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Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 ISSN 2178-6135 Artigo número: 184 “WALL-E”: O uso de um filme de animação na educação ambiental com temas transversais dos PCN Fabiana Rodrigues Santos Luís Paulo de Carvalho Piassi Resumo Articular em sala de aula a disciplina com os Temas Transversais dos PCN´s tem sido uma tarefa árdua para muitos professores. Fazer essa articulação e relacionar com a realidade vivida pela sociedade nos dias de hoje também é complicado. Pensando nisso, este trabalho tem por objetivo fazer um levantamento dos Temas Transversais que podem ser trabalhados com o uso do filme Wall-E, bem como avaliar se este pode ser utilizado como uma forma de prática pedagógica referente à temática ambiental, trazendo uma proposta de interdisciplinaridade e inovações. Procurou-se verificar se os alunos percebem por meio dessa atividade, a importância de se conservar o meio ambiente. Para a tomada de dados, o filme foi exibido em uma classe de 5º série do Ensino Fundamental II, em que foi realizada discussão e atividades com os alunos, assim

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Artigo número: 184

“WALL-E”: O uso de um filme de animação na educação ambiental com temas transversais dos

PCN

Fabiana Rodrigues Santos

Luís Paulo de Carvalho Piassi

Resumo

Articular em sala de aula a disciplina com os Temas Transversais dos PCN´s

tem sido uma tarefa árdua para muitos professores. Fazer essa articulação e

relacionar com a realidade vivida pela sociedade nos dias de hoje também é

complicado. Pensando nisso, este trabalho tem por objetivo fazer um

levantamento dos Temas Transversais que podem ser trabalhados com o uso do

filme Wall-E, bem como avaliar se este pode ser utilizado como uma forma de

prática pedagógica referente à temática ambiental, trazendo uma proposta de

interdisciplinaridade e inovações. Procurou-se verificar se os alunos percebem por

meio dessa atividade, a importância de se conservar o meio ambiente. Para a

tomada de dados, o filme foi exibido em uma classe de 5º série do Ensino

Fundamental II, em que foi realizada discussão e atividades com os alunos, assim

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como a gravação de áudio e vídeo do processo.

Palavras-chave: Filme de Ficção Científica, Recurso Didático, Temáticas Ambientais, Ensino de Educação Ambiental.

Abstract

"WALL-E": Using an animated film on environmental education with

cross-cutting themes of NCP

Articulate classroom discipline with Transversal themes of Brazilian

national curriculum parameters has been an arduous task for many teachers.

Making such link and relating to the reality experienced by society today is too

complicated. Thinking about it, this paper aims to survey the Transversal themes

that can be approached using the movie Wall-E, and assess whether it can be used

as a form of teaching practice on the environmental issue, bringing a proposal to

interdisciplinary and innovation. It was sought to verify wheter the students

realize through this activity, the importance of conserving the environment. For

taking data, the film was shown in a class of 5th grade Elementary School, in which

discussion was held with students and activities as well as recording audio and

video of the process.

Keywords: Film, Science Fiction, Didactic Action, Thematic Environmental

Education Environmental Education.

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Introdução

É essencial que haja uma crescente discussão sobre temáticas ambientais neste atual

modelo de sociedade, no qual as pessoas consomem exacerbadamente sem refletir sobre os

impactos que isso provoca no meio em que vivem. Afinal, está mais que comprovado que os

recursos naturais são esgotáveis e cabe a todos nós preservá-los.

A educação ambiental possui um papel importante de mediadora de tais discussões, ao

desempenhar o difícil papel de resgatar valores como o respeito à vida e à natureza e por

contribuir para o processo de transformação da sociedade atual em uma sociedade sustentável,

centrada no exercício responsável da cidadania, que considere a natureza como um bem comum.

Conforme Pelicioni (1998), “a educação ambiental deve se transformar em ação e tem

como objetivo, formar a consciência dos cidadãos e transformar-se em filosofia de vida, fazendo

com que as pessoas adotem comportamentos ambientalmente adequados”.

É necessária a abordagem de temas ambientais na escola que levem os alunos a visões mais

abrangentes e a reflexão sobre suas atitudes. Pensando nisso, muitos filmes de ficção científica

estão sendo utilizados na área de ensino, em especial no ensino de Ciências e Biologia (Educação

Ambiental). Shaw e Dybdahl (2000) propõem o uso de filmes como fonte de aprendizado informal

sobre temas de ciências. Machado (2008, p. 291) mostra a possibilidade de se estabelecer

relações entre conteúdos disciplinares e conteúdos cinematográficos e ensina variadas formas de

utilização do filme no ensino. Gomes-Maluf e Souza (2008) estudaram o filme de ficção científica

“Jurassic Park” como um constitutivo do conhecimento, que possibilita a transmutação do

ficcional no real/racional, acrescentando novos conceitos à estrutura conceitual dos educandos,

bem como, atuando na mediação do conhecimento, organizando-o e desencadeando-o. A partir

de seus estudos, propuseram que (Gomes-Maluf e Souza, 2008, p. 271),

“[...] a ficção científica pode ser mais esclarecedora que a Ciência se for

utilizada como ponto de partida para uma proposta metodológica no ensino de

Ciências, devendo-se inserir o filme na exploração inicial dos conceitos a serem

desenvolvidos em sala de aula, [ ...] se transformando em um elemento que

informa o conhecimento a ser explorado e é um aparato que oferece as

imagens de experiências a serem realizadas na aprendizagem dos conceitos de

Biologia Molecular.”

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Rose (2003) utiliza o filme no ensino de conceitos de Biologia em um curso que leciona.

Porém, ela comenta que utiliza apenas filmes em que a ficção é mais próxima do real, sem

exageros, possibilitando um questionamento mais plausível. Da mesma forma, Piassi et al. (2008,

p.45) falam especificamente sobre a utilização da ficção científica em discussões sobre temáticas

ambientais.

Martin Diaz et al. (1992, p. 22) resumidamente diz:

“Estamos convictos de que a ficção científica pode ser um instrumento muito

útil para nos ajudar a atingir certos objetivos na educação científica, tais como:

incentivar a motivação e o interesse dos estudantes, desenvolver atitudes

positivas perante a ciência, estimular o surgimento de conflitos cognitivos,

promover a criatividade e o pensamento crítico, etc.”

Nesse contexto, o uso de filme como instrumento de ensino, é uma possibilidade na

qual a obtenção do conhecimento poderá ocorrer de forma lúdica, interativa e cativante e que

pode ser explorada nas mais diversas áreas do conhecimento, gerando assim um envolvimento

significativo com os temas abordados.

Devido à grande variedade de filmes de ficção científica e pelo fato deles atingirem

um grande público, em especial crianças e adolescentes, podem ser utilizados no ensino de

temáticas ambientais, pois irão possibilitar uma abordagem crítica em sala de aula, estimulando a

criatividade e a imaginação, permitindo a visualização de possíveis situações futuras, baseadas na

veiculação das atitudes e preocupações presentes, mostrando o absurdo como uma possibilidade

real. Além disso, o uso de filme torna interdisciplinar a proposta pedagógica por explorar temas

diversos, possibilitando que vários professores de áreas distintas realizem trabalhos interligados,

com focos iguais ou distintos.

Atualmente, mesmo que haja questionamentos sobre os impactos causados pelos

avanços tecnológicos gerados pelo homem, tem sido difícil incorporar aos sistemas de ensino

enfoques e metodologias que entendam a ciência e a tecnologia como produtos socialmente

construídos e que, por isto, carregam interesses, valores, etc.

Pensando nisso, foi feita a exibição do filme em uma sala de 5º série do Ensino

Fundamental II buscando avaliar se o filme é uma boa possibilidade educacional para que sejam

exploradas temáticas ambientais, mostrando uma visão de resultado das interferências do

homem no meio em que vivem e possibilitando essa reflexão sobre o mundo em que vivemos.

Será abordada nesse trabalho a importância da Educação Ambiental na escola e da utilização do

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filme na sala de aula. Também foi feita a descrição dos conteúdos que podem ser trabalhados

com o filme selecionado em sala de aula.

Justificativa

Um dos maiores desafios da prática pedagógica é o de conseguir articular as disciplinas com

os Temas Transversais dos PCN. É importante que o professor trabalhe os eixos temáticos das

Ciências Naturais e a sua relação com os Temas Transversais e com a realidade vivida pela

sociedade nos dias de hoje. Pensando nisso, o uso do filme de ficção científica no ensino de tais

temas é uma alternativa pedagógica interdisciplinar que busca propiciar melhorias no ensino-

aprendizagem, particularmente, o estudo dos materiais didáticos como subsídios às práticas

escolares. Sendo assim, este trabalho apresentará uma análise do filme Wall-E no intuito de

apresentar os possíveis conteúdos que podem ser trabalhados em sala de aula. Além disso,

avaliará o filme como um instrumento de ensino, que possibilitará ao aluno adquirir

conhecimento de forma lúdica e interativa.

Objetivos

Este trabalho tem por objetivo avaliar o uso do filme Wall-E como uma forma de prática

pedagógica referente à temática ambiental, bem como, verificar se ele estimula o debate, a

expressão oral e escrita, e a reflexão do que está transmitindo. Também foi feito um

levantamento dos conteúdos presentes no filme que podem ser trabalhados em sala de aula. A

parte prática de tomada de dados foi realizada em sala de aula do Ensino Fundamental II 5ª à 8ª

séries (6º a 9º ano), onde se pretendeu também checar se os alunos percebem, por meio do

contato com esse material, a importância de se conservar o meio ambiente para se evitar

desastres ambientais. Procurou-se verificar também se o filme estimula os alunos a expressarem

suas ideias em torno de conceitos ambientais como geração de lixo, uso sustentável, reciclagem,

etc.

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O filme na sala de aula

Para o uso do filme de ficção científica em sala de aula, vários fatores devem ser levados

em consideração. A escolha deve ser feita de forma minuciosa, de modo que possibilite ao aluno

o aprendizado do conteúdo pretendido pelo professor. O investimento de tempo é alto, de nodo

que, o filme deve ser bem aproveitado, possibilitando um trabalho interdisciplinar, no qual sejam

feitos debates sobre temas diversos.

Para a aplicação didática, deve-se adequar a linguagem cinematográfica com a faixa etária

dos alunos, selecionando o filme com o máximo de cautela, sempre visualizando o objetivo a ser

alcançado. Na exibição, deve-se atentar à natureza da relação do espectador com o filme, que é

em sua maior parte mediada por imagens, gerando uma “impressão da realidade” (Metz, 1972),

que se trata do estabelecimento de uma ligação entre as cenas do filme com o real, procurando-

se uma aproximação entre a fantasia e temas científicos atuais, gerando uma autenticidade, que é

estabelecida pelo discurso científico. Pensando nisso, Gomes-Maluf e Souza (2008) recomendam

o uso do filme no início das atividades escolares, para que não se gere insegurança em relação à

validade teórica de seus conceitos.

Outro ponto presente no filme de ficção científica é a construção da verossimilhança, na

qual são eleitos para o filme modelos representativos, apresentados sem incertezas científicas,

que podem gerar em quem assiste o estabelecimento de identificações, que não necessariamente

a expressão da realidade (Kirby, 2003, p.258). No entanto, de forma contrária a isso, o fato do

filme ser mais fácil de entender do que o livro traz consigo a percepção direta da realidade.

Outra visão a respeito deste tipo de recurso didático é a da psicóloga e coordenadora

pedagógica do Porta-Curtas apresentado no Mostra Geração em 2008, destinado ao uso escolar;

Eliane Cândida Pereira. Segundo a coordenadora, o material multimídia é um elemento que está

sendo usado com cunho educacional de forma acentuada nas salas de aula, como o uso de filmes,

canções, figuras e formas coloridas, que inclusive pode ser usado desde a educação infantil

(Pereira, 2008).

“Vivemos cercados por esses elementos e a escola também tem que incorporá-

los. O professor deve ir além da aula e contribuir para que os alunos saibam ler

as mensagens que são passadas através dos vídeos. Os vídeos podem

extrapolar a simples utilização como suporte motivacional de uma disciplina,

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tornando-se também uma linguagem usada na escola que os alunos podem

aprender a ler, criar e recriar, que é a linguagem audiovisual.”

O vídeo pode ser usado por pais e professores, por meio de explicações e monitoramento.

Os professores devem conhecer os materiais disponíveis e se atentarem com os alunos, não os

deixando confundir o momento de aula com lazer. Para isso não acontecer o professor deve estar

bem atento, esclarecer os objetivos e agir como mediador do ensino.

Então, na escolha, deve-se levar em consideração os temas ligados aos objetivos da

aprendizagem e ficar atento ao tempo de duração do filme, pois depende da concentração de

quem o assiste. Quanto ao assunto e conteúdo, estes devem ser apropriados para a idade do

aluno, já as ligações (inter-relações) entre assuntos que aluno consegue fazer através do vídeo é

um dos objetivos da aprendizagem.

O filme WALL-E

Com base nos objetivos deste trabalho e em critérios, tais como, tempo, assunto e

linguagem apropriada à faixa etária dos alunos, foi escolhido para ser exibido o filme Wall-E

(Stanton, 2008), por possuir um tempo de duração menor, apresentar os conceitos de educação

ambiental de forma explícita e por possuir uma linguagem cinematográfica apropriada à faixa

etária dos alunos. Também foi levado em consideração o fato do filme possibilitar um trabalho

posterior com diferentes linguagens, a cinematográfica, a escrita e a de imagens.

Na trama do filme Wall-E, a Terra está destruída e nela não há mais recursos naturais; o

homem explorou o ambiente de forma insustentável sem pensar no dia seguinte, realizou

produção desenfreada de tecnologias desnecessárias, transformou o planeta num depósito de

entulhos e poluiu a atmosfera com gases tóxicos, gerando um ambiente inóspito, levando-o ao

caos. Após a situação criada, a humanidade deixou o planeta embarcando numa gigantesca nave

espacial (Axiom) para realização de um cruzeiro espacial que a priori estava planejado para durar

cinco anos e deixou para trás robôs que iriam fazer a limpeza do planeta. Porém, como a Terra

não estava preparada e não oferecia condições adequadas para a sobrevivência humana, a volta

foi adiada por sete séculos, até o momento no qual a história se passa.

Wall-E, que é determinado e empenhado no que faz, é o único robô que ainda funciona e

que na Terra permanece limpando-a, pois se mantém ativo graças ao auto-conserto de suas

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peças. O filme, que foi lançado no Brasil em 2008, escrito e dirigido por Andrew Stanton, conta a

história deste robozinho, que é um dentre os muitos robôs deixados na Terra.

Em meio à total solidão, Wall-E conta com a amizade de uma baratinha simpática e se

entrega a sonhos românticos ao assistir repetidas vezes ao musical “Hello, Dolly!”. Além disso,

coleciona objetos que encontra no meio do lixo que ele organiza, vendo em cada um deles

possíveis utilidades, como é o caso da muda de planta, encontrada dentro de uma geladeira

velha, que ele leva para sua casa e a guarda. Certo dia chega a Terra uma nave espacial, que traz

consigo uma nova e moderna robô, Eva, por quem ele se apaixona e que será sua companheira.

Ela possui tecnologia avançada e um visual arrojado e destoa do protagonista, que é muito sujo e

desatualizado tecnologicamente, mostrando a relação entre os opostos.

Em um determinado momento, para demonstrar seu amor a Eva, Wall-E lhe dá a planta que

anteriormente havia encontrado, e ao identificá-la por meio do seu scanner, Eva a coloca dentro

de seu compartimento e fica em estado de alerta, sem realizar movimento por vários dias.

Mesmo assim, Wall-E sempre a leva consigo para o trabalho e para dar passeios e a protege,

inclusive de chuva. Dias depois, a nave que a trouxe, volta para levá-la e Wall-E para não perder

seu amor, se prende na nave e viaja através do espaço atrás de Eva e no percurso ele se depara

com visões nunca antes imaginadas, inclusive é possível ver quanto lixo tecnológico (satélites) o

homem lançou na atmosfera e fica maravilhado com a visão que tem da Terra a partir do espaço,

mesmo ela estando amarronzada. Para essa aventura, Wall-E conta com seus mais novos amigos,

uma heroica equipe de robôs desajustados e defeituosos.

No filme a história é retratada em terceira pessoa, pois Wall-E não conta a história, mas

sim, faz parte dela. A trama do filme é explicada por meio de imagens, praticamente sem diálogos

e busca mostrar uma possibilidade do que pode vir a acontecer se a humanidade continuar a

produzir tanto lixo. Isto é retratado por uma visão de um futuro pessimista, em que todas as

pessoas são obesas, sem contato direto umas com as outras, conversando por meio de monitores,

vivendo restritas a uma nave espacial, além de serem controladas por grandes corporações para a

manutenção de sua sobrevivência.

A educação ambiental na escola

Os problemas ambientais denunciam desigualdades profundas no acesso das populações

aos recursos da natureza, que são vistas nas lutas sociais de comunidades por saneamento básico,

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áreas densamente povoadas, despoluição de mananciais, etc. Esses problemas não acontecem

apenas por causa da quantidade de pessoas que existem no planeta ou por consumirem recursos

naturais para suprir suas necessidades básicas, “o problema está no excessivo consumo desses

recursos por uma pequena parcela da humanidade e no desperdício e produção de artigos inúteis

e nefastos à qualidade de vida” (Reigota, 2001).

No filme Wall-E, a visão de Reigota aparece de forma clara ao retratar alguns dos

problemas que levou a Terra a uma situação calamitosa, como a produção de artigos inúteis e

nefastos à qualidade de vida, bem como o uso exagerado dos recursos naturais disponíveis na

Terra e uma grande quantidade de lixo. Esse é um problema que afeta o mundo todo e faz parte

do nosso dia-a-dia.

Pensando nisso, a Educação Ambiental na escola deve atuar na formação de cidadãos que

possuam a compreensão da relação e interação da humanidade com o meio, que entendam a

necessidade de se manter o equilíbrio ecológico e que sejam ativos na busca de soluções para

problemas ambientais, participando na melhoria do meio ambiente.

Conforme Irineu Tamaio (2002, p.23), a Educação Ambiental (EA) deve ser uma

transformadora social da realidade, possibilitando a estruturação de novas formas de relação do

homem consigo mesmo e dele com a natureza. Para isso, existem diversas abordagens de

metodologias pedagógicas que envolvem o processo de ensino-aprendizagem na Educação

Ambiental.

De acordo com uma pesquisa feita pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São

Paulo (1994 apud Tamaio 2002) em sua rede oficial de ensino, nas quais, analisaram-se

experiências diversas em EA. Nesta análise fez-se a distinção de quatro grupos conforme suas

ações pedagógicas, sendo que três deles possuem uma leitura do ambiente, porém, negam a

interação do homem com a natureza. Quanto ao quarto grupo, este possui uma interpretação de

natureza vinculada a uma relação histórica, na qual o homem é um sujeito ativo, que interfere no

meio em que vive, transformando-o. (Tamaio, 2002, p.24-27)

A partir da análise, verificaram a existências de variadas concepções e práticas voltadas

para a EA. Tal fato deixa claro que há uma falta de reflexão sobre os fundamentos que norteiam

essas práticas. Foi observado também que o contexto - realidade social - é um dos principais

instrumentos para se fazer EA.

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Para Irineu (2002), a relação do homem com o mundo é feita de forma indireta, tendo a

observação empírica da paisagem, como a mediadora do processo. Tal observação é conduzida

por um olhar marcado sócio historicamente. Sendo assim, a EA pode ser de fundamental

importância para se desvendar a realidade local dos alunos.

Diversos são os recursos didáticos que podem ser usados para trabalhar temáticas

ambientais com os alunos, como trabalho em campo, uso da internet, imagens, filmes e livros de

ficção científica.

Materiais e métodos

Para o desenvolvimento deste trabalho foi feito inicialmente um levantamento das obras

cinematográficas de ficção científica que abordassem temas de ciências a fim de selecionar as que

seriam estudadas. Posteriormente, fez-se a análise do conteúdo conceitual desse material em

função de conhecimentos científicos, procurando-se identificar os conceitos envolvidos, as

imprecisões, os diferentes contextos de aplicabilidade e assim por diante.

Na parte prática de aplicação, os dados para estudo foram obtidos de uma sala de aula da

escola CEU1

Todo o processo de tomada de dados foi executado em um só dia, no qual ocupou-se todo

o período de aula. Primeiramente, foi realizada uma contextualização em sala de aula sobre o que

seria pretendido com a exibição dos filmes, por meio das explicações dos pontos que foram

abordados, direcionando seus olhares para um objetivo pedagógico. Posteriormente, houve a

exibição do filme Wall-E para uma sala de aula de 5º série do Ensino Fundamental II. A partir

disso, foi proposta uma discussão para que os alunos expusessem o que haviam percebido e para

que refletissem e argumentassem com os outros sobre os tópicos levantados como significativos,

– Vila Atlântica, situada em Pirituba, na zona oeste da cidade de São Paulo. Contamos

com apoio e participação da equipe da escola na execução do projeto, por meio de um

planejamento prévio.

Foi elaborado um roteiro de aulas para a tomada de dados obedecendo a seguinte ordem;

(1) conversa prévia com os alunos sobre o propósito da exibição do filme, direcionando seus

olhares para um objetivo pedagógico; (2) exibição do filme; (3) discussão sobre o filme e (4)

debate em grupo, realização de atividades.

1 Centro Educacional Unificado

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com o intuito de buscar deles a exposição de suas visões em relação ao filme. Por fim, levantou-se

uma situação problema que seria discutida pelos alunos, que foram organizados em grupos para

decidirem como seria a continuação do filme, fazendo uma sistematização de todo o assunto e

apresentando os resultados da discussão para o restante da turma.

Todo esse processo foi registrado em vídeo com equipamentos digitais, possibilitando o

registro das discussões, dúvidas colocações dos alunos, etc, permitindo dessa forma, a obtenção

de um material para a análise e execução do trabalho. Também houve a gravação individual do

áudio de cada grupo no momento da discussão da situação problema, Além disso, foi proposto

aos alunos que fizessem individualmente a escrita de seus pontos de vista sobre como seria a

continuação do filme, contando o que aconteceria com a Terra daquele momento em diante e

que ilustrassem a situação por meio de um desenho. Os materiais resultantes de tais atividades

foram coletados e também serviram como fonte de dados. Participaram das atividades vinte e

nove alunos, sendo que três não a realizaram corretamente, pois não contaram qual seria a

continuação do filme, apenas descrevendo como foi o filme.

Foi realizada a transcrição dos vídeos, a tabulação, a organização e a análise dos dados

coletados (filmagem, gravação de áudio, questionário e desenhos) para verificar em que medida

as atividades foram de encontro aos objetivos, ou seja, se os alunos perceberam a importância da

preservação do meio ambiente por meio do filme. Com as gravações dos vídeos e áudios e com os

trabalhos escritos fizemos um mapeamento da classe, identificando os alunos com códigos do

tipo A1, A2... etc. até A29, porém, nessa análise estaremos apresentando os exemplos das

colocações escritas dos alunos por meio de nomes fictícios.

Articulando o filme com os Temas Transversais

O filme Wall-E mostra muitas situações que envolvem relações humanas acompanhando o

enredo e possibilitando um debate sobre a relação da ficção com a realidade vivida pela

sociedade. Por meio do filme o professor pode explorar em sala de aula diversos temas, que

permeiam todas as disciplinas do currículo escolar. É possível que seja feito um trabalho em

conjunto entre professores de disciplinas distintas, abordando tanto os conteúdos da disciplina

como os temas transversais propostos pelos PCN´s, pois o filme Wall-E mostra muitas situações

que envolvem relações humanas acompanhando o enredo e possibilitando um debate sobre a

relação da ficção com a realidade vivida pela sociedade. Nele são abordados diversos conteúdos

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de ciências naturais, mas no decorrer da trama, também são abordados temas diversos que

podem ser relacionadas aos Temas Transversais dos PCN´s.

Os Temas Transversais são uma forma de abordar vários assuntos importantes relacionados

com o que as pessoas vivem no dia-a-dia, ou seja, foram elaborados para tratar “de processos que

estão sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas comunidades, pelas famílias, pelos alunos

e educadores em seu cotidiano” (Brasil, 1998b, p. 26). Conforme as orientações, esses temas

(Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde, Orientação Sexual e Trabalho e Consumo)

devem ser discutidos nas diferentes disciplinas e apresentam vários objetivos, que podem ser

resumidos da seguinte forma: A ética tem o intuito de levar aos alunos informações sobre como

atuar autônoma e criticamente em uma sociedade democrática. A Pluralidade Cultural objetiva

destacar a harmonia étnica, social, econômica, religiosa e cultural, com intuito de ensinar a

reconhecer as diferenças que compõem a realidade brasileira. O Meio Ambiente busca fazer com

que os alunos percebam e entendam as consequências ambientais de suas ações nos locais que

frequentam. O tema Saúde serve para que se entenda “que a saúde é produzida nas relações com

o meio físico, econômico e sociocultural, identificando fatores de risco à saúde pessoal e coletiva

presentes no meio em que se vive”. A Orientação Sexual é um tema que busca desvincular a

sexualidade dos tabus e preconceitos, respeitando a diversidade de valores, crenças e

comportamentos, como algo ligado ao prazer e à vida e por fim, o eixo Trabalho e Consumo tem a

intenção de identificar diferentes processos tecnológicos empregados nas atividades e analisar

seu impacto no trabalho, no consumo e na relação com a qualidade de vida e com o meio

ambiente (Brasil, 1998b, p. 91, 143, 169, 269, 311, 373).

Os temas relacionados com a “Ética”, “Pluralidade Cultural”, “Meio Ambiente”, “Saúde” e

“Trabalho e Consumo” são os que mais aparecem no filme. Já o tema “Orientação Sexual”

praticamente não é abordado, pois o enredo do filme não abre a discussão sobre o assunto.

ÉTICA e PLURALIDADE CULTURAL: O tema ética em sala de aula, trata da importância do

respeito e dos princípios de conduta, além de explorar a importância de cada indivíduo e da sua

relação com os outros. Aborda como a sociedade é composta por pessoas diferentes tanto em

personalidade, opinião, crença, e conduta. Já o tema pluralidade cultural, este está bem ligado à

ética, pois diante da diversidade entre as pessoas há preconceito e discriminação, e a escola tem

o papel de “como instituição voltada para a constituição de sujeitos sociais e ao afirmar um

compromisso com a cidadania coloque em análise suas relações, suas práticas, as informações e

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os valores que veicula” (Brasil, 1998, p 137). O filme explora as características de personalidade

de seus personagens e como eles agem diante de várias situações de risco e problemas

envolvendo a segurança e bem estar da sociedade. No filme alguns personagens são excluídos do

convívio comum dos tripulantes por apresentar características que não são aceitas, como é o caso

dos robôs com defeitos, porém, eles são peças fundamentais para que a nave volte à Terra. Outro

exemplo é a parceria feita entre a Eva e o Wall-E que mesmo tendo características física, de

comportamento, de opinião e de conduta bem diferentes, se unem em prol de um objetivo

comum, o de voltar à Terra. Em certo momento do filme, a Eva só se preocupa com o estado do

Wall-E, que está todo destruído, se esquecendo dos seus princípios e objetivos, porém Wall-E a

lembra de que voltar à Terra é importante, pois envolve a vida de muitas outras pessoas, assim

como o seu funcionamento.

Falar sobre as diferenças entre as pessoas é um assunto importantíssimo, afinal o mundo é

diverso, composto por pessoas com características muitas vezes bem discrepantes umas das

outras. Trabalhar a tolerância e o respeito entre as pessoas, levando em consideração as

diferenças, mas sem agir com indiferença é algo que deve ser debatido e praticado no ambiente

escolar. O professor a todo o momento lida com as diferenças em sua sala de aula, como grau de

desenvolvimento, de crença, de etnia e de opiniões. Essa é uma boa ocasião para mostrar aos

alunos que o debate desse assunto é um momento para se exercitar a atitude de se saber ouvir o

outro, respeitando sua opinião e que é possível se fazer uma analogia com o filme, que mostra

que a contribuição de cada personagem, com suas diferenças foi responsável por fazer com que a

nave voltasse à Terra e com que o Wall-E fosse salvo.

MEIO AMBIENTE: Dentre os assuntos possíveis de serem trabalhados a partir do filme,

destacam-se, poluição (do solo, água e ar), reciclagem natural e reciclagem feita pelo homem,

extinção de espécies, consumo exagerado, destino do lixo, desenvolvimento consciente, impactos

gerados pelo homem sobre o meio ambiente, relação do homem com a natureza, pegada

ecológica, sustentabilidade, medidas de prevenção da poluição, adaptação da espécie ao meio

ambiente, modificações genéticas, reprodução controlada, cadeia alimentar, hábitos alimentares

das espécies, relações políticas e sociais, hierarquia: funções exercidas (organização dos

personagens), ética, tecnologias, círculo familiar, ideal de beleza: moralização do corpo

(gordo/magro, saudável), felicidade, analogia entre robôs e pessoas, laços de amizade, moradia,

entre outros.

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O filme apresenta de forma explícita o resultado que a poluição e a geração de lixo

desenfreada causou. Ao assistir o filme, o espectador (aluno) se depara com um cenário de

destruição da Terra causado pelo homem, deixando bem claro um possível resultado da ação do

homem sobre o planeta, se caso ele não tiver um desenvolvimento consciente, pensando no dia

de amanhã e no meio ambiente. Nesse contexto pode ser trabalhado a pegada ecológica dos

alunos e como está sendo sua ação no meio ambiente, o levando a pensar em suas atitudes.

Pensando ainda no contexo da poluição, pode ser tratado os efeitos negativos causados no

ambiente, na saúde, nos seres vivos e em todo o ecossistema. O professor pode explorar os

diferentes tipos de poluição, como a do solo, a atmosférica, a hídrica, a sonora, a térmica, a

luminosa, a visual, entre outras, e fazer correlação com o di-a-dia dos alunos, como por exemplo a

poluição atmosférica da cidade de São Paulo, que se agrava a cada dia que passa, gerando a

diminuição da qualidade do ar e afetando a saúde das pessoas. Tal assunto pode ser tratado de

forma mais local, discutindo-se a situação do bairro onde a escola está inserida e sobre a

responsabilidade que os alunos e os outros moradores tem sobre a situação, além do papel dos

setores públicos. No filme, o poluente mais agravante que é apresentado de forma explícita é o

lixo, mas há outros como a queima de combustíveis feita pelas fábricas, automóveis, centrais

termoelétricas, além dos poluentes gerados sem a ação do homem, como incêndios florestais e

vulcões.

Também é possível trabalhar os tipos de poluentes existentes, as suas consequências e as

diversas medidas de prevenção que os próprios alunos podem tomar para cuidar do meio

ambiente. O Wal-E, mesmo sendo um robô que foi projetado para organizar o lixo da Terra é um

bom exemplo de sujeito que se preocupa com o meio ambiente, porque além de realizar suas

tarefas diárias de amontoar o lixo em pilhas, ele seleciona do lixo obetos que podem ser

reutilizados no seu dia-a-dia, como é o caso da sua fita cassete e da tampa de lixo que ele usa

como chapéu, entre outros, que fazem com que sua casa seja cheia de bugigangas. Esse é um

exemplo de reciclagem em que o Wall-E está reutilizando um certo material, mas há muitas

outras de formas de se fazer recilagem. Sendo assim, o professor pode explorar os tipos de

materiais que podem ser reciclados, as classificações do lixo para que sejam separados (metal,

papel, vidro e lástico), as etapas da reciclagem (coleta e separação, revalorização e

transformação), a relação lixo e cidadania, onde pode ser debatido o papel de cada um na

sociedade frente ao lixo, produto de nosso consumismo e apresentar as ações mundiais que estão

sendo tomadas para que a situação do filme não seja real e quais as dificuldades encontradas,

como os interesses político-sócio-econômica de cada país.

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SAÚDE: Na cena em que o controla mostra a gravação enviada da Terra para a nave, dando

a ordem de que não deveriam voltar para a Terra porque esta não estava em uma situação

favorável a vida, nota-se que o presidente está respirando com a ajuda de aparelhos médicos,

mostrando que a poluição gera malefícios á saúde humana, como problemas no sistema

respiratório e cardiovascular, trazendo doenças respiratórias como a asma.

A questão da saúde também pode ser explorada ao se falar sobre os tripulantes da nave

Axiom é controlada por robôs, tendo como líder o “controle”, que de forma hipotética segue

ordens de um humano, o comandante. O comandante, assim como todos os tripulantes da nave,

é uma pessoa obesa, ociosa, que não realiza atividades físicas, além de segurar seu copo de café.

No decorrer do seu dia, ele passa o tempo todo sentado e é servido por robôs que escovam seus

dentes, lavam o seu rosto, arrumam seu cabelo, vestem sua roupa, preparam seu alimento, entre

outros. Conforme o comandante mesmo diz, ele tem uma vida sedentária deixando claro que ele

não vive e sim sobrevive. É possível trabalhar com os alunos a questão da obesidade, levantando-

os a um debate que questione o por que dos tripulantes ficarem obesos, além de temas como

preconceito, saúde, formas de prevenção, associação entre magro e beleza/saúde, estereótipos

impostos pela sociedade, etc. Também pode ser debatido a falsa visão de felicidade que os

tripulantes da nave possuem, afinal estão confinados a uma nave, se alimentam apenas de

shakes, não podem ter contato direto uns com os outros e vivem uma mesma rotina de tarefas

diárias. Quando o comandante conhece a Terra por meio do computador, ele passa a ter vontade

de conhecê-la e levar toda a sua tripulação a ela, pois as músicas, as plantações, o mar, a

diversidade de coisas que tem na Terra o atrai e ele percebe que o que ele tem é pouco.

Dentro dessa questão da obesidade, é possível o trabalho sobre o tema modificações

genéticas (mutações) presente no currículo de ciências. Por em questão a veracidade da

informação transmitida pelo filme do fato das pessoas terem ficado todas obesas na nave por

causa do longo período de tempo que se mantiveram sentadas, sem realizarem atividades e por

causa da ação da gravidade, sendo possível que fossem geradas mutações genéticas em seus

organismos, como é o caso da atrofiação dos seus membros, devido a falta de uso, pode ser um

grande estimulados na introdução do conteúdo.

Todos os tripulantes da nave possuem uma rotina diária parecida com a do comandante.

Acordam tarde, se movimentam por meio de cadeiras super confortáveis que flutuam por

caminhos bem delimitados, como faixas na pista. Em frente a sua cadeira, mais precisamente na

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altura dos seus rostos, há um monitor (tela) onde passa tudo o que está acontecendo na nave.

Por meio da tela eles conversam uns com os outros e ficam sabendo das novidades. Um ponto

interessante a ser abordado em sala de aula é o por que no filme foi trabalhado essa falta de

contato físico entre as pessoas. Talvez isso seja necessário para que a vida nessa nave seja

possível, pois sem o contato físico não há a transmissão de doenças. Por outro lado, isso não é o

comum para quem assiste ao filme, pois essa relação à distância não é natural nem humano. Isso

pode ser visto no momento em que uma tripulante que teve seu monitor removido por causa do

Wall-E e que está olhando pela janela da nave e vendo as estrelas esbarra em outro tripulante,

tocando a sua mão na dele. Nesse momento algo forte os toca e eles se olham de uma forma

diferente, como se nunca tivessem sentido aquela sensação, que é uma resposta natural do corpo

humano.

TRABALHO E CONSUMO: Como já se passou muito tempo, desde a saída da nave da Terra,

cerca de setecentos mil anos, as pessoas já não sabem direito o que é a Terra. Falar sobre o seu

planeta de origem não é um assunto pertinente, que faça parte das conversas diárias dos

tripulantes. As conversas são pautadas em conteúdos diversos e fúteis, como tomar sol em frente

á piscina, usar a roupa do momento (que está na moda), a maquiagem, o Milk shake, etc. As

crianças são criadas por robôs e aprendem desde pequenas na escola, que a Axiom é o seu lar e

que sua melhor amiga é a robô babá. Sendo assim, elas são criadas por máquinas, rodeadas por

tecnologias de ponta. Talvez esse seja o motivo do comandante não saber ler um livro, afinal tudo

é informatizado. Como seria se hoje os alunos não tivessem professores e sim robôs na sala de

aula?

A cada dia que passa, as pessoas são bombardeadas por tecnologias que estão sendo cada

vez mais necessárias, se tornando algo imprescindível para a vida. Hoje, nas salas de aula, os

alunos possuem celulares multifuncionais, acessam a internet e conhecem o mundo por meio

dela, as máquinas de xerox imprimem os trabalhos escolares, os DVDs passam os vídeos, e a cada

dia que passa as pessoas tem que se atualizar para acompanhar o ritmo do desenvolvimento

tecnológico. Até que ponto isso é bom? Esses e outros temas podem ser debatidos por meio do

filme. Nele, os avanços tecnológicos foram essenciais para a sobrevivência das pessoas dentro da

nave, fora do seu habitat natural.

Outro ponto a ser debatido é a sociedade que vivemos hoje. Perguntas podem ser

levantadas, como: Por que eu consumo determinada propaganda e o quanto ela me influencia? O

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quanto essa sociedade que funciona a mil por hora consome do meu tempo a ponto de eu não ter

tempo para a minha família? Por que eu escolho acessar a internet para fazer uma pesquisa ao

invés de ir até uma biblioteca?

Resultados da exibição do filme

Após a exibição do filme, na realização da discussão geral em sala de aula, notamos que

alguns alunos se sobressaíram em suas falas, mostrando estar bem dispostos a comentar e

expressar suas opiniões. Pela análise sistemática dos vídeos e dos áudios gravados, pudemos

constatar que os alunos que fizeram poucos comentários, também relataram sobre o que tratava

o filme, porém de forma mais tímida, conforme seus conceitos prévios e pontos de vistas. A partir

das gravações, também verificamos que os alunos que não fizeram nenhum comentário na hora

da discussão, expuseram suas visões na escrita durante a atividade em grupo, mostrando que o

fato de não se sentirem à vontade na discussão geral, não significou que não entenderam o filme

e a proposta das atividades ou que não gostaram do filme. Essa análise é importante para

verificar o grau de participação e envolvimento de todos os alunos.

Por meio das apresentações feitas pelos grupos de alunos e das atividades realizadas

individualmente, alguns tópicos se evidenciaram:

• Replantar (para quê e o uso desse recurso)

• Reciclar (diferentes visões, métodos de reciclagem),

• Construir e Reconstruir,

• Tecnologias (reconstrução e criação de tecnologias, avanços tecnológicos),

• Medidas tomadas para não poluírem,

• Ideal de família,

• Ideal de beleza: Moralização do corpo (gordo/magro, saudável),

• Felicidade,

• Robô igual a uma pessoa, geram filhos / Robô diferente de uma pessoa, constroem filhos,

• Amizade (laços criados),

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• Destino da nave (como será utilizada),

• Funções exercidas (organização dos personagens),

• Moradia ( Local que querem que os personagens morem),

• Resultado (situação final),

• Disse qual seria o assunto do filme.

Podemos notar, a partir da análise desses tópicos que houve diferentes interpretações a

respeito do filme, porém elas permearam os mesmos temas geradores:

(1) Replantar: A partir da atividade escrita pelos alunos, foi constatado que a grande

maioria deles vêem importância no plantio de vegetação. Dos vinte e nove alunos que realizaram

a tarefa, dezenove relataram a importância do plantio e dez alunos não comentaram sobre o

assunto.

Os alunos relataram diversas visões sobre o plantio, como o uso dos recursos naturais na

construção de casas e móveis; sobre a planta ser sinônimo de vida; destacaram a sua importância

na saúde ao relacionar com limpeza (reciclagem natural) e qualidade de vida; realçaram que

querem a prosperidade da planta, para que haja mais sementes e consequentemente mais

árvores; e que a planta poderia ser utilizada para fins alimentícios, visando uma vida mais

saudável, pois alimentos naturais, em seus pontos de vista, geram mais saúde. Dentre todas essas

opiniões, o plantio tendo como finalidade a alimentação foi a mais ressaltada, como descrito na

fala seguinte:

“As plantas começaram a se desenvolver e as pessoas colheram os alimentos,

ficando cada vez mais saudáveis” (MARIANA).

(2) Reciclar (diferentes visões, métodos de reciclagem): Quanto à reciclagem, cerca de 56%

mostraram que vêem importância nesta prática. Arrumar artigos com defeito, reutilizar o lixo

para a construção de novos materiais, fazer a limpeza do espaço de forma a reaproveitar os

materiais dos satélites e fazer a separação seletiva do lixo em locais específicos, são alguns dos

pontos levantados pelos alunos, bem como o destino dado ao navio, que não deixa de ser uma

forma de reciclagem daquele espaço.

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Para exemplificar essa prática de reciclagem, segue algumas escritas feitas pelos alunos:

“o final do controle foi ser reciclado para outra coisa”, “Com todo aquele lixo e com os

satélites, o Wall-E construiu uma casa” e “Aqueles robôs foram reciclados e com aquele material

fizeram carros, cadeiras e mesa” (JOÃO).

(3 )Construir e Reconstruir: Para a revitalização da Terra, cerca de metade dos alunos

comentaram sobre o assunto, dizendo que gostariam que carros, casas, prédios, ruas, escolas,

carteiras, mesas, hospitais, entre outros, fossem construídos ou reconstruídos. Notamos que

muitos falaram sobre a reutilização dos materiais que estavam no lixo jogado na Terra,

demonstrando uma preocupação com o destino que iriam dar ao lixo e uma aproximação com a

visão do Wall-E, que via utilidades no lixo que encontrava.

(4) Tecnologias (reconstrução e criação de tecnologias, avanços tecnológicos): Poucos

alunos deram importância aos avanços tecnológicos, limitando-se a falar que gostariam que

foguetes, carros, sons e robôs, que por sinal já existiam fossem construídos. Dentre esses poucos,

foi comentado mais de uma vez que eles gostariam que houvesse modificações no Wall-E, para

que ele ficasse tão avançado tecnologicamente como a Eva. Uma das falas foi:

“A 'Nova Era' era cheia de tecnologia e todos ficaram muito, muito felizes” (JOANA),

mostrando que ela gostaria que a vida dali para frente fosse sofisticada.

(5) Medidas tomadas para não poluírem: Pensando na diminuição ou no extermínio da

poluição, diversas medidas foram propostas por metade dos alunos, como:

“Não queimaram mais nada para que não poluíssem a cidade e o ar e o mundo ficou limpo

outra vez” (MARIO).

A limpeza dos rios e da cidade para que tudo ficasse mais colorido foi o ponto mais

ressaltado; também falaram sobre a reciclagem e que não haveria mais fábricas nem ônibus que

gerassem fumaça. Envolvidos no ritmo da ficção, imaginaram a construção de carros espaciais que

não poluíssem e comentaram inclusive, sobre as plantas como agentes geradores da limpeza do

ar, no processo de fotossíntese.

(6) Ideal de família: Ficou bem claro que os alunos dão muita importância a instituição

familiar, pois a grande maioria relatou que gostariam que o Wall-E e a Eva se casassem e tivessem

filhos. O mesmo desejaram para o casal de humanos. É possível ver a importância da relação de

pai e filho no relato de uma aluna, ao escrever:

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“As crianças foram todas adotadas pelos gordinhos” (JÉSSICA).

Era nítida a relação que foi estabelecida entre família e felicidade, mostrando que ao se

criar uma família, logo a felicidade se instauraria. Também percebemos que eles estabelecem

uma relação entre a construção da casa do casal (Wall-E e Eva) com a constituição familiar, pois

quando falam em filhos, também falam em casa.

(7) Ideal de beleza (saúde): Quanto ao ideal de beleza, ficou clara a preocupação dos alunos

em relação a aparência dos humanos. Metade dos alunos se preocuparam com o excesso de peso

que os humanos do filme tinham devido a rotina sedentária e a má alimentação na nave espacial.

Como forma remediativa, alguns sugeriram a criação de academias, bem como a mudança no

hábito alimentar, pensando na ingestão de alimentos saudáveis que proporcionasse o

emagrecimento. Outro ponto sobre o ideal de beleza, foi a colocação de um aluno, ao escrever:

“O Wall-E se tornaria igual a Eva e os gordinhos ficariam magros” (JULIANA), mostrando

que para ele o belo é o novo, o limpo e o tecnologicamente mais avançado.

(8) Felicidade: Todos mostram de forma implícita que as mudanças que eles propõem

para melhorar a qualidade de vida das pessoas e do planeta irão trazer felicidade. Então, de

maneira geral, do ponto de vista dos alunos, a reciclagem do lixo, fazer casas bonitas, escolas,

cuidar do meio ambiente deixando-o mais colorido, constituir uma família, ter filhos, criar laços

de amizade e viver na Terra são alguns pontos classificados como forma de se obter a felicidade.

(9) Robô igual a uma pessoa, geram filhos / Robô diferente de uma pessoa, constroem

filhos: De todos os alunos que relataram que gostariam que houvesse a criação de famílias na

continuação do filme, quase todos estabeleceram a relação de igualdade entre robôs e seres

humanos ao mostrar que o Wall-E e a Eva podiam se casar e prover filhos, apenas a aluna

mencionou palavras de criações maquinarias de robôs para serem os filhos fictícios do casal,

diferenciando os humanos dos robôs ao dizer:

“E o Wall-E e a Eva tiveram dois robozinhos que foram construídos por eles mesmos”

(DAYVID).

(10) Amizade (laços criados): Os alunos relataram que na continuação do filme, os humanos

e os robôs viveriam juntos na Terra, demonstrando um laço de amizade. Algo mais específico

sobre amizade, não foi Inclusive uma aluna comentou:

“Todos seriam amigos e nunca brigariam entre si” (BRENDA).

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(11) Destino da nave (como será utilizada): A nave que anteriormente poderia ser vista

como uma fuga dos problemas ambientais que estavam ocorrendo na Terra devido à ação do

homem, ao voltar para o planeta, ganhou uma nova caracterização, tornando-se, na visão de

alguns um veículo de passeio:

“A nave se tornou um hotel e todos os anos ela vai para o espaço por dois meses”

(STEFANY).

Também comentaram sobre a possibilidade de criação de um museu para que as pessoas

pudessem lá conhecer o que aconteceu com a Terra um dia; ou um hotel para recém casados.

(12) Funções exercidas (organização dos personagens): Para a resolução do problema da

destruição que havia na Terra, uma aluna propôs a divisão de tarefas entre os personagens do

filme. O capitão se tornou prefeito e nomeou para cuidar do meio ambiente os filhos do Wall-E.

Assim, foram considerados heróis o Wall-E e sua família.

(13) Moradia ( Local que querem que os personagens morem): Todos os alunos idealizavam

as moradias na Terra. Inclusive relataram que o Wall-E e a Eva moravam em uma casa reciclada,

de blocos de lixo. Também a respeito de moradia, um aluno relatou que o casal de robôs foram

morar no espaço, porém voltaram para a Terra pois ela é bem melhor para se morar. Então, no

geral, todos vêem a Terra como o melhor lugar para se morar.

(14) Resultado (situação final): No geral, todos os alunos propuseram formas diferentes

e/ou iguais de mudanças na situação catastrófica da Terra, em todos os âmbitos: político, social,

econômico, afetivo, ambiental, entre outros. A partir dos relatos feitos pelos alunos, foi possível

notar que os alunos perceberam por meio do contato com o filme, a importância de se conservar

o meio ambiente para se evitar desastres ambientais.

A partir dos relatos feitos pelos alunos, foi possível perceber que os alunos, por meio do

contato com o filme, visualizaram importância em se conservar o meio ambiente para se evitar

desastres ambientais.

Considerações finais

Com base na análise, o filme aborda de forma mais acentuada os eixos “Ética, Pluralidade

Cultural, Meio Ambiente, Saúde e Trabalho e Consumo” pertencentes aos Temas Transversais,

sendo que o tema “Orientação Sexual” quase não aparece. Sendo assim, o filme é uma

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possibilidade de recurso didático diferenciado que pode ser usado no trabalho de tais temas em

sala de aula, sendo um subsídio a prática pedagógica dos professores.

A partir dos dados coletados, foi possível constatar que o filme de ficção científica Wall-E

pode ser utilizado em sala de aula como um subsídio às práticas escolares, pois é um bom recurso

didático de auxílio ao professor no processo ensino-aprendizagem. Neste trabalho de avaliação do

uso de filmes como uma forma de prática pedagógica referente à temática ambiental, que foi

realizado em uma sala de aula do Ensino Fundamental II, foi verificado que os alunos perceberam

por meio do contato com este material, a importância de se conservar o meio ambiente para se

evitar desastres ambientais e isso se refletiu em suas escritas.

O filme Wall-E se mostrou útil tanto na abordagem de temáticas ambientais como em

outras temáticas, conforme relatado nos resultados, mostrando que pontos como, ideal de

beleza, saúde, ideal de família, felicidade, podem ser explorados de forma interdisciplinar. O fato

de o filme abordar diferentes temáticas possibilita que vários professores de áreas distintas

realizem trabalhos interligados, com um objetivo em comum ou até mesmo que explorem o uso

do filme, com o foco em sua área de ensino. Tal atividade pode gerar um projeto de pesquisa em

toda a comunidade escolar, bem como com a comunidade na qual a escola está inserida,

buscando-se, por exemplo, formas de se mudar o atual cenário em que vivem, pensando no

amanhã, assim como acontece no filme Wall-E.

Além disso, o filme foi um importante agente estimulador do aprendizado, ao possibilitar

trabalhar com os alunos diferentes linguagens, como, a cinematográfica, a escrita, e a de imagens.

Também gerou interação entre os alunos e inovou neste cenário em específico, com o trabalho

em grupo, prática que atualmente não vem sendo utilizada em sala de aula pelos professores.

É importante ressaltar neste trabalho, o papel importante desempenhado pelo professor,

como mediador do conhecimento, que está situado entre o recurso didático e os alunos. O filme

por si só não é um bom agente de ensino, não possui muita utilidade educativa. Um aluno que

assiste ao filme sozinho fará a sua leitura de forma não significativa, pois ele será visto como um

momento de diversão, distração e entretenimento, sem o cunho educativo. Portanto, se faz

necessária a figura do professor para direcionar o olhar dos alunos para um objetivo pedagógico,

tornando-o assim, um ótimo recurso didático para o ensino de temáticas ambientais.

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