Vygotsky 2

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Índice da edição 139 - jan/2001

Reportagem de capa

Vygotsky O teórico social da inteligência

A obra do psicólogo russo que ressaltou o papel da sociedade no processo de aprendizado ganha destaque com as comem orações do centenário de seu nascimento e a expansão do socioc onstrutivismo

O professor conduz o aprendizado O educador vygotskyano desempenha um papel ativo dentro da classe As posições de Vygotsky sobre o papel da escola e dos educadores são a base das principais diferenças pedagógicas e didáticas entre o socioconstrutivismo e o construtivismo de inspiração piagetiana. Pouco preocupados com fases do desenvolvimento mental, os vygotskyanos propõem uma escola que 'puxe' pelo aluno, que o faça avançar. E traçam claramente o papel do professor como condutor do processo. Já no construtivismo, o educador tem uma atuação mais discreta, agindo principalmente como um animador e apresentador de contra-exemplos para as descobertas que os alunos realizam à medida que atingem as sucessivas fases de desenvolvimento. Algumas distinções entre as duas correntes já foram bem mais claras, principalmente nos anos 80, época da rápida difusão das idéias construtivistas. É que, num processo quase inevitável na popularização de teorias complexas, muitas interpretações simplistas, que não podem ser atribuídas a Piaget ou Emilia Ferreiro, acabaram aparecendo como princípios construtivistas. Isso resultou numa visão de que a construção do conhecimento é um processo isolado e espontâneo por parte da criança. O amadurecimento do construtivismo, mas também a crítica socioconstrutivista, contribuíram para uma correção de rumos em vários desses aspectos. Como a teoria é aplicada na sala de aula Alguns exemplos de práticas didáticas baseadas nos estudos vygotskyanos Alfabetização Não se pauta por fases (como pré-silábica ou silábica, que orientam o construtivismo). O objetivo é ampliar o universo de expressões da criança para facilitar a incorporação da escrita. A ênfase é na elaboração da fala, da escrita e da leitura como instrumentos simbólicos que reprecutem no desenvolvimento mental. O erro Faz parte do processo de aprendizado, mas o professor deve apontá-lo sempre para que a criança o corrija. "Não se pode esperar que o aluno descurbra sozinho que errou", diz João Carlos. O construtivismo também faz correções, mas sempre considerando o desenvolvimento da criança. Cópia A criança deve contar com um ponto de partida para realizar suas próprias descobertas. Nesse sentido, o oferecimento de modelos de texto, por exemplo, é uma estratégia válida - desde que resulte numa atividade criativa, não numa cópia mecânica. O construtivismo rígido exclui o trabalho com cópias. Papel do professor

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Ele é o condutor do processo, atuando na zona de desenvolvimento proximal. Sua intervenção é direta, pois deve ajudar a criança a avançar. "Os alunos acham muitas coisas, mas não podem ficar no achismo", diz João Carlos. O professor sabe mais e deve sistematizar os conhecimentos. Prática investe nas parcerias Trabalhos em pequenos grupos facilitam o aprendizado, mas cabe ao educador acompanhar individualmente o aluno No Colégio São Domingos, da rede particular, a orientação socioconstrutivista não determina uma didática rígida. "Vygotsky não dá receitas, mas propõe reflexões que orientam algumas críticas", diz o diretor pedagógico, João Carlos Martins. O objetivo geral é promover as intermediações do conhecimento e simular o avanço do aluno. Os conteúdos valorizam o universo social e histórico da criança, buscando-se a transformação de seus conceitos espontâneos em conceitos científicos. Veja alguns exemplos de atividades desenvolvidas na escola: Trabalho em duplas O professor explica um assunto e os alunos fazem discussões ou trabalhos em pequenos grupos, principalmente em duplas. O tamanho reduzido das equipes amplia as interações, facilitando o processo de aprendizado. Essas equipes podem ser formadas espontaneamente, mas podem também ser determinadas pelo professor. "O que se busca é exatamente o confronto de diferenças que levem a novas descobertas", diz João Carlos. "Não se trata de fazer trabalho em grupo para que todo mundo pense igual e produza a mesma coisa." Outro aspecto positivo do estudo em parcerias é o estímulo à autonomia. "Em cada trabalho com seus colegas os alunos caminham claramente de um nível de alta dependência do professor para a completa independência na formulação de hipóteses", afirma o diretor. Assistência Individual O professor acompanha cada aluno para auxiliá-lo na superação das dificuldades. "É quando se trabalha diretamente com o conceito de desenvolvimento proximal", explica João Carlos. "O professor precisa conhecer o desenvolvimento real da criança, mas não pode parar aí." É pelo auxílio direto, com explicações, pistas e sugestões, que o aluno avança, consolidando o desenvolvimento que era apenas potencial. No trabalho individual respeita-se a zona proximal de cada um, pois ela não é homogênea para todo o grupo. Atividade de linguagem Se a linguagem é o principal instrumento de intermediação conhecimento e corresponde ao desenvolvimento de uma linguagem interna, as atividades de fala, escrita e leitura ganham a maior importância. Os professores buscam então diversificar técnicas que enfatizem essas ações. Uma delas são os textos sugeridos, em que o professor desafia o aluno a escrever a partir de diferentes modelos. "Pela análise das características estruturais um texto, as crianças devem criar suas histórias seguindo aquele padrão", diz João Carlos. Mas os textos livres também são estimulados. Outra atividade é a roda da leitura, em que as crianças debatem suas interpretações. Uma das estratégias é o "conto e reconto", em que os estudantes ouvem uma história e devem recontá-la do seu ponto de vista.

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