido dessas informações em tempo real, o consumidor não levaria susto ao receber a conta
no fim do mês, pois iria prever o valor conforme a evolução do consumo.
18
Monitorando o consumo diariamente, o consumidor também poderia iniciar um
racionamento em qualquer tempo se assim achar conveniente para reduzir o valor da próxima
conta, otimizando então o consumo no estabelecimento monitorado.
Além dessas vantagens, problemas de medição como defeitos no medidor,
equipamentos consumindo energia exageradamente e desperdícios poderiam ser detectados.
Por se tratar da elaboração de um protótipo, o presente estudo também se faz muito
útil ao se colocar em prática conhecimentos em programação e eletrônica bem como conceitos
de engenharia do produto, gestão de custos e viabilidade econômica adquiridos ao longo do
curso de engenharia de produção.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
O presente trabalho visa desenvolver o protótipo de um dispositivo capaz de
monitorar o consumo de energia elétrica em um estabelecimento qualquer com limite de
corrente elétrica de até 100 ampères.
1.3.2 Objetivos Específicos
Desenvolver o protótipo de um dispositivo capaz de monitorar instantaneamente o
consumo diário e cumulativo de energia elétrica;
Colocar em prática conhecimentos de eletrônica e programação adquiridos ao longo
do curso de engenharia de produção;
Adquirir conhecimentos acerca do micro controlador Arduino e sua DSL (domain
specific language), linguagem de programação inspirada em C e C++ utilizada pela
plataforma Arduino;
Aprofundar os conhecimentos em circuitos e componentes elétricos direcionando
os estudos para aplicação prática no modelo proposto.
19
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente trabalho está estruturado e dividido em capítulos da seguinte forma: no
segundo capítulo serão apresentados alguns conceitos práticos e teóricos, além de definições
importantes para o trabalho desenvolvido.
No capítulo 3 são apresentadas as ferramentas escolhidas para desenvolver o
sistema de monitoramento e a metodologia de desenvolvimento do trabalho. Os resultados do
projeto proposto, juntamente com os testes de eficiência serão apresentados no capítulo 4.
Por fim, no capítulo 5 serão apresentados os resultados e análises do trabalho. As
conclusões e sugestões para trabalhos futuros estão disponíveis no capítulo 6, seguidas pelas
referências, anexos e apêndices.
20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para que se compreenda toda a metodologia empregada no neste trabalho, é
importante que se apresente os vários conceitos e definições tanto do equipamento utilizado
quanto da teoria baseada na obtenção dos resultados.
Os conceitos serão apresentados a seguir de forma clara e objetiva, sendo
evidenciadas as fontes utilizadas no levantamento bibliográfico.
2.1 CÁLCULO DO VALOR DA CONTA DE ENERGIA ELÉTRICA
No Brasil, os métodos de cálculo da conta de energia elétrica se diferenciam de
acordo com a concessionária de energia e a cidade em questão. Para todos os efeitos, tomou-
se como base a forma de cobrança para baixa tensão praticada em Governador Valadares –
MG, que é atendida pela CEMIG. A faixa de baixa tensão serve para clientes residenciais,
comerciais, industriais e rurais.
Na figura 2.1 e no anexo 1 é possível verificar o modelo da conta de luz utilizada
pela CEMIG.
Figura 2.1 – Conta de luz CEMIG
Para cada companhia energética, a ANEEL homologa constantemente a tarifa
expressa em R$/kWh (reais por quilowatt-hora) que irá vigorar para tais companhias. Essa
tarifa não contempla tributos e outros elementos que fazem parte das contas de luz, tais como:
21
ICMS, Taxa de Iluminação Pública e Encargo de Capacidade Emergencial (BRASILIA,
2014).
O quilowatt-hora é a principal variável no cálculo do valor da fatura de energia,
pois, ela mede o efetivo consumo de energia em um período de tempo.
O website da CEMIG disponibiliza detalhadamente as etapas de cálculo para a
fatura de energia elétrica. Dessa forma, o valor final X da fatura de energia de baixa tensão
em Governador Valadares pode ser encontrado pela equação 2.1:
X = (kWh x TA) + IP + E (2.1)
Onde:
X = Valor total da fatura
kWh = Consumo em kWh
TA = Tarifa homologada pela ANEEL
IP = Contribuição para Custeio de Iluminação Pública
E = Encargos como multas e outras cobranças que não fazem parte do cálculo
básico
Atualmente, a tarifa vigente homologada pela ANEEL no ano de 2014 para a
CEMIG é de R$ 0,39642 por kWh conforme a figura 2.2.
Figura 2.2 – Tarifa CEMIG homologada pela ANEEL
22
2.2 TENSÃO E CORRENTE ELÉTRICA
Tensão (ou diferença de potencial) é a energia necessária para mover uma unidade
de carga através de um elemento; é medida em volts (V) (ALEXANDER; SADIKU, 2013).
Pode ser definida pela razão entre a quantidade de energia W medida em Joules (J) e a carga
Q:
V =W
Q (2.2)
Sendo:
V = Tensão (Volts);
W = Energia (W);
Q = Carga (C);
A corrente elétrica é por definição a taxa de fluxo de cargas elétricas através de
uma superfície (TIPLER; MOSCA, 2009) – geralmente essa superfície é a seção transversal
de um fio condutor. Sendo ∆Q (medida em Coulombs) a carga que flui através da área da
seção transversal do fio no tempo ∆t, a intensidade da corrente I medida em Ampères será:
I =∆Q
∆t (2.3)
Sendo:
I = Corrente (A);
∆Q = Variação da carga (C);
∆t = Tempo em segundos (s);
2.3 ENERGIA E POTÊNCIA
Energia é a capacidade de realizar trabalho. É medida em joules (J) ou ainda em
watt-segundo e Potência é a variação da energia (liberada ou absorvida) em função da
variação do tempo, medida em watts (W) (ALEXANDER; SADIKU, 2013). Sendo assim a
Energia consumida ou fornecida será definida como:
W = Pt (2.4)
Sendo:
23
W = Energia (watt);
P = Potência (watt por segundo ou j/s);
t = Tempo em segundos (s);
A potência será encontrada pela equação x:
P = VI (2.5)
Sendo:
P = Potência (watt por segundo ou j/s);
V = Tensão (Volts);
I = Corrente (A);
A princípio, o tempo utilizado nos cálculos de potência será expressado em
segundos. No entanto para fins práticos, será utilizado o Wh (watt-hora) e o kWh (quilowatt-
hora). Portanto a energia consumida será dada por:
Energia(Wh) = potência(W) x tempo(h) (2.6)
Ou por:
Energia(kWh) =potência(W) x tempo(h)
1000 (2.7)
24
2.4 SISTEMAS EMBARCADOS
Para Filho (2009), os “sistemas embarcados” (embedded systems) são dispositivos
que participam da nossa vida sem que os percebamos. São dedicados a uma tarefa específica e
interagem com o ambiente por meio de sensores e atuadores de maneira contínua e, sem
travamentos e panes; sendo compostos, essencialmente, pelos mesmos itens de um PC:
processador, memória, interfaces e etc.
“..., podemos definir os “sistemas embarcados” como sistemas de
processamento digital que possuem o seu próprio software de controle
(firmware), armazenado em uma memória contida no seu circuito eletrônico
(ou em um chip) e que, na atualidade, de uma forma geral, são empregados na
maioria dos equipamentos eletrônicos...” (FILHO, 2009, p.173)
2.4.1 O ARDUINO
Segundo Michael McRoberts, autor do livro Beginning Arduino (Arduino Básico)
traduzido pela editora Novatec, o Arduino (Figura 2.3) pode ser definido como uma
plataforma de computação física ou embarcada, ou seja, um sistema que pode interagir com o
ambiente através de hardware e software. Em termos simples o autor resume o Arduino como
um pequeno computador que se pode programar para processar entradas e saídas entre o
dispositivo e os componentes externos conectados a ele. Os componentes de entrada podem
ser sensores, botões, potenciômetros. Os componentes de saída podem ser displays, LED’s,
motores, cartões de memória, entre outros.
Figura 2.3 – Arduino
25
A placa Arduino UNO R3 (versão utilizada neste trabalho) é composta por um
microprocessador Atmel AVR, um cristal ou oscilador (relógio simples que envia pulsos de
tempo em uma frequência especificada, para permitir sua operação ne velocidade correta) e
um regulador linear de 5 volts (MCROBERTS, 2011). Além desse e outros componentes
eletrônicos, a placa possui 14 entradas digitais, 6 analógicas, um botão reset para reiniciar o
micro controlador, uma conexão USB (Universal Serial Bus) que pode ser usada como fonte
de energia e como ponte na comunicação com um computador e um conector jack que serve
para alimentação do Aduino com uma fonte externa.
A figura 2.4 mostra as especificações detalhadas da placa.
Figura 2.4 – Especificações Arduino
Atualmente o Microcontrolador Arduino possui uma infinidade de aplicações que
vão desde automação completa de sistemas elétricos residenciais até a construção de robôs
controlados remotamente.
2.4.1.1 IDE DO ARDUINO
Para que se possa programar o Arduino, é necessário a utilização do IDE
(Integrated Development Environment) do Arduino, ou seja, um ambiente integrado para
desenvolvimento de software. O IDE do Arduino é um software livre no qual você escreve o
código na linguagem que o microcontrolador compreende (baseado na linguagem C). O IDE
26
permite que se escreva um programa de computador, que é um conjunto de instruções passo a
passo, das quais pode-se fazer o upload para o Arduino. Após isso, o Arduino executará essas
instruções interagindo com os componentes a ele conectados (MCROBERTS, 2011). A figura
2.5 mostra a interface do IDE do Arduino.
Figura 2.5 – IDE Arduino
Como o hardware e o software do Arduino são de fonte aberta, a tecnologia pode
ser usada livremente por qualquer pessoa e com qualquer propósito. Sendo assim inúmeras
placas-clone de circuito impresso são encontradas no mercado na maioria das vezes com
preços muito mais baixos do que a placa original Arduino. Essas placas genéricas interagem
perfeitamente com o IDE do Arduino e são permitidas por lei, podendo atender as
necessidades do desenvolvedor sem problema algum.
2.4.1.2 TERA TERM PRO 3.1.3
O Tera Term Pro 3.1.3 é um programa que auxiliou na geração de relatórios do
advindos do Arduino. É um software open-source lançado pela empresa japonesa Ayera
Technologies que emula terminais computacionais. Um dos terminais dos computadores
27
atualmente é a porta USB presente nos equipamentos e como o Arduino se comunica via porta
USB, o Tera Term é capaz de capturar as informações transferidas via porta serial e exibi-las
em sua interface que pode ser vista na figura 2.6.
Figura 2.6 – Interface Tera Term Pro 3.1.3
O Tera Term Pro foi escolhido para substituir a interface do Arduino devido sua
facilidade de manipular os dados após as medições realizadas e a capacidade de
personalização da interface.
2.4.1.3 SENSOR DE CORRENTE NÃO INVASIVO
Para o cálculo da potência consumida e obtenção dos custos com energia será
utilizado um sensor de corrente não invasivo modelo SCT-013 (figura 2.7). Este sensor
trabalha em uma escala de 0 a 100 ampères e temperaturas entre -25°C e 70°C segundo
especificações do fabricante. A tabela 2.1 mostra as especificações detalhadas.
Tabela 2.1 – Especificações do sensor SCT-013
Fonte: www.yhdc.com
28
Figura 2.7 – Sensor de corrente SCT-013
Este modelo foi escolhido devido sua facilidade de ser clipado ao circuito de testes
sem a necessidade de ligação entre fios. O sensor então trabalha “abraçando” o fio onde passa
a corrente e enviando os dados para o micro controlador que realiza os cálculos de consumo.
A figura 2.8 mostra as características físicas do equipamento.
Figura 2.8 – Características físicas do sensor SCT-013
2.4.1.4 PROTOBOARD 830
A protoboard (figura 2.9) é um objeto que facilita muito a montagem de circuitos
eletrônicos. Basicamente é uma placa com 830 furos interligados verticalmente nas duas
divisões internas e horizontalmente nas duas divisões externas. As características do modelo
utilizado são 165(A) x 54(L) x 10(P)mm e massa de 103g. Possui suporte a tensão máxima de
29
300V RMS e corrente máxima de 3A RMS. A figura 2.8 ilustra imagem da protoboard
utilizada.
Figura 2.9 – Protoboard 830
2.5 ENGENHARIA DO PRODUTO
Uma das áreas da engenharia de produção é a engenharia do produto. Segundo a
ABEPRO (Associação Brasileira de Engenharia de Produção). Essa área compreende um
conjunto de ferramentas e processos de projeto, planejamento, organização, decisão e
execução envolvidas nas atividades estratégicas e operacionais de desenvolvimento de novos
produtos, abrangendo desde a concepção até o lançamento do produto e sua retirada do
mercado com a participação das diversas áreas funcionais da empresa (ABEPRO, 2014).
Para Menegon (1998), o engenheiro de produção deve estar preparado para
compreender a natureza das atividades que possa vir a gerenciar. Essas atividades podem estar
atreladas ao desenvolvimento de novos produtos que visem à solução de problemas da
sociedade.
Apesar de o presente trabalho não objetivar desenvolver um produto final e sim
um protótipo, a estratégia para se obter tal resultado foi baseada na bibliografia relacionada à
engenharia de produto, que também leva em consideração a metodologia para se criar
protótipos.
2.6 PLANEJAMENTO DO PRODUTO
30
Para que se desenvolva um novo projeto, as atividades devem ser bem pensadas e
organizadas. A figura 2.10 representa um esquema de fluxo das atividades para o
desenvolvimento de um produto que nortearam o presente trabalho. Tal metodologia foi
proposta por Baxter (2012) que também classifica essas atividades em quatro etapas
principais:
1) Ideias preliminares. Logo no início do processo de desenvolvimento do projeto, ideias
são exploradas para um primeiro teste de mercado. Nesta etapa, o produto pode ser
apresentado na forma de um simples desenho de apresentação, para então ser
mostrado a um grupo de potenciais consumidores ou vendedores. Sendo aprovado ele
passa para a segunda etapa.
2) Especificações. A segunda etapa comporta a especificação da oportunidade,
especificação do projeto, e volta-se, então, para o projeto conceitual, para selecionar o
melhor conteúdo.
3) Configurações. O conceito selecionado é submetido a um segundo teste de mercado,
iniciando a terceira etapa. Se o novo teste de mercado também for satisfatório, deverão
ser iniciadas as atividades de configuração do produto. Geralmente se descobrem
alternativas de projeto que não foram relevantes anteriormente ou alguma mudança
técnica é efetuada seja em materiais ou processos de fabricação. Essa etapa pode levar
ao retrocesso de uma ou duas etapas para se verificar os efeitos da mudança. Caso a
mudança afete um aspecto-chave, é necessário retroceder para revisar a especificação
de oportunidade. Consequentemente isso pode implicar em revisões da especificação
do projeto e do projeto conceitual. Chegando-se novamente à configuração do
produto, o melhor é escolhido e irá para um terceiro teste de mercado.
4) Produção. Sendo aprovado, passa-se para os desenhos detalhados e construção do
protótipo. A aprovação “oficial” desse protótipo encerra o processo de
desenvolvimento de produto.
31
Figura 2.10 – Esquema de fluxo de atividades de Baxter
2.7 CRIANDO NOVOS PRODUTOS INOVADORES
Baxter (2012) afirma que a busca por inovação cresceu muito nos últimos tempos
e isso ocorreu devido lançamentos de produtos globalizados e aumento da pressão
competitiva que vem do exterior.
De acordo com Filho (2009), novos produtos surgem quando há necessidades
ainda não satisfeitas, seja porque os produtos atualmente disponíveis não conseguem
satisfazê-las, seja porque, simplesmente, produtos com tal capacidade ainda não foram
criados. Sendo assim, profissionais capacitados ou mesmo projetistas amadores podem às
32
vezes buscar uma solução. No entanto, muitas vezes esta solução custa caro, oferece riscos e
podem até agravar a situação do usuário quando os conhecimentos técnicos não são
suficientes.
Nesse âmbito de incerteza: “o segredo de uma inovação bem-sucedida é a gerência
de riscos” (BAXTER, pag. 18, 2012).
3 METODOLOGIA
O presente trabalho aplica conhecimentos de várias áreas da engenharia de forma
prática, levantando dados, problemas e apresentando solução. Desta forma a modalidade de
pesquisa mais adequada para o presente trabalho é a modalidade aplicada.
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
A pesquisa em questão classifica-se conforme:
À área da ciência: Pesquisa prática;
À natureza: trabalho científico original;
Aos objetivos: exploratória;
Ao objeto: Bibliográfica;
À forma de abordagem: Pesquisa quantitativa.
A classificação para a pesquisa no que se refere à área da ciência é a pesquisa
prática, pois os conhecimentos adquiridos são utilizados para aplicação prática voltada para a
solução de problemas sociais.
Quanto à natureza, o trabalho se enquadra como um trabalho científico original
baseado em vários outros trabalhos já realizados com objetivos diferentes.
A pesquisa exploratória se dá pela caracterização inicial do problema,
caracterização e definição.
A pesquisa bibliográfica toma como base inúmeros trabalhos já realizados e que
servem para nortear novas pesquisas em desenvolvimento.
33
Por ultimo, a pesquisa quantitativa exibe os dados obtidos e os transforma em
informação útil para o autor.
4 APRESENTAÇÃO DO MODELO PROPOSTO
O modelo proposto pode ser mais bem entendido observando-se a figura 4.1.
Basicamente o sistema funciona da seguinte forma: os sensores de corrente e de vazão colhem
os dados após o medidor de luz e hidrômetro respectivamente. Estes dados são enviados para
o Arduino onde serão processados, transformados em informações e serão exibidas no
computador.
Figura 4.1 – Esquema do modelo proposto
4.1 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO
A seguir serão descritas todas as etapas que contribuíram para a execução do
projeto.
34
4.1.1 AQUISIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E COMPONENTES
Inicialmente foram adquiridos todos os componentes eletrônicos necessários para a
concepção do modelo. Buscou-se a compra dos materiais de menor custo em várias lojas
especializadas da internet e de Governador Valadares visando à viabilidade econômica do
trabalho. Dessa forma, obteve-se um orçamento relativamente baixo para se desenvolver um
protótipo (ver tabela 4.1).
Tabela 4.1 – Custos do projeto
ITEM QTDE PREÇO VALOR FRETE
TOTAL POR ITEM
SENSOR DE CORRENTE SCT-013 1 R$ 59,00 R$ 10,00 R$ 69,00
ARDUINO 1 R$ 52,00 R$ 0,00 R$ 52,00
FIOS JUMPER 80 R$ 0,13 R$ 7,27 R$ 17,35
RESISTORES 20 R$ 0,10 R$ 0,00 R$ 2,00
CAPACITORES 5 R$ 1,00 R$ 0,00 R$ 5,00
PROTOBOARD 830 FUROS 1 R$ 25,00 R$ 7,95 R$ 32,95
TOTAL R$ 178,30
Fonte: Autor
4.1.2 TESTES E CALIBRAÇÃO DO SENSOR
Após a compra de todo o equipamento, foi necessária a calibração do sensor para
que a medição fosse eficaz. Após a calibração, testes foram realizados para se verificar a
eficácia do sistema. O fabricante do sensor fornece os códigos-fonte para serem programados
no Arduino (anexo 2), no entanto pode haver divergências entre o fluxo real corrente elétrica
e o que está sendo medido, devidas interferências externas, incompatibilidade de códigos ou
mesmo variações na fabricação.
35
4.1.2.1 TESTE DE TENSÃO
A tensão que o cliente CEMIG contrata é de 127 V ou 220 V, no entanto com a
estrutura e recursos disponíveis atualmente, é impossível para a CEMIG fornecer para cada
residência uma tensão exata e sem variações. Portanto a ANEEL com o respaldo da
PORTARIA DNAEE Nº 047, DE 17 DE ABRIL DE 1978 permite que se tenha um limite de
variação de tensão nominal de 5% para mais ou para menos para cada cliente.
Para a programação desenvolvida neste trabalho, o ideal seria se a tensão fosse
fixa e sem variações, pois os cálculos do consumo são realizados de acordo com um valor de
tensão previamente determinado. Como isso não é possível, a tensão real fornecida para a
residência utilizada foi medida ao longo de um dia e o valor da moda dos dados foi utilizado
no código-fonte. Sendo assim, o valor de tensão inserido no código-fonte para a realização
dos cálculos de consumo foi de 127,5 V conforme registro fotográfico na figura 4.2.
Figura 4.2 – Valor real de tensão fornecida para a residência.
36
4.1.2.2 CALIBRAÇÃO DO SENSOR DE CORRENTE
Para a calibração do sensor de corrente, foi montado um circuito e um código de
programação com apenas esse sensor conectado ao Arduino (ver figura 4.3). O código-fonte
utilizado foi o do fabricante, porém com as alterações da faixa de tensão. Efetuou-se então a
medição de potência e corrente consumidas por uma lâmpada de 60W. A corrente também
foi medida através de um multímetro simultaneamente.
Figura 4.3 – Teste com lâmpada de 60W.
4.1.2.3 TESTE LÂMPADA DE 60 W
Inicialmente, a medição estava bastante discrepante da medição do multímetro,
considerado confiável. Mas após alterações no código-fonte e nos parâmetros de calibração,
foi possível uma aproximação bastante satisfatória.
Como pode ser observado na figura 4.4, o sensor de corrente apresentava uma
medição bastante aproximada do multímetro.
37
Figura 4.4 – Teste com lâmpada de 60W.
4.1.2.4 TESTE FERRO DE PASSAR DE 1200 W
Para comprovar a eficácia do sistema, efetuou-se também a medição de potência e
corrente em um ferro de passar de 1200W. Apesar das oscilações, o sensor se aproximou
bastante da medição de corrente realizada pelo multímetro, no entanto a potência medida
ficou abaixo dos 1200W descritos na embalagem do aparelho.
É importante salientar que os aparelhos eletrônicos domésticos, principalmente os
que têm finalidade de resistência térmica, geralmente não consomem a potência exata de
acordo com sua descrição por várias causas. Entre estas causas podem estar variações na
fabricação e arredondamento de valor de potência para fins comerciais.
Isso foi comprovado na medição de potência do ferro de passar, pois a corrente e a
tensão se mantiveram estáveis no momento da medição da potência conforme figura 4.5.
38
Figura 4.5 – Teste com ferro de passar 1200W.
4.1.3 CÓDIGO-FONTE PARA CÁLCULOS DE CONSUMO
Realizados os testes necessários, verificou-se que o sensor não possui uma
precisão extremamente exata, mas que atende aos propósitos deste trabalho, pois objetiva uma
previsão estimada e não exata do consumo acumulado de energia.
Após os testes individuais do sensor, foi elaborado um novo código-fonte
(Apêndice 2). Nesse novo código as equações para os cálculos dos valores monetários do
consumo acumulado foram incorporadas. O novo código desenvolvido retorna, em tempo
real, o valor da corrente, a potência, o consumo acumulado em kWh, o tempo de medição e o
preço acumulado da conta de luz a cada segundo, mas sem a incidência dos impostos
municipais cobrados na conta ou multas, pois, estes variam entre cidades e clientes.
A figura 4.6 mostra o relatório gerado instantaneamente pelo Arduino através do
Tera Term PRO com o sistema instalado.
39
Figura 4.6 – Interface do sistema (Tera Term PRO)
5 RESULTADOS E ANÁLISES
Para a fase final do projeto, era necessário que o protótipo fosse testado em um
ambiente real, monitorando seu consumo em um período previamente determinado. Devido à
facilidade de aplicação e segurança, foi escolhido o ambiente residencial ao invés de uma
indústria. A residência escolhida já possuía o medidor de luz analógico e o mesmo foi
utilizado para fins de comparação entre sua respectiva leitura e a leitura alcançada pelo
protótipo.
Dessa forma, não foi necessário que o sensor ficasse instalado por um mês na
residência, bastava-se que o protótipo funcionasse paralelamente com o medidor da casa por
um período determinado e que suas medições fossem comparadas.
Sendo assim, o sensor foi instalado na residência e a medição foi computada pelo
período de 24 horas. A medição se iniciou às 17:00 horas do dia 29/10/2014 e se encerrou às
17:00 horas do dia 30/10/2014.
Ao início da medição, o medidor analógico marcava o número 59153 conforme
mostra a figura 5.1.
40
Figura 5.1 – Início da medição (medidor analógico)
Este número representa o ponto inicial da medição, ou seja, o ponto zero. Já na
figura 5.2, o medidor analógico apontava o número 59159. Este número representa o ponto
final da medição que é a posição dos ponteiros ao final das 24 horas.
Figura 5.2 – Final da medição (medidor analógico)
Subtraindo o segundo número pelo primeiro teremos 5. Este valor representa a
quantidade de kWh consumidos no período de 24 horas de medição. Como os medidores são
analógicos as casas decimais do consumo não são mostradas. Para que este consumo fosse
41
considerado, levou-se em consideração que o ultimo ponteiro ultrapassou 60% do espaço
entre os números 3 e 4, ou seja, o consumo após o número 3 foi de 60% de 1 kWh.
Portanto, o consumo no período de 24 horas calculado pelo medidor da residência
foi de 5,6 kWh. Se multiplicarmos esse valor de consumo pela tarifa energética homologada
para a CEMIG pela ANEEL, encontraremos o preço que deve ser pago por esse consumo que
foi de R$ 2,2199.
Após o período de medição, o monitoramento feito pelo Arduino foi interrompido
e os dados foram colhidos para serem analisados. Estes dados foram transferidos para uma
planilha eletrônica e a partir da tabela gerada, foram gerados dois gráficos. O gráfico 5.1
mostra a evolução do consumo em kWh e o gráfico 5.2 mostra a potência consumida ao longo
do tempo.
Gráfico 5.1 – Evolução do consumo (kWh)
5,45
0
1
2
3
4
5
6
0 2 3 5 7 9 10 12 14 15 17 19 21 22 24
Tempo de Medição
kWh
kWh
42
Gráfico 5.2 – Consumo instantâneo de potência
O consumo medido pelo Arduino foi de 5,45 kWh. Multiplicando esse valor pela
mesma tarifa anteriormente utilizada chegou-se ao preço de R$ 2,16. Esse valor divergiu dos
valores calculados através do medidor analógico em 2,67%.
Acredita-se que as divergências entre as duas medições possam ter várias causas e
a principal delas sejam as oscilações da tensão fornecida. Como o Arduino nesse projeto
trabalha com um valor fixo de tensão, essa oscilação afeta diretamente os cálculos efetuados
pelo micro controlador.
Outras causas podem ser atraso nos cálculos da função loop do Arduino, erro de
paralaxe do medidor analógico e erros de aproximação de casas decimais. De qualquer
maneira o dispositivo e código desenvolvidos mostraram uma eficiência bastante satisfatória
para os objetivos deste trabalho.
0
500
1000
1500
2000
2500
0 2 3 5 7 9 10 12 14 15 17 19 21 22 24
Tempo de Medição
POTÊNCIA
POTÊNCIA
43
6 CONCLUSÃO
Ao início da elaboração deste trabalho encontraram-se diversos desafios a serem
superados. O maior deles foi a correta comunicação entre o sensor de corrente SCT-013 e o
Arduino, pois são de fabricantes diferentes. No entanto, à medida que as dificuldades foram
sanadas o projeto se tornou muito prazeroso em ser desenvolvido.
As indústrias cada vez mais buscam uma melhor gestão e otimização dos seus
custos e com o cidadão brasileiro não é diferente. A cada dia em que os custos com energia
sobem, novas medidas de economia são adotadas e um dispositivo como este auxiliaria
bastante o gestor a ter um melhor controle sobre sua despesa com energia.
A central de monitoramento aqui desenvolvida é a materialização de uma ideia que
pode vir a se tornar um produto inovador e prático para indústrias e residências. No que se
refere às divergências de medição, é aceitável que o dispositivo não atinja sua forma final,
pois se trata de um primeiro protótipo.
Por fim, demonstrou-se que o trabalho realizado atingiu seus objetivos, pois foi
possível monitorar o custo e consumo de energia de forma prática e instantânea, fazendo o
melhor uso possível dos recursos e componentes disponíveis.
44
6.2 RECOMENDAÇÕES
Como proposta de melhoria para o projeto até aqui desenvolvido, sugere-se que o
protótipo seja incrementado de uma interface mais moderna para a percepção do usuário.
Uma interface que apresente outras informações e permita a interação com o usuário seria
bastante proveitosa.
Outros avanços que tornariam o projeto ainda mais viável seriam a aplicação de
um sensor de vazão para medir também o consumo de água e o uso de tecnologias sem fio
como wifi e bluetooth para eliminar os fios provenientes da instalação do dispositivo.
Além disso, vários aperfeiçoamentos na programação e nos componentes podem
ser realizados a fim de se obter uma medição com mais precisão.
45
Referências
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<http://www.abepro.org.br/>. Acesso em: 08 out. 2014.
ALEXANDER, Charles; SADIKU, Matthew N. O. Fundamentos de Circuitos Elétricos. 5.
ed. São Paulo: Bookman, 2013.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE ENERGIA ELÉTRICA 2013. Rio de Janeiro: Ministério
de Minas e Energia, 2013. Anual. Disponível em: <http://www.epe.gov.br/>. Acesso em: 07
ago. 2014.
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) - Norma Brasileira (NBR)
BAXTER, Mike. Projeto de Produto: Guia Prático Para o Design de Novos Produtos. 3. ed.
São Paulo: Blucher, 2012. 342 p.
BELO HORIZONTE. CEMIG. (Ed.). Aneel define reajuste das tarifas da Cemig. 2014.
Disponível em: <http://www.cemig.com.br/sites/Imprensa/pt-
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BRASILIA. Aneel. Ministério de Minas e Energia (Org.). Tarifas Residenciais. 2014.
Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/>. Acesso em: 08 ago. 2014.
FILHO, Antonio Nunes Barbosa. Projeto e Desenvolvimento de Produtos. 1. Ed.São Paulo:
Atlas, 2009.
G1 (Goiás) (Ed.). Aprovado aumento de 5,54% na tarifa de água e esgoto em Goiás.
2014. Disponível em: <http://g1.globo.com/goias/noticia/2014/03/aprovado-aumento-de-554-
na-tarifa-de-agua-e-esgoto-em-goias.html>. Acesso em: 29 mar. 2014.
46
LOUREIRO, Paulo Gerson Cayres. CUSTO MARGINAL DO DÉFICIT DE ENERGIA
ELÉTRICA: HISTÓRICO, AVALIAÇÃO E PROPOSTA DE UMA NOVA
METODOLOGIA. 2009. 7 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Planejamento Estratégico,
Departamento de Coppe, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009. Cap.
1.
MCROBERTS, Michael. Arduino Básico. São Paulo: Novatec, 2011.
MENEGON, Nilton Luiz; ANDRADE, Ronaldo Soares de. Projeto do Produto em
Engenharia de Produção. Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Rio de Janeiro, v.
12, n. 12, p.1-7, set. 1998. Disponível em: <http://www.abepro.org.br>. Acesso em: 02 jul.
2014.
MÔNICA TAVARES (Brasilia). O Globo (Ed.). Energia ficará mais cara para 24 milhões
de clientes: Aumentos variam de 11% a 29%. 2014. Disponível em:
<http://oglobo.globo.com/economia/energia-ficara-mais-cara-para-24-milhoes-de-clientes-
12220038>. Acesso em: 17 abr. 2014.
PEREIRA JÚNIOR, José de Sena. Tarifas dos Serviços Públicos de Água e Esgotos no
Brasil. Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados, Brasilia, p.10-13, ago. 2007.
Disponível em: <http://bd.camara.gov.br>. Acesso em: 04 jun. 2014.
PMGV (Município). Lei nº 173, de 29 de janeiro de 2014. Dispõe Sobre A Organização
Administrativa do Serviço Autônomo de Água e Esgoto. Governador Valadares, MG.
TIPLER, Paul A.; MOSCA, Gene. Física Para Cientistas e Engenheiros. 6. ed. Rio de
Janeiro: Ltc, 2009.
47
ANEXOS
48
ANEXO 1 – FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA CEMIG 2014
49
ANEXO 2 – CÓDIGO DO FORNECEDOR PARA O SENSOR SCT-013
#include "EmonLib.h" // Include Emon Library
EnergyMonitor emon1; // Create an instance
void setup()
{
Serial.begin(9600);
emon1.current(5, 60); // Current: input pin, calibration.
//calibration is explained bellow
}
void loop()
{
double Irms = emon1.calcIrms(1480); // Calculate Irms only
Serial.print(Irms*230.0); // Apparent power
Serial.print(" ");
Serial.println(Irms); // Irms
}
50
APÊNDICES
51
APÊNDICE 1 – CÓDIGO DE CALIBRAÇÃO DO SENSOR
#include "EmonLib.h" // Adição da biblioteca
EnergyMonitor emon1; // Criar instância
void setup()
{
Serial.begin(9600);
emon1.current(1, 60.3); // Definição de pino de entrada e parâmetro de calibração
}
void loop()
{
double Irms = emon1.calcIrms(1480); // Cálculo da corrente
Serial.print(Irms*129); // Potência aparente
Serial.print(" WATTS ");
Serial.print(Irms); // Corrente
Serial.println(" AMPERES");
}
52
APÊNDICE 2 – CÓDIGO FINAL PARA MONITORAMENTO
#include "EmonLib.h" // Inclui biblioteca
EnergyMonitor emon1; // Cria instância
double corrente=0; //Variável que recebe o valor da corrente
double potencia=0; //Variável que recebe o valor da potencia
double kwh_consumido=0; //Variável que recebe o valor de Kw/h consumido
double tensao=127; //Variável para armazenas o valor da tensão fornecida
double valor_conta=0; //Variável que armazena o valor da conta em R$
unsigned long tempo=0; //Tempo de medição
int i = 0;
int x = 0;
float tempo_medicao;
void setup()
{
Serial.begin(9600); //Inicia a serial com um baud rate de 9600 taxa de transferência
emon1.current(2, 57); // Função de calibração da corrente recebida. Current:
input pin, calibration.
Serial.println("\n\n---------------SISTEMA DE MONITORAMENTO DE CONSUMO-----
---------\n\n"); //Imprime Inicio na serial
}
void loop ()
{
corrente = emon1.Irms; // Atribui o valor da corrente para a variável
Serial.read();
double Irms = emon1.calcIrms(1480); // Calcula corrente
potencia = corrente*127.2;
kwh_consumido = (kwh_consumido+(potencia/3600000));
tempo = millis();
tempo = tempo/1000;
tempo_medicao=tempo*0.000277777778;
i++;
valor_conta = (kwh_consumido*0.39642);
53
if(i==60){
valor_conta = (kwh_consumido*0.39642);
Serial.print(corrente); // Irms
Serial.print(" AMPERES ");
Serial.print(potencia); // Apparent power
Serial.print(" WATTS ");
Serial.print(kwh_consumido);
Serial.print(" Kw/h ");
Serial.print("R$ ");
Serial.print(valor_conta);
Serial.print(" ");
Serial.print(tempo_medicao);
Serial.println(" Horas");
i=0;
valor_conta = 0;
}
delay(1000);
}