Voz das Misericórdias

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VOZDAS MISERICÓRDIAS director: Paulo Moreira | ano: XXVIII | março 2012 | publicação mensal Palmela Porto Contas Bolsas de estudo no aniversário Cultura faz parte da identidade Revisores oficiais obrigatórios Santa Casa da Misericórdia de Palmela celebrou aniversário com a instituição de bolsas de estudo anuais para os me- lhores alunos do ensino secundário. Educação, 19 Santa Casa da Misericórdia do Porto promoveu, no passado dia 14 de mar- ço, as primeiras jornadas sobre o seu património cultural e artístico. Património, 20 No âmbito do novo sistema de normali- zação contabilística, teve lugar na sede da UMP a abertura das propostas de re- visores oficiais de contas. Panorama, 2 Qualidade acreditada nos cuidados continuados União das Misericórdias Portuguesas Golegã Quando rir pode ser o melhor remédio Vimieiro Sabores preservam tradições Aveiro Laços de afeto que resistem à doença Em Ação Em Foco Saúde Pág. 10 Págs. 12 e 13 Págs. 16 e 17 As Misericórdias de Águeda, Batalha, Ribeira de Pena e Sabrosa obtiveram recentemente a acreditação de qualidade das suas unidades de cuidados continuados pela Joint Comission International. Destaque, 4 e 5 Vila Pouca de Aguiar Envelhecer com saúde Terceira idade, 14 Institucional Conselho Nacional aprova moção Moção Conselho Nacional da União das Misericórdias aprovou, na sua última reunião em Fátima a 24 de março, uma moção 7

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Jornal mensal Voz das Misericórdias

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VOZDASMISERICÓRDIASdirector: Paulo Moreira | ano: XXVIII | março 2012 | publicação mensal

Palmela

Porto

Contas

Bolsas de estudo noaniversário

Cultura faz parte da identidade

Revisores oficiaisobrigatórios

Santa Casa da Misericórdia de Palmela celebrou aniversário com a instituição de bolsas de estudo anuais para os me-lhores alunos do ensino secundário. Educação, 19

Santa Casa da Misericórdia do Porto promoveu, no passado dia 14 de mar-ço, as primeiras jornadas sobre o seupatrimónio cultural e artístico. Património, 20

No âmbito do novo sistema de normali-zação contabilística, teve lugar na sede da UMP a abertura das propostas de re-visores oficiais de contas. Panorama, 2

Qualidade acreditada nos cuidados continuados

União das Misericórdias Portuguesas

GolegãQuando rir pode ser o melhor remédio

VimieiroSabores preservam tradições

AveiroLaços de afeto que resistem à doença

Em Ação Em Foco SaúdePág. 10 Págs. 12 e 13 Págs. 16 e 17

As Misericórdias de Águeda, Batalha, Ribeira de Pena e Sabrosa obtiveram recentemente a acreditação de qualidade das suas unidades de cuidados continuados pela Joint Comission International. Destaque, 4 e 5

Vila Pouca de Aguiar Envelhecer com saúde Terceira idade, 14

Institucional

Conselho Nacionalaprova moçãoMoção Conselho Nacional da União das Misericórdias aprovou, na sua última reunião em Fátima a 24 de março, uma moção 7

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A FOTOGRAFIA

O NúmeRO

O CAsO

A subirAlternAtivA à

cAdeirA de rodAs

Cientistas turcos criaram uma alternativa à cadeira

de rodas para quem perdeu os movimentos das

pernas. O equipamento permite circular de forma independente e ficar de pé

sem ajuda de terceiros.

A Descersolos ficAm degrAdAdos

Todos os anos, 75 mil milhões de solos férteis ficam degradados por

causa da desertificação, o que equivale a 23 hectares transformados em deserto a cada minuto, alertaram

as Nações Unidas.

mAnuel de lemosPresidente

da União das Misericórdias PortUgUesas

“Não fazemos greves, boicotes ou ameaças. Não está no nosso código genético. Mas se cairmos para o

lado porque não aguentamos mais, Portugal também

cairá”

A FrAse

ESPAço SénIor

TeMPO de ReFLexãO

Os tempos que atravessamos exigem compreensão pelos que sofrem física, psíquica e moralmente. Muitos são os males que afligem grande parte das pessoas, que têm cada vez mais necessidade da solidariedade do seu semelhante

GAiA 120 idosos em torneio de jogos de mesA

300milhões cAncelAmento do tgv

No âmbito do novo sistema de nor-malização contabilística, teve lugar na sede da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) a abertura das propostas de revisores oficiais de contas (ROC). O objetivo da con-sulta ao mercado é apoiar as Santas Casas que, segundo o novo regime, passam a ter de apresentar as contas devidamente certificadas por um revisor oficial de contas.

A sessão contou com a presença dos membros do Secretariado Nacio-nal da UMP, Carlos Andrade e Jorge Nunes, da secretária geral da Ordem dos ROC, Ana Cristina doutor, da res-ponsável pelo Gabinete Financeiro da União, Carla Barbosa, e de dezenas de revisores oficiais de contas. A sessão teve lugar a 7 de março.

contAs revisoresoficiAisobrigAtórios

Ao todo, e segundo dados for-necidos pelo Gabinete Financeiro da UMP, foram rececionadas 71 propostas. Neste momento, a infor-mação sobre as mesmas está a ser preparada para divulgação junto das Santas Casas que ainda não tenham ROC e possam estar interessadas.

desde 1 de janeiro de 2012 que as Misericórdias passam a estar sujeitas a novas normas de conta-bilidade. O regime da normalização

contabilística para as entidades do setor não lucrativo foi aprovado no âmbito do decreto-lei n.º 36-A/2011, de 9 de março.

Recorde-se que, segundo aquele decreto, ficam dispensadas da apli-cação da normalização contabilística as entidades sem fins lucrativos cujas vendas e outros rendimentos não ex-cedam 150 mil euros em nenhum dos dois exercícios anteriores, com algu-mas exceções constantes no decreto.

À semelhança dos anos anteriores, o Lar Salvador Brandão, da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia, arrancou, no passado dia 1 de março, com mais um torneio inter-lares de jogos de mesa tradicionais. Cerca de 120 idosos, provenientes de várias instituições de apoio à terceira idade daquele concelho da região Norte, vão juntar-se para competirem nas modalidades de dominó, sueca e bingo. As modalidades de dominó e de sueca têm três fases e em jogo estão 30 equipas. Por sua vez, para o jogo do bingo estão inscritas cerca de 60 pessoas. As competições decorrem durante os meses de março e abril.

O ministro da economia, Álvaro Santos Pereira, garantiu recentemente que as indemnizações que o estado terá de pagar pelo cancelamento da alta velocidade serão mais baixas que os 300 milhões de euros.

Na Academia, o Carnaval não teve o relevo dos anos anteriores, o que foi pena, pois as brincadeiras próprias desta época proporcionam alegria e boa disposição. Motivos de saúde, de

colegas e professores, tiveram como causa esse facto.

Entrámos na Quaresma: tempo de reflexão e penitência, como preparação para a Páscoa.

Não é difícil, para qualquer católico, cumprir os preceitos que se recomendam. Os tempos que atravessamos exigem compreensão pelos que sofrem física, psíquica e moralmente. Muitos são os males que afligem grande parte das pessoas, que têm cada vez mais necessidade da solidariedade do seu semelhante.

Pequenos gestos como um sorriso, um olhar de compreensão ou simplesmente estar disponível para ouvir o outro, fazem com que o ser humano que nos rodeia se sinta mais amado e compreendido. Praticando-os, ficaremos espiritualmente mais ricos, mais humanos e, consequentemente, mais felizes.

Neste mês de Março, celebra-se a festa da Primavera. Apesar da falta de chuva, muitas são já as árvores floridas que tornam os campos mais belos. Muitas são também as aves que nos alegram com os seus cantares. O Sol radioso que aquece a alma de cada um de nós, faz-nos sentir menos depressivos e com mais entusiasmo para vivermos cada dia.

Na nossa Academia, também o espírito de ajuda e companheirismo se prolonga nas horas que vivemos juntos, quer durante as aulas, quer nos intervalos que passamos em amena cavaqueira, na sala de convívio ou nos passeios e visitas que, mensalmente, se organizam.

Neste âmbito, decorreu no passado mês de Fevereiro, a visita ao Palácio da Bemposta, designado por Paço da Rainha, pelos alunos de Olisipografia.

Também o Grupo de Cantares, no seu espírito de solidariedade, atuou, a convite da Associação Portuguesa de Poetas, na Casa das Beiras, no lançamento de uma coletânea.

Sessão teve lugar a 7 de março

PANORAMAwww.ump.pt

Maria Deolinda Gonçalves Academia de Culturae Cooperação da [email protected]

2 vm março 2012

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ON-LINe

Maria da Saúde Inácio AEP

oPInIão

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está em vigor a medida de promoção de emprego “estímulo 2012”, através da qual o governo vai conceder um apoio financeiro que oscilará entre 50 a 60 por cento do salário dos cidadãos que sejam contratados pelas empresas e que estejam sem trabalhar há pelo menos seis meses. A medida também contempla todas as organizações de economia social, inclusive Misericórdias.

estímulo 2012medidA do governopArA criAr emprego

umP misericórdiAs no roteiro de sAúde do psO líder do Partido Socialista (PS), António José Seguro, esteve reunido com o presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos, na sede da UMP em Lisboa. A iniciativa integrava o roteiro da saúde do PS e contou com a participação de outros membros do Secretariado Nacional e do presidente do Conselho Nacional da UMP, Fernando Cardoso Ferreira. Também esteve presente o antigo secretário de estado da Saúde, Manuel Pizarro, entre outros socialistas. A visita teve lugar no dia 15 de março.

O Gabinete de Assuntos Jurídicos da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) tem, desde março, um serviço de informação sobre as principais novidades jurídicas que possam interessar às Santas Casas. O “flash informativo” é enviado às Misericórdias através de email. Recorde-se que no site da UMP (www.ump.pt) está disponível toda a legislação relacionada com a atividade diária das instituições.

institucionAlgAbinete jurídico tem novo serviço

Faleceu, no dia 21 de março, o mon-senhor Sezinando Rosa, que era o padre mais velho do nosso país e o que tinha sido ordenado há mais tempo, a 15 de setem-bro de 1934. O pároco havia completado 100 anos em julho do ano passado. entre outras atividades, o monsenhor Sezinan-do Rosa foi também provedor da Santa Casa da Misericórdia de Alcantarilha, no Algarve.

ÓbitofAleceu monsenhorsezinAndo rosA

As Misericórdias do mundo vão reunir no x Congresso Internacional a 20, 21 e 22 de setembro. Sob o tema “Unidas para multiplicar – Promotoras de Modernidade e Inovação”, o evento decorre no Porto e Vila Nova de Gaia. A conferência de encerramento será proferida pelo padre Vítor Melícias, presidente emérito da Con-federação Internacional das Misericórdias e também da UMP.

conGressoencontro mundiAlem setembro

GeSTãO SUSTeNTÁVeL

Nos tempos que correm destacam-se como fundamentais as capacidades de liderar, de gerir recursos e operações e de comunicar. Liderar implica ser inspirador e ser capaz de animar projetos constituídos por pessoas com missões

A sustentabilidade das organizações da economia social, problemática da ordem do dia, assenta em pilares diferenciados face às restantes organizações, que derivam não apenas da sua missão, mas também do quadro geral de ação em que se movem. Num primeiro nível, a gestão

sustentável deve pautar-se pelo equilíbrio económico-financeiro, pela eficiência, pelas qualificações e competências e pela manutenção de padrões de qualidade de serviço. Mas a sustentabilidade destas organizações está ancorada também noutro tipo de pilares, tais como a fidelidade à missão, a transparência na gestão, no reporte público das atividades e na prestação de contas, a defesa do direito ao financiamento público com a responsável aceitação de todo os deveres inerentes, o reconhecimento do seu papel pelos poderes públicos e a melhoria da própria capacidade de organização da sociedade civil.

Tempos difíceis requerem novas competências! Nos tempos que correm destacam-se como fundamentais as capacidades de liderar, de gerir recursos e operações e de comunicar. Liderar implica ter uma linha de rumo, ser inspirador e ser capaz de animar projetos constituídos por pessoas com missões e não apenas pessoas com funções. Gerir recursos e operações exige competências e acima de tudo uma monitorização permanente, baseada em ferramentas de gestão eficazes. Comunicar exige uma clara perceção da missão, do valor das boas práticas, e a capacidade de posicionamento face às várias comunidades com que a organização se relaciona.

As Misericórdias portuguesas partilham de forma mais ao menos homogénea e intensa deste conjunto de características e de desafios, daqui resultando um quadro de especial exigência da intervenção promovida pelo Programa “Misericórdias - Gestão Sustentável”, promovido pela UMP.

Os resultados do trabalho realizado em já quase metade das Misericordias, evidenciam o contributo efectivo em diferentes aspectos da estratégia, organização e gestão: a formação dos recursos humanos, a valorização das TIC como ferramenta de gestão, a gestão financeira, a organização de actividades e tarefas, a imagem da organização, os aprovisionamentos. É ainda valorizada a utilidade de outros contributos como: uma visão externa e mais sistematizada sobre a organização; a reflexão e discussão enquanto processo precursor de melhoria contínua; a ferramenta de benchmarking, enquanto meio de diagnóstico e de monitorização; os processos participativos geradores de maior implicação e alinhamento. Dos cerca de três anos de trabalho deste programa destaca-se o carácter inovador da metodologia de diagnóstico, estruturada a partir da plataforma digital de benchmarking, que estimulou os participantes na prossecução de soluções de continuidade e de aprofundamento do trabalho desenvolvido.

Está lançado o desafio para práticas de gestão baseadas na regular e contínua utilização de padrões de comparação que apoiem a monitorização da performance da organização e na partilha de práticas bem-sucedidas, como fortes pilares de aprendizagem, de valor estratégico, que seguramente vão contribuir para a sustentabilidade das Misericórdias portuguesas.

sLIDesHOW

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DESTAQUE

Acreditação de qualidade emquatro unidades

misericórdias de Águeda, batalha, ribeira de Pena e sabrosa obtiveram acreditação de qualidade dos cuidados continuados

Águeda, Batalha, Ribeira de Pena e Sa-brosa são as quatro Misericórdias que recentemente obtiveram acreditação de qualidade nas suas unidades de cuidados continuados. No âmbito da Rede Nacional de Cuidados Continua-dos Integrados (RNCCI), foram elas as primeiras – entre equipamentos priva-dos, públicos e sociais que constituem a RNCCI – a obter este certificado de garantia de qualidade e segurança dos cuidados através da empresa Joint Comission International.

Responsáveis por cerca de 50 por cento da rede nacional, as Santas Casas apostam na acreditação para garantir a qualidade dos cuidados prestados, assim como a segurança dos utentes.

Para o presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), “a acreditação das quatro unidades é um passo decisivo na qualificação das nossas respostas”. Manuel de Lemos afirmou ainda que

sempre considerou que “fazer o bem não basta, é preciso fazer bem”.

“No momento em que o Ministério da Saúde está a reorganizar o Serviço Nacional de Saúde estas acreditações, e as que se seguirão, são instrumentos decisivos e objetivos para que o gover-no possa olhar para as Misericórdias com o seu principal parceiro porque é um parceiro credível. Temos um passado de que nos orgulhamos, mas é com exemplos destes no presente que estamos a construir o futuro”, concluiu o presidente da UMP.

Neste momento, outras sete Mi-sericórdias estão também a preparar a acreditação. Guimarães, Póvoa de Var-zim, Mortágua, Mora, entroncamento, Santiago do Cacém e Loulé poderão ser as próximas unidades de cuidados continuados com qualidade acreditada pela Joint Comission International (JCI).

A opção pela JCI como entidade acreditadora, explicaram responsáveis do Grupo Misericórdias Saúde (GMS), teve a ver, sobretudo, com dois aspe-tos. em primeiro lugar, porque em

Bethania Pagin

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O Conselho Nacional da União das Misericórdias Portuguesas aprovou uma moção sobre o atual relacionamento entre Santas Casas e Ministério da Saúde (ver página 7).

Moção Do ConSElho nACIonAl

Portugal ainda não há metodologias específicas para a área de cuidados continuados. Por outro lado, a JCI é uma empresa com renome interna-cional e, por isso, uma garantia de qualidade e rigor. “Há seguradoras que apenas contratam serviços de unidades acreditas pela JCI”, refere o GMS.

Contudo, e ao contrário do que é habitual neste tipo de procedimento, a JCI apenas assegurou a auditoria final. Toda a parte de consultoria e formação ao longo do processo foi assegurada pela UMP, através do Grupo Misericórdias Saúde.

Ao longo de cerca de dois anos, foram feitas diversas auditorias inter-nas, assim como consultoria nas áreas de qualidade e controlo de infeção e muita formação. O GMS também apoiou as Santas Casas envolvidas através da elaboração de indicadores e protocolos para prestação de cuidados. Todo esse esforço, assegura o GMS, permitiu viabilizar a acreditação a custos muito inferiores aos normal-mente praticados.

Outra vantagem deste trabalho assenta no facto de toda a documen-tação produzida sobre qualidade estar disponível para outras Misericórdias.

Além de dinamizar o processo e apoiar as Misericórdias, a UMP tam-bém teve um papel de interlocutora entre as instituições e o Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), par-ceiro da JCI. A parceria com aquela instituição brasileira foi fundamental. Além da questão da língua não ter constituído um problema, foi possível também ter acesso aos manuais já traduzidos.

A metodologia utilizada pela JCI acompanha todo o processo de prestação de cuidados, indo do momento em que o utente dá entrada nos serviços até à alta clínica. Além da consulta aos pro-cessos administrativos, a equipa da JCI também faz entrevista a colaboradores das unidades – de auxiliares a médicos - e utentes. O objetivo é, explica o GMS, garantir que todos os procedimentos clínicos são cumpridos na íntegra.

Além disso, a acreditação de qua-lidade pela JCI engloba outros aspetos organizacionais como a sustentabili-dade económica, a gestão de recursos humanos, incluindo o recrutamento e a formação, a gestão da segurança nas instalações, a abordagem multi-disciplinar dos processos, a maneira como é comunicada a informação aos colaboradores etc.

O reconhecimento da qualidade dos serviços prestados é a vantagem mais visível da acreditação, mas não as vantagens não ficam por aqui. Todos os procedimentos implemen-tados servem também para eliminar desperdício, assim como racionalizar custos e atividades.

A participação dos colaboradores foi decisiva, continua o GMS. “Nada disso teria sido possível sem o empenho, a dedicação e o esforço das equipas técni-cas”, que assumiram a acreditação como um desafio institucional, mas também pessoal (ver caixas ao lado).

Para esses profissionais, a acredita-ção das unidades tem duplo impacto. Por um lado, faz com que se sintam mais seguros, uma vez que os proto-colos de procedimentos estão bem feitos. Por outro, é o reconhecimento do trabalho que desempenharam e continuam a desempenhar.

do ponto de vista dos utentes, a acreditação das unidades é uma garantia de qualidade e segurança. Para a União das Misericórdias Portuguesas, é um orgulho ver quatro unidades acreditadas internacionalmente, conclui o GMS.

Recorde-se que recentemente a União europeia aprovou uma diretiva que condiciona o livre-trânsito de doentes através da exigência de acre-ditação ou certificação de qualidade.

Leia o artigo de opinião na pág. 23

Participação dos colaboradores

foi decisiva

Declarações

A candidatura à acreditação pela Jci teve por base os testemunhos dos utentes e os resultados bastante positi-vos das auditorias externas a que fomos sujeitos por parte da umcci. tal como já referi em 2009 (revista País Positivo) “a nossa instituição aspira a excelência” pelo que, após confirmarmos que reu-níamos todas as condições, decidimos pela candidatura a este projeto como forma de certificar a qualidade que já nos era reconhecida.

A implementação do sistema de qualidade constituiu um tempo único de reflexão acerca das nossas fraquezas e potencialidades e permitiu-nos repensar processos internos de prestação dos cuidados de saúde e de apoio à tomada de decisão, de forma mais eficiente e com maior segurança para os utentes. trabalho árduo, quase extenuante, para muitos colaboradores que se envolveram de corpo e alma. A mesa Administrativa sente grande orgulho nos seus cola-boradores porque souberam vencer o desânimo e transformar os fracassos em sucessivas pequenas vitórias.

este projeto foi inovador visto que foi definido um conjunto de indicadores de qualidade que visam recolher, tratar e analisar dados associados à atividade da umDr. A análise destes indicadores permite-nos basear as decisões em fac-tos, de forma objetiva, além de contribuir para a identificação de oportunidades de melhoria. A produção de informação quantificável a prestação de cuidados é um passo importante para que se possa desenvolver a comparação entre pares (benchmarking).

o processo de implementação de um sistema de gestão da qualidade é um compromisso que se estende a toda uma organização e não apenas à direção. uma das preocupações da misericórdia foi envolver todos os colaboradores, pretendíamos que interiorizassem o processo como uma mais-valia para o seu dia-a-dia. os resultados superaram as expectativas, beneficiando claramente a instituição e os colaboradores, e princi-palmente, quem de facto nos motiva para continuar sempre a melhorar: os utentes.

A santa casa é uma instituição que procura desenvolver a sua atividade com o máximo rigor e quando se trata da saúde, o grau de exigência aumenta. Ao submeter a ulDm a uma acredita-ção de qualidade desenvolvida pela Jci, estamos a transmitir com segurança ao país e ao mundo a qualidade dos nossos serviços. É para nós responsáveis, uma satisfação enorme, ver os serviços prestados atingirem a acreditação. Quero deixar aqui expresso o nosso reconhecimento aos trabalhadores da ulDm e à umP.

Foi com naturalidade, mas tam-bém com enorme satisfação, que aceitamos encetar o caminho da acreditação proposto pela umP. A Jci, já nossa conhecida, foi uma mais-valia pela sua exigência metodológica para a melhoria das condutas, e pela criação de uma mentalidade processual para bem dos nossos doentes. culminou com a auditoria que nos concedeu a acreditação na qualidade, mas que teve como resultado a noção mais real, do caminho ainda a percorrer, na senda da perfeição que sabemos de antemão inatingível mas sempre presente no nosso horizonte, como ideal a conseguir.

tomar a decisão de obter a acre-ditação pela Jci traduz-se num visível empenho para melhorar a qualidade dos serviços prestados. respeitamos os nossos utentes e percebemos que podemos melhorar significativamente a sua qualidade de vida através da qualidade do nosso atendimento. este processo trouxe à misericórdia e a todos os seus colaboradores, o conhecimento e as ferramentas para medir e sustentar a melhoria contínua nas áreas de pro-cessos, segurança do utente e melhoria da qualidade.

o processo de certificação de qualidade a que nos propusemos junto da Jci representou um passo decisivo no processo de otimização dos procedimentos e uma prova rigorosa e exigente que nos permitiu questionar a organização, a sua lógica de funciona-mento e as metodologias adotadas para a melhoria contínua da humanidade e da eficiência dos cuidados prestados. em suma, constitui a estratégia a seguir no caminho inesgotável de busca de perfeição.

Fernando Martins de Freitas provedor da Misericórdia de Sabrosa

Carlos Agostinho Monteiro provedor da Misericórdia da Batalha

édina Freitas enfermeira da UCC da Misericórdia de Sabrosa

Susana Ferreira gestora da UCC da Misericórdia da Batalha

João José Alves Pereira provedor da Misericórdia de Ribeira de Pena

Amorim Figueiredo provedor da Misericórdia de Águeda

Beatriz Pereira assistente social da UCC da Misericórdia de Ribeira de Pena

Paulo Maia e João Terrível médicos da UCC da Misericórdia de Águeda

“A JCI foi uma mais-valiapela sua exigência metodológica paraa melhoria das condutas

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Apostar nos Jogos Sa

nta Casa

é acreditar nas boas causa

s.

Nos Jogos Santa Casa trabalhamos para ajudar a construir futuros.

Queremos por isso agradecer-lhe o contributo que dá às boas causas

sempre que aposta nos jogos sociais, ajudando-nos a levar

diariamente a esperança àqueles que mais precisam.

Apostar nos Jogos Santa Casa também é apoiar Boas Causas.

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Fátima, 24 de Março de 2012 O CONSELHO NACIONAL DA UMP”

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Moção do Conselho Nacionalda UMP

O Conselho Nacional da União das Misericórdias Portuguesas aprovou, na última reunião a 24 de março, uma moção que reproduzimos na íntegra:

“Considerando haverem sido relatados por alguns Senhores Conselheiros factos que traduzem incumprimen-tos por parte do Ministério da Saúde ou das Administrações Regionais de Saúde dele dependentes para com as Misericórdias, nomeadamente:

- Faltas de pagamento de tranches de financiamento contratualizado com Misericórdias, no âmbito do Programa Modelar 2, para UCCI já construídas ou cuja construção se encontra a decorrer;

- Inviabilização de abertura ao público de UCCI já concluídas e devidamente licenciadas, por falta de contratualiza-ção do financiamento dos cuidados de saúde e de apoio social a prestar por aquelas unidades; e

- Notificação dos Conselhos direti-vos das ARS a anunciar a algumas Misericórdias a intenção de rescindir os Contratos de Atribuição de Apoio Financeira, ao abrigo do referido Programa Modelar 2, por pretensa não execução material dos projetos nos termos e prazos previstos, ao arrepio de promessas ou de comportamentos que faziam prever a inexistência de quaisquer entraves à concretização das obras projetadas;

Considerando terem sido igualmente denunciados factos que configuram tentativas de ultrapassagem da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), consubstanciadas por contactos feitos por ARS, nomeadamente e em espe-cial a ARS do Centro, diretamente com alguns Provedores, inquirindo-os sobre se as Misericórdias que dirigem tinham interesse em retomar os seus Hospitais ou, relativamente àquelas que já os exploram, propondo a re-visão de acordos de cooperação ou alteração dos preços nestes previstos, quando todas estas questões devem ser negociadas por comissões nome-adas pela UMP e pelo Ministério da Saúde; e

Considerando ainda que, em contra-ponto, as relações das Misericórdias com o Ministério da Solidariedade e da Segurança Social são exemplares e excelentes e se têm desenvolvido num espírito de franca e leal colaboração, tendo por base o reconhecimento do papel complementar e insubstituível das Misericórdias no desenvolvimento de políticas sociais em Portugal, como foi reconhecido unanimemente pelos Senhores Conselheiros, a propósito da recente aprovação da Portaria que veio regular as condições de instalação e funcionamento dos Lares de Idosos e da criação da Rede Solidária de Cantinas, no âmbito do Programa de emergência Alimentar, que de todos mereceram referências elogiosas,

O Conselho Nacional da UMP, reunido em sessão ordinária, em 24/03/2012, em Fátima, delibera:

1Considerar intolerável e inacei-tável qualquer tentativa de mar-ginalização da UMP, enquanto

Instituição representativa das Miseri-córdias Portuguesas, lamentando as espúrias iniciativas de quem pretenda ultrapassar aquela estrutura associa-tiva das Misericórdias.

2 Manifestar ao Governo a pre-ocupação das Misericórdias Portuguesas com a sua susten-

tabilidade, designadamente no que concerne aos problemas relativos ao financiamento do estado.

3 Solicitar ao Ministério da Saúde o cumprimento pontual dos contratos celebrados com as

Misericórdias portuguesas.

4Reforçar a confiança que as Mi-sericórdias depositam no Secre-tariado Nacional da UMP, como

seu interlocutor principal, nas nego-ciações com os vários departamentos governamentais. e, finalmente,

5Louvar o apoio e colaboração leal e prestimosa com que o Ministério da Solidariedade e

da Segurança Social tem distinguido a UMP e as Misericórdias em geral, que consideram dever ser apresentado como modelo do relacionamento entre o estado e o Setor Social.

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A Polícia Judiciária está a fazer uma grande operação em Lisboa, que envolve dezenas de buscas, para desmantelar uma alegada rede que se dedicava a burlar fornecedores de medicamentos.

BurlAS CoM MEDICAMEnToSEM ACçãO

VOLTAAPORTUGAL

Confraria do leitãoapoia MisericórdiaA confraria Gastronómica do leitão da bairrada promoveu, no dia 30 de março, um jantar cuja receita reverteu em favor da santa casa da misericórdia de oliveira do bairro. o tema principal de mais uma das “noites da confraria” foi, desta vez, o pão. recorde-se que a misericórdia de oliveira do bairro tem promovido uma série de iniciativas cujo objetivo final é angariar fundos para construção de uma unidade de cuidados continuados.

Escola Profissionalvisitou lar da Mealhadaos alunos da escola Profissional da me-alhada visitaram, recentemente, o lar da misericórdia da mealhada. os alunos, da turma do 2.º ano de restauração, no âmbito da disciplina de Psicologia, deslo-caram-se ao lar para aplicar alguns jogos para estimular a memória daqueles se acostumaram a passar o seu tempo a ver televisão, a conversar ou a jogar os típicos jogos tradicionais.

Poesia no lar deS. João da Madeirao serviço educativo da biblioteca munici-pal Dr. renato Araújo deslocou-se a três instituições especialmente dedicadas à população idosa para mais uma edição do programa “A biblioteca vai ao lar” no âmbito do Projeto educativo municipal. os utentes do lar da santa casa da mi-sericórdia de são João da madeira foram contemplados e participaram na leitura de poemas de Florbela espanca, de António Aleixo e de matilde rosa Araújo.

Apoiar estudantes e idosos em Bragançainstituições de bragança preparam um programa para atenuar os problemas financeiros dos estudantes do ensino superior e a solidão dos idosos através da partilha de habitação. A experiência arranca no próximo ano letivo, segundo presidente do instituto Politécnico de bra-gança, promotor do projeto em parceria com a Diocese de bragança, misericórdia e câmaras de bragança e mirandela.

275 pedidos de asilono ano passado, portugal recebeu 275 pedidos de asilo e deu provi-mento a 50, indicam dados recentes do eurostat.

Flexibilizar para apoiar mais pessoasPedro mota soares elegeu a misericórdia de Vila Verde para anunciar pormenores sobre as mudanças na legislação dos lares e creches

O Ministro da Solidariedade e Se-gurança Social, Pedro Mota Soares, elegeu, no último dia 10 de março, a cerimónia de inauguração oficial do equipamento social de Prado, da Santa Casa de Misericórdia de Vila Verde, no distrito de Braga, para anunciar pormenores sobre as mudanças na legislação que regulam a atividade dos lares e creches.

discursando sobre as conclu-sões de uma comissão integrada por técnicos da Segurança Social e das Instituições Particulares de Solida-riedade Social (IPSS), e em especial das Misericórdias, Pedro Mota Soares referiu o objetivo de aumentar a ca-pacidade da oferta social, tendo em conta números que apontam para quinze mil idosos a aguardarem a possibilidade de um lugar nos lares,

Alexandre rocha

enquanto a capacidade atual situa-se perto dos 71 mil institucionalizados em 1870 lares em Portugal.

A resposta a esta demanda será dada através da flexibilização da legisla-ção, o que poderá permitir um ganho de até dez mil novas vagas. este aumento será conseguido através de mudanças nos padrões de exigência, autorizando, por exemplo, que quartos individuais possam a vir ser ocupados por dois utentes, respeitadas certas dimensões mínimas. Com isso, a capacidade má-xima dos lares poderá ser fixada em até 120 residentes, contra aos atuais 60.

“A burocracia tem impedido as instituições sociais de acolherem mais utentes. Há casos de equipamentos que não podem abrir porque faltam dois centímetros num quarto. Isto é algo que não podemos aceitar”, frisou o ministro. A aposta em apoio domici-liário, em centros de dia, em centros de noite e na teleassistência são outras vertentes a serem desenvolvidas no âmbito do protocolo entre setor social e governo para colmatar a falta de vagas.

As mudanças foram aplaudidas pelo presidente do Secretariado Na-cional da União das Misericórdias Portuguesas que afastou os receios de

que as alterações pudessem de alguma forma pôr em causa a qualidade do serviço prestado: “O objetivo é fazer mais com menos”. Manuel de Lemos para além de destacar o trabalho social desenvolvido pelas Misericórdias, sa-lientou também a atuação na área da saúde, ao nível das melhores práticas mundiais, segundo índices como as cirurgias de laboratório e as baixas taxas de reinternamento.

Sobre o assunto, o provedor da Misericórdia anfitriã, Bento Morais, numa visão crítica, testemunhou as

dificuldades que se podem percecionar no concelho, e, mais especialmente, no Hospital da Misericórdia de Vila Verde: “As Santas Casas estão a dar a resposta que o estado não está a dar em matéria de saúde”.

em síntese, a ocasião daquela inauguração em Vila Verde serviu para o ministro Pedro Mota Soares reafir-mar a sua fé num modelo moderno

de relacionamento entre o estado e as organizações da sociedade civil.

A Misericórdia de Vila Verde em-prega 430 trabalhadores. O seu hospi-tal, de referência na região do Minho, é a joia da coroa entre os equipamentos a serviço da sociedade. O equipamen-to social de Prado disponibiliza perto de cem vagas, distribuídas entre as respostas sociais de lar e centro de dia para idosos, creche (dos 0 aos 3 anos), além de apoio domiciliário. de futuro, prevê-se a continuação do aumento no apoio social na região através da construção do lar de São Salvador, em Barbudo, e do lar do Vale do Homem.

Na cerimónia presidida pelo mi-nistro também estiveram presentes o arcebispo primaz de Braga, d. Jorge Ortiga, o atual presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, António Vi-lela, o eurodeputado e antigo autarca do município, José Manuel Fernandes, entre outras autoridades políticas, civis, militares e religiosas.

Recorde-se que o grupo de traba-lho sobre as alterações era composto por membros do governo, mas tam-bém por representantes das institui-ções do setor social, entre elas, a União das Misericórdias Portuguesas.

Com as alterações, a capacidade máxima dos lares poderá ser fixada em até 120 residentes, contra aos atuais 60

Misericórdia de Vila Verde emprega

430 trabalhadores

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EM AçãO

10 vm março 2012

RECEITAS NAS MISERICÓRDIAS

Bolinhos de Angra do Heroísmo

INGREDIENTES MODO DE PREPARAçãO:

para os bolinhos:1 colher de sopa de farinha1 pitada de sal300 gramas de abóbora-menina cozida e escorrida6 gemas

para a calda:1 pau de canela4 dl de água750 gramas de açúcar

Ao polme obtido da abóbora cozida, junte as gemas, o sal e a farinha, misturando bem. Faça pequenos bolinhos e leve-os a fritar em óleo quente, deixando-os bem douradinhos. Depois de fritos, coloque-os num passador ou sobre papel absorvente. entretanto, num tacho leve ao lume o açúcar com a água e o pau de canela e deixe ferver. coloque os bolinhos na calda e deixe ferver durante cinco minutos em lume brando. com a escumadeira, retire--os do lume e disponha-os numa taça. leve de novo a calda ao lume mais cinco minutos para reduzir. cubra os bolinhos com a calda e deixe arrefecer. sirva-os frios.

Quando fazer rir é um caso sério‘Doutores palhaços’ visitaram a misericórdia da Golegã. A máscara funciona como um desbloqueador e através dela são lançadas pontes de diálogo

João Ricardo Aguiar e Maria de Jesus Rocha conheceram-se há dez anos numa formação de atores em Natal, no Brasil. desde essa altura, desenvolvem juntos o projeto “doutores Palhaços”, implantado inicialmente no serviço de oncologia de um hospital pediátrico daquela região, acabando por ter sido “importado” e adaptado para Portugal em 2005.

O conceito é simples: a máscara funciona como um desbloqueador de relações pessoais e, através dela, são lançadas pontes de diálogo.

João e Maria, 36 e 35 anos respeti-vamente, tentam assim, caracterizados de palhaço, fazer com que “através do riso e da brincadeira, as pessoas comuniquem entre si”, explicam.

“O palhaço é um agente transfor-mador. A figura permite que as pes-soas imediatamente estabeleçam um contacto, se possam abrir um pouco, ficar mais descontraídas e dispostas a conversar e a interagir”, dizem.

e segundo contaram, não são raras as vezes em que acabavam por assu-mir também confidentes: “sentem-se à-vontade para falarem de coisas que habitualmente não transmitiam aos outros utentes ou mesmo à equipa técnica”, detalha Maria de Jesus.

São médicos a fingir, mas a terapia parece resultar. Pelo menos, foi essa a opinião recolhida pelo Voz das Mise-ricórdias junto dos utentes da Santa Casa da Misericórdia da Golegã, onde esta dupla de ‘médicos’ deu recente-mente uma consulta externa.

“Trabalhar na área da geriatria é mais fácil”, diz Maria de Jesus, quando compara as situações “di-fíceis” vivenciadas com as crianças do serviço de oncologia no Brasil ou mesmo os seis anos passados na Casa de Saúde Câmara Pestana, do Instituto das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, no Funchal, onde desenvolveram o projeto antes de se estabelecerem no entroncamento.

João Aguiar partilha da análise da companheira: “[o trabalho desenvolvi-

do na Câmara Pestana] foi um desafio e uma proposta muito interessante porque aquela unidade é vocacionada para psiquiatria”, contou.

“Não sabíamos como é que este tipo de abordagem iria funcionar dentro de um serviço com esta espe-cificidade. A experiência era para ter durado um ano, mas acabámos por ficar seis”, recorda.

Para trás, tinham ficado outros três na oncologia pediátrica. e mes-mo agora, à distância de um oceano, houve experiências marcantes que não se apagam: “Aconteciam muitas

perdas, e não há nada mais difícil do que isso”, lembram.

“Uma vez”, conta Maria, “chega-mos ao hospital e pensámos: ‘vamos para a direita ou para a esquerda?’ Quando voltámos, desceu uma mãe e ficámos quase quinze minutos abraçados a ela, porque o filho tinha acabado de morrer”.

“Se tivéssemos decidido ir para a direita, tínhamos chegado no mo-mento da perda e isso teria sido ainda mais demolidor”, confessa.

“essa mãe também acompanhou conosco muitos bons momentos com o filho… daí que, no Brasil, tínhamos a intenção de oferecer, no projeto, qualidade de vida, mas estabelecer também um parâmetro de qualidade de partida, quando essa possibilidade existia”, diz João Aguiar.

Reconhecendo que este trabalho “não é fácil”, sobretudo pela exigência de um certo distanciamento que nem sempre é possível de manter, João e Maria explicam que nas “reuniões se-manais” onde refletiam com uma psi-cóloga que acompanhava o trabalho, era demarcado isso mesmo: o grau de envolvimento com os pacientes, uma espécie de barreira invisível que não podia ser transposta.

“Acima de tudo, temos de ser ver-dadeiros…”, diz Maria de Jesus, acres-centando: “e devemos saber igual-mente até onde podemos ir porque somos confrontados inevitavelmente com situações que nos interrogam”.

O objetivo agora é disseminar os “doutores Palhaços” por aquele dis-trito e já foram feitos contactos com outros lares.

Idosos apreciaram visita dos ‘médicos’ de nariz vermelho

Filipe Mendes

“o palhaço é um agente transformador. A figura permite que as pessoasimediatamente estabeleçam um contacto”, dizem

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A UMP está a preparar a nova edição da brochura Quem Somos nas MisericórdiasPor favor, envie-nos informação sobre as mudanças nos órgãos sociais.

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QuemSomos

VOZDASMISERICÓRDIAS

VOZDASMISERICÓRDIAS

Número de casais sem empregodisparouo número de casais com ambos os cônjuges desempregados disparou 73,2 por cento em fevereiro face a igual mês do ano passado

O número de casais com ambos os cônjuges desempregados disparou 73,2% em fevereiro face a igual mês de 2011 e já atinge os 7192 casais, o valor mais elevado desde que esta informação é divulgada.

de acordo com os dados reco-lhidos pelo Instituto de emprego e Formação Profissional (IeFP), em fevereiro, face a janeiro, há mais 320 casais (um aumento de 15,8%) que garantem a sua sobrevivência com as prestações sociais pagas pelo estado.

este universo representa 4,7% do total de desempregados casados ou em união de facto inscritos no centro de desemprego (306.746 pessoas).

em termos homólogos, são mais 2823 casais em que ambos os cônjuges foram afetados pelo desemprego.

de acordo com o IeFP, desde julho de 2011 que se regista um aumento em cadeia do número de desempregados em que ambos os cônjuges estão desempregados, tendo-se registado

em fevereiro de 2012 o número mais elevado desde que esta informação é recolhida (outubro de 2010).

No final de fevereiro de 2012, dos desempregados inscritos nos centros de emprego, 49,8% eram casados ou viviam em situação de união de facto.

O aumento do desemprego foi mais acentuado nas uniões de facto (135,5%) em termos homólogos.

de acordo com os dados divul-gados pelo IeFP, o número total de inscritos nos centros de emprego continuou a aumentar em fevereiro em termos homólogos (16,6%) e mensais (1,6%), para 648018 desempregados.

No final de fevereiro encontravam--se inscritos nos centros de emprego mais 92471 indivíduos do que um ano antes. Face a janeiro, o número de desempregados aumentou em 10356 pessoas.

no final de fevereiro, dos desempregados inscritos nos centros de emprego, 49,8% eram casados ou viviam em união de facto

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EM FOCOwww.ump.pt12 vm março 2012

Saborespara preservarfuturo com memóriacada vez mais apreciados, os enchidos produzidos no Vimieiro são uma aposta no melhor da tradição regional

O saber familiar, passado de geração em geração, permitiu a Santa Casa da Misericórdia do Vimieiro criar, em 2009, uma empresa de produção de enchidos de porco em pleno alto Alentejo. Assim surgiu a Terras do Couto Unipessoal, 100% propriedade da instituição.

Falar da gastronomia tradicional do Vimieiro é sinónimo de enchidos como a farinheira, o chouriço, as lin-guiças, a morcela, os paios e os paios do lombo, produtos de excelência para gastrónomos. Afinal, os enchidos são indispensáveis em diversos pratos típicos alentejanos e oferecem um sabor muito especial aos cozinhados mais vulgares.

Ao exaltar toda uma tradição gastronómica, recuperando sabores, receitas e aromas que nos rodearam desde a infância e que fazem parte das nossas memórias culturais, a Santa Casa está a recuperar o património imaterial alentejano. Resultantes de técnicas ancestrais de conservação de carnes, os enchidos artesanais ali pro-duzidos são uma forma de preservar

Adriana Mello tradições e culturas, que muito facil-mente se podem perder e se adulterar.

Recuando ao passado e como diz o ditado: “Perante a dificuldade, aguça--se o engenho”. Aqui a “dificuldade” era como conservar para todo o ano a carne resultante da matança do porco. Uma das soluções encontrada resultou num produto específico – os enchidos - que aliado à arte de bem--fazer é um elemento omnipresente na gastronomia do Alentejo. Afinal, transformação do porco preto, em enchidos sempre foi uma tradição

do povo alentejano. Manter viva esta arte é a aposta da Santa Casa da Mi-sericórdia do Vimieiro, pois segundo o provedor Aurelino Ramalho “aquilo que transformamos é qualidade e não quantidade”.

A produção dessa pequena empre-sa começa com a própria criação do porco preto em courelas (denomina-

Ao exaltar toda uma tradição gastronómica, a Santa Casa do Vimieiro está a recuperar o património imaterial alentejano

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das Couto). Os porcos recebem uma alimentação especial – muito a base de bolotas - e contam com quinze hectares de montado. Assim, ficam com uma distribuição equilibrada de músculo e gordura. Por isso, a carne resultante do porco preto é especial: muito macia e saborosa.

Os porcos são abatidos nos ma-tadouros de Sousel, depois são veri-ficados por um veterinário, e seguem para serem transformados. O processo de produção é longo e funciona muito artesanalmente. duas funcionárias, Helena e Rosa, tratam da seleção das carnes mais adequadas que, em seguida, se temperam. Os condi-mentos não são sempre os mesmos mas o mais comum leva massa de pimentão, alho e sal. depois de bem temperada, a carne fica em repouso (entre três a quatro dias) para con-seguir sabor. Quando está pronta, começam a encher. Penduram-se e passam pelos vários estágios da cura que se faz vagarosamente, e seguindo os preceitos do Vimieiro passam pelo fumeiro (que é feito com o fumo da lenha de azinho).

A seguir os enchidos seguem para a comercialização numa pequena loja que os vende para a população do Vi-

mieiro e alguns restaurantes da região. Muito apreciados, os enchidos Terras do Couto também chegam a outras zonas do país, como Lisboa e Setúbal.

O segredo do sucesso, para a funcionária da salsicharia Rosa Rato, está em dois momentos: na arte do tempero, com a massa do pimentão, e na passagem pelo fumeiro. Tradições que Rosa conhece desde que nasceu e que sempre a acompanhou na casa da sua avó.

Mas, como surgiu esta ideia ino-vadora? Segundo o provedor Aurelino

Ramalho, tudo começou com a inter-venção de Maria da Conceição Freixo, assistente social da instituição. É a pró-pria assistente social quem explica: “O concelho de Arraiolos candidatou-se a verbas de um programa de desenvol-vimento social. Ora, a candidatura só seria aceite se fosse uma boa prática de empreendedorismo social que implicasse, em simultâneo, a criação de postos de trabalho e o desenvol-

vimento social numa das freguesias do concelho. Já existia, por parte do provedor, a ideia de que o Vimieiro tinha um conhecimento especial na área dos enchidos. Associado a isso, aqui, na Misericórdia do Vimieiro, já se fazia uma matança (por brincadei-ra e motivo para convívio) todos os anos e toda a gente comentava que os enchidos eram excelentes.”

A partir daí, a aposta foi construir uma miniunidade de transformação – de muito boa qualidade e em pequena quantidade - para que fosse susten-tável do ponto de vista financeiro e que produzisse alguma riqueza que seria reinvestida na parte social da Misericórdia.

A estratégia, segundo Maria da Conceição Freixo, é recuperar a tra-dição: “ Quando se perdem os traços culturais específicos de cada locali-dade, perde-se a história. Aqui nesta empresa temos algo especial: a empre-sa nasceu das mãos de pessoas com muita vontade e atrás desta empresa está um espaço de convívio, numa vila pequena que ainda funciona de forma muito humanizada e com a pre-ocupação de fazer bem. Preservar as nossas receitas é preservar as nossas tradições”.

o segredo do sucesso está em dois momentos: na arte do tempero, com a massa do pimentão, e na passagem pelo fumeiro

A empresa mantém o seu esforço no sen-tido da recuperação das especificidades da gastronomia local: ‘nós não queremos vender por vender’A qualidade dos produtos de charcutaria da santa casa da misericórdia do vimieiro é o segredo para atrair clientes. o pro-vedor Aurelino ramalho assegura que a empresa mantém o seu esforço no sen-tido da recuperação das especificidades da gastronomia local: “nós não queremos vender por vender”. Ao que tudo indica, parece que a aposta está no rumo certo. “A nível de empresa

estamos a atingir o ponto de lançamento. A recetividade da população local tem sido espetacular. vale a pena ter produtos de boa qualidade, feitos por quem sabe fazer e de forma artesanal”, destacou aquele provedor, lembrando que, apesar de tudo, a comer-cialização produtos tradicionais alentejanos está a resistir à crise que portugal atravessa. contudo, Aurelino ramalho lança o desa-fio: agora só resta esperar por uma maior consumo das congéneres misericórdias. fica a sugestão: se há no vimieiro um produto de qualidade, não será uma boa ideia aproveitar?

Qualidade é segredo para atrair clientes

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TERCEIRA IDADEwww.ump.pt14 vm março 2012

“é por causa disso” que não falha uma aula. “Se não fosse por isso, nesta idade, andava aqui a fazer palhaçada? Não”, sentencia.

O professor de educação física, Alfredo Brigas, assegura que emília é das atletas mais assíduas. “É muito constante, só quando está muito doente é que não vem. Não é uma questão de motivação, é mesmo de impedimento.” Gosta muito de exer-cícios de manejo de bola em que partilham, driblam, chutam, apalpam a bola para desenvolver a motricidade fina. “Quando fazemos um bocadinho de baile, é das primeiras a pôr-se a pé a querer dançar com os colegas e os professores, ela é bastante dinâmica e divertida”, salienta.

Considerando a atitude “recetiva e participativa” com que encara as ativida-des que lhe são propostas, emília engana bem a idade. “Não faço nada impossível.

Desporto para ter vida saudável aos 93 anos

A longevidade pode ser entendida como um golpe de sorte, mas na santa casa de Vila Pouca de Aguiar, o exercício físico tem-se revelado um bom aliado do envelhecimento ativo

Nascida em 1918, ano em que ter-minou a Primeira Guerra Mundial, emília Nunes trabalhou toda a vida na lavoura e teve oito filhos, que já lhe deram 11 netos e cinco bisnetos. Aos 93 anos, prova que “a bom corredor meia passada basta”.

A residir no lar da Santa Casa da Misericórdia de Vila Pouca de Aguiar desde o outono de 2002, emília Nunes não dá tréguas ao envelhecimento. “Acabei um cachecol de malha e faço rendas e bordados. Ocupo assim o tempo para não estar sem fazer nada.” Na agenda dos dias, há ainda espaço para o exercício físico e para “um bo-cadinho de regime”. “Ando aqui para dar saúde e força à minha construção [corpo]”, diz no meio de uma risada. O desporto tem contribuído para se manter saudável e com energia, afinal

Patrícia Posse Faço aquilo que posso e só”, sublinha. A colega Zulmira Lage, 76 anos, gaba-lhe a genica: “é de uma fibra, cuidado! Não lhe chega mal nenhum”.

Atleta mais idosa do concelhoÀs terças e quintas, os idosos

chegam por volta das 10h ao pavilhão gimnodesportivo de Vila Pouca de Aguiar. Vêm equipados com fato de treino e sapatilhas. “Acelerem o passo, está tudo a dormir”, ordena o profes-sor, no início de mais uma sessão. Pela sala, ecoa música e rolam bolas coloridas. “Temos situações em que os preparamos para uma possível queda, como se devem sentar ou levantar, se têm de pegar em algo pesado como devem fazer”, explica o técnico.

durante 40 minutos, os 19 idosos fazem alongamentos, batem palmas enquanto a bola está no ar e desatam a rir quando não conseguem executar

os gestos na perfeição. O ano passa-do, emília Nunes foi distinguida pela autarquia local como Atleta do Ano 2011 na categoria especial desporto.

Apesar de ser a atleta com mais idade, emília confessa que até se sente “muito pequenina no meio dos mais novos”. “Não posso fazer muitas coisas desembaraçadas como fazem os outros, mas faço consoante posso.”

Aos olhos do professor, emília é um exemplo de motivação: “na instituição há muitos idosos com mais capacidades que podiam vir à aula e não vêm e ela está sempre a dizer-me «os outros estão lá sempre sentados a ver o Goucha», enquanto ela vai desfrutando”.

O segredo para a longevidade “sabe-o deus, mais ninguém”. “Nunca pensei que chegasse tanto adiante, porque os meus familiares morreram mais novos do que eu”, confidencia emília Nunes.

Emília é a atleta mais idosa do concelho

Envelhecer bemexistem cada vez mais evidências cientí-ficas apontando o efeito benéfico de um estilo de vida ativo na manutenção da ca-pacidade funcional e da autonomia física durante o processo de envelhecimento.

Controlar doençasentre outros benefícios, o desporto na terceira idade melhora o equilíbrio, con-tribui na manutenção e/ou aumento da densidade óssea, ajuda no controle de diabetes, artrite e doenças cardíacas.

Prevenir quedaso exercício contribui na prevenção das quedas porque, entre outros, fortalece os músculos das pernas e costas, melhora os reflexos e mobilidade, etc.

Vantagens do desporto

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SAúDEwww.ump.pt16 vm março 2012

A paixão de Artur Cascais chama-se

Maria da Conceição

Laços de afeto que resistem à doença que apaga a memória

o Vm foi conhecer histórias de amores que resistem à doença, mesmo quando a memória já apagou todas as recordações de uma vida inteira de afeto

As palavras ditas, no altar, há 60 anos, espelham hoje, o mesmo sen-timento. Amor e carinho “à prova de Parkinson”. A paixão de Artur Cascais chama-se Maria da Conceição. As conversas já são poucas. Os passeios menos ainda. Mas o amor que os une mantém-se incólume. Nas rugas que circundam uns cintilantes olhos azuis, Artur Cascais encontra a razão de viver. “Tenho por ela um carinho incondicional. ela adora sopas de pão com leite. de manhã, faço e dou-lhe na boca”. Aos 89 anos, este eterno companheiro, é um homem feliz.

durante mais de três décadas foi chefe de secção na CP. Uma profissão

Vera Campos que lhe permitiu viajar um pouco por todo o lado. “Como funcionário, tí-nhamos direito a viagens gratuitas em primeira classe. Passeamos um bom bo-cado”, conta recordando tempos em que “não havia domingo que almoçássemos em casa”. estão na Santa Casa da Mise-ricórdia de Aveiro, são utentes do centro de dia e do apoio domiciliário, há cerca de quatro anos. Maria da Conceição, fruto da doença, perdeu a mobilidade. A fala flui de manhã, “quando acorda está mais relaxada e lúcida”, mas entendem--se porque “ela é uma santa, não chateia ninguém”, elogia.

Com um filho e dois netos, Artur Cascais e Maria da Conceição sempre foram um casal unido. Visitaram Madeira, Açores, Marrocos. “Agora

Dulce helena Teixeira quis retribuir

coragem dos pais

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www.ump.pt março 2012 vm 17

Foi aprovado em Portugal o primeiro medicamento oral para a esclerose múltipla, doença para a qual havia apenas remédios injetáveis. A aprovação poderá beneficiar cerca de 5 mil portugueses.

TErAPIA orAl PArA ESClEroSE

tenho uma prima que queria que fosse ao Brasil, mas não posso deixar a ‘minha menina’”. Conheceram-se por casualidade. ele, que até estudou para padre, deixou-se enamorar pelos olhos azuis da menina, criada pelos tios. Hoje, o enamoramento continua e resiste a qualquer “tremura” própria da doença, diagnosticada como Pa-rkinson há cerca de sete anos.

Artur Cascais, autodidata que tem livros de medicina espalhados pelos quatro cantos da casa, sempre acom-panhou de perto a esposa. “esteve internada um mês no Hospital da Universidade de Coimbra. Ia visitá-la todos os dias”. depois escolheram a Misericórdia de Aveiro, concelho de onde são naturais. Regressam a casa todos os dias, ao ‘ninho’ onde foram felizes.

Saudades? “do tempo em que passeávamos”. ele, que conheceu pessoalmente Humberto delgado, com quem deu alguns passeios de avião, não troca o lazer pela dedicação à companheira de uma vida.

A filha helicópteroem tempos, José Saramago es-

creveu a seguinte definição de filhos: “Filho é um ser que nos emprestaram

para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar os nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é expor-se a todo tipo de dor, principalmente a da incerteza de estar agir corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo”.

Se ser pai ou mãe é um ato de coragem, dulce Helena Teixeira quis retribuir esse gesto. Filha de pai com Alzheimer não hesitou um segundo no momento em que entendeu que era “urgente” libertar a mãe de uma

preocupação que a estava a consumir física e psicologicamente. Separados pela distância – os pais em Lisboa, a filha em Aveiro – a decisão em agir foi imediata. “A minha mãe adoeceu e era impossível cuidar do meu pai. Procuramos um lar. Primeiro em Lis-boa, onde moravam. depois adoeceu e teve de ser internado. Ouvimos falar das unidades de cuidados continuados e a escolha foi Ílhavo”. desde Janeiro é utente da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro através do núcleo da Asso-ciação Alzheimer Portugal.

dulce Helena mora em Aveiro há quinze anos. desde os 17, a formação e a vida profissional obrigaram-na a uma presença menos constante junto dos pais. Mesmo assim diz-se uma ‘filha helicóptero’ pois, mesmo a largos quilómetros de distância, “ia supervisionando tudo o que se estava a passar”. defende que “aprendemos pelo exemplo”. docente da Universi-dade de Aveiro diz que deve tudo o que é aos pais. “Tudo. A formação, os valores, a maneira de ser. Nunca lhes poderia negar nada”.

Luis António sempre foi um ho-mem dinâmico. empresário de suces-so, pai e marido organizado e metó-dico, a família nunca imaginou que pudesse vir a sofrer de uma doença do foro mental. Há cerca de 10 anos, já reformado, sofreu um grave acidente. Após a hospitalização, começou a revelar alguns comportamentos fora do comum. Mas persistia a dúvida: temperamento ou doença? “O meu pai, por si, já era uma pessoa algo teimosa, reservada, mas aos poucos a teimosia tornou-se patológica. O sinal mais claro de que alguma coisa não estava bem foi quando começou a utilizar palavras completamente descontextualizadas entre as frases”.

Hoje, a linguagem é praticamente inexistente. A memória, passada e presente, não existe. O casamento com mais de 40 anos vive, agora, à distância. A companhia diária da filha compensa a ausência da esposa que vive na capital. “Faço por visitá-lo todos os dias e penso que me reco-nhece.” Porque sempre acompanhou a evolução da doença, dulce Helena não sentiu um choque. No entanto, reconhece: “está pior”.

unidade criou 45 novos postos de trabalho

Mangualde inauguracuidados continuadossecretário de estado Adjunto da saúde anunciou que o governo tem orçamentada uma verba de 140 milhões de euros para cuidados continuados

“É o fim da travessia de um mar, por vezes alteroso e tormentoso, até desembarcar numa espécie de terra prometida. Saímos para esse mar em janeiro de 2009 e ora navegando serenamente ora pelejando contra demoradas burocracias chegámos hoje. e começa outro ciclo”. Fernando Almeida, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde, descreveu desta forma “um ciclo de canseiras e preocupações imensas” que levaram à inauguração da unidade de cuidados continuados de longa duração, que teve lugar no dia 14 de março.

Instalada no antigo hospital de Mangualde, depois dos respetivos tra-balhos de remodelação e requalificação, esta unidade de cuidados continuados tem 22 quartos e capacidade para receber 38 utentes que necessitem de cuidados de longa duração. Permitiu a criação de 45 postos de trabalho, num investimento de 2,7 milhões de euros. esta estrutura conta com serviços como terapia da fala, terapia ocupa-cional, eletroterapia e um ginásio para

José Alberto lopes

fisioterapia, “que poderá mais tarde ser aberto à comunidade”, como nos confidenciou Marta Leitão, secretária--geral da Misericórdia de Mangualde.

A cerimónia de inauguração, du-rante a qual foi assinado o acordo entre a Santa Casa da Misericórdia de Mangualde, a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) e o Cen-tro distrital da Segurança Social, no âmbito da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, contou com a presença do secretário de estado Adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, bem como dos presidentes da União das Misericórdias, Manuel de Lemos, da Câmara Municipal de Mangualde, João Avezedo, e da ARSC, José Manuel Tereso.

Fernando Almeida referiu que es-tava aberto um novo ciclo, no caminho de fazer o bem a quem mais precisa, ajudando pessoas e famílias a superar os sofrimentos que a idade comporta. “Vivemos tempos de angústias várias e sabemos que não vamos ter tarefa facilitada. Mas a nossa coragem, a resistência, a resiliência e a deter-minação saem hoje reforçadas para enfrentar o futuro”, concluiu.

Na sua intervenção, Manuel de Lemos lembrou que as Misericórdias têm grande vontade de colaborar com o governo, mas que “não apreciam greves, nem boicotes e detestam ameaças”. Reconheceu que a Rede Nacional de Cuidados Continuados

tem custos, mas que não ter rede tem necessariamente um custo maior. Ter-minou dizendo que “as Misericórdias trabalharão até ao limite das suas possibilidades. Quando não puderem, caem para o lado. Mas se cairmos para o lado, é Portugal que cai para o lado”.

Por sua vez, o secretário de estado Adjunto da Saúde começou por enaltecer o papel relevante das Misericórdias no Sistema Nacional de Saúde, lembrando o seu papel histórico e a sua ação ao longo dos tempos. Salientou a importância deste tipo de instalações e equipamen-tos para ajudar os mais desfavorecidos, anunciando que o governo tem orça-mentada uma verba de 140 milhões de euros destinados a cuidados continua-dos. Concluiu referindo que o terceiro pilar do Serviço Nacional de Saúde é muito importante, garantindo que o governo “não vai deixar cair Portugal, nem vai deixar cair as Misericórdias”.

Por último, o presidente da Câma-ra Municipal de Mangualde, João Aze-vedo, sublinhou a importância desta obra para a sua cidade, elogiando o papel do provedor da Misericórdia de Mangualde na condução do projeto, que envolveu a sua autarquia, o gover-no e a comunidade local. Referindo-se à nova unidade como “uma referência nacional, com equipamento de nível mundial”, João Azevedo garantiu tudo fazer para ajudar a Misericórdia a manter esta estrutura, cuja obra acompanhou desde o início.

Em parceria com Associação Alzheimer Portugal, a Misericórdia de Aveiro tem um núcleo de apoio a doentes e familiares

Page 18: Voz das Misericórdias
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SAúDEwww.ump.pt março 2012 vm 19

A Santa Casa da Misericórdia de Palmela celebrou o 483º aniversário com a instituição de bolsas de estudo anuais para os melhores alunos da escola secundária daquela localidade. As “Bolsas Álvaro Carvalho Cardoso” também visam homenagear o antigo provedor da Santa Casa, que faleceu em 2011. A comemoração e a assina-tura do protocolo tiveram lugar no dia 10 de março.

estas bolsas destinam-se a alunos de mérito, que pertençam a famílias carenciadas e vão ajudar os jovens em condições socioeconómicas desfavo-recidas a alcançar os seus objetivos. As “Bolsas Álvaro Carvalho Cardoso” consistem na atribuição anual de 1500 euros ao melhor aluno do 12.º ano de escolaridade que pretenda seguir o ensino universitário e 250 euros a dois alunos do ensino secundário, acompanhando o seu percurso ao longo de três anos.

O protocolo prevê ainda que a Santa Casa da Misericórdia de Palmela preste apoio técnico-administrativo em serviço social a alunos e famílias, bem como a intervenção e auxílio em termos de alimentação ou outras va-lências, sempre que a escola o solicite.

As bolsas atribuídas homena-geiam o cidadão Álvaro Carvalho Cardoso, que faleceu em 2011, com 84

anos de idade. entre outras atividades, foi presidente da Câmara Municipal de Palmela, provedor da Santa Casa da Misericórdia até 1974, interrompido devido à revolução do 25 de Abril, fundador da agremiação que levou à realização das festas das vindimas e foi ainda presidente do Palmelense Futebol Clube. É também a Álvaro Carvalho Cardoso que se deve a exis-tência da escola secundária porque foi ele que doou o terreno para a sua construção.

A Santa Casa da Misericórdia de Palmela tem vindo a apostar em educação e formação. Recorde-se que recentemente também foram homenageadas 15 funcionárias do lar de idosos que concluíram o processo de Reconhecimento, Validação e Cer-tificação de Competências (RVCC) no âmbito das Novas Oportunidades.

Para facilitar o processo, as aulas decorreram sempre em horário laboral e nas próprias instalações da Santa Casa da Misericórdia de Palmela. No fim, a instituição fez questão de ho-menagear as funcionárias pelo esforço e empenho.

Bolsas de estudo para celebrar 483 anos

misericórdia de Palmela celebrou aniversário com bolsas de estudo para os melhores alunos

Bethania Pagin

Protocolo prevê que a Misericórdia preste apoio social a alunos e famílias, bem como auxílio em termos de alimentação

Palmela comemorou 483 anos

Feira do livro em Rabo de Peixesanta casa da misericórdia da ribeira Grande nos Açores promoveu, pela segunda vez consecutiva, uma feira do livro na freguesia de rabo de Peixe

A Santa Casa da Misericórdia de Ri-beira Grande, nos Açores, promoveu uma feira do livro em Rabo de Peixe. O certame decorreu entre 12 e 22 de março no Cine Teatro Miramar. O objetivo principal da iniciativa era motivar as crianças para a leitura. Na-quela freguesia açoriana, de maneira geral, os mais pequenos têm como característica predominante a falta de incentivos para a leitura e, segundo os técnicos, a simples ação de contar uma história leva-os a querer explorar os livros. A Santa Casa da Misericórdia de Ribeira Grande tem diversos equi-pamentos de apoio social na freguesia de Rabo de Peixe.

Aprendersobre colheitas na Mealhadaum grupo de crianças da santa casa da misericórdiada mealhada visitou recentemente uma estufa agrícola. objetivo era educar para o ambiente

Um grupo de crianças da Misericórdia da Mealhada visitou recentemente uma estufa agrícola. Os visitantes de cinco anos foram recebidos pelo proprietário da estufa e as crianças tiveram oportunidade de colocar questões relacionadas com a sua atividade agrícola, bem como sobre todo o processo de produção, desde a plantação até à colheita. esta ativi-dade lúdico-pedagógica, de cariz am-biental e ecológico, visa, segundo as educadoras, permitir que as crianças possam explorar melhor as questões relacionadas com a terra, através da plantação de alguns legumes.

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PATRIMÓNIOwww.ump.pt

ArTE nAS MISErICÓrDIAS

20 vm março 2012

Apontamentos do inventário promovido pela UMP,

Ver mais em http://matriz.softlimits.com/ump/

SãO FRANCISCO DE PAulAscmez 02851699misericórdia de estremoz

imagem de são Francisco de Paula em madeira estofada e policromada. imagem de vulto pleno, estante e frontalizada, com ligeiro contraposto, apresentando os bra-ços fletidos, os antebraços projetados para a frente e as mãos em posição de agarrar, sendo que a esquerda segura uma cruz de prata e que a direita deveria segurar, segundo a iconografia usual deste santo, um báculo, alusivo à sua qualidade de fun-dador da ordem dos mínimos. A cabeça, envolvida pelo capuz do hábito com que é representado, encontra-se ligeiramente inclinada sobre o ombro esquerdo. o rosto envelhecido, com maçãs do rosto salientes, boca entreaberta e olhos em vidro, é emoldurado por barba grisalha que forma sob o queixo dois espessos rolos. sobre a cabeça ergue-se resplendor circular com centro decorado em relevo por florão rodeado de quatro motivos de inspiração vegetalista. o hábito do santo, de mangas largas, representado cingido por cordão com nós, apresenta profusa decoração estofada de fundo negro, constituída sobretudo por motivos vegetalistas de influência rorocó. Ao cen-tro do peito encontra-se a palavra cHA//ri//tAs dentro de resplendor. os pés são representados descalços. A base é baixa, quadrangular e de cantos cortados. A ima-gem deverá ter sido estofada tardiamente, uma vez que a notícia da sua encomenda surge numa data recuada em relação ao estilo da decoração assim como ao da própria escultura.

RETáBulO-MORscmstr 0198séc. XVii / XiXmanuel de Araújo Poncesmisericórdia de santar

retábulo-mor de estrutura maneirista com profundas alterações nos finais do século XiX. É construído em madeira en-talhada, dourada e pintada de branco, e apresenta planta reta e três tramos definidos por colunas. o embasamento, ligeiramente avançado, apresenta formato paralelepipédico retangular, ornamen-tado com molduras e medalhões ovais dourados e relevados, envolvendo frontal de altar colocado ao centro. Predela com as representações pictóricas, da direita para a esquerda, de santa isabel, san-ta eufêmia, são luís e santa catarina, identificadas com legenda e enquadra-das pelos pedestais paralelepipédicos retangulares ao alto que suportam as colunas do corpo do retábulo. os pe-destais apresentam decoração idêntica à do embasamento. o corpo do retábulo apresenta ao centro vão fechado por arco abatido, sendo o fundo preenchi-do com pintura a imitar o firmamento e cobertura de cinco panos em caixotões. os tramos laterais possuem mísulas, as quais suportam de um lado a imagem de santa eufémia, e do outro a imagem de santo António. o corpo do retábulo é encimado por entablamento moldurado, percorrido por friso de elementos ovais e quadrangulares alternados, rasgado ao centro pelo vão central. sobre o mesmo corre friso de apainelados, encimado por pináculos nas extremidades laterais, so-bre o qual assenta frontão com recorte contracurvado formando aletas volutadas, rematado ao centro por reserva circular marcada pelas iniciais “i.m.i.”. o frontão enquadra ao centro tabela retangular, na qual se insere pintura a óleo sobre tela com representação da mater omnium. A pintura é flanqueada por colunas jónicas, sobre as quais se encontram pináculos. Parede testeira revestida a tabuado pin-tado de azul.

‘Cultura faz parte da identidade’santa casa da misericórdia do Porto, em parceria com a universidade católica, promoveu as primeiras jornadas sobre o seu património artístico

A Santa Casa da Misericórdia do Por-to em parceria com a Universidade Católica Portuguesa (UCP) – Centro Regional do Porto, promoveu no passado dia 14 março, no auditório da Fundação da Juventude, as primei-ras jornadas sobre o seu património artístico. O evento inseriu-se nas comemorações do aniversário da instituição, tendo como oradores um leque de especialistas, tanto em temas de história de arte e do património, como de aspetos de conservação e restauro do acervo da instituição.

A iniciativa surgiu no âmbito do protocolo estabelecido em 2008 entre a Misericórdia e a UCP e insere-se no programa de reabilitação urbana do eixo Mouzinho/Flores, no âmbito do Programa Operacional Regional do Norte (ON2), integrado no QReN – Quadro de Referencia estratégico Nacional.

A gestão da memória histórica de uma instituição que traçou um percur-so na cidade invicta durante mais de 500 anos, pressupõe uma estratégia de atuação que deve assentar em diversos

Paulo Sérgio Gonçalves

setores. O património cultural desta instituição tem merecido atenção par-ticular, disse ao Voz das Misericórdias, Ribeiro da Silva, responsável pela área cultural da Santa Casa.

“A história do Porto passou por esta casa. Muitas pessoas importantes da cidade quiseram ser provedores da instituição”, sublinhou Ribeiro da Silva, assegurando que “o povo do Porto conhece a Misericórdia, ama-a, mas não conhece verdadeiramente o seu património”.

Ao estudo e conservação junta-se a dinamização, de que a criação de um futuro museu corresponderá ao natural corolário. O objetivo último do museu “é a celebração da memória da Santa Casa”, situada em pleno centro

histórico, na rua das Flores, “hoje degradada e nostálgica de grandezas passadas”, lamenta Ribeiro da Silva.

O capelão e diretor de atividades culturais da Misericórdia da Invicta, Américo Azevedo, salienta que “é fundamental termos consciência que se está a tocar num património que conta a nossa história”. esta parceria com a universidade “pode e deve ser um exemplo a seguir por outras insti-tuições congéneres, na certeza de que

a valorização patrimonial representa uma dimensão fundamental para a memória coletiva. Interessa provocar a comunidade para que visite e divulgue o património, reforça ao Voz das Mise-ricórdias o capelão Américo Azevedo, sustentando que “a cultura faz parte da identidade das Misericórdias”.

O coordenador das jornadas e diretor do Centro de Conservação e Restauro da escola de Artes da Univer-sidade Católica, Gonçalo Vasconcelos frisa que “o mais importante é interli-gar a investigação com o saber fazer. Temos intervindo muito na galeria dos benfeitores que é um dos acervos mais relevantes do próprio retrato a nível nacional. estes retratos ilustram a sociedade portuense ao longo dos tempos, dando ainda a conhecer a pró-pria evolução do retrato e os pintores mais representativos de cada época”.

Para aquele responsável, a uni-versidade é o local de apuramento do saber por excelência.

Recentemente, a Misericórdia do Porto também se associou às come-morações do dia Nacional dos Centros Históricos, a 31 de Março, promoven-do visitas ao seu Núcleo Museológico. A Igreja Privativa, a Galeria dos Benfei-tores e a Sala do despacho estiveram abertos, assim como a loja do Núcleo Museológico, onde o público pode adquirir publicações e outros produtos relacionados com a instituição, assim como peças de porcelana assinadas por José Rodrigues e Graça Morais.

Debate sobre cultura no Porto

“o povo do Porto conhece a Misericórdia, ama-a, mas não conhece verdadeiramente o seu património”, sublinhou o responsável, ribeiro da Silva

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ESTANTEwww.ump.pt

lISTA DE lIVroS

março 2012 vm 21

ISABEl I DE INGlATERRA E O SEu MéDICO PORTuGuêSisabel machadoesfera dos livros, Fevereiro de 2012

Quando o médico português rodrigo lo-pes chega a londres, logo após a ascen-são ao trono da nova rainha de inglaterra, estava longe de imaginar que o seu desti-no se cruzaria com o da poderosa isabel i. Filha de Henrique Viii e da controversa Ana bolena, a jovem princesa foi obrigada a percorrer um longo e árduo caminho até ao trono de inglaterra. com a morte de D. sebastião em Alcácer Quibir e o trono português a ser ocupado por espanha, os olhos do mundo voltam-se para Portugal. e quem melhor do que rodrigo lopes para levar à rainha e aos seus conselhei-ros privados informações sobre o reino onde tudo se joga. entre os dois nasce uma enorme cumplicidade, mas cedo o médico judeu se vê envolvido nas teias do poder, da traição e da ambição, e nem a rainha o conseguirá salvar de um destino trágico. A edição é o romance de estreia da jornalista isabel machado.

A MulhER NO uNIvERSO CONFRATERNAl: BENFEITORAS E IRMãS DA MISERICóRDIA DE vISEuvera magalhãesmisericórdia de Viseu, s/D

“A mulher no universo confraternal: ben-feitoras e irmãs da misericórdia de Viseu” é a ampliação de uma conferência pro-ferida, por ocasião do dia da mulher (8 de março) naquela santa casa em 2011. o texto, de vera magalhães, percorre, segundo o provedor António de maga-lhães soeiro, “o longo caminho que a mulher demorou a construir no seio da irmandade da misericórdia até assumir, de pleno direito, o papel da participação, em parceria com os homens, nos direitos e deveres justificados num compromisso que estatuía uma missão de bem-fazer onde ela, apesar do apagamento jurídico, aparece como figura de fortíssimo regis-to, operante, generosa”. Para a autora, “indagar a condição feminina no seio da misericórdia à luz do papel assumido por benfeitoras e irmãs na ação social dinami-zada pela irmandade harmoniza-se com o reconhecimento que lhes é devido”. A edição é da santa casa da misericórdia de Viseu.

OS NOSSOS SANTOS E BEATOSAlberto júlio silvaesfera dos livros, Fevereiro de 2012

A história dossantos e beatos

Por estas páginas passam os nossos santos e beatos e outros, estrangeiros, que Portugal adotou e venera com afeto. Prefácio de D. Joaquim mendes

Os santos permanecem para muitos como pessoas misteriosas, de cuja vida pouco ou nada se conhece. O que é certo é, que estão presentes no nosso dia-a-dia, em nomes próprios e em nomes de aldeias, ruas e praças. São patronos de paróquias. A eles se dedi-caram igrejas, ermidas e capelas que perpetuam a sua memória. As festas anuais, em sua honra, tornam-se mo-mentos de convívio social e expressões de fé que pertencem à identidade do povo português. estes santos viveram a mesma condição humana de todos os mortais. “Os Nossos Santos e Beatos”,

de Alberto Júlio Silva, é uma edição da esfera dos Livros.

Neste livro, o autor ilumina o lado menos conhecido destes homens e mulheres, a sua vida em nome de grandes causas da justiça, da caridade e do bem comum, e o percurso que fizeram até atingir a santidade.

Por estas páginas passam os nossos santos e beatos e outros, estrangeiros, que Portugal adotou e venera com afeto. Sancha, Teresa e Mafalda, filhas de San-cho I e beatas. Santa Rita, um insigne modelo de caridade e abnegação. Santo António de Lisboa, o mais universal dos santos portugueses, Francisco e Jacinta Marto, beatos, videntes de Fátima. O imperador Carlos I de Áustria, um po-lítico patriota que ascende aos altares.

Uma obra com a história de mais de 200 santos e beatos. A edição, com prefácio do bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa, inclui indicações de repre-sentação e atributos de cada um deles.

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VMEDITorIAl

QUALIdAde NAORdeM dO dIA

Ao ter quatro unidades de cuidados continuados acreditadas pela Joint Commission International, o que acontece pela primeira vez em Portugal nesta área, a UMP reforça o seu papel na rede de cuidados continuados

Ao ter quatro unidades de cuidados continuados acreditadas pela Joint Commission International, o que acontece pela primeira vez em Portugal nesta área, a União das

Misericórdias reforça de forma inequívoca o seu papel na rede de cuidados continuados. É, além do mais, um estímulo para que outras Misericórdias apostem na acreditação das suas unidades, o que já está a acontecer, e também para colocar a questão da qualidade e da acreditação na ordem do dia das nossas instituições.

Na situação atual que o país vive, só uma gestão rigorosa, assente em critérios claros e bem definidos, poderá garantir a sobrevivência e a sustentabilidade das Misericórdias. Fala-se frequentemente dos custos da não-qualidade, mas raramente se faz um exercício rigoroso e claro de aferição destes custos. Felizmente, podemos constatar que há um número cada vez maior de Santas Casas que estão atentas a estas questões e se preocupam seriamente em encontrar os instrumentos necessários para terem uma gestão sustentável, valorizando as questões da qualidade e combatendo as ineficiências e o desperdício.

A União tem procurado dar resposta a esta preocupação, quer através do programa “Misericórdias – Gestão Sustentável” em que já participaram 170 Misericórdias, quer através do apoio empenhado do grupo Misericórdias Saúde à acreditação das UCC, quer ainda apoiando tecnicamente na área da gestão as Santas Casas que o solicitam.

É por isso reconfortante ver que há um caminho que está a ser feito, de forma discreta mas estruturada, que envolve cada vez mais Misericórdias e que pretende que elas sejam cada vez mais um exemplo de boa gestão, de qualidade e de trabalho em rede, o que obviamente lhes permitirá uma melhor sustentabilidade, de que tanto se fala, mas pela qual habitualmente se faz muito pouco.

Paulo Moreira [email protected]

VOZ DASMISERICÓRDIAS

Órgão noticiosodas Misericórdias em Portugal e no mundo

Propriedade: união das misericórdias PortuguesasContribuinte: 501 295 097 Redacção e Administração: rua de entrecampos, 9, 1000-151 lisboaTels: 218 110 540218 103 016 Fax: 218 110 545 e-mail: [email protected] Tiragem do n.º anterior:13.550 ex.Registo: 110636Depósito legal n.º: 55200/92Assinatura Anual:Misericórdias normal - €20benemérita – €30Outros: normal - €10benemérita – €20Fundador:Dr. manuel Ferreira da silvaDirector: Paulo moreiraEditor: bethania PaginDesign e Composição: mário Henriques Publicidade:Paulo lemosColaboradores: Adriana meloAlexandre rochaFilipe mendesJosé Alberto lopesPatrícia PossePaulo sérgio GonçalvesVera camposAssinantes: sofia oliveiraImpressão: Diário do minho– rua de santamargarida, 4 A4710-306 braga tel.: 253 609 460

Acredito convictamente que as mu-lheres têm sido os pilares das Santas Casas de Misericórdia.

esta minha convicção não é base-ada naquela ideia de algumas “femi-ninistas” de que somos melhores que os homens. Somos apenas diferentes e os dois géneros completam-se. O trabalho que desde sempre é prestado por estas Instituições requer uma capacidade de acolher, de amar, de partilhar e de servir, que existe por natureza nas mulheres.

O nosso lado “maternal” sai da nossa casa e da nossa família e estende-se a todos os que necessitam dos cuidados, desde a fundação e ao longo dos séculos de vida das Santas Casas, de uma forma tão natural que sentimos que aquela é também a nossa casa e os utentes fazem parte da nossa família.

Quero aproveitar para realçar as mulheres que têm o seu posto de trabalho numa Santa Casa. São elas a base de uma marca que é reconhecida pelas respetivas comunidades e pelo mundo do serviço social. São elas que sentem diariamente as angústias e as tristezas dos utentes. É também a elas que é pedido que enfrentem algumas situações degradantes, que existem de facto ainda na nossa sociedade, para tratar de quem precisa de ajuda. e quantas vezes lhes é pedido o seu sentido de voluntariado para colabo-rar nas atividades da instituição, nas festas, nos passeios dos utentes, etc.. esta simples homenagem é completa-mente merecida porque realmente as

Santas Casas da Misericórdia existem porque vivem do voluntariado de todas essas mulheres.

Quando me iniciei na vida da Misericórdia não eram muitas as mulheres que faziam parte dos órgãos sociais destas instituições. Atualmente esta realidade é já um pouco diferente e de futuro conse-guiremos atingir o equilíbrio natural dos géneros. Também nesses cargos temos muito para dar no sentido de enriquecer o trabalho e o contributo das Santas Casas na sociedade. A nossa sensibilidade é importante para a resolução dos problemas de gestão deste tipo de instituição. A nossa capacidade de organização permite-nos antever os desafios que a sociedade mais carente tem pela frente e antecipadamente criar solu-ções para eles.

Mas é com alegria, amor e sen-tido de partilha que as mulheres e os homens de Misericórdia, unidos, estarão na linha da frente, dispostos a dar o seu contributo para ajudar quem mais precisa, pondo em práti-ca as catorze obras de misericórdia, valores e práticas que nos unem mais que nos separa o género.

oPInIão

o nosso lado “maternal” sai da nossa casa e da nossa família e estende--se a todos os que necessitam dos cuidados, desde a fundação e ao longo dos séculos de vida das Santas Casas

luísa Pato Provedora da Misericórdia do Cartaxo

AS MULHeReS NAS MISeRICÓRdIAS

VOZ ATIVA

União das Misericórdias Portuguesas

www.ump.pt22 vm março 2012

Criou eco de reconfortante e saudável alarme a declaração: “Bispo do Porto critica a Igreja” - diário de Notícias 07/09/2011 – definindo-a como uma Igreja velha e distante da realidade.

e tão verdade deve ser, que o Papa, em sua última viagem à Alemanha, sua pátria, mas em missão de perdão e de reconciliação com a História, confi-denciando com os jornalistas os graves problemas da Igreja, expressar-lhes com toda a verdade da sua humildade, e em tom de quase desabafo: “Já não conheço a minha Igreja!” – referia-se, entre outros problemas, ao vergonhoso caso da pedofilia.

e num testemunho da mais sau-dável Pastoral que sabe dizer “mea

culpa” em público, a referida declara-ção equaciona-se no reconhecimento e denúncia das mais candentes e expressivas fratuosidades ou brechas, que fazem suspeitos, como nas fendas de uma parede em estado de que algo já faz estremecer o solo; e mesmo sem a derrubar denuncia que alguma coisa está a merecer reparo, porque diminui a confiança de que nele vive, ou simplesmente nele entra.

É o mesmo que dizer, não como acusação, mas como confissão tem-perada de humildade: “há brechas nas paredes da Igreja”

e reconhecê-lo, como fez o Bis-po do Porto, Prelado hoje dos mais credenciados para o fazer, é defender

oPInIão

Manuel Ferreira da [email protected]

deNUNCIAR PARA ReMedIAR

Page 23: Voz das Misericórdias

Na última metade do século xx e nos primeiros anos deste século, o cuidar social e o tratar de doentes sofreu pro-fundas alterações. de uma prática indi-vidual, e nalgumas áreas sociais pouco complexa, passámos a níveis científicos especializados desenvolvidos por equi-pas interdisciplinares diferenciadas. A gestão social e de saúde passaram assim a ter elevados conteúdos organizacio-nais e operacionais, transformando a atividade das Mesas Administrativas das Misericórdias e também drastica-mente dos seus profissionais.

rEFlEXão

Caminho de qualidade interna que muitas Misericórdias percorreram necessitava de ser comprovado externamente e preferencialmente por uma entidade insuspeita, profissional, testada e indiscutível

À pluridisciplinaridade aliada à complexidade das necessidades de populações e indivíduos cada vez mais velhos, mais dependentes e com fragilidades acrescidas veio acrescentar-se a necessidade de gestão e acompanhamento de doenças cróni-cas e de processos sociais ligados ao envelhecimento e a fragilidades sociais arrastadas no tempo e de interativida-de social cultural e demográfica com duração e complexidade crescentes.

Tornou-se claro que não era já suficiente cumprir as nossas obras

de misericórdia. era necessário fazer o bem, mas fazê-lo bem, e tornar evidente a nossa competência e boas práticas. era necessário acompanhar as tendências organizacionais de ex-celência, desenvolvendo boas práticas uniformizadas e evidenciáveis.

este caminho de qualidade interna que muitas Misericórdias percorreram necessitava de ser comprovado ex-ternamente e preferencialmente por uma entidade insuspeita, profissional, testada e indiscutível.

A Joint Comission Internacio-

nal (JCI) é uma entidade americana criada originalmente para certificar atividade cirúrgica e que se desenvol-veu nos eUA e internacionalmente, estendendo a sua atividade a toda a área hospitalar, incluindo cuidados continuados e paliativos. Foi por isso que, entre as três entidades de maior renome internacional, a UMP a selecionou conseguindo um acordo para a ambiciosa certificação das Misericórdias portuguesas

Ao consegui-lo, estas Misericór-dias vieram situar a nossa atividade a um nível completamente diferenciado. de facto, não só somos de excelência, como somos os únicos com essa evidência, e com essa evidência for-necida por uma entidade certificadora como a JCI.

A UMP e as Misericórdias, ao assumirem este difícil desafio, vie-ram também afirmar que estavam dispostos a certificar-se pelos mais rigorosos critérios, definindo assim o nível de acreditação a que correspon-de a sua prática e afastando também definitivamente técnicas amadoras de auditoria.

estamos todos de parabéns. As Misericórdias pelo caminho de qua-lificação que vêm prosseguindo. A UMP pela estratégia delineada e pelo acordo estabelecido com a JCI. As quatro Misericórdias certificadas, os seus provedores, as Mesas e o seu pessoal pela coragem de aceitar este desafio, pelo trabalho enorme desenvolvido e pela consistência e tenacidade comprovadas.

Manuel Caldas de Almeida Membro do Secretariado Nacional da UMP

eSTAMOS TOdOS de PARABÉNS

www.ump.pt março 2012 vm 23

a mesma Igreja, dando mais valor às armas da verdade do que à violência das excomunhões; alertando os seus maiores responsáveis hierarquicamente identificados e reconhecidos não só no sector episcopal e clerical, como também no laical e conventual, de com-promisso próprio com a mesma Igreja.

Alinhando os itens que concre-tizam a ideia-desiderato segundo a qual, “a Igreja tem de mudar de rumo” – conforme sublinhado seu, o ilustre e bem conceituado Prelado pelo seu melhor mérito pastoral, e até cultural, como “Prémio Pessoa”, do teor sequenciado de denúncia das frinchas em causa – e mais à vista - equacionam-se e alinham-se

as seguintes, onde mais em choque de evidência se reconhecem fraturas de aviso e alarme para uma “Pastoral de Recuperação”; mas a pedir duas coisas: rapidez e lucidez, mas numa dimensão solidária e comunitária.

Assim: Identidade – denúncia de um divórcio entre a Fé e a Vida; Vocação – perda ou adulteração da vocação de missão; e não de domí-nio e propriedade; ensino – falência nos modos de iniciação da Fé e no trabalho de formação permanente; Missão – evangelização – Ritualismo – celebrações sem interesse e homi-lias sem clareza de conceitos, tristes e desconectadas com as verdadeiras realidades da vida e os problemas do

dia-a-dia do tempo; envelhecimento – pastoral de mera manutenção e com celebrações extensas monótonas e descabidas no tempo, como nada co-notadas com as reais necessidades da vida – mero cristianismo de tradição e rotina; Clerical – domínio exclusivo de uma classe – o resto multidão sem vez, nem voz, nem classe reconhe-cida para ser também interveniente e ouvida mesmo nas homilias; Ros-tos – falta de modelos concretos e convincentes no testemunho, o que leva a espaços mal aproveitados nas pregações e nas comunicações sociais; Pessimismo, ou mero compromisso passivo com os ventos e percalços da história; Leigos – tão conciliarmente

reconhecidos e sublinhados, e tão pouco aproveitados, mas como gente e agentes das melhores razões, para darem testemunho e pronunciarem seu parecer; doutrina Social – tão vagamente expressa só no “Amai-vos uns aos outros”, e tão pouco, como tão mal testemunhada segundo a agenda conciliar de uma “Gaudium et Spes” (documento Conciliar; e um dos mais desconhecidos e dos menos referidos).

extremos do poder levam e provo-cam razão de ser de manifestações de protesto vulgares hoje em dia e pelas mais variadas razões que proclamam como lema: “Nenhum poder aos dog-mas…” – devendo neste caso ter como “dogmas” apenas decisões exclusivas

da autoridade, como se o povo já não tivesse direito a voz e voto.

e outras “sombras dispersas”, que se multiplicariam como o pão dos milagres de Cristo, porque, e como ninguém esteve atento, cuidou logo de providenciar para que houvesse pão para todos. e maior do que o mi-lagre da multiplicação foi a presteza e perícia na operação de dar. esteve aí o segredo de multiplicar. O que implica não é só dizer verdades sem pão; mas cuidar de repartir o pão com verdade.

e não fazem isso já as Miseri-córdias?

Page 24: Voz das Misericórdias

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Onde mora a solidariedade

Descubra a Misericórdia na sua terra

0312úLTIMAHORA www.ump.pt

‘Mais que pedir, é preciso envolver as pessoas nas nossas causas’Mariana Rebelo de Andrade, sócia da Call to Action, empresa especializada em angariação de fundos para o ter-ceiro setor.

num tempo marcado por uma profunda crise económica, como abordar possíveis doadores?Numa altura de crise e pensando nas necessidades de angariação de fun-dos e apoio à sustentabilidade que o terceiro setor tem, mais do que nunca o foudraising faz sentido, mas obriga a uma criatividade e a uma inovação mais exigentes. Mais do que pedir, é preciso tentar envolver as pessoas nas nossas causas.

Muitas empresas têm ações de responsabilidade social, mas nem sempre é possível estabe-lecer laços com as pessoas…A instituição tem de aproveitar o momento das ações para conseguir captar as pessoas. Isso faz-se com gestos simples, como mostrar a re-alidade da instituição, permitir que

os visitantes possam conversar com técnicos e utentes, recolher dados, promover vendas etc. Há uma série de mecanismos simples que podem ser assegurados com a “prata da casa”. Temos de conseguir envolver as pessoas com a instituição, que não pode apenas estar ao serviço da

ação. É preciso surpreender e agarrar possíveis doadores.

o agradecimento é importante para quem faz uma doação?Agradecer é uma palavra-chave. e o agradecimento deve ser feito em fun-ção do perfil do doador. É preciso saber

quem está do lado de lá, saber quais são as expectativas, necessidades, aptidões etc e ir de encontro a isso. É fundamental segmentar os doadores. Para isso, há algumas ferramentas que são absolutamente fundamentais para esse trabalho de continuidade. Uma delas é uma boa base de dados para podermos responder conforme às expectativas de cada doador.

Como as Misericórdias podem trabalhar o foundraising?A questão de fundo é o planeamento estratégico, ou seja, delinear antes o que se vai fazer, como fazer e que recursos serão necessários. Não é possível fazer trabalho de foudraising aos bocados ou com pontas soltas. As Misericórdias são diferentes nas priori-dades e necessidades. Cada uma delas terá, portanto, estratégias diferentes. Importa sobretudo preparar bem os eventos, sejam grandes ou pequenos, com um bom plano de ação, que seja eficaz com base em indicadores que garantam o sucesso da iniciativa.

Mariana rebelo de Andrade

Entrevista Mariana rebelo de Andrade, especialista em angariação de fundos

ReligiosidadeHistória de mais de 200 santos e beatos

Gestãoeconomiasocialsustentável

MangualdeCuidados continuados já funcionam

Estanteopinião SaúdePág. 21Pág. 3 Pág. 17

Farmácias continuam sociais nos AçoresGoverno regional dosAçores não vai exigir queas farmácias das entidades do setor social sejam transformadas emsociedades comerciais

O Governo Regional dos Açores não vai exigir que as farmácias de entidades do setor social sejam transformadas em sociedades comerciais. A novidade consta de uma recente comunicação da direção Regional de Saúde. Recorde--se que o Tribunal Constitucional considerou, no começo de 2012, que as farmácias sociais, com exceção das cooperativas, deveriam transformar-se em sociedades comerciais. A União das Misericórdias Portuguesas vem defendendo, já há alguns anos, que as farmácias sociais são fonte importante de mais-valia para as Santas Casas e para as pessoas e não representam concorrência desleal para as farmácias do setor privado lucrativo.