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  • Durval Muniz de Albuquerque Jnior

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    Vozes sem rosto, sombrias silhuetas:

    a contribuio da publicao do livro Vigiar e Punir

    de Michel Foucault para a historiografia brasileira

    Durval Muniz de Albuquerque Jnior

    Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    No ano de 1977, a editora Vozes publicava Vigiar e Punir1, livro escrito pelo

    filsofo e historiador francs Michel Foucault, no qual fazia uma histria das formas

    de punio na sociedade europia dos sculos XVIII e XIX. Livro desconcertante,

    pois, embora prometesse no subttulo da edio brasileira fazer a histria da

    violncia nas prises, o que o leitor encontrava era uma sofisticada anlise da

    mudana das relaes entre poder e corpo, vigilncia e punio, na passagem de

    uma sociedade onde predominava o poder da soberania para uma sociedade regida

    pelo poder disciplinar. Temas clssicos para a historiografia como: a crise do Antigo

    Regime, as revolues burguesas e o estabelecimento definito de uma sociedade

    urbano-industrial eram iluminados a partir de um ngulo completamente inesperado,

    causando surpresa, admirao e indignao entre os profissionais militantes no

    campo da histria.

    Atravs da genealogia das formas de punio e da arqueologia dos discursos

    que inspiraram e sustentaram esta mutao histrica das formas de punir, Foucault

    questionava incisivamente as formulaes humanistas que atribuam a emergncia

    da priso e a conseqente reduo dos suplcios e execues pblicas a um

    progresso moral e civilizao dos costumes humanos. Ele mostra que o mundo

    moderno no significou apenas a emergncia da liberdade como questo poltica e

    como trao distintivo dos homens. Ao inventar a liberdade o mundo moderno

    inventara, tambm, a priso, pensada como uma sofisticada maquinaria de

    produo de corpos dceis e disciplinados, como um dispositivo de correo dos

    corpos e de fabricao das almas. Foucault descreve ainda as condies histricas

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    que possibilitaram esta emergncia histrica da priso, localizando na

    reorganizao das relaes de poder, na passagem de um poder que se exerce de

    cima e de fora, para um poder que vem de baixo, que atravessa os sujeitos e se

    inscreve em seus corpos e mentes, uma das suas principais condicionantes.

    A vinda de Foucault ao Brasil, por duas vezes, na dcada de setenta, quando

    profere conferncias sobre as temticas que estava estudando naquele momento,

    ou seja, suas reflexes sobre o poder e sua relao com a verdade, o saber e os

    corpos, acompanhada da publicao do livro Vigiar e Punir, num contexto em que

    o pas est caminhando para um processo de redemocratizao e que novas foras

    polticas e movimentos sociais emergem no cenrio da poltica nacional. O livro vai

    anteceder em pouco tempo a intensa mobilizao poltica do operariado do ABC

    paulista, a organizao e maior visibilidade de movimentos sociais como: o

    movimento feminista, o movimento negro, o movimento homossexual, alm

    daquelas formas de organizao poltica que haviam se gestado fora das instituies

    tradicionais da esquerda, muitos delas fruto da atuao de grupos ligados ao setor

    progressista da Igreja Catlica como: os movimentos de luta por moradia, por infra-

    estrutura urbana, pela terra, etc. Esta efervescncia poltica, que tanto impressionou

    Flix Guattari quando visitou o pas em 19822, parecia confirmar as reflexes feitas

    acerca da relao entre poder e resistncia, nesta obra de Michel Foucault. De

    mltiplos lugares do social pareciam emergir movimentos de resistncia que no se

    expressavam atravs das organizaes ou da linguagem da esquerda organizada.

    As confrontaes ao poder disseminadas pela sociedade brasileira pareciam

    confirmar o carter microfsico de suas relaes e a necessidade de se questionar e

    repensar um poder pensado apenas a partir do modelo da soberania, que via o

    poder reduzido ao Estado e as instituies que lhe dariam sustentao. A

    emergncia de uma nova esquerda, crtica do modelo de revoluo e transformao

    social encarnado pelo Estado Sovitico, uma esquerda preocupada com aspectos

    da vida social antes desprezados como de menor importncia, por ser considerados

    irrelevantes como objetos de luta poltica como: a sexualidade, o desejo, as relaes

    de gnero, o racismo, leva a que a obra de Michel Foucault e suas reflexes sobre o

    poder e a poltica sejam avidamente consumidos no Brasil.

    A descoberta de Michel Foucault, proporcionada tambm por obras pioneiras

    de autores brasileiros como Roberto Machado e Jurandir Freire Costa3, que o

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    haviam conhecido na Frana, se d concomitante com a descoberta de uma nova

    historiografia marxista, nascida em grande medida da crtica no interior dos prprios

    partidos comunistas europeus ao estalinismo e ao modelo de sociedade que este

    representou. As reflexes de Foucault sobre o poder, explicitadas no livro Vigiar e

    Punir, pareceram, primeira vista, perfeitamente conciliveis com a teoria da luta de

    classes presentes no marxismo, at por que este livro de Foucault onde ele opera

    mais explicitamente com as noes de classe. Esta aproximao das reflexes de

    Foucault sobre o poder com as reflexes de autores marxistas como Edward Palmer

    Thompson4 sobre as deficincias do marxismo clssico e, principalmente, do

    marxismo estalinizado ou mesmo do marxismo estruturalista de Althusser, que

    teriam negligenciado aspectos importantes da vida social como a cultura, os

    costumes, os smbolos, os rituais, o imaginrio, a base terica de uma srie de

    dissertaes e teses produzidas nos nascentes programas de Ps-Graduao no

    pas, entre o final dos anos setenta e o comeo dos anos oitenta.5

    A confluncia entre as mudanas sociais que estavam ocorrendo no pas e a

    publicao no pas de autores e livros que pensam de forma diferenciada a histria,

    leva a emergncia entre ns de uma histria nova, trilhando o mesmo caminho da

    Europa, onde, desde os acontecimentos do final dos anos cinqenta e da dcada de

    sessenta, era impossvel pensar a histria e a poltica da mesma forma que se fizera

    antes. A historiografia passa a elaborar novos objetos, a tratar de novos problemas,

    a partir de novas formas de abordagem. O pensamento de Foucault se coloca, neste

    momento, como uma importante fonte de inspirao, a medida que este revoluciona

    a forma como os historiadores pensavam o seu ofcio at ento6. No mais o saber

    dos processos contnuos, evolucionistas, teleolgicos. No mais o saber em busca

    das origens, da necessidade histrica, do sentido da histria. No mais a

    representao de um fato cuja verdade essencial pode ser desvendada pelo

    emprego do mtodo correto, fato cuja realidade objetiva pode ser desvelada.7

    Com Foucault o historiador vai passar a tratar de problemticas, da

    emergncia de objetos e de verdades num dado momento, nunca de fatos. O

    historiador passar a fazer um inventrios das condies histricas que

    possibilitaram que em dado momento uma questo emergisse, que uma verdade se

    colocasse, que um saber se produzisse, que uma dada experincia fosse elaborada.

    O historiador no mais far a histria de um objeto, mas do objeto, da sua

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    elaborao no campo das prticas discursivas ou no-discursivas. O historiador far

    uma arqueologia dos saberes e uma genealogia das relaes de poder que

    entraram na constituio de um dado problema, que o constituiu como objeto para a

    histria. Perscrutar, tambm, como na prpria trama da histria se constituiro

    sujeitos, lugares de produo de sentido, lugares de prticas, lugares socialmente

    criados para ser habitados por diferentes indivduos. Os grandes sujeitos matafsicos

    da histria so substitudos pelos sujeitos ordinrios, homens infames, vidas que

    foram iluminadas por um instante ao se defrontarem com o poder e seu dispositivo

    de exame, de registro, de classificao, de punio. Vidas que ficariam sem registro,

    que seriam irresgatveis para a histria se no fosse a atitude considerada

    criminosa, anormal, insidiosa, tresloucada, depravada, amoral, sacrlega,

    demonaca, revoltosa, monstruosa, animalesca.8

    A partir da pesquisa nos arquivos da Bastilha, que serviu de base para as

    suas reflexes que culminaram com a obra Vigiar e Punir, a obra de Foucault deixa

    de estar direcionada para a anlise das formaes discursivas, da emergncia de

    saberes, de enunciados, conceitos, temas com as estratgias a elas vinculadas9,

    para se voltar para estas lendas negras, como eram tratadas em suas prprias

    palavras estes personagens. Nestes arquivos descobre vidas que se passaram na

    contramo das normas, das regras, dos ditames do poder, mas vidas que foram

    tornadas objeto de reflexo e de interveno pelos jogos de poder em que se

    enredaram. Pierre Rivire e Herculine Barbin saem da poeira dos arquivos como

    vidas que se debateram contra a poltica da verdade de seu tempo, seres de difcil

    classificao, que pem em questo as identidades que lhe so atribudas10. Atravs

    destes personagens, Foucault denuncia a violncia do pensamento identitrio que

    se torna hegemnico com a modernidade. A imposio de que o sujeito, o indivduo

    tenha uma s verdade, uma essncia, um corpo e uma alma decifrados em suas

    verdades mais recnditas seriam os procedimentos de produo da verdade em

    nossa sociedade.

    A obra de Foucault, neste momento, est atenta, principalmente, para os

    silncios que so necessrios para que dadas verdades se estabeleam, se

    institucionalizem. A produo da verdade implica a produo de silncios, a

    produo da memria implica a produo de esquecimentos, por isto a histria no

    contnua, mas lacunar, descontnua, disperso de prticas e discursos tornados

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    homogneos e contnuos. A incluso de determinados lugares de sujeito na histria

    implica a excluso e marginalizao de outros. A histria com Foucault se volta para

    a produo das margens e dos limites de uma dada configurao histrica. Como se

    traam as bordas do permitido e do proibido, do normal e do anormal, da verdade e

    do erro em dado momento. Foucault claramente fascinado por estes personagens

    das margens, por estes seres que se definem pela excluso, pela excomunho,

    estas vozes sem rosto, que gritam, vituperam, amaldioam, escarnecem todos as

    figuras que representam o poder. Personagens que quase sempre no tm voz, que

    so ditos, descritos e proscritos pelos outros. Personagens cuja sanha provoca, nem

    que seja por um breve instante, um incmodo impacividade do poder.11

    Michel Foucault sempre esteve atento para o que de sombrio a modernidade

    e sua promessa de iluminao, produziu. Ele usou suas pesquisa para mapear o

    processo que nos fez ser o que somos. Suas histrias buscavam fazer uma

    arqueologia de ns mesmos e, no mesmo instante, nos apartar de ns mesmos,

    produzir em ns o questionamento de nossas verdades, de tudo aquilo que nos

    chega como verdade e como natural. Em Vigiar e Punir a pergunta incmoda que

    nos interpela : por que achamos natural que haja punio e que esta se d atravs

    da priso? Esta forma de punir est to naturalizada que tendemos a achar que

    sempre houve prises e que estas sempre tiveram o mesmo significado e as

    mesmas funes que tm hoje em nossa sociedade. com espanto que ao

    percorrer as pginas deste livro vamos descobrindo a priso como uma inveno

    recente, como uma forma moderna de punir, que ao contrrio de humanizar as

    penas, torn-las mais brandas, apenas d a elas uma nova organizao. Nem

    melhor, nem pior do que as formas de punio anteriores, apenas diferente. Forma

    de punir que busca atingir outros objetivos, que tem novos alvos diferentes daqueles

    das formas anteriores.

    Foucault sempre buscou pensar diferente, pensar o diferente, talvez por isso

    seus olhos tenham se voltado preferencialmente para personagens que fizeram de

    suas vidas uma negra poesia, na luta herica contra as relaes de poder que

    buscavam defini-los, classific-los, orden-los. Da, talvez, o fascnio que Foucault

    exerceu sobre uma gerao de intelectuais brasileiros, vivendo em um pas que saa

    de um longo perodo de ditadura, de excluso, de silenciamento. Intelectuais que

    haviam vivenciado este momento em que a microfsica autoritria de nossos

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    poderes cotidianos se exacerbou em uma forma de governo, num Estado

    antidemocrtico. A luta pela democracia no Brasil, a vontade de romper o silncio

    por tanto tempo vivenciado, a sensao de que se abria um novo tempo que devia

    ser caracterizado pela resistncia a toda forma de intolerncia, um perodo de

    resgate daqueles que haviam sido exilados, apartados, excludos, daqueles rostos

    que haviam desaparecido nos pores da ditadura fez com que os brasileiros

    encontrassem em Foucault um aliado para pensar a questo da liberdade e da

    relao que esta mantm com todos os poderes, de uma nova forma. A temtica da

    resistncia e, por outro lado, as temticas da disciplinarizao e da normalizao

    ganham destaque no meio acadmico, notadamente entre os historiadores.

    Como chama ateno Margareth Rago12, a recepo que Foucault teve no

    Brasil, a imagem que comumente se faz de seu pensamento nasce, em grande

    medida, do impacto que o livro Vigiar e Punir produziu. O Michel Foucault pensado

    como o terico de um poder como maquinaria sem sada, do homem morto como

    sujeito, mero autmato serializado das relaes de poder. O autor que enfatiza o

    momento da sujeio, da disciplina, da norma, que seria politicamente danoso

    porque no vislumbraria sadas possveis da intricada rede de poder que mapeia,

    um reacionrio que ao propor a disperso das identidades inviabilizaria qualquer

    ao poltica organizada. Mesmo depois da publicao no Brasil dos seus livros

    dedicados a fazer a histria da sexualidade13, onde ele introduz uma sofisticada

    anlise sobre os momentos de subjetivao, da criao de espaos de liberdade e

    de auto poiese por parte dos sujeitos, ele continua sendo visto assim. Para isto

    contribui em muito uma crtica historiogrfica, bastante adjetiva e pouco analtica,

    que toma suas anlises sobre o poder como se estas fossem apologias e no um

    exerccio de crtica destas relaes. Foucault hora nenhuma faz um elogio do poder,

    mas tambm no o demoniza, porque parte do pressuposto de que no existe

    sociedade em que este no esteja presente. Esta crtica quase sempre parte ,

    exatamente, de quem pensa o poder como soberania, como sendo uma coisa que

    algum detm e da qual outros estariam excludos. Partem de uma idia ingnua de

    que para haver resistncia, transformao social, seria preciso acabar com o poder,

    entendido como instituio ou mais precisamente ainda, como o Estado. Foucault

    vai nos possibilitar pensar as transformaes como deslocamentos na rede de

    poder, como resistncia de dentro de sua prpria malha. No possvel uma

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    exterioridade ao poder, lugar de onde pretensamente certos crticos de Foucault

    pretendem falar. Pelo contrrio, este combate ao seu pensamento se d na medida

    em que o mundo acadmico tambm permeado por lutas pelo poder. A crtica a

    Foucault e a aqueles que se inspiram em suas idias no disfaram a disputa por

    posies de poder no interior da academia e mais, especificamente, no territrio dos

    historiadores.14

    A luta pela verdade, pelo estabelecimento de um dado saber ou por uma dada

    forma de interpretao da histria como norma, como o nico caminho possvel para

    se fazer uma histria crtica e que favorea a transformao social, s vem a

    confirmar as teses de Foucault de que o saber perspectivo, a verdade nasce de

    uma luta pelo poder e o conhecimento se produz nos confrontos sociais. A histria

    da recepo do pensamento de Foucault no Brasil s veio a confirmar o incmodo

    que se produz sempre que se pensa diferente e se pensa o diferente. O desconcerto

    que suas afirmaes provocavam e provocam entre historiadores brasileiros ou

    europeus nos permite perceber que a luta pelo poder e a produo do saber implica

    a produo de silncios. Quantos historiadores brasileiros j no desejaram

    ardentemente apagar as vozes que fugiram daqueles modelos j consagrados de

    interpretao da histria, vozes incmodas, vozes que teimam em denunciar o

    prprio compromisso que o nosso saber tem e teve com o silenciamento de muitos

    personagens, mesmo quando se pretendia deles se estar falando. O silncio dos

    vencidos sendo produzido por aqueles que pretendiam ser as suas vozes15. Vozes

    que no se assumiam como sendo estranhas aos sujeitos que pretendiam fazer

    falar. Vozes de autoridade que pretendiam dar lies queles que no se

    enquadravam em seus projetos. Por isto Foucault fez parte de uma estratgia de

    recusa16 de uma forma de interpretao da histria e de uma certa imagem do outro,

    do excludo, do sem voz. Com Foucault, foi possvel olhar de outra forma, ouvir

    outras vozes, do cabar ao lar, dessacralizar a poltica, a histria, dados modelos de

    interpretao do passado17. A histria, no Brasil, se dirigiu para novos campos, da

    violncia aos prazeres da noite das meretrizes e doutores, se abriu para novas falas,

    de astcia ou de angstia, passou a fazer a arqueologia dos vrios espelhos com

    que o mundo se olha e as vrias vozes com que se diz.18 Um mundo inventado e

    desinventado a cada fala e a cada ao, um mundo formado por regies de sombra

    e de indefinio, regies modernas e antimodernas, onde os lugares so mltiplos e

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    polissmicos19. Com Foucault a histria questiona o cada um em seu lugar, ilumina

    os excludos, os criminosos da palavra e os poetas do silncio, as noites circenses,

    recita a partitura oculta, questiona o prprio poder quando diz falo, digo, mostro,

    descrevo a verdade, o passado20. Quando se diz vozes, do alm ou do aqum

    daqui.

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    Notas 1 FOUCAULT, Michel, Vigiar e Punir, Petrpolis, Vozes, 1977. 2 Esta viagem deu origem a um livro, tambm muito importante para uma reformulao do pensamento poltico entre ns, editado tambm pela editora Vozes: GUATTARI, Flix e ROLNIK, Suely, Micropoltica: cartografias do desejo, Petrpolis, Vozes, 1986. 3 Me refiro a MACHADO, Roberto, Danao da Norma, Rio de Janeiro, Graal, 1978 e COSTA, Jurandir Freire, Ordem Mdica e Norma Familiar, Rio de Janeiro, Graal, 1979. Ainda em 1979 Roberto Machado organiza uma coletnea de textos de Foucault reunidos sob o ttulo de Microfsica do Poder. 4 Ainda em edies em espanhol chega ao Brasil obras como THOMPSON, E. P., Tradicion, Revuelta y Consciencia de Clase, Barcelona, Crtica/Grijalbo, 1979 e La Formacin Historica de la Clase Obrera, Barcelona, Editorial Laia, 1977 ou j em portugus THOMPSON, E. P. - A Misria da Teoria ou um planetrio de erros, Rio de Janeiro, Zahar, 1981. 5 Ver, por exemplo, RAGO, Margareth, Do Cabar ao Lar, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985; ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de, Falas de Astcia e de Angstia: a seca no imaginrio nordestino (1877-1922), Campinas, UNICAMP, 1988 (Dissertao de Mestrado). 6 Este justamente o ttulo de um texto do historiador francs Paul Veyne que tambm ajudou a divulgar Foucault no Brasil, ver: VEYNE, Paul, Foucault revoluciona a histria. In: Como se escreve a histria, Braslia, EDUNB, 1982. 7 Ver a este respeito o texto FOUCAULT, Michel, Nietzsche, a genealogia e a histria. In: Microfsica do Poder, Rio de Janeiro, Graal, 1979. 8 O texto de Foucault mais exemplar a este respeito ainda no tem edio brasileira que A Vida dos Homens Infames, um dos textos que compem o livro O Que um Autor, Lisboa, Vega, 1992, mas livro Eu Pierre Rivire, que degolei minha me, meu irmo e minha irm, Rio de Janeiro, Graal, 1977 j tratava de um personagem ordinrio e infame. 9 A obra FOUCAULT, Michel, A Arqueologia do Saber, Rio de Janeiro, Forense-Universitria, 1984 faz uma espcie de reviso metodolgica da primeira fase da obra de Foucault, feita ao longo dos anos sessenta, que estivera centrada na temtica do saber, a chamada arqueologia do saber, mas significa tambm uma mudana de trajetria para a partir da tratar do poder e se dedicar a fazer sua genealogia. 10 FOUCAULT, Michel, Eu Pierre Rivire... e FOUCAULT, Michel, Herculine Barbin: o dirio de um hermafrodita, Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1982. 11 Ver, ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de, Os Maus Costumes de Foucault, Assis, Ps-Histria, v. 6, 1998, pp. 67-86. 12 RAGO, Maegareth, As marcas da pantera: Foucault para historiadores, Campinas, Resgate, n. 5, 1993, pp. 22-32. 13 FOUCAULT, Michel, Histria da Sexualidade I: a vontade de saber, Rio de Janeiro, Graal, 1982; Histria da Sexualidade II: o uso dos prazeres, Rio de Janeiro, Graal, 1984 e Histria da Sexualidade III: o cuidado de si, Rio de Janeiro, Graal, 1985. 14Veja as crticas quase sempre adjetivas e que mostram pouco entendimento do pensamento de Foucault feitas por Ciro Flamarion Cardoso 15 Homenageio aqui uma obra pioneira na utilizao do pensamento de Foucault na historiografia brasileira, embora estranhamente isto no aparea explicitado no texto, que : DECCA, Edgar de, 1930: O Silncio dos Vencidos, So Paulo, Brasiliense, 1982. 16 Aqui me refiro a uma dissertao duplamente pioneira, por adotar o pensamento de Foucault como referencia terica e por abordar o movimento operrio que recentemente havia ocorrido no ABC paulista, deixando claro a relao entre estes dois acontecimentos, que : MARONI, Amnris, A Estratgia da Recusa, So Paulo, Badsiliense, 1982 17 Me refiro tambm as obras pioneiras de RAGO, Margareth, Do Cabar ao Lar... e de LENHARO, Alcir, A Sacralizao da Poltica, Campinas, Papirus, 1987. 18 Me refiro a trabalhos que tambm tomaram o pensamento de Foucault como referncia: LARA, Silvia Hunold, Campos da Violncia, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988; RAGO, Margareth, Os Prazeres da Noite, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1991; ENGEL, Magali, Meretrizes e Doutores, So

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    Paulo, Brasiliense, 1989; ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de, Falas de Astcia e de Angstia...; CUNHA, Maria Clementina, O Espelho do Mundo, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1986. 19 Ver ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de, A Inveno do Nordeste e outras artes, So Paulo, Cortez; Recife, Massangana, 1999. 20 Fao referncia a outros trabalhos de inspirao foucaultiana: ROLNIK, Raquel, Cada um em seu lugar, So Paulo, USP, 1981 (Dissertao de Mestrado); ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de, Menocchio e Rivire: criminosos da palavra, poetas do silncio, Campinas, Papirus, Resgate, n. 2, 1991; DUARTE, Regina Horta, Noites Circenses, Campinas, EDUNICAMP, 1995; TRONCA, talo, Histria da Doena: a partitura oculta. In: RIBEIRO, Renato Janine, Recordar Foucault, So Paulo, Brasiliense, 1985; ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de, Nordestino: uma inveno do falo: uma histria do gnero masculino no Brasil (1920-1970), UFPB/CNPq, 1999 (mimeo).