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VALENÇA EM QUESTÃO // debate / crítica / opinião ano VII // edição 46 // novembro de 2012 // blogdovq.blogspot.com Quem é quem na nova Câmara de Vereadores? Previ Valença: solução ou problema para servidores e município? // Ruído do fim // O novo carioca // Livre arbítrio // Isto não é um cachimbo

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Jornal Valença em Questão, edição 46

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VALENÇA EM QUESTÃO // debate / crítica / opinião ano VII // edição 46 // novembro de 2012 // blogdovq.blogspot.com

Quem é quem na nova Câmara de Vereadores?

Previ Valença: solução ou problema para servidores e município? // Ruído do fim // O novo carioca // Livre arbítrio // Isto não é um cachimbo

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VALENÇA EM QUESTÃO

ano VII // edição 45 // novembro 2012www.blogdovq.blogspot.com

Endereço:R. Francisco Di Biase 26 Torres HomemValença-RJ CEP [email protected] Tel.: 21-8187-7533

Colaboraram nesta edição:Vitor Castro (30.325 Mtb), Bebeto, Carlos Brunno S. Barbosa, Fabrício Ferreira Itaboraí, Francisco Bosco, João Paulo Maia, Juliana Guida Maia, Marianna Araujo, Patrícia Oliveira e Panta.

Ilustração de capa:João Paulo Maia e Vitor Castro

Projeto Gráfico e Diagramação: Mórula Oficina de Ideiaswww.morulaideias.com.br

Tiragem: 1500 exemplares

Impressão:Gráfica PC Duboc Ltda.

O Valença em Questão circula no município de Valença, arredores e Rio de Janeiro, além de enviado via correio eletrônico e disponibilizado na internet.

Colabore Com o VQ: Banco Itaú – Agência 0380

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FArmÁCIA PoPulAr Em VAlEnçA É umA VErGonHA!

Bom dia amigo, quero descrever-lhe uma situação vi-vida em Valença, que é uma vergonha! (...) A farmácia popular está um caos, a população precisa que fiscalizem a farmácia! Não há empregados, é só vir como cliente e verás que são somente 4 atendendo, que a fila é grande às vezes... Eu já procurei o farmacêutico 6 vezes e “saiu”...

Hoje pela manhã [09/11] fiquei esperando do lado de fora e vi que ele estava na academia de ginástica do Shopping 99 malhando, outro dia estava na farmácia dele na Av. Nilo Peçanha, perto do Venturão... PIADA (...)!

A mocinha, outra farmacêutica, nunca se vê! Nunca vai na farmácia, também tentei conversar com ela sobre uma dúvida de um medicamento e “deu uma saidinha”... Tentem achá-los lá! Piada esse nosso BRASIL!

Os atendentes todos atenciosos, se matando. Em um desabafo, um deles me disse que (...) o salário atrasa e que está atrasado há meses! Outra Piada! Vou enviar este e-mail para jornais, revistas, MP e onde puder... Quem sabe alguém toma uma providência, o povo que paga seus impostos está perdendo muito com a vergonha que está a saúde valenciana e com essa Farmácia Popular mal administrada!

Tenho vergonha de ser brasileiro às vezes... Peço aju-da, clamo por socorro! A população está sofrendo mui-to com essa vergonha toda! Se precisar conversar com o farmacêutico sobre algum medicamento ele nunca está, pelo amor de Deus né!? Cadê o prefeito Vicente Guedes? Deve estar passeando em sua fazenda em Goiás, vendo as milhares de cabeça de gado! E o tal Thiago José? Deve estar administrando a obra de sua mansão e só faz tirar do povo! (...) Valença é uma vergonha, é só conseguir um cargo melhorzinho que começa a lesar o povo (...)!

Joaquim Xavier, por email

// Deu no blog

um PrEFEITo PrA FAzEr HIsTórIA

Por Fabrício ItaboraíPosso dizer seguramente que novamente um prefeito

eleito em Valença tem condições de fazer história. Foi as-sim quando Fábio Vieira assumiu a prefeitura, e também quando nos braços de empresários foi alçado ao cargo o Vicente Guedes.

Infelizmente não foi isso que vimos nos dois casos. Hoje a cidade está mergulhada num caos, tivemos um concurso público mentiroso (...). Há muitos anos a Locan-ty vem recebendo verdadeira fortuna (...). Empurraram também goela abaixo do povo a CEDAE (...). O novo Pre-feito poderá fazer história se de fato governar para o povo.

leia o artigo completo no blog do VQ

// Carta do leitor

Como disse o professor Paulo Roberto Figueira Leal na última edição do VQ, Va-lença não pede muito, apenas que o eleito governe. Nos últi-mos anos passamos por mui-tos percalços, desde a morte de Fernando Graça, quando Fábio Vieira assumiu, até a agora conturbada eleição em que Fernandinho foi con-siderado eleito pela Justiça Eleitoral, e finalmente defi-nida pelo Tribunal Superior Eleitoral com a confirmação da legalidade da candidatura de Álvaro Cabral, no último dia 23 de outubro. O candi-dato Fernandinho Graça, que ficou em segundo lugar, disse que vai recorrer da de-cisão, o que levaria o caso ao Plenário. Pode ser mais um capítulo da conturbada vida política valenciana.

Mas estamos aqui para pensar no melhor para Va-lença. O agora eleito Álvaro Cabral tem todos os motivos para fazer um governo me-nos pior que os antecessores, principalmente por conta da situação que Valença se en-contra. Parece que estamos à beira do abismo, sem uma gestão presente. Nesse senti-do, qualquer ação pode apa-rentar um caráter mais po-sitivo do que o normal. Essa não é uma situação nova. Vi-cente Guedes, quando assu-miu, também tinha tudo para fazer isso, depois de uma de-cepcionante gestão de Fábio Vieira. Mas não fez por onde, e a justiça também ajudou a atrapalhar.

eDITorIal

Entre os problemas que Valença enfrenta, podemos citar a questão da água, a co-leta de lixo, e estender ainda mais esta lista, infelizmen-te. Uma questão com pouca transparência é a questão da previdência social de Va-lença. O governo Vicente Guedes instituiu a Previ Va-lença em dezembro de 2009, mas de lá pra cá, o que temos visto é a total falta de trans-parência. A Previ Valença foi concebida sem um estu-do, sem a realização de cen-so dos servidores públicos municipais e sem ouvir estes mesmos servidores, os prin-cipais interessados. Para elucidar e questionar a falta de transparência, fazendo perguntas que precisam de respostas, publicamos o arti-go de Fabrício Itaboraí.

Ainda sobre eleições, fi-zemos um resumo de quem são os eleitos para a casa le-gislativa para a gestão 2013-2016. Destaque para as cari-caturas de João Paulo Maia dos 12 eleitos.

Ainda nesta edição, a re-senha do livro O novo cario-ca, a poesia de Juliana Guida Maia, com o poema vence-dor de Menção Honrosa no I Festival de Poesias de Con-servatória, a estreia do artis-ta Panta na tirinha da última página e a seção Navegando. Cabe destacar também a in-dignação do leitor Joaquim Xavier (na carta aqui ao lado) sobre a dificuldade em ser atendido por um farmacêu-tico na Farmácia Popular.

Depois de muita indefinição - e dos traumas recentes em relação à prefeitura - o TSE definiu pela posse de Álvaro Cabral, o candidato mais votado nas últimas eleições

Será que agora teremos UM prefeito nos próximos quatro anos?

2 Novembro de 2012

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// Resenha

o novo cariocaReunindo 19 artigos escritos nos últimos 10 anos por três intelectuais nascidos e criados na periferia do Rio de Janeiro, os textos refletem sobre um novo modo de ser e estar na cidade

prefácio de Francisco Bosco

É provável que no futuro os historiadores olhem para este nosso presente da cidade do Rio de Janeiro e o vejam como um daqueles momentos – raros, em uma época que chegou a postular “o fim da história” – em que os dados se encontram no ar, girando, alguns instantes antes de tombarem decretando seus números fi-nais. Que números serão esses ou, descodificando a metáfora, que cidade resulta-rá desse momento de aparente abertura? Isso ainda não podemos dizer.

Mas pode-se dizer algumas coisas. Dentre elas: a consolidação da economia brasileira, seguida de um governo de orientação de esquerda, que distribuiu me-lhor a renda e impulsionou o crescimento por meio da criação de um novo mer-cado interno, resultante do aumento do poder aquisitivo da população de baixa renda. Isso, por si só, não é pouca coisa – e desmente as tentativas de abolir as diferenças entre direita e esquerda, a partir de uma perspectiva estrita e reduto-ramente econômica, como se o fim do projeto socialista de tomada dos meios de produção pelo Estado significasse uma indistinção ideológica.

No Rio de Janeiro, somam-se a essas características um fluxo de investimen-to financeiro enorme, devido à proximidade de megaeventos esportivos interna-cionais, e um acontecimento social de profundo impacto, que foi a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em mais de duas dezenas de territórios antes controlados pelo tráfico de drogas. São esses alguns dos motivos mais im-portantes que nos levam a crer que existam dados girando no ar. Mas há outros, que induzem a pensar que os dados, ao final de algumas piruetas esperançosas, cairão exatamente com os mesmos números voltados para cima. Afinal, o Rio de Janeiro (o Brasil como um todo) tem um senso republicano ainda precário, que se manifesta tanto nas condutas do Estado como nas de sua população: o espaço pú-blico é cotidianamente desrespeitado em suas regras e os governantes continuam governando muito mais em nome de interesses particulares de pequenos grupos do que do interesse geral da população. Mesmo o acontecimento altamente bené-fico das UPPs corre o risco de aprofundar a desigualdade na cidade por meio do processo que vem sendo chamado de gentrificação e cuja consequência é a expul-são dos moradores das comunidades, incapazes de arcar com a súbita valorização de seus imóveis e do custo que acarretam.

Pois bem, O novo carioca foi pensado precisamente nesse instante de dados no ar – não apenas como um ‘retrato-em-movimento’ de câmera sutil, capaz de perceber os sentidos de um contemporâneo mutante em tempo real, mas também como uma tentativa de mudar a direção dos dados, em favor de suas propostas. “O novo carioca”, aqui apresentado, é assim, em parte uma constatação, em parte um desejo. E um desejo político, para os autores deste livro, não se separa de um ato político, isto é, do engajamento na tentativa de tornar a realidade mais pareci-da com esse desejo.

Se o novo carioca se define sobretudo por sua mobilidade física e simbólica, por sua capacidade de circular entre diversos territórios da cidade em condições de

igualdade, a maior prova de que ele se refere, ao menos em parte, a algo já existente são os próprios autores. Egressos “dos grupos sociais populares, das periferias”, Jailson de Souza e Silva, Jorge Luiz Barbosa e Marcus Vinícius Faustini intervêm na “peleja da invenção do imaginário”, na disputa pelas representações da cidade, com um gesto de força inequívoca: eles não apenas desconstroem as representa-ções tradicionais das favelas (chegando mesmo a historiá-las e situá-las no foco mais amplo da representação comum a diversas cidades do Ocidente contempo-râneo) e propõem outras maneiras de vê-las, mas interpretam, eles mesmos, os re-presentantes tradicionais desta representação, deixando nu o seu lugar discursivo.

É isso o que faz a simples e magistral carta aberta a Zuenir Ventura, contes-tando, ou ao menos relativizando, a noção de “cidade partida”. O autor do tex-to lembra que a cidade só é partida da perspectiva das classes média e alta, pois os moradores das periferias “sempre tiveram que circular na cidade, em busca de trabalho, de lazer, de atividades culturais. (...) a cidade é atravessada por um conjunto de práticas de circulação que faz com que ela não seja ‘partida’ para os pobres, pelo menos não na dimensão da inserção no território”. Parte da força dessa visão vem do fato de que ela revela a naturalização da representação domi-nante, que nem é capaz de se perceber como relativa. E tudo isso é escrito num tom professoral, no melhor sentido da palavra, reconhecendo no interlocutor não um adversário, mas um parceiro na luta pelo esvaziamento das fronteiras físicas e simbólicas. Prova irrefutável da existência de novos cariocas, egressos da peri-feria, que ocupam o lugar de mestres, não de “alunos e aprendizes”, como insiste outro texto deste livro.

Não quero tirar o prazer do leitor de descobrir por si mesmo, e nas formula-ções mais precisas de seus autores, as ideias aqui contidas. Quero apenas desta-car, como manifestação de gratidão pelo aprendizado que elas me trouxeram, as noções decisivas de “discurso da ausência”, “morada” e “caos como imago urbis”. Na minha leitura, essas noções formam uma espécie de espinha dorsal do pensa-mento deste livro.

Sempre me indignei com o fato de que enquanto há, nos “países ricos” (a essa altura a expressão já soa estranha), “brasilianistas”, “africanistas” etc., os “países pobres” (idem) não produzem “americanistas”, “europeístas” e por aí vai. Essa é uma das manifestações da centralidade geopolítica. Centro é antes de tudo aquele que representa o outro. Aquele que julga deter o poder – senão a exclusividade – de representar o outro (a própria palavra “outro” possui um resíduo etnocêntrico ou sociocêntrico). Assim como é raro que pensadores das periferias do mundo tenham a ousadia de pensar o centro do mundo, é raro – ou era – que pensado-res das periferias da cidade tenham a ousadia de pensar o centro da cidade. Mas esses aqui têm. E esse pensamento tem como objetivo “descentralizar o centro”, multiplicar as perspectivas, abrir os caminhos. O presente livro é um sopro na inteligência do leitor – e nos dados que giram no ar.

Jailson de souza e silvaJorge Barbosa emarcus Vinícius FaustiniMórula Editorial, 220 páginas, 2012.

3Novembro de 2012

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Zan (PT) - 1152 votosLuiz Antonio Rocha de Assumpção Filho, o Zan,

tem 30 anos e foi eleito pela primeira vez nas eleições de 2008, quando estava no PSC. Agora no PT, foi elei-to pela segunda vez. Teve atuação relativamente des-tacada, especialmente porque era a voz mais alta de oposição ao prefeito Vicente Guedes. Embora seja um dos mais novos, vem da família Graciosa, grupo tradi-cional que também já governou Valença.Bens declarados: R$ 8 mil

Limite de gastos com a campanha: R$ 100 mil

// Política

Naldo (PMDB) - 1737 votosJosé Reinaldo Alvez Bastos, o Naldo, tem 52

anos e foi eleito pela quinta vez consecutiva para o cargo de vereador em Valença. É funcionário público do estado (policial civil) e formado em Gestão Pública pela Universidade Severino Sombra. Sua votação é sempre expressiva no

distrito de Barão de Juparanã.Em maio de 2010 o vereador foi preso na de-

legacia de Barra do Piraí, após ser flagrado atirando a esmo na Rua Júlio Xavier, no bairro Laranjeiras,

em Valença. Na ocasião foi apreendida uma pistola calibre 40, que, segundo os PMs, é de propriedade da

Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. Ele foi indicia-do por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Ficou preso por mais de um mês no Complexo Penitenciário de Gericinó, mais conhecido como Complexo de Bangu.

Em 2001 e 2002 – quando foi presidente da Câmara - teve as prestações de contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado. No entanto o TRE deferiu sua candi-datura.Bens declarados: R$ 88 milLimite de gastos com a campanha: R$ 70 mil

Com caricaturas do artista João Paulo Maia, apresentamos sucintamente quem são os novos - na sua maioria não tão novos - vereadores do nosso município, eleitos para a gestão 2013-2016

Quem é quem na nova Câmara de Vereadores?

Silvio Graça (PP) - 1006 votosTem como sua principal marca a família Graça. Fi-

lho de Fernando Graça (prefeito por diversas vezes em Valença) e irmão de Fernandinho Graça (segundo co-locado nas eleições para prefeito este ano), Silvio Ro-gério Furtado da Graça, de 48 anos, foi eleito pelo PP.Bens declarados: R$ 12 milLimite de gastos com a campanha: R$ 20 mil

Fábio Antônio (PTB) - 1128 votosFábio Antônio Pires Jorge, de 42 anos, foi candi-

dato em 2008 pelo PPS. Agora foi eleito pelo PTB. Morador de Conservatória, é dono de uma pousada no distrito. Como lembrou um leitor, é morador da Rua Antônio Moreira (Rua do Cemitério), que teve o asfalto retirado e nunca mais foi pavimentada. Essa omissão

do poder público diante de Conservatória pode ter aju-dado o candidato a se eleger.

Nenhum bem declaradoLimite de gastos com a campanha: R$ 70 mil

Genaro Rocha (PC do B)- 997 votosGenaro Eurico Rocha já havia sido vereador en-

tre 2000 e 2004, mas não foi reeleito em 2008. Agora em 2012, Genaro Rocha foi eleito pelo PC do B.Bens declarados: R$ 290 milLimite de gastos com a campanha: R$ 100 mil

4 Novembro de 2012

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Celsinho do Bar (PTB) - 975 votosReeleito para seu segundo mandato consecu-

tivo, Paulo Celso Alvez Pena, o Celsinho do Bar, tem 44 anos e é morador e proprietário de um bar no Dudu Lopes. Possui influência eleitoral tam-bém no Bairro da Passagem.Bens declarados: R$ 20 milLimite de gastos com a campanha: R$ 70 mil

Marcelo do Didi (PHS) - 947 votosMarcelo Moreira de Oliveira, o Marcelo do

Didi, tem 43 anos e teve sua votação basica-mente no distrito de Santa Isabel do Rio Pre-to, onde nasceu e mora atualmente. Militar reformado, talvez seja a principal surpresa nesta eleição para vereador, eleito pela pri-meira vez e fora da lista de “favoritos”.

Bens declarados: R$ 285 milLimite de gastos com a campanha: R$ 100 mil

Dodô (PSB) - 822 votosSalvador de Souza, o Dodô, não é nenhuma

novidade na vereança valenciana. Agora em 2012, aos 62 anos, permanece na Câmara.Bens declarados: R$ 20 milLimite de gastos com a campanha: R$ 180 mil

Braz Carteiro (PMDB) - 768 votosBraz Elísio Ricardo dos Santos, o Braz Car-

teiro, já nas eleições de 2008 ficou como suplen-te para a Câmara de Vereadores. Agora foi eleito pela primeira vez, aos 61 anos.Bens declarados: R$ 25 milLimite de gastos com a campanha: R$ 70 mil

Paulinho da Farmácia (PSD) - 732 votos

Paulo Jorge César, o Paulinho da Farmácia, curiosamente não é farmacêutico, já que cursou até o Ensino Fundamental. Na última gestão chegou a assumir o cargo de prefeito, enquanto foi presiden-te da Câmara, na ausência de Vicente Guedes por questões judiciais. Nenhum bem declaradoLimite de gastos com a campanha: R$ 70 mil

Felipe Farias (PT) - 723 votosFelipe Fulgêncio Farias, de 30 anos, é forma-

do em Direito pela FAA. Foi eleito pelo segundo mandato. Em seu blog frisa que é “rotariano” e “irmão” da Santa Casa de Valença.

Nas eleições de 2008 foi o primeiro candidato do PT a assumir o cargo de vereador em Valen-ça. Foi o primeiro vereador também a processar

o Valença em Questão – e por enquanto o único. O motivo do processo foi que ele se sentiu – nas pa-

lavras dele – “psicologicamente abalado” ao ler um texto publicado em nossa página na internet. Entrou

com uma ação criminal e outra cível, pedindo ainda um ressarcimento moral de mais de 18 mil reais. O texto que o abalou diz que ele atuou de “forma recuada” ao se manifestar em uma reunião do Conselho da Cidade.

Em relação a esses processos foi realizada uma audiência de conciliação do vereador com os autores do texto. O vereador con-tinuava a alimentar a mentira de que lhe foi negado o direito de resposta – que não nos foi solicitado e, pior, foi oferecido ao vere-ador. O resultado final do processo saiu em janeiro de 2010, com a derrota do vereador.

Bens declarados: 32,9 milLimite de gastos com a campanha: R$ 100 mil

Michelle Cabral (PRB) - 619 votosMichelle Vieira Cabral da Silva, de 31 anos, é for-mada em Odontologia e a única mulher eleita para a Câmara de Vereadores para essa gestão. Mas sua principal credencial na política prova-velmente é ser filha do candidato eleito prefeito de Valença Álvaro Cabral e da ex-vereadora e médica Célia Vieira. Foi eleita pelo PRB, mesmo partido de seu pai nas eleições 2012.Nenhum bem declarado

Limite de gastos com a campanha: R$ 100 mil

5Novembro de 2012

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por Fabrício Ferreira Itaboraí

A previdência social, fundamental para a conse-cução do Estado do bem-estar, é a síntese de históricas lutas sociais objetivando a proteção do trabalhador e de seus de-pendentes nos momentos em que advêm as dificuldades de sustento próprio. No Brasil, esse instrumento ganha importân-cia ainda maior, em virtude da ausência do Estado em muitos setores, como Educação, Saúde e porque não dizer, geração de empregos e renda.

Em municípios menores e mais pobres, a renda dos aposen-tados e pensionistas movimenta substancialmente a economia local. Mesmo em cidades maiores, é cada vez mais comum ido-sos aposentados ou pensionistas serem os provedores, ou pelo menos a renda advinda de seus benefícios constituir importan-te complementação no orçamento familiar.

Desta forma a previdência social ocupa papel de destaque na economia local. Hoje temos três tipos de Previdência Social: Regime Geral de Previdência Social (RGPS), os Regimes Pró-prios de Previdência Social (RPPS) dos servidores públicos e o Regime de Previdência Complementar. Cada um deles conta com regras específicas, definidas por meio da Constituição Fe-deral e de atos legais próprios.

Previ ValençaEm Valença, no governo Vicente Guedes, foi instituída

pela Lei Complementar nº 121 de 07/12/2009 o Instituto Mu-nicipal de Previdência dos Servidores Públicos de Valença (Previ Valença). Uma autarquia municipal responsável pela concessão dos benefícios, bem como gerir o fundo gerado pe-las contribuições dos servidores municipais e também pela contribuição patronal. Ou seja, os servidores são descontados mensalmente em seus salários, e o prefeito é obrigado a fazer o repasse da parcela patronal.

Concebida sem um estudo e sem ouvir servidores, a Previ Valença, pela falta de transparência, vem indicando que quem pode pagar a conta é a população

É importante lembrar que a Previ Valença é a segunda tenta-tiva de se organizar uma Previdência Social do município. Ante-riormente foi realizada uma aventura instituindo outro Instituto Previdenciário que nasceu e morreu quase que na clandestinida-de. Os servidores chegaram a ser descontados, entretanto voltou para o regime antigo, o RGPS-INSS. Quando acontece esse tipo de situação, de “falência”, pode-se voltar para o RGPS, entretan-to é necessário que o município arque com a proporcionalidade dos benefícios, o que significa uma indenização pelo tempo de contribuição. Assim, o insucesso gera danos patrimoniais ao município que deverá suportá-lo, o que geralmente é feito através de confissão de dívida e parcelamento.

Não é incomum o RGPS passar por desastres econômicos exigindo intervenção do Estado (dinheiro público) para sanar suas contas e consequentemente continuarem honrando com suas obrigações. O que certamente diminui a capacidade de in-vestimentos em saúde, educação e infraestrutura.

Cálculo atuarialCaso emblemático é o da Previ Rio. Dados da Prefeitura do

Rio revelam quadro alarmante em relação à situação financeira deste fundo, que está sendo alvo de investigação por conta de aplicação financeira suspeita. Segundo informações consolida-das pela Controladoria Geral do Município (CGM), a partir de 2014, o Fundo Especial de Previdência do Município do Rio de Janeiro (Funprevi) não terá saldo suficiente para pagar todas as pensões. O rombo previsto é de mais de R$ 143 milhões no caixa previdenciário.

A importância da Previ Valença vai além do pagamento aos 300 aposentados, 205 pensionistas e 120 auxílios-doenças. Nú-meros ainda tímidos se considerarmos todo o funcionalismo público atual. Lembrando que a conta não é tão simples assim, pois para se fechar os números da Previdência é necessário a realização do cálculo atuarial.

// Previdência

6 Novembro de 2012

Previ Valença: solução ou problema para

servidores e município?

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O estudo do cálculo (também conhecido como avaliação atuarial) é necessário para a prefeitura descobrir quanto deverá gastar com os encargos previdenciários de seus servidores. Ele serve para os dois regimes de Previdência Social. Ele toma por base a análise dos dados dos servidores efetivos e concursados, além dos inativos e pen-sionistas. A partir da análise dessas informações, seguindo as regras estabelecidas pela Lei 9.717/98 e outras normas legais, é que se saberá a quanti-dade de recursos necessários para manter o sis-tema previdenciário, o que inclui o pagamento de benefícios e encargos.

Esse é um dos pontos que mais assusta. Pois a Previ Valença foi concebida sem um estudo, sem re-alização de censo dos servidores municipais, e sem ouvir os maiores interessados, os servidores públi-cos municipais. Quando digo maiores, é porque não são os únicos interessados: a população também deve ser ouvida. É uma falácia de alguns e tentativa de golpe na cidade afirmar que este assunto só inte-ressa aos servidores. Está claro que qualquer proble-ma com a aposentadoria, pensão ou auxílio-doença acarretaria danos profundos na economia local.

Falta de transparênciaOutro fato bastante assustador é a conta

apresentada de 140 milhões de reais que deverão ser repassados à autarquia pelo município nos próximos 34 anos. Qual o motivo? Na verdade quando o objeto de debate é a Previ Valença cir-culam apenas as perguntas, não existem respos-tas. Ou pelo menos não são claras, aliás, essa é uma característica: falta de transparência.

Além disso, temos ainda a falta de legalidade, pois não foi respeitada a Constituição Federal, uma vez que todos os cargos dentro da autar-quia municipal são preenchidos por indicação do Executivo. Considerando que a Previ Valença foi instituída em dezembro de 2009, já era mais do que tempo para a realização de concurso pú-blico.

No site da Instituição, a Previ Valença é defi-nida com “autonomia administrativa, patrimô-nio e gestão financeira próprios”. Como falar em autonomia se é o Executivo quem indica os cargos? Cabe aos gestores da Previ Valença fis-calizar e denunciar o chefe do Executivo em caso deste não repassar as contribuições patronais. Desta forma não existe autonomia, pois se não atender a vontade e os caprichos do prefeito po-

derá ser exonerado e outro mais “amigável” as-sumirá. Talvez esteja explicado um dos motivos para a falta de concurso público.

Assim como a autonomia, outra falácia é dizer simplesmente que “a Previdência Municipal tam-bém reduziria significativamente os gastos públicos com pessoal, uma vez que no Regime Próprio de Pre-vidência Social a alíquota patronal é de 11% (onze por cento) enquanto que no Regime Geral de Previdên-cia Social (INSS) é de 22% (vinte e dois por cento)”.

InconstitucionalidadeApesar de ser verdadeiro, esqueceram de avi-

sar que a alíquota de contribuição do servidor municipal seria aumentada, o que significava menos dinheiro no bolso do trabalhador e conse-quentemente menos dinheiro na economia local.

Por fim, as notícias ainda alarmantes como o “reforço de caixa” de 140 milhões, noticiado nesse obscuro projeto que atualmente tramita na Câma-ra, tem-se na esteira o dispositivo ilegal que tenta inserir 50 % de vagas através de concurso público. Chega a ser ri-sível, além de inconstitucional, já que o ingresso à carreira de ser-vidor público obrigatoriamente se dá através de concurso, res-salvando hipóteses excepcionais previstas em lei. Será que a outra metade se enquadra nessas hipó-teses? Pouco provável.

O que propomos com este texto é apenas levantar algumas questões para que possam ser amplamente debatidas. Até por-que não existem números e dados para um estudo aprofundado, por conta da falta de transparência.

Entretanto, mesmo que de for-ma superficial podemos tirar as seguintes conclusões:

- A Previ Valença foi instituída sem a participação dos servidores públicos municipais e população;

- A falta de transparência e le-galidade na sua constituição são vícios que afetam diretamente seu funcionamento, pois servido-res indicados e não efetivos vin-culam-se à vontade do Executivo;

- Em virtude de atos lesivos

ao erário público tem-se visto rombos e preju-ízos nas Previdências Municipais como no Rio de Janeiro e em Nova Iguaçu – para citar apenas dois exemplos –, ficando a cargo do município cobrir a falta de recursos, o que acarreta menos dinheiro para educação, saúde e demais áreas.

- Considerando que nossa cidade já carece de investimentos em saúde, educação e infraes-trutura, não parece loucura o aporte de 140 mi-lhões na Previ Valença? Terá ainda o município saúde financeira para realizar as melhorias que necessita? Por fim, a soma aplicada na Previ Va-lença garantirá os benefícios aos servidores?

No caso de Valença só o tempo poderá res-ponder. Entretanto, em cidades como Rio de Janeiro e Nova Iguaçu (municípios mais ricos) quem está pagando a conta é o servidor, junto com o restante da população.

Fabrício é advogado

A previ Valença foi concebida sem um estudo, sem realização de censo dos servidores municipais, e sem ouvir os maiores interessados, os servidores públicos municipais.

7Novembro de 2012

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// navegando

A dica do mês é literária, inovadora. É uma não-dica:

O blog tem um objetivo: dis-ponibilizar perfis de escritores bra-sileiros contemporâneos. Mas não são perfis como nós conhecemos. Há quem diga até que o escrtitor Luiz Nadal, responsável pela página, rein-ventou o gênero. O que ele faz é uma mistura de perfil com texto de ficção e a coisa fica bem diferente, para dizer o mínimo. Lá já estão os perfis de gente como Lourenço Mutarelli, Marcelino Freire e Marcia Tiburi. As entrevistas que dão origem aos perfis são sempre “acompanhadas” de uma bebida e uma trilha sonora. Ou não. Os textos são divertidos porque não sabemos o que é de fato informação sobre o escritor, o que foi, digamos, aumentado e o que é fição mesmo. Será que o Mutarelli tem mesmo “cinco gatos e vive sujo de tinta”? Não sabemos, não saberemos e não importa. O que vale é entrar no universo dos autores e a experiência de ver quem faz ficção no meio de uma. A ideia é inovadora e, pelos textos que já estão no blog, divertida.

www.istonaoeumcahimbo.com

Pan

ta

o escritor lourencço mutarelli toma um irish coffee na foto-montagem do blog

8 Novembro de 2012

por Juliana Guida Maia

Uma canção inacabada, o nosso amorSerena melodia muda Olhos molhados, cor de poesiaLetra rabiscada na canção do dia-a-dia

Mil rosas pisadas, pétalas caídasAos seus pésDesprezo cifrado, canção em dor maiorPoeta rejeitado nas noites distraídas

Seresteiro abandonado, esvaziado de melodiaNo som de seus nãos acorrentadoDolorido em agoniaRima pobre, poema rico de sofrer

Um ruído descompassado, a falta de vocêMúsica e poesia quebradasNotas e letras rasuradasPelo barulho inaudível da sua ausência.

Poema vencedor de menção Honrosa no I Festival de Poesias de Conservatória

O Ruído dofim

// Poesia