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Porque penso asSIM Precisamos realmente disso? Fomentar o debate em relação ao Referendo do dia 23 de outubro e informar os cidadãos de Valença qual o seu papel nessa data. Esse é o papel exercido pelo Valença em Questão. Páginas 4, 5, 6 e 7. Páginas 3 e 7 Página 3 mas mortais. Página 7 n.º 6 Valença, outubro de 2005 Texto de Rafael Monteiro. Página 5 Texto de Sérgio Azevedo. Página 4 va l e n c a e m q u e s t a o @ ya h o o. c o m . b r Ano I

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Ano I n.º 6 Valença, outubro de 2005

Entrevista

Debate sobre o Referendo:21 de outubro, na FAA

[email protected]

O PROFESSOR E MEMBRO do Laboratório de Aná-lise da Violência da Universidade do Estadodo Rio de Janeiro (UERJ), Ignácio Cano, falasobre o referendo do dia 23 de outubro e ex-põe seu ponto de vista em relação àcomercialização de armas e munições no Bra-sil. Segundo ele, as armas de fogo tem umpapel importante na multiplicação dos efeitosnegativos da violência, sobretudo sobre víti-

mas mortais. Página 7

Referendo sobre aComercialização de armas

e munições no Brasil

Porque penso asSIMTexto de Rafael Monteiro. Página 5

Precisamos realmente disso?Texto de Sérgio Azevedo. Página 4

SemanaMundo Unido

Páginas 3 e 7

Palestra doação deMedula Óssea

Página 3

Fomentar o debate em relação ao Referendo do dia 23 de outubro e informar oscidadãos de Valença qual o seu papel nessa data. Esse é o papel exercido pelo

Valença em Questão. Páginas 4, 5, 6 e 7.

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editorial

ExpedienteEdição, Reportagens, Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica:

Vitor Monteiro de Castro. Mat: 2003.1.02178-12.

Essa publicação, do Movimento Valença em Questão, é um Projeto

Experimental de Monografia da Faculdade de Comunicação Social -

Jornalismo, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Participaram desta Edição: Faber Paganoto Araújo, Edgar do Ca-

vaco, Rafael Monteiro de Castro, Sérgio Azevedo Júnior.

Tiragem: 1.200 exemplares

Impressão: Gráfica PC Duboc Ltda. (24)2453-4222 -

e-mail [email protected]

Painel do Leitor

Envie críticas, matérias, sugestões,comentários, eventos, reclamações, etc.,

para o correio eletrônico

[email protected],ou por carta para Rua Francisco Di Biasi, 26,Torres Homem, Valença-RJ, CEP 27.600-000.

Para Anunciar ou Colaborar

Entrar em contato pelo correio eletrônico

[email protected],com Assunto “Anúncio” ou “Colaborar”, ou ligar

para o telefone (21) 9505-6656.

A PRINCIPAL PROPOSTA de nossa publicação, semear osenso crítico na população valenciana parece estardando os primeiros frutos. Primeiro porque o núme-ro de exemplares se tornou insuficiente para a de-manda do Valença em Questão. Inúmeros sãoos pedidos de exemplares que infelizmente não po-demos distribuir pela falta de recursos.

E já que estimular o senso crítico é um de nossosobjetivos, não há como deixar de falar da campanhade conscientização da necessidade de políticas pú-blicas para a juventude em nossa cidade, com parti-cipação efetiva dos jovens na formulação eimplementantação desse mecanismo de melhoria daqualidade de vida da sociedade como um todo. Aomesmo tempo em que algumas pessoas (ainda pou-cas, mas objetivas) estão tomando consciência des-sa necessidade, vivemos em um momento políticodesfavorável. A alienação cresceu por uma partici-pação sutil, mas muito eficiente, do sistemaneoliberal, juntamente com o aparato ideológico damídia. O pensamento neoliberal tem conseguido seimpor como única solução possível.

O jogo principal desse processo trava-se na cultu-ra, implantada em série para as massas – a chama-da indústria cultural. A força indutiva dessa cultura eos meios de comunicação a universalizaram pelomundo ocidental por meio de símbolos sedutores(carro próprio, Coca-Cola, Barbie, filmeshollywoodianos), mesclando a realidade com sonhoscoloridos. Esse lado onírico consola e arranca as pes-soas do real para deixa-las vagar por esses sonhosirrealizáveis para as camadas mais pobres da popu-lação.

A consciência crítica consiste em mostrar esse jogosedutor, tanto desmascarando o que se apresentacomo realidade quanto aquilo que se propõe comodesejo. Ambos falseiam a consciência. A realidade évista do ângulo daquilo que as pessoas querem ver enão daquilo que necessitam conhecer para alteraressa realidade.

Esse é o papel do Valença em Questão, mos-trar a realidade através da informação de qualidadee desvinculada de interesses menores, que não osda sociedade em conjunto. Procurando informar osleitores em relação ao Referendo sobre a proibiçãoou não do comércio de arma e munição no Brasil,estamos apresentando uma edição especial sobre otema, com posionamento a favor e contra, atravésda colaboração de leitores que enviaram textos so-bre o tema. Além disso, Faber Paganoto expõe suaopinião em seu texto mensal e entrevistamos o soci-ólogo e membro do Laboratório de Análise da Vio-lência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Ignácio Cano. Esperamos proporcionar um debateaberto, que também terá em Valença, no dia 21 deoutubro (sexta-feira antes do referendo) um debateorganizado pelo Movimento Valença em Questão emparceria com a Fundação Dom André Arcoverde, ondepessoas irão expor seus argumentos a favor e con-trários ao Sim, para exclarecer ainda mais a popula-ção valenciana. A palestra vai ocorrer no dia 21 deoutubro a partir das 19 horas, na Fundação DomAndré Arcoverde.

E tem mais. Entre os dias 21 e 30 de outubro,Valença estará sediando a Semana Mundo Unido, querealizará debates e palestras sobre diversos temas(veja na página 3), e no dia 29 (sábado) teremos umdia especial para os jovens da cidade, com ativida-des de cunho cultural, artísticas e especialmente deconscientização, organizado pelo Movimento Valençaem Questão. A campanha é sobre a necessidade daimplantação de Políticas Públicas para Juventude,que se inicia desde já, para já no dia 29 de outubroformarmos o I Fórum Municipal de Políticas Públicaspara Juventude, buscando um processo de demo-cratização em nossa cidade.

Destaque também para a palestra dia 19 de outu-bro no ginásio do Clube dos Coroados sobre a ne-cessidade e a importância de se cadastrar para doa-dor de Medula Óssea. A entrevistada da edição ante-rior do Valença em Questão, Regina Lacerda,estará esclarecendo possíveis dúvidas dos cidadãosvalencianos a respeito do cadastro. A camapanha decadastramentos será realizada nos dia 18 e 19 denovembro (sexta-feira e sábado), no Pavilhão Leoni.Valença conta com a participação de todos.

Um grande abraço e até a próxima edição

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SEMANA MUNDO UNIDO

CONCURSO DE REDAÇÃO

MEDULA ÓSSEAVALENÇA VAI PODER tirar suas dúvi-das em relação ao cadastramentopara doação de medula óssea. Dia19 de outubro, a coordenadora decaptação de doações de medulaóssea do Hemorio, Regina Lacerda(nossa entrevistada da edição pas-sada), vai ministrar uma palestrade esclarecimento para a socieda-de valenciana, no ginásio do Clu-be dos Coroados, a partir das 15horas. É importante que as pes-soas compareçam para se infor-mar, já que Valença vai receber oHemorio e realizar o cadastra-mento de doadores de medulaóssea nos dias 18 e 19 de novem-bro, no Pavilhão Leoni.

A importância de um númeroelevado de voluntários se dá peladificuldade de se encontrar com-patibilidade de doadores.Palestra com Regina Lacerda,do Hemorio, sobre doação demedula óssea.19 de outubro, 15h, no giná-sio do Clube dos Coroados.

ESTAMOS VIVENCIANDO UM momentotriste em relação à educação nacio-nal. Há algum tempo ela vem sendosucateada, principalmente nas insti-tuições públicas. Abrindo um espaçopara refletir sobre o tema, a UNESCOe a Folha dirigida, com apoio do Mi-nistério da Educação, promovem aterceira edição do Concurso de Re-dação para Universitários.

Os participantes devem fazeruma redação sobre o tema “Edu-cação. Importante ou Prioritária?”,concorrendo a cinco viagens a Pa-ris, na França, na sede mundialda UNESCO, para participar dolançamento do livro em Inglês,Francês e Portugues, com os 100

trabalhos selecionados. Os textosdevem ter entre 20 e 40 linhas(prosa, verso, ensaio ou crônica)e podem ser enviados até o dia15 de novembro pelo e-maileducaçã[email protected], porcorreio (Promoção Educação, Ruado Riacuelo, 114 – Centro – Rio deJaneiro-RJ – CEP 20.230-014, oupor fax [(21) 3233-6333]. Os re-sultados serão conhecidos em fe-vereiro de 2006. para ter acesso aoregulamento é preciso ser cadas-trado no site da folha dirigida, ouentão enviar um email [email protected] o regulamento queenviamos.

ODONTOLOGIAComemorando o mês do dentista, as empresas Gnatus, Gol e ConexãoBrasil lançam promoção que oferece viagem para Argentina. Os dentis-tas e estudantes de odontologia devem entrar no sitewww.gnatus.com.br e completar a frase “Ser dentista pra mim é...”. Oautor da frase mais criativa ganha uma viagem com acompanhantepara Buenos Aires, com hospedagem e refeições incluídas. A promoçãose encerra no dia 31 de outubro e a divulgação do ganhador será no dia30 de novembro.

Sábado 22 de outubro - Abertura daSemana Mundo Unido09:00h – Caminhando e Pedalando pela Paz22:00h – Concerto pela Paz no pátio da Catedral eapresentações de música e dança

Segunda 24 de outubro - Políticas Públicas

para Juventude• Hugo Leal – Sec. de Justiça RJ•Alessandro Molon – Deputado Estadual RJ• Clara Pentagna Bruno – Coord. Campanha Amora Valença• José Gomes Graciosa – Presidente do TCE-RJ

Terça 25 de outubro - Educar para a Paz éPreciso• Ana Valeska Mendonça – Professora da PUC-Rio• Painel de experiências: “Escola - espaço para aconstrução da Paz”

Quarta dia 26 de outubro - Economia deComunhão• Heloisa Borges – Doutora em Engenharia deProdução• Graça Medeiros – Professora de Nutrição da UFF• Heloisa Gonçalves – Doutora em Economia• Diviol Rufino – Coordenador Regional doMovimento dos Focolares

Quinta 27 de outubro - Defender a vida épreciso• Hebert Praxedes – Professor titular de MedicinaClínica da UFF• Paulo Leão Carneiro – Procurador do Estado ePresidente da Assoc. de Juristas Católicos RJ.• Mônica Torres - Testemunho

Sexta 28 de outubro - Defender a natureza eo meio ambiente é preciso• Lílian L. M. F. da Gama – Coordenadora dos cursosde Ciências Biológicas da USS• Serafino Antimo Savastano – Conselho Nacionalde Meio Ambiente• Fr. Vitalino Torquato OFM – Coordenador Diocesanode Pastoral

Domingo 30 de outubro - dia Nacional daJuventude• Café da Manhã e Missa celebrativa do DNJ• Almoço: Colégio Benjamim Guimarães – ShowFolclore do Emaús• Compromisso Evangelizador: Metodologia dosMovimentos e Pastorais Juvenis• Compromisso social: Políticas Públicas paraJuventude

Veja a Programação do sábado dia 29 na página 7

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Sérgio Azevedo Júnior, estudante de

Adminsitração

[email protected]

Precisamosrealmente disso?

DESDE QUE SE começou a falar emdesarmamento, uma perguntasurgiu em minha mente: “Qual areal necessidade disso?”. Ouvivários motivos, muitos delescompletamente aceitáveis e plau-síveis não fosse a dura realidadede nosso país, e por mais que eutentasse, não conseguia me con-vencer de que isso era o certo afazer. Li uma vez num livro cha-mado “O Monge e o Executivo”de James C. Hunter, que um lí-der, no nosso caso o governo,deve dar a sua equipe (a socie-dade) o que realmente precisa enão o que simplesmente quer.

A sociedade hoje em dia querpaz, isso é fato. E pensando nis-so me pergunto se o desarma-mento é amelhor ma-neira de che-garmos lá.Não vejo, acurto nem alongo prazouma políticade seguran-ça públ icacapaz deproteger ocidadão da criminalidade que as-sola o país.Tenho medo da pres-sa com que vem sendo feita acampanha. Não há tempo sufici-ente para amadurecer essa ques-tão na mente da sociedade e sur-girem alternativas que atendam,tanto quem é a favor quantoquem é contra o desarmamento,pois estou certo de que essas al-ternativas existem. Dizendo “sim”ao desarmamento acredito queestaremos dando margem ao au-mento exponencial do crime or-ganizado, principalmente do trá-fico e comércio ilegal de armas,tendo em vista que o comérciolegal será extinto.

Já o que o Brasil precisa é depolíticas de segurança confiáveis,que consigam efetivamente pro-teger o cidadão de bem. Precisa-mos também acabar com o nú-mero expressivo de mortes poracidente com armas de fogo, eisso pode ser alcançado atravésde maior fiscalização das armaslegais, conscientização gradativada população em relação ao de-sarmamento e maior estímulo aodesarmamento voluntário pormeio de maiores recompensas.Penso que um desarmamentodeveria ser proposto somentequando o poder público tivessecondições de prover segurançaà sociedade.

Não pretendo com esse textofazer apolo-gia às ar-mas e à vi-o l ê n c i a .A c r e d i t oque o de-sarmamen-to, emboratenha asm e l h o r e sintenções, és u p é r f l u o

em relação ao que observamoshoje no país. Acho que isso re-solverá o problema de mortesacidentais, mas em contra parti-da irá criar um aumento do po-der do crime organizado, dacorrupção e do comércio ilegal.Ou seja, resolveremos um pro-blema e criaremos no mínimotrês outros, que do meu pontode vista são muito mais graves ede difícil solução. Então, essa éa minha opinião: eu voto “não”ao desarmamento.

NO DIA 23 de outubro, os eleitoresbrasileiros vão decidir nas urnasse o comércio de armas e muni-ções deve ser proibido. Será o pri-meiro referendo realizado no Bra-sil. Já foram realizadas outras duasconsultas, em 1962 e 1993, ondeos brasileiros decidiram, por ple-biscito, manter o presidencialismo.

O Referendo serve para regu-lamentar uma lei ou norma jáprevista, diferente de plebiscito,cujo resultado institui uma novaordem não prevista em legisla-ção específica anteriormente. Oreferendo regulamentará (ounão) o artigo do Estatuto do De-sarmamento, em vigor desde ofim de 2003, que sugere a proi-bição do comércio de armas defogo e munição.

O voto é obrigatório para elei-tores maiores de 18 anos resi-dentes no Brasil. É facultativa aparticipação de analfabetos, mai-ores de 70 anos e jovens com 16e 17 anos.

A urna exibirá na tela a seguin-te pergunta: “O comércio de ar-mas e munição deve ser proibi-do no Brasil?” O eleitor terá duasopções, 1 para votar em NÃO(contrário ao desarmamento) e2 para votar em SIM (a favor dodesarmamento). Outras opçõessão votar nulo (com um númeroerrado) e branco (tecla Branco).Depois é só digitar Confirma. Oresultado deverá ser divulgado nomesmo dia, a partir das 20h.

As campanhas pelo Sim e peloNão estão sendo transmitidaspela televisão e pelo rádio desdeo dia 1º de outubro e vão até dia20, em dois blocos de 9 minutos(4,5 para cada Frente). No rádioé exibido 7h e 12h e na TV 13h e20:30h. também estão sendo exi-bidas inserções diárias (20) de 30segundos durante a programaçãodas rádios e TVs

Sobre o

Referendo

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Porque penso asSIMNO PRÓXIMO DIA 23 será realizado oreferendo sobre a proibição do co-mércio de armas e munições no Bra-sil. Venho acompanhando este de-bate desde antes da aprovação destereferendo pelo congresso nacional.Num primeiro momento, ouvi a afir-mação de que o desarmamento porsó desarmar o “cidadão de bem”acabaria por deixar a população àmercê dos bandidos, que não seri-am desarmados. Estas pessoasapregoam que todo cidadão quequiser, tem o direito de comprar ar-mas para sua legítima defesa.

Refletindo sobre isto, lembrei do fi-lósofo Immanuel Kant que afirmavaque a liberdade própria termina quan-do começa a do outro. Ou seja, setodas as pessoas que decidissem por-tar armas tivessem o bom senso desó usá-la quando estives-sem em risco de vida enão se deixassem le-var (como vemos poraí) pela raiva e o sen-timento de vingançanum conflito banale cotidiano, mepareceria umaidéia razoável.Mas sei, por co-nhecer a mimmesmo, que nósseres humanos em sua maioria nãosomos assim.

Analisando mais profundamente oproblema, percebi que pessoas “debem” terem o porte de arma, mes-mo que somente aquelas que têmbom senso (como se isso fosse pos-sível, quando colocamos tal suposi-ção dentro da realidade), também nãoseria algo razoável. Pois as estatísti-cas mostram que a probabilidade demorrer quando se reage a um assal-to se torna 180 vezes maior do quese não reagisse. Além do que, nãonos faltam casos em que crianças,jovens ou mesmo o próprio dono daarma, por acidente na hora demanuseá-la, numa brincadeira ou poroutros motivos cometem homicídiosno seio de sua própria família.

Devido a esta constatação, enten-do que as armas na maioria esma-gadora dos casos não nos protegem,mas antes, nos põe em risco (tantoao usuário como às pessoas que ocercam). Portanto, considero a di-minuição da circulação de armas nopaís um grande bem.

Posteriormente me fiz uma per-gunta: proibido o comércio legal issonão fará simplesmente que este setransforme em ilegal, sem mudarnada quanto à quantidade de circu-lação de armas?

Sabendo que bandidos utilizamarmas ilegais e que mais da meta-de destas têm origem legal, a proi-bição do comércio de armas cau-sará um grande obstáculo para osbandidos, com boa parte de suafonte aniquilada. Isso será sufi-

ciente para acabarcom o crime? Tenho

certeza que não,mas essa medidairá diminuir de

modo considerávelo número de ar-

mas em circula-ção no país. Afi-nal, embora otráfico de armaspossa aumentar,a quantidade de

armas em circulação será menordo que os números atuais, tantopelo aumento dos preços (lei daoferta e procura) como pela difi-culdade de compra (sem permis-são legal). Veremos então a di-minuição da circulação de armas,proporcionando um país menosviolento. Porque apesar da vio-lência do banditismo ser enorme,sabemos que ela não se limitaapenas a isso.

Por isso, escrevo aqui a favor daproibição do comércio de armas emunições. E afirmo, vou votar SIMno referendo.

Rafel Monteiro de Castro, estudante de

Filosofia

[email protected]

Situação das armasapreendidas

Estudo realizado pela Secretaria deSegurança Pública do Rio de Janeiro emparceria com o Iser (Instituto de Estudosda Religião) mostra que a maior partedas armas usadas em diversos tipos decrime são fabricadas no Brasil epertenciam a cidadãos sem históricocriminal.*

Estoque legal 33%Estoque informal 39%Contrabando 28%

Estoque legal: armas registradas napolícia ou no Sinarm (Sistema Nacionalde Armas)Contrabando: em geral, armas de usorestrito a policiais e às Forças Armadas,não vendidas em lojasEstoque informal: armas brasileirasantigas que escapavam do registroobrigatório introduzido nos anos 80 ouestrangeiras que deixaram de serfabricadas há mais de 25 anos,pertencem a cidadãos sem vida criminal

Armas compradas por pessoassem antecedentes criminais, emlojas regulares, foram usadas em:

67% dos estupros

51% dos roubos

46% dos latrocínios

49% das lesões

38% dos homicídios

51% dos casos de tráfico com

registro de flagrante

EstatísticasABAIXO ALGUMAS ESTATÍSTICAS, retira-das da edição número 386 de 10 deoutubro de 2005 da revista Época,da editora Globo. Na matéria, a re-vista procura desmistificar algumasidéias enganosas que inflamam osdiscursos do “Sim” e do “Não”

Procedência armas que foramapreendidas sem registro pela

polícia do Rio

fabricadas no Brasil 81%

importadas 19%

*Armas apreendidas no Estado do Rio deJaneiro, segundo registros das DelegaciasLegais de 1999 até junho de 2005. AsDelegacias Legais formam uma rede de 79unidades interligadas em tempo real querepresentam 48% do total de delegacias do RJ.

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Faber Paganoto Araújo, geógrafo, professor do ColégioPedro II no Rio de [email protected]

O BRASILEIRO ESTÁ acostumado a votar a cada dois anos.Vota-se para eleger vereadores, prefeitos, governado-res, deputados, senadores e presidentes. Mas votar pararesponder a uma pergunta é coisa quase inédita poressas bandas. Em 1992 nos perguntaram se quería-mos continuar sendo uma república ou se deveríamosvoltar à condição monárquica. A pergunta que se colo-ca agora gera muito mais dúvidas e deveria gerar tam-bém um debate muito maior. Deveria, mas o que te-mos visto são exposições ralas de idéias desarticuladase defesas vazias de teses obscuras.

A revista semanal Veja transformou sua capa emoutdoor panfletário intimando a população a votar “não”,a três semanas do dia da votação. A revista trouxe al-guns argumentos para tentar convencer seus leitoresa serem contrários a proibição do comércio legal dearmas de fogo no Brasil. Sua base argumentativa, e damaioria que defende o “não”, baseia-se na idéia de quea proibição do comércio legal não vai desarmar os ban-didos. Argumento idiota. É bom que se diga que proibiro comércio legal de armas não é uma ação de combateao crime. É uma ação de valorização da vida.

A turma do “não” usa números que mostram que empaíses mais armados, como os Estados Unidos, há me-nores taxas de mortes por armas de fogo. Eles gostamde estatísticas, mas eu também gosto. E prosseguemdizendo que se nossa polícia não está preparada paranos defender devemos ter o direito de nos armar paradefendermos a nós mesmos.

Usar armas em legítima defesa só dá certo no cine-ma. Segundo o FBI (FBI, 2001), “para cada sucesso nouso defensivo de arma de fogo em homicídio justificá-vel, houve 185 mortes com arma de fogo em homicídi-os, suicídios ou acidentes”. Arma não foi feita para

Sim!defender ninguém. Arma foi feita para atacar. E, alémdisso, mesmo pessoas treinadas não têm tempo dereagir e sacar sua arma na maioria dos assaltos. Quandoo cidadão reage, corre mais risco de se ferir ou sermorto. Outra pesquisa, realizada no estado do Rio deJaneiro, mostra que “a chance de morrer numa reaçãoarmada a roubo é 180 vezes maior de que morrer quan-do não há reação. A chance de ficar ferido é 57 vezesmaior do que quando não há reação” (Iser, 1999).

Apesar de não ser uma ação direta de combate àcriminalidade, a Lei do Desarmamento terá reflexos cla-ros no que tange a esta questão. Isso porque o mercadolegal de armas abastece o ilegal. Confira os números:80% das armas apreendidas pela policia do Rio de Ja-neiro (de 1993 a 2003) são armas curtas e 76 % sãobrasileiras; 30% delas tinham registro legal (DFAE, 2003).As armas que mais matam no Brasil são brasileiras, prin-cipalmente os revólveres 38 produzidos pela Taurus. Noestado de São Paulo, segundo a Secretaria de Seguran-ça Pública, entre 1993 e 2000, foram roubadas, furtadasou perdidas 100.146 armas (14.306 por ano).

Polícias do mundo inteiro reduzem investimentos emarmamentos e concentram esforços em serviços de in-teligência. Combater o crime organizado e o tráfico dedrogas e de armas depende de uma polícia muito maisinteligente do que armada. Não podemos caminhar nosentido errado mais uma vez. Votar “sim” à proibiçãodo comércio legal de armas de fogo no Brasil é acredi-tar na vida. É querer a redução dos números da violên-cia letal deste país. É dar um passo no sentido daconstrução de uma sociedade mais segura.

Sábado dia 29 de outubro, o Movimento Valençaem Questão organiza o evento Arte pela Paz, inte-grado à Semana Mundo Unido.

A partir das nove horas, haverá mobilizaçãopara recolhimento de assinatura para a implan-tação do Conselho Municipal de Juventude, naRua dos Mineiros. Após, exposição de Arte noPavilhão Leoni e pátio da Catedral, com artistasde Valença. Depois do horário de almoço, apre-sentação de Break (dança de rua) do grupo HipHop Cultura de Paz, além de apresentação tea-tral com o grupo Armor e Arte.

Após essas apresentações, será instaurado oFórum Municipal de Políticas Públicas para Juven-tude, no pátio da catedral. Haverá ainda um Con-certo pela Paz e a exibição de um filme. Finalizan-do, a festa Rave pela Paz.

Confira a programação dos horários abaixo:09:00h – Mobilização, com recolhimento de assi-

naturas, para políticas Públicas para Juventude – Ruados Mineiros

10:00h – Exposição “Arte pela Paz” – Pavilhão Leonie Pátio da Catedral - Artistas Plásticos de Valença;

14:00h – Apresentação de dança de rua Break -Pátio da Catedral – Grupo Hip-hop Cultura da Paz;

14:30h – Encenando a paz – Pavilhão Leoni – Gru-po de Teatro Amor e Arte;

15:00h – Fórum Municipal de Políticas Públicaspara Juventude - Pátio da Catedral;

18:00h – Concerto pela Paz II – Pátio da Catedral– Banda Ajuris IV;

20:00h – Cinema pela paz – Pátio da Catedral22:00h – Festa “Rave pela paz” -Pátio da Catedral

– DJ Pablo.

Arte pela Paz em Valença

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Ignácio Canoentrevistaentrevistaentrevistaentrevista

O sociólogo espanhol Ignácio Cano,professor e membro do Laboratório deAnálise da Violência da Universidade doEstado do Rio de Janeiro, vivendo há10 anos no Brasil, fala sobre a impor-tância do referendo dia 23 de outubrosobre a proibição ou não dacomercialização de armas e muniçõesno Brasil.O REFERENDO

É uma votação para aprovar ou revo-gar uma exposição do estatuto do de-sarmamento que proíbe a venda e ocomércio de armas e munições no Brasil. Ou seja, aidéia é que com artigo for aprovado, não será maispossível para o cidadão comum comprar uma armade fogo. Haverá exceções para algumas categorias,como atiradores esportivos, mas o cidadão comumnão poderá comprar uma arma. Isso é consideradocomo um passo importante no processo de desarma-mento para reduzir a violência no Brasil e foi decididouma consulta popular para que os cidadãos aprovas-sem ou não esse dispositivo legal.

A proibição é uma peça central. A aprovação daproibição vai significar, a médio e longo prazo, umarestrição forte à comercialização de armas no Brasil,e se não aprovada, continuaremos com as restriçõesatuais, mas não haverá o avanço nessa direção. Esseartigo então é uma peça central no Estatuto.CAMPANHA

A campanha para a entrega voluntária de armasdeve continuar. É claro que se houver uma vitória doNão ao Desarmamento, haverá um arrefecimento dacampanha. Politicamente a situação ficará mais com-plicada para as pessoas que defendem as campa-nhas. O fôlego da campanha vai depender tambémda aprovação, mas independentemente disso, a cam-panha continuará. Se o não vencer a campanha vaicontinuar tentando extrair mais armas voluntariamen-te da população e se o sim vencer, a campanha con-tinua tentando convencer as pessoas a entregaremsuas armas de forma tranqüila, ao invés de serempunidas pela lei.VANTAGEM DA PROIBIÇÃO PARA A VIOLÊNCIA

A proibição das armas não vai acabar com a violên-cia. Mas as armas de fogo tem um papel muito im-portante na multiplicação dos efeitos negativos des-sa violência, sobretudo sobre vítimas mortais. Com adiminuição das armas de fogo, o número de vítimas,sobretudo o número de homicídios, diminuirá no Brasile também o número de acidentes e de suicídios comarmas de fogo.

O referendo afeta a segurança pública como umtodo. É claro que acidentes com armas de fogo, sui-cídios e fatos no qual a pessoa perde o controle e

acaba cometendo um crime, são tiposde eventos que vão ser mais afetadospela proibição. Mas ela vai afetar tam-bém o crime normal na medida em quehá uma transferência muito grandeentre as armas que são vendidas le-galmente e as armas que acabam sen-do usadas para cometer crimes. Pordois motivos: Um, porque o cidadãoconsiderado de bem também perde acabeça um dia e acaba usando a arma.E segundo porque há venda, perda efurto dessas armas legais, que fazem

com que essas armas sejam transferidas para omundo do crime. Os dados que o estado do Rio di-vulgou dia 3 de outubro, mostra que aproximada-mente 60% das armas apreendidas pela polícia tive-ram como origem uma venda legal, ou pelo menosuma venda, digamos, de boa-fé.POR QUE VOTAR SIM?

A razão principal para votar sim, é que uma socie-dade desarmada é uma sociedade mais segura. Quemusa uma arma, longe de se proteger está se colo-cando em maior risco, e também em maior risco oconjunto da sociedade. Então uma sociedade desar-mada é uma sociedade mais segura. Prova disso éque a maior parte dos policiais do mundo inteiro, desindicatos de policiais, são a favor da política de de-sarmamento, porque sabem que é mais seguro poli-ciar uma sociedade desarmada do que uma cidadeem que qualquer pessoa pode ter uma arma.TRÁFICO DE ARMAS

Provavelmente, a restrição à venda legal causaráum aumento do tráfico, mas o volume total de ar-mas comercializadas será menor. Ou seja, haverá umatentativa de compensar essas armas que antes eramfornecidas pelo mercado legal, mas evidentementeessa tentativa não será totalmente bem sucedida, ehaverá uma diminuição das armas em circulação. Etambém uma diminuição do porte ostensivo da arma.Na medida em que a arma for um elemento exclusi-vo para profissionais da segurança pública ou priva-da, ou criminosos, haverá uma menor tendência deusa-las de forma ostensiva, o que reduzirá o númerode mortes.O CIDADÃO NÃO TEM O DIREITO DE SE ARMAR?

A arma é um produto muito perigoso, e como tal oEstado tem não só o direito, mas a obrigação de regu-lar esse uso. E essa regulação deve contemplar per-feitamente a proibição. Então o direito que assiste aocidadão é o direito de legítima defesa, mas a legítimadefesa não pode ser exercida com o meio que o cida-dão bem entender. É um meio perigoso, como o usode produtos químicos, por exemplo, e tem que serregulado pelo Estado e em alguns casos proibidos.

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AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA.EDUARDO GALEANO. EDITORA PAZ E TER-RA – Eduardo Galeano, neste livro, que-bra a cronologia linear da historiografiaoficial para desnudar o saque ao con-tinente que persiste desde o descobri-mento. Analisando os mecanismos depoder, os modos de produção e os sis-temas de expropriação, o autor rees-creve a história da América Latina eexpõe os quinhentos anos de explora-ção econômica e miséria social.

Mesmo sendo uma obra que tevesua primeira publicação há quase trin-ta anos (sua primeira edição é de1976), ela continua nos atormentan-do com suas críticas e narrativas con-tundentes. Desde as primeiras pági-nas, “As Veias Abertas...” são uma sé-rie de golpes aplicados diretamenteem nosso orgulho latino-americano.Para Galeano o termo “americanos”(em 1976 e ainda hoje) se refere aosEUA, nós “no máximo habitamos umasub-américa, de nebulosa identifi-cação”. Após este início bombásti-co (onde “alguns países se especi-alizaram em ganhar, outros (nós)em perder”), o livro percorre a his-tória da conquista dos povos pré-co-lombianos e seu ulterior massacre.

Aula de AméricaAs narrativassobre Potosí eVila Rica assom-bram e revol-tam, A Guerrado Paraguai ga-nha uma novaversão, onde oimperialismo in-glês usou a “he-róica” TrípliceAliança paraconcretizar seusfins econômicos e de dominação. Ogolpe de 1964, no Brasil, tinha comprincipal fim entregar nosso país aoimperialismo ianque. Entre outrasanálises destruidoras, há um verda-deiro relatório das diversas (e inter-mináveis) interferências dos EUA naAmérica Latina, seja na RepúblicaDominicana ou no Brasil, na Argen-tina ou no Panamá. Por fim, pareceque se acorda de um verdadeiro pe-sadelo, para se perceber que elecontinua a existir. Galeano clama poruma união latino-americana, come-çando por uma conscientização de“povo latino-americano” e terminan-do com nosso real e verdadeira in-dependência.

Com seções de análise e opinião, artee cultura, direitos humanos, economia,educação, humor, internacional, meioambiente, movimentos sociais e políti-ca, o site da Agência de Notícias CartaMaior apresenta um amplo leque de no-tícias, nem sempre veiculadas pelagrande mídia.

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PublicaçãoREPORTAGEM - mensal.Com reportagens, análi-ses e opiniões sobre osgrandes temas da atuali-dade, a revista Reporta-gem é um projeto da Ofi-cina de Informações, queprocura utilizar as novastecnologias de infor-mática e telecomunica-

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RádioDEBATES POPULARES DA RÁDIO CULTURA AM(1570 KHZ), SEGUNDA, 9:30H- Progra-ma apresentado por Jairo Santos, comtemas pertinentes à realidade local, na-cional e internacional. Participação deSamir Resende, Adauto Travaglia, Mau-rício Pereira, Pe. Paulo Augosto, além dosouvintes que participam por telefone.

CD PAGODE DO ARLINDOAO VIVO - WARNER

MUSIC (2003).Arlindo Cruz nasceupara o samba no ber-ço de todos os bam-bas: Cacique de Ra-mos. Largou a aero-náutica para integrar

o grupo Fundo de Quintal e ficou naci-onalmente conhecido ao formar duplacom o amigo Sombrinha e compor mú-sicas como:Bagaço da Laranja, SPC,Casal sem vergonha (Zeca Pagodinho)e o clássico “O Show tem que Continu-ar”. Hoje em carreira solo, leva no CDPagode do Arlindo Ao Vivo, o melhordo samba no Brasil. Produzido por RildoHora, o CD conta um pouco da históriadesse grande sambista brasileiro.

Música

Mais uma reflexão

TV abertaSALA DE NOTÍCIAS - SEG A SEX, FUTURA,21:30H - Jornal temático, com 20 mi-nutos de duração, que aprofunda e dis-cute as notícias de grande exposição namídia. A cada edição, o Sala de Notíciasreúne material dos principais telejornais,reportagens próprias e da rede de tele-visão americana CNN, além de trazer es-pecialistas com opiniões variadas. Duasvezes por semana o programa traz umconvidado para o estúdio.

TIROS EM COLUMBINE

-2003. O Docu-mentário que in-vestiga a fascina-ção dos america-nos pelas armas defogo. MichaelMoore, diretor enarrador do filme,questiona a origem

dessa cultura bélica e busca respos-tas visitando pequenas cidades dos

Estados Unidos, onde a maior partedos moradores guarda uma arma emcasa. Entre essas cidades estáLittleton, no Colorado, onde fica ocolégio Columbine. Lá os adolescen-tes Dylan Klebold e Eric Harris pe-garam as armas dos pais e mataram14 estudantes e um professor no re-feitório. Michael Moore também fazuma visita ao ator Charlton Heston,presidente da Associação America-na do Rifle.